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Juliana do Valle
NEUROFISIOLOGIA
O Sistema Nervoso (SN) e o Sistema Endócrino (hormonal) desempenham a maioria das funções de
controle do organismo
- O SN controla atividades RÁPIDAS: contração muscular, eventos viscerais que variam
rapidamente, velocidade de secreção de algumas glândulas.
- O S. Endócrino controla funções metabólicas.
ORGANIZAÇÃO GERAL:
Nos circuitos neurais os neurônios recebem informações vindas de outros neurônios aos quais
está associado através de ramificações do corpo celular chamadas dendritos. Um grande número de
dendritos permite que o neurônio receba uma vasta variedade de informações vindas de células
diferentes. Um dos prolongamentos do corpo celular é mais longo e fino, com poucas ramificações a não
ser na sua extremidade (terminal nervoso). Esse é o axônio também chamado de fibra nervosa. Cada
neurônio tem um único axônio e é por ele que o neurônio envia informações para outras células.
A região de contato do terminal nervoso de um neurônio com os dendritos ou corpo (raramente
com axônios) de outros neurônios é chamada de sinapse e é fundamental para o processamento da
informação no SN. Entretanto, usaremos o termo sinapse como sinônimo de “processo fisiológico de
transmissão do impulso nervoso de um neurônio para uma outra célula”.
Ao analisar-se o SN de um vertebrado a olho nu notam-se partes dentro do crânio e da coluna
vertebral e partes distribuídas por todo o organismo. As porções que ficam no crânio e coluna formam o
Sistema Nervoso Central (SNC) e as demais formam o Sistema Nervoso Periférico (SNP).
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP): A maior parte das células nervosas encontra-se no
SNC e o SNP contém menos células, mas possui um grande número de prolongamentos (fibras nervosas)
agrupados em filetes chamados nervos. Os nervos são os principais componentes do SNP e uma de suas
extremidades termina em um órgão e a outra está inserida no SNC, servindo como conexão entre os SNC
e os órgãos. A organização morfológica do SNP é complexa e característica de cada espécie.
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Fisiologia e Biofísica Profa. Juliana do Valle
Encéfalo de diferentes vertebrados – (da esquerda para direita) – peixe (tubarão); anfíbio (sapo); réptil
(crocodilo); ave (ganso); mamífero (cavalo).
A função principal do SNC é processar as informações que chegam até ele através da divisão
sensorial do SNP, de maneira que ocorram respostas motoras apropriadas. Esse processo requer a
‘seleção’ das informações relevantes e sabe-se hoje que mais de 99% de todas as informações sensoriais
são descartadas pelo cérebro como irrelevantes. Por exemplo, em geral não são percebidas as partes do
corpo em contato com as roupas, a pressão do acento quando se está sentado etc. Depois da informação
sensorial ser selecionada ela é conduzida para regiões apropriadas do SNC (circuitos neurais) que terão o
papel de ‘processar’ essa informação e gerar a resposta desejada (quando necessário). Essa canalização
da informação é chamada de FUNÇÃO INTEGRADORA do SNC.
Em que local se encontram os circuitos neurais responsáveis por processar diferentes informações?
Há 3 níveis principais de processamento da informação no SNC e cada um apresenta funções
específicas:
A. O nível da MEDULA ESPINHAL: A medula não atua somente como um condutor de sinais à partir da
periferia do corpo para o cérebro (ou na direção oposta) - controla funções mais simples como reflexos.
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Muitas vezes os níveis superiores do SN operam enviando sinais para a medula e não diretamente para a
periferia do corpo
B. O nível CEREBRAL INFERIOR: Muitas das atividades que chamamos de subconscientes do corpo são
controladas nas áreas inferiores do encéfalo (tronco encefálico, hipotálamo, tálamo, cerebelo e gânglios
da base). Ex.: o controle da pressão arterial (PA) e respiração, controle do equilíbrio, reflexos
alimentares, padrões emocionais (raiva, excitação, resposta sexual etc) reação à dor etc.
SINAPSE QUÍMICA: Nesse tipo de sinapse o primeiro neurônio secreta uma substância química
(neurotransmissor) na fenda sináptica e essa substância química age sobre proteínas receptoras
presentes na membrana do próximo neurônio (ou célula) para excitá-lo ou inibí-lo (provoca alterações de
voltagem). Muitas substâncias neurotransmissoras foram descobertas. Algumas das mais conhecidas são
a acetilcolina, norepinefrina, histamina, ácido gama-aminobutírico (GABA), serotonina, dopamina,
glutamato etc.
As sinapses químicas têm uma característica muito importante: transmitem os sinais nervosos EM
UMA SÓ DIREÇÃO, isto é, do neurônio que secreta o neurotransmissor (NEURÔNIO PRÉ-SINÁPTICO) para
o neurônio (ou célula) sobre o qual age o transmissor (NEURÔNIO PÓS-SINÁPTICO). Esse é o chamado
PRINCÍPIO da CONUDÇÃO em MÃO ÚNICA.
