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Resumo
coloque em parâmetros regulares de sucesso escolar. Esses sonhos vão desde ter uma escola
que respeite sua presença, providenciando estratégias próprias de sua identidade, até os
recursos humanos que, durante o seu trabalho, saibam que estão com sujeitos surdos e
conheçam sua condição de estar no mundo. Neste trabalho, o objetivo é contribuir para a
formação inicial de professores surdos, investigando, através das histórias de vida como foi
sua educação escolar e os sonhos que perpassam sua formação como docente e, através da
professores, a partir dos seus saberes. Para tanto, utilizamo-nos de oficinas pedagógicas,
que visam permitir o diálogo e a reflexão sobre os saberes, a memória e suas práticas.
Como resultados parciais podemos apresentar o maior envolvimento dos futuros docentes
para a constituição de uma nova identidade profissional, levando, ainda, a cultura surda a
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Especialista em Educação de Surdos e Mestranda em Educação pela UFSM. Rua Appel, 431/403, cep
97015-030, Santa Maria/RS. tmiorando@bol.com.br (55 99943888 ou 55 223 8588).
HAVING THE SCHOOL OF OUR DREAMS: IS ABOUT IDENTITY
Abstract
Deaf people have always dreamed of reaching a school education that would
place them on regular parameters of success. A school that would respect their precense
providing them strategies for their own identity having professionals who, during the job,
know they are working with deaf people and are aware of the conditions they live in this
world. The objective of this study is to contribute to the teachers’ initial formation,
investigating through their life experience, how their school education was, and the dreams
they carry beyond their professional formation, creating a formation process based on their
knowledge. Pedagogic workshops were used allowing dialogue and thoughts about the
professional knowledge, memory and practices. As partial results, we can present a greater
participation of future professionals in events, local and regional reports about their
participation on deaf people educators through newspapers and television, passing the
experience and calling the attention of other future professionals in the area, contributing to
create a new professional identity and to spread the deaf culture in order to modify its
surdos. Surgiu do meu envolvimento com a comunidade surda de Lajeado, RS, a partir de
estavam dispostos a contarem uma nova história, desde que, com perspectivas de mais
sucesso. As reuniões aconteciam a fim de que se tivesse dados mais atualizados que
Quanto maior se dava a divulgação, tanto mais era a procura, mesmo em nível regional,
outro dado passou a preocupá-los: os adultos não percebiam grandes diferenças entre a sua
educação escolar e aquela que as crianças estavam recebendo nas escolas, hoje. Outra
constatação foi a de que, em muitos casos, havia apenas um surdo matriculado em cada
perceber que, passado seus anos de escolarização, uma década ou duas, pouco mudara nas
conhecimento formal.
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Neste trabalho, todas as vezes que aparecer escrito "Surdo" com letra maiúscula referir-se-á à comunidade
surda e suas condições, que, segundo Wriegley, é escrito em letra maiúscula por referir-se à condição social
de comunidade; e, quando aparecer escrito em letra minúscula, estará se referindo ao indivíduo propriamente
dito.
Decididos a reverterem esse quadro, dois surdos adultos matricularam-se em
2001. Seus estudos, bem como o apoio a seus professores, acontece através de
questões selecionadas pela turma. Este ano, 2003, eles estarão estagiando em uma classe de
de duas semanas apenas, suas lembranças levavam-nos a emoções que marejavam nossos
olhos. Parecia que tudo fora tão difícil! E agora, todos falando a mesma língua na sala de
aula, aqueles pequenos entendendo conceitos que pareciam monstros de tão difíceis! Agora
projeto de uma “razão educadora” se descreve a partir de desejos como: “uma educação
chama atenção para os aspectos peculiares à condição de cada grupo rico em suas
características em contraponto à homogeneização globalizante. A riqueza intercultural de
uma educação que respeita as diferenças está para ser a versão humanizada das
enciclopédias que apenas pinçam poucas linhas de uma descrição que não comporta todo o
Por sua vez, a Educação Especial conquista espaços que se abrem para seus
mesmo, discriminatórias. Quando os Surdos têm em suas mãos a mesma teoria que os
levam a sentar-se com outros profissionais e discutirem estratégias que os deixem melhor, o
tornar-se-ia mais rica ainda se acolhesse detalhes que seriam mostrados na história de vida
de cada um. Por isso, buscou-se trazer essa memória como elemento principal na formação
desses professores, pois cada pequeno detalhe da história de vida de cada um pode
desencadear práticas que revelam um tempo vivido, mas não entendido ou um tempo de
envolvimento e gozo.
próximos aos seus pares, atualizando-se aos desejos dos mais jovens, agregado a sua
para desenvolver os seus saberes de professor surdo, na comunidade surda. “Os alunos
passam através da formação inicial para o magistério sem modificar substancialmente suas
crenças anteriores a respeito do ensino” (Tardif, 2002, p. 69). Esse tempo de passagem
pode ser aquele que indicará, com os primeiros passos, qual o andamento de um caminho
aluno em uma escola que o quer ouvinte é exercitar, diariamente, a negação de sua
identidade, sua condição de ser e poder ser diferente dos demais alunos que sentavam a seu
lado numa sala de aula. Mágoas e ressentimentos atravessariam a escolarização que, por
fim, venceu. Ao ter a chance de retornar a essa escola, querendo mudá-la, ainda que fossem
os primeiros passos, poderia haver camuflado uma resistência que desvirtuaria a boa
O lúdico vai desde os sonhos de um futuro com momentos prazerosos em sala de aula até a
suas particularidades comunicacionais e culturais. Como diz Josso (2002, p.28), “dado que
também se passa o mesmo com o conceito de formação que se enriquece com práticas
biográficas, ao longo das quais esse objecto é pensado ao mesmo tempo como uma história
‘autopoiéticas’”.
memória de seu processo de aprendizagem, aponta passos que andam vencendo o tempo,
cada criança, sem perder de vista a funcionalidade de seus estudos. Eles visam ir além da
vida e da construção de um mundo que ele também acredita ser possível. Não é mais tempo
de se deixar marginalizar.
cultural, abre espaço também para a pedagogia da diferença que concebe e aceita as
desenvolvimento universal, atingindo assim a tão esperada inclusão social, que é grito de
classe regular de ensino, preparando-se para atuarem na docência com alunos surdos, vai
além da formação de conhecimentos. Freire (1997) alerta para a formação ética: colegas
cada cultura.
pouco mais de cada um, colegas ouvintes delatavam a falta de preparo, em sua opinião, dos
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Os nomes foram trocados.
colegas Surdos. Foi proporcionado um encontro, mediado por intérprete de Língua de
Sinais, para que se pudesse baixar um pouco a ansiedade em ambos os lados. As colegas
nessa classe, os colegas Surdos deveriam esforçar-se para falar a língua oral. Os Surdos
Desse encontro tomou conta o tema “respeito à diversidade”, pois se elas não
tiverem crianças surdas em suas aulas, poderão ter crianças das mais diversas origens
estar plena de intenções para que se tenha inclusão social na sala de aula com respeito entre
professor e aluno e entre os alunos. Mesmo que nessa sala de aula estejam apenas alunos e
professor surdos, o cuidado com o preconceito precisa ainda mais de cautela para que não
se dilua em argumentos vitimizados. Esse processo de abertura deve principiar nas aulas de
de aula, em uma classe regular de magistério, e vê-los discutirem assuntos que também os
em sala de aula poderia aproximá-los ainda mais da teoria que permeia os conhecimentos
em educação discutidos por todos hoje. No entanto, podemos ter ainda mais claro que
2002, p.28).
“Na educação, o objetivo último dos professores é formar pessoas que não
precisem mais de professores porque serão capazes de dar sentido à sua própria vida e à sua
própria ação” (Tardif, 2002, p. 182). Para isso, um dos principais elementos formadores é a
processo.
hábitos, rotinas e truques do ofício que compõem uma pluralidade de saberes (Tardif,
2002). Para compor seu próprio repertório, o professor leva à mão os conhecimentos
início da carreira. Quando muito tempo passou, mas as técnicas em aula continuaram as
pesquisadores. A literatura está sendo experimentada em cada região, que se torna única
por suas necessidades. O que tinha por idéia o assistencialismo empírico, transforma-se e só
O trabalho do professor está cada vez mais interligado com as ações de seus
alunos. Este envolvimento exige que o professor esteja próximo do pensamento de seus
educandos, estejam eles em qualquer faixa etária e com os mais diversos interesses. Para
que haja uma verdadeira integração deve haver também um investimento profundo que
superficial dos conteúdos e chega nos cuidados com as relações humanas em sala de aula.
Nesse sentido, o professor tem em sua pessoalidade (Vilella, 2000) seus maiores recursos
Cuidar de sua formação continuada, seu bem estar, torna-se um elemento essencial para o
bom andamento de suas aulas. E, aulas bem dadas são indicativos de qualidade no processo
processo de ousar frente a demanda que se apresenta. Não são atitudes irresponsáveis, pois
parecem não terem chegado a soluções esperadas. Foucault nos ensina a fazer novas
perguntas para velhas questões. Ele nos alerta a ver além do que estamos focando: “o novo
não está no que é dito, mas no acontecimento de sua volta” (Foucault, 1996, p. 26).
A busca da constatação a partir do que chamamos de teoria nos leva ao meio do
(Charlot, 2000). Esse meio parece cada vez mais próximo das relações interculturais e, por
perceberem atuando em uma realidade diferente daquela que buscou pela padronização
universal dos conteúdos, mas que não alcançou o desenvolvimento respeitado entre os
A escola e a sociedade não são mais regidas por uma lógica única que
transforma os atores, mas provinda de várias lógicas de ação (Charlot, 2000). A escola
Referências Bibliográficas:
CHARLOT, Bernard. Da Relação com o Saber: Elementos para uma teoria. Tradução
2002.
WRIEGLEY, Owen. Políticas da Surdez. Tradução: André Luiz Silveira Luz. EUA: