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INTRODUÇÃO
1
Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2005). Especialista em Consultoria e
Gestão de Grupos pela Universidade Católica de Goiás (2005), estudante do Curso de especialização Latu Sensu em
Neuropsicologia também pela Universidade Católica de Goiás. Atualmente é psicóloga efetiva na Prefeitura Municipal
de Vianópolis.
2
Possui graduação em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Goiás (1998), graduação
em Psicologia pela Universidade Católica de Goiás (1996) e Mestrado em Psicologia pela Universidade Católica de
Goiás (2001). Atualmente é professora da Universidade Católica de Goiás assistente - I concursada - horista e Professora
efetiva na Universidade Federal de Goiás
comportamento e a cognição, tanto em quadros de doenças como no desenvolvimento
normal , estabelecendo portanto uma relação entre Sistema nervoso central (SNC) por um
lado, e funções cognitivas e comportamento por outro. (Mäder-Joaquim, 2010; Consenza,
Fuentes e Malloy-Diniz, 2008; Andrade & Santos, 2004; Alchieri, 2004)
Ao explicar a neuropsicologia Lúria (1981) diz ser esta uma ciência que entende a
participação do cérebro como um todo no qual as áreas são interdependentes e inter-
relacionadas, funcionando comparativamente a uma orquestra, que depende da integração
de seus componentes para realizar um concerto. Isso se denomina sistema funcional. E é
esse sistema funcional que é investigado na avaliação neuropsicológica.
Para Consenza, Fuentes e Malloy-Diniz (2008) a própria neuropsicologia possui
caráter multidisciplinar por apoiar-se em fundamentos tanto da neurociência quanto da
psicologia, e tem seu foco no tratamento dos distúrbios cognitivos e do comportamento
relacionados à alterações no funcionamento do SNC.
Considerando que a neuropsicologia clínica atua na avaliação e na reabilitação do
paciente com disfunções cognitivas e comportamentais. Mäder-Joaquim (2010) considera
como demanda da avaliação neuropsicológica:
METODOLOGIA
Participante
Participou do estudo W.C.S., sexo maculino, 09 anos e dez meses, cursando o segundo
ano do Ensino Fundamental.
Materiais e ambiente
Instrumentos Objetivo
Entrevista semi-estruturada (com Com o objetivo de descrever e
Técnica Psicológica paciente e familiares) avaliar aspectos pessoais,
relacionais ou sistêmicos
(individuo, casal, família, rede
social).
1) Escala de Inteligência Wechsler Esta escala fornece escores nas
para crianças – 3ª edição (Wisc- escalas verbal e de execução,
III). Figueiredo (2002) bem como Quociente de
Inteligência (QI) de escala total,
QI verbal e QI de execução, esta
escala mede o potencial do
indivíduo em áreas intelectuais
diferentes, com o nível de
informação sobre assuntos
gerais, e a capacidade de
solucionar problemas.
2) D2 Permite avaliar a atenção
concentrada
3) Bateria Gráfica Projetiva – Técnica projetiva de desenho
House-Tree-Person(H.T.P) para avaliação da personalidade.
Buck (2003)
4) Teste de Desempenho Escolar Permite avaliar se o desempenho
(TDE). Stein (1994) escolar da criança está de acordo
com sua escolaridade e sua
idade. É composto dos subtestes:
Escrita, Aritmética e Leitura.
5) Escala de Transtorno de Déficit Indica a possibilidade de déficit
de Atenção / Hiperatividade versão de atenção,
para professores hiperatividade/impulsividade,
problemas de aprendizagem e
comportamento anti-social.
5) Torre de Ranói Avalia o planejamento, execução
motora.
6) Figura de Rey*. Oliveira (1999) Avalia memória visual-espacial e
viso-construção.
7) Rey Auditory Verbal Learning Avalia memória.
Testes Psicométricos Test (RAVLT)**. Spreen &
Strauss (1998)
8)Hooper**. Spreen & Strauss Avalia percepção.
(1998)
9) Trail Making Avalia atenção concentrada e
atenção alternada.
10)Controlled Word Association - Avalia linguagem.