Sinapse inibitória: A alteração elétrica gerada no neurônio pós-sináptico o torna inibido, ou seja, gera
uma alteração de voltagem que o deixa mais negativo do que era no repouso.
Sinapse ionotrópica: A proteína receptora pós-sináptica é um canal regulado por comportas, seletivo
para diferentes íons. A ativação desses canais depende de estímulo químico (neurotransmissor) que
atuará abrindo a comporta do canal.
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SÍTIO DE LIGAÇÃO: porção protéica que se projeta para a fenda sináptica e é específica para a
ligação com um neurotransmissor. A ligação do neurotransmissor ao sítio da proteína receptora ‘ativa’
essa proteína.
SINAPSES IONOTRÓPICAS
Há proteínas receptoras que são canais regulados por comportas. Quando a célula está em repouso,
esses canais estão inativos e somente um estímulo específico pode ativá-los. No caso das proteínas
receptoras o estímulo é sempre químico, ou seja, o neurotransmissor. Ao se ligar no sítio de ligação da
proteína receptora o neurotransmissor provoca a abertura das comportas, ativando o canal.
Ao serem ativados os canais das proteínas receptoras permitirão a passagem de íons específicos para
dentro ou para fora da célula, gerando com isso PPS’s.
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ATENÇÃO: PPS’s não são potenciais de ação, portanto, não são impulsos nervosos. O potencial de
ação sempre ocorre em duas etapas (despolarização e repolarização). Os PPS são somente variações de
voltagem geradas por causa da interação do neurotransmissor com uma proteína receptora. Os
potenciais de ação duram mais tempo que os PPS e podem se propagar pela membrana do neurônio. Já
os PSS não se propagam e podem desaparecer rapidamente. Contudo, um PPSE (nunca um PPSI) pode
iniciar um potencial de ação (impulso nervoso) se a alteração de voltagem que ele provoca for grande o
suficiente.
SINAPSES METABOTRÓPICAS
Há proteínas receptoras que têm função de enzima. Quando a célula está em repouso, a atividade
enzimática da proteína está inativa e somente um estímulo específico pode ativá-la. No caso das
proteínas receptoras o estímulo é sempre químico, ou seja, o neurotransmissor. Ao se ligar no sítio de
ligação da proteína receptora o neurotransmissor provoca a ativação da enzima que passará a exercer
sua função específica no interior da célula pós-sináptica.
Ao serem ativadas as enzimas (das proteínas receptoras) provocarão eventos dentro da célula que
acabarão culminando na produção de PPS’s.
A proteína desse tipo mais comum no sistema nervoso é a proteína G. A proteína G possui atividade
de enzima. Ela atua, quando ativa, como uma adenilato ciclase (ou adenil ciclase). Essa categoria de
enzimas provoca a quebra de moléculas de alta energia (ATP por exemplo) dentro da célula pós e liberam
uma molécula chamada de AMPc (monofosfato cíclico de adenosina). A molécula de AMPc é chamada
tipicamente de molécula de segundo mensageiro, já que foi produzida por causa do neurotransmissor
(primeiro mensageiro) que ativou a enzima.
ATP AMPc
AMPc ativa canais rápidos de Na+ na membrana da célula pós: Ao fazer isso o AMPc permite a
entrada de Na+ na célula pós gerando PPSE. Ou seja, a célula que estava a -90mV fica mais positiva (-
75mV). Se o PPSE for grande o suficiente, iniciará um potencial de ação e a conseqüente transmissão do
impulso nervoso.
AMPc ativa canais lentos de K+ na membrana da célula pós: Ao fazer isso o AMPc permite a saída
de K+ da célula pós gerando PPSI. Ou seja, a célula que estava a -90mV fica mais negativa (-95mV). O
PPSI inibe a célula pós impedindo a transmissão do impulso nervoso.
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3- REMOÇÃO DE NEUROTRANSMISSOR:
Após interagirem com a proteína receptora o que ocorre com as moléculas de neurotransmissor que
foram secretadas?
Os neurotransmissores não permanecem muito tempo ‘livres’ na fenda sináptica. As moléculas ligam-
se prontamente às ptn’s receptoras ou então são removidas da fenda.
Os neurotransmissores podem ser removidos por difusão, isto é, suas moléculas se difundem para
tecidos vizinhos ou para o líquido extracelular circundante e assim são levados para fora da fenda
sináptica. Outros podem ser removidos por mecanismos mais elaborados como a destruição enzimática
ou a recaptação.
1. Por destruição enzimática (na própria fenda) – existem enzimas específicas que são capazes de
quebrar as moléculas de neurotransmissor que não se ligaram à proteína receptora do neurônio
pós-sináptico
2. Por recaptação – as moléculas, que não se ligaram à proteína receptora, são transportadas de
volta para o interior da terminação pré-sináptica por proteínas transportadoras especiais.
Leitura suplementar: