Sei sulla pagina 1di 8

CONSTITUIÇÕES

CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

1. Quanto ao conteúdo:
a) Constituição material - Consiste no conjunto de regras materialmente constitucionais, estejam ou não codificadas em um único documento.
b) Constituição formal - É aquela consubstanciada de forma escrita, por meio de um documento solene estabelecido pelo poder constituinte
originário.
2. Quanto à forma:
a) Constituição escrita - É aquela codificada e sistematizada em um texto único. Portanto, é o mais alto estatuto jurídico de determinada
comunidade.
b) Constituição não escrita - É o conjunto de regras não aglutinadas em um texto solene, mas baseado em leis esparsas, costumes,
jurisprudências e convenções (ex.: Constituição inglesa).
3. Quanto ao modo de elaboração:
a) Constituição dogmática - Apresenta-se como produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de princípios e idéias
fundamentais da teoria política e do direito dominante.
b) Constituição histórica ou costumeira - É fruto da lenta e contínua síntese da história e tradições de determinado povo
4. Quanto à origem:
a) Constituição promulgada (popular ou democrática) -Deriva do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte composta de representantes
do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração (ex.: CF de 1891 , 1934, 1946 e 1988).
b) Constituição outorgada - É estabelecida sem a participação popular, por meio de imposição do poder da época (ex.: CF de 1824, 1937, 1967
e 1969).
5. Quanto à estabilidade:
a) Constituição imutável - É aquela em que se veda qualquer alteração, tornando-se relíquia histórica. Constituição rígida - É a Constituição
escrita que pode ser alterada por um processo legislativo mais solene e dificultoso alguns autores apontam nossa Constituição como super-
rígida.
c) Constituição flexível - Pode ser livremente modificada segundo o mesmo processo estabelecido para as leis ordinárias. ,
d) Constituição semi-rígida - É um meio termo entre as duas anteriores em que algumas regras podem ser alteradas por um processo legislativo
ordinário.
6. Quanto à extensão e finalidade:
a) Constituição analítica - Examina e regulamenta todos os assuntos que entenda relevantes à formação, destinação e funcionamento do
Estado.
b) Constituição sintética - Prevê somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado.
Nossa atual Constituição é classificada da seguinte maneira: formal, escrita, dogmática, promulgada, rígida e analítica.
ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE
a) Poder constituinte originário - Estabelece a Constituição de um novo Estado. Atua tanto no surgimento de uma primeira Constituição quanto
na elaboração de qualquer Constituição posterior.
b) Poder constituinte derivado - É proveniente da própria Constituição, pois decorre de uma regra jurídica de autenticidade constitucional.
Distingue-se, principalmente, por conhecer limitações constitucionais expressas e implícitas e é passível de controle de constitucionalidade.
• Poder constituinte derivado reformador - É responsável pela alteração do texto constitucional, respeitada regulamentação especial
prevista na própria Constituição e exercida por órgãos de caráter representativo (no Brasil, pelo Congresso Nacional).
• Poder constituinte derivado decorrente Consiste na possibilidade que os Estados membros têm, em virtude de sua autonomia político-
administrativa, de se auto-organizarem por meio de suas respectivas Constituições estaduais, sempre respeitando a Constituição Federal.
A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO
Elementos do Estado
1. Território - Espaço físico delimitado por fronteiras naturais ou não.
2. Povo - Número determinado ou não de indivíduos que habitam o território, unidos por uma mesma língua, objetivos e cultura.
3. Soberania - Poder de um país de dizer e aplicar o Direito dentro de seu território com efeito erga omnes.
Entidades federativas
1. União -Entidade federativa autônoma, cabe -lhe exercer as atribuições da soberania do Estado brasileiro. Não se confunde com Estado
federal, pois este é pessoa jurídica de direito internacional. A União age em nome de toda a Federação quando representa o país no plano
internacional ou quando intervém em um Estado membro, no plano interno.
2. Estados membros - Auto-organizam-se por meio do exercício de seu poder constituinte derivado decorrente e, posteriormente, por meio de
sua própria legislação. O artigo 25 da Constituição Federal, em consonância com o artigo 11, caput, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, permite aos Estados membros a auto-organização, por meio de Constituições estaduais, desde que observados os princípios
estabelecidos por nossa Lei Maior.
3. Municípios - Consagrados como entidades federativas indispensáveis a nosso sistema federativo, integram-se na organização político-
administrativa cercados de plena autonomia. A criação, incorporação, fusão e desdobramentos dos Municípios dependem de lei estadual, dentro
do período determinado por lei complementar federal, assim como de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações interessadas, após a
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.
4. Distrito Federal - A Constituição garante ao Distrito Federal a natureza de ente federativo autônomo, vedando-lhe a possibilidade de
subdividir-se em Municípios. Dessa forma, não é Estado membro nem tampouco Município, tendo, em regra, todas as competências legislativas,
tributárias reservadas aos Estados e Municípios.
Os alicerces da Federação
A forma federativa do Estado possui dois alicerces imutáveis a sua estabilidade e funcionamento. São eles:
a) Autonomia dos entes políticos
Um ente político é autônomo quando possui as seguintes características:
• arrecadação - tributos próprios;
• administração pública - servidores concursados (estáveis);
• representante do Poder Executivo eleito diretamente.
b) Repartição de competências
Cada ente político recebe da Constituição competências específicas para suas atividades administrativas, legislativas e tributárias, designadas
desta maneira:
• competência privativa da União -delegável aos Estados membros (art. 22) ;
• competência comum entre os entes políticos (art. 23);
• competência concorrente -União, Estados e Distrito Federal (art. 24) .

SEPARAÇÃO DOS PODERES


PODER LEGISLATIVO O Poder Legislativo Federal, bicameral, exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal. É fundamental que se diferenciem os Legislativos Estadual, Distrital e Municipal, nos quais se consagra o sistema
unicameral.
O bicameralismo do Legislativo Federal está intimamente ligado à escolha pelo legislador constituinte da forma federativa de Estado. No Senado
Federal, encontram-se representantes de todos os Estados membros e do Distrito Federal, consagrando o equilíbrio entre as partes da
Federação.
PODER EXECUTIVO
O Poder Executivo constitui órgão cuja função típica é o exercício da chefia de Estado, da chefia de governo e da administração geral do
Estado. Entre suas funções atípicas estão o ato de legislar e o de julgar seu contencioso administrativo.
Da mesma forma que os congressistas, o chefe do Executivo é eleito pelo povo e possui várias prerrogativas e imunidades, as quais são
garantias para o independente e imparcial exercício de suas funções.
Dica - Procurou -se, aqui, evitar ao máximo a transcrição de texto constitucional, pois a matéria objetiva deve ficar no texto legal. Assim, quanto
às atribuições do presidente da República, sugere-se a leitura do artigo 84 da Constituição Federal.

