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do texto, mas estas não são citadas no corpo do artigo. (desde janeiro de 2009)
Por favor, melhore este artigo introduzindo notas de rodapé citando as fontes, inserindo-as no
corpo do texto quando necessário.
Uma mosca-da-flor, exemplo de mosca que, como o nome sugere, é encontrada próxima a flores,
neste caso, sobre uma camomila.
Biologia é a Ciência que estuda os seres vivos (do grego βιος - bios = vida e λογος - logos = estudo,
ou seja o estudo da vida). Debruça-se sobre o funcionamento dinâmico dos organismos desde uma
escala molecular subcelular até o nível populacional e interacional, tanto intraespecíficamente
quanto interespecíficamente, bem como a interação da vida com seu ambiente físico-químico. O
estudo destas dinâmicas ao longo do tempo é chamado, de forma geral, de biologia evolutiva e
contempla o estudo da origem das espécies e populações, bem como das unidades hereditárias
mendelianas, os genes. A biologia abrange um espectro amplo de áreas acadêmicas frequentemente
consideradas disciplinas independentes, mas que, no seu conjunto, estudam a vida nas mais variadas
escalas.
A vida é estudada à escala atômica e molecular pela biologia molecular, pela bioquímica e pela
genética molecular, no que se refere à célula pela biologia celular e à escala multicelular pela
fisiologia, pela anatomia e pela histologia. A biologia do desenvolvimento estuda a vida ao nível do
desenvolvimento ou ontogenia do organismo individual.
Subindo na escala para grupos de mais que um organismo, a genética estuda as bases da
hereditariedade e da variação entre indivíduos. A etologia estuda o comportamento dos indivíduos.
A genética populacional estuda a dinâmica dos alelos nas população, enquanto que a sistemática
trabalha com linhagens de muitas espécies. As ligações de indivíduos, populações e espécies entre si
e com os seus habitats são estudadas pela ecologia e as origens de tais interações pela biologia
evolutiva. Uma nova área, altamente especulativa, a astrobiologia (ou xenobiologia) estuda a
possibilidade de vida para lá do nosso planeta. A biologia clínica constitui a área especializada da
biologia profissional, para Diagnose em saúde e qualidade de vida, dos processos orgânicos
eticamente consagrados.
De uma forma mais geral, os ramos da Biologia são:
Zoologia
Botânica
Microbiologia
Micologia
Bacteriologia
Virologia
Citologia ou Biologia Celular
Genética
Biologia Molecular
Sistemática
Biologia Evolutiva
Fisiologia
Ecologia
Biologia de Sistemas
Biologia da Conservação
Bioética
Biologia do Desenvolvimento
Histologia
Etologia
Imunologia
Biotecnologia
Paleontologia
Etnobiologia
Todas as áreas de especialização dos biólogos surgem do cruzamento dos diferentes ramos da
Biologia.
Índice
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[editar] Princípios da biologia
Estrutura de DNA.
Apesar da biologia não descrever, ao contrário da física, os sistemas biológicos em termos de
objectos que obedecem a leis imutáveis descritas de forma matemática, não deixa de ser
caracterizada por um certo número de princípios e conceitos nucleares: universalidade, evolução,
diversidade, continuidade, homeostase e interacção.
Existem muitas unidades universais e processos comuns que são fundamentais para todas as formas
de vida. Por exemplo, quase todas as formas de vida são constituídas por células que, por sua vez,
funcionam segundo uma bioquímica comum baseada no carbono. A exceção a essa regra são os
vírus e os príons, que não são compostos por células. Os primeiros assumem uma forma cristalizada
inativa e só se reproduzem com o aparelho nuclear das células alvo. Os príons, por sua vez, são
proteínas auto replicantes-infectantes, que causam, por exemplo, a encefalopatia bovina
espongiforme (ou "mal da vaca louca" ).
Todos os organismos transmitem a sua hereditariedade através de material genético baseado em
ácidos nucleicos, podendo ser ou DNA (Ácido desoxirribonucléico) ou RNA (Ácido ribonucléico),
usando um código genético universal. Durante o desenvolvimento o tema dos processos universais
está também presente: por exemplo, na maioria dos organismos metazoários, os passos básicos do
desenvolvimento inicial do embrião partilham estágios morfológicos semelhantes e envolvem genes
similares.
Um dos conceitos nucleares e estruturantes em biologia é que toda a vida descende de um ancestral
comum mediante um processo de evolução. De fato, é uma das razões pelas quais os organismos
biológicos exibem a notável similaridade de unidades e processos discutida na seção anterior.
Charles Darwin estabeleceu a evolução como uma teoria viável ao enunciar a sua força motriz: a
seleção natural. (Alfred Russel Wallace é comumente reconhecido como co-autor deste conceito). A
deriva genética foi admitida como um mecanismo adicional na chamada síntese moderna. A história
evolutiva duma espécie, que descreve as várias espécies de que aquela descende e as características
destas, juntamente com a sua relação com outras espécies vivas, constituem a sua filogenia. A
elaboração duma filogenia recorre às mais variadas abordagens, desde a comparação de genes no
âmbito da biologia molecular ou da genómica até comparação de fósseis e outros vestígios de
organismos antigos pela paleontologia. As relações evolutivas são analisadas e organizadas
mediante vários métodos, nomeadamente a filogenia, a fenética e a cladística. Os principais eventos
na evolução da vida, tal como os biólogos os vêem, podem ser resumidos nesta cronologia
evolutiva.
Contudo, vários autores consideram este sistema desactualizado. Abordagens mais modernas
começam geralmente com o sistema dos três domínios:
Archaea (originalmente Archaebacteria) -- Bacteria (originalmente Eubacteria) -- Eukaryota
Estes domínios são definidos com base em diferenças a nível celular, como a presença ou ausência
de núcleo e a estrutura da membrana exterior. Existe ainda toda uma série de parasitas intracelulares
considerados progressivamente menos “vivos” em termos da sua actividade metabólica:
Vírus -- Viróides -- Priões
A biologia tornou-se um campo de investigação tão vasto que geralmente não é estudada como uma
única disciplina, mas antes dividida em várias disciplinas subordinadas. Consideramos aqui quatro
grandes agrupamentos. O primeiro consiste nas disciplinas que estudam as estruturas básicas dos
sistemas vivos: células, genes, etc.; um segundo agrupamento aborda o funcionamento destas
estruturas ao nível dos tecidos, órgãos e corpos; um terceiro incide sobre os organismos e o seu
ciclo de vida; um último agrupamento de disciplinas foca-se nas interacções. Note-se, contudo, que
estas descrições, estes agrupamentos e as fronteiras entre estes são apenas uma descrição
simplificada do todo que é a investigação biológica. Na realidade, as fronteiras entre disciplinas são
muito fluidas e a maioria das disciplinas recorre frequentemente a técnica doutras disciplinas. Por
exemplo, a biologia evolutiva apoia-se fortemente em técnicas da biologia molecular para
determinar sequências de DNA que ajudam a perceber a variação genética dentro duma população;
e a fisiologia recorre com frequência à biologia celular na descrição do funcionamento dos sistemas
de órgãos.
Formado por combinação do grego βίος (bios), que significa vida, e λόγος (logos), que significa
palavra, ideia, a palavra biologia no seu sentido moderno parece ter sido introduzida
independentemente por Gottfried Reinhold Treviranus (Biologie oder Philosophie der lebenden
Natur, 1802) e por Jean-Baptiste Lamarck (Hydrogéologie, 1802). A palavra propriamente dita pode
ter sido cunhada em 1800 por Karl Friedrich Burdach, mas aparece no título do Volume 3 da obra
de Michael Christoph Hanov Philosophiae naturalis sive physicae dogmaticae: Geologia, biologia,
phytologia generalis et dendrologia, publicada em 1766.
[editar] Bibliografia
• Maddison, David R.. The Tree of Life, http://phylogeny.arizona.edu/. Um projecto na
Internet com múltiplos autores e descentralizado contendo informação sobre filogenia
biodiversidade. (em inglês)
• Margulis, Lynn. Five Kingdoms: An Illustrated Guide to the Phyla of Life on Earth, 3rd ed..
W. H. Freeman & Co., 1998. (em inglês)
• Campbell, Neil. Biology: Concepts and Connections, 3rd ed.. Benjamin/Cummings, 2000.
Livro de texto universitário. (em inglês)
• Kimball, John W.. Kimball's Biology Pages,
http://www.ultranet.com/~jkimball/BiologyPages/. Livro de texto pesquisável online. (em
inglês)
• Soares, José Luis. Biologia no terceiro milênio 1, Editora Scipione, 1999.
