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Biologia

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corpo do texto quando necessário.

Uma mosca-da-flor, exemplo de mosca que, como o nome sugere, é encontrada próxima a flores,
neste caso, sobre uma camomila.
Biologia é a Ciência que estuda os seres vivos (do grego βιος - bios = vida e λογος - logos = estudo,
ou seja o estudo da vida). Debruça-se sobre o funcionamento dinâmico dos organismos desde uma
escala molecular subcelular até o nível populacional e interacional, tanto intraespecíficamente
quanto interespecíficamente, bem como a interação da vida com seu ambiente físico-químico. O
estudo destas dinâmicas ao longo do tempo é chamado, de forma geral, de biologia evolutiva e
contempla o estudo da origem das espécies e populações, bem como das unidades hereditárias
mendelianas, os genes. A biologia abrange um espectro amplo de áreas acadêmicas frequentemente
consideradas disciplinas independentes, mas que, no seu conjunto, estudam a vida nas mais variadas
escalas.
A vida é estudada à escala atômica e molecular pela biologia molecular, pela bioquímica e pela
genética molecular, no que se refere à célula pela biologia celular e à escala multicelular pela
fisiologia, pela anatomia e pela histologia. A biologia do desenvolvimento estuda a vida ao nível do
desenvolvimento ou ontogenia do organismo individual.
Subindo na escala para grupos de mais que um organismo, a genética estuda as bases da
hereditariedade e da variação entre indivíduos. A etologia estuda o comportamento dos indivíduos.
A genética populacional estuda a dinâmica dos alelos nas população, enquanto que a sistemática
trabalha com linhagens de muitas espécies. As ligações de indivíduos, populações e espécies entre si
e com os seus habitats são estudadas pela ecologia e as origens de tais interações pela biologia
evolutiva. Uma nova área, altamente especulativa, a astrobiologia (ou xenobiologia) estuda a
possibilidade de vida para lá do nosso planeta. A biologia clínica constitui a área especializada da
biologia profissional, para Diagnose em saúde e qualidade de vida, dos processos orgânicos
eticamente consagrados.
De uma forma mais geral, os ramos da Biologia são:
Zoologia
Botânica
Microbiologia
Micologia
Bacteriologia
Virologia
Citologia ou Biologia Celular
Genética
Biologia Molecular
Sistemática
Biologia Evolutiva
Fisiologia
Ecologia
Biologia de Sistemas
Biologia da Conservação
Bioética
Biologia do Desenvolvimento
Histologia
Etologia
Imunologia
Biotecnologia
Paleontologia
Etnobiologia

Todas as áreas de especialização dos biólogos surgem do cruzamento dos diferentes ramos da
Biologia.
Índice
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• 1
Prin
cípi
os
da
biol
ogi
a

1


1


1


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1

• 2
Âm
bito
da
biol
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a

2


2


2


2

• 3
[editar] Princípios da biologia

Estrutura de DNA.
Apesar da biologia não descrever, ao contrário da física, os sistemas biológicos em termos de
objectos que obedecem a leis imutáveis descritas de forma matemática, não deixa de ser
caracterizada por um certo número de princípios e conceitos nucleares: universalidade, evolução,
diversidade, continuidade, homeostase e interacção.

[editar] Universalidade: bioquímica, células e o código genético


Ver artigo principal: Vida

Existem muitas unidades universais e processos comuns que são fundamentais para todas as formas
de vida. Por exemplo, quase todas as formas de vida são constituídas por células que, por sua vez,
funcionam segundo uma bioquímica comum baseada no carbono. A exceção a essa regra são os
vírus e os príons, que não são compostos por células. Os primeiros assumem uma forma cristalizada
inativa e só se reproduzem com o aparelho nuclear das células alvo. Os príons, por sua vez, são
proteínas auto replicantes-infectantes, que causam, por exemplo, a encefalopatia bovina
espongiforme (ou "mal da vaca louca" ).
Todos os organismos transmitem a sua hereditariedade através de material genético baseado em
ácidos nucleicos, podendo ser ou DNA (Ácido desoxirribonucléico) ou RNA (Ácido ribonucléico),
usando um código genético universal. Durante o desenvolvimento o tema dos processos universais
está também presente: por exemplo, na maioria dos organismos metazoários, os passos básicos do
desenvolvimento inicial do embrião partilham estágios morfológicos semelhantes e envolvem genes
similares.

[editar] Evolução: o princípio central da biologia


Ver artigo principal: Evolução

Um dos conceitos nucleares e estruturantes em biologia é que toda a vida descende de um ancestral
comum mediante um processo de evolução. De fato, é uma das razões pelas quais os organismos
biológicos exibem a notável similaridade de unidades e processos discutida na seção anterior.
Charles Darwin estabeleceu a evolução como uma teoria viável ao enunciar a sua força motriz: a
seleção natural. (Alfred Russel Wallace é comumente reconhecido como co-autor deste conceito). A
deriva genética foi admitida como um mecanismo adicional na chamada síntese moderna. A história
evolutiva duma espécie, que descreve as várias espécies de que aquela descende e as características
destas, juntamente com a sua relação com outras espécies vivas, constituem a sua filogenia. A
elaboração duma filogenia recorre às mais variadas abordagens, desde a comparação de genes no
âmbito da biologia molecular ou da genómica até comparação de fósseis e outros vestígios de
organismos antigos pela paleontologia. As relações evolutivas são analisadas e organizadas
mediante vários métodos, nomeadamente a filogenia, a fenética e a cladística. Os principais eventos
na evolução da vida, tal como os biólogos os vêem, podem ser resumidos nesta cronologia
evolutiva.

[editar] Diversidade: a variedade dos organismos vivos

Suposta árvore filogenética da vida.


Apesar da unidade subjacente, a vida exibe uma diversidade surpreendente em termos de
morfologia, comportamento e ciclos de vida. A classificação de todos os seres vivos é uma tentativa
de lidar com toda esta diversidade, e o objecto de estudo da sistemática e da taxonomia. A
taxonomia separa os organismos em grupos chamados taxa, enquanto que a sistemática procura
estabelecer relações entre estes. Uma classificação científica deve reflectir as árvores filogenéticas,
também chamadas árvores evolutivas, dos vários organismos.
Tradicionalmente, os seres vivos são divididos em cinco reinos:
Monera -- Protista -- Fungi -- Plantae -- Animalia

Contudo, vários autores consideram este sistema desactualizado. Abordagens mais modernas
começam geralmente com o sistema dos três domínios:
Archaea (originalmente Archaebacteria) -- Bacteria (originalmente Eubacteria) -- Eukaryota
Estes domínios são definidos com base em diferenças a nível celular, como a presença ou ausência
de núcleo e a estrutura da membrana exterior. Existe ainda toda uma série de parasitas intracelulares
considerados progressivamente menos “vivos” em termos da sua actividade metabólica:
Vírus -- Viróides -- Priões

[editar] Homeostase: adaptação à mudança


Ver artigo principal: Homeostase

A homeostase é a propriedade de um sistema aberto de regular o seu ambiente interno de modo a


manter uma condição estável mediante múltiplos ajustes de um equilíbrio dinâmico controlados
pela interação de mecanismos de regulação. Todos os organismos, unicelulares e multicelulares,
exibem homeostase. A homeostase pode-se manifestar ao nível da célula, na manutenção duma
acidez (pH) interna estável, do organismo, na temperatura interna constante dos animais de sangue
quente, e mesmo do ecossistema, no maior consumo de dióxido de carbono atmosférico devido a
um maior crescimento da vegetação provocado pelo aumento do teor de dióxido de carbono na
atmosfera. Tecidos e órgãos também mantêm homeostase.

[editar] Interacção: grupos e ambientes


Todo o ser vivo interage com outros organismos e com o seu ambiente. Uma das razões pelas quais
os sistemas biológicos são tão difíceis de estudar é precisamente a possibilidade de tantas
interacções diferentes com outros organismos e com o ambiente. Uma bactéria microscópica
reagindo a um gradiente local de açúcar está a reagir ao seu ambiente exactamente da mesma forma
que um leão está a reagir ao seu quando procura alimento na savana africana. Dentro duma mesma
espécie ou entre espécies, os comportamentos podem ser cooperativos, agressivos, parasíticos ou
simbióticos. A questão torna-se mais complexa à medida que um número crescente de espécies
interage num ecossistema. Este é o principal objecto de estudo da ecologia.

[editar] Âmbito da biologia


Ver página anexa: Disciplinas da biologia

A biologia tornou-se um campo de investigação tão vasto que geralmente não é estudada como uma
única disciplina, mas antes dividida em várias disciplinas subordinadas. Consideramos aqui quatro
grandes agrupamentos. O primeiro consiste nas disciplinas que estudam as estruturas básicas dos
sistemas vivos: células, genes, etc.; um segundo agrupamento aborda o funcionamento destas
estruturas ao nível dos tecidos, órgãos e corpos; um terceiro incide sobre os organismos e o seu
ciclo de vida; um último agrupamento de disciplinas foca-se nas interacções. Note-se, contudo, que
estas descrições, estes agrupamentos e as fronteiras entre estes são apenas uma descrição
simplificada do todo que é a investigação biológica. Na realidade, as fronteiras entre disciplinas são
muito fluidas e a maioria das disciplinas recorre frequentemente a técnica doutras disciplinas. Por
exemplo, a biologia evolutiva apoia-se fortemente em técnicas da biologia molecular para
determinar sequências de DNA que ajudam a perceber a variação genética dentro duma população;
e a fisiologia recorre com frequência à biologia celular na descrição do funcionamento dos sistemas
de órgãos.

[editar] Estrutura da vida


Ver artigos principais: Biologia molecular, Biologia celular, Genética, Biologia do
desenvolvimento.
Ilustração do Kunstformen der Natur mostrando uma variedade de beija-flores.
A biologia molecular é o estudo da biologia ao nível molecular, sobrepondo-se em grande parte
com outras áreas da biologia, nomeadamente a genética e a bioquímica. Ocupa-se essencialmente
das interacções entre os vários sistemas celulares, incluindo a correlação entre DNA, RNA e a
síntese proteica, e de como estas interacções são reguladas.
A biologia celular estuda as propriedades fisiológicas das células, bem como o seu comportamento,
interacções e ambiente, tanto ao nível microscópico como molecular. Ocupa-se tanto de organismos
unicelulares como as bactérias, como de células especializadas em organismos multicelulares como
as dos humanos.
Compreender a composição e o funcionamento das células é essencial para todas as ciências
biológicas. Avaliar as semelhanças e as diferenças entre os diferentes tipos de células é
particularmente importante para estas duas disciplinas, e é a partir destas semelhanças e diferenças
fundamentais que emerge um padrão unificador que permite que os princípios deduzidos a partir
dum tipo de célula sejam extrapolados e generalizados para outros tipos de célula.
A genética é a ciência dos genes, da hereditariedade e da variação entre organismos. Na
investigação moderna, providencia ferramentas importantes para o estudo da função dum gene
particular e para a análise de interacções genéticas. Nos organismos, a informação genética
normalmente está nos cromossomas, mais concretamente, na estrutura química de cada uma das
moléculas de DNA.
Os genes codificam a informação necessária para a síntese de proteínas que, por sua vez,
desempenham um papel essencial, se bem que longe de absoluto, na determinação do fenótipo do
organismo.
A biologia do desenvolvimento estuda o processo pelo qual os organismos crescem e se
desenvolvem. Confinada originalmente à embriologia, nos nossos dias estuda o controle genético do
crescimento e diferenciação celular e da morfogénese, o processo que dá origem aos tecidos, órgãos
e à anatomia em geral. Entre as espécies privilegiadas nestes estudos encontram-se o nemátode
Caenorhabditis elegans, a mosca-do-azeite Drosophila melanogaster, o peixe-zebra Brachydanio
rerio ou Danio rerio, o camundongo Mus musculus, e a erva Arabidopsis thaliana.

[editar] Fisiologia dos organismos


Ver artigos principais: Fisiologia e Anatomia.
A fisiologia estuda os processos mecânicos, físicos e bioquímicos dos organismos vivos, tentando
compreender como as várias estruturas funcionam como um todo. É tradicionalmente dividida em
fisiologia vegetal e fisiologia animal, mas os princípios da fisiologia são universais,
independentemente do organismo estudado. Por exemplo, informação acerca da fisiologia duma
célula de levedura também se aplica a células humanas, e o mesmo conjunto de técnicas e métodos
é aplicado à fisiologia humana ou à de outras espécies, animais e vegetais.
A anatomia é uma parte importante da fisiologia e estuda a forma como funcionam e interagem os
vários sistemas dum organismo, como, por exemplo, os sistemas nervoso, imunitário, endócrino,
respiratório e circulatório. O estudo destes sistemas é partilhado com disciplinas da medicina como
a neurologia, a imunologia e afins.

[editar] Diversidade e evolução dos organismos


Ver artigos principais: Biologia evolutiva, Botânica e Zoologia.

Charles Darwin, em fotografia de 1880.


A biologia evolutiva ocupa-se da origem e descendência de entidades biológicas (espécies,
populações ou mesmo genes), bem como da sua modificação ao longo do tempo, ou seja, da sua
evolução. É uma área heterogénea onde trabalham investigadores oriundos das mais variadas
disciplinas taxonómicas, tais como a mamalogia, a ornitologia e a herpetologia, que usam o seu
conhecimento sobre esses organismos para responder a questões gerais de evolução. Inclui ainda os
paleontólogos que estudam fósseis para responder a questões acerca do modo e do tempo da
evolução, e teóricos de áreas como a genética populacional e a teoria evolutiva. Na década de 1990,
a biologia do desenvolvimento recuperou o seu papel na biologia evolutiva após a sua exclusão
inicial da síntese moderna. Áreas como a filogenia, a sistemática e a taxonomia estão relacionadas
com a biologia evolutiva e são por vezes consideradas parte desta.
As duas grandes disciplinas da taxonomia são a botânica e a zoologia. A botânica ocupa-se do
estudo das plantas e abrange um vasto leque de disciplinas que estudam o seu crescimento,
reprodução, metabolismo, desenvolvimento, doenças e evolução. A zoologia ocupa-se do estudo
dos animais, incluindo aspectos como a sua fisiologia, anatomia e embriologia. Tanto a botânica
como a zoologia se dividem em disciplinas menores especializadas em grupos particulares de
animais e plantas. A taxonomia inclui outras disciplinas que se ocupam doutros organismos além
das plantas e dos animais, como, por exemplo, a micologia, que estuda os fungos. Os mecanismos
genéticos e de desenvolvimento partilhados por todos os organismos são estudados pela biologia
molecular, pela genética molecular e pela biologia do desenvolvimento.
[editar] Classificação da vida
O sistema de classificação dominante é conhecido como taxonomia lineana, que inclui conceitos
como a estruturação em níveis e a nomenclatura binomial. A atribuição de nomes científicos a
organismos é regulada por acordos internacionais como o Código Internacional de Nomenclatura
Botânica (ICBN), o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN), e o Código
Internacional de Nomenclatura Bacteriana (ICNB). Um esboço dum código único foi publicado em
1997 numa tentativa de uniformizar a nomenclatura nas três áreas, mas que parece não ter sido
ainda adoptado formalmente. O Código Internacional de Classificação e Nomenclatura de Vírus
(ICVCN) não foi incluído neste esforço de uniformização.

[editar] Interacções entre organismos


Ver artigos principais: Ecologia, Etologia.

A ecologia estuda a distribuição e a abundância dos organismos vivos, e as interações dos


organismos entre si e com o seu ambiente. O ambiente de um organismo inclui não só o seu habitat,
que pode ser descrito como a soma dos fatores abióticos locais tais como o clima e a geologia, mas
também pelos outros organismos com quem partilha o seu habitat. Os sistemas ecológicos são
estudados a diferentes níveis, do individual e populacional ao do ecossistema e da biosfera. A
ecologia é uma ciência multidisciplinar, recorrendo a vários outros domínios científicos.
A etologia estuda o comportamento animal (com particular ênfase nos animais sociais como os
primatas e os canídeos) e é por vezes considerada um ramo da zoologia. Uma preocupação
particular dos etólogos prende-se com a evolução do comportamento e a sua compreensão em
termos da teoria da seleção natural. De certo modo, o primeiro etólogo moderno foi Charles
Darwin, cujo livro The expression of the emotions in animals and men influenciou muitos etólogos.

[editar] História da Biologia


Ver artigos principais: Biólogos famosos e História da Biologia.

Formado por combinação do grego βίος (bios), que significa vida, e λόγος (logos), que significa
palavra, ideia, a palavra biologia no seu sentido moderno parece ter sido introduzida
independentemente por Gottfried Reinhold Treviranus (Biologie oder Philosophie der lebenden
Natur, 1802) e por Jean-Baptiste Lamarck (Hydrogéologie, 1802). A palavra propriamente dita pode
ter sido cunhada em 1800 por Karl Friedrich Burdach, mas aparece no título do Volume 3 da obra
de Michael Christoph Hanov Philosophiae naturalis sive physicae dogmaticae: Geologia, biologia,
phytologia generalis et dendrologia, publicada em 1766.

[editar] Bibliografia
• Maddison, David R.. The Tree of Life, http://phylogeny.arizona.edu/. Um projecto na
Internet com múltiplos autores e descentralizado contendo informação sobre filogenia
biodiversidade. (em inglês)
• Margulis, Lynn. Five Kingdoms: An Illustrated Guide to the Phyla of Life on Earth, 3rd ed..
W. H. Freeman & Co., 1998. (em inglês)
• Campbell, Neil. Biology: Concepts and Connections, 3rd ed.. Benjamin/Cummings, 2000.
Livro de texto universitário. (em inglês)
• Kimball, John W.. Kimball's Biology Pages,
http://www.ultranet.com/~jkimball/BiologyPages/. Livro de texto pesquisável online. (em
inglês)
• Soares, José Luis. Biologia no terceiro milênio 1, Editora Scipione, 1999.
• Clázio & Bellinello. Biologia (Volume único). Editora Atual, 1999.
• Marcondes, Ayrton. Biologia e Cidadania, 3 volumes. Escala educacional, 2008.
• O Gene Egoísta - de Richard Dawkins
• A Ideia Perigosa de Darwin - de Daniel Dennett
• A teia da vida - de Fritjof Capra
• O renascer da natureza de Rupert Sheldrake
• A Origem das Espécies - de Charles Darwin

A Origem das Espécies


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

On the Origin of Species


A Origem das Espécies

Edição em inglês do livro A Origem das Espécies (1859)


Autor
Idioma
País

Assunto

Gênero
Lançamento
Páginas
Cronologia

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A Origem das Espécies (em inglês: On the Origin of Species), do naturalista britânico Charles
Darwin, é um dos livros mais importantes da história da ciência, apresentando a Teoria da
Evolução, base de toda biologia moderna. O nome completo da primeira edição (1859) é On the
Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the
Struggle for Life (Sobre a Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural ou a Preservação
de Raças Favorecidas na Luta pela Vida). Somente na sexta edição (1872), o título foi abreviado
para The Origin of Species (A Origem das Espécies), como é popularmente conhecido.
Nesse livro, Darwin apresenta evidências abundantes da evolução das espécies, mostrando que a
diversidade biológica é o resultado de um processo de descendência com modificação, onde os
organismos vivos se adaptam gradualmente através da selecção natural e as espécies se ramificam
sucessivamente a partir de formas ancestrais, como os galhos de uma grande árvore: a árvore da
vida.
A primeira edição, publicada pela editora de John Murray em Londres no dia 24 de Novembro de
1859 com tiragem de 1.250 exemplares, esgotou-se no mesmo dia, criando uma controvérsia que
ultrapassou o âmbito académico. Um exemplar da primeira edição atinge hoje mais de 50 mil
dólares em leilão.[1]
A proposta de Darwin, que as espécies se originam por processos inteiramente naturais, contradiz a
crença religiosa na criação divina tal como é apresentada na Bíblia, no livro de Génesis. As
discussões que o livro desencadeou se disseminaram rapidamente entre o público, criando o
primeiro debate científico internacional da história.[2]
Índice
[esconder]
• 1
Intr
odu
ção
• 2
Cap
ítul
oI

Vari
açã
o
no
esta
do
do
més
tico
• 3
Cap
ítul
o II

Vari
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o
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nat
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• 4
Cap
ítul
o
III

Lut
a
pela
exis
tênc
ia
• 5
Cap
ítul
o
IV

Sel
[editar] Introdução

A transmutação das espécies, popularizada pelo livro Vestiges of the Natural History of Creation.
Darwin começa falando da importância de sua viagem ao redor do mundo a bordo do navio HMS
Beagle, principalmente suas observações sobre a distribuição das espécies na América do Sul e as
relações geoléogicas dos habitantes atuais e passados desse continente. Darwin também menciona a
importante contribuição de Alfred Russel Wallace, co-descobridor do mecanismo da seleção
natural, e a apresentação conjunta desse mecanismo na Sociedade Lineana de Londres por Charles
Lyell e Joseph D. Hooker em 1858. Darwin critica o livro Vestiges of the Natural History of
Creation, um best-seller publicado anonimamente em 1844, que falava da transformação das
espécies, mas que não apresentava uma explicação para tais mudanças. Darwin ressalta que A
Origem das Espécies é somente um resumo de suas idéias.
"Não tenho dúvidas de que a visão que a maioria dos naturalistas possui, e que eu
previamente também tinha, de que cada espécie foi criada independentemente, é
errônea. Estou totalmente convencido de que as espécies não são imutáveis; mas que
aquelas que pertencem ao que chamamos do mesmo gênero são descendentes diretas de
alguma outra espécie, geralmente extinta, da mesma forma que as variedades
reconhecidas de qualquer espécie são descendentes daquela espécie. Além disso, estou
convencido que a Seleção Natural é o meio principal, mas não exclusivo, de
modificação."

[editar] Capítulo I – Variação no estado doméstico


Ver artigo principal: Seleção artificial

• Diferentes variedades domésticas são produzidas pelo homem através da seleção, a partir da
variação individual das espécies.
• Há mais variação no estado doméstico do que no estado selvagem.
• O processo pelo qual ocorre a domesticação de espécies e a seleção das características de
interesse é extremamente lento e gradual.
A pomba Columba livia ilustrada por John Gould.
Darwin já suspeitava que os gametas sofressem ação de fatores geradores de variabilidade. Apoiava
esse ponto de vista nas observações de alterações nos aparelhos reprodutores de alguns animais em
cativeiro. Porém, ele percebeu que havia mais variação no estado doméstico que no estado
selvagem. Enunciou também que o hábito influenciava as características presentes nos organismos,
que alguns caracteres sofriam reversão ao estado ancestral quando os indivíduos retornavam ao
estado selvagem e que alguns caracteres apareciam sempre de forma correlacionada nos indivíduos,
mesmo entre caracteres sem muita relação morfofuncional (como o aumento nos tamanhos do bico
e dos pés em pombos).
Alguns trabalhos da época defendiam que as espécies e raças de cada animal doméstico descendem
de várias espécies ancestrais, uma para cada espécie ou raça atual. Darwin acreditava que uma ou
poucas espécies teriam dado origem as espécies atuais, pois considerava pouco provável que todos
aqueles ancestrais das espécies atuais tivessem se extinguido simultaneamente e sem deixar
registros. Ele salientou também a dificuldade de povos semi-civilizados realizarem várias
domesticações bem sucedidas. O modelo escolhido para embasar seu raciocínio foi o pombo e suas
diversas variedades.[3] Ele acreditava que todas as raças descendiam de apenas uma única espécie
selvagem, a pomba-das-rochas (Columba livia), e observou isso também através de cruzamentos
entre as várias linhagens de pombos, onde algumas características ancestrais vinham à tona nas
gerações descendentes.
Além disso, Darwin comentou que nem todas as características eram adaptativas nas raças
domésticas, mas selecionadas pelo homem para seu próprio benefício. Porém, salientou que apenas
nos últimos tempos a seleção tornou-se uma prática metódica, sendo que antes disso não passava de
um hábito inconsciente de escolher os indivíduos com as características mais interessantes. Darwin
já percebia a influência do tamanho populacional na oferta de variabilidade das características a
serem selecionadas e afirmava que o processo pelo qual ocorria a domesticação de espécies e a
seleção das características de interesse era extremamente lento e gradual. As idéias centrais contidas
nesse capítulo continuam atuais, apesar dos grandes progressos em relação ao entendimento dos
mecanismos pelos quais esses processos acontecem.[4]
[editar] Capítulo II – Variação na natureza
Ver artigos principais: Espécies e Especiação.

• Existe um contínuo de variação na natureza e as variedades tem as mesmas características


gerais que as espécies, não podendo sempre se distinguir facilmente.
• As menores diferenças entre as variedades tendem a aumentar até transformar-se nas
grandes diferenças entre espécies.

Não devo aqui discutir as várias definições que foram dadas ao termo espécie.
Nenhuma definição ainda satisfez todos os naturalistas; ainda assim, todo
naturalista sabe vagamente o que ele quer dizer quando fala de uma espécie.

Os tentilhões de Galápagos ilustram o quão vaga e arbitrária é a distinção entre espécies e


variedades.
Embora Darwin tenha dado à sua obra o título A Origem das Espécies, neste capítulo demonstrou
sua postura descrente em relação a este conceito. A exemplo disso, mencionou que diferentes
taxonomistas atribuem um número diferente de espécies a um mesmo gênero, de modo que o grau
de variabilidade que permite conferir o status de variedade ou espécie, é subjetivo. A inexistência de
um critério infalível para distinguir espécies de variedades mais pronunciadas também é observada
através de gêneros maiores, que freqüentemente possuem espécies com reduzida quantidade de
diferenças entre si, assemelhando-se ao que seriam classificadas como variedades de certas espécies
incluídas em gêneros menores. Há mais variação nas espécies:
1. comuns, de distribuição geográfica maior e mais difundidas dentro de uma mesma área, pois
os indivíduos da espécie estão sujeitos a diferentes condições físicas e porque entram em
concorrência com diferentes seres orgânicos;
2. de gêneros maiores em cada hábitat, porque supõe-se que onde se formaram muitas espécies
do mesmo gênero, muitas continuarão a se formar ou "a fabricação de espécies foi muito
ativa, deve-se ainda encontrar a fábrica em movimento".
Esta variação, ainda que seja de pequeno interesse para o taxonomista, é de extrema importância
para a teoria da evolução, pois fornece material para que a seleção natural atue sobre elas e as
acumule, produzindo o que chamariam de variedades, subespécies e finalmente espécies. Mesmo
atualmente, o conceito de espécie ainda está sujeito a diferentes entendimentos e interpretações
dependendo, inclusive, do grupo de organismos considerado.[5] Apesar disso, a entidade que
chamados de espécie tem sido considerada real pela maioria dos biólogos.

Eu vejo o termo espécie como arbitrariamente atribuido, por razão de


conveniência, a um grupo de indivíduos muito semelhantes entre si e que não
difere essencialmente da palavra variedade, que é dado a formas menos distintas e
mais flutuantes.

[editar] Capítulo III – Luta pela existência


Ver artigo principal: Sobrevivência do mais apto

• A luta pela existência é a causa de toda a variabilidade existente entre as variedades


biológicas, as espécies, os gêneros… É ela que explica como variedades se transformam em
espécies distintas e como os táxons de maior nível hierárquico são formados.
• Essa explicação está diretamente relacionada ao processo de seleção natural.

A obra de Thomas Robert Malthus sobre o crescimento populacional inspirou tanto Darwin quanto
Alfred Russel Wallace a pensar na luta pela sobrevivência.
O pensamento do Darwin acerca desse fato para ele indubitável – a luta pela existência – começa
quando ele observa o grande potencial biótico de todas as espécies de seres vivos. Qualquer
organismo é capaz de produzir uma descendência muito numerosa, a ponto de as populações
tenderem a aumentar muito em pouco tempo. No entanto, o que se observa na natureza é que tais
populações não variam muito em tamanho estando o ambiente em equilíbrio.
Se as populações em condições naturais não variam muito em tamanho, espera-se que vários dos
novos indivíduos acrescidos a essas populações não cheguem a sobreviver até a fase adulta. Deve
haver, então, entre eles uma luta pela existência e apenas aqueles mais adaptados ao ambiente onde
vivem conseguirão se reproduzir e passar essas características para frente.
Outra observação importante de Darwin acerca das populações na natureza é a grande variabilidade
entre os indivíduos, mesmo para aqueles pertencentes à mesma espécie. Se, por acaso, numa
população qualquer surgir uma variação vantajosa, por menor que seja, essa variação fornecerá a
seus portadores uma maior chance de sobrevivência.
Levando em consideração que apenas aqueles seres portadores das características mais adaptativas
conseguirão chegar à fase adulta e se reproduzir, cada vez mais as novas gerações acumularão
variações vantajosas para viver naquele ambiente específico. Populações separadas, vivendo em
ambientes diferentes, poderão com o tempo se transformar em espécies, em decorrência da
acumulação de diferentes características.
Darwin chama a atenção para a grande complexidade das relações entre os seres vivos, mostrando
que a luta pela existência não representa apenas uma competição direta entre indivíduos que
exploram os mesmos recursos, consistindo de interações bem mais complexas.

Quando se lança ao ar um punhado de penas, todas cairão no chão de acordo com


leis muito bem definidas: quão simples é esse problema comparado com o da ação
e reação das incontáveis plantas e animais que determinaram, no decorrer dos
séculos, os números proporcionais e os tipos de árvores que crescem hoje nas
ruínas indígenas!

[editar] Capítulo IV – Seleção Natural


Ver artigo principal: Seleção natural

Diagrama representando o princípio da divergência das espécies, única figura da edição original de
A Origem das Espécies.
• Indivíduos dotados de alguma vantagem teriam maior probabilidade de sobreviver e
reproduzir seu tipo.
• Mudanças nas condições de vida são favoráveis à seleção natural, porque criam condições
propícias para o surgimento de variações vantajosas.

É a essa preservação das variações favoráveis e eliminação das variações nocivas


que dou o nome de Seleção Natural.
Analisando a seleção artificial, Darwin começou a questionar que isso também poderia acontecer na
natureza, e passou a observar diversos casos onde a seleção natural se aplica. Darwin afirmou que
assim como o homem selecionava características nas produções domésticas, a natureza agiria dia a
dia, agindo sobre toda variação surgida, mesmo a mais insignificante, rejeitando a nociva,
preservando e ampliando o que for útil, trabalhando de modo lento e imperceptível, no sentido de
aprimorar os seres vivos no tocante às suas condições de vida orgânicas e inorgânicas. Desta forma,
Darwin propõe que na natureza os indivíduos dotados de variações vantajosas têm mais chances de
vencer na luta pela sobrevivência e de legar aos seus descendentes as mesmas variações, as quais
tornam-se mais comuns em gerações sucessivas de uma população de organismos, enquanto as
variações desvantajosas ou nocivas tornam-se menos comuns. Quanto às variações que não são
vantajosas nem nocivas, Darwin explica que elas não são afetadas pela seleção natural,
permanecendo como uma característica oscilante, tais como as que talvez se possam verificar nas
espécies denominadas polimorfas.
Na época em que propôs a seleção natural, Darwin só podia observar que existiam variações e que
algumas destas eram herdadas, mas nunca pode explicar corretamente o processo. Isto só foi
possível com o desenvolvimento da genética moderna na primeira metade do século XX. Mesmo
sem entender de onde surgiam as variações, um dos maiores avanços na teoria evolutiva de Darwin
foi a compreensão dos mecanismos de hereditariedade, que o naturalista considerava central, mas
que desconhecia.
Segundo Darwin, as diferenças individuais seriam a matéria prima para o surgimento das variações,
e um alto grau de variabilidade hereditária e diversificada seria um campo favorável à atuação da
seleção natural. Quanto mais abundante for uma espécie, maior a probabilidade de produzir
variações favoráveis que serão selecionadas.
A seleção natural conduziria à divergência dos caracteres, o que em longo prazo pode levar a
formação de novas espécies, e à extinção completa das formas intermediárias e imperfeitas. A
seleção natural também seria capaz de modificar um dos sexos no que se refere às suas relações
funcionais com o sexo oposto, e a isso Darwin chamou de seleção sexual. As diferenças entre
machos e fêmeas da mesma espécie seriam causadas pela seleção sexual.

[editar] Capítulo V – Leis da Variação


• Os principais componentes da variação são os efeitos das condições externas, os efeitos do
uso e desuso, aclimatação e a correlação de crescimento.
• A variação é um processo lento e de longa duração.
Darwin tinha a consciência de que muito pouco se sabia sobre as leis que geravam variação entre os
seres vivos. Contudo, inferiu que tais leis poderiam produzir tanto pequenas diferenças entre
indivíduos da mesma espécie, quanto grandes diferenças existentes entre gêneros. As características
específicas – que se diferenciam depois que as espécies de um mesmo gênero se separaram de seu
antepassado comum – são mais variáveis que do que as características genéricas – herdadas
anteriormente e que ainda não se diferenciaram.

Variação na forma do crânio de pombos.


A variabilidade geralmente está relacionada ao hábito de vida de cada espécie durante várias
gerações sucessivas. Darwin discute os efeitos do uso e desuso, que ele pensava "não haver dúvida
de que uso nos animais domésticos reforça e desenvolve certas partes, e que o desuso as atrofia, e
que tais modificações eram passadas às gerações futuras" e que este fato também poderia ser
aplicado na natureza. Ele aceitava uma versão da herança dos caracteres adquiridos (que, após sua
morte passou a ser chamado Lamarckismo), porém, afirmava que algumas mudanças que foram
comumente atribuídas ao uso e desuso, tais como a perda de asas funcionais em alguns insetos,
poderiam ser produzidas pela seleção natural. Em edições posteriores de A Origem das Espécies,
Darwin expandiu o papel atribuído à herança de caracteres adquiridos. Ele também admitiu
ignorância da fonte de variações herdadas, mas especulou que poderiam ser produzidas por fatores
ambientais.
O problema da não aceitação da teoria darwiniana por parte de cientistas obrigou Darwin a utilizar-
se das idéias de Lamarck quanto à adaptação ao meio. Sua teoria, no entanto, passaria a ser aceita
pelo meio científico apenas no século XX, depois das descobertas de Mendel acerca da transmissão
hereditária de caracteres. Hoje, sabe-se que a variação em populações surge aleatoriamente através
de mutação e recombinação genética e a seleção natural é a responsável por fixá-las ou não. Os
genes mutantes determinam novas características nos organismos e podem ou não ser úteis aos
indivíduos que as possuem face ao ambiente em que vivem. Quando úteis prevalecem e são
transmitidas aos descendentes, acumulando-se e contribuindo para o aparecimento de novas
espécies. Já a recombinação genética resulta em novos arranjos de genes e geração de indivíduos
com características diferentes que serão selecionadas.

[editar] Capítulo VI – Dificuldades da teoria


Neste capítulo Darwin levanta pontos que poderiam tornar falha a sua teoria, no entanto, ele não
acredita que tais objeções possam ser fatais. As principais dificuldades e objeções tratadas neste
capítulo são:
• Uma vez que as espécies descendem de outras, por que não se encontram numerosas formas
de transição na Natureza?
• Como acreditar que a Seleção Natural pode produzir, de um lado, órgãos de pequena
importância e, de outro lado, órgãos de grande perfeição e complexidade?

Fóssil de Archaeopteryx lithographica do Jurássico, uma forma de transição dos dinossauros para as
aves.
A extinção e a Seleção Natural andam juntas, os organismos que se tornam mais aperfeiçoados
entram em competição com os menos favorecidos e assim, podem eliminá-los. Dessa forma, se
considerarmos que toda espécie descende de alguma, pelo processo de aperfeiçoamento, tanto os
ancestrais quanto as variedades já deveriam ter sido exterminadas. De acordo com essa teoria
deveria existir um número grande de formas intermediárias. Darwin aponta que essas formas
intermediárias são muito escassas principalmente devido à imperfeição do registro geológico, já que
são necessárias condições favoráveis e tempo adequado para que os fósseis sejam formados,
tratando-se de um processo raro.
Seria inconcebível supor que o olho, sendo um órgão altamente aperfeiçoado, seja formado por
seleção natural. Darwin conclui que, se modificações benéficas acontecerem neste órgão de forma
gradual e sucessiva, sendo estas variações passadas por hereditariedade, não haverá problema em
acreditar que órgãos perfeitos e complexos são o resultado de um processo de seleção natural.
Também podem acontecer alterações simultâneas, desde que sejam lentas e graduais.
Darwin é bem enfático quando diz não ser possível comprovar a existência de um órgão complexo
sem ser formado por meio de pequenas modificações, sucessivas e numerosas. Ele infere que
existam modos de transição observando a existência de dois órgãos distintos que possuam a mesma
função. O surgimento de transições pode ter sido facilitado pela necessidade de especialização de
um órgão que realizasse ao mesmo tempo diversas funções, ou de dois órgãos que realizassem
simultaneamente a mesma função, com um deles assumindo gradualmente a responsabilidade total
da mesma, enquanto o outro aos poucos perderia sua função auxiliar. Isso aconteceu com a bexiga
natatória que, inicialmente, era utilizada para flutuação, mas que era capaz de realizar trocas
gasosas. Posteriormente a seleção natural atuou neste órgão já existente e há indícios de que este
tenha se tornado o pulmão nos vertebrados superiores.
Darwin teve dificuldades em explicar a origem de órgãos que aparentemente são pouco importantes
e que são afetados pela seleção natural, uma vez que a seleção atuando no sentido de preservar
indivíduos que possuem características vantajosas e eliminando indivíduos que possuem alguma
característica desvantajosa, não teria como agir em estruturas muito simples que a princípio
parecem não conferir benefício algum ao indivíduo. Ele salientou que mesmo nos dias atuais, não
sabemos muito a respeito da "economia natural" dos seres vivos e não temos como concluir quais
características conferem maior ou menor importância; órgãos que hoje parecem ser insignificantes,
podem ter sido de grande finalidade para um antigo ancestral. Além disso muitas estruturas
existentes e que não possuem nenhuma relação direta com os hábitos de vida atuais de determinadas
espécies, estão ali por serem passadas através da hereditariedade, ou seja, por estarem presentes nos
ancestrais e nestes conferir alguma vantagem.
A teoria da seleção natural, como nos mostrou Darwin, permite que compreendamos o significado
da frase considerada como um velho axioma da História Natural: Natura non facit saltum, a
natureza não procede a saltos, pois a seleção natural só pode agir tirando proveito de variações
ligeiras e sucessivas, de forma lenta e gradual.

[editar] Capítulo VII – Instinto


Ver artigo principal: Instinto

Darwin considerava o instinto de abelhas construtoras de favos como um notável exemplo de


eficiência na natureza.
Segundo Darwin, os instintos e os hábitos são comparáveis apesar de possuírem origem diferente. A
semelhança entre o que foi originalmente um hábito e que hoje é um instinto é muito grande,
tornando algumas vezes difícil distinguir um do outro. Suas ações funcionam em uma espécie de
ritmo e são praticadas de forma inconsciente e em sentido contrário a vontade consciente. O Instinto
ao contrário do hábito é uma ação que não demanda de prática e raciocínio para ser executada. É
uma aptidão inata em relação a ações particulares. São padrões herdados de respostas a certos tipos
de situações. É uma tendência natural ou uma atividade automática e espontânea. Já os hábitos por
sua vez são ações, regras sociais ou aptidões adquiridas que surgem pela experiência e prática
prolongada para reproduzir certos atos.
Os instintos são importantes para o bem estar das espécies. Através deles inúmeras estratégias são
criadas na tentativa de aumentar a chance de sobrevivência dos animais. Sob condições de vida
modificadas, pequenas modificações (variações) nos instintos surgem. E essas modificações quando
benéficas para as espécies, serão conservadas e preservadas pela ação contínua da Seleção Natural.
A todo esse processo é que se deve a origem dos instintos mais complexos. Os instintos podem ser
classificados em duas categorias:
• Domésticos são aqueles onde as tendências naturais (qualidades mentais) dos animais são
profundamente modificadas em função da domesticação (cativeiro, hábito e seleção
metódica contínua). São menos estáveis que os instintos naturais, por serem afetados por
uma seleção menos rigorosa e por serem transmitidos há um curto intervalo de tempo sob
condições de vida menos estabilizadas. Seu alto grau de hereditariedade se dá em virtude do
cruzamento de diferentes raças.
• Naturais, como o próprio nome diz, são aqueles em que o animal age de acordo com a sua
natureza e, portanto sem a influência do cativeiro hábito e seleção metódica. Neste caso as
tendências naturais dos animais são mantidas. E os instintos só serão modificados através da
interação entre os animais e destes com o meio.
Dentre os instintos naturais Darwin aponta o instinto de abelhas construtoras de favos como sendo o
mais notável exemplo na natureza, onde as abelhas conseguem construir favos em formatos e
dimensões corretas para permitir o armazenamento da maior quantidade de mel com o mínimo de
gasto de energia possível. Esse instinto teria sido selecionado pois o enxame que gastasse menos
mel para formar os favos seria beneficiado e transmitiria esse instinto por hereditariedade, e seus
descendentes teriam maiores chances de enfrentar com sucesso a luta pela existência.
Um dos fatos que Darwin considera uma forte objeção a sua teoria é a existência de insetos sociais
estéreis. A impossibilidade das formigas estéreis transmitirem suas características para seus
descendentes parecia não se conciliar com a teoria da seleção natural. Darwin conclui que essa
característica tenha sido tenha útil para a comunidade, por isso, os machos e fêmeas fecundos
passavam aos seus descendentes fertéis a tendência de produzir uma classe de membros da
sociedade estéreis.
Portanto, para Darwin hábitos e instintos sofrem constantemente ação da seleção natural podendo
ser transmitidos por hereditariedade aos seus descendentes lhes conferindo uma maior vantagem na
luta pela existência.

[editar] Capítulo VIII – Hibridismo


Ver artigo principal: Híbrido (biologia)

• Origem da esterilidade: como não traz vantagens para o indivíduo, a esterilidade entre
diferentes espécies não pode ter evoluído pouco a pouco através da Seleção Natural.
• A capacidade de entrecruzamento como conceito de espécie: algum grau de esterilidade
entre híbridos é a regra geral, mas não necessariamente universal.
• A esterilidade é um acidente derivado da divergência entre linhagens e depende em parte da
afinidade sistemática, dos modos de vida e do histórico evolutivo.
O capítulo VIII busca responder a uma aparente dificuldade da Teoria da Seleção Natural levantada
no capítulo VI: Como explicar que as espécies, quando se cruzam, fiquem férteis ou produzam
descendentes estéreis, enquanto as variedades, quando cruzadas entre si, mantenham sua
fecundidade inalterada? Este problema existia, segundo Darwin, porque a esterilidade não é
vantajosa para o indivíduo, de modo que não poderia surgir gradativamente pela ação da Seleção
Natural.
Híbrido entre uma zebra e um burro.
Na época da publicação do livro, já existia a noção de que a capacidade de entrecruzamento seria
um fator importante na definição de espécies, mas Darwin observa que os resultados dos
experimentos de entrecruzamento chegam a conclusões distintas dos naturalistas experientes sobre
o que são espécies. Híbridos de diferentes espécies podem ser férteis, enquanto variedades de uma
mesma espécie têm dificuldades de entrecruzamento. Ele também aponta questões metodológicas
dos experimentos da época que podem ter levado os autores a conclusões equivocadas a esse
respeito. A sua conclusão é de que algum grau de esterilidade entre híbridos é a regra geral, mas não
necessariamente universal. Na discussão sobre a formação de espécies domésticas, Darwin expõe
com bastante lucidez sua visão de que as espécies são definidas pela ancestralidade comum, a partir
da modificações lentas de variedades. Desse modo, a esterilidade não seria uma característica
irremovível, mas uma peculiaridade que surgia à medida que as linhagens se diferenciavam; quanto
mais diferentes, mais difícil seria o cruzamento.
Mais adiante, Darwin retoma uma distinção feita no início do capítulo, entre a capacidade de
cruzamento (i.e., de gerar um novo indivíduo) e a fecundidade ou esterilidade da prole. Ele comenta
que os dois fenômenos não são necessariamente correlatos; algumas espécies podem cruzar
facilmente entre si, porém ter sempre prole estéril, e vice-versa. Esta esterilidade estaria
parcialmente com a afinidade sistemática. Essa tendência também variaria em cruzamentos
recíprocos; isto é, pois às vezes é mais fácil cruzar o macho de uma espécie com a fêmea de outra
do que o contrário (um pensamento que seria o embrião da regra de Haldane). Darwin observa que,
se a esterilidade entre as espécies fosse obra de uma criação especial, seria de se esperar um grau
semelhante de esterilidade entre todas as espécies.
A visão de que o isolamento reprodutivo é uma consequência natural do distanciamento filético é a
visão predominante atualmente. Para Darwin, no entanto, esse isolamento seria de certo modo
acidental e imprevisível, enquanto no paradigma atual, esse distanciamento tem um caráter um tanto
inexorável (Teoria de Dobzhansky-Muller). Atualmente é controverso se a Seleção Natural pode ou
não influir no isolamento reprodutivo,via Reforço. Darwin chega a admitir a possibilidade do
fenômeno do Reforço, mas descarta esta idéia.

[editar] Capítulo IX – Imperfeição dos registros geológicos


Ver artigos principais: Paleontologia e Geologia.

Concordo com Lyell, cuja metáfora aceito sem restrições quando ele compara o
registro geológico de que dispomos a uma história de mundo elaborada de forma
imperfeita e escrita em um dialeto em extinção, e da qual possuímos apenas o
último volume, relativo a somente dois ou três países. Desse volume, há somente
alguns capítulos soltos, e de cada página apenas poucas linhas.
• Variedades intermediárias (sua ausência, natureza e números)
• Intermitência das formações geológicas
• Aparecimento repentino de grupos no registro fóssil
• Período de tempo decorrido – Antiguidade da Terra
Uma das principais objeções à Teoria de Darwin era o fato de as formas específicas serem, em sua
maioria, distintas umas das outras, não interligadas por elos de transição. De fato, em sua época
poucas eram as formas transitórias conhecidas, como o fóssil de Archaeopterix. Segundo Darwin, a
ausência de formas intermediárias atuais se daria porque as formas de transição seriam menos
numerosas do que as formas extremas, sendo extintas durante o curso das modificações e
aperfeiçoamentos adquiridos por estas por meio da Seleção Natural. Sobre a ausência de formas de
transição no registro fóssil Darwin afirma: "Creio que a explicação se encontre na extrema
imperfeição dos registros geológicos". Ele também comenta que essas formas não seriam
diretamente intermediárias entre duas espécies quaisquer: "O mais correto seria procurar formas
intermediárias que existem entre cada uma delas e um ancestral desconhecido, comum a ambas, que
por sua vez deve ser diferente dos seus descendentes modificados".

Dentes fossilizados de cavalo encontrados por Charles Darwin em 1832.


Uma das características do registro geológico que demonstram sua própria imperfeição é a
intermitência das formações, ou as lacunas que existem entre as formações sobrepostas. Darwin
estava convencido de que todas as antigas formações abundantes em fósseis teriam se formado
durante uma fase de subsidência. Em virtude da dinâmica da Terra, com oscilações no nível do mar
e do soerguimento e rebaixamento da parte continental, nem sempre se apresentava as condições
necessárias à formação dos registros, daí sua imperfeição e também a escassez das formas
intermediárias.
Sobre a aparição repentina de alguns grupos no registro geológico, Darwin comenta que, pelo fato
de alguns gêneros e famílias não terem sido encontrados abaixo de uma determinada camada, não
significa que eles não tenham existido antes; tais grupos poderiam ter surgido muito tempo atrás e
se multiplicado lentamente. Além disso, o grande intervalo de tempo entre formações consecutivas
permitiria a multiplicação das espécies a partir de algumas formas ancestrais; dessa forma, na
formação seguinte cada espécie pareceria ter sido criada de maneira brusca.
Quanto à idade da Terra, Darwin, embasado em estudos geológicos da época e influenciado pelas
idéias gradualistas, considerava que a história geológica da Terra teria sido bem maior do que antes
se conhecia, pois de outra maneira a Seleção Natural não teria tido tempo suficiente para dirigir as
modificações orgânicas. Para Darwin a idéia de que a Terra era muito mais antiga do que se
imaginava era tão importante que ele chega a dizer: "Quem teve a oportunidade de ler o tratado do
Sr. Charles Lyell, Princípios de Geologia,(…) e se mesmo assim não admitir que os períodos de
tempo tenham sido inconcebivelmente extensos, poderá interromper neste momento a leitura deste
livro".

[editar] Capítulo X – Da sucessão geológica dos seres vivos


• As formas de vida nem sempre apresentam o mesmo grau de modificação entre duas
formações consecutivas.
• A extinção de formas antigas e a formação de novas formas estão relacionadas.
• A raridade precede a extinção.
• A fauna de cada período geológico possui características intermediárias entre a fauna
anterior e posterior.

Escala de tempo geológico de Richard Owen (1861)


Neste capítulo Darwin aborda basicamente sobre a diversidade de espécies no registro fóssil e a
extinção no tempo geológico. Ele introduz o capítulo dizendo que os fósseis impressos nas rochas
têm uma sucessão geológica clara que coincide com a "modificação lenta e progressiva por via da
descendência e da Seleção Natural", refutando a imutabilidade das espécies e que gêneros e classes
diferentes não se modificaram na mesma velocidade. Isso é comprovado no registro fóssil pela
presença de organismos atuais em meio a grupos de espécies já extintas.
Ainda sobre a velocidade de transformação das espécies, Darwin afirma que "seres superiores
modificam-se mais rapidamente que seres inferiores", pois acredita que as espécies mais recentes
são mais aptas por descenderem de outras que já sofreram modificações. Darwin ainda postulou que
as formas "superiores" e terrestres se modificam em maior velocidade devido à maior interação
ecológica que as espécies sofrem entre si. Esta é uma idéia ainda a ser discutida, pelo fato de se
conhecer atualmente a infinita variedade de habitats que podem ser encontradas no ambiente
marinho.
Darwin não acreditava em extinção em massa, ou seja, causada por algum evento catastrófico como
várias erupções vulcânicas ou um impacto de um meteoro, como é pensado atualmente (e.g. Benton
& Twitchett, 2003[6]). Ele afirma que, como a diversificação, a extinção é lenta (talvez muito mais
que a diversificação) e que a extinção de formas antigas e a formação de novas formas estão
relacionadas. Precedendo a extinção, ocorre a raridade, na visão de Darwin, que associa a raridade
de algumas espécies à sua futura extinção. Mas a atual raridade de uma espécie pode significar uma
expansão de sua distribuição geográfica devido elas se beneficiarem da extinção de um táxon irmão
similar ecologicamente.[7] A extinção de espécies, segundo ele, se deve à vantagem estabelecida
pela seleção natural às espécies novas, tornando-as mais competitivas em relações às espécies já
estabelecidas. Também já levantava a hipótese de extinções serem causadas por ações humanas.
A fauna de cada período geológico possui características intermediárias entre a fauna posterior e
anterior, indicando que se fosse possível ter ocorrido a preservação de cada forma de vida no
registro fóssil, ele seguiria a evolução dos táxons. Por fim, destaca o fato da fauna de uma
determinada região estar estreitamente relacionada às espécies encontradas no registro fóssil da
mesma região, o que pode ser facilmente explicado por sua teoria de descendência com
modificação.

[editar] Capítulo XI – Distribuição geográfica


Ver artigo principal: Biogeografia

O Grande Intercâmbio Americano que ocorreu no fim do Plioceno com a formação do Istmo do
Panamá.
O capítulo XI trata das evidências biogeográficas, começando com a observação de que as
diferenças da flora e da fauna entre regiões separadas não podem ser explicadas somente por
diferenças ambientais. América do Sul, África e Austrália são três regiões com clima e latitude
similares. Mas, apesar de as condições ambientais terem paralelo no Novo e Velho Mundo estas
regiões tem diferentes plantas e animais. As espécies encontradas em uma área de um continente
são mais próximas de espécies encontradas em outras regiões do mesmo continente, do que de
espécies encontradas em outros continentes.
Darwin notou que barreiras para a migração desempenharam um importante papel nas diferenças
entre as espécies de diferentes regiões. Cadeias de montanhas, enormes desertos, grandes rios,
ístmos ou oceanos entre continentes constituem barreiras ou aos animais terrestres ou aos marinhos,
e relacionam-se diretamente às diferenças entre a fauna de diversas regiões.
Darwin explicou como uma ilha vulcânica formada a poucas centenas de quilômetros do continente
pode ser colonizada por poucas espécies do continente. Após a colonização, estas espécies tendem a
ser tornar modificadas com o tempo, mas permanecerão relacionadas às espécies encontradas no
continente, padrão comum observado por Darwin. Embora as espécies sejam distintas, há
afinidades; estas afinidades nos revelam a existência de um vínculo orgânico que prevalece através
do espaço e do tempo. Sua explicação foi uma combinação de migração e descendência com
modificação.
Mais à frente, Darwin discute meios pelos quais ocorre dispersão das espécies através dos oceanos
para colonizar ilhas, muitos dos quais ele investigou experimentalmente. Nos continentes, as
espécies poderiam ter migrado de um ponto original (centro único de origem) para os diversos
pontos distantes e isolados onde hoje se encontram. Então, as mudanças geográficas e climáticas
que ocorreram devem ter interrompido ou tornado descontínuas as áreas de ocorrência de várias
espécies.

[editar] Capítulo XII – Distribuição geográfica – continuação

Principais ilhas do arquipélago de Galápagos.


Neste capítulo Darwin continua a sua discussão sobre distribuição geográfica. Numa primeira parte
começa por descrever a distribuição das produções de água doce e suas formas de dispersão
ocasional por meios acidentais, afirmando que "seria uma circunstância inexplicável se as aves
aquáticas não transportassem as sementes de plantas de água doce para locais muito distantes e se
consequentemente a distribuição dessas plantas não fosse muito extensa". O mesmo poderia suceder
com ovos de animais de água doce mais pequenos. Esses indivíduos que colonizassem ambientes
recentes seriam bem sucedidos, uma vez que, como chegariam a locais desocupados, a luta pela
sobrevivência seria menos intensa.
Na segunda parte deste capítulo, Darwin dedica-se essencialmente à colonização das ilhas
oceânicas, começando por dizer que não pode concordar com a teoria de Forbes sobre as grandes
extensões continentais, uma vez que esta teoria não explica vários factos relativos às produções
insulares. A ausência de determinadas classes, como batráquios e mamíferos terrestres e a sua
substituição por aves ápteras e répteis, só pode ser explicada pela susceptibilidade destes animais à
água do mar.
O arquipélago das Galápagos serviu de cenário para explicar a existência de grande proporção de
espécies endémicas nas ilhas relativamente a espaços continentais de tamanhos semelhantes, através
do exemplo de aves terrestres características de cada ilha. Serviu também para explicar a afinidade
entre os habitantes das ilhas com os habitantes do continente mais próximo, uma vez que as
espécies deste arquipélago estão relacionadas com as espécies da América e são completamente
distintas das espécies do arquipélago de Cabo Verde, com o qual partilha várias características
climáticas e geológicas. Segundo a sua teoria espécies provenientes de locais próximos chegariam a
estas ilhas por meios ocasionais de transporte ou por uma ligação terrestre outrora existente, estas
espécies durante o seu estabelecimento teriam que competir com outras espécies, ficando assim
sujeitas a modificações através da seleção natural, no entanto, através do princípio de
hereditariedade ainda é possível detetar as suas afinidades.
Este conceito de colonização de ilhas de um local próximo, pode ser aplicado a outros ambientes
em formação, como montanhas, lagos e pântanos, que seriam povoados por produções das planícies
e terras secas adjacentes.
Darwin termina afirmando que todas as relações discutidas sobre a ampla distribuição de algumas
espécies, as relações entre ambientes próximos e as relações entre espécies distintas das ilhas e dos
continentes não são concordantes com a teoria comum da criação independente, mas sim com a
hipótese de colonização de uma fonte próxima e subsequente modificação.

[editar] Capítulo XIII – Afinidades mútuas dos seres vivos;


morfologia; embriologia; órgãos rudimentares
Ver artigos principais: Anatomia, Embriologia e Estrutura vestigial.

Representação de embriões presente no trabalho de Haeckel de 1866.


• Classificação da biodiversidade através da descendência;
• Utilização de um conjunto de características, incluindo embrionárias e rudimentares, para a
reconstituição de filogenias;
Para Darwin, a classificação biológica seria mais fácil se todos os seres de um determinado grupo
fossem adaptados a viver no mesmo tipo de ambiente (terra, água, etc.). No entanto, os membros de
subgrupos próximos filogeneticamente podem possuir hábitos e características adaptativas
diferentes. Normalmente, os gêneros mais diversos são também mais dispersos, sendo, por isso,
mais sujeitos a variações que podem resultar na origem de novas espécies. Neste capítulo, Darwin
argumenta que a classificação biológica realizada segundo o Systema Naturae de Carolus Linnaeus
não seria a mais adequada para agrupar naturalmente as espécies, pois se baseia em poucos
caracteres que na maioria das vezes são adaptativos. Segundo Darwin, características que
determinam adaptação a certos hábitos de vida não deveriam ser os mais importantes para a
classificação científica (biológica), pois podem resultar em agrupamentos artificiais baseados em
características com função semelhante, mas com origens diferentes (homoplasias). Para Darwin, a
melhor maneira de classificar a biodiversidade seria através de um conjunto de características
complexas que representem afinidades entre as espécies, o que poderia refletir sua ancestralidade
comum. Tais características evoluem lentamente em certos grupos e mais rapidamente em outros,
deixando vestígios do parentesco entre as espécies. As relações de ancestralidade e descendência
seriam a única maneira de designar adequadamente as espécies, retratando agrupamentos naturais.
O grupo de características utilizado para a classificação deve incluir órgãos rudimentares e
caracteres embrionários. Segundo Darwin, o desuso gradual e seleção natural lentamente reduziriam
o órgão, e seu grau de atrofiamento corresponderia à idade da espécie em relação a seu ancestral,
sendo possível agrupar aquelas que possuem esses órgãos em diferentes níveis de desenvolvimento.
Características embrionárias também devem ser avaliadas na procura das relações de parentesco
entre as espécies, como proposto por Henri Milne-Edwards, Louis Agassiz e Ernst Haeckel. Este
último utilizava características embrionárias e rudimentares homólogas para reconstituir a filogenia
entre os seres. Características de formas embrionárias normalmente são mais parecidas entre si do
que entre estas com suas respectivas formas adultas. Assim, as formas embrionárias podem refletir a
forma que provavelmente era presente nos ancestrais.
Para representar o sistema genealógico, Darwin propôs um diagrama em forma de árvore como a
apresentada no capítulo IV desta obra. Nesse diagrama, formas rudimentares extintas poderiam
representar grupos intermediários entre as formas vivas. Os processos de extinção de alguns grupos
e diversificação de outros a partir de um ancestral comum seriam responsáveis pela separação das
espécies. Esses processos são consequências da seleção natural, que resulta em modificações de
estruturas ao longo do tempo a partir das formas presentes nos ancestrais. Dessa forma, a visão
criacionista de formas de vida imutáveis é improvável.

[editar] Capítulo XIV – Recapitulações e conclusões


Poucos naturalistas dotados de flexibilidade intelectual, e que há tempos tenham
começado a duvidar da imutabilidade das espécies, podem ser influenciados por
este livro. No entanto, minha confiança está voltada para o futuro, para os jovens
naturalistas em formação, que serão capazes de enxergar com imparcialidade
ambos os lados da questão. Quem acreditar que as espécies são mutáveis prestará
um bom serviço à ciência, exprimindo de forma consciente sua convicção, pois
somente assim se poderá desembaraçar a questão de todos os preconceitos que a
cercam.
No último capítulo de seu livro Darwin faz uma recapitulação às objeções e circunstâncias
favoráveis à teoria da Seleção Natural.

Charles Darwin aos 51 anos, na época da publicação da primeira edição de A Origem das Espécies
Como principal objeção Darwin aponta a dificuldade em explicar como órgãos e instintos
complexos poderiam ter sido produzidos pelo processo de seleção natural. Em resposta, ele sugere
que essa dificuldade pode ser superada se se assumir que todos os órgãos e instintos são passíveis
de modificações e há uma luta pela sobrevivência onde o vencedor preserva as melhores
modificações. Apesar de admitir que seria difícil prever quais foram as gradações que ocorreram
durante o processo de modelagem de uma característica, o estado de perfeição poderia ser
alcançado por meio de várias gradações intermediárias, desde que cada uma delas seja útil e melhor
que a precedente. A teoria de descendência com modificação prevê que todos os indivíduos de uma
espécie, espécies de um mesmo gênero e também grupos menos restritos devem ter um antepassado
comum, e isso implica que indivíduos mais próximos geograficamente devam ser mais aparentados
que aqueles situados em locais distantes. Porém, isso não explica espécies que apresentam ampla
distribuição geográfica ou uma distribuição disjunta ao longo do globo terrestre. Para esses caso,
Darwin sugere que eventos de migração, extinção de intermediários e mudanças climáticas durante
os períodos glaciais possam ter moldado essas distribuições aparentemente em desacordo com sua
teoria. Outra forte objeção à teoria da seleção natural seria a falta no registro fóssil das formas
intermediárias que Darwin sugere terem existido. Ele porém argumenta que o registro fóssil é
imperfeito e que o processo de fossilização requer condições muito específicas e até improváveis,
sendo que muitos organismos, devido a sua estrutura corporal, jamais poderiam ser fossilizados.
Durante o processo de seleção artificial, o homem atua selecionando as variabilidades que mais lhe
interessa, porém a ação do homem nada tem a ver com a produção dessa variabilidade. Segundo
Darwin, as leis que regem a variabilidade são ligadas à correlação de crescimento, ao uso e desuso e
à ação direta das condições físicas, e essa variação pode ser transmitida hereditariamente. Darwin
traça aqui um paralelo entre seleção natural e artificial, sugerindo que na seleção natural quem
seleciona é a natureza e não o homem. Há uma luta pela sobrevivência uma vez que nascem mais
indivíduos do que o ambiente é capaz de suportar; sendo assim, a natureza seleciona os mais aptos
(com as melhores variações). Darwin ainda cita a disputa entre machos pela posse de fêmeas e
chama esse processo de seleção sexual, estabelecendo assim que a seleção natural é a luta pela
sobrevivência e a seleção sexual a luta pelo acasalamento. Em ambos os casos, apenas aquele
indivíduo que possuir a variação mais vantajosa vencerá a luta.

Fronstispício da 1a edição em inglês do livro A Origem das Espécies de Charles Darwin (1859)
Em defesa a teoria da Seleção Natural, Darwin se dedica a explicar por que espécies não podem ser
atos independentes de criação. Primeiro ele aponta que se as espécies fossem independentes não
deveria haver dificuldade para se definir o limite entre uma e outra, nem tampouco deveria haver
tantas formas intermediárias entre elas. Ele também cita que o axioma Natura non facit saltum (a
Natureza não dá saltos) não deveria ser uma lei natural se as espécies fossem criações
independentes. Além disso ficaria difícil explicar a razão da criação de planos biológicos
imperfeitos, como por exemplo o caso de aves que não voam, ou a abelha que morre ao utilizar seu
ferrão. O fato de duas áreas distantes apresentarem as mesmas condições de vida e habitantes
completamente diferentes seria facilmente explicado pela teoria de modificação com descendência,
mas não pela criação independente. A presença de morcegos e ausência de outros mamíferos em
ilhas oceânicas distantes do continente e a homologia entre os ossos da mão do homem, asas do
morcego e barbatanas de baleias são outros exemplos que não poderiam ser explicados pela teoria
da criação independente.
Darwin acreditava que duas razões principais levavam muitos naquela época a crer que as espécies
eram imutáveis. A primeira era a crença que a idade de criação da Terra fosse muito menor do que
realmente é, não havendo assim tempo geológico suficiente para que todas as mudanças ocorressem
de forma lenta e gradual, sendo acumuladas até gerar os organismos como são hoje. A segunda
razão era a crença que o registro fóssil estava completo e que apenas aqueles organismos
encontrados foram os que já existiram e se extinguiram, sem fornecer assim uma evidência dos
intermediários entre as espécies.
Darwin deixa a idéia de que a teoria de descendência com modificação pode abranger membros da
mesma classe e mesmo reino, e ainda sugere a possibilidade de que todos os seres vivos tenham se
originado a partir de uma só forma principal.
Darwin sugere como a aceitação da Teoria da Seleção Natural pode vir a influenciar os estudos de
História Natural. Ele prevê que não haverá uma definição satisfatória e unânime do conceito de
espécie e que nossas classificações se transformarão cada vez mais em genealogias onde serão
mapeados os caracteres herdados. Juntando informações mais precisas de geologia, Darwin diz que
seremos capazes de recriar rotas migratórias seguidas pelos habitantes do mundo. Poderemos ainda
utilizar a soma das modificações nos fósseis encontrados em formações geológicas consecutivas
como medida relativa do tempo decorrido entre essas formações. Darwin ainda prevê que a seleção
natural pode influenciar estudos de psicologia e auxiliar no entendimento da origem do homem e de
sua história.
Por fim, Darwin aponta que Hereditariedade, Variabilidade, Multiplicação dos Indivíduos, Luta pela
Existência, Seleção Natural, Divergência dos Caracteres e Extinção das Formas Menos Aptas são as
principais leis responsáveis por moldar as formas que conhecemos hoje no mundo.

[editar] Ver também


Livro: Evolução
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• História da Biologia
• História do pensamento evolutivo
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• Paleontologia
• Seleção artificial
• Seleção natural
• Variabilidade genética

Referências
1. ↑ G1 > Pop & Arte - NOTÍCIAS - Exemplar da 1ª edição de "A Origem das Espécies"
supera US$ 50 mil em leilão. Página visitada em 29 de Dezembro de 2010.
2. ↑ Browne, J. 2007. A Origem das Espécies de Darwin: uma Biografia. Jorge Zahar Editor,
Rio de Janeiro. ISBN 978-85-7110-998-8
3. ↑ Nichols, H. 2009. Darwin 200: A flight of fancy. Nature 457:790-791
4. ↑ Mindell, D. 2006. The Evolving World: Evolution in Everyday Life. Chapter 2,
Domestication: Evolution in Human Hands. Editorial UPR. ISBN 978-0-674-02191-4. [1]
5. ↑ Cohan, F.M. 2002. What are bacterial species? Annual Review of Microbiology 56: 457-
487.[2]
6. ↑ Benton, M.J., Twitchett, R.J. 2003. How to kill (almost) all life: the end-Permian
extinction event. Trends in Ecology and Evolution 18 (7): 358-365
7. ↑ Boessenkool,S., Austin,J.J., Worthy,T.H., Scofield,P., Cooper,A., Seddon,P.J., Waters,J.M.
2008. Relict or colonizer? Extinction and range expansion of penguins in southern New
Zealand. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences 276(1658): 815-821

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