PODER JUDICIÁRIO
Completando a tripartição dos poderes, em sua divisão clássica, está o Poder Judiciário. Sua presença garante o verdadeiro estado democrático
de direito. Exatamente por esse motivo, justifica-se a aplicação de certas garantias a seus membros julgadores, tais como vitaliciedade,
inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos. Dessa maneira, pode-se contar com um órgão independente e autônomo para guardar as leis
e garantir a ordem governamental.
Sistema de freios e contrapesos (controle externo)
Cada um dos três poderes exerce parcialmente um controle sobre as atividades do outro. Esse procedimento tem como objetivo estabelecer
limites no exercício das funções típicas e atípicas e nas distribuídas pela Constituição.
A Emenda Constitucional 45 estabeleceu o único procedimento que ainda faltava ao Estado brasileiro: o controle externo do Poder Judiciário.
Tal função será exercida por meio do Conselho Nacional de Justiça. Sua composição multifacetada está prevista no artigo 103-B do Texto
Maior. Estrutura e finalidade semelhantes apresenta o Conselho Nacional do Ministério Público, responsável pelo controle externo deste órgão,
conforme disposto no artigo 130-A da Constituição.

PROCESSO LEGISLATIVO
Processo legislativo pode ser entendido juridicamente como um conjunto de disposições coordenadas que disciplinam procedimento a ser
observado pelos órgãos competentes na produção e elaboração das leis e atos normativos.
Não observadas as etapas do processo legislativo, seu produto será um objeto inconstitucional, sujeito, portanto, ao controle repressivo de
constitucionalidade, tanto em sua forma difusa quanto concentrada. Esses controles serão estudados detalhadamente mais adiante.
É importante saber que o Supremo Tribunal Federal considera, em seus acórdãos, as regras básicas de processo legislativo previstas na
Constituição Federal como modelos obrigatórios às Constituições estaduais, declarando que o modelo estruturador do processo legislativo, tal
como delineado em seus aspectos fundamentais pela Carta da República, impõe-se, como padrão normativo, de compulsório atendimento, à
observância incondicional dos Estados membros. A essa projeção chama-se princípio do paralelismo ou da simetria constitucional.
Fase introdutória
A fim de simplificar, toma-se aqui a lei ordinária como exemplo e regra geral. Mais adiante serão estudados os instrumentos normativos,
detalhadamente.
Iniciativa de lei é a faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para apresentar projetos de lei ao Poder Legislativo. Esse alguém pode
ser:
a) parlamentar: membros e comissões do Congresso Nacional e suas duas Casas;
b) extraparlamentar: chefe do Poder Executivo, procurador-geral da República, STF, Tribunais Superiores, Ministério Público e cidadãos.
Tais projetos de lei terão início na Câmara dos Deputados, ficando o Senado como Casa Revisora.
Fase constitutiva
Apresentado o projeto de lei ao Congresso Nacional, haverá ampla discussão e votação nas duas Casas. Esse trabalho é chamado de
deliberação parlamentar, e, caso o projeto de lei seja aprovado nas duas Casas legislativas, o chefe do Poder Executivo deverá participar do
exercício vetando ou sancionando o projeto (deliberação executiva).
Fase complementar
Compreende a promulgação e a publicação da lei; a primeira confere executoriedade à norma, enquanto a segunda lhe dá notoriedade.
Promulgar é declarar a existência de uma lei e a inovação da ordem jurídica. Assim, a promulgação demonstra um ato perfeito e acabado. A
regra geral é que o próprio presidente da República promulgue a lei, mesmo nos casos em que seu veto tenha sido derrubado pelo Congresso
Nacional.
Já a publicação significa uma comunicação dirigida àqueles que devam cumprir a norma, cientes de sua existência e conteúdo, uma vez que
ela está publicada e conta com a eficácia que o ato lhe dá.
Emenda constitucional
Consagrando a idéia da supremacia da ordem constitucional, o legislador constituinte elegeu a emenda constitucional como um instrumento
capaz de alterar a Constituição Federal. Assim, ao escolher um processo legislativo especial mais complexo do que o ordinário, acabou por
classificar nossa Constituição como uma Constituição rígida.
Uma proposta de emenda constitucional tem a seguinte iniciativa concorrente: presidente da República; um terço, no mínimo e separadamente,
dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal; mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se cada uma delas pela maioria relativa de seus membros.
A deliberação da proposta de emenda constitucional consiste na discussão e votação em cada Casa do Congresso, em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambas três quintos dos votos dos respectivos membros.
Não existe deliberação executiva em relação às emendas, ou seja, o presidente da República não veta ou sanciona proposta de emenda.
Finalmente, a emenda deve ser promulgada pelas Mesas das duas Casas em conjunto. Ainda que a Constituição seja omissa quanto à
publicação, entende-se que esta é competência do Congresso Nacional.
Em relação ao alcance, as emendas constitucionais não podem alterar as chamadas cláusulas pétreas, presentes no artigo 60, § 4°, incisos I a
da Constituição Federal.
Lei complementar e lei ordinária
A razão da existência da lei complementar se dá pelo fato de o legislador constituinte entender que determinadas matérias, ainda que
importantes, não devem ser tratadas no texto da própria Constituição.
Pode-se dizer que existem duas diferenças básicas entre a lei complementar e a lei ordinária. A primeira delas é uma diferença material, já que
só pode ser objeto de lei complementar a matéria expressamente prevista na Constituição Federal, enquanto as demais matérias devem ser
objeto de leis ordinárias.
A segunda diferença, também chamada de formal, refere-se ao processo legislativo na fase de votação. Enquanto o quorum para aprovar a lei
complementar é o absoluto, o que aprova a lei ordinária é o quorum simples ou relativo.
O rito de elaboração da lei complementar segue o modelo do processo legislativo visto na introdução deste tema.
Lei delegada
Elaborada pelo presidente da República em função de autorização expressa do Poder Legislativo e nos limites impostos por este, constitui
delegação externa da função de legislar, possibilitando ao Executivo regulamentar assuntos mais próximos de si com maior grau de eficiência.
Uma vez encaminhada a solicitação do presidente ao Congresso Nacional, será submetida a votação pelas duas Casas, em sessão conjunta ou
separadamente, e, se aprovada por maioria simples, terá forma de resolução.
A resolução, por sua vez, deverá especificar os limites do ato do presidente e se existe necessidade ou não de remessa do texto ao Congresso
para análise final antes da promulgação. Na hipótese de o presidente extrapolar os limites impostos pelo Legislativo, o Congresso Nacional
