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CACOAL – RO
2009
SIRLEI FAGUNDES DOS SANTOS
Orientador:
Prof. Ms. Antonio Carlos da Silva Thonny
CACOAL – RO
2009
IDENTIFICAÇÃO
1. TÍTULO DO PROJETO:
2. NOME DO ORIENTANDO:
3. ORIENTADOR:
4. LINHA DE PESQUISA:
Direito Constitucional
5. LOCAL DE REALIZAÇÃO:
6. LOCAL E DATA:
Este projeto visa desenvolver pesquisas e levantar dados que possam discutir
amplamente sobre o direito de adoção por família homoafetiva. Este é um tema
polêmico e atual que tem despertado a atenção de juristas e de outros profissionais
das áreas sociológicas aplicadas, daí se tornar imprescindível sua discussão nos
meios acadêmicos.
O que mais chama a atenção, quando o tema é a adoção por casais
homoafetivos, é a persistente presença do preconceito e a falta de capacidade de
aceitação do diferente sustentada pelo chamado mundo intelectual do direito.
Numa perspectiva bastante acentuada, a homoafetividade vem adquirindo
transparência e aos poucos obtendo aceitação social, apesar da visível resistência
dos segmentos conservadores, tradicionais e fundamentalistas. A cada dia que
passa, os homossexuais assumem, visivelmente, a sua orientação sexual e se
estruturam como família contraindo laços afetivos e adotando filhos.
Em face do exposto e tomando como base o vanguardismo da
desembargadora do Rio Grande do Sul e vice-presidenta nacional do Instituto
Brasileiro de Direito de Família (IBDFam), Maria Berenice Dias, entendemos a
urgência do tema e a clara necessidade de discuti-lo, academicamente, com o
propósito de que seja impulsionada, com base na imprescindibilidade social do
direito, a criação de novos institutos que regulamentem a adoção e a vida familiar
homoafetiva a luz dos princípios fundamentais do direito.
2. PROBLEMA:
3. HIPÓTESE:
4. OBJETIVO
3. JUSTIFICATIVA:
O tema proposto neste projeto de pesquisa se justifica antes de tudo por sua
natureza eminentemente humana. Por representar uma parcela de
aproximadamente dez por cento dos brasileiros, conforme fontes do governo, os
homossexuais e seus direitos não podem mais ser discutidos com reservas
acadêmicas, especialmente, nos cursos de Ciências Sociais Aplicadas, a exemplo
do Direito.
Por mais que se tem discutido sobre este assunto, acreditamos ser pouco. O
tema homossexualidade e suas relações com o direito é bastante amplo e merece
que dispensemos nossas preocupações a fim de encontrar respostas seguras à
pergunta fundamental esboçada no item 3 deste projeto, não para satisfação egoísta
dos pesquisadores, mas para avançar rumo a concessão de direitos a essa parcela
da sociedade que já sofre pelo preconceito e tenderá a sofrer mais ainda pela falta
de direito não resguardado e efetivado pelo Estado.
Esta pesquisa visa contribuir com os avanços científicos na discussão do
tema; mas também pretende não perder de vista um olhar social e humanístico que
há em sua essência quando ela parte em busca dos entraves que impedem a
concessão de adoção por casais homoafetivos.
O magistrado deve se convencer livre de vaidades, quando age fechando os
olhos para a realidade em tela, não só está negando o direito de adoção aos casais
homoafetivos, mas também o de crianças a terem um lar, uma família e, acima de
tudo AFETO.
No âmbito Jurídico, uma das maiores defensoras do tema é a
Desembargadora no Rio Grande do Sul, Maria Berenice Dias no ano de 2005, a qual
procura, em seus estudos, demonstra que a união estável homoafetiva é
juridicamente possível por ser espécie do gênero união estável assim como a união
estável heteroafetiva. Outro entendimento muito presente no âmbito jurídico é o de
Diniz 2005, que também sustenta a possibilidade de reconhecimento da união
homoafetiva, bem como o casamento civil, baseado no Principio da Igualdade como
garantia fundamental abrigada no cerne da Constituição Nacional de 1988.
Com fulcro na Constituição Federal (CF), no seu artigo 5º, caput, “todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Da mesma forma, não se
pode esquecer nos fundamentos deste trabalho que a CF/88, em seu art. 1º, inciso
III, apresenta o princípio da dignidade da pessoa humana como um dos princípios
basilares no ensejo, não só da Carta Magna, mas de todo o arcabouço jurídico
infraconstitucional brasileiro.
É necessário que o legislador faça valer a essência extensiva dos princípios
constitucionais para, a partir deles, criar leis que possam tutelar temas tão
controversos como o da união estável e adoção homoafetiva. Não se admite que o
legislador se faça cego diante da emergente realidade, nem se pode conceber que
um país consiga avançar na concessão de Direitos Humanos (DH) assegurando-se,
tão somente, em idéias positivo-tradicionalistas.
Em síntese, cabe dizer que “a família, base da sociedade, tem especial
proteção do Estado” (CF, art. 226, caput) e, por isso, é de total responsabilidade
dele, o Estado, a garantia de condução ilesa do instituto familiar a um futuro digno,
livre e igual. A família e suas formatações evoluem em comum acordo com a
evolução do Homem em sociedade, daí não se falar na existência de um só tipo
familiar. As famílias matrimoniais, por união estável entre homem e mulher e
monoparental previstas na CF não são as únicas existentes. No seio da sociedade,
a efervescência social vem formatando novos tipos famílias, a exemplo da
poliparental, anaparental e homoafetiva e não deverá parar por aí. Por isso, é que se
fazem necessários esforços do legislador em regular essas novas famílias como
instituições de direito sob pena de cometer injustiças humanas, historicamente,
irreparáveis.
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:
1
. A heteronormatividade é um vocábulo utilizado para indicar uma tendência heterossexual em
discriminar as tendências sexuais que fogem do que é considerado padrão, a homossexualidade por
exemplo.
2
. Apesar da analogia com a união estável heterossexual, é comum entre os homossexuais a
referencia ao parceiro com a expressão CONVIVENTE e não COMPANHEIRO.
judicialmente a pensioná-las numa clara valorização da moderna noção de
paternidade socioafetiva por comparação.
A África do Sul, um país tão execrado pelo Apartheid, foi o primeiro país no
mundo a considerar como Garantia Constitucional Fundamental o direito de
orientação sexual, proibindo-se todo o tipo de discriminação, além de se conferirem
uma série de outros direitos. Em Israel, desde 1992, vigora a Lei de Igual
Oportunidade de Emprego, vedando-se a discriminação do empregado homossexual
no mercado de trabalho. E o interessante nisso tudo é foto de Israel ser o berço de
uma das maiores bases religiosas do mundo, o Cristianismo, que se baseia na
bíblia, escritura sagrada que condena veementemente as relações entre pessoas do
mesmo sexo.
3
. Variante de heteronormatividade.
4
. REALE, Miguel, Lições Preliminares de Direito, 27 ed. Ajustada ao novo código civil. – São Paulo: Saraiva,
2002.
de um grupo tomando como base apenas aqueles indivíduos que preferem viver a
margem, então o que resta é a NORMA.
É preciso que existam leis que regulem a adoção homoafetiva a fim de se
garantir maior seguridade jurídica a esses fenômenos de constituição familiar que
independente da existência de normas se fazem presentes nos convívios sociais. O
fenômeno existe, o que precisa é norma para regulamentá-lo e regulá-lo em seu
efetivo desenvolvimento.
Num país com 26 estados e um distrito federal, com “tribunais” e “tribunais”,
entendimentos e entendimentos, não há de se esperar uma uniformidade de idéias e
posicionamentos. Com a inexistência de uma norma reguladora, a justiça
representada pelo magistrado, que deveria ser imparcial, ora é em favor, ora contra
os casais homossexuais e suas expectativas de adoção e consequente constituição
de uma família.
As decisões contrárias, bem como as favoráveis são baseadas quase sempre
nos princípios constitucionais. É sabido que os princípios foram criados para serem
universais e por isso abrem brechas para que existam muitas interpretações. Mas
como se era de esperar, na maioria das vezes, o Judiciário tem se posicionado de
forma retrograda e antiquada ao novo ideal de família protegido pela própria
Constituição.
A união homoafetiva está posicionada e firmada em preceitos fundamentais
constitucionais, o que pelo menos garante uma esperança de que ao todo não é
renegada como ocorre em países Islâmicos onde a homossexualidade é crime. O
que falta no Brasil é investimento em campanhas educativas visando ensinar a
sociedade a conviver com diferenças.