F.A.S**. Spreen & Strauss (1998)
massa de modelar com seis cores,
caixa de lápis de cor com 12 cores,
Outros materiais quebra-cabeças com 60 peças, jogo
utilizados da memória, lápis preto nº 2,
folhas em branco A4
Ambiente sala de 2,50 m x 4,30 m, com uma
mesa, duas cadeiras, um sofã de
trës lugares, um tapete, sete
almofadas, um armário, ar
condicionado e janela com
cortinas.
*Teste autorizado para pesquisa.
**Testes não padronizados para a população brasileira. Uso exclusivo em procedimentos
de pesquisa.
Procedimento
Na primeira sessão foi realizada uma entrevista com a mãe da criança para coleta de
dados relevantes sobre o desenvolvimento da criança, seu comportamento, relação com a
família, bem como sobre o ambiente familiar e social em que vive a mesma. A segunda
sessão foi utilizada para o momento lúdico. Na terceira sessão foi aplicada a bateria gráfica
projetiva HTP (House-Tree-Person). Para aplicação dos subtestes da Escala de Inteligência
Wechsler para Crianças 3ª Edição(WISC-III), foram utilizadas quatro sessões. Na oitava
sessão foi realizada a aplicação do Teste Hooper. Na nona sessão foram aplicados o teste
D2 e o Trail Making. Na décima sessão foram aplicados os testes Torre de Ranói e Rey
Auditory Verbal Learning Test (RAVLT). As habilidades acadêmicas foram testadas na
décima primeira sessão com o Teste de Desempenho Escolar (TDE). Na décima segunda
sessão foram aplicados os testes Figura de Rey e Controlled Word Association - F.A.S.
Entre a oitava e nona sessão a professora de W.C.S. foi visitada para responder a Escala de
Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade versão para professores, a mesma foi
realizada em forma de entrevista. W.C.S. foi encaminhado à Neuropediatra para avaliação
neurológica. Após o exame clínico neurológico, foram realizados alguns exames
laboratoriais para auxílio diagnóstico no estabelecimento de sinais de síndrome: O exame
Cariótipo Convencional com Bandeamento G; eletroencefalograma digital; exame de
sangue; e Ressonância Magnética do Crânio.
RESULTADOS
RAVLT
Acertos
Tempo e Movimentos
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
TORRE DE RANÓI 4 PEÇAS
Tem po e M ovimentos
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
3.4. Linguagem
Wisc III Nota Ponderada Classificação
Subteste Informação 07 Dificuldade Leve
Subteste Semelhanças 05 Dificuldade Leve
Subteste Aritmética 08 Média
Subteste Vocabulário 09 Média
Subteste Compreensão 10 Média
HTP
Apresenta imaturidade emocional, com necessidade de apoio. Compreensão e
percepção do mundo real, com pensamento concreto. Contato pobre com a realidade.
Atitude defensiva, apresentando tensão, ansiedade e impulsividade.
Também demonstra insegurança, retraimento, descontentamento, regressão e
necessidade de gratificação imediata.
DISCUSSÃO
W.C.S. foi diagnosticado, no ano de 2008, por um psiquiatra como um paciente
com Déficit de Atenção e Hiperatividade. Sendo medicado com Ritalina, não respondeu ao
tratamento, o fato chamou a atenção para necessidade de investigar a dificuldade de
aprendizagem apresentada, bem como das constantes reclamações dos professores.
A análise dos escores dos testes neuropsicológicos evidencia atraso geral no
desenvolvimento cognitivo. A discrepância obtida entre QI verbal e QI de execução foram
de dezenove pontos, indicando que há dificuldade geral, no entanto, esta é notória quanto
aos testes de execução, sendo sugestivo a presença de Déficit de Atenção e Hiperatividade,
o que deve ser observado, no entanto, devido a existência de dificuldade geral.
Observa-se prejuízo leve em habilidades verbais. E prejuízo moderado na atenção,
o que acarreta em dificuldade acentuada na execução de tarefas. Observa-se que decorrente
de prejuízo da percepção e no processo de organização e planejamento, os resultados
obtidos mostram desempenho abaixo do esperado, o que não significa que não possa existir
aprendizado. Os resultados escolares de WCS, por sua vez, mostram que o aprendizado
não está acontecendo, o que se conclui pelo seu histórico escolar de quatro anos de
fracasso escolar.