poderá se valer de um decreto legislativo para sustar os efeitos da lei delegada, o que não afasta a existência de eventual ADI como
instrumento de controle da constitucionalidade.
Medida provisória
Alterado pela Emenda Constitucional 32/2001, o artigo 62 da Constituição Federal é bem claro em definir como requisitos da medida provisória:
relevância e urgência. Assim, presentes tais requisitos, o presidente da República poderá editar medidas provisórias com força de lei, devendo
estas ser submetidas ao Congresso Nacional imediatamente.
O Congresso Nacional, por sua vez, tem 60 dias, prorrogáveis por igual período, para analisar o texto da medida provisória, sendo possíveis três
ocorrências: aprovação com ou sem alteração do texto, rejeição expressa ou rejeição tácita.
No caso de aprovação, a medida provisória se converterá em lei ordinária, sendo promulgada pelo presidente do Senado Federal, que a
remeterá ao presidente da República para publicação.
Se for rejeitada expressamente, será arquivada e caberá ao presidente do Congresso Nacional baixar ato declarando-a ineficaz.
Se a análise não terminar no prazo de 120 dias, ficará caracterizada a rejeição tácita, o que também acarreta a perda de eficácia da medida.
Um dos principais pontos alterados pela Emenda 32 é em relação ao alcance das matérias a serem regulamentadas por meio de medidas
provisórias. Assim, além de as medidas provisórias não poderem regulamentar assuntos reservados às leis complementares, o atual artigo 62
traz diversas limitações novas; por isso, sugere-se um estudo detalhado do próprio texto da Constituição atualizada.
Decreto legislativo
Constitui espécie normativa cujo objetivo é veicular as matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional, basicamente previstas no
artigo 49 da Constituição Federal. O processo legislativo dessa espécie não se encontra na Constituição Federal, pois cabe ao próprio
Congresso Nacional discipliná-lo.
Os decretos legislativos são instruídos, discutidos e votados em ambas as Casas Legislativas e, se aprovados, são promulgados pelo
presidente do Senado Federal, na qualidade de presidente do Congresso Nacional, que também determina sua publicação. Ressalte-se, ainda,
que o presidente da República nem sempre participa desse processo.
Como melhor exemplo do uso dos decretos legislativos está a incorporação de tratados internacionais no direito interno. Isso se dá em três
fases distintas:
1ª fase - Compete privativamente ao presidente da República celebrar tratados internacionais.
2a fase - O Congresso Nacional tem competência exclusiva para resolver definitivamente sobre tratados internacionais. A deliberação do
Parlamento será realizada por meio da aprovação de um decreto legislativo, devidamente promulgado pelo presidente do Senado Federal e
publicado.
3a fase - Edita-se um decreto do presidente da República ratificando o tratado internacional devidamente homologado pelo Congresso Nacional.
Obs.: - A Emenda 45 estipula que deve ser dado aos tratados e convenções internacionais voltados aos direitos humanos -aprovados pelo
Congresso Nacional em dois turnos em cada Casa e quorum de 3/5 em cada votação -, o status de emenda constitucional. A isso denomina-se
Internacionalização do Direito Constitucional e dos Direitos Humanos.
Resolução
É ato normativo do Congresso Nacional, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados, destinado a regulamentar suas matérias internas ou
de competência privativa. Existem, porém, exceções em que uma resolução pode ter efeito externo quando dispõe sobre delegação de legislar.
Exemplos de resoluções são as políticas (Senado referendando uma nomeação), as deliberativas (ao fixar alíquotas), as de co-participação na
função judicial (suspensão de lei declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal) e, finalmente, ato-condição da função legislativa
(autorização da elaboração de lei delegada).
O processo legislativo das resoluções também não se encontra no texto constitucional. Uma vez que elas podem se originar em três fontes,
apresenta-se a premissa básica válida de forma geral: a resolução isolada de cada Casa Legislativa somente por ela será instruída, discutida e
votada, cabendo a seu presidente promulgá-la e determinar a publicação. No caso de resolução do Congresso, a aprovação será bicameral,
cabendo a seu presidente a promulgação.

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS


Os direitos e garantias fundamentais se constituem em um amplo rol em que estão inseridos os direitos de defesa do indivíduo perante o
Estado, os direitos políticos, os relativos à nacionalidade e os direitos sociais, dentre outros.
Os direitos fundamentais têm por finalidade proteger a dignidade humana em todas as dimensões. Suas principais características são:
a) Historicidade - Os direitos fundamentais possuem caráter histórico; nasceram com o cristianismo, perpassando pelos direitos humanos, hoje
se encontram ainda em plena discussão. E um processo que não possui epílogo.
b) Universalidade - Por esse critério, os direitos fundamentais são dirigidos a todos os seres humanos.
c) Limitabilidade - Os direitos fundamentais não são absolutos, podendo haver um choque de direitos, em que o exercício de um implicará a
invasão do âmbito de proteção do outro (ex.: choque entre o direito de informação e o de privacidade).
d) Concorrência - Por esse critério, os direitos fundamentais podem ser acumulados. Por exemplo, o jornalista que, depois de transmitir a
informação, fez uma crítica exerceu os direitos de informação, opinião e comunicação.
e) Irrenunciabilidade - Os direitos fundamentais são irrenunciáveis, o que implica que os indivíduos não podem deles dispor. Para assegurar o
cumprimento dos tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja signatário, o procurador-geral da República poderá, em
qualquer fase processual ou instância, suscitar incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal, caso entenda ser pertinente.
A evolução dos direitos fundamentais
A doutrina reconhece três níveis de direitos fundamentais, a saber:
1. Direitos fundamentais de primeira geração
São aqueles que surgem com a idéia de Estado de Direito. São os direitos de defesa do indivíduo perante o Estado (ex.: direito à vida, à
intimidade' à inviolabilidade do domicílio).
2. Direitos fundamentais de segunda geração
-São aqueles que tratam da satisfação das necessidades mínimas para que haja dignidade e sentido na vida humana. Exigem uma atividade
prestacional do Estado (ex.: os direitos sociais, os econômicos e os culturais).
3. Direitos fundamentais de terceira geração São aqueles relativos à existência do ser humano, ao destino da humanidade, à solidariedade
(ex.: direito à paz, à preservação do meio ambiente).
Observação: alguns doutrinadores defendem a existência de uma quarta geração de direitos fundamentais, onde estariam inseridos campos
como o do biodireito e a identidade sexual.

PRINCÍPIOS E DIREITOS CONSTITUCIONAIS


• Supremacia do texto constitucional - A Constituição é • Legalidade - Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de
o ordenamento jurídico soberano de um Estado, e nenhuma norma fazer algo, senão em virtude de lei; aqui existem exceções que
infraconstitucional ou internacional pode feri-lo. abrangem o Direito Administrativo e o Direito Tributário.

• Supremacia do interesse público sobre o privado -


Estando em conflito o interesse coletivo ante o individual, o • Publicidade - Ninguém pode argüir o desconhecimento
primeiro tem predominância sobre o segundo. da lei; novamente, o Direito Administrativo tem interpretação
diversa deste princípio, em que todo ato depende de publicidade.
• Dignidade da pessoa humana - Direito de acesso às • Direito de intimidade e direito de privacidade - Por
condições mínimas de uma vida digna (moradia, alimento e privacidade entendem-se os níveis de relacionamento social que o
vestimenta) e ao livre exercício de pensamento, expressão, indivíduo mantém oculto do público em geral, tais como a vida
inclusive à educação. familiar e os segredos de negócios. A intimidade implica o "eu" do
indivíduo, que tem direito de criar um espaço impenetrável mesmo
aos mais próximos (ex.: segredos pessoais e orientação sexual).
• Impessoalidade - É vedada ao Estado a concessão de
privilégios ou a discriminação.
• Direito à honra - Possui dois aspectos: o da honra
subjetiva e o da honra objetiva. A primeira, em apertada síntese,
• Pessoalidade (individualização da pena) - Na medida
implica o sentimento de auto-estima do indivíduo; a segunda parte
do possível, o Direito Tutelado e a pena a ser aplicada deverão do parâmetro do conceito social que o indivíduo possui.
surtir efeito sobre pessoa certa e identificada; há exceção no
Direito Tributário.
• Direito à imagem - Divide-se em imagem retrato, que
implica o direito à reprodução gráfica (foto, desenho, filmagem), e
• Moralidade - A Administração Pública fica obrigada a
imagem atributo, que compreende as características do conjunto
demonstrar transparência e probidade em seus atos, incluindo a de atributos cultivados pelo indivíduo e reconhecidos pelo conjunto
publicação destes. social.

• Propriedade - O proprietário de um bem tem o direito de • Inviolabilidade de domicílio - O domicílio, para efeito
usar, gozar, fruir e dispor dele de acordo com sua vontade; o bem de proteção constitucional, deve ser considerado uma projeção
deve ter fim social. espacial da privacidade e da intimidade, abrangendo, assim, até
uma residência ocasional.
• Isonomia - Todos são iguais perante a lei.
• Inviolabilidade de correspondência - Protege o sigilo
• Igualdade - Os iguais serão tratados de forma igual e os das comunicações pessoais, das comunicações telegráficas, de
desiguais de forma desigual, na medida de suas desigualdades. dados (inclusive informática) e das comunicações telefônicas.

• Irretroatividade - A lei não retroagirá, salvo em Direito • Liberdade de profissão - Sua finalidade é proibir que o
Penal ou sanção tributária. Poder Público crie normas ou critérios que levem o indivíduo a
exercer ofício ou profissão em desacordo com sua vontade. E
norma de eficácia contida, podendo a lei infraconstitucional limitá-
• Isonomia - Por esse princípio, o legislador e o aplicador la, criando requisitos ou qualificações para o exercício de
da lei devem dispensar tratamento igualitário a todos os indivíduos, determinadas profissões.
sem distinção de qualquer natureza.
• Direito de locomoção - É um direito de resistência em
• Legalidade - A lei pode assumir três formas: a face do Estado, podendo o indivíduo ir, vir, ficar ou permanecer
obrigação, a proibição e a permissão. Assim, os comandos de sem que seja molestado pelo Poder Público. Esse direito sofre
proibição (deixar de fazer) e de obrigação (fazer) só podem ser várias restrições, corno em face do direito de propriedade.
veiculados por lei. Apenas a lei obriga.
• Direito de reunião - É o direito de ação coletiva que tem
• Direito à vida - Com isso a Constituição proibiu a por objetivo a concretização de um propósito comum aos
adoção de qualquer prática que resulte na solução não partícipes.
espontânea da vida, tais como a pena de morte, a eutanásia e o
aborto.
• Direito de associação - É o direito de ação coletiva que,
dotado de caráter permanente, envolve a coligação voluntária de
• Proibição de tortura - O constituinte preocupou-se em duas ou mais pessoas, tendo em vista a realização de um objetivo
assegurar a higidez física e mental dos indivíduos, proibindo a comum, sob direção única.
prática de tortura.

• Direito de opinião - A Constituição assegura o direito de • Direito de propriedade - Genericamente, a propriedade


livre manifestação de pensamento. é um direito subjetivo que assegura ao indivíduo o monopólio de
exploração de um bem e de fazer valer essa faculdade contra tudo
e contra todos.
• Direito de expressão - Enquanto a opinião diz respeito
a um juízo de valor, o direito de expressão consiste na
possibilidade de livre manifestação de sentimentos e de • Direito de petição - Possui caráter individual ou
criatividade, tal como ocorre na música, na pintura, no teatro, na coletivo, podendo ser exercitado em face de abuso de poder ou de
fotografia, etc. ilegalidade, independentemente do pagamento de taxas.

• Direito de informação - Envolve o direito de passar, • Direito de certidão - A certidão pode se referir tanto a
receber e buscar informações. direitos individuais quanto coletivos perante órgãos públicos, a
qualquer título que seja, mediante a demonstração de legítimo
interesse.
• Direito de informação jornalística - A informação
jornalística é composta pela notícia e pela crítica. A liberdade de
informar só existe diante de fatos cujo conhecimento seja • Princípio da inafastabilidade da jurisdição - Esse
importante para que o indivíduo possa participar do mundo em que princípio, de um lado, outorga ao Poder Judiciário o monopólio de
vive. jurisdição e, de outro , faculta ao indivíduo o direito de ação.

• Direito de resposta - Por esse direito, fica garantida ao • Limites à retroatividade da lei - A retroatividade da lei
indivíduo a resposta não só em casos de ofensa à honra, mas é proibida em face do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da
também em qualquer situação de agravo. coisa julgada. Uma vez respeitados esses limites, a lei pode ter
efeito retroativo, desde que textualmente declarado.

• Direito de informação pública - Esse direito restringe-


se aos organismos públicos que possuem a obrigação de manter o • Princípio do juiz natural - Também conhecido como
cidadão constantemente informado acerca das atividades públicas. princípio do juiz legal, seu conteúdo jurídico implica a necessidade
de predeterminação do juízo competente, proibindo qualquer forma
de designação de tribunais ou juízos para casos determinados.
a prisão em flagrante delito e a ordem judicial fundamentada, salvo
• Princípio do devido processo legal - Possui sentido as transgressões e crimes militares.
genérico -material e processual. Em sentido processual, abarca o
contraditório e a ampla defesa, o direito ao juiz natural, o direito a
prévia citação, o direito à igualdade entre acusação e defesa. Da
• Garantia constitucional do júri - É condição para a
ótica material, abrange a substância dos atos normativos, privação de liberdade individual, para determinados crimes.
implicando a observância da igualdade na lei.
• Princípio da não-extradição - A extradição pode
• Princípio da presunção de inocência (não acontecer em casos em que o estrangeiro' ou excepcionalmente o
culpabilidade) - Significa que ninguém será considerado culpado brasileiro naturalizado, comete crime no exterior.
até que se prove o contrário.

• Proibição da prisão civil - A prisão somente é admitida


• Pressupostos constitucionais para a privação de em caso de inobservância da norma penal, salvo nos casos de
liberdade - A regra é a liberdade, e sua privação, a inadimplemento de obrigação alimentícia e do depositário infiel.
excepcionalidade. A privação de liberdade tem como pressupostos

AÇÕES CONSTITUCIONAIS
Habeas corpus
O habeas corpus é uma ação constitucional de cunho penal e de procedimento especial, isenta de custas, que visa a evitar ou cessar
violência ou ameaça na liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Não se trata, portanto, de uma espécie de recurso,
apesar de regulamento no capítulo a ele destinado no Código de Processo Penal.
Adentrando o detalhamento do que se toma por locomoção, verifica-se que esta pode ser enquadrada em quatro ocorrências:
• direito de acesso e ingresso no território nacional;
• direito de saída do território nacional;
• direito de permanência no território nacional;
• direito de deslocamento dentro do país.

Habeas data
O habeas data é uma ação constitucional, de caráter civil, conteúdo e rito sumário, que tem por objeto a proteção do direito líquido e certo do
impetrante de conhecer todas as informações e registros relativos a sua pessoa e constantes de repartições públicas ou particulares
acessíveis ao público, para eventual retificação de seus dados pessoais.
Por meio do habeas data, objetiva-se fazer com que todos tenham acesso às informações que o Poder Público ou entidades de caráter
público (ex.: serviço de proteção ao crédito) possuam a seu respeito.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido da necessidade de negativa da via administrativa para justificar o
ajuizamento do habeas data, de maneira que inexistirá interesse de proceder a essa ação constitucional se não houver relutância do detentor
das informações em fornecê-las ao interessado.
Mandado de injunção
Não se confundindo com sua origem anglosaxã, o mandado de injunção, previsto no artigo 50 , inciso LXXI, da Constituição Federal, insere
outra novidade do Direito Constitucional.
Assim, nas ocasiões em que o exercício de um direito, de uma liberdade ou de uma prerrogativa inerente à nacionalidade, cidadania ou
soberania se tornar inviável ou prejudicado em razão da falta de uma norma regulamentadora, aquele que se sentir prejudicado pode fazer
uso do mandado de injunção, a fim de suprir omissão do Poder Público.
As situações fáticas e os dispositivos constitucionais que permitem a utilização do mandado de injunção são similares aos da ação direta de
inconstitucionalidade por omissão. Contudo, o mandado de injunção destina-se às normas constitucionais de eficácia limitada, o que significa
que sempre haverá necessidade de vácuos na estrutura legal que necessitem correção por meio de leis ou atos normativos.
Requisitos para o mandado de injunção:

• falta de norma reguladora de um dispositivo constitucional (inércia do Estado);


• impossibilidade de exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e
cidadania.
Ação popular
Adotando a previsão do artigo 50, inciso LXXIII, da Constituição Federal, entende-se que qualquer cidadão é legitimado para propor ação
popular que vise à anulação de ato lesivo ao patrimônio público, ou de entidade em que o Estado participe, contra a moralidade
administrativa, o meio ambiente e o patrimônio histórico e cultural.

Sem dúvida, a ação popular constitui, ao lado de outras prerrogativas como sufrágio e iniciativa de lei, mais um exercício da soberania
popular, por meio da qual se autoriza o povo a exercer diretamente a fiscalização do Poder Público.
Assim como o mandado de segurança, a ação popular pode ser utilizada de forma preventiva, antes de se verificar a lesão, ou repressiva, na
busca da indenização pelo dano causado.
Requisitos para a propositura de ação popular:
• requisito subjetivo: somente o cidadão tem legitimidade para propor a ação popular;
• requisito objetivo: o ato ou a falta dele deve ser comprovadamente lesivo ao patrimônio público.

Dica - Para quem deseja se aprofundar nas características e procedimentos dessa ação, consultar a Lei da Ação Popular -4.717/65.
Dispensa de advogado

Não é necessária a contratação de advogado para as ações de habeas corpus, habeas data, mandado de injunção e ação popular; essas
ações não possuem custas e sucumbência.
Observação: não existe unanimidade nesse entendimento; alguns doutrinadores indicam a necessidade de capacidade postulatória para as
três últimas garantias citadas.
Mandado de segurança
Tanto na vida prática quanto nos desafios apresentados em provas jurídicas, é bastante útil manter o mandado de segurança como um
caminho por exclusão. Isso significa dizer que se deve analisar se nenhuma outra garantia constitucional é aplicável ao problema
apresentado, a fim de certificar-se de que só resta um mandado de segurança.
Utilizando esse critério, acaba por ficar mais claro o porquê da necessidade de um advogado para assinar esse instrumento. Afinal, o fato de
o indivíduo apresentar uma situação em que apenas o mandado de segurança é cabível significa que a situação em pauta é mais complexa
tecnicamente falando.
Conforme o artigo 5°, inciso LXIX, da Constituição Federal, o mandado de segurança está à disposição dos indivíduos que necessitam se
proteger de atos ilegais ou praticados com abuso ou desvio de poder, independentemente de serem atos discricionários ou vinculados.
A natureza jurídica do mandado de segurança é a de uma ação constitucional, de natureza civil, cujo objetivo é a proteção de direito líquido e
certo lesado por ato ou omissão de autoridade pública ou de pessoa jurídica nas funções do Poder Público.
Ainda que sua natureza seja civil, isso não impede que o mandado de segurança seja usado em matéria criminal.
Podem-se enumerar três requisitos do mandado de segurança:
• ato comissivo ou omissivo de autoridade do Poder Público ou particular em sua função;
• ilegalidade, desvio ou abuso de poder; a ilegalidade é gênero, do qual são espécies ilegalidade em sentido estrito e abuso de
poder;
• lesão ou ameaça de lesão a direito líquido e certo.
O direito deve ser comprovado ab initio, mediante prova documental. Todavia, em face do artigo 6° da Lei 1.533/51, é possível pedir ao juiz
que determine à autoridade coatora que traga ao processo o documento necessário à prova.

CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE
ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADES
1. Vício formal - É a inconstitucionalidade no processo de realização, de formação da norma. Nada tem a ver com seu conteúdo, ou seja, a
estrutura responsável pela construção da norma possui falha. Essa ocorrência tem lugar no processo legislativo e se divide em duas
subespécies:
a) Vício forma l subjetivo - Ocorre na fase de iniciativa do processo legislativo. Tendo estudado a matéria e sabendo que iniciativa é a
competência de alguém ou algum órgão para solicitar ou apresentar projeto de norma, torna-se bem simples compreender como esse vício
se dá. Se um parlamentar apresentar um projeto de lei cuja iniciativa compete exclusivamente ao presidente da República (Forças Armadas'
por exemplo), esse ato configurará por si só uma inconstitucionalidade formal subjetiva.
b) Vício formal objetivo - Ocorre durante as demais fases do processo legislativo, ou seja, durante a elaboração e aprovação da norma.
Assim, no caso de uma norma ser aprovada por quorum inadequado com sua espécie normativa, ou na hipótese de as Casas Legislativas
não obedecerem ao número correto de turnos para aprovação de uma norma, estar-se-á lidando com uma inconstitucionalidade formal
objetiva.
2. Vício material - Ocorre em virtude do conteúdo da norma, do assunto tratado por ela. Quer dizer, independentemente do procedimento
das Casas Legislativas ou de quem teve a iniciativa da norma, esta apresenta um vício insanável em termos de matéria, ofendendo a
Constituição Federal em seu texto e limitações. Pode-se exemplificar essa subespécie por meio de uma proposta de emenda tendente a
abolir a forma federativa do Estado brasileiro ou qualquer das cláusulas pétreas presentes no artigo 60, § 4°, da Constituição Federal.
Classifica-se em:
a) Vício material total - Ocorre quando a inconstitucionalidade contamina todo o texto da norma, tornando-a completamente ineficaz.
b) Vício material parcial - Se apenas alguns artigos isolados da norma são inconstitucionais e, uma vez retirados, a norma pode surtir ainda
a desejada eficácia, diz-se que o vício é parcial. Nesse caso, os artigos conflitantes são vedados pelo legislador (preventivamente) ou em
decisão judicial (repressivamente).
ESPÉCIES DE CONTROLE
Em relação ao momento de realização, o que distingue as duas espécies de controle é o ingresso da lei ou ato normativo no ordenamento
jurídico.
• Controle preventivo - Ocorre antes da publicação da norma e seu objetivo é impedir que qualquer norma contaminada com
alguma inconstitucionalidade possa adentrar o ordenamento jurídico, vilipendiando a Carta Maior.
• Controle repressivo - Realizado depois da publicação da norma, tem o escopo de retirar do mundo jurídico-legal qualquer norma
que esteja em desacordo com o texto constitucional. No Direito Constitucional brasileiro, em regra, foi adotado o controle de
constitucionalidade repressivo jurídico ou judiciário, em que o próprio Poder Judiciário realiza o controle da lei ou do ato normativo, já
editados, perante a Constituição Federal , para retirá-los do ordenamento jurídico, desde que contrários à Carta Magna.
Há dois sistemas ou métodos de controle de constitucionalidade repressivo judiciário. O primeiro denomina-se concentrado ou reservado (via
de ação), e o segundo, difuso ou aberto (via de exceção ou defesa).
VIAS DE CONTROLE
Via difusa ou controle concreto
Também conhecida como via de exceção ou defesa, caracteriza-se pela permissão a todo e qualquer juiz ou tribunal de realizar, no caso
concreto, a análise sobre a compatibilidade do ordenamento jurídico com a Constituição Federal.
Na via de exceção, a pronúncia do Judiciário sobre a inconstitucionalidade não é feita como manifestação sobre o objeto principal da lide,
mas sim sobre questão prévia, indispensável ao julgamento do mérito. Nessa via, o que é outorgado ao interessado é obter a declaração de
inconstitucionalidade somente para o efeito de isentá-lo, no caso concreto, do cumprimento da lei ou ato produzido em desacordo com a Lei
Maior.
O controle difuso caracteriza-se, principalmente, pelo fato de ser exercitável apenas perante um caso concreto a ser decidido pelo Poder
Judiciário. Assim, iniciada a lide, o Poder Judiciário deverá solucioná-lo e, para tanto, incidentalmente, analisar a constitucionalidade ou não
da lei ou do ato normativo.

Além das garantias constitucionais originárias, o principal instrumento do controle difuso é o recurso extraordinário. Endereçado ao
presidente do STF, é distribuído nos Tribunais de Justiça, estando sujeito a dois exames de admissibilidade - um no próprio TJ e outro no
STF. Mesmo sendo admitido em ambos, ao chegar ao STF, poderá o relator da turma, observando jurisprudência dominante daquela Corte,
extinguir o recurso em decisão monocrática, cabendo agravo em caso de inconformismo da parte.
E fundamental saber que o parágrafo 3º do artigo 102, inserido pela Emenda 45, torna obrigatório à parte recorrente demonstrar, para a
admissibilidade do recurso, a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, ou seja, deve a parte justificar o recurso
levando em consideração os proveitos efetivos da coletividade em caso de provimento.
Via concentrada ou controle abstrato
O Supremo Tribunal Federal tem competência para processar e julgar originariamente a representação de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo federal ou estadual.
Por meio desse controle, procura-se obter a declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato normativo em tese, independentemente da
existência de um caso concreto, visando-se à obtenção da invalidação da lei, a fim de garantir a segurança das relações jurídicas, que não
podem ser baseadas em normas inconstitucionais.
A declaração de inconstitucionalidade, portanto, é o objeto principal da ação, da mesma forma que ocorre nas cortes constitucionais
européias, diferentemente do ocorrido no controle difuso, característica básica do judicial review do sistema norte-americano.
INSTRUMENTOS DE CONTROLE CONCENTRADO
Ação direta de inconstitucionalidade (ADI)
A finalidade da ação direta de inconstitucionalidade é retirar do ordenamento jurídico lei ou ato normativo incompatível com a ordem
constitucional. Assim, não poderá a ação ultrapassar seus fins de exclusão, do ordenamento jurídico, dos atos incompatíveis com o texto da
Constituição.
A ADI, em virtude de sua natureza e finalidade especial, não é suscetível de desistência.
Prazo - O ajuizamento da ADI não se sujeita à observância de qualquer prazo de natureza prescricional ou de caráter decadencial, pois os
atos inconstitucionais jamais se convalidam pelo decurso do tempo.
Procurador-geral da República - Cabe ao procurador-geral da República realizar o exame de admissibilidade de cada ADI proposta, a fim
de verificar se os requisitos exigidos processual e materialmente estão nela presentes. Esse exame tem como escopo evitar o excesso de
ações com o mesmo objeto e fundamento jurídico e evitar que ações de cunho meramente político ingressem no Supremo Tribunal Federal.
Advogado-geral da União - Cabe ao advogado-geral da União, em ação direta de inconstitucionalidade, a defesa da norma legal ou ato
normativo impugnado, independentemente de sua natureza federal ou estadual, pois atua como curador especial do princípio da presunção
da constitucionalidade das leis e atos normativos, não lhe competindo opinar nem exercer a função fiscalizadora já atribuída ao procurador-
geral da República, mas a função eminentemente defensiva.
Dessa forma, atuando como curador da norma infraconstitucional, o advogado-geral da União está impedido de manifestar-se contrariamente
a ela, sob pena de ofensa frontal à função que lhe foi atribuída pela própria Constituição Federal e que configura a única justificativa de sua
atuação processual, nesse caso.
Legitimidade - Os autores legitimados para a propositura da ADI encontram-se no artigo 103 da Constituição Federal, a saber:
a) presidente da República;
b) Mesa do Senado Federal;
c) Mesa da Câmara dos Deputados;
d) Mesa da Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
e) governador de Estado ou do Distrito Federal;
f) procurador-geral da República;
g) Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
h) partidos políticos com representação no Congresso Nacional;
i) entidade de classe ou associação de âmbito nacional
Ação direta de inconstitucionalidade por omissão
Trata-se de ação que visa a combater a inércia do Estado em legislar ou regulamentar assunto previamente estipulado na Constituição
Federal.
Objetivo - O objetivo pretendido pelo legislador constituinte de 1988, com a previsão da ação direta de inconstitucionalidade por omissão, foi
conceder plena eficácia às normas constitucionais que dependessem de complementação infraconstitucional. Assim, tem cabimento a
presente ação quando o Poder Público se abstém de um dever que a Constituição lhe atribuiu.
Legitimidade e procedimento - São legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade por omissão os mesmos nove
autores legitimados para propor a ADI propriamente dita, previstos no artigo 103 da Constituição Federal.
O procedimento a ser seguido pela ação direta de inconstitucionalidade por omissão é o mesmo da ação de inconstitucionalidade genérica.
É importante salientar que inexiste prazo para a propositura da presente ação, havendo, porém, necessidade de aferir-se caso a caso a
existência do transcurso de tempo razoável, que já tenha permitido a edição da norma faltante.
Não é obrigatória a oitiva do advogado-geral da União na ação direta de inconstitucionalidade por omissão, uma vez que inexiste ato
impugnado a ser defendido. O Ministério Público, porém, sempre deverá se manifestar, antes da análise do Plenário, sobre a ação proposta.
É incompatível com o objeto da referida demanda a concessão de liminar.
A Constituição Federal prevê que, declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será
dada ciência ao poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em
30 dias.
Ação declaratória de constitucionalidade (ADC)
A Emenda Constitucional 3, de 17 de março de 1993, introduziu em nosso ordenamento jurídico constitucional uma nova espécie dentro do
controle de constitucionalidade.
Compete, portanto, ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente, a ação declaratória de constitucionalidade da lei ou ato
normativo federal.
A ação declaratória de constitucionalidade, que consiste em típico processo objetivo destinado a afastar a insegurança jurídica ou o estado
de incerteza sobre a validade de lei ou ato normativo federal, busca preservar a ordem jurídica constitucional.
Nesse ponto situa-se a finalidade precípua da ação declaratória de constitucionalidade: transformar a presunção relativa de
constitucionalidade em presunção absoluta em virtude de seus efeitos vinculantes. Portanto, o objetivo primordial da ação declaratória
de constitucionalidade é transferir ao Supremo Tribunal Federal decisão sobre a constitucionalidade de um dispositivo legal que esteja sendo
duramente atacado pelos juízes e tribunais inferiores, afastando-se o controle difuso da constitucionalidade, uma vez que, declarada a
constitucionalidade da norma, o Judiciário e também o Executivo ficam vinculados à decisão proferida.
Objeto - Somente poderá ser objeto de ação declaratória de constitucionalidade a lei ou ato normativo federal, sendo, porém, pressuposta,
para seu ajuizamento, a demonstração, juntamente com a petição inicial, de comprovada controvérsia judicial que coloque em risco a
presunção de constitucionalidade do ato normativo sob exame, a fim de permitir ao Supremo Tribunal Federal o conhecimento das alegações
em favor e contra a constitucionalidade, bem como o modo pelo qual estão sendo decididas as causas que envolvem a matéria.
A comprovação da controvérsia exige prova de divergência judicial, e não somente de entendimentos doutrinários diversos, como consta de
decisão do Supremo Tribunal Federal, exigindo-se a "existência de inúmeras ações em andamento em juízos ou tribunais, em que a
constitucionalidade da lei é impugnada".
Outra decisão da Suprema Corte reforça essa posição e deixa claro que, nos casos de ação com decisão materialmente jurisdicional,
"impõe-se que se faça comprovada, desde logo, a existência de controvérsia em torno da validade ou não da lei ou ato normativo federal".
Nota – Também fruto da Emenda 45, o parágrafo 2° do artigo 102 prevê que as decisões definitivas de mérito nas ADIs e ADeCs devem
produzir efeito contra todos e vinculante aos demais órgãos do Judiciário, assim como à Administração Pública Direta e Indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal. Além dessas decisões, a mesma Emenda 45 insere a súmula vinculante com efeito impeditivo no sistema
constitucional pátrio, desde que por decisão de 2/3 dos membros do STE Em caso de desobediência, cabe reclamação dirigida ao STF.
Argüição de descumprimento de preceito fundamental
A Constituição Federal determina que a argüição de descumprimento de preceito fundamental decorrente da Constituição Federal será
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
Trata-se, portanto, de norma constitucional de eficácia limitada, que depende de edição de lei, estabelecendo a forma pela qual será
apreciada a argüição de descumprimento de preceito fundamental decorrente da Constituição.
O Congresso Nacional editou a Lei 9.882, de 3 de dezembro de 1999, em complementação ao artigo 102, § 1°, da Constituição Federal. A lei
regulamentou a argüição de descumprimento de preceito fundamental da seguinte forma:
O órgão competente para o processo e julgamento: Supremo Tribunal Federal.
Legitimados ativos: são os mesmos co-Iegitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade (art. 103, I a IX, CF), ou seja, o
presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, as Mesas das Assembléias Legislativas e da
Câmara Legislativa, os governadores de Estado, o procurador-geral da República, partidos políticos com representação no Congresso
Nacional, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.
Hipóteses de cabimento: a lei possibilita a argüição de descumprimento de preceito fundamental em três hipóteses:
a) para evitar lesão a preceito fundamental resultante de ato do Poder Público;
b) para reparar lesão a preceito fundamental resultante de ato do Poder Público;
c) quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os
anteriores à Constituição.
O controle da constitucionalidade de âmbito estadual
O artigo 125, § 2°, da Constituição Federal da República atribuiu às Constituições estaduais a competência para a instituição da ação direta
de inconstitucionalidade de âmbito estadual.
Neste contexto, é impossível enumerar as características dessa ação, uma vez que seus parâmetros devem ser estabelecidos por cada uma
das unidades federadas. Todavia, é possível relacionar algumas características estabelecidas pela Constituição Federal, a saber:
a) a competência para conhecimento da ação é dos Tribunais de Justiça;
b) a Constituição Federal foi expressa ao vedar a legitimação para a propositura da ação de um único órgão;
c) campo material: normas estaduais e municipais.

ESTADO DE EXCEÇÃO
Intervenção federal
Quando a União intervém em algum Estado membro, ela não está agindo em seu próprio nome, mas sim representando os interesses de
toda a Federação. Logo, é a Federação, por meio da União, que intervém nos Estados.
A regra é a não-intervenção, que pode ser quebrada em face de determinadas condições excepcionais expressamente previstas no artigo 34
da Constituição Federal.
Há dois tipos de intervenção federal: a espontânea, quando o presidente da República age de ofício, e a provocada, quando o presidente
age, conforme o caso, de forma discricionária ou vinculada.
Haverá intervenção espontânea quando da ocorrência de uma das hipóteses constantes dos incisos I, II, III e IV do artigo 34 da Constituição
Federal.
No que tange à intervenção provocada, o artigo 36, inciso I, da Constituição Federal estabelece disciplina específica para a hipótese de
intervenção federal, nos termos do artigo 34, inciso IV, de nossa Lei Maior, qual seja: no caso de coação ao Poder Executivo e ao Poder
Legislativo, a intervenção dependerá de solicitação, e, no caso de coação ao Poder Judiciário, de requisição do Supremo Tribunal Federal.
Em se tratando de solicitação, o presidente da República não estará vinculado à decretação da intervenção federal, devendo agir com
discricionariedade. Diferentemente, quando se tratar de requisição, o presidente da República ficará vinculado à intervenção.
Saliente-se que a intervenção federal dependerá sempre de decreto do presidente da República, especificando a amplitude, o prazo e as
condições de execução, nomeando, quando for o caso, interventor.
Intervenção estadual
O Estado não poderá intervir nos Municípios, nem a União Federal poderá intervir nos Municípios localizados em Territórios Federais, salvo
nas hipóteses insculpidas no artigo 35 da Constituição Federal.Registre-se que as hipóteses previstas nos incisos I e II do artigo 35 são de caráter
espontâneo, e as dos incisos III e IV, vinculadas.

Potrebbero piacerti anche