Um fator que consideramos preponderante na negação dos direitos
homoafetivos é o religioso que contribui, e muito, com o aumento e manutenção do
preconceito contra gays, lésbicas, bissexuais e transexuais. Dizer que a religião não
influencia nas decisões do Estado é fechar os olhos para a realidade. A maioria dos
juízes, atuando em nome do Estado, muitas vezes, atua em nome de Deus e, tanto
por isso, promove injustiças na ostentação preconceituosa aprendida nas missas e
cultos religiosos ou na criação de uma família cujo preconceito era uma de suas
armas de poder contra aqueles que eram diferentes (negros, índios, homossexuais
etc). Para se convencer do que apresentamos aqui, é o bastante passar algumas
horas lendo decisões sobre adoção homossexual ou sobre o uso de contraceptivos,
em tais audiências os dogmas religiosos são evocados muito mais que as normas,
tanto por isso não há como falar de justiça livre de preconceito.
Com fundamento no que diz Vargas (2005), o Papa Bento XVI, Líder Católico,
ao assumir sofreu grande abalo, juntamente com a grande Igreja Católica, quando a
Espanha declarou a regulamentação da União Homessexual; A Santa Igreja Católica
ameaçou excomungar os clérigos espanhóis que realizassem casamentos
homossexuais ou se assim os reconhecessem.
Outros institutos sofreram o mesmo processo para ser reconhecidos, tais
como: o divórcio, a adoção e a união estável entre homem e mulher, que até pouco
tempo era vista como “adultério público”. Um preconceito contra fenômenos sociais,
que tendem a quebrar tabus, não se quebra da noite para o dia, ou pelo simples fato
da existência de uma lei que o ampara. Veja o exemplo da união estável entre
homem e mulher que é chamado até hoje por expressões pejorativas, tais como:
concubinato, sociedade de fato, entre outros tantos.
Em meio a tudo isso, forças do Estado medem esforços na tentativa de
construir um caminho seguro para a sociedade, enquanto uns permanecem inertes,
sem optar por um ponto de vista a respeito da união estável e da adoção
homoafetivas, outros se dividem entre os que são favoráveis e os que são contra a
concessão de leis que formatem as questões homoafetivas na sua totalidade. E
assim seguem os que são contra e os que são favoráveis na defesa seus pontos-de-
vista em palestras, conferências, congressos.
O que se espera é que os mesmos ventos de liberdade que varreram a
Espanha soprem aqui no Brasil e que possam arejar a visão de mundo e a crença
democrática numa sociedade pluralista, livre e igualitária, onde todos tenham um
espaço para se realizar como cidadãos, independentemente, de cor, de raça, de
idade, de classe social, de credo religioso e de orientação sexual. Se o assim o for,
terá o legislador cumprido o que ele próprio afirmou quando exarou quando ditou
padrões de liberdade, de igualdade e de dignidade da pessoa humana na
Constituição Federal.
Assim como naqueles países onde os ventos já sobraram em favor dos
interesses homoafetivos, no Brasil, o direito e a justiça não podem fechar os olhos à
realidade notória da convivência afetiva entre pessoas do mesmo sexo, não podem
se emudecer, nem deixar de ouvir as vozes de homens e mulheres que clamam por
uma justiça que garanta nada mais além daquilo que já está predisposto nos
princípios de liberdade, de igualdade e de dignidade da pessoa humana.
7. METODOLOGIA
2009
ANTEPROJETO Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1. Estudos de natureza
teórica sobre pesquisa
2. Leituras e escolha do tema
(objeto de pesquisa
3. Estudo teórico-prático
sobre o projeto de pesquisa
4. Elaboração do anteprojeto
de Pesquisa
5. Revisão e depósito do
anteprojeto de pesquisa
6. Defesa do anteprojeto de
pesquisa
2010
PROJETO E TCC Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1. Orientação e leituras
complementares
2. Ajustes metodológicos e
teóricos no projeto
3. Revisão e depósito do
projeto de pesquisa no NPJ
4. Orientação de leituras
complementares ao TCC
5. Desenvolvimento do texto
monográfico
6. Orientação e revisão
teórica e metodológica
7. Depósito do trabalho
Monográfico no NPJ
8. Defesa conforme
calendário da CM
9. RECURSOS:
9.1 MATERIAIS:
papel;
computador;
impressora;
tinta para impressora;
caneta/lápis;
doutrinas/livros;
revistas científicas do direito.
9.2 HUMANOS:
Aluno pesquisador;
Professor-orientador;
Pessoas entrevistadas (juízes, promotores, casais homoafetivos etc)
9.3 FINANCEIROS:
Os recursos financeiros serão decorrentes dos gastos com a compra de
materiais necessários na realização da pesquisa. Os valores serão custeados pela
pesquisadora e, por isso, não serão apresentados em cifra neste projeto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS:
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5. ed., São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2009.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família, 22ª ed.,
2ª Tiragem, São Paulo: Editora Saraiva, 2007
Reale, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.