• Clázio & Bellinello. Biologia (Volume único). Editora Atual, 1999.
• Marcondes, Ayrton. Biologia e Cidadania, 3 volumes. Escala educacional, 2008.
• O Gene Egoísta - de Richard Dawkins
• A Ideia Perigosa de Darwin - de Daniel Dennett
• A teia da vida - de Fritjof Capra
• O renascer da natureza de Rupert Sheldrake
• A Origem das Espécies - de Charles Darwin
Assunto
Gênero
Lançamento
Páginas
Cronologia
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A Origem das Espécies (em inglês: On the Origin of Species), do naturalista britânico Charles
Darwin, é um dos livros mais importantes da história da ciência, apresentando a Teoria da
Evolução, base de toda biologia moderna. O nome completo da primeira edição (1859) é On the
Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the
Struggle for Life (Sobre a Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural ou a Preservação
de Raças Favorecidas na Luta pela Vida). Somente na sexta edição (1872), o título foi abreviado
para The Origin of Species (A Origem das Espécies), como é popularmente conhecido.
Nesse livro, Darwin apresenta evidências abundantes da evolução das espécies, mostrando que a
diversidade biológica é o resultado de um processo de descendência com modificação, onde os
organismos vivos se adaptam gradualmente através da selecção natural e as espécies se ramificam
sucessivamente a partir de formas ancestrais, como os galhos de uma grande árvore: a árvore da
vida.
A primeira edição, publicada pela editora de John Murray em Londres no dia 24 de Novembro de
1859 com tiragem de 1.250 exemplares, esgotou-se no mesmo dia, criando uma controvérsia que
ultrapassou o âmbito académico. Um exemplar da primeira edição atinge hoje mais de 50 mil
dólares em leilão.[1]
A proposta de Darwin, que as espécies se originam por processos inteiramente naturais, contradiz a
crença religiosa na criação divina tal como é apresentada na Bíblia, no livro de Génesis. As
discussões que o livro desencadeou se disseminaram rapidamente entre o público, criando o
primeiro debate científico internacional da história.[2]
Índice
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[editar] Introdução
A transmutação das espécies, popularizada pelo livro Vestiges of the Natural History of Creation.
Darwin começa falando da importância de sua viagem ao redor do mundo a bordo do navio HMS
Beagle, principalmente suas observações sobre a distribuição das espécies na América do Sul e as
relações geoléogicas dos habitantes atuais e passados desse continente. Darwin também menciona a
importante contribuição de Alfred Russel Wallace, co-descobridor do mecanismo da seleção
natural, e a apresentação conjunta desse mecanismo na Sociedade Lineana de Londres por Charles
Lyell e Joseph D. Hooker em 1858. Darwin critica o livro Vestiges of the Natural History of
Creation, um best-seller publicado anonimamente em 1844, que falava da transformação das
espécies, mas que não apresentava uma explicação para tais mudanças. Darwin ressalta que A
Origem das Espécies é somente um resumo de suas idéias.
"Não tenho dúvidas de que a visão que a maioria dos naturalistas possui, e que eu
previamente também tinha, de que cada espécie foi criada independentemente, é
errônea. Estou totalmente convencido de que as espécies não são imutáveis; mas que
aquelas que pertencem ao que chamamos do mesmo gênero são descendentes diretas de
alguma outra espécie, geralmente extinta, da mesma forma que as variedades
reconhecidas de qualquer espécie são descendentes daquela espécie. Além disso, estou
convencido que a Seleção Natural é o meio principal, mas não exclusivo, de
modificação."
• Diferentes variedades domésticas são produzidas pelo homem através da seleção, a partir da
variação individual das espécies.
• Há mais variação no estado doméstico do que no estado selvagem.
• O processo pelo qual ocorre a domesticação de espécies e a seleção das características de
interesse é extremamente lento e gradual.
A pomba Columba livia ilustrada por John Gould.
Darwin já suspeitava que os gametas sofressem ação de fatores geradores de variabilidade. Apoiava
esse ponto de vista nas observações de alterações nos aparelhos reprodutores de alguns animais em
cativeiro. Porém, ele percebeu que havia mais variação no estado doméstico que no estado
selvagem. Enunciou também que o hábito influenciava as características presentes nos organismos,
que alguns caracteres sofriam reversão ao estado ancestral quando os indivíduos retornavam ao
estado selvagem e que alguns caracteres apareciam sempre de forma correlacionada nos indivíduos,
mesmo entre caracteres sem muita relação morfofuncional (como o aumento nos tamanhos do bico
e dos pés em pombos).
Alguns trabalhos da época defendiam que as espécies e raças de cada animal doméstico descendem
de várias espécies ancestrais, uma para cada espécie ou raça atual. Darwin acreditava que uma ou
poucas espécies teriam dado origem as espécies atuais, pois considerava pouco provável que todos
aqueles ancestrais das espécies atuais tivessem se extinguido simultaneamente e sem deixar
registros. Ele salientou também a dificuldade de povos semi-civilizados realizarem várias
domesticações bem sucedidas. O modelo escolhido para embasar seu raciocínio foi o pombo e suas
diversas variedades.[3] Ele acreditava que todas as raças descendiam de apenas uma única espécie
selvagem, a pomba-das-rochas (Columba livia), e observou isso também através de cruzamentos
entre as várias linhagens de pombos, onde algumas características ancestrais vinham à tona nas
gerações descendentes.
Além disso, Darwin comentou que nem todas as características eram adaptativas nas raças
domésticas, mas selecionadas pelo homem para seu próprio benefício. Porém, salientou que apenas
nos últimos tempos a seleção tornou-se uma prática metódica, sendo que antes disso não passava de
um hábito inconsciente de escolher os indivíduos com as características mais interessantes. Darwin
já percebia a influência do tamanho populacional na oferta de variabilidade das características a
serem selecionadas e afirmava que o processo pelo qual ocorria a domesticação de espécies e a
seleção das características de interesse era extremamente lento e gradual. As idéias centrais contidas
nesse capítulo continuam atuais, apesar dos grandes progressos em relação ao entendimento dos
mecanismos pelos quais esses processos acontecem.[4]
[editar] Capítulo II – Variação na natureza
Ver artigos principais: Espécies e Especiação.
Não devo aqui discutir as várias definições que foram dadas ao termo espécie.
Nenhuma definição ainda satisfez todos os naturalistas; ainda assim, todo
naturalista sabe vagamente o que ele quer dizer quando fala de uma espécie.
A obra de Thomas Robert Malthus sobre o crescimento populacional inspirou tanto Darwin quanto
Alfred Russel Wallace a pensar na luta pela sobrevivência.
O pensamento do Darwin acerca desse fato para ele indubitável – a luta pela existência – começa
quando ele observa o grande potencial biótico de todas as espécies de seres vivos. Qualquer
organismo é capaz de produzir uma descendência muito numerosa, a ponto de as populações
tenderem a aumentar muito em pouco tempo. No entanto, o que se observa na natureza é que tais
populações não variam muito em tamanho estando o ambiente em equilíbrio.
Se as populações em condições naturais não variam muito em tamanho, espera-se que vários dos
novos indivíduos acrescidos a essas populações não cheguem a sobreviver até a fase adulta. Deve
haver, então, entre eles uma luta pela existência e apenas aqueles mais adaptados ao ambiente onde
vivem conseguirão se reproduzir e passar essas características para frente.
Outra observação importante de Darwin acerca das populações na natureza é a grande variabilidade
entre os indivíduos, mesmo para aqueles pertencentes à mesma espécie. Se, por acaso, numa
população qualquer surgir uma variação vantajosa, por menor que seja, essa variação fornecerá a
seus portadores uma maior chance de sobrevivência.
Levando em consideração que apenas aqueles seres portadores das características mais adaptativas
conseguirão chegar à fase adulta e se reproduzir, cada vez mais as novas gerações acumularão
variações vantajosas para viver naquele ambiente específico. Populações separadas, vivendo em
ambientes diferentes, poderão com o tempo se transformar em espécies, em decorrência da
acumulação de diferentes características.
Darwin chama a atenção para a grande complexidade das relações entre os seres vivos, mostrando
que a luta pela existência não representa apenas uma competição direta entre indivíduos que
exploram os mesmos recursos, consistindo de interações bem mais complexas.
Diagrama representando o princípio da divergência das espécies, única figura da edição original de
A Origem das Espécies.
• Indivíduos dotados de alguma vantagem teriam maior probabilidade de sobreviver e
reproduzir seu tipo.
• Mudanças nas condições de vida são favoráveis à seleção natural, porque criam condições
propícias para o surgimento de variações vantajosas.
Fóssil de Archaeopteryx lithographica do Jurássico, uma forma de transição dos dinossauros para as
aves.
A extinção e a Seleção Natural andam juntas, os organismos que se tornam mais aperfeiçoados
entram em competição com os menos favorecidos e assim, podem eliminá-los. Dessa forma, se
considerarmos que toda espécie descende de alguma, pelo processo de aperfeiçoamento, tanto os
ancestrais quanto as variedades já deveriam ter sido exterminadas. De acordo com essa teoria
deveria existir um número grande de formas intermediárias. Darwin aponta que essas formas
intermediárias são muito escassas principalmente devido à imperfeição do registro geológico, já que
são necessárias condições favoráveis e tempo adequado para que os fósseis sejam formados,
tratando-se de um processo raro.
Seria inconcebível supor que o olho, sendo um órgão altamente aperfeiçoado, seja formado por
seleção natural. Darwin conclui que, se modificações benéficas acontecerem neste órgão de forma
gradual e sucessiva, sendo estas variações passadas por hereditariedade, não haverá problema em
acreditar que órgãos perfeitos e complexos são o resultado de um processo de seleção natural.
Também podem acontecer alterações simultâneas, desde que sejam lentas e graduais.
Darwin é bem enfático quando diz não ser possível comprovar a existência de um órgão complexo
sem ser formado por meio de pequenas modificações, sucessivas e numerosas. Ele infere que
existam modos de transição observando a existência de dois órgãos distintos que possuam a mesma
função. O surgimento de transições pode ter sido facilitado pela necessidade de especialização de
um órgão que realizasse ao mesmo tempo diversas funções, ou de dois órgãos que realizassem
simultaneamente a mesma função, com um deles assumindo gradualmente a responsabilidade total
da mesma, enquanto o outro aos poucos perderia sua função auxiliar. Isso aconteceu com a bexiga
natatória que, inicialmente, era utilizada para flutuação, mas que era capaz de realizar trocas
gasosas. Posteriormente a seleção natural atuou neste órgão já existente e há indícios de que este
tenha se tornado o pulmão nos vertebrados superiores.
Darwin teve dificuldades em explicar a origem de órgãos que aparentemente são pouco importantes
e que são afetados pela seleção natural, uma vez que a seleção atuando no sentido de preservar
indivíduos que possuem características vantajosas e eliminando indivíduos que possuem alguma
característica desvantajosa, não teria como agir em estruturas muito simples que a princípio
parecem não conferir benefício algum ao indivíduo. Ele salientou que mesmo nos dias atuais, não
sabemos muito a respeito da "economia natural" dos seres vivos e não temos como concluir quais
características conferem maior ou menor importância; órgãos que hoje parecem ser insignificantes,
podem ter sido de grande finalidade para um antigo ancestral. Além disso muitas estruturas
existentes e que não possuem nenhuma relação direta com os hábitos de vida atuais de determinadas
espécies, estão ali por serem passadas através da hereditariedade, ou seja, por estarem presentes nos
ancestrais e nestes conferir alguma vantagem.
A teoria da seleção natural, como nos mostrou Darwin, permite que compreendamos o significado
da frase considerada como um velho axioma da História Natural: Natura non facit saltum, a
natureza não procede a saltos, pois a seleção natural só pode agir tirando proveito de variações
ligeiras e sucessivas, de forma lenta e gradual.
• Origem da esterilidade: como não traz vantagens para o indivíduo, a esterilidade entre
diferentes espécies não pode ter evoluído pouco a pouco através da Seleção Natural.
• A capacidade de entrecruzamento como conceito de espécie: algum grau de esterilidade
entre híbridos é a regra geral, mas não necessariamente universal.
• A esterilidade é um acidente derivado da divergência entre linhagens e depende em parte da
afinidade sistemática, dos modos de vida e do histórico evolutivo.
O capítulo VIII busca responder a uma aparente dificuldade da Teoria da Seleção Natural levantada
no capítulo VI: Como explicar que as espécies, quando se cruzam, fiquem férteis ou produzam
descendentes estéreis, enquanto as variedades, quando cruzadas entre si, mantenham sua
fecundidade inalterada? Este problema existia, segundo Darwin, porque a esterilidade não é
vantajosa para o indivíduo, de modo que não poderia surgir gradativamente pela ação da Seleção
Natural.
Híbrido entre uma zebra e um burro.
Na época da publicação do livro, já existia a noção de que a capacidade de entrecruzamento seria
um fator importante na definição de espécies, mas Darwin observa que os resultados dos
experimentos de entrecruzamento chegam a conclusões distintas dos naturalistas experientes sobre
o que são espécies. Híbridos de diferentes espécies podem ser férteis, enquanto variedades de uma
mesma espécie têm dificuldades de entrecruzamento. Ele também aponta questões metodológicas
dos experimentos da época que podem ter levado os autores a conclusões equivocadas a esse
respeito. A sua conclusão é de que algum grau de esterilidade entre híbridos é a regra geral, mas não
necessariamente universal. Na discussão sobre a formação de espécies domésticas, Darwin expõe
com bastante lucidez sua visão de que as espécies são definidas pela ancestralidade comum, a partir
da modificações lentas de variedades. Desse modo, a esterilidade não seria uma característica
irremovível, mas uma peculiaridade que surgia à medida que as linhagens se diferenciavam; quanto
mais diferentes, mais difícil seria o cruzamento.
Mais adiante, Darwin retoma uma distinção feita no início do capítulo, entre a capacidade de
cruzamento (i.e., de gerar um novo indivíduo) e a fecundidade ou esterilidade da prole. Ele comenta
que os dois fenômenos não são necessariamente correlatos; algumas espécies podem cruzar
facilmente entre si, porém ter sempre prole estéril, e vice-versa. Esta esterilidade estaria
parcialmente com a afinidade sistemática. Essa tendência também variaria em cruzamentos
recíprocos; isto é, pois às vezes é mais fácil cruzar o macho de uma espécie com a fêmea de outra
do que o contrário (um pensamento que seria o embrião da regra de Haldane). Darwin observa que,
se a esterilidade entre as espécies fosse obra de uma criação especial, seria de se esperar um grau
semelhante de esterilidade entre todas as espécies.
A visão de que o isolamento reprodutivo é uma consequência natural do distanciamento filético é a
visão predominante atualmente. Para Darwin, no entanto, esse isolamento seria de certo modo
acidental e imprevisível, enquanto no paradigma atual, esse distanciamento tem um caráter um tanto
inexorável (Teoria de Dobzhansky-Muller). Atualmente é controverso se a Seleção Natural pode ou
não influir no isolamento reprodutivo,via Reforço. Darwin chega a admitir a possibilidade do
fenômeno do Reforço, mas descarta esta idéia.
Concordo com Lyell, cuja metáfora aceito sem restrições quando ele compara o
registro geológico de que dispomos a uma história de mundo elaborada de forma
imperfeita e escrita em um dialeto em extinção, e da qual possuímos apenas o
último volume, relativo a somente dois ou três países. Desse volume, há somente
alguns capítulos soltos, e de cada página apenas poucas linhas.
• Variedades intermediárias (sua ausência, natureza e números)
• Intermitência das formações geológicas
• Aparecimento repentino de grupos no registro fóssil
• Período de tempo decorrido – Antiguidade da Terra
Uma das principais objeções à Teoria de Darwin era o fato de as formas específicas serem, em sua
maioria, distintas umas das outras, não interligadas por elos de transição. De fato, em sua época
poucas eram as formas transitórias conhecidas, como o fóssil de Archaeopterix. Segundo Darwin, a
ausência de formas intermediárias atuais se daria porque as formas de transição seriam menos
numerosas do que as formas extremas, sendo extintas durante o curso das modificações e
aperfeiçoamentos adquiridos por estas por meio da Seleção Natural. Sobre a ausência de formas de
transição no registro fóssil Darwin afirma: "Creio que a explicação se encontre na extrema
imperfeição dos registros geológicos". Ele também comenta que essas formas não seriam
diretamente intermediárias entre duas espécies quaisquer: "O mais correto seria procurar formas
intermediárias que existem entre cada uma delas e um ancestral desconhecido, comum a ambas, que
por sua vez deve ser diferente dos seus descendentes modificados".
O Grande Intercâmbio Americano que ocorreu no fim do Plioceno com a formação do Istmo do
Panamá.
O capítulo XI trata das evidências biogeográficas, começando com a observação de que as
diferenças da flora e da fauna entre regiões separadas não podem ser explicadas somente por
diferenças ambientais. América do Sul, África e Austrália são três regiões com clima e latitude
similares. Mas, apesar de as condições ambientais terem paralelo no Novo e Velho Mundo estas
regiões tem diferentes plantas e animais. As espécies encontradas em uma área de um continente
são mais próximas de espécies encontradas em outras regiões do mesmo continente, do que de
espécies encontradas em outros continentes.
Darwin notou que barreiras para a migração desempenharam um importante papel nas diferenças
entre as espécies de diferentes regiões. Cadeias de montanhas, enormes desertos, grandes rios,
ístmos ou oceanos entre continentes constituem barreiras ou aos animais terrestres ou aos marinhos,
e relacionam-se diretamente às diferenças entre a fauna de diversas regiões.
Darwin explicou como uma ilha vulcânica formada a poucas centenas de quilômetros do continente
pode ser colonizada por poucas espécies do continente. Após a colonização, estas espécies tendem a
ser tornar modificadas com o tempo, mas permanecerão relacionadas às espécies encontradas no
continente, padrão comum observado por Darwin. Embora as espécies sejam distintas, há
afinidades; estas afinidades nos revelam a existência de um vínculo orgânico que prevalece através
do espaço e do tempo. Sua explicação foi uma combinação de migração e descendência com
modificação.
Mais à frente, Darwin discute meios pelos quais ocorre dispersão das espécies através dos oceanos
para colonizar ilhas, muitos dos quais ele investigou experimentalmente. Nos continentes, as
espécies poderiam ter migrado de um ponto original (centro único de origem) para os diversos
pontos distantes e isolados onde hoje se encontram. Então, as mudanças geográficas e climáticas
que ocorreram devem ter interrompido ou tornado descontínuas as áreas de ocorrência de várias
espécies.
Charles Darwin aos 51 anos, na época da publicação da primeira edição de A Origem das Espécies
Como principal objeção Darwin aponta a dificuldade em explicar como órgãos e instintos
complexos poderiam ter sido produzidos pelo processo de seleção natural. Em resposta, ele sugere
que essa dificuldade pode ser superada se se assumir que todos os órgãos e instintos são passíveis
de modificações e há uma luta pela sobrevivência onde o vencedor preserva as melhores
modificações. Apesar de admitir que seria difícil prever quais foram as gradações que ocorreram
durante o processo de modelagem de uma característica, o estado de perfeição poderia ser
alcançado por meio de várias gradações intermediárias, desde que cada uma delas seja útil e melhor
que a precedente. A teoria de descendência com modificação prevê que todos os indivíduos de uma
espécie, espécies de um mesmo gênero e também grupos menos restritos devem ter um antepassado
comum, e isso implica que indivíduos mais próximos geograficamente devam ser mais aparentados
que aqueles situados em locais distantes. Porém, isso não explica espécies que apresentam ampla
distribuição geográfica ou uma distribuição disjunta ao longo do globo terrestre. Para esses caso,
Darwin sugere que eventos de migração, extinção de intermediários e mudanças climáticas durante
os períodos glaciais possam ter moldado essas distribuições aparentemente em desacordo com sua
teoria. Outra forte objeção à teoria da seleção natural seria a falta no registro fóssil das formas
intermediárias que Darwin sugere terem existido. Ele porém argumenta que o registro fóssil é
imperfeito e que o processo de fossilização requer condições muito específicas e até improváveis,
sendo que muitos organismos, devido a sua estrutura corporal, jamais poderiam ser fossilizados.
Durante o processo de seleção artificial, o homem atua selecionando as variabilidades que mais lhe
interessa, porém a ação do homem nada tem a ver com a produção dessa variabilidade. Segundo
Darwin, as leis que regem a variabilidade são ligadas à correlação de crescimento, ao uso e desuso e
à ação direta das condições físicas, e essa variação pode ser transmitida hereditariamente. Darwin
traça aqui um paralelo entre seleção natural e artificial, sugerindo que na seleção natural quem
seleciona é a natureza e não o homem. Há uma luta pela sobrevivência uma vez que nascem mais
indivíduos do que o ambiente é capaz de suportar; sendo assim, a natureza seleciona os mais aptos
(com as melhores variações). Darwin ainda cita a disputa entre machos pela posse de fêmeas e
chama esse processo de seleção sexual, estabelecendo assim que a seleção natural é a luta pela
sobrevivência e a seleção sexual a luta pelo acasalamento. Em ambos os casos, apenas aquele
indivíduo que possuir a variação mais vantajosa vencerá a luta.
Fronstispício da 1a edição em inglês do livro A Origem das Espécies de Charles Darwin (1859)
Em defesa a teoria da Seleção Natural, Darwin se dedica a explicar por que espécies não podem ser
atos independentes de criação. Primeiro ele aponta que se as espécies fossem independentes não
deveria haver dificuldade para se definir o limite entre uma e outra, nem tampouco deveria haver
tantas formas intermediárias entre elas. Ele também cita que o axioma Natura non facit saltum (a
Natureza não dá saltos) não deveria ser uma lei natural se as espécies fossem criações
independentes. Além disso ficaria difícil explicar a razão da criação de planos biológicos
imperfeitos, como por exemplo o caso de aves que não voam, ou a abelha que morre ao utilizar seu
ferrão. O fato de duas áreas distantes apresentarem as mesmas condições de vida e habitantes
completamente diferentes seria facilmente explicado pela teoria de modificação com descendência,
mas não pela criação independente. A presença de morcegos e ausência de outros mamíferos em
ilhas oceânicas distantes do continente e a homologia entre os ossos da mão do homem, asas do
morcego e barbatanas de baleias são outros exemplos que não poderiam ser explicados pela teoria
da criação independente.
Darwin acreditava que duas razões principais levavam muitos naquela época a crer que as espécies
eram imutáveis. A primeira era a crença que a idade de criação da Terra fosse muito menor do que
realmente é, não havendo assim tempo geológico suficiente para que todas as mudanças ocorressem
de forma lenta e gradual, sendo acumuladas até gerar os organismos como são hoje. A segunda
razão era a crença que o registro fóssil estava completo e que apenas aqueles organismos
encontrados foram os que já existiram e se extinguiram, sem fornecer assim uma evidência dos
intermediários entre as espécies.
Darwin deixa a idéia de que a teoria de descendência com modificação pode abranger membros da
mesma classe e mesmo reino, e ainda sugere a possibilidade de que todos os seres vivos tenham se
originado a partir de uma só forma principal.
Darwin sugere como a aceitação da Teoria da Seleção Natural pode vir a influenciar os estudos de
História Natural. Ele prevê que não haverá uma definição satisfatória e unânime do conceito de
espécie e que nossas classificações se transformarão cada vez mais em genealogias onde serão
mapeados os caracteres herdados. Juntando informações mais precisas de geologia, Darwin diz que
seremos capazes de recriar rotas migratórias seguidas pelos habitantes do mundo. Poderemos ainda
utilizar a soma das modificações nos fósseis encontrados em formações geológicas consecutivas
como medida relativa do tempo decorrido entre essas formações. Darwin ainda prevê que a seleção
natural pode influenciar estudos de psicologia e auxiliar no entendimento da origem do homem e de
sua história.
Por fim, Darwin aponta que Hereditariedade, Variabilidade, Multiplicação dos Indivíduos, Luta pela
Existência, Seleção Natural, Divergência dos Caracteres e Extinção das Formas Menos Aptas são as
principais leis responsáveis por moldar as formas que conhecemos hoje no mundo.
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• Variabilidade genética
Referências
1. ↑ G1 > Pop & Arte - NOTÍCIAS - Exemplar da 1ª edição de "A Origem das Espécies"
supera US$ 50 mil em leilão. Página visitada em 29 de Dezembro de 2010.
2. ↑ Browne, J. 2007. A Origem das Espécies de Darwin: uma Biografia. Jorge Zahar Editor,
Rio de Janeiro. ISBN 978-85-7110-998-8
3. ↑ Nichols, H. 2009. Darwin 200: A flight of fancy. Nature 457:790-791
4. ↑ Mindell, D. 2006. The Evolving World: Evolution in Everyday Life. Chapter 2,
Domestication: Evolution in Human Hands. Editorial UPR. ISBN 978-0-674-02191-4. [1]
5. ↑ Cohan, F.M. 2002. What are bacterial species? Annual Review of Microbiology 56: 457-
487.[2]
6. ↑ Benton, M.J., Twitchett, R.J. 2003. How to kill (almost) all life: the end-Permian
extinction event. Trends in Ecology and Evolution 18 (7): 358-365
7. ↑ Boessenkool,S., Austin,J.J., Worthy,T.H., Scofield,P., Cooper,A., Seddon,P.J., Waters,J.M.
2008. Relict or colonizer? Extinction and range expansion of penguins in southern New
Zealand. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences 276(1658): 815-821