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RELAÇÕES HUMANAS COM BASE EM DINÂMICA DE GRUPO EM UMA

INSTITUIÇÃO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

André Francisco Pilon*

Desenvolver relações humanas com base em a psicologia social (atitudes e condutas como
dinâmica de grupo significa criar um espaço expressão da interação), a administração (aná-
psicossocial alternativo, em que desconfianças, lise institucional), a sociologia e a antropolo-
temores e conflitos possam ser aceitos e tra- gia (relações de produção e relações interpes-
balhados, mediante experiências reconstruti- soais), incluindo aquelas que pretendem en-
vas, em termos de tarefas e processos que mi- tender o microcosmos da dinâmica dos gru-
nimizem as ameaças ao "ego" e desenvolvam pos em função de todo um perfil de uma cul-
formas de interação compatíveis com uma tura ou "civilização".
ampliação quantitativa e qualitativa de cogni- Dinâmica de grupo como parte dos estu-
ções, afetos e condutas. dos que procuram localizar no espaço e no
Essa reconstrução implica o desenvolvi- tempo diferentes variáveis ao invés de guiar-
mento de um clima de confiança mútua, em se por teorias gerais de mudança social, pa-
que todas as cartas possam ser colocadas na rece justificada não apenas como intervenção
mesa, onde as fórmulas de cortesia ou de ata- pontual, mas também como forma de opera-
que-e-defesa possam ser substituídas pela ge- cionalizar mudanças que de outra maneira de-
nuína consideração pelo outro, pelo compar- penderiam de utópicas alterações "globais",
tilhamento de pensamentos, sentimentos e cujos parâmetros oscilam ao sabor de circuns-
ações, pela adesão a uma tarefa comum ge- tâncias específicas (cf. Cardoso3, 1986).
rada pelo próprio grupo em direção ao seu Tocando as linhas-mestras de um vasto uni-
auto-conhecimento. verso conceitual, o presente trabalho descreve
Nesse sentido, os papéis desenvolvidos no um projeto desenvolvido numa instituição de
grupo propiciarão a atualização das diferen- prestação de serviços, que reuniu diferentes
ças individuais e não receitas de condutas nor- contribuições ao nível teórico, resultando nu-
mativas, o desenvolvimento de conceitos como ma síntese pessoal, com raízes na experiência
frutos da interação, a aprendizagem de novas própria de seu autor, mas também inspirada
maneiras de interagir, desenvolvendo as habi- em trabalhos de aplicação como os de Brad-
lidades e talentos, à maneira dos diferentes ford e col.2 (1966), Maccio8 (1967), Luft6
músicos que compõem uma orquestra. Sanções, (1970), Mailhiot9 (1970), Meigniez10 (1970).
persuasão, manipulação cedem lugar a uma re- O projeto foi desenvolvido na Fundação
lação de integração, permitindo encontrar so- Legião Brasileira de Assistência (LBA), agên-
luções através das quais as partes obtêm seus cia de desenvolvimento social vinculada ao
objetivos sem que nenhuma seja obrigada a Sistema Nacional de Previdência e Assistên-
sacrificar sua essência (Follet citada por Wahr- cia (Ministério da Previdência e Assistência
lich13, 1969). Significa trabalhar o conceito de Social), cuja clientela é constituída pela po-
poder não no sentido weberiano, mas de pulação carente não previdenciária e pelos be-
Hannah Arendt (cf. Habermas7, 1980). neficiários do Instituto Nacional de Previdên-
Discorrer sobre a teoria que informa o de- cia Social (INPS), Fundo de Assistência ao
senvolvimento de relações humanas com base Trabalhador Rural (FUNRURAL) e Instituto
em dinâmica de grupo significaria recapitu- de Previdência e Assistência dos Servidores do
lar a vasta literatura gerada a partir de Mo- Estado (IPASE) na área da assistência social.
reno11 (1953) e Lewin5 (1978), enriquecida A LBA, além de programas de complemen-
pela contribuição paralela de linha fenomeno- tação alimentar e de promoção nutricional,
lógica e existencial e revisada pela análise ins- desenvolve os projetos "Casulo" (creches),
titucional e social (estudo das condições de "Elo" (lazer cultural para menores de 7 a 18
existência das condutas). anos), e todo um leque de atividades dirigi-
Significaria ainda incorporar os resultados das à família e à comunidade, abrangendo saú-
de estudos e pesquisas envolvendo diferentes de, educação, transporte, habitação, vestuário,
áreas, como a psicanálise (relações objetais), lazer, cidadania (registro civil).

* Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São


Paulo — Av. Dr. Arnaldo, 715 — 01255 — São Paulo, SP — Brasil.
Outros programas são dirigidos à assistên- As experiências em dinâmica de grupo
cia aos excepcionais e aos idosos, à educação abrangeram, ao longo das sessões, diferentes
para o trabalho (diferentes artes e ofícios) e situações, visando sensibilização, "insight" (no
ao incentivo à micro-empresa (a meta é criar, conceito da "Gestalt"), reflexão, "feedback"
anualmente, 2 mil micro-empresas, benefician- (no conceito da teoria da comunicação), do-
do 100 mil pessoas). Todos os projetos são mínio de técnicas apropriadas ao trabalho de
apoiados pelo programa nacional de volunta- equipe e de noções fundamentais que infor-
riado (PRONAV/LBA). mam, do ponto-de-vista teórico, situações vi-
venciadas no grupo (nível cognitivo, afetivo
Dentro deste contexto de encargos, envol- e operativo).
vendo ampla frente de trabalho, o aperfeiçoa-
mento dos servidores técnicos e administrati- A análise dos diferentes momentos no de-
vos visaria não apenas o conteúdo de suas ta- senvolvimento das sessões foi efetuada me-
refas, mas também os processos empregados, diante os próprios processos utilizados na di-
incluindo as habilidades necessárias ao traba- nâmica, que abrangeu grupos de verbalização
lho de equipe que aproveitasse e multiplicasse e ressonância (Bales1, 1950) e outros instru-
os talentos individuais em projetos comparti- mentos de promoção-avaliação do crescimento
lhados por todos. do grupo: aspectos referentes à qualidade da
comunicação, clima, liderança e compartilha-
DESCRIÇÃO DO CURSO DE RELAÇÕES mento de objetivos e papéis (em termos de ta-
HUMANAS E DINÂMICA DE GRUPO refas e processos).
Na ocasião em que desenvolvemos o "Cur- Além das experiências vivenciadas, textos
so de Relações Humanas com Base em Dinâ- destinados a propiciar maior reflexão em re-
mica de Grupo", os servidores da Superin- lação às experiências de dinâmica de grupo
tendência Regional do Espírito Santo, da LBA, foram distribuídos ao longo das sessões, após
já tinham recentemente passado por uma expe- um breve comentário e leitura de seus aspec-
riência de "relacionamento interpessoal", com- tos-chave (Pilon12, 1971).
partilhada por 50 funcionários, o que teria le-
vado a entidade a ampliar esse tipo de traba- EXPERIÊNCIAS DE DINÂMICA DE
lho, a fim de abranger os demais servidores. GRUPO
Para o novo curso elaboramos proposta com Descrevemos, a seguir, com pormenores, ex-
os seguintes objetivos: periências que não constam da literatura, pro-
1. Desenvolver habilidades para trabalho duzidas com base em nosso trabalho pessoal
em equipe, integrando teoria e prática de e desenvolvidas durante o curso.
Dinâmica de Grupo. 1. Apresentação e Presente Simbólico
2. Aumentar a sensibilidade dos participan-
tes em relação às próprias ações e como Cada participante retira de uma caixa (de
essas afetam os demais. sapatos) uma papeleta em branco e nela es-
creve, com pincel atômico, o nome pelo qual
3. Aumentar a sensibilidade em relação às deseja ser conhecido no grupo, repetindo-o
ações dos demais e como essas afetam a em voz alta e respondendo às seguintes ques-
si próprio. tões: "Quem sou? Donde venho? Para onde
4. Aumentar a habilidade como facilitado- vou?". Em seguida, a caixa é passada nova-
res de grupos de discussão, em termos mente e cada um retirará, sem olhar, uma pa-
de tarefa e processo. peleta com nome, tentando identificar o com-
5. Possibilitar aos participantes um auto- panheiro e reproduzir para o grupo, com a
conhecimento em termos de crescimento ajuda deste, o que o colega inicialmente disse
e desenvolvimento psicossocial. sobre si mesmo. Feito isso, a caixa circulará
novamente com as papeletas e cada um sor-
O curso foi realizado na sede da entidade, teará um colega para entregar-lhe, com a cai-
em Vitória, ES, no período de 5 a 16 de ja- xa, um presente simbólico, facultando-se ao
neiro de 1987, abrangendo 32 servidores, sub- presenteado manifestar-se sobre o presente re-
divididos em grupos matutino e vespertino, cebido.
cada qual com sessões de 3 horas de dura-
2. Auto-revelação Mediante Uso de Objeto
ção, totalizando 30 horas respectivamente.
Intermediário
Servidores técnicos e administrativos compu-
seram ambos os grupos, além de alguns esta- Dezesseis caixas (de sapato), de diferentes
giários. tamanhos, ilustradas interna e externamente
(inclusive tampas), com gravuras recortadas 5. Perfil do Grupo Face a Valores e
de revistas afixadas e versando sobre diferen- Necessidades Básicas
tes situações de vida, são pasadas entre os
membros do grupo, para conhecimento e, na Inicialmente os membros recebem uma folha
passagem subseqüente, para escolha e reten- de papel, na qual deverão colocar, sem se
ção da caixa e da tampa que, por qualquer identificar, o que consideram mais importante
motivo, tenham despertado o interese de cada para se sentirem satisfeitos com a vida e des-
um (uma caixa "em branco", sem ilustrações, frutar de uma sensação geral de bem-estar,
também compõe o conjunto). Cada qual po- podendo numerar até 5 itens por ordem de
derá compartilhar com o grupo o significado importância. As percepções dos membros po-
das escolhas respectivas. As caixas não esco- derão ser compartilhadas em grupo mediante
lhidas são dispostas no centro do círculo e tabulação geral de freqüências, mas, ao con-
os participantes poderão indicar suas rejeições, trário do processo de Delbecq e Van de Ven4
partilhando seus sentimentos como o fizeram (1971), as prioridades de trabalho não repou-
em relação às preferências (Fig.). sam sobre os itens que recebem maior pon-
tuação (somatórias das freqüências pondera-
3. Associação de Cores e Situações de das), pois os valores e necessidades do grupo
Vivência como um todo devem ser considerados e inte-
Os participantes são convidados a escrever grados. A tabulação é, assim, apenas uma for-
numa papeleta o nome de uma cor com a qual ma de explicitar o que transparecia no grupo
associam, num primeiro momento, a própria e de estimular os mecanismos de "feedback"
situação de trabalho e, num momento poste- (não se reforçam subgrupos hegemônicos).
rior, a situação vivenciada no grupo. São apre-
sentadas as 7 cores do arco-íris e ainda o Por já constarem nas referências bibliográ-
branco, o cinza e o preto em um quadro, pos- ficas, não são descritas outras experiências —
sibilitando 10 opções diferentes. Após cada como os exercícios de cooperação (construção
qual registrar a cor escolhida, os membros do de figuras quadradas) ou de auto-revelação e
grupo são convidados a compartilhar com os "feedback" (janela de Jo-Harry) —, além de
companheiros os motivos que os teriam levado
outros aspectos que implicariam uma descri-
às escolhas, podendo chegar a uma tabulação
de freqüências (não essencial, uma vez que ção passo-a-passo ou seqüencial do processo,
o significado dos comportamentos de seleção não pertinente aos propósitos desta comunica-
de uma mesma cor pode variar no grupo). ção de mero registro do evento.
4. Análise da Interação numa Situação Mencionamos, contudo, a avaliação promo-
Projetiva vida a posteriori, a nível administrativo, pela
entidade interessada, para os efeitos de seu
Uma sinopse, adaptação do poema de Ru-
bén Dario, "Os motivos do lobo" (Anexo), é programa de desenvolvimento de pessoal e
distribuída aos participantes, a fim de que, in- cujos resultados são apresentados na Tabela
dividualmente, acrescentem uma seqüência à (foram distribuídos questionários aos partici-
estória relatada e, depois, compartilhem com pantes, com questões sobre a parte teórico-
os demais como cada qual prosseguiria com prática do curso, a adaptação às necessidades
a estória. Na discussão das seqüências obser- dos servidores, o nível de participação pes-
vam-se convergências e divergências face a um soal, as condições do local físico e as perspec-
desenlace. São analisadas as figuras de São tivas de melhoria no relacionamento hu-
Francisco, da população e do lobo, procurando mano).
desvendar seu aspecto simbólico na estória. A
situação vivenciada "dentro" e "fora" do gru- Na análise qualitativa (comentários, críti-
po em relação aos objetos "bons" e "maus" cas e sugestões), figuram expressões de satis-
introjetados e/ou extrojetados, passa, median- fação pessoal pelo evento, entremeadas de su-
te esse processo, por uma melhor inteligência, gestões, como a extensão do curso às chefias,
após catarse em grupo dos aspectos persecutó- sua repetição para os demais servidores, etc.
rios. A experiência acima pode ser precedida Na expressão utilizada pelo superintendente
pelo relato da estória numa cadeia de co- estadual da LBA, em manifestação a parte,
municação para verificar as situações de dis- "os resultados foram muito positivos", deven-
torção da mensagem e, de alguma forma, des- do ser analisados em reunião de supervisores
pertar interesse pela atividade subseqüente de e discutidos em função da continuidade dos
dar seqüência à sinopse do poema. trabalhos.
E assim passou o animal a conviver paci-
ficamente com as pessoas, recebendo delas bo-
cados de carne e até lambendo-lhes as mãos.
Contudo, chegou um momento em que São
Francisco teve que viajar. A partir daí, a po-
pulação passou a hostilizar o lobo, dando-lhe
pauladas e negando-lhe comida.
O lobo voltou então novamente à vida sel-
vagem e retomou o seu comportamento ante-
rior, aterrorizando a população.
Retornando São Francisco, disseram-lhe que
a fera não correspondera às atenções das
pessoas e que voltara a atacá-las.
Perplexo, procurou São Francisco nova-
mente o lobo. "Não se aproxime muito, irmão
Francisco", advertiu o animal, rosnando:
"Agüentei demais aquela gente, que me mal-
tratou sem qualquer razão e cujo comporta-
mento, mesmo entre si, ultrapassa, de longe,
o que chamam de minha ferocidade".
E a seguir o lobo testemunhou sobre as de-
savenças, o ódio, a injustiça, o desrespeito mú-
tuo entre homens e mulheres e sobre todo o
pecado que observou em Agubio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BALES, R. F. Interaction process analysis.
Cambridge, Mass., Addison-Wesley, 1950.
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3. CARDOSO, F. H. Problemas de mudança so-
cial, outra vez? Novos Est. CEBRAP, (16):
54-61, 1986.
4. DELBECQ, A. L. & VAN DE VEN, A. H. A
group process model for problem identifica-
tion and program planning. J. appl. Behav.
Sci., 7:466-92, 1971.
5. LEWEN, K. Problemas de dinámica de grupo.
São Paulo, Cultrix, 1978.
6. LUFT, J. Introdução à dinâmica de grupo.
Lisboa, Moraes Eds., 1970.
7. HABERMAS, J. Sociologia. São Paulo, Ática,
ANEXO 1980.
8. MACCIO, C. Animação de grupos. Lisboa,
Texto utilizado no Curso de Relações Humanas e Moraes Eds., 1967.
Dinâmica de Grupo — Vitória, ES, 1987
9. MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos
(Sinopse segundo o poema de Rubén Dario)* grupos. São Paulo, Duas Cidades, 1970.
Em Agubio, Itália, um lobo feroz dizimava 10. MEIGNIEZ, R. A análise dos grupos. São Pau-
as ovelhas e outros animais, atacando os pró- lo, Vozes/Ed. USP, 1970.
prios moradores da aldeia e tornando sua exis- 11. MORENO, J. L. Who shall survive? New York,
tência um verdadeiro flagelo. Beacon House, 1953.
12. PILON, A. F. Técnica de reunião. São Paulo,
Desesperados, recorreram a São Francisco, Faculdade de Saúde Pública da USP, s.d.
que se dispôs a tratar com o lobo. [Mimeograf ado]. * *
Encontrando-se com ele, admoestou-o doce- 13. WAHRLICH, B. M. S. Uma análise das teorias
mente, convencendo-o de que poderia obter da organização. Rio de Janeiro, Fundação Ge-
túlio Vargas, 1969.
até seu próprio alimento com a colaboração da Recebido para publicação em 5/3/1987
população. Aprovado para publicação em 13/5/1987
*Dario, Rubén. Obras completas. Buenos Aires, Ediciones Anaconda, 1949, p. 249.
**Disponível com o autor do trabalho. Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde
Pública da USP.

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