Este perfil, com prejuízos claros quanto à aprendizagem escolar e o rebaixamento
cognitivo global, apesar deste rebaixamento ser maior quanto à execução de tarefas, e
considerando o histórico familiar de fracasso escolar, levantou-se o questionamento quanto
à existência de uma síndrome. Aqui foi fundamental a avaliação clínica neurológica, a
partir da qual levantou-se a hipótese diagnóstica de Síndrome do X-Frágil.
O diagnóstico foi levantado a partir de características observadas no exame clínico
neurológico que indicaram possibilidade de presença da síndrome do X frágil.
As características clínicas pré-puberais mais significativas entre indivíduos
portadores da síndrome do X frágil de acordo com pesquisa realizada por Boy, R. & col.
(2001) foram: história familiar de retardo mental e contato ocular pobre – definido como
desviar os olhos ao olhar do examinador também foi observado em todos os pacientes
portadores da síndrome. Defensividade ao tato do examinador e estereotipias de mãos
também foram observados em percentuais altos, e são achados comportamentais sem
definição etiopatogênica.
Em pacientes com Síndrome do X-Frágil é observado também ocorrência de
orelhas grandes, flacidez ligamentar e transtornos de linguagem, que, apesar de terem sido
também observadas em percentuais menores em outros grupos onde há presença de
Retardo Mental, poderão ser utilizados como auxílio no reconhecimento clínico. (Boy, R.
& col., 2001)
Enfatizamos a importância que foi identificar no perfil deste paciente a existência
de quadro sindrômico, pois este se reflete em várias áreas da vida do mesmo e permite
definir encaminhamentos e tratamento adequado, o que neste caso mostrou-se importante,
por causar ansiedade para criança, para família e demais profissionais que trabalham com a
mesma. Ou seja, a dificuldade de aprendizagem que se apresenta na vida escolar, causa
incômodo a própria criança, ao professor e aos familiares, bem como o desejo de alcançar
resultados aquém da possibilidade da criança, considerando que o tratamento da criança
estava sendo realizado em desacordo com a realidade da mesma.
O diagnóstico pode aliviar a incerteza e a angústia dos pais em relação à causa da
deficiência. Mesmo na ausência de tratamento específico, o diagnóstico precoce provê
oportunidade para intervenção educacional e terapêutica precoces. A identificação de
indivíduos afetados é importante para o aconselhamento genético familiar de membros sob
risco de serem portadores da pré-mutação, considerando medidas de prevenção secundária
(diagnóstico pré-natal). E, em termos de saúde pública, tem-se demonstrado a diminuição
de custos institucionais e, com o aconselhamento genético, a conseqüente queda na
incidência da doença. (Boy, R. & col., 2001)
Foi observado que as medidas tomadas anteriormente, diante do diagnóstico de
Déficit de Atenção e Hiperatividade foram ineficientes, tanto quanto ao tratamento de
ordem medicamentosa quanto à indicação psicoterapêutica e psicopedagógica. A partir de
diagnóstico de quadro sindrômico a intervenção e orientação à família exige um outro
padrão inclusive quanto às expectativas de familiares e profissionais da saúde e educação
que estarão envolvidos no atendimento e trabalho educacional com esta criança.
O diagnóstico ainda não foi confirmado, por aguardar resultado de exame Cariótipo
Convencional com Bandeamento G, no entanto, pode-se excluir o diagnóstico de Déficit de
Atenção e Hiperatividade, o qual estava direcionando o tratamento e atendimento à WCS
de forma insatisfatória.
A avaliação neuropsicológica como foi sugerida pelos diversos autores citados
acima, mostrou caráter interdisciplinar ao buscar avaliação neurológica para investigação
de hipótese diagnóstica. Aqui a interdisciplinaridade ocorreu entre neuropsicologia e
neurologia, sendo fundamental para elaboração de processo diagnóstico adequado.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA