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1948 14 D E M A I O 1948 26 D E M A I O

Nasce o Estado de Israel A supremacia branca


A criação de Israel leva à escalada da A vitória do Partido Nacional Africâner
violência no Oriente Médio. abre a porta para o apartheid.

A segurança era rigorosa n o Rothschild Boulevard e a Foi uma das eleições gerais mais disputadas da história

l II ilu I,I militar Haganah vigiava todos os presentes n o da África d o Sul. D e u m lado, o Partido Unido, d e fala in-

salão d o M u s e u d e Tel Aviv. A nação judia aguardara glesa, liderado por Jan Christian Smuts, primeiro-minis-

600 gerações por esse dia. N o salão lotado fazia muito tro desde 1939 e africâner pró-Grã-Bretanha. D o outro, o

i ali II. As 16h, David Ben-Gurion entrou c balou i o m u m Partido Nacional Unificado, de fala alikãner, lidei,ido

martelo na mesa pedindo atenção. Depois d e cantar a polo 1 )r. I )aniel Malan, um dei larado pró na/isla< lutai ile

/ lativah, o hino nacional, ele leu a declaração d e inde- a guerra e agora icpublk ano. Ambos os pai lidos delen

I II 'i H IriK i,i d e Israel, firmada c m seguida por V mem- diam a supiemai i,i biani a, mas Malan era o paladino do

I I H I S d o ( onselho Nacional. O Estado d e Israel existia "nativismo" e d o apartheid (separação), acreditando g u e

i ilu i.ilmente, sendo Ben-Gurion o seu primeiro-minis- só aos I liam os | II «leiia sei ( om edid idiçái i de

n bjetivo d e criar na Palestina u m "lar na< ional" m e m b r o d o Estado.

i I I i os judeus fora proclamado e m 1917 pela Grã-Bre- Os nacionalistas conquistaram a maioria das ca-

l.n il i.i, i |in 'adquiriu o território depois da Primeira (>uei deii.is numa eleição quase i|iie ex< usivamcnle bian

"...assim, pois, nós "No passado nos sentíamos


proclamamos a fundação estrangeiros... mas hoje a
do Estado de Israel." África do Sul nos pertence."
David Ben-Gurion Dr. M a l a n , p r i m e i r o - m i n i s t r o e m 1948

ia Mundial. Preocupados, porém, c o m a população ca. Smuts perdeu o cargo d e primeiro-ministro. O Par-

árabe local e seus aliados, os britânk os olisl.n uli/aram tido Nai ional < onquislata u m a maioiia d e apenas

B Imigração de u m número ilimitado d e judeus mes (in< o ( adeitas, uma virada siqniÍK aliva.
i iii 11 lepois d o Holocausto. Q u a n d o a violem ia irrom Formou-se u m g o v e r n o exclusivamenii i africâner,
I >eu entre as duas comunidades, a questão foi delegada Foram feitos grandes esforços para "africanerizar" o
a (liganização das Nações Unidas, cuja recomendação exército, a polícia, o judiciário e o serviço público, para
ei n prol da partição d o território foi aceita pelos judeus, assegurar q u e suas novas leis n ã o fossem sabotadas.
mas não pelos árabes. O nascimento d e Israel foi, por- A legislação d e 1949, reminiscente d e algumas das Leis
i, II iii >, altamente traumático. d e N u r e m b e r g (1935) contra os judeus, foi c o m p l e -

( ) presidente Truman reconheceu o n o v o Estado, mentada e m 1951 c o m a criação d e bantustões (terri-

no que foi logo seguido pela União Soviética, mas não tórios) para 10 tribos negras. A segregação racial fora

I ii ili is | i.iíses árabes d o Oriente Médio. Durante gera- então estendida à totalidade da União Sul-Africana.
ções, a guerra iria determinar a geografia política d e Malan morreu e m 1959, mas a era d o apartheid se e s -
Israel e deixar profundas cicatrizes na região. R P tenderia até as eleições multirraciais d e 1994. R P
1948 22 DE JUNHO

Os jamaicanos desembarcam na Grã-Bretanha


A chegada do Empire W i n d r u s h a Tilbury, Inglaterra, gera ansiedade e anuncia o
nascimento da Grã-Bretanha multicultural.

Era u m antigo navio alemão d e transporte d e tropas,

adaptado e rebatizado Empire Windrush. Sua v i a g e m

começara na Palestina, c o m paradas n o México, J a -

maica, Trinidad, Cuba e Bermudas. Agora ele chegava

ao seu destino. A o entrar no estuário d o Tâmisa, vários

passageiros clandestinos saltaram d o navio, q u e não

obstante seguiu M M rot.i alé I ilbuiy paia uma .itr.x a

ção inusitadamente concorrida. U m a flotilha d e bar-

cos o a c o m p a n h o u levando curiosos e a imprensa - a

chegada d e u m navio transportando 492 jamaicanos

era, naturalmente, matéria d e jornal. Muito a propósi-

to, as câmeras dos cinejornais se m o v i a m a o s o m d o

último calipso d e lorde Kitchener: " L o n d o n is the Place

lor M e " (Londres agora é o m e u lugar),

Os imigrantes vieram das índias Ocidentais por vá-

i ias razões: alguns eram pilotos da força aérea retornan-

do d e licença; outros, jovens e otimistas, esperavam

conseguir empregos b e m remunerados. Mas vieram

iodos c o m o cidadãos britânicos desejosos d e conhecer

.i "mãe-pátria". Muitos políticos, no entanto, se mostra-

vam aflitos c o m o q u e parecia uma inversão da o r d e m

natural das coisas: os britânicos brancos tradicional-

mente emigravam para as colônias; agora, eram os n e -

gros das colônias que imigiavam para a (iia liiolanha.

Foi essa tendência q u e levou, e m 1962, à suspensão d o

i lireito automático d e entrada no país para todos os ci-

i ladãos da C o m u n i d a d e Britânica (Commonwealth).

Os jamaicanos se empregaram rapidamente, e m -

bora n e m sempre nas atividades para as quais estavam

i lualifkados, e o alvoroço criado logo arrefeceu. R P

O O navio alemão de transporte de tropas Empire Windrush

chega a Tilbury Docks com 492 imigrantes jamaicanos a bordo.

O Imigrantes das índias Ocidentais pensam no futuro depois de

desembarcar do Empire Windrush no cais de Tilbury.


I<)48 2 4 D E JUNHO

Ponte aérea aliada abastece Berlim Ocidental


Uma gigantesca ponte aérea aliada garante a sobrevivência de Berlim Ocidental,
submetida ao blogueio soviético, e abre caminho para a OTAN.

Calcinhas tremulavam nas antenas dos veículos milita-

res na quinta-feira 24 d e j u n h o d e 1948. A Operação

Calcinha (knickers) foi a resposta anglo-americana a o

bloqueio rodoíerroviário de Berlim ()< idonlal imposto

pela União Soviética. Tratava-se d e abastecer a cidade

por meio d e n r i u "| loule" formada pela operação inin

terrupta d e aviões d e carga nas três rotas aéreas dispo-

níveis aos aliados ocidentais e m 1945. Mas seria viável?

Os 2,5 milhões d e habitantes d e Berlim Ocidental, que

já importavam 12 mil toneladas diálias d e su| iiiinenlos,

ii('<< asilavam de, no um limo, .' mil 1< melada', de ali

mentos por dia. Mas os únicos aviões disponíveis eram

uma centena d e C-47 norte-americanos e seis Dakotas

biilânii os, < ada um c u m < ,ip,i< idade paia Iranspoilai

somente 2,5 toneladas. E os combustíveis? E o carvão?

Os estoques disponíveis só durariam alguns meses.

0 ministro britânico das Relações Exteriores Er-

nest Bevin fez p é firme na m a n u t e n ç ã o da p o n t e a é -

rea. E assim foi feito. N o fim d e julho, os aliados trans-

portaram uma média d e 2 mil toneladas diárias; e m

al ii il i li • l')49, essa i ilra < h e q o u a fí mil toneladas,

c o m cerca d e mil aviões v o a n d o ininterruptamente

pelos corredores aéreos. Até q u e Stalin desistiu. O

b l o q u e i o foi suspenso e m m a i o d e 1949.

Stalin impusera o bloqueio para dissuadir o Oci-

dente d e criar uma Alemanha Ocidental democrática.

E m 1949 ele teve d e aceitar a fundação da República

Federal da Alemanha. O Ocidente não se deixou vencer

pela pressão e nesse m e s m o a n o foi criada a Organiza-

ção d o Tratado d o Atlântico Norte <) [AN. R P

O Em meio a ruínas, cidadãos de Berlim Ocidental aguardam a che-

gada dos suprimentos trazidos por um C-47 norte-americano.

O Vestido de Papai Noel, o tenente J o h n Konop, de Astoria, traz

presentes de Natal aos habitantes de Berlim Ocidental.


1948 5 DE JULHO 1948 10 D E DEZEMBRO

Grã-Bretanha saudável Os Direitos Humanos


Serviço Nacional de Saúde assegura A ONU proclama a Declaração Universal
assistência médica gratuita. dos Direitos Humanos.

A lei havia recebido a sanção real e m n o v e m b r o d e U m a das primeiras realizações da O N U foi a consolida

1946. E m p o u c o t e m p o , todos os cidadãos britânicos ção d e documentos históricos c o m o a Declaração i f is

teriam direito a assistência médica gratuita - clínicos, Direitos d o H o m e m francesa d e 1789 e a Declaração

hospitais, dentistas e oculistas. Os custos seriam c o - dos Direitos norte-americana d e 1791 numa única ratia

bertos pelos impostos. C o n s e g ü e n t e m e n t e , a p o b r e - internacional. Depois da Segunda Guerra Mundial, o

za não mais seria u m obstáculo à boa saúde. Cônsul m u n d o tinha necessidade d e uma declaração e a Carta

tas, tratamentos, internações, remédios, dentaduras das Nações Unidas não definia os direitos individuais.

e óculos - seria t u d o d e graça. A declaração foi criação d o diretor da divisão d e

A criação d o Serviço Nacional d e S a ú d e (NHS) direitos h u m a n o s d o Secretariado da O N U , J o h n Pe-

e m 5 d e j u l h o fez uma e n o r m e diferença na vida das ters I lumphrey, e d e I leanor Roosevelt, presidente da

pessoas. Anles, o a t e n d i m e n t o m é d i c o era fragmen- comissão d e díieitos h u m a n o s da mesma organi/a

"O NHS deve melhorar "Uma das mais elevadas


sempre; deve sempre expressões da consciência
parecer inadequado." humana em nossa época."
A n e u r i n B e v a n , 25 d e j u n h o d e 1948 P a p a J o ã o P a u l o II, 1995

tário e desigual. O seguro estatal atendia a maioria ção. I m seus 30 arligos ela prevê o direito à ígualda

dos trabalhadores, mas não os seus d e p e n d e n t e s , e o d e p e r a n t e a lei, ã liberdade, à e d u c a ç ã o e à libei

a t e n d i m e n t o m é d i c o era gratuito, mas n ã o as inter- d a d e d e consciência. Escrita c o m o u m conjunto d e

nações hospitalares, q u e d e p e n d i a m d e seguros pri- objetivos e princípios a serem seguidos pelos gover-

vados, autoridades locais e instituições beneficentes. nos, ela i onstitui uma forma d e pressão moral a ser

0 ministro da S a ú d e Aneurin Bevan teve d e fazer c o n - aplicada sobre g o v e r n o s transgressores.

cessões para conseguira participação dos médicos - a A declaração foi aprovada sem nenhum voto coi I

medicina privada existiria paralelamente à provisão trário (seis países d o bloco soviético, além de Arábi.i

1 istatal, c o m "leitos pagos" nos hospitais d o NI IS. Saudita e África d o Sul, se abstiveram) e adotada c o m o

A Grã-Bretanha foi a primeira sociedade ocidental a lei internacional e m 1976. Uma das críticas a que está

oferecer tratamento médico amplo e gratuito. O país sujeita é sua pouca flexibilidade e m face da diversidade

clamava por esse serviço, que geralmente custa mais cultural, c o m o e m relação à Sharia islâmica, por exem

do que o previsto. Algumas cobranças foram impostas pio. Não obstante, c o m o um marco da aceitação global

a partir d e 1951. Mas a suposição d e Bevan d e que a dos direitos dos indivíduos contra regimes opressivos,

medicina privada da Grã-Bretanha "definharia" devido à ela provou ser uma conquista vital e positiva, que levou

superioridade do NHS revelou-se equivocada. R P ao desenvolvimento da lei dos direitos humanos. P F


1948 2 3 D E DEZEMBRO

Criminosos de guerra julgados no Japão


O general Tojo e outros líderes japoneses da Segunda Guerra são executados.

O Na sala de audiências lotada, o general Hitleki Tojo é acusado de atrozes crimes d e guerra

Ele era conhecido c o m o "A navalha" por sua consuma- mini ISI is d e queria i lasse A li uain pi ,sai l< is. Seus

da crueldade. C o m o chefe da facção extremista Tosei, crimes incluíam "assassinato, mutilação e maus-tra-
lli leki lojo defendeu a expansão d o J a p ã o para a China tos" d e prisioneiros d e guerra e civis, "destruição d e -
na década d e 1930, aliou-se à Alemanha e à Itália no sumana d e cidades, vilas e aldeias a l é m d e toda justi-
l\i< to Iripartitee, depois que se tornou primeiro-minis- ficativa d e necessidade militar" e "massacre, estupro,
tro e m 1941, ordenou o bombardeio d e IVai I l.ubor e p i l h a g e m , banditismo o o u l i a s < moldados". O pro
uma selvagem guerra d e agressão. Reveses militares motor a m e r i c a n o J o s e p h Kenan d e s c r e v e u os acusa-
obrigaram-no a renunciar e m julho d e 1944. Talvez a dos c o m o "meros assassinos comuns". Dois deles
única coisa que se salvou e m Tojo foi o fato d e não ter m o r r e r a m d u r a n t e o j u l g a m e n t o , u m terceiro sofreu
se eximido d e culpa perante o tribunal. E m 23 d e d e - u m c o l a p s o m e n t a l , sete f o r a m c o n d e n a d o s à mor-
zembro d e 1948, ele e outros seis criminosos d e guerra te, dezesseis à prisão p e r p é t u a e dois outros à pri-
loram enforcados na prisão d e Sugamo, e m Tóquio. são. Q u a n d o a c a b o u a o c u p a ç ã o , e m 1952, o J a p ã o

A o c u p a ç ã o aliada havia c o m e ç a d o e m s e t e m - tinha u m a C o n s t i t u i ç ã o d e m o c r á t i c a , o i m p e r a d o r

bro d e 1945, d e p o i s da rendição d o J a p ã o , e o s j u l g a - renunciara à sua d i v i n d a d e e o militarismo era coisa


MI. '•• inii iados e m maio d e 194<>. Vinte e oito < ri- d o passado. R P
1949 1° D E O U T U B R O

Nasce a República Popular da China


A vitória de Mao, em 1949, faz da China o segundo Estado comunista do mundo.

O No balcão cio Palácio Imperial, e m Pequim, MaoTsé-Tung faz uma pausa na leitura d e sua proclamação.

E m I d e outubro d e 1949, na Praça Tiananmen, e m P e -


a
Chinês, M a o era o líder máximo da China comunista. S e

quim, M a o Tsé-Tung proclamou a fundação da Repúbli- fosse u m marxista ortodoxo, a história poderia ter sido

ca Popular da China. O acontecimento foi celebrado diferente, pois os especialistas d e Moscou o haviam a d -

c o m u m gigantesco pôster e m q u e o líder sorridente vertido d e que os camponeses eram pequeno-burgue-

estende a m ã o esquerda para o céu riscado por moder- ses, uma força quase contra-revolucionária. Se fosse u m

nos aviões cuja passagem é saudada por homens, m u - líder menos apto na condução d e tropas guerrilheiras, o

lheres e crianças imaculadamente vestidos. Mas a reali- comunismo chinês não teria sobrevivido, pois os nacio-

dade era mais prosaica. A China estava d e joelhos após nalistas fizeram o possível para erradicá-las. Os dois la-

duas décadas d e uma guerra sangrenta, c o m sua p o p u - dos colaboraram na luta contra os japoneses, mas d e

lação empobrecida e o inimigo ainda não derrotado - pois da derrota d o J a p ã o a guerra civil recrudesceu.

os nacionalistas d e Chiang Kai-shek haviam se retirado M e s m o depois d e outubro d e 1949, algumas áreas da

para a ilha d e Taiwan. 0 1 d e outubro era, pois, só uma


u
China ainda permaneciam nacionalistas.

i lata arbitrariamente escolhida para as comemorações. A União Soviética e, logo e m seguida, a Grã-Bre-
Mas u m novo Estado passara a existir. Vinte e oito tanha foram os primeiros países a r e c o n h e c e r e m a
anos depois d e ajudar a fundar o Partido Comunista nova república. R P
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' U m calendário q u e p o d e ser acessado instantaneamente é u m dos recursos básicos dos smanphones d o século X X I .

1 9 5 O - DIAS ATUAIS
A lista de McCarthy A Coréia do Norte ataca
Discurso anticomunista do senador McCarthy As Nações Unidas têm uma
em Wheeling dá início à caça às bruxas, oportunidade única para agir.

0 j o v e m J o s e p h M c C a r t h y saiu d e u m a fazenda d e Nas primeiras horas da manhã d e 25 d e junho, forças

Illinois para abraçar o Direito e a política republicana. norte-coreanas deram início à invasão total da Coréia

1 m 1946, foi eleito senador d o s Estados Unidos: aos d o Sul c o m u m devastador fogo d e artilharia. O líder d o

•18 anos, era o mais j o v e m m e m b r o d o S e n a d o . N u m Norte, Kim ll-sung, disse estar respondendo a uma

discurso d e 1950 para u m g r u p o d e mulheres r e p u - aqiessão i piovor ada do Sul, governado polo pri

blicanas e m W h e e l i n g , Virgínia ()< idenlal, ele bian meiro-ministro Syngman Rhee. O tamanho da ofensiva,

diu o q u e disse ser u m a lista d e a g e n t e s comunistas n o e n l a n l o , e i a u m a i Iara evidôm ia d e uma i ampanha

q u e trabalhavam n u m d o s ministérios. U m c o m i t ê longamente planejada visando à reuniíu ação da Co

d o S e n a d o investigou a denúncia, m a s n ã o e n c o n - réia. A divisão d e 1945 fora concebida c o m o u m expe-

iiou provas das alegações d e McCarthy. diente temporário, até q u e Estados Unidos e União So-

Os sucessos comunistas e m outras partes d o globo, viólii a c In 'i I.ISSI 'in ,i u m ai otdo si il ire o futuro dl i pais.

a China, por exemplo, vinham alimentando suspeitas Dois governos distintos haviam surgido, a m b o s reivin-

cada vez mais histéricas d e q u e a política d o governo dii a n d o a lei |ílim,i auloiii lai le si ibioa ( i néia. ()s < o m u

americano estaria sendo influenciada por simpatizantes nislas governavam o Noite, e no Sul uma diladuia ooi

d o comunismo. O Comitê d e Atividades Anti-america- rupta e impopular era apoiada pelos Estados Unidos.

nas da Câmara dos Deputados, q u e existia desde 1938, W a s h i n g t o n , q u e n ã o podia permitir q u e sua

ter uperou o ânimo e organizou audiências, lorlemenle i i ia li ti.i losse i li ",l i uida, eslav.i e m u m a | nisiçao úni-

apoiadas e m informantes duvidosos e e m "culpa por as- ca para agir. A União Soviética boicotava o Conselho

sociação". Suas ações se transformaram numa caça às d e S e g u r a n ç a da ONU p o r q u e os americanos haviam

bruxas e m g u e organizações e indivíduos liberais e d e se r e c u s a d o a dar a s s e n t o p e r m a n e n t e a o r e g i m e

i M |iierda levaram a pecha de Iraiilotes "veimelhr >s". I m c o m u n i s t a . D e v i d o à a b s t e n ç ã o soviética, p o r t a n -

janeiro d e 1950, umex-fum i o n á i i o d o d e | >ai lamento do to à sua impossibilidade d e usar seu p o d e r d e veto,

I stado, Alger Hiss, foi c o n d e n a d o por perjúrio por negar W a s h i n g t o n c o n s e g u i u aprovar n o C o n s e l h o d e S e -

ao comitê, sob juramento, que havia sido agente russo. gurança resoluções c o n d e n a n d o a invasão norte-

E m 1953, McCarthy se tornou presidente d o sub- coreana e c o n c l a m a n d o os Estados-membros a e n -

i omite permanente para investigações e usou essa viar forças para derrotá-la. C o m graus variados d e

I n isição para relançar a caça às bruxas contra os simpa- relutância e m o t i v a d o s mais por sua d e p e n d ê n c i a

tizantes d o comunismo. Embora algumas d e suas sus- dos Estados Unidos d o q u e por seu entusiasmo pela

IH iltas fossem mais b e m fundadas d o que seus críticos Coréia d o Sul, 15 países contribuíram c o m suas for-

(|< istariam d e admitir, ele e o promotor-chefe d o comitê, ças. Cinco outros enviaram unidades médicas a uma

o a d v o g a d o Roy Cohn, não se detinham ante a falta d e coalizão liderada pelos Estados Unidos. Foi o primei-

provas, destruindo sem piedade a reputação d e pes- ro conflito a b e r t o da Guerra Fria. J S

soas inocentes. Até g u e ponto McCarthy acreditava e m

sua cruzada o u n ã o compreendia o mal q u e fazia ao O Dois soldados sul-coreanos arrastam um norte-coreano

seu | >aís é ainda uma questão controversa. R C enquanto se acautelam contra a presença de atiradores.
1950 2 2 D E O U T U B R O 1951 2 5 D E MAIO

A China invade o Tibete 0 escândalo dos espiões


Forças da China comunista irrompem Os "Espiões de Cambridge" desertam
num território isolado e pouco conhecido. para a União Soviética.

Reivindicando exercer seus direitos d e soberania e Naquela sexta-feira, c o m o d e costume, Donald M a d e a n

trazer a libertação d o povo, o F xército Popular d e 1 i passou o dia no Ministério das Relações Exteriores, e m

b e r t a ç ã o da China invadiu o l i b e l o no o u t o n o d e Whitehall, Londres, e saiu às 17h30 para pegar o trem

1950. Os imperadores chineses r e c l a m a v a m o c o n - d e ( haring t ross a latsíiold. Mas era uma sexta feira

trole d o Tibete d e s d e o século XIII, pretexto suficien- excepcional. Não só porque completava 38 anos d e

te para q u e a recém-fundada República Popular da idade, mas t a m b é m porque tinham vindo à luz infoi

< hina invadisse o país. O regime d e M a o Tsé-Tung mações d e q u e M a d e a n era, c o m quase toda a certeza,

buscava legitimar seu poder consumando o que consi "Homero", o espião que vinha passando segredos britâ-

derava a reunificação da China. Embora independente, nk os para os soviélk os, I Io sei ia íi ilei rogado na segui i

o Tibete, uma teocracia governada pelo Dalai Lama, era da-feira d e manhã. Por isso, agentes d o MI5 o seguiram

liaeo demais para resistir. a l ó ( haring ( ross, mas não além. ( o m a esposa grávida

d e nove meses, supunha-se q u e M a d e a n não iria d e -

"Pedimos respeitosamente que sertar. Mas naquela mesma manhã u m outro espião,

(iiiy Burgess, [oi à casa de Mai lean e se apresentou à


sejam enviadas tropas... [para] Sra. M a d e a n c o m o Roger Styles. Donald então contou à

libertar o povo tibetano." esposa que fora convocado para u m importante c o m -

promisso e por isso levaria uma bolsa d e viagem para o


S u p o s t o a p e l o a M a o Tsé-Tung e m j a n e i r o d e 1950 caso d e não conseguir voltar a tempo. Os dois homens

correram para a costa, atravessaram o canal até a França

D e início houve entre os progressistas certa espe- e desapareceram. Logo se soube que eles haviam d e -

lança d e que a ocupação pudesse sei vantajosa para o sertado para a União Soviética.

Tibete. Acabar c o m o feudalismo poderia ser benéfico Burgess e M a d e a n foram recrutados c o m o a g e n -

para as camadas mais pobres d o povo e trazer d e s e n - tes soviéticos na Universidade d e ( a m b r i d g e , na d é

volvimento econômico. Mas essas esperanças logo se cada d e 1930, junto c o m u m terceiro h o m e m , Kim

desfizeram. Os chineses construíram pontes, estradas, Philby. Mac lean trabalhou d e I944 a 1948 na e m b a i -

escolas, mas trouxeram t a m b é m uma firme campanha xada d e W a s h i n g t o n , d e o n d e vazou informações

para solapar a autoridade da hierarquia budista, segui- q u e permitiram a Stalin estimar a força d o arsenal n u -

da d e ataques contra a cultura tradicional e a elite nacio- clear ocidental. Foi Philby, e m W a s h i n g t o n , q u e m

nal, além d e graves violações dos direitos humanos. Em descobriu q u e a cobertura d e M a d e a n estava pres-

l'i')9 o ressentimento se transformou e m revolta, bru- tes a ser descoberta e enviou Burgess para alertá-lo.

talmente reprimida, forçando a fuga do Dalai Lama. Os A Grã-Bretanha passou a investigar c o m maiot

chineses se esforçaram para reformara sociedade tibe- rigor o passado d e seu pessoal e m posições-chave.

lana, a começar pelo ataque à religião budista. Esta, po- Mas Phiiby só desertou e m 1963, e e m 1979 outro es-

i 'iu, (ontinua sendo o símbolo das aspirações nacionais pião, A n t h o n y Blunt, foi desmascarado. M a d e a n e

libetanas e d e sua rejeição ao domínio chinês. J S Burgess morreram na Rússia. R P


A morte de Evita
Morre Eva Perón, a queridinha da Argentina, junto com o apoio popular ao seu
marido, o presidente Juan Perón.

Maria Eva Duarte d e Perón, carinhosamente chamada

d e Evita, ainda estava na casa dos 30 anos quando mor-

reu d e câncer. Irresistivelmente charmosa e atraente, ela

exerceu e n o r m e influência na política argentina c o m o

esp< isa d o diladoi luan Perón. Mas já era lamosa c orno

atriz de rádio e < inema quando, e m 1943, conheceu O

coronel Perón e se tornou sua amante, antes d e vir a ser

a sua segunda esposa e m 1945. A o seu lado quando ele

foi eleito presidente e m 1946, ela criou a sua própria or-

ganização d e assistência social, a Federação d o Bem-Es-

tar Social, u m generoso distribuidor d e recursos q u e

convenceu os argentinos pobres d e sua sincera preocu-

pação c o m o bem-estar deles, além d o indispensável

apoio que dava ao marido. Sob sua influência, as mulhe-

res argentinas conquistaram o direito d e voto em 1950.

Imensamenle populai e sempre e m viagem pelo inle

rior do país, ela foi u m canal d e l o m u n k ação funda

mental entre Perón e seus apoiadores nas províncias.

Evita foi a primeira pessoa a fazer quimioterapia na

Argentina. Depois d e sua morte, seu corpo foi embalsa-

m a d o e seus fiéis adeptos pediram e m vão ao Vaticano

g u e a canonizasse. S e m ela, Perón perdeu apoio rapida-

mente e foi obrigado a fugir d o país e m 1955.0 corpo

de Evita desaparer eu e seu paiadoim loi um mislério

durante anos. Algumas versões diziam que ele fora d e i -

xado n u m caminhão o u estaria guardado e m algum

sótão. E m 1971, ele foi entregue por uma caminhonete

na casa o n d e vivia Perón na Espanha. E m 1976 foi final-

mente devolvido à Argentina e hoje está enterrado no

Cemitério da Recoleta, e m Buenos Aires. R C

O Um cartaz de Evita afixado na parede de uma casa, decla-

rando que ela estará para sempre na alma de seu povo.

O De luto, os argentinos velam o corpo embalsamado d e Eva

Duarte Perón.
1952 L2 D E NOVEMBRO

Bomba de hidrogênio explode no Pacífico


A bomba de hidrogênio é testada numa ilha desabitada do atol de Eniwetok.

O A primeira explosão de uma bomba de hidrogênio - conhecida c orno Operação Ivy Mikc eliminou do mapa a ilhota de Fluqelab.

0 projeto norte-americano d e desenvolver uma b o m - 5km d e largura e u m c o g u m e l o nuclear q u e atingiu a

ba d e hidrogênio foi aprovado pelo presidente Truman altitude d e 37km, c o m 161 km d e largura n o topo. P e -

e m 1950, depois que a União Soviética c o m e ç o u a tes- daços d e coral caíram sobre navios situados a 48km

tar as suas próprias armas atômicas. Uma das figuras- d e distância e o atol foi p e s a d a m e n t e c o n t a m i n a d o

chave d o programa foi o físico Edward Teller, que havia por precipitações radioativas.

ii.ibalhado na primeira b o m b a atômica. Aquele que é A Comissão d e Energia Atômica dos Estados Uni-

(onsiderado o primeiro experimento bem-sucedido dos divulgou, e m 16 d e novembro, uma cuidadosa d e -

c o m a nova arma foi objeto da Operação Ivy, no atol d e claração relatando a realização d e u m teste bem-suce-

11 iiwetok(hoje Enewatek), um grupo d e ilhotas d o Pací- dido: "Na presença de ameaças à paz mundial, e na

lu o cuja população fora evacuada anos antes. ausência d e arranjos efetivos e aplicáveis para o contro-

O a p a v o r a n t e teste, q u e e n v o l v e u mais d e 11 mil le d e armamentos, o governo dos Estados Unidos deve

militares e civis, realizou-se às 7h15, hora local, na continuar seus estudos visando ao desenvolvimento

ilhota d e Elugelab, q u e simplesmente deixou d e dessas vastas energias para a defesa do m u n d o livre."

existir. A explosão liberou uma energia equivalente a O atol foi purificado e, e m 1980, alguns d e seus

10,4 m e g a t o n s , c o m u m a bola d e f o g o d e mais d e habitantes tiveram permissão para retomar. R C


1953 5 D E MARÇO

Stalin: morre o tirano


Morre um dos personagens mais importantes do mundo, para tristeza dos soviéticos.

O Milhões foram prestar a última h o m e n a g e m a Stalin; a multidão era tão grande que algumas pessoas morreram pisoteadas.

Em 28 d e fevereiro, depois d e assistir a u m filme ao lado cedor. Coube-lhe a tarefa d e restabelecer a legitir
de colaboradores próximos, losef Stalin recolheu-se a d a d e d e u m Estado q u e por u m t e m p o longi) dei i

seus aposentos c o m ordens d e não ser perturbado. dependera dos caprichos e desejos d e um únii i > I

Ao verificar seu quarto no dia seguinte, os guardas e n - m e m . O culto d e Stalin e o mito d e sua infalibllii Ia

contraram-no caído no chão. Convocaram os médicos, precisavam ser desmantelados.

mas e m 5 d e março Stalin morreu, desencadeando a Seguiu-se u m período d e relativa liberalização


disputa pela sucessão sob rumores d e que ele havia regime, e m g u e libertaram-se muitos prisioneiros p

sido envenenado. Milhões d e pessoas foram ver seu íticos e relaxou-se a regulação da cultura. Seu poi

corpo, n u m velório preparado c o m toda a pompa. culminante foi o discurso secreto d e Khrushchev

Para a maioria dos cidadãos soviéticos, a notícia congresso d o Partido Comunista, em 1956, e m q

da morte d e Stalin d e p o i s d e 25 anos d e poder in- d e n u n c i o u Stalin, a q u e m ele próprio servira durai

contestado significou incerteza profunda e m e d o d o 30 anos, c o m o criminoso e assassino. Khrushi hev 1 1

futuro. Diz-se q u e até alguns prisioneiros dos c a m - m e n c i o n o u os crimes e m q u e ele próprio esteve e

pos d e " r e e d u c a ç ã o " siberianos choraram. Na luta volvido, mas o discurso foi uma " b o m b a " que não p

pelo poder q u e se seguiu, Nikita Khrushchev saiu v e n - deria ser mantida e m segredo. J S
Decifrada a estrutura da vida
Crick e Watson apresentam um modelo da estrutura molecular do DNA.

O J a m e s W a t s o n e Francis Crick mostram seu modelo da estrutura molecular do DNA, em 1953.

E m 25 d e abril d e 1953, dois cientistas, o britânico Assim nascia a biotecnologia, pode-se dizer. As pes-

Francis Crick e o a m e r i c a n o J a m e s W a t s o n , a n u n c i a - quisas subseqüentes se desenvolveram a partir d o tra-

ram u m i m e n s o passo à frente n o e n t e n d i m e n t o d e balho d e Cricke Watson. Na década d e 1970, Paul Berg e

c o m o são herdadas as f u n ç õ e s da vida. Eles apresen- Herbert Boyer conceberam u m m é t o d o para "cortar e

laram u m m o d e l o da estrutura molecular d o ácido colar" diferentes partes d e DNA animal, o que pavimen-

desoxirribonucléico (DNA), consistindo e m duas fitas tou o caminho para o corte-e-colagem de DNA d e es-

helicoidais entrelaçadas, q u e explicava c o m o as c a - pécies diferentes. O trabalho d e Crick e Watson abriu

iai terísticas genéticas p o d i a m ser copiadas e trans- caminho t a m b é m para a posterior decodificação d e ge-

mitidas d e uma g e r a ç ã o a outra. nomas inteiros (a seqüência genética d e uma espécie),

Crick tinha, então, 35 anos e W a t s o n apenas 22. inicialmente bactérias e finalmente, uma vez preenchi-

Crick c o m e ç o u a carreira c o m o físico, depois passou à das as lacunas da tecnologia disponível, seres humanos.

bioquímica; W a t s o n c o m e ç o u c o m o ornitólogo, d e - V e m daí o m a p e a m e n t o genético, usado para identi-

pois passou a estudar os vírus. A descoberta a c o n t e - ficar os genes responsáveis por doenças herdadas e,
q u e m sabe u m dia, os genes q u e influenciam as d o e n -
ceu q u a n d o W a t s o n estudava a i m a g e m da molécula
ças comuns e o comportamento humano. J S
d o D N A por meio da cristalografia por raios X.
1953 2 9 D E M A I O

A conquista do Everest
Hillary e Tensing escalam a montanha mais alta do mundo.

S \ ' V I S 1-' *

O Tensinçi Norgay e E d m u n d Hillary descai sua barraca no monte Everest.

Eles passaram tantas horas e s c a v a n d o degraus na Os tibetanos o c h a m a m d e Chomolungma, e OS


n e v e da vertente final q u e mal p o d i a m m< ivei as per- nepaleses,deSagamatha, o que nos dois casos sii inlfica
nas. O â n i m o original se fora, t u d o o q u e restava era "I )eusa Mãe da ferra". Os britânicos o chamavam ongi
u m doloroso esforço. A t é q u e I lillary perc e b e u q u e nalmente d e Pico XV, mas o rebatizaram e m homena

logo à frente a m o n t a n h a , e m v e z d e subir, descia g e m a sirGeorge Everest, cartógrafo-geral da índia. ( om

a b r u p t a m e n t e . Alguns golpes mais c o m o martelo e seus 8.848m d e altitude, variáveis conforme o nivi 1 da

eles c h e g a r a m lá. Eram I1h30 da manhã. Hillary p ô d e camada d e neve e m seu topo, o Everest era tido como

ver n o rosto d e lénsing, por trás da balaclava, dos a montanha mais alta do m u n d o e um permai ici ite d< •

óculos d e proteção e da máscara d e oxigênio, u m safio para os alpinistas. Uma dezena de b e m preparadas

"contagiante sorriso d e pura felicidade". Os dois aper- missões já haviam fracassado. Embora usando o mar.

taram-se as mãos e se abraçaram, t r o c a n d o tapas nas moderno equipamento d e oxigênio e trajes c o m Isi ria

costas até quase p e r d e r e m o fôlego. Passaram a p r o - mento especial, uma tentativa empreendida poucos

x i m a d a m e n t e 15 minutos tirando fotografias antes dias antes fora rechaçada por fortes ventos. Felizmente

d e fincar n o alto da m o n t a n h a as bandeiras d o Reino para o neozelandês Hillary e oxerpa Tensing Non H , I

Unido, d o Nepal e da O N U . t e m p o esteve perfeito durante a sua escalada. R P


1953 17 D E JUNHO

Levante na Alemanha A queda de Mossadegh


Por toda a Alemanha Oriental, CIA maquina golpe no Irã fazendo-o passar
trabalhadores em greve protestam. por demonstração da vontade do povo.

<) levante dos trabalhadores contra o regime c o m u - i 11 hele d e |ii ilíi ia do Irã já iora assassh sido na < as, i d e

nista na A l e m a n h a Oriental e m j u n h o d e 1953 foi a u m c longo loi al, atingiria por u m alentado a b o m b a .

primeira d e uma série d e revollas similares Hungria, Agora, multidões iradas se manifestavam nas ruas d e

1956;Tchecoslováquia, 1968;e Polônia, 1 9 7 0 - d e c o r - Teerã. Parecia d e fato uma revolução. O xá optara pela

rentes d o d e s c o n t e n t a m e n t o c o m os Estados-fanto- segurança, trocando por Roma a sua residência d e v e -

ches d o s soviéticos na Europa Oriental. rão no mar Cáspio - sabiamente, q u e m sabe, pois suas

O levante c o m e ç o u q u a n d o a liderança d o parti- estátuas estavam sendo derrubadas pela turba. E m 19

d o governamental SED (Partido da U n i d a d e Socialista) d e agosto d e 1953, veio a notícia d e q u e ele demitira o

impôs u m a u m e n t o d e 1 0 % nas normas d e produtivi- primeiro-ministro, Dr. M o h a m e d Mossadegh, e indica-

d a d e a o m e s m o t e m p o q u e congelava os salários la o general I a/ollah /ahedi e m seu lugar ( ) ódio < Ias

c o m o "presente pelo 6 0 " aniversário" d o líder comu- massas encontrou imediatamente u m n o v o foco. Exi-

iiisi,i Walther Ulbricht. E m 16 d e j u n h o d e 1953, cerca i li i se a saíi Ia de Mi issai legh e a lula se n ilei isifii i n i,

d e A) trabalhadores d e u m canteiro d e obras d e Ber- causando 300 mortes. M o s s a d e g h a c a b o u fugindo,

lim u u z a r a m os braços e s p o n t a n e a m e n t e contra as Zahedi emergiu da Embaixada dos Estados Unidos

novas medidas. A notícia d o protesto se espalhou ra- i i i m o primeiro ministro e o xá retornou e m triunfo.

pii lamente. N o dia seguinte, I00 mil grevistas se reuni Aparentemente, Iora leita a v o n t a d e d o povo. Na ver

iam na capital, alguns gritando " M o i t e ao comunis dade, fez-se a v o n t a d e dos governos dos Estados Uni-

mo". H o u v e protestos e m mais d e 400 cidades. dos e da Grã-Bretanha.

A reação das autoridades foi rápida e brutal. Dezes- Os americanos chamaram-na d e Operação Ájax.
seis divisões d o exército e 10 mil membros da Polícia d o Para Winston Churchill, era a Operação Coturno. Suas
Povo da Alemanha Oriental receberam ordens para es- origens remontam a 1951, g u a n d o o xá, curvando-se a
magar a revolta. Os tangues saíram às ruas d e Berlim pressões, n o m e o u Mossadegh c o m o primeiro-ministro
Oriental e os soldados e a polícia abriram fogo contra e este nacionalizou a formidável Companhia Anglo-lra-
manifestantes nos bairros d e Unter d e n Lindou e Pot/ niana d e Petróleo. Passou-se então a tramar uma cons-
damer Platz, deixando pelo menos 55 mortos. Reprimi piração c o m a ajuda da CIA, cujos agentes temiam a in-
d o o levante, mais d e 106 penas capitais foram aplica- filtração soviética no Irã. Grandes somas d e dinheiro
das e milhares d e pessoas condenadas a longas penas compraram a cumplicidade d e vários iranianos, dentre
e m prisões e campos d e trabalhos forçados. os quais o próprio Zahedi. A CIA referia-se ao xá c o m o

Ocorrido apenas três meses após a morte d e Stalin, "um h o m e m indeciso, assombrado pela dúvida e pelo

n u m m o m e n t o e m q u e a luta para preencher o vazio medo", que "precisa ser induzido a desempenhar seu

d e poder ainda estava e m curso na União Soviética, o papel". Foi o q u e fez a CIA. O n o v o regime foi agraciado

levante d e Berlim abalou seriamente os líderes da Ale- c o m 5 milhões d e dólares, a Companhia Anglo-lraniana

manha Oriental. A repressão foi a sua resposta - l e v a n - d e Petróleo devolvida aos britânicos e Mossadegh c o n -

d o à fuga d e cérebros para o Ocidente e à c o n s e q ü e n - d e n a d o à prisão por traição. O xá reinou até sua deposi-

te construção d o Muro d e Berlim e m 1961. N J ção e m 1979, e m favor d o aiatolá Khomeini. R P


O grande sucesso do rock-and-roll
"Rock Around the Clock", com Bill Haley e Seus Cometas, fica oito semanas
no topo da parada de sucessos.

O rock-and-roll, expressão surgida no início da década

d e 1950, tinha raízes na country music e no rhythmand

blues americ anos. i mbora originalmente destinado ao

públíi o negro, eleai abou atraindo laml létn a juventu-

d e branca, c o m sua nova cultura d e rebeldia. E m 1951,0

cantor e guitarrista Bill Haley, acompanhado de sua

banda, os Saddlemen, gravou o q u e considerava ser o

primeiro disco d e rock-and-roll, c o m a canção "Rock the

Joint". E m 1952, a banda m u d o u o n o m e para os C o m e -

tas e e m 1953 gravou o primeiro rock-and-roll a chegar

aos rop 20 das paradas d e sucesso, "Crazy, Man, Crazy",

q u e lhes rendeu u m contrato c o m a Decca.

"Rock Around the Clock" não causou a princípio

grande n nessái >, mas decolou depois d e aparei ei

no filme Sementes da violência, d e 1955, q u e despertou

enorme atenção < uni o lema da alien.u,ao da juvenil i


1

de. C o m p a c t o simples mais v e n d i d o nos Estados U n i -

dos durante oito semanas, "Rock Around the Clock"

tornou-se u m ícone da juventude. E m m e a d o s da d é -

cada d e 1950, Bill Haley e seus Cometas lançaram s u -

cesso atrás d e sucesso, e, e m 1956, apareceram e m

dois filmes, No balanço das horas e Ritmo alucinante.

D e fins da década d e 1950 e m diante, Haley caiu no

ostracismo. Jovens estrelas c o m o Elvis Presley e Little

Richards o sucederam na música popular - o firmamen-

t o d a cultura jovem. Imprevidente e atolado e m dívidas,

Haley c o m e ç o u a beber e acabou morrendo de um ata-

q u e cardíaco e m 1981. Por essa época, as vendas d e

"Rock Around the Clock" já haviam ultrapassado a mar-

ca dos 25 milhões d e cópias. R C

O Os Cometas: J o e y D'Ambrose, J o h n n y Grande, Bill Haley

(atrás), Bill Williamson, Marshall Lytle e Dick Richards.

O Sementes do violência foi dirigido por Richard Brooks e indi-

cado para quatro Oscars.


1954 6 D E MAIO

A milha em menos de quatro minutos


O atleta britânico Roger Bannister se torna a primeira pessoa a correr a milha em
menos de quatro minutos em competição na Universidade de Oxford.

Havia anos q u e correr a milha e m m e n o s d e quatro

minutos era a meta dos atletas d e meia distância. E m

1923, o g r a n d e finlandês Paavo Nurmi fez a distância

e m 4 minutos e 10 segundos. Nas dé< adas d e 1930 e

1940 o t e m p o foi caindo até q u e , e m 1945, o sueco

G u n d e r H a a g ficou a uma fração d e s e g u n d o d e que-

I uai a I i.uieiia, < o i r e n d o e m -Iminl, is.

N u m a lar d e d e muilo v e n l o e m maio d e 19.54, e m

Oxford, a notíc ia d e q u e a bauoiia dos q u a l i o minutos

|»)(li Mia i riii nilliiii i lis| mia e n l i e a I li liveisii lade e a

Associação d e Atletas Amadores (AAA) atraiu ao está-

dio d e atletismo d e Oxloul u m público muito maiot

d o q u e d e < oslumo. Na prova < Ia milha, os tiês prin< í

pais competidores pela A A A eram Roger Bannister,

Chris C h a t a w a y e Chris Brasher, q u e haviam planejado

metii ulosamenle a sua látii a I litando 0 l i l m o nas

duas primeiras voltas, Brasher fez a primeira m e t a d e

da piova e m IminSíis. Na mel,ide ria leu eiia volta, o

baixinho ( iialaway saltou a liente o ali permancr eu

até a m e l a d o da última volla, q u a n d o Bannistei au

montou a passada, ultrapassou ( hataway c o m apa

rente facilidade e iniciou uma e m o c i o n a n t e arrancada

na curva final até romper a fita, c o m C h a t a w a y e m se-

g u n d o lugar, u m p o u c o atrás.

Ansiosa, a torcida aguardava a confirmação d o re-

sultado, q u e o locutor da prova retardava deliberada-

m e n t e para aumentar a emoção. Ele disse: "Tempo..." e

fez uma pausa: "Três minutos..." e o resto da frase foi aba-

fado por uma enxurrada d e gritos e aplausos. Bannister

havia completado a milha c m 1min59,4s, naguela que

foi, provavelmente, uma das provas mais emocionantes

d e toda a história d o atletismo. R C

O Roger Bannister fotografado no m o m e n t o e m que quebrava

o recorde da milha, correndo abaixo de quatro minutos.


1954 7 D E M A I O

A derrocada da França 0 ocaso de McCarthy


A vitória comunista sobre os franceses O senador Joseph McCarthy é condenado
arrasta os Estados Unidos para a Ásia. pelo Senado dos Estados Unidos.

Ho Chi Minh comparava a luta entre o poder colonial J o s e p h M c C a r t h y inspirou o q u e nos Estados l Inli li H
francês o a sua guerrilha Viel Minh a u m < ombate entre se t e m c h a m a d o d e "o g r a n d e medo". Sua ação era
"um elefante e u m gafanhoto". C) general francês Henri prejudicial a o g o v e r n o a m e r i c a n o e uma dádiva | sua
Navarre parecia estar d e acordo c o m ele ao empreender, a p r o p a g a n d a soviética. M a s o q u e a c a b o u poi d e i
e m novembro d e 1953, a fortificação da aldeia d e Dien rubá-lo foi seu a t a q u e contra o exército amerii am >
Bien Phu, situada no coração d o território inimigo. O o b - E m 1953, seu < o m i t e investigava u m suposto i n
jetivo era atrair a guerrilha para uma inusitada batalha d e culo d e e s p i o n a g e m n o C o r p o d e C o m u n i c a ç õ e s do
tipo clássico, na qual o poder d e fogo francês faria a d i - Exército. Mas, além d e n ã o conseguir provas convln
ferença. O general Giapac eitou o <lesado. ( o m '>() mil centes da sua existência, o senador o f e n d e u os pa
camponeses formando uma cadeia d e abastecimento triotas americanos, entre os quais o próprio I isen
para trazer d o norte armamento chinês, seus homens l i o w e i , c o m o tratamento desprezível dispensado •

"Um pobre país feudal "O macarthismo é o


derrotou uma grande americanismo de mangas
potência colonial..." arregaçadas."
General Vo Nguyen Giap S e n a d o r J o s e p h M c C a r t h y , 1952

cercaram a aldeia, bombardearam as duas [listas d e u m herói d e guerra, o general Ralph Zwicker.
pouso edizimaram impiedosamenteas tropas inimigas. I m março d e 1954, o respeitado jornalista I d w . m I
O cerco durou 55 dias, até a queda d o último bastião lv M U I I O W desfechou u m furioso ataque radiofônico
francês, e m 7 d e maio. D e uma guarnição d e 16 mil sol- contra McCarthy. Entre abril e junho, e m audiências
dados, só 3 mil sobreviveram. transmitidas pela TV, o advogado d o exército J o s e p h N.

A derrota marcou o fim d e oito anos d e luta dos W e l c h destroçou McCarthy mostrando-o c o m o u m

franceses para recuperar sua antiga colônia. Eles, q u e provocador, perverso e mentiroso. Sua célebre censura

haviam tido p o u c o entusiasmo por Ia sale guerre (a "O senhor não t e m n e n h u m senso d e decência?" g i a n

guerra suja) na Indochina, decidiram q u e a Argélia era jeou o <i| ilausc > < los telos| iec tadores e acabou por det

agora o seu interesse prioritário. E m Genebra, seus n e - truii o que restava da reputação do senador.

gociadores concordaram e m se retirar d o Sudeste Asiá- Em setembro, o relatório d e u m comitê do Senai li i,


tico e o Vietnã foi dividido: os comunistas d e H o e Giap aprovado por unanimidade, classificou o comporta
controlavam o Norte e uma república anticomunista, mento d e McCarthy c o m o "indesculpável" e "repri«n isl
patrocinada pelos Estados Unidos, foi estabelecida vel". E m dezembro, o Senado o condenou por 67 vc >ii >s
n o Sul. Lançavam-se assim as sementes da sangrenta a 22. Ele continuou senador, mas sua hora havia chega
Guerra d o Vietnã, da década d e 1960. do. McCarthy morreu e m 1957, d e hepatite aguda. R C
19 5 5 17 D E JULHO

Inauguração da Disneylândia
Walt Disney inaugura seu primeiro parque temático na Califórnia.

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O A construção de um sonho - ainda e m obras, o hoje famoso castelo da Disneylândia, em A n a h e i m , Califórnia.

Rei d o d e s e n h o animado norte-americano e interna- A Disneylândia foi aberta a o público no dia seguin-

cional, e t a m b é m uma potência dos quadrinhos, livros te. U m a multidão fez fila até as duas da tarde. O primei-

e televisão, Walt Disney havia t e m p o s pensava e m ro freguês c o m p r o u o ingresso d e n 2 - o irmão d e


B

construir u m Parque d o Mickey M o u s e perto d e seus Walt, Roy, já havia arrematado o n 1. E m p o u c o t e m p o


u

estúdios, e m Los Angeles, o n d e os visitantes e seus fi- o pargue já era famoso e imensamente popular, tendo

lhos pudessem experimentar ao vivo o universo Dis- atraído mais d e 500 milhões d e visitantes, N o centro

ney e a "magia Disney". C o m e ç o u a construí-lo e m d o parque fica o Castelo da Bela Adormecida. Mickey

1954 e m A n a h e i m , ao sul d e Los Angeles. A conclusão Mouse, Pato Donald e outros personagens aparecem

t Io projeto, q u e custou 1 / milhões do dólares, loi mui fantasiados c o m grande fregüência. Na época da inau-

cada por uma "pré-estréia para a imprensa internacio- guração, o pargue tinha cinco setores principais: Main

nal" e m 17 d e julho d e 1955. Ronald Reagan, mais tarde Street USA, uma aldeia d o Velho Oeste; Terra da Aventu-

presidente dos Estados Unidos, foi u m dos apresenta- ra, o n d e o tema é a floresta; Terra d e Fronteira; Terra da

dores da cobertura da inauguração pela TV, q u e teve Fantasia; eTerra d o Amanhã. A fórmula vingou e Disney

(lefeitos técnicos e falta d e água potável sob t e m p e r a - abriu outros parques, primeiro na Flórida e mais tarde

turas elevadíssimas (boa parte d o asfalto derreteu). e m Paris, Tóquio, H o n g Kong, etc. R C
1955 30 D E S E T E M B R O

A morte de James Dean


James Dean, astro do cinema e ícone cultural, morre em acidente de automóvel.

5£M

lado por J a m e s Dean ao seu Porsche 550 prateado.

J a m e s Byron Dean morreu aos 24 anos d e idade. Ú n i - multado por dirigir a 65 milhas por hora (105km h)

co ator a ganhai p o s l u m a m o n t o o ()sc ai d e Melhor n u m a estrada o n d e a velocidade máxima peimind.


Ator, o taciturno Dean encarnou e m si m e s m o a cultu- era 55 milhas por hora (90km/h). Mas foi na Rodovia
ra da j u v e n t u d e rebelde da década d e 1950 c o m sua 466 q u e u m Ford 1950, dirigido por u m rapaz d e .' 1
atuação c o m o u m j o v e m problemático e m Rebelde anos c o m o improvável n o m e d e Donald Turnupseed,
sem causa, d e 1955. C o m cenas d e gangues adoles- tentou cruzar à frente d o Porsche para entrar numa
centes, alcoolismo entre menores e perigosas corridas estrada secundária. Os dois carros bateram pratli a
d e automóvel, o lilme íty imenso sue esso enlre o p ú - m e n t e d e frente. Dean ainda respirava quando a ain
blico j o v e m . D e a n fez o papel principal e m outros dois bulância c h e g o u . O mecânico, arremessado paia p n i
filmes somente, Vidas amargas (EastofEden), d e 1954,e d o carro, fraturou o maxilar. Turnupseed sobreviveu
Assim caminha a humanidade (Giant), d e 1956. c o m cortes e escoriações superficiais e não foi proc < 's

D e a n amava carros esporte velozes e corridas d e sado pelo acidente. Dean foi declarado morto quain l< i
automóveis. E m setembro d e 1955, ele partiu c o m seu a ambulância c h e g o u ao hospital, e m Paso Robles,
mecânico n u m novo e potente Porsche 550 Spyder p o u c o antes das 18h. Foi enterrado e m Faírmouni,
para correr e m Salinas. Durante a viagem, Dean foi Indiana, cidade d e sua infância. R C
Desafio às leis raciais Stalin é denunciado
Rosa Parks se recusa a abrir mão de seu Khrushchev tenta romper com o passado
assento, provocando o boicote dos ônibus. denunciando Stalin.

( ) m o v i m e n t o peios direitos < ivis dos negros ameri- Os 1.355 delegados votantes e 81 sem direito a voto

i anos exercia certa influência e m cidades sulistas presentes ao G r a n d e Palácio d o Kremlin e m fevereiro

i orno M o n t g o m e r y , no Alabama, o n d e passageiros d e 1956 não sabiam o q u e esperar d o X X Congresso

"de cor" não p o d i a m sentai na parle da frente dos d o Partido Comunista, o primeiro d e s d e a morte d e

ônibus. Foi lá q u e , e m d e z e m b r o d e 1955, uma res- Stalin, e m 1953. Uma indicação gerai fora dada no dia

peitável mulher negra d e meia-idade c h a m a d a Rosa d.i abertura, q u a n d o o primeiro-secretário Nikita

Parks, ativista d o m o v i m e n t o , resolveu ignorar a re- Khrushchev pediu aos delegados q u e se levantassem

gra: recusou-se a c e d e r seu assento a u m h o m e m e m memória dos líderes comunistas (no plural) q u e

branco no ônibus da Avenida Cleveland porque, c o - haviam morrido recentemente - colocando Stalin no

m o disse, tinha os pés cansados. O ônibus parou e ela m e s m o plano d o tcheco G o t t w a l d e d o j a p o n ê s Toku-

foi presa e multada. da. Mas n i n g u é m estava preparado para o discurso d e

Tenha sido ou não planejado, o efeito desse gesto quatro horas proferido na sessão secreta d e 25 d e fe-
voroiro, e m q u e Khrushi hev censurou o culto à perso-
t letrizante. U m obs< uro ministro da igreja batista, o
nalidade q u e Stalin criara e m torno d e si, revelou a
levorendo Martin Luther King Jr, foi então indicado pe-
lios lil idade do I enin para c o m e l e e m 192-1 e d e i um
li r. In leres negros d e M o n t g o m e r y para liderai u m boi
r i o u o p a p e l d e Sl.ilin n a i leslruiçai i d e u m g i a n d e
c o t e aos ô n i b u s da c i d a d e , c o m u m m á x i m o d e p u -
n ú m e r o d e inocentes por meio dos expurgos. Culmi-
blicidade - uma escolha inspirada, cujo resultado
n o u ahi m a l i d o i |i le o lidei < o m fama d e i n l a l í v e l loi a
justificou p l e n a m e n t e o prin< ípio da resistem ia nao
violenta. Mais d e 9 0 % dos negros d e M o n t g o m e r y u m déspota culpado d e crimes contra o p o v o soviéti-
aderiram ao boicote, adotando formas alternativas de ( o. ()s i li 'li <
' jai li is In a l a i n t x 'l | >li 'Xi is.

c hegar ao trabalho. A empresa d e ônibus e as lojas d o Seguiu-se a libertação d e milhares d e prisionei-


centro da cidade se queixaram d e perdas comerciais. ros dos Gulags e a r e m o ç ã o d e estátuas d e Stalin.
E m abril d e 1956, a Suprema Corte decidiu contra a se- Mas essa aparente nova aurora foi logo eclipsada por
i negação nos ônibus, mas a empresa lo< al loi oi >i< |a< Ia u m retrocesso. Muitos viram o discursode Khrushchev
pelo chefe d e polícia d e Montgomery a <les< umprii a c o m o uma tentativa cínica e desonesta d e se p r o m o -
decisão. E m junho, a corte federal d e M o n t g o m e r y d e - v e i . O p o n t o d e i n l l e x a n loi o e n v i o d e tropas à H u n -
cidiu q u e os regulamentos segregacionistas da cidade
gria, o p o r t u n i d a d e e m q u e Khrushchev declarou-se
et.im inconstitucionais, decisão que loi mantida pela
u m stalinista e m sua d e t e r m i n a ç ã o d e lutar contra os
•i iprema Corte e m novembro. Sem alternativa, a cida-
inimigos d e classe. Ele, q u e dera dois passos à frente,
(Io o b e d e c e u . Rosa Parks acabou posando para osfotó-
estava d a n d o larga passada para trás.
(jialos na frente d e u m ônibus urbano.
O discurso d e Khrushchev foi enganoso. Os líderes
A l é m d e u m signifk ativo impulso a o m o v i m e n t o ocidentais, q u e esperavam um alívio na Guerra I ria, vi
pelos direitos civis nos Estados Unidos, a vitória e m ram o clima diplomático congelar e m Berlim e Cuba.
M o n t g o m e r y serviu para dar projeção internaciona Mas a reputação d e Stalin jamais se recuperou d o mas-
.i figura d e Martin Luther King. R C sacre de 1956. R P
1956 21 D E ABRI

Elvis no topo da parada de sucessos


O sucesso de "Heartbreak Hotel" transforma o cantor de sensação local em fenômeno
nacional e põe o rock-and-roll no mapa da música.

"Heartbreak Hotel" foi a canção q u e colocou Elvis Pres-


ley no mapa da música popular. Escrita por M a e Axton,
ela c h e g o u ao primeiro lugar da parada d e sucessos e m
21 de abril d e 1956 e lá permaneceu por seis semanas.
Axton teria dito a Elvis: "Você precisa d e um sucesso d e
u m milhão d e t ópias; eu vou < tiú Io para voe ê." O < o m
pacto simples foi lançado e m 27 d e janeiro.

I Ivis Aaron Presley nasceu e m 8 d e janeiro d e


1935. Suas primeiras influências foram a música gospel
da igreja lo< al, o ihylhmiinilhhu i le seus vi/inhos no

gros, o ( oantryc o wcslcin br ai Io rádio e da esc ola.

Em 1954, q u a n d o Irai>alhava < orno motorista do cami-


nhão, ele gravou seu primeiro disco uma performan
ce particular para o aniversário d e sua mãe. E m 1956,
dois dias depois d e fazer 21 anos, Elvis teve as suas pri-
meiras sessões d e gravação nos estúdios da RCA e m
Nashville. Colonel'Tom Parker, seu empresário manipu-
lador, p a g o u 40 mil dólares para tirá-lo d e sua grava-
dora original. Elvis batia às portas d o sucesso.

"I loiitbrcak I lotei" foi inspirada e m uma reporia


g e m d e jornal sobre u m j o v e m suicida. E m 3 d e abril,
Elvis se apresentou para u m público gigantesco ( 2 5 %
da população dos Estados Unidos, talvez) no The Milton
BerleShow. E m pouco t e m p o converteu-se e m ícone d e
um novo e agitado público adolescente, predominan-
temente branco, c o m u m gosto nascente para o rock-
and-roll. Apesar d e arrumadinho e louco para agradar,
Elvis não era sério e careta c o m o os demais artistas d e
televisão da é p o c a , t o d o s d e meia-idade e vestidos
d e smoking ou roupa d e vaqueiro. Seus trejeitos, rebo-
lados e biquinhos lhe renderam a fama d e obsceno e
vulgar. "Elvis thepelvis" chocou a nação. J J H

O Elvis, e m abril de 1956, com o disco d e ouro por "Heartbreak

Hotel" emoldurado.
1956 2 6 D E JULHO

Nasser nacionaliza o canal de Suez


A nacionalização do canal de Suez cria conflito com a Grã-Bretanha e a França.

O i i soldado indiano das Nações ü n i d , :>to<jialado em l')S<>, VKJÍ.I

C erca d e 50 mil pessoas se reuniram na praça principal q u e as forças egípcias ocupassem o canal e os escritó-
d e Alexandria para ouvir o discurso d o presidente Nas- rios da companhia.
ser no quarto aniversário d o exílio d o rei Farouk. M u i - Concluído e m 1869, o canal d e Suez revolucionou
tas mais o a c o m p a n h a v a m pelo rádio. Alguns espera- 0 tráfego marítimo entre o Mediterrâneo e a Ásia. A
v a m vê-lo "abaixar o t o m " já q u e a Represa d e Assuã, Grã-Bretanha, seu maior acionista e m 1875, invadiu o
seu grande projeto, talvez não pudesse mais ser cons- 1 qilo e m I ' paia p i o l e g e i s e u investimento. Mas
truída. Mas foi, na verdade, u m discurso extremamen- depois q u e os oficiais nacionalistas egípcios tomaram
le < onfiante. Nasser disse q u e a C o m p a n h i a d o Canal o poder, e m 1952, a presença da guarnição britânica
d e Suez, d e Ferdinand d e Lesseps, roubara dos egíp- na zona d o canal tornou-se objeto d e acirrada disputa.
i ios uma riqueza q u e lhes pertencia por direito. Mas E m j u n h o d e 1956 a amizade d e Nasser c o m a União
l u d o isso era passado - ele nacionalizaria o canal e, Soviética levou os Estados Unidos a suspenderem a

i os lucros, construiria a represa. S e os imperialistas ajuda e c o n ô m i c a para a construção d e Assuã. O an-

não gostassem, concluiu, "eles q u e se sufocassem d e líimperialismo d e Nasser provocou a oposição da Grã-

Ódio". Q u a n d o a c a b o u d e falar, a sorte estava lançada: Bretanha e da França, q u e no m e s m o ano tentaram

as palavras "Ferdinand d e Lesseps" eram a senha para invadir o país, sem sucesso. R P
1956 2 3 D E O U T U B R O

A Hungria se insurge contra a União Soviética


O levante húngaro de outubro de 1956 suscita falsas esperanças de fim do controle.

O Exultantes, cidadãos húngaros c m luta pela liberdade agitam a bandeira d e seu país e m cima de u m tanque soviético capturado

A expressa proibição d e manifestações públicas d e - minislio húngaro mro Nagy pareciam signiíu ai q u e

terminada pelo ( j o v e m » n a » impediu que, e m o u l u eslava e m curso u m processo d e distensão. Mas, m i

bro d e 1956, estudantes, trabalhadores e soldados h ú n - e n f r e n t a m e n t o q u e se seguiu, N a g y a c a b o u pxpur


garos saíssem às ruas pedindo: "Exército Vermelho, g a d o d o partido. Foi o caos. Khrushchev retirou as
volte para o seu país" e "Queremos eleições". Pelo rá- tropas soviéticas d e B u d a p e s t e na esperança d e aca-
dio, o n o v o ditador Erno Gero d e n u n c i o u os manifes- bar c o m os distúrbios. N a g y f o r m o u u m n o v o gover
tantes, o q u e levou ao cerco da estação local. Depois no, mas o anúnt io da iminente saída da Hungua • li i
foi a vez da estátua d e Stalin ser derrubada. Seria a a u - Pacto d e Varsóvía e n t o r n o u o caldo: e m 4 d e n o v e m -
rora d e uma nova é p o c a para a Hungria, talvez para bro, M o s c o u e n v i o u 200 mil soldados e 2.500 lan
toda a Europa Oriental sob controle soviético? q u e s para restabelecer a d o m i n a ç ã o soviética.

O Exército V e r m e l h o d e Stalin havia c o l o c a d o a O l e v a n t e h ú n g a r o resultou e m p e l o m e n o s ires

Hungria sob rígido controle soviético depois da S e - mil m o r t o s e 13 mil feridos. N a g y foi preso pela K( ÍB,
g u n d a Guerra Mundial, A denúncia dos crimes d e j u l g a d o e fuzilado. O 23 d e o u t u b r o foi u m eir.ar-
Stalin por Khrushchev, e m fevereiro, e a introdução para a d e r r u b a d a d o c o m u n i s m o na Hungria em
d e reformas progressistas por iniciativa d o primeiro- 1989-1990. R P
Conflito no canal de Suez
Invasão do Egito por Israel é parte de um plano montado para tirar Nasser do poder.

O Soldados da O N U c h e g a m a Port Said numa tentativa de restaurar a ordem na região.

Protegidas pela escuridão, tropas israelenses entraram justificado ato d e imposição da lei internacion.il.
na península d o Sinai na noite d e 1 9 d o o u t u b i o d o l')S(> Depois d o bombardeio dos c a m p o s d e pouso
c o m a missão d e destruir bases terroristas. Mas logo t o - egíp< ii) , | rela [orça aérea brilânir a, e m 5 d e m iv iml in i
1

m a r a m o r u m o oeste, a c a m i n h o d o canal d e Suez. mais d e 8 mil soldados britânicos e franceses entraram


Mais tarde naquele dia, o primeiro-ministro britânico no país. Mas, embora a situação militar fosse promisso-
Anthony Eden alertou o seu gabinete sobre a gravidade ra, os americanos intervieram na O N U pedindo u m
da situação. S e a o nacionalizar o canal, e m junho da- cessar-fogo e Nasser bloqueou o canal afundando na-
quele ano, Nasser "nos segurara pelo gasganete", o pre- vios cheios d e concreto. Eden garantiu não saber d o
sente estado d e guerra no Egito era uma ameaça muito ataque israelense, mas muitos suspeitaram q u e a Grã-
maior - para os britânicos e para a navegação interna- Bretanha, a França e Israel haviam m o n t a d o u m pretex-
< ional. C o m o a Grã-Bretanha se reservara o direito d e to para a invasão. A intenção d e Eden era derrubar Nas-
pioleger o canal caso a segurança dele se encontrasse ser e assestar u m golpe contra o n o v o movimento
em risco, era uma obrigação inadiável enviarforças m i - nacionalista árabe que se alastrava pelo Oriente Médio.
litares para separar as partes e m conflito e restabelecer
Uma crise d e grandes proporções levou a Grã-Bre-
a ordem. A França se associaria à Grã-Bretanha nesse
tanha a suspender a empreitada e retirar suas forças. R P
1957 6 D E MARÇO

A independência de Gana
A criação da República de Gana prenuncia a debandada dos europeus da África.

O Fiint ionários do governo carregam em triunfo o primeiro-ministro Kwame Nkrumah quando Gana se torna independente daGra itn-l.inh.

Representantes d e l o d o o m u n d o esl.iv.im presen I 11ii o ri -saltai Io p e l o q u a l nos tanto temos li lt3i li

tes n o Castelo d e Christiansborg, e m At ia, para a c e - sii ( hailes." I ia, sem dúvida, u m m o d e l o paia i > n ".h i

rimônia desse g r a n d e dia. A meia-noite foi arriada a d a Aíiii a, talvez [rara o resto d o m u n d o .

bandeira blilãnir a e hasteada a I sliela Negra. A ( os u d o muito diferente da Costa d o O u r o d e an


ta d o O u r o deixava d e existir. Gana, a primeira c o l ô - tes da S e g u n d a Guerra M u n d i a l . Muito dlferenti
nia africana a conquistar a i n d e p e n d ê n c i a , havia nas- t a m b é m , d e fevereiro d e 1948, q u a n d o disluilims
cido. "Uma alegria incontida", noticiou a imprensa. ocorridos e m Acra l e v a r a m à prisão d e N k r u m a h t
"Para júbilo d e c i n c o milhões d e ganenses triunfan- outros nacionalistas. D e s d e e n t ã o o progressi i poli
tes, u m a d o m i n a ç ã o imperial d e 113 anos foi sepulta- tico fora impressionante. Infelizmente foi t a m b é m
da sob o alegre bulício d e uma multidão delirante." muito diferente d e 1966. Nessa é p o c a , a maioria das
U m conjunto d e eleições democráticas antece- colônias da África já havia t o m a d o o c a m i n h o da
d e u a transferência pacífica d o poder. 0 último gover- i n d e p e n d ê n c i a , mas G a n a era u m país empobrec I
nador, sir Charles Arden-Clarke, felicitou o primeiro- d o pela c o r r u p ç ã o - o q u e levou à derrubada d e
ministro K w a m e Nkrumah dizendo: "Eis aqui o resultado seu ditador, N k r u m a h , p e l o próprio p o v o q u e um
pelo qual vocês tanto lutaram", e foi por ele corrigido: dia o elegera. R P
1957 2 5 D E MARÇO

0 livre comércio na Europa


O Tratado de Roma lança as bases da Comunidade Econômica Européia.

O A delegação alemã assina o Tratado de Rom.i

Apesar d e suas profundas raízes n o passado, o m o v i - Holanda e L u x e m b u r g o criaram a União Benelux

m e n t o pela u n i d a d e européia estava, e m 1957, mais paia n ih 'i lia si ia ii n lúsliia o < omóic io. I m 1951, o Ira

interessado na experiência d o q u e n o e s t u d o abstra- t a d o d e Paris criou a C o m u n i d a d e Européia dcTCar-

to da História. Ainda d o l o r o s a m e n t e conscientes da v ã o e d o Aço, além d e u m conselho d e ministros,

carnificina da S e g u n d a Guerra Mundial, mas d e c i d i - iii 1111 assi i n l ili Ti parlamenl.il c uma < ol Io d e iusliça.

dos a exorcizar o passado, representantes da França, E m 1955, e m Messina, Sicília, lançaram-se as bases d o

A l e m a n h a Ocidental, Itália, Bélgica, Holanda e L u - Tratado d e R o m a . Seus objetivos e r a m abolir a guerra

x e m b u r g o firmaram u m tratado cuja finalidade era a e f o m e n t a r a prosperidade entre os E s t a d o s - m e m -

"união cada vez mais estreita" dos p o v o s da Europa, bros. O sacrifício d e alguns e l e m e n t o s d e soberania

g u e culminasse n u m a C o m u n i d a d e E c o n ô m i c a E u - nacional parecia u m p e q u e n o preço a pagar.

ropéia. Seriam abolidas as tarifas alfandegárias e ha- E m p o u c o t e m p o , outros países vieram se juntar

veria livre circulação d e mercadorias, capitais e p e s - aos seis iniciais. E m 2004, a instituição hoje c o n h e c i -

soas entre os seis Estados-membros. da c o m o União Européia tinha 27 Estados-membros.

O Tratado d e Roma foi a c u l m i n a ç ã o d e uma s é - S e u futuro é uma das questões mais fascinantes da

rie d e e v e n t o s iniciados e m 1944, q u a n d o Bélgica, política mundial. R P


1957 4 D E OUTUBRO

Lançado o Sputnik 7
Façanha soviética surpreende o mundo.

OMCOMOflbCKflfl
3praH UeHTpa^bHoro KoMMTeia B/1KCM

trajetória do líder soviético Nikita Khrushchev.

A Terra ganhara o seu primeiro satélite artificial, o Spuf- não estavam e m perigo o d e que a pesquisa d e togue

nik 1, cortesia da União Soviética. Seu lançamento, u m tes se desenvolvia a contento não eram convini 1 1 iti",

imenso iriunfo d o lidei soviélico Nikila Khrushchev, Khrushchev, por sua vez, usava a suposta superioi Idade

causou grande consternação no Ocidente ao abalar se- soviética para obter vantagens e m suas tratativas c o m u

riamente a certeza da supremacia tecnológica dos Esta-, Ocidente. Embora desejasse a coexistência pacífir a e a

dos Unidos. As implicações estratégicas pareciam ser redução dos gastos militares, ele não resistia à tentação

desastrosas a União Soviética teria assumido uma a m - de exagerai a íorça de seus mísseis. Promovei ali |

pla liderança no desenvolvimento d e mísseis balísticos novo lançamento espacial toda vez que viajava ao extr <
intercontinentais. ( ) presidente I isenhowei íoi a< usado rior tornou-se um procedimento padrão. Era um 1I i
de malbaratar a superioridade científica d o país. que acabaria se transformando n u m tiro no prój irlo pé
Baseado e m informações colhidas pelo avião es- Convencidos d e que as defesas dos Estados Unidos
pião U-2, Eisenhower sabia, porém, que a balança estra- eram inadequadas e de q u e os soviéticos tinham al M I
tégica ainda era amplamente favorável aos Estados Uni to vantagem na corrida aos mísseis, os americarn is' ixl
dos. Mas não podia anunciá-lo ao m u n d o sem revelar o giram dinheiro para corrigira situação - o que resulti iu
programa U-2. Suas garantias de que os Estados Unidos e m uma vantagem a favor dos Estados Unidos. J S
A China tenta o Grande Salto à Frente
Mao decreta a industrialização imediata pela força do povo.

O O G r a n d e Salto à Frente de M a o causou uma imensa pobreza, principalmente nas comunidades rurais, e uma fome devastadora.

A nova política e c o n ô m i c a anunciada pelo presiden- Infelizmente, a idéia d e q u e o entusiasmo poderia


te chinês M a o Tsé-Tung e m 1958 era sobretudo a m - substituir a tecnologia revelou-se uma fantasia. E s p e -
bígua. C o n h e c i d a c o m o o G r a n d e Salto à Frente, rava-se q u e fornalhas d e fundo d e quintal produzis-

eqüivalia a uma segunda revolução para industriali- sem vastas quantidades d e aço. Isso aconteceu, mas o

zai a ( hina por meio da mobilização das massas. Na aço era o mais da vezes imprestável. H o u v e i m p o r t a n -

verdade, era a admissão d e q u e o c a m i n h o soviético tes aperfeiçoamentos na produção d e cimento, a l g o -

I >ain a industrialização - o custeio d o maquinário in dão e químicos, mas a qualidade era e m geral muito

dir.tiial c o m a exportação d e excedentes agrícolas baixa. Muitos recursos, sobretudo força d e trabalho,

. I I I . I I K ados dos c a m p o n e s e s - não podia funcionar foram desviados da agricultura, o gue, somado ao mau

ti,i i hina. A p o p u l a ç ã o chinesa era tão grande q u e t e m p o , causou uma grande f o m e e m conseqüência

i onsumia t u d o o q u e se produzia. S e m acesso à tec- da qual 20 milhões de pessoas já haviam morrido e m

noloqia, o único recurso q u e restava a o país era o 1960, q u a n d o M a o foi obrigado a abandonar o projeto

próprio campesinato. H o u v e , d e início, u m conside- - u m rude g o l p e e m seu prestígio q u e o levou, e m

lável entusiasmo, baseado na crença d e q u e a China 1966, a buscar a reconquista d e sua autoridade por
meio da Revolução Cultural. J S
mudaria da noite para o dia.
1959 8 D E J A N E I R O

Fidel, primeiro-ministro de Cuba


O exército de Fidel Castro entra em Havana saudado pela maioria dos cubanos.

O Fidel Castro e outros líderes d e seu exército guerrilheiro percorrem as ruas d e Havana depois da tomada do poder.

Fidel Castro tornou-se primeiro-ministro d e Cuba e m nhada d e u m a u m e n t o considerável d o sentimento 1

janeiro d e 1959. Mas sua ascensão ao poder c o m e ç o u contra o regime dentro d o país. E m julho d e l'i',n,
em circunstâncias bastante adversas. N o fim d e 1956, grupos d e oposição reunidos e m Caracas e l e q e i a m
ao desembarcar na costa sudoeste d e Cuba c o m uma Castro seu líder. Fracassada a tentativa d o g o v e r n o
força d e apenas 80 homens, havia tropas d o governo à d e destruir os rebeldes e m Sierra Maestra, Castn dai i
sua espera. A maioria dos invasores foi morta o u captu- ç o u u m a contra-ofensiva. Q u a n d o o g o v e r n o d o s
rada. Alguns poucos, entre eles Fidel, seu irmão Raul e Estados Unidos se voltou contra Batista, o exéii íto
Ernesto "Che" Guevara, conseguiram escapar para u m revolucionário já havia reunido 50 mil h o m e n s i
esconderijo nas montanhas de Sierra Maestra, o n d e quistado o apoio da p o p u l a ç ã o cubana.
Castro lhes disse: "Agora nós vamos vencer." Na noite d e ano-novo, Batista fugiu. U m a |unta
Contra todas as probabilidades, ele estava certo. militar o substituiu, mas caiu rapidamente. Unii lai les
Os revolucionários fizeram u m eficaz uso propagan- d o exército pararam d e lutar e os h o m e n s d e I astri >
dístico d e seu transmissor d e rádio para a t a c a r o regi- entraram e m Havana. C o m o primeiro-ministro, l as
m e d e Batista e granjear simpatia para a sua causa n o tro instalou u m regime marxista-leninista e íez d e
exterior. Sua c a m p a n h a d e guerrilhas foi a c o m p a - Cuba u m aliado da União Soviética. R C
1959 3 DE FEVEREIRO

Buddy Holly morre em acidente aéreo


Acidente aéreo em lowa mata o astro de rock Buddy Holly e sua banda.

U m m o n u m e n t o d e aço inoxidável representando uma

(juliana e nês disros mau um o lugar o n d e a primeira

grande lenda d o rock-and-roll teve sua curta carreira cei-

fada por u m acidente d e avião. Falecido aos 22 anos,

Buddy I lolly deixou uniu ohm gue inllueni iou os Boa

tles, B o b Dylan e Bruce Springsteen.

N u m fevereiro terrivelmente frio d o fim da d é c a -

da d e 1950, a Winter D a n c e Party Tour reuniu mil p e s -

soas n o Surf Ballroom e m Clear Lake, lowa. A primeira

gol ação d o KX k anil IOII linha < i >mo aslto Buddy I lolly,

sei um lado poi I. I'. Kii hurdson (" I he Biq Bopper") e

Ritchie Valens.

Cansado d e viajar d e ônibus, Holly alugara u m p e -

q u e n o avião particular para transportar sua banda (o

baixista W a y l o n Jennings e o guitarrista Tommy Allsop)

ao local da apresentação si 'quinto. Mus Valei iselíic h.nd

son se adiantaram e ocuparam os lugares. Decolaram à

uma da tarde sob uma tempestade d e neve, c o m Holly

sentado ao lado d o piloto (um novato sem habilitação).

E m poucos minutos, perdeu-se contato visual c o m o

aparelho. Todos a bordo morreram no acidente.

Assim c o m o Elvis, q u e conheceu na abertura d e

u m s h o w e m Lubbock, Texas, e m 1955, Holly foi influen-

i i.ii 1) | n 'li i /I/I/I -,, iliylhm and hhn s o |» i i mi isii a lonn

iry and western.Em 1957,1 lolly partiu fiara o Novo Méxi-

c o c o m sua banda The Crickets para gravar c o m o

produtor e m ascensão Norman Petty, relacionamento

q u e o fez desabrochar e criar uma série d e canções pop.

A balada "It Doesn'1 Mattet Any More" tornou-se u m

imenso sucesso póstumo e m todo o mundo. J H

O U m dos passageiros caído na n e v e junto aos destroços d o

avião de Holly.

O Com sua curta carreira de 18 meses, Holly t e v e uma

duradoura influência no rock-and-roll.


A fuga do Dalai Lama Ventos de mudança
O líder político e espiritual do Tibete é O discurso de Macmillan na Cidade do
obrigado a se exilar na índia. Cabo indica uma mudança radical.

No primeiro semestre d e 1959, crescia a inquietação Apesar da fama d e imperturbável, até o primeiro

c o m a o c u p a ç ã o c hinesa d o l ibuto. Rumores d e q u e ministro britânico Harold Macmillan m o s h o u se In

os chineses e s t a v a m prestes a prender o Dalai Lama quieto c o m o c o n v i d a d o d o primeiro-ministro sul

levaram milhares d e tibetanos a cercar o palácio para africano. O Dr. V e r w o e r d tinha "idéias terríveis", via o

protegê-lo. O confronto e m Lhasa foi violento, c a u - aparthcid c o m o uma religião e achava q u e "só ele

sando a m o r t e d e cerca d e 2.000 soldados chineses. estava certo". M e s m o assim, nesse dia Macmillan dls

Determinados a reprimir qualquer oposição, os c h i - cursou n o Parlamento sul-africano e m aberto d>"., 111< >

neses enviaram reforços e e s m a g a r a m a revolta. a o regime africâner. Estava t ã o nervoso q u e ( h e q o u

O Dalai Lama foi obrigado a fugir, c o m cerca d e a passar mal. M a s o discurso foi b e m preparado. I Ia

100 mil d e seus compatriotas. A índia concedeu-lhe via "ventos d e m u d a n ç a " na África, ele disse. A consci-

asilo. D e Dharmsala, no Himalaia indiano, o n d e esta- ência nacional era u m fato q u e a política tinha d e Io

var e m conta. Elogiou o nacionalismo africâner c o m o

"A reencarnação do Dalai pioneiro e m toda a África mas advertiu q u e não seria

o último e q u e , se os negros n ã o tivessem u m ir.it,i


Lama se dará num país livre, m e n t o justo, acabariam s e n d o levados para o c o m u -

não por mãos chinesas" nismo. Não fez nenhuma referência direta ao aparthcid,

mas afirmou q u e os g o v e r n o s d e v i a m respeitai os


D e c l a r a ç ã o d o D a l a i L a m a e m j u l h o d e 1999 direitos individuais. A política britânica estava m u

d a n d o e m outros lugares da África e poderia " uai

beleceu seu governo no exílio, o Dalai Lama apelou à dificuldades para vocês", o b s e r v o u c o m agudeza.

O N U , q u e aprovou uma série d e resoluções exortando O discurso d e 50 minutos foi aplaudido, mas os

a China a respeitar os direitos humanos no Tibete. Nada, sul-africanos deploraram os a c o n t e c i m e n t o s q u e se

porém, foi feito para garantir o seu cumprimento. O s e g u i i a m . Mac millan prenunciou o fim da I edei.n,ao

Dalai Lama dedicou-se então a viajar pelo m u n d o d i - Centro-Africana d o m i n a d a por colonos brancos; dls

v u l g a n d o as vicissitudes d e seu país. E m 1989, ele foi túrbios e u m relatório oficial desfavorável d e 1971

agraciado c o m o Prêmio Nobel da Paz por sua c a m p a - haviam c o n v e n c i d o a Grã-Bretanha d e q u e a Niassa-

nha não-violenta contra o domínio chinês n o Tibete. landia (Malaui) e a Rodésia d o Norte (Zâmbia) etn I m-

O g o v e r n o chinês tentou dividir os tibetanos exaltan- v e teriam g o v e r n o s negros a u t ô n o m o s . A Áfrii a d o

do as virtudes d o d é c i m o sétimo Karmapa (um buda Sul saiu voluntariamente da C o m u n i d a d e Brii.nia a

vivente d e igual status). Mas este t a m b é m fugiu e m e m 1961 para evitar sua expulsão.

2000, causando à China u m grande constrangimento. O discurso d e Macmillan foi um reconhecinient. i

Enquanto o Dalai Lama estiver fora d o alcance da C h i - algo tardio d e que as coisas estavam m u d a n d o rápida

na, pode-se dizer q u e seu domínio sobre o Tibete m e n t e na África. Mas suas palavras tanto fomentai. H n a s

nunca estará garantido. É remota, no entanto, a pers- ambições dos africanos negros quanto cimenlaiam a

pectiva d e eles deixarem o país. J S mentalidade defensiva dos africâneres brancos. R P


1960 21 D E MARÇO 1960 2 D E NOVEMBRO

Massacre brutal Lady Chatterley julgada


Assassinatos em Sharpeville recebem Júri decide que o livro de D. H. Lawrence
condenação mundial. não é obsceno e pode ser publicado.

A tensão racial e a violência não e r a m d e s c o n h e c i d a s As testemunhas d e delcsa foiam até longo demais, qua-

na é p o c a d o apartheid. M e s m o assim, os a c o n t e c i - lificando O amante de lady Chatterley d e "sadio" e

m e n t o s e m Sharpeville, a sudoeste d e J o a n e s b u r g o , "limpo". O bispo d e Woolwic h c h e g o u a chamar o adul-

foram extraordinários, fudo c o m e ç o u com uma léiic i de lady ( hallcrley c o m o c |uan Ia c aça do "ali i d e

manifestação contra a Lei d o Passaporte d e 1950, c o m u n h ã o sagrada". Mas o promotor público, Mervyn

que exigia que os não-brancos andassem com Griftith-Jones, conseguiu ser ainda mais absurdo: não

cartões d e identidade e os proibia d e passar a noite convocou nenhuma testemunha espec ializada e, gesti-

n u m a área "branc a", m e s m o q u e losse seu lo< al d e c ulando muito, tentou mostrar que o livro não tinha n e -

trabalho. N ã o há dúvida d e q u e se recorreu à intimi- n h u m mérito literário. O júri levou três horas para decidir

dação, da qual alguns africanos foram obrigados a q u e o romance não era obsceno e que a Penguin Books

tomar parte, e q u e h o u v e t a m b é m violência e v a n - havia c omotide > n e n h u m < rimeac ipublii á li i,

dalismo. M a s n i n q u é m esperava u m massac re.

N o a u g e d o protesto, uma multidão cercou a "Vocês gostariam que este


delegacia d e políc ia local, I s l a v a m desarmados, o

q u e n ã o era o caso dos 75 policiais d o lado d e dentro,


livro fosse lido por suas
q u e t i n h a m armas auloni.ilic as. M e s m o a toe usa da esposas e empregadas?"
multidão a se dispersar n ã o era m o t i v o d e alarme.
O p r o m o t o r M e r v y n Griffith-Jones ao júri
Ainda assim, a polícia abriu fogo, m a t a n d o 69 e fe-

rindo g u a s e 200 pessoas. H o m e n s , mulheres e (rian-

ças foram baleados pelas costas e n q u a n t o fugiam. I). 11. I awieiic c c onc luiu a veisáo final d o livio e m

0 g o v e r n o a l e g o u q u e o incidente fora c a u s a d o 1928, descrevendo-o c o m o "o romance mais impróprio

p e l o C o n g r e s s o Pan-Africano (CPA), f o r m a d o em que já foia esc rilc >". N ta |«unoqialiu, apenas "uma

1959, u m a o r g a n i z a ç ã o m u i t o mais radical d o q u e o declaração da realidade fálica" uma distinção fora d o

C o n g r e s s o N a c i o n a l Africano (CNA): 20 mil africanos ali at ic i o Ias ai iloric Lu li 's da (iia Hiotai il ia, o n d e o livro

a r m a d o s h a v i a m c e r c a d o a d e l e g a c i a e disparado foi proibido. F m 195S, u m livreiro foi preso por estocá-lo.

primeiro. N i n g u é m a c r e d i t o u . E m 1 d e abril, o C o n -
u
Quando, e m 1959, a Penguin fez uma tiragem d e 200

selho d e S e g u r a n ç a das N a ç õ e s Unidas exortou a mil exemplares para marcar o trigésimo aniversário da

África d o Sul a a c a b a r c o m a s e g r e g a ç ã o racial. morte d e Lawrence, o chefe da promotoria organizou o

C o m o reagiu o g o v e r n o ? "Ficaremos firmes c o m o q u e a c a b o u se tornando u m espetáculo judicial.

m u r o s d e g r a n i t o " foi a resposta d o primeiro-minis- A publicidade e m torno d o julgamento transfor-

tro V e r w o e r d . O g o v e r n o baniu o C N A e o CPA, ex- m o u O amante de lady Chatterley e m u m sucesso d e

pulsou o bispo d e Joanesburgo e a b a n d o n o u a vendas: mais d e três milhões d e exemplares e m dois

Comunidade Britânica. Isolados, os sul-africanos anos. Numa Grã-Bretanha o n d e as atitudes e compor-

b r a n c o s s o b r e v i v e r a m p a g a n d o o p r e ç o da radica- tamentos sexuais já vinham mudando, o julgamento e

lização da luta. R P o livro ajudaram a criar "os alegres anos 1960". R P


1961 11 D E ABRI

Eichmann é julgado por crimes de guerra


Muito depois do fim da guerra, criminosos nazistas ainda enfrentariam os tribunais.

T o d o s os o l h o s e s t a v a m v o l t a d o s para o nazista tido

c o m o a e n c a r n a ç ã o d o mal - m a s E i c h m a n n n ã o

parecia à altura d o p a p e l . Ainda na casa dos 50 anos,

baixo e calvo, esse h o m e m a c u s a d o d e crimes c o n -

tra o p o v o j u d e u , crimes contra a h u m a n i d a d e e

crimes d e guerra era d e c e p c i o n a n t e m e n t e c o m u m .

F o r a m 15 a c u s a ç õ e s e, para cada u m a delas, a c o n -

d e n a ç ã o significava a p e n a capital. Suas a l e g a ç õ e s ?

E m t o d o s os casos e l e a l e g o u "não ser c u l p a d o n o

sentido da acusação".

O julgamento tardou tanto porque Adolf I ichmann

fugiu da prisão e m 1946 e só foi recapturado e m 1960

por agentes secretos israelenses. Finalmente, a justiça

poderia ser feita pela corte d e três juizes instalada na

Beth Ha'am (Casa d o Povo) d e Israel. Seria u m julga-

mento público: da sala d o tribunal, jornalistas faziam a

cobertura a o vivo para o m u n d o inteiro. O clima d e

espetáculo judicial não impediu q u e os juizes respei-

tassem escrupulosamente todos os procedimentos

legais. O procurador-geral da República era o p r o m o -

tor e o acusado tinha u m a d v o g a d o d e defesa. Cerca

d e 1.500 d o c u m e n t o s foram examinados e mais d e

uma centena d e testemunhas ouvidas, a maioria so-

breviventes d e c a m p o s d e concentração para lá e n -

viadas c o m o resultado da atividade d e Eichmann.

Eichmann insistiu q u e só havia "cumprido ordens"

- uma defesa inadequada, pois foi considerado c u l -

p a d o d e todas as acusações e enforcado e m maio d e

1962. A m e n s a g e m era alta e clara: os c r i m i n o s o s

d e guerra nazistas seriam caçados até o fim. R P

O Com o julgamento de Eichmann, o m u n d o t o m o u c o n h e c i -

m e n t o da extensão d o programa nazista para os judeus.

O Do lado de fora d o tribunal onde Eichmann é julgado, judeus

se reúnem para escutar notícias sobre seu perseguidor.


O homem no espaço Cuba rechaça invasores
Com Yuri Gagarin, o União Soviética passa Tropas de Fidel derrotam a invasão da baía
os Estados Unidos na corrida espacial. dos Porcos financiada pelos Estados Unidos.

Levando a bordo aquele q u e viria a ser o primeiro astro- O triunfo d e Fidel Castro e m Cuba rendera à União '.i >

nauta da História, a navoespar íal l/os/o/s / foi lançada d e viética u m aliado confiável nas Américas. A perspecti-

Baikonur, no Cazaquistão. Yuri Gagarin faria uma única va d e uma base militar soviética e m lugar tão próximo
volta ao redor d o planeta, e m 89 minutos, à altitude m á - não podia ser tolerada por n e n h u m governo amem a
xima d e 301 km. A nave não foi projetada para aterrissar. no, sem falar da p r e o c u p a ç ã o dos Estados Unidos
Gagarin saltou d e pára-quedas depois d e entrar na at- c o m a possibilidade d e o exemplo d e Castro ser segui
mosfera e provou aquilo que já se suspeitava, ou seja, d o e m outros países da América Latina.
que o v ô o no espaço não era fatal para o h o m e m . C o m Muitos c u b a n o s haviam se refugiado nos Esta-
sua cara bonita e seu sorriso franco, Gagarin deixou d e dos Unidos, q u e r o m p e r a m relações diplomáticas
ser u m soviético a mais para ser tornar, instantaneamen- c o m Cuba e m janeiro d e 1961. E m abril, o recém-
te, u m superstar internacional. eleito presidente K e n n e d y consentiu e m financiar

A façanha d e Gagarin loi motivo d e grandes d o uma invasão d e Cuba por exilados anticastristas,

res d e cabeça paia o presidente amerk ano lolin I. apresentada c o m o u m a t a q u e contra o m o d e r n o


Kennedy. Desde o lançamento d o Sputnik 1, e m 1957, e q u i p a m e n t o militar c u b a n o i m p o r t a d o da União
havia um forte sentimento d e que os Estados Unidos Soviética apesar d e não haver soldados americanos
estavam perigosamente atrasados e m relação à União diretamente envolvidos. Planejada pela CIA durante
Soviética e m matéria espacial. Surgiam temores d e q u e o g o v e r n o anterior, a invasão foi u m v e r g o n h o s o fra-
o controle d o espaço pudesse significar o controle d o casso. Os c u b a n o s já e s p e r a v a m o atague. O b o m -
planeta, por meio, q u e m sabe, da promoção d e m u - bardeio d e a e r ó d r o m o s c u b a n o s por aviões a m e r i -
danças climáticas. Kennedy, que e m sua campanha pre- c a n o s pilotados por exilados, e m 15 d e abril, não
sidencial acusara seus adversários republicanos d e ficar surtiu n e n h u m d e i t o , assim c o m o o d e s e m b a r q u e ;
para trás nesse campo, era então pressionado a respon- dois dias d e p o i s , d e uma brigada vinda da Nicará-
der. Ele o fe/ c m maio, anuiu iando um pioqtama a m e g u a nas praias da baía dos Porcos, na costa m e r i d i o -
ricano para levar uni h o m e m a I ua tio ano de 19/0. nal d e ( uba. O i m a g i n a d o levante anticastrista não
Havia dúvidas sobre o valor científico d e tal missão e se materializou. E m 48 horas, as tropas c u b a n a s pes
chegou-se a sugerir que era melhor gastar o dinheiro
soai e e n e r g i c a m e n t e c o m a n d a d a s por Fidel Castrt i
d o contribuinte e m outra coisa. Mas era inegavelmente
d e r r o t a r a m os invasores. F o r a m feitos mais d e mil
espetacular. Resumindo: o valor político da missão era
prisioneiros, enviados d e volta aos Estados Unidos
muito maior d o q u e o científico. E havia t a m b é m a v a n -
no fim d e 1962.
t a g e m inestimável d e que uma missão à Lua nunca fi-
O completo fracasso da invasão foi u m severo cons-
zera parte d o programa soviético. Era uma corrida para
trangimento para Kennedy, no mínimo porque tort K )l i
os Estados Unidos vencerem. J S
Fidel ainda mais popular e o aproximou ainda mais d e

Moscou. No fim das contas, o ataque pode ter incenti-

O A bordo da Vostok 3KA, Yuri Gagarin se prepara para o lança- vado o líder soviético Nikita Khrushchev a aumentar a

mento na base de Baikonur. aposta colocando ogivas nucleares na ilha. R C


1961 1 3 D E AGOSTO

Começa a construção do Muro de Berlim


O Muro de Berlim é erguido para impedir a fuga de alemães orientais.

O Soldados da Alemanha Oriental c o m e ç a m a construir o muro que deixaria Berlim Ocidental totalmente cercada.

I l r , primeiras horas d o dia 13 d e agosto, os últimos Em 1958, o líder soviético Nikita Khrushchev cha-
(e .loiros descobriram q u e os trens não f u n c i o n a v a m ; m o u Berlim d e "os testículos d o Ocidente. Toda vez que

m o r a d o r e s da Bernauer Strasse foram acordados quero fazer o Ocidente gritar eu aperto Berlim". Em 1949

peio barulho d e c a m i n h õ e s militares; e m vários luga- o Ocidente d e fato berrou q u a n d o Stalin bloqueou o

n's ouviam-se operários c o m britadeiras abrindo b u - setor ocidental da cidade, mas agora era a vez dos sovié-

racos nas ruas. L o g o ficou claro q u e uma cerca d e ticos. Três milhões d e cidadãos haviam deixado a Ale

a r a m e farpado estava s e n d o erguida nas ruas d e Ber- manha Oriental entre 1949 e 1960 e o fluxo vinha se

lim. "DieGrenzeistgeschlossen" (A fronteira está f e c h a - transformando e m enxurrada. Khrushchev pediu que o

da), a n u n c i a v a m soldados a r m a d o s c o m m e t r a l h a - muro fosse construído para impedir a espionagem oci-

doras. Berlim Ocidental foi cercada c o m 182km d e dental, mas o real motivo era deter o êxodo dos insatis-

arame farpado. C o m e ç a v a a construção d o Muro d e feitos c o m o comunismo.

Bi 'rlim. Seu t r a ç a d o passava por dentro d e conjuntos O Ocidente pouco podia fazer além d e protestar.

habitacionais, deixando portas se abrindo para u m C o m o tempo, os dois lados aprenderam a conviver c o m

setor e janelas para outro - até serem d e f i n i t i v a m e n - a situação. O muro simbolizou a Guerra Fria, tanto e m

te e m p a r e d a d a s . sua construção c o m o e m sua derrubada, e m 1989. R P


Bob Dylan estréia em Nova York
O garoto de Minnesota se firma como artista solo na cidade grande.

O Ao lado dos Greenbriar Boys, Bob Dylan (centro) se apresenta como coadjuvante antes de sua auspiciosa estréia solo.

No iníc io dói ,1(1,1 do l )f)(), o (iroonwii li V Í I L k j o já


l
Segui k li i os relatos disponíveis (além d e uma gra

se estabelecera c o m o a "Rive G a ú c h e " d e Nova York. v a ç ã o pirata), Dylan cantou c o m grande e m o ç ã o , es

Seus folkdubs o u "bares d o passa-chapéu", assim pecialmente "Song to Woody", uma h o m e n a g e m sua

c h a m a d o s d e v i d o à maneira c o m o eram pagos os ao cantor d e baladas da é p o c a da Grande Depressão

artistas q u e lá se apresentavam - eram freqüentados Woody Guthrie. lira seu desejo encontrar-se com

por poetas beat e militantes dos direitos civis e c o n - aquele q u e o havia atraído d o remoto Minnesota para

tra a Guerra d o Vietnã. I oi no Gaslight, u m dos pri- o agitado ambiente dos dubs e das gravadoras. No

meiros e mais importantes dubs nova-iorquinos, c o m e ç o , Dylan imitava conscientemente Guthrie, mas

inaugurado n u m porão e m 1958, q u e B o b Dylan veio logo c o m e ç o u a absorver outras influências e a apurar

cantar, tocar harmônica e guitarra acústica, apurar sua figura cênica e sua característica voz anasalada.

sua figura cênica e mostrar novas canções. E m 6 d e Bola Dylan passou de artista d o Village a astro d e

setembro, Dylan apresentou u m repertório q u e in- fama nacional graças a uma crítica d e Robert Shelton

cluía quatro c a n ç õ e s d e sua autoria: "Man o n the no New York limes, e m setembro d e 1961. Essa matéria

Street", " H e W a s a Friend of Mine", "Taking Bear M o u n - ajudou-o a obter seu primeiro contrato c o m a Colum-

tain Picnic Massacre Blues" e " S o n g to W o o d y " . bia Records, importante catalisador d e sua carreira. J J H
1961 18 D E SETEMBRO 1962 3 D E JULHO

Explosão misteriosa Argélia independente


A morte de Dag Hammarskjõld priva as Depois de 132 anos, a Argélia se torna
Nações Unidas de seu líder. independente da França.

O DC-6 ainda estava próximo d o a e r o p o r t o d e Ndola, A França invadiu a Argélia e m 1830 e a incorporou

na m o d e r n a Z â m b i a , q u a n d o a c o n t e c e u a explosão. mais tarde c o m o parte d o Estado francês, s e m n o e n -

Ele caiu i m e d i a t a m e n t e , m a t a n d o 14 das 15 pessoas tanto c o n c e d e r quaisquer direitos políticos às p o p u -

a bordo, d e n t r e elas o mais ilustre e controverso se- lações nativas. As primeiras manifestações d o senti-

cretário-geral q u e a O N U já leve. I )elensoi dos diiei m e n t o nacionalista árabe na Argélia a c o n t e c e r a m

tos dos p e q u e n o s países, I )aq p r o p u n h a q u e a O N U entre as duas guerras mundiais e se multiplicaram

fosse u m instrumento construtivo da paz e q u e seu d e p o i s d e 1945, assumindo p r o p o r ç õ e s d e insurrei-

se< retário-geral fosse u m exec utivo atuante. ( orno a ção, pela primeira vez, e m 10 d e n o v e m b r o d e 1954,

União Soviética havia p e d i d o a sua renúncia p o u c o sob liderança da I i c n t e d e I ibertação Na< ion.il (I I N).

antes, foram inevitáveis as e s p e c u l a ç õ e s d e q u e o Na França, socialistas e comunistas a p o i a v a m as aspi-

avião fora sabotado. rações árabes, a o passo q u e os partidos d e direita

I )aq Hjalmar A g n e Carl Hammarskjõld era doutor

| >ela Universidade d e I sto< o l m o e tinha vários diplo


"Os argelinos terão
mas honorários. Poliglota d o t a d o d e múltiplos lalen

tos, Hammarskjõld era u m renascentista moderno livre escolha de seu


q u e havia trabalhado c o m o a c a d ê m i c o , banqueiro e
destino..."
funcionário público antes d e entrar para o G a b i n e t e

s u e c o e m 1951. Esteve presente na primeira A s s e m - C h a r l e s d e G a u l l e , 29 d e j a n e i r o d e 1960

bléia Geral da O N U e m 1949 e foi eleito secretário-

geral e m abril d e 1953. E x t r e m a m e n t e ativo e b e m - i li li 'i idium a | 'i 'i 11 iam 'lu ia da u n i d a d e e n l i e a An |i •

sucedido, foi reeleito por u n a n i m i d a d e e m setembro lia e a França Continental. A c a m p a n h a d e pacifica-

d e 1957. E m 1955, n e g o c i o u p e s s o a l m e n t e a liberta- r ã o levada a i alio p o l o exoh ilo Iluni ês d u i o u oito

ç ã o d e soldados americanos c a p t u r a d o s durante a anos, c o m crescente brutalidade d e a m b o s os lados,

Guerra da Coréia e foi t a m b é m o primeiro a usar as c u l m i n a n d o na guerra aberta contra a ala militar da

forças d e E m e r g ê n c i a e os G r u p o s d e O b s e r v a ç ã o I I N. Apesai d o a m p l o rontrole c o n q u i s t a d o pelo

das Nações Unidas. Intensamente e n v o l v i d o com a exército, a batalha política n ã o podia ser ganha.

guerra civil d o C o n g o a partir d e 1960, m o r r e u d u r a n - I m 1958, o general Charles d e Gaulle deixou a a p o -

te sua quarta visita a o país. sentadoria para resolver a crise argelina e trazer estabili-

I m n o v e m b r o d e 1961, Hmmarskjòld foi agracia- d a d e a o governo francês. R e c o n h e c e n d o q u e a inde-

d o i o m o Prêmio N o b e l da Paz " e m a g r a d e c i m e n t o pendência da Argélia era inevitável, D e Gaulle negociou

por t u d o o q u e fez, p e l o q u e realizou, p e l o q u e lutou: c o m a FLN e m Evian. Depois q u e 1,25 milhão d e cida-

criar paz e boa v o n t a d e entre as n a ç õ e s e entre os dãos franceses deixaram a Argélia para se instalar na

homens". M o n u m e n t o s conservaram viva a sua m e - França metropolitana, o novo governo argelino tratou

mória, mas a O N U se viu, daí e m diante, privada d e d e se vingar dos compatriotas q u e haviam lutado a fa-

sua liderança. R P vor o u colaborado c o m os antigos governantes. N K


1962 10 D E JULHO

Televisão via satélite


O lançamento do Telstar 1 faz o mundo parecer um pouco menor.

A c o m u n i c a ç ã o via satélite, h o j e a b a s e d e u m a
próspera indústria e fator crítico d a s o p e r a ç õ e s m i -
litares, foi pela primeira v e z sugerida por A r t h u r C.
Clarke e m 1945. U m d o s p r i m e i r o s a levar a idéia
a d i a n t e , ainda na d é c a d a d e 1950, foi o e n g e n h e i r o
J o h n R. Pierce, da Bell T e l e p h o n e s , q u e t e v e u m
p a p e l d e proa n o t r a b a l h o q u e l e v o u a o l a n ç a m e n -
to d o s satélites d e c o m u n i c a ç õ e s Echo, e m 1960, e
Telstar 1, e m 1962.

O tcho refletia sinais d e microondas d e rádio d e


volta à Terra por m e i o d e sua superfície d e alumínio;
o Telstar. u m aparato mais sofisticado, transmitia d e
volta à lerra sinais d e IV. I le íoi lançado pela A m e r i -
can l e l e p h o n e a n d l e l e q i a p h e m so< iodado c o m a
Bell l e l o p h o n e s e os ( o n e i o s b i i l á n i i o e Iram ês.
Uma oii!<'ir,i q i q a n l c d e l a s l i e a m e n l o d e salólile
construída n o M a i n e , p e r t o d e Andover, propiciava
a transmissão transatlântica d e i m a g e n s d e TV para a
Inglaterra e a França.

As primeiras imagens d o Telstar foram a bandeira


da estação d e Andover, u m j o g o d e beisebol entre o
C h i c a g o Cubs e o Philadelphia Phillies e uma e n t r e -
vista ao vivo d o piosidenlo Kennedy. A l e l a d o , q u e m
sabe, pela radiação e m a n a d a dos testes nucleares, o
Telstar I saiu d e serviço e m fevereiro d e 1963 e foi
substituído pelo Telstar2. E m 1964, o satélite Syncom 3
transmitiu i m a g e n s d o s J o g o s O l í m p i c o s d e T ó g u i o
através d o Pacífico. R C

O Projetado para ser lançado por um foguete Delta, o Telstar 1

tinha 880mm de comprimento e pesava 77kg.

O 0 vice-presidente Lyndon J o h n s o n assiste à primeira trans-

missão d e TV trazida da França pelo satélite Telstar.


1962 5 DE AGOSTO 1962 11 D E OUTUBRO

A morte da diva 0 Papa pede reformas


Marilyn Monroe morre de overdose de O Concilio Vaticano II revela tensões
remédios em sua casa em Los Angeles. dentro da Igreja Católica.

Depois d e uma Infâm ia i lassada e m lares adotivos e Os t e m p o s estavam mudando, até para a Igreja ( alóli

um orfanato, Norma Jean Baker veio a se tornai uma ca. Em janeiro d e 1959, o Papa J o ã o XXIII disse q u e q u e -
das maiores celebridades mundiais. Descoberta por ria "abrir as janelas da Igreja para g u e nós possam,-'
u m fotógrafo q u a n t o trabalhava numa l.ibik a da ( a olhar para fora e as pessoas possam olhar para dentro".
lifórnia, Norma foi contratada pela Twentieth Century Para isso,em 11 d e o u t u b r o d e 1962, ele abriu o Concilio
Fox e m 1946. D e p o i s d e vários papéis m e n o r e s d e Vaticano II c o m u m discurso intitulado Gaudet Matei
loura burra, ela m u d o u sou n o m e para Marilyn M o n - Ecclesia (A M ã e Igreja se Regozija), dirigido aos 2.400
roe e c h e g o u a o estrelato e m u m a série d e filmes d e bispos da Igreja Católica Romana, dignitários da Igreja,
sucesso c o m o Nunca fui santa (1956), O príncipe en- observadores do outias denominações e representar!
cantado (1957) e Quanto mais quente melhor (1959). les d e íi(> i |i iveitn »• ir tal li/açi les internacionais pre
Sua beleza, sensualidade e vulnerabilidade fizeram sentes à Basílica d e São Pedro, e m Roma. Rejeitou os
dela o m o d e l o internacional da mulher desejável. "profetas da | uvdiçáo", sempre a prever desastres para o
Mas o oxc esso d e ptossào ttansloimou sua vida pri- m u n d o e a Iqieja. i ta pre< iso mudar o velho pensamei i
vada e m u m desastre. Io, ieloimul.il a v d h a doutrina e |iromover a unidade

Depois d e u m breve primeiro matrimônio, Mari- cristã. A questão essencial era a pastoral - c o m o ensinar
lyn casou-se c o m o jogador d e beisebol J o e DiMaggio melhoi a m e n s a g e m intemporal d e Cristo no m u n d o
e depois c o m o autor teatral Arthur Miller, que escre- m o d e r n o e m < < instante mu< lança.
veu paia ela o seu último filme, ()s desajustados (1961). ( ) Valíi ano II foi o vigésimo primeiro concilio ei u
Sua última aparição pública d e alguma importância mônico, o jirimeiro desde 1870 e o maior da historiada
foi cantando "I Inppy Uirlhday, Ml. Presk lenl" paia lohn Igreja. Durou até dezembro d e 1965, q u a n d o foi encer-
Kennedy, e m 1962, vestida c o m uma bata colante sem rado já não mais por J o ã o XXIII, q u e faleceu e m j u n h o
nada poi baixo. Na época, Marilyn fora contratada d e 1963, mas por Paulo VI. (Os Papas J o ã o Paulo I, J o ã o
para estrelar u m filme c h a m a d o Something's Got to Paulo II e Bento XVI t a m b é m estiveram envolvidos e m
Give. Presença sempre difícil n o sef d e filmagem, seu seus trabalhos.) Mas suas reformas não foram tão mo-
c o m p o r t a m e n t o nessa é p o c a era tão inadeguado - mentosas quanto alguns esperavam c o m o resultado
ela vivia à base d e doses cavalares d e barbitúricos - d o e m b a t e entre conservadores e progressistas.
q u e a c a b o u d e s p e d i d a . Dias depois, foi encontrada Os Pais da Igreja promulgaram quatro constitui
morta na c a m a , e m sua casa e m B r e n t w o o d , Los
ções, nove decretos e três declarações. Lamentaram-
Angeles. Tinha 36 anos. S e foi suicídio ou overdose
se erros passados, admitiu-se q u e "muitos elementos
acidental é assunto d e b a t i d o até hoje. Não faltaram
d e santificação e d e verdade" podiam ser encontrados
t a m b é m teorias d e q u e fora assassinada pelo FBI o u
fora d o catolicismo e decidiu-se pela tradução d e par-
pela CIA por o r d e m dos Kennedy. R C
tes da missa d o latim para os idiomas locais. 0 Concilio

Vaticano II mostrou q u e o catolicismo havia a b a n d o

O O corpo de Marilyn M o n r o e chega ao necrotério. nado o espírito defensivo presente d e s d e a Reforma

protestante no século XVI. R P


1962 1 4 D E OUTUBRO

A crise dos mísseis


A descoberta de mísseis soviéticos em Cuba provoca bloqueio naval.

Rumores circulavam havia a l g u m t e m p o . Na manhã

d e d o m i n g o M d e outubro veio a prova, obtida por

aviões espiões-americanos U-2. As fotografias da re-

gião d e San Cristóbal deixavam claro q u e os soviéti-

cos e s t a v a m construindo bases d e o n d e se p o d e r i a m

lançar mísseis balísticos d e m é d i o alcance. N ã o era

na União Soviética, t a m p o u c o e m a l g u m dos satéli-

tes e u r o p e u s orientais, mas e m Cuba, a ilha g o v e r n a -

da pelo inimigo n ú m e r o I dos I slados Unidos no

hemisfério o c i d e n t a l , o c o m u n i s t a Fidel Castro. Mís-

seis c o m p o d e r d e f o g o e q u i v a l e n t e a u m m i l h ã o

d e lonoladas d e I N I loqo se I orna riam operar ionais

a 145km da costa dos Estados Unidos e a p o u c a dis-

tâncla das principais cidades americanas.

0 presidente K e n n e d y ficou p a s m o q u a n d o ou

viu as notícias. Era c o m o se os Estados Unidos tives-

s e m d e c i d i d o instalar mísseis na Turquia - o q u e

aliás eles h a v i a m a c a b a d o d e fazer, c o m o K e n n e d y

b e m sabia. M e s m o assim, muitas pessoas acredita-

v a m q u e K e n n e d y deveria a c a b a r c o m os mísseis

l a n ç a n d o u m a t a q u e aéreo preventivo, m e s m o sob


o risco d e retaliação soviética. 0 m u n d o p r e n d e u a

respiração.

1 m M d e outubro, K e n n e d y der i et o u u m blo

O Em uma loja d e departamentos, americanos v ê e m pela TV o queio naval, j o g a n d o o ônus d o início da guerra so-

presidente Kennedy anunciar o bloqueio do Cuba. bre os soviéticos. Três dias depois, navios soviéticos

O Passada a crise, um avião-patrulha americano observa a partida carregados d e e q u i p a m e n t o militar retornavam d e

do Potzunov, navio soviético de transporte de mísseis. Cuba; e m 28 d e outubro, Nikita Khrushchev concor-

d o u < o m ,i c o m p l e t a retirada dos mísseis. No a n o

seguinte, c o m o secretamente acordado, os mísseis


"Eu conclamo o presidente americanos foram retirados da lurquiu. A quase c a -

Khrushchev a deter esta tástrofe nuclear ensinou às superpotências que, e m

n o m e da sobrevivência, era preciso equilíbrio entre


ameaça à paz mundial." dureza e compromisso. R P

J o h n F. K e n n e d y e m d i s c u r s o p e l a T V , e m 1 9 6 2
Libertação dos escravos Primeira dama espacial
A Arábia Saudita foi o último grande país Valentina Tereshkova se torna a primeira
a abolir formalmente a escravidão. mulher astronauta.

0 d e c r e t o d o príncipe Faiçal a b o l i n d o a escravidão E m 16 d e j u n h o d e 1963, depois d e embarcar na Vostok

na Arábia Saudita foi produto d e u m p e r í o d o d e m o - 6 e checar os dispositivos d e comunicações e apoio v i -

dernização q u e introduziu t a m b é m a e d u c a ç ã o para tal, Valentina Tereshkova foi lançada ao espaço para se

meninas. Cerca d e 10 mil escravos lotam libertados tornai a primeira mulhei astronauta, lereshkova, < njo

u m terço dos q u e existiam no país , / ( ) % dos quais indicativo d e chamada era Chayka (gaivota), passou três

p r o p r i e d a d e d e m e m b r o s da família real e o restante dias no espaço e orbitou a Terra 48 vezes, completando

d e outras famílias ricas. A maioria trabalhava e m ser- mais t e m p o d e v ô o d o que gualquer astronauta ameri-

viços domésticos. cano - u m belo golpe d e propaganda da União Sovié-

Os primeiros a serem libertados foram 32 h o - li( a no auge da (iiieiiu I ria.

m e n s e 50 c o n c u b i n a s mantidos p e l o príncipe Talai. O interesse pelo pára-quedismo trouxe Tereshko-

1 alçai, q u e havia libertado seus próprios escravos e m va ao programa espacial soviético, q u e e m 1961 deci-

"A Sharía exige a libertação dos "Depois de ir ao espaço é que


escravos e o fim da escravidão se consegue apreciar quão
nos tempos modernos..." pequena e frágil é a Terra."
P r í n c i p e F a i ç a l , n o v e m b r o d e 1962 Valentina Tereshkova

l')'>ò, qastou dezenas d e milhões e m < o m p e n s a ç ò e s nu II i s ao spaço.


ai is demais proprietários. foram selecionadas entre mais d e 400 candidatas, to-

A escravidão ainda existia no golfo depois da S e - das ligadas pela | laixíio polo paia quci lismo. lereshko-

g u n d a Guerra M u n d i a l . O Qatar aboliu a escravidão va loi i onsideiadíi uma boa < andidata d e v i d o á sua

c o m compensações e m 1952, ao contrário dos Emira- origem operária e porque seu pai havia morrido c o m o

i li >s Árabes Unidos, g u e não pagaram indenizações. No lietói d e qiioita na I inlândia, e m 1919.

li 'itien ela foi abolida pelo regime comunista q u e se se- I oram vários meses do treinamento intensivo, du

guiu à retirada britânica. O m ã aboliu a escravidão e m rante o qual todas as cinco potenciais cosmonautas

I )/(), depois d e u m golpe apoiado pela Grã-Bretanha.


1
enfrentaram a microgravidade, o isolamento prolon-

I loje, na Arábia Saudita, muitos migrantes traba- g a d o , testes d e centrifugação, mais d e 120 saltos d e

lham e m r e g i m e d e semi-escravidão. E m 2005, este e pára-quedas e treinamento d e pilotagem e m caças

outros 14 países d e t o d o o m u n d o foram declarados, Mig. Ao final, Tereshkova foi selecionada. As outras

pelo Helatório sobre o Tráfico Humano d o g o v e r n o dos candidatas nunca foram ao espaço. Dezenove anos

I st,idos U n i d o s , "países cujos g o v e r n o s n ã o c u m - depois, Svetlana Savitskaya foi enviada ao espaço e m

p i o m c o m os padrões mínimos e não f a z e m esforços resposta aos planos americanos d e ter uma mulher

Slt jniík ativos nesse sentido". P F astronauta a bordo d o ônibus espacial. T B


1963 26 DE JUNHO

"Ich bin ein Berliner"


O firme apoio de Kennedy a Berlim Ocidental encerra as tentativas soviéticas de
tomar a cidade inteira.

Foram horas d e espera até o presidente K e n n e d y


ap.nei ei no bali ,'io da Kalhaus St hôneboi<| (i'ie(eilu
ra) d e Berlim Ocidental. Mas seu discurso, música
para os o u v i d o s berlinenses, d e s p e r t o u entusiásticos
aplausos das cerca d e 120 mil pessoas presentes. A
cidade, siliada havia 18 anos, linha ac|oia u m muro
q u e dividia os cidadãos e separava as famílias. Era
uma ofensa, disse K e n n e d y - contra a História e c o n -
tra a h u m a n i d a d e . M a s o p o v o d e Berlim n ã o fora
esquecido. A sua ilha d e liberdade era parte d o país e
sua luta, o símbolo da lula d e l o d o o m u n d o livre
conlia a tirania d o < o m u n i s m o . A liberdade ora indi
visível; por isso todos os h o m e n s livres, a c o m e ç a r
por ele, Kennedy, tinham ori julho d e poder dizei "Ich
bin ein Berliner" (Eu sou berlinense). Não havia forma
mais clara d e dizer q u e o O c i d e n t e estaria a o lado d e
Berlim até q u e a c i d a d e e o país fossem reunificados.
À fala d e K e n n e d y seguiram-se u m discurso d o p r e -
feito d e Berlim Ocidental e o t o q u e d o Sino da Liber-
dade. A o final, a multidão fez silêncio.

Foi u m a s d a s m e l h o r e s a t u a ç õ e s d e K e n n e d y ,
q u e só d e c i d i u incluir a frase " I c h bin ein Berliner"
(escrita f o n e t i c a m e n t e n u m l e m b r e t e ) p o u c o a n -
tes d o discurso.

O a p o i o moral d e K e n n e d y foi decisivo para


Berlim O c i d e n t a l e pós fim às tentativas soviéticas
d e t o m a r a c i d a d e inteira. N ã o foi, é certo, a causa
direta da reunificação d e 1990; mas, s e m essa reso-
lução pública d o O c i d e n t e , a reunificação teria sido
m e n o s provável. R P

O J o h n F. Kennedy dirige seu apaixonado apelo em favor da liber-

dade política a milhares de berlinenses sedentos de mudança.

O Ficha de Kennedy com sua famosa declaração escrita foneti-

c a m e n t e para ajudá-lo a evitar erros de pronúncia.


1963 2 8 D E AGOSTO

Eu tenho um sonho
Martin Luther King e ativistas dos direitos civis marcham em Washington.

0 a v a n ç o d o m o v i m e n t o pelos direitos civis nos Esta-


dos Unidos foi literalmente d e m o n s t r a d o quando
/>()() mil manilestantes se reunir,im e m W a s h i n q l o n ,
D. C. 0 e v e n t o fora c u i d a d o s a m e n t e preparado pela
liderança d o m o v i m e n t o para alia ir o apoio d e bian
cos e negros e evitar, por outro lado, q u e o Partido
Comunista e outras organizações d e esquerda se
aproveitassem da situação. A c o n v o c a ç ã o partiu "so-
m e n t e das oiganizaçõos pró direitos c ivis eslabelei i
das, g r a n d e s grupos religiosos e fraternais e sindica-
tos". 0 plano previa q u e Martin Luther King Ir. e os
outros líderes, seis negros e quatro brancos, c a m i -
nhassem ,i fienle dos manileslantes até o Memorial
d e Lincoln, o n d e fariam seus discursos antes d e se

1 lii igiiem à ( asa Hiam a | >aia u m eiu o n l i o i o m o pie


sidenle Kennedy.

Cópias dos discursos haviam sido previamente

distribuídas ,'i imprenso, mas no último momento


King deixou do lado as palavras q u e havia preparado
e falou d e improviso aos manifestantes u s a n d o u m
bordão:"/ have a dream" (Eu t e n h o u m sonho), q u e a
cada vez era o v a c i o n a d o pela multidão. "Eu hoje
digo a v o c ê s , m e u s amigos, por maiores q u e sejam as
dificuldades d e hoje o u d e a m a n h ã , e u ainda t e n h o

O Martin Luther King Jr. faz seu histórico discurso e m frente ao u m sonho. U m s o n h o p r o f u n d a m e n t e enraizado no

Memorial de Lincoln. s o n h o amerk ano. I u l e n h o u m s o n h o d e q u e u m dia

O Milhares d e participantes da Marcha sobre Washington por este país se erguerá para viver o verdadeiro significa-

Empregos e pela Liberdade cercam o Espelho d'Água. d o d e seu c r e d o - a verdade, e v i d e n t e por si mesma,
d e q u e todos os h o m e n s nascem iguais." Kiiu| pieviu
u m país e m q u e brancos e negros seriam irmãos e
"O homem que não sabe pelo o n d e t o d o s os filhos d e Deus seriam "finalmente li-

que está disposto a morrer não vres, finalmente livres, graças a Deus todo-poderoso,
finalmente somos livres".
está preparado para viver." Foi u m dos mais célebres discursos d o século, o u -

M a r t i n L u t h e r K i n g Jr., 1963 vido c o m fervor crescente pela multidão. Para o b e m


o u para o mal, King havia deixado sua marca. R C
I% 3 22 D E NOVEMBRO

0 assassinato de Kennedy
O presidente John Kennedy é assassinado durante um cortejo por Dallas, Texas.

D e s d e a q u e l e l o n g o e sinistro dia e m Dallas, s u c e s -

sivas teorias d e c o n s p i r a ç ã o atribuíram o < rime à

Máfia, à CIA, à U n i ã o Soviética e a o r e g i m e c u b a n o

d e Fidel Castro. M a s a i n v e s t i g a ç ã o oficial c o m a n -

d a d a polo p r e s i d e n t e da S u p r e m a ( o r l e I arl W a i

ren c o n c l u i u q u e , c o m o t o d o s os o u t r o s p r e s i d e n -

tes a m e r i c a n o s assassinados, J o h n F. K e n n e d y foi

m o r t o por u m fanático. Resta r e c o n h e c e r q u e a

teoria d e q u e h o u v e mais d e u m assassino t e m a l -

g u n s a p o i o s ilustres.

0 presidente e sua esposa, Jacqueline, desfila-

v a m e m carro aberto pelo centro d e Dallas a c o m p a -

n h a d o s pelo governador d o Texas J o h n B. Conally e

sua esposa q u a n d o se o u v i r a m três tiros d e fuzil, apa-

ronlomonlo disparados d o I )e| lósilo d e I ivios I sco-

lares d o Texas. O presidente foi atingido nas costas e

na c a b e ç a ; o g o v e r n a d o r Conally t a m b é m foi ferido.

E n q u a n t o o público se dispersava, aos gritos, e m

I nisi a d e abiiqo, a os| >( isa d o | nesii li 'irle, i lesi 'spi sa

da, aninhava-lhe a c a b e ç a e m seu colo no carro q u e

corria e m disparada para o Parkland Memorial H o s p i -

tal, a 5km d e distância. Às 13h, K e n n e d y foi declarado

morto. N u m a impressionante d e m o n s t r a ç ã o da for-

ça d o sistema norte-americano, o vice-presidente

O Três dias após o assassinato, o corpo do presidente Kennedy L y n d o n B. J o h n s o n , q u e t a m b é m estivera n o cortejo,

é sepultado pela família e m W a s h i n g t o n . prestou j u r a m e n t o c o m o presidente às 14h41, a bor-

O Um a g e n t e do serviço secreto protege os Kennedy de outras d o d o avião presidencial q u e retornava a Washington,

balas e n q u a n t o a límusine d o presidente agonizante acelera. D. C. A o seu lado, Jackie K e n n e d y ainda vestia a rou-

pa m a n c h a d a pelo sangue d o marido.

1 oi u m luto na< ional s e m p r e c e d e m o s . Muitas


"Sentir a esperança pessoas dizem se lembrar exatamente d e o n d e esta-

ser extinta de repente v a m q u a n d o ouviram a notícia. O corpo d o presidente

foi enterrado e m 25 d e n o v e m b r o no Cemitério Nacio-


em pleno ar." nal d e Arlington, perto d e Washington. Nesse ínterim,

Isaiah B e r l i n a A r t h u r S c h l e s i n g e r , 1963 a polícia d e Dallas prendeu Lee Harvey Oswald, que

a c a b o u morto por outro fanático, Jack Ruby. R C


1963 2 4 D E NOVEMBRO 1964 5 DE JANEIRO

Ruby mata Lee Oswaid Abraço de Jerusalém


Lee Harvey Oswaid é assassinado na O Papa tenta dissipar séculos de
frente de milhões de telespectadores. ressentimento católico ortodoxo.

O único direito d e Lee Harvey O s w a i d à fama era O abraço d o Papa Paulo VI no patriarca e c u m ê n i i c >
c o m o assassino d o presidente Kennedy, e talvez t e - Atenágoras I, no m o n t e da Oliveiras, e m J e r u s a l é m ,
nha sido essa a sua motivação. Gazeteiro c o n t u m a z , foi u m gesto simbólico da reconciliação entre as Igio
O s w a i d a b a n d o n o u a escola aos 16 anos, passou jas Católica e Ortodoxa, separadas d e s d e o G r a n d e
uma t e m p o r a d a entre os fuzileiros navais e desenvol Cisma d e 1054 e o saque d e Constantinopla pelos
v e u uma paixão pelo marxismo. E m 1959 foi à União cruzados cristãos e m 1204. Conservador, Paulo VI re
Soviélii a, o n d e tenlou e m v ã o oi >lei i idadania. ( o m afirmou a primazia papal e m questões c o m o a i oi i
sua esposa russa, retornou aos Estados Unidos e m Irac opção, o < c Jil silo <<
l >
•> sai c 'ídolos e o pa| n 'I da
1962 e foi morar e m Nova Orleans, o n d e não fazia mulher na Igreja, mas foi u m pioneiro e m questões
segredo d e seu apoio ao regime comunista c u b a n o . e c u m ê n i c a s : sua peregrinação à Terra Santa fez dele
E m março d e 1963, c o m p r o u u m fuzil Mannlic hei o primeiro Papa a deixar a Itália e m 150 anos, a g u e l e
Carcano c o m enlrega pelo c oireio.

I m o u t u b r o d e 1963, O s w a i d arranjou e m p r e g o
"Estão determinados a
no Depósito d e Livros Escolares d e Dallas. D e acordo
c o m o c omito d e investigação < o m a n d a d o pelo p r e - superar as divergências
sidente da Suprema Corte Earl W a r r e n , foi da janela
para voltar a serem um só."
d o sexto andar desse edifício g u e , às 12h30, ele dis-
parou os tiros q u e mataram o presidente K e n n e d y e D e c l a r a ç ã o c o n j u n t a c a t ó l i c o - o r t o d o x a , 1965

feriram o g o v e r n a d o r Conally. Seu fuzil foi e n c o n t r a -


d o no c hão d o depósito. i V p o i s cie matar u m policial q u e e s t e n d e u a m ã o ao judaísmo e à ortodoxia. Pau
d e Dallas q u e tentou prendê-lo, foi c a p t u r a d o às 10 VI visitou o rei I lussein da Jordânia e m Amã e t e n
duas da tarde n u m < inema. lou c hegar a acordos doutrinários c o m anglicanos e

E m 24 d e n o v e m b r o , q u a n d o era transferido en 11 Metanos. Mais tarde, visitou a África e o Sudeste Asia


tre presídios, ( ) s w a l d foi baleado à queima-roupa na tico e p r o m o v e u a melhoria das relações d e Roma
frente dos policiais q u e o escoltavam, além d e repór- c o m o m u n d o comunista.
teres e milhões d e telespectadores, por Jack Ruby, O encontro significou a aproximação espiritual i •
proprietário d e uma boate local, e morreu mais tarde simbólica entre católicos e ortodoxos depois d e sé-
naquele m e s m o dia. Ruby foi preso, mas morreu culos d e afastamento. Revogou-se a e x c o m u n h ã o
p o u c o t e m p o depois, e m 1967. Especulou-se q u e d o patriarca e c u m ê n i c o e d e vários proeminentes
O s w a i d , q u e não c h e g o u a confessar o assassinato eclesiásticos romanos. Em d e z e m b r o d e 1965, uma
d e Kennedy, teria sido m o r t o para não revelar g u e d e c l a r a ç ã o conjunta católico-ortodoxa prometeu
fazia parte d e uma conspiração. R C aparar as divergências entre as igrejas. N ã o a c a b o u
c o m o cisma, e até deixou alguns cristãos ortodoxos

O M e s m o sem chance de escapar da cena, Ruby investe e atira insatisfeitos, mas mostrou o desejo d e reconciliação

em f e e Harvey Oswaid. entre as igrejas. J S


1964 9 D E FEVEREIRO

Os Beatles ao vivo na TV americana


Canções da banda lideram as paradas de sucesso nos dois lados do Atlântico.

I m e n s a m e n t e populares na maior parte da Europa

graças ao seu genuíno talento e seu humor autode-

preciativo, no íim d e 1963 os Beatles ainda tinham os

Estados Unidos por conquistar. C o m o a Capitol, o selo

americano da banda, se recusasse a Irabalhai c o m

gravações britânicas, o empresário Brian Epstein < ru-

zou o Atlântico no fim d e 1963 para quebrar o impas-

ses "i W a n i lo i lold Your l land", o quarto c o m p a c t o dos

Beatles, já vinha s e n d o o u v i d o nos Estados Unidos

depois q u e u m DJ americano arranjara uma cópia

c o m uma a e r o m o ç a britânica. Epstein conseguiu 56

mil dólares e m publicidade da Capitol Records e, o

q u e foi decisivo, duas apresentações ao vivo no pro-

grama d e Ed Sullivan para 9 e 16 d e fevereiro d o a n o

seguinte. A d e m a n d a obrigou a Capitol a lançar o dis-

c o antes d o d e s e m b a r q u e da banda e m Nova York,

e m 7 d e fevereiro d e 1964, na presença d e três mil fãs.

Dois dias depois, os Beatles c a n t a v a m para u m

público e s t i m a d o e m 73 milhões d e pessoas. H o u v e

50 mil p e d i d o s para os 728 lugares d o estúdio. Foi a

maior a p r e s e n t a ç ã o dos Beatles nos Estados Unidos.

Os Beatles trouxeram u m p o u c o d e diversão e caos

para c o m p e n s a r a tristeza c a u s a d a p e l o assassina-

to d e K e n n e d y e pela Guerra d o Vietnã.

I m abril, "I W a n t to Hold Your H a n d " tornou-se o

primeiro c o m p a c t o simples a o c u p a r simultanea-

m e n t e o primeiro lugar das paradas d e sucesso dos

Estados Unidos e da Grã-Bretanha e l a n ç a m e n t o s a n -

teriores da banda assumiram outras quatro posições

n o T o p T e n americano. J J H

O O diálogo inteligente e divertido c o m Ed Sullivan ajudou a

consolidar o sucesso dos Beatles nos Estados Unidos.

O A apresentação dos Beatles no programa d e Ed Sullivan, e m

9 d e fevereiro, deu início à "invasão" das bandas britânicas.


1964 12 D E JUNHO 1965 4 D E JANEIRO

Mandela condenado A Grande Sociedade


Nelson Mandela é condenado à O discurso anual do presidente Lyndon
prisão perpétua. Johnson sobre o Estado da União.

Não se aplicou a pena d e morte naquele dia e m Pretó- Texano d e o r i g e m humilde, L y n d o n Baynes J o h n s o n

ria, África d o Sul, mas os oito homens, entre os quais foi líder d e m o c r a t a no S e n a d o antes d e ser indicado

Nelson Mandela, ex-secretário-geral d o proscrito C o n - c a n d i d a t o a vice-presidente d e K e n n e d y nas eleições

gresso Nacional Africano (CNA), foram declarados c u l - d e 1960. C o m a m o r t e d e Kennedy, J o h n s o n o suce-

pados d e s a b o l a q e m e < onspiraçáo para a derrul >ada d e u p r e t e n d e n d o dar c o n t i n u i d a d e à sua polítir a d e

d o Estado pot meios violentos e c o n d e n a d o s à prisão " N o v a Fronteira", e m especial o c o m b a t e à pobreza e

perpétua. Mandela, u m antigo opositor d o sistema d e a o racismo, I m 1964, ele a n u n c i o u seu desejo o in

apartheid, defendeu originalmente a resistência não- t e n ç ã o d e " e m p r e e n d e r nossa c a m i n h a d a e m dlre

violenta, mas m u d o u d e atitude depois d o massacre ç ã o à G r a n d e Sociedade".

d e Sharpeville, e m 1960, q u a n d o a polícia matou a t i - Na campanha presidencial daquele ano, J o h n s o n

ros 69 inanileslanles desarmados. Mandela í u n d o u a foi eleito c o m ampla maioria d e 6 1 % dos votos popula

"Não é verdade que o direito "O mais difícil para um presi-


de voto para todos resultará dente não é fazer o que é cer-
em dominação racial." to, mas saber o que é certo."
Nelson Mandela, ao tribunal P r e s i d e n t e J o h n s o n , E s t a d o d a U n i ã o , 1965

ala militar d o CNA, Umkhonto weSizwe (A Lança da Na- res. E m seu discurso ao Congresso sobre o Estado da

ção), q u e d e s e n c a d e o u uma c a m p a n h a d e sabota- União, ele afirmou seu ideal d e q u e "a Grande Socieda-

g e m . Ele já estava na prisão por deixar ilegalmente o d e repousa sobre a abundância d e liberdade paia ti >

país q u a n d o uma batida da polícia e m Rivonia, nas dos. I Ia exige o fim da pobreza e da injustiça ra< ial

cercanias d e Joanesburgo, descobriu o depósito d e c o m o que estamos totalmente comprometidos".

armas q u e o levou a julgamento. Até que ponto Johnson foi bem-sucedído é u m

Mandela manteve uma digna atitude d e desafio tema até hoje controverso. Americanos negros e fn

durante o julgamento, alegando que a resistência à dios foram beneficiados por suas leis d e direitos civis 11

opressão era inevitável. Na prisão, tornou-se o símbolo bilhões d e dólares foram investidos na guerra contra a

das aspirações d e todos os sul-africanos negros, cres- pobreza, no apoio federal à e d u c a ç ã o e na criação dos

c e n d o e m estatura ao longo dos 27 anos q u e lá passou programas d e saúde Medicare e Medicaid, atacados

por recusar qualquer concessão que comprometesse por alguns c o m o equivalentes à introdução d o soe ia

suas crenças. D e sua cela, tornou-se u m líder internacio- lismo. Mas a Guerra d o Vietnã, além d e obstáculo ao

nal dos oprimidos. O n o m e d e Mandela esteve no c e n - investimento governamental e m programas da G r a n -

tro da campanha mundial contra o apartheid, que der- d e Sociedade, tornou J o h n s o n impopular. Desiludido,

rubaria o regime sul-africano e sua política racista. J S ele desistiu d e concorrer à reeleição e m 1968. R C
1965 2 D E MARÇO

Bombas sobre o Vietnã do Norte


Os EUA tentam evitar o colapso do Vietnã do Sul bombardeando o Vietnã do Norte.

A c a m p a n h a d e b o m b a r d e i o d o Vietnã d o Norte
( O p e r a ç ã o Rolling Thunder) foi c o n c e b i d a para i m -
pedir q u e abastecimento e reforços c h e g a s s e m à
guerrilha v i e t c o n g u e . Inicialmente prevista para d u -
rar oito semanas, a Rolling r h u n d e i duraria três anos,
c o m o objetivo d e obrigar o g o v e r n o d o Vietnã d o
Norte a terminar a guerra nos termos dos Estados
Unidos. Na realidade, a lote, a d o viok o n g u o não pro-
vinha dos suprimentos d o Norte, mas d o a p o i o dos
c a m p o n e s e s d o Sul. Os Estados Unidos ignoraram a
tese d e q u e o b o m b a r d e i o aéreo não fora capaz d e
quebrar o moral d e n e n h u m país na S e g u n d a Guerra
Mundial, o q u e indicava a sua crescente frustração
r o m a tonar idade da resistem ia viole o n q u e ,

No Vietnã d o Norte, um complexo sistema d e d e f e -


sa civil e defesas antiaéreas cada vez mais formidáveis
(construídas c o m ajuda soviética) custaram caro aos Es-
tados Unidos: cerca d e 700 aviões americanos foram
derrubados. O moral d o Norte continuou sólido e suas
forças armadas, cujas necessidades materiais eram
mínimas, eficazes. N o Sul, o vietcongue respondia ata-
c a n d o as bases aéreas americanas, cuja proteção d e -
m a n d a v a g r a n d e s c o n t i n g e n t e s d e tropas d e terra.
A guerra não apenas se intensificou e m um ritmo ines-
perado - ela se tornou rada vez mais americanizada.
Quanto mais os Estados Unidos assumiam o ônus cia
luta, mais o Vietnã d o Sul gueria ficar d e fora. Durante a
Rolling rhunder, u m milhão d e toneladas d e explosivos
foi lançado, incluindo napalm e b o m b a s antipessoais.
A r arnificina m u d o u a opinião pública nos Estados Uni-
dos e e m todo o m u n d o e contribuiu decisivamente
para minar o apoio popular à guerra. J S

O Vista aérea dos estragos e crateras deixados pelos

bombardeios americanos ao norte d e Dai Teng.


1965 11 D E NOVEMBRO

A Rodésia declara independência


Independência para a minoria branca provoca sanções diplomáticas e
econômicas da Grã-Bretanha.

A Declaração Unilateral d e I n d e p e n d ê n c i a d o gover-


no rodesiano d e lan Smith foi c u i d a d o s a m e n t e pla-
nejada para coincidir c o m as c o m e m o r a ç õ e s britâni-
cas d o Dia d o Armistício, q u a n d o a m e t r ó p o l e estaria
h o m e n a g e a n d o seus mortos d e duas guerras m u n
diais. Foi u m lembrete nada sutil da velha lealdade da
colônia, e s p e c i a l m e n t e destinado àqueles que, na
Grã-Bretanha, simpatizavam c o m a recusa dos colo
nialistas brancos - d e o r i g e m majoritariamente britâ-
nica - a aceitar u m g o v e r n o da maioria negra.

M a s a posição d o g o v e r n o trabalhista britânico.e


d e boa parte da p o p u l a ç ã o , era d e q u e se tratava d e
u m ato d e rebelião e q u e a i n d e p e n d ê n c i a da R o d é -
sia não seria jamais reconhecida até q u e prevaleces-
se a democracia. Impuseram-se i m e d i a t a m e n t e san-
ções diplomáticas e e c o n ô m i c a s , t a m b é m adotadas
pelo C o n s e l h o d e Segurança das Nações Unidas. Mas
a intervenção militar britânica, pela qual i lamaram
muitos nacionalistas africanos, nunca esteve na or-
d e m d o dia,

As sanções surtiram p o u c o efeito. A Rodésia l i -


nha o a p o i o (te Portugal, q u e estava d e t e r m i n a d o a
desafiar os nacionalistas africanos para conservar
M o ç a m b i q u e , e d o g o v e r n o sul-africano, que via a Ro-
désia t o m o um baluarte d o seu regime d e apartheid
e m face d o nacionalismo africano. Mas e m 1975 M o -
ç a m b i q u e tornou-se i n d e p e n d e n t e e a África d o Sul,
submetida a sanções e à oposição interna africana,
foi incapaz d e continuar s u b v e n c i o n a n d o a Rodésia.
E m 1979, a minoria branca da Rodésia, isolada e
exposta, não teve alternativa senão negociar sua
submissão ao g o v e r n o da maioria. P F

O lan Smith assina a polêmica Declaração Unilateral de

Independência observado porfuncionários rodesianos.


Começa a Revolução Cultural
Mao mobiliza a juventude comunista contra os que têm idéias burguesas.

Ao conclamar a juventude chinesa a criticar as autoridai

des c integrar as unidades da Guarda Vermelha, o presi-

dente M a o fsé-fung desencadeou uma guerra dentro

do próprio Partido ( omunista Chinês (PCC). Humilhado

e enfraquecido pelo tremendo fracasso d o Grande Sal-

to a Frente e m 1958, M a o concluiu que o motivo fora a

falta d e espírito revolucionário dentro d o PCC. O partldej

teria acolhido u m excesso d e elementos burgueses e,

tal c o m o o Partido Comunista da União Soviética, vinha

perdendo contato c o m os operários e camponeses e

cuidando mais d e seus privilégios d o q u e d e suas res-

ponsabilidades. Na certeza d e q u e os jovens ainda eram

vi 'H Lu li 'iii is II v i ih II ii II lárii is, M 1 0 di •• ir liu mol u li.-', i los.

A ( mania Vermelha íoi < onvoi ada a donunr iai profes-

sores, escritores, artistas e membros d o partido por d e -

fenderem idéias burguesas. E m pouco tempo, as d e -

núncias se traduziram e m humilhações, prisões, torturas

e assassinatos. A China foi levada ao caos.

O PCC tentou se defender, mas q u e m tentasse res-

tabelecer a disciplina entre os jovens era denunciado

c o m o cor ura revolur ionário. ( ) resultar Io íoi a mobiliza-

ção, pelo partido, d e sua própria Guarda Vermelha. Bata-

lhas campais entre facções d e guardas vermelhos sinali-

zavam o risco d e uma guerra civil. O PCC e toda a China

pareciam à beira da catástrofe. Só o exército seria capaz

d e acabar c o m o caos. M a o reivindicou-lhe o apoio para

a sua Guarda Vermelha, mas a partir d e 1967 ele c o m e -

çou a restaurar a ordem. A Revolução Cultural só termi-

nou depois da morte d e Mao, e m 1976, quando o entu-

siasmo revolucionário chinês havia sido extinto. J S

O Mao aperta a mão de u m j o v e m guarda vermelho no

c h a m a d o à retomada da revolução chinesa.

O Estudantes e guardas vermelhos e m p u n h a m exemplares do

Livro Vermelho durante uma manifestação em Pequim.


Verwoerd assassinado Nasce Biafra
Punhalada fatal mata o homem forte do Anúncio da nova república provoca
regime sul-africano do apartheid. choques na Nigéria.

Hendrick Frensch Verwoerd, m e m b r o d o Partido Na O coronel Emeka O j u k w u , c h e f e militar da região

cionalista Unificado e primeiro ministro da África d o oriental da Nigéria, foi o artífice da declaração mula

Sul, foi apunhalado durante uma sessão d o Parlamen- lera d e i n d e p e n d ê n c i a d o país g u e chamava Bialia

to, na t i d a d e d o ( abo, à vista d e centenas d e t e s t e m u - Mas c o m o essa área era a fonte d o único produto i |i >

nhas. Ministro dos assuntos nativos a partit d e 1950 e e x p o r t a ç ã o importante da Nigéria, o petróleo, seria

primeiro ministro e m 1958, Verwoerd supervisionou a inevitável a oposição d o g o v e r n o central.

elaboração d e boa parte da legislação segregacionis- As origens d o conflito t ê m raízes n o passado c o

ta d o país, ra/áo pela qual íoi < onsiderado o arquiteto loníal da Nigéria. A o dividirem o território, os britam

do m o d e r n o apartheid na África d o Sul. Foi t a m b é m cos n ã o levaram e m conta a s p e c t o s étnicos. Na i n d e -

responsável pelo toíorondo exclusivamente branco p e n d ê n c i a , e m 1960, a Nigéria era u m a mistura d e

que criou a República Sul Aíric ana, motivo da expul p o v o s m u ç u l m a n o s , cristãos e animistas c o m u m his-

são d o país da C o m u n i d a d e Britânica. Sua c a m p a n h a

contra a oposição inteina insultou no massacre d e "Deus abençoe Biafra...


Sharpeville, e m 1960, na proscrição d o Congresso N a -

cional Africano o na < o n d e n a ç á o d e Nelson Mandela à


Nós triunfamos sobre todos
prisão poipétua e m junho d e 1964. os inimigos..."
É irônico, t e n d o e m vista a q u a n t i d a d e d e seus
Da c a n ç ã o patriótica " S a u d e m o s Biafra"
inimigos, q u e o assassinato d e V e r w o e r d n ã o tenha

sido uma a ç ã o diretamente política. As motivações

d e seu assassino, o mensageiro parlamentar D e m e - tórico d e tensões étnicas. O g o v e r n o civil n ã o d i i n m

trio Tsafendas, são obscuras. Filho d e pai g r e g o e muito: e m 1966 os militares t o m a r a m o p o d e i . Mas t iS

m ã e Swazi, Is.ilendas era oficialmente branco, o q u e problemas e c o n ô m i c o s se agravaram, b e m c o m o i is

tornava ilegal o seu c a s a m e n t o c o m a mulher q u e conflitos étnicos. O pior deles surgiu entre a etnia

escolhera, classificada c orno negra, a m e n o s q u e ele m u ç u l m a n a Hausa, d o norte, e a cristã Ibo, d o sui l i " ,

próprio fosse racialmente reclassificado. Embora t i - te. Foi esta última gue;, reivindicando ser vítima d e

vesse u m b o m motivo para questionar o apartheid, muitos anos d e discriminação e atrocidades, tentou

Isafendas afirmou q u e u m g r a n d e v e r m e e m seu e s - criar Biafra c o m o seu país.

t ô m a g o o havia c o m p e l i d o a matar. Foi umas das primeiras e mais sangrentas guerras

D a d o g u e u m assassinato político teria sido e m - africanas pós-independência. E m dois anos e meio ela

baraçoso para o Estado, Tsafendas foi d e c l a r a d o i n - produziu u m milhão d e refugiados e se estima que e n -

sano e recolhido a u m hospício até sua m o r t e e m tre u m e três milhões de mortos e m conseqüência da

1999. I n d e p e n d e n t e m e n t e , p o r é m , das reais m o t i - luta e da fome. Biafra foi derrotada, mas os problemas

v a ç õ e s , seu a t o foi u m claro aviso d e q u e o r e g i m e g u e provocaram o conflito permanecem. Depois d e

i Io apartheid tinha muitos adversários e jamais esta- décadas, o povo Ibo ainda se queixa d e discriminação,

i ia seguro. J S tornando clara a possibilidade d e novos conflitos. J S


1967 7 D E JUNHO

Israel toma Jerusalém Oriental


O mundo fica atônito com as vitórias israelenses na Guerra dos Seis Dias.

O U m c o m b o i o militar israelense passa por u m c a m i n h ã o lotado d e prisioneiros d e guerra egípcios.

N o terceiro dia d e luta d e sua reiterada batalha ; onlra Foi uma vitória decisiva, g u e t e v e recompensas.

os vizinhos árabes, as forças israelenses esmagaram os A declaração americana d e neutralidade marcou, na

|i ndanianos e t o m a r a m a Cidade Velha d e Jerusalém, verdade, uma parceria estratégica q u e daria a Israel o

o n d e estão o D o m o da Rocha e o Muro Ocidental, apoio incondicional dos Estados Unidos. Egípcios e

i tste o único remanescente d o antigo Templo judeu. sírios lutariam n o v a m e n t e na Guerra d o Yom Kippur,

U m a coalizão árabe aparentemente invencível se ha- e m 1973, mas o n o v o líder d o Egito, A n w a r Sadat, esta-

via esfacelado ante o assalto israelense. A o perceber va disposto a negociar a devolução d o Sinai e m troca

g u e u m a t a q u e c o m b i n a d o era iminente, os israelen- d e abandonar seu sonho d e destruir o Estado d e Israel.

s e s desfecharam u m ataque surpresa q u e destruiu e m Israel, p o r é m , g u e agora governava u m grande n ú m e -

lona boa parte da força aérea inimiga, o b t e n d o as- ro d e palestinos numa Cisjordânia conguistada pela

s i m u m a v a n t a g e m decisiva. Naguela q u e se tornaria força das armas e vista c o m o parte inalienável d o país,

i onhecida c o m o a Guerra dos Seis Dias, Israel i r r o m - tinha p o u c o interesse e m buscar u m acordo. Mas a

peu por três f r o n t e i r a s , t o m a n d o da J o r d â n i a a o c u p a ç ã o israelense enfrentaria resistência e a escala-

( isjordânia, da Síria as colinas d e G o l a n e d o Egito da da violência se consolidaria e m u m conflito a p a r e n -

,i íaixa d e Gaza e t o d a a península d o Sinai. t e m e n t e impossível d e terminar. J S


A morte de um revolucionário
Herói comunista "Che" Guevara é caçado e morto na Bolívia.

O O cadáver de Guevara é exibido para as câmeras após sua execução pelo exército boliviano.

Ernesto " C h e " Guevara tinha 39 anos q u a n d o foi boliviana d e Nancahuaza, deslocando-se mais lan li'
m o r t o por u m sarqenlo boliviano na lo< alidade (ir 1
para a região d e Vallegrande.
La Higuera. Argentino d e nascimento, Guevara fez Não foi, porém, bem-sucedido e m seus esforços
residência médica e formou-se e m Buenos Aires, d e recrutamento entre a p o p u l a ç ã o local, desconl i, i< I, i
mas estava mais interessado na revolução. Depois d e e hostil. O p e q u e n o grupo foi encurralado perto d e I a
c o n h e c e r Fidel Castro no México, ajudou a e s t a b e l e - Higuera pelo exército boliviano, q u e teve o apoio, ali i
cer o c o m u n i s m o e m Cuba e m 1959 e o c u p o u pos- da q u e sem envolvimento direto, dos Estados Unidos.
tos importantes no g o v e r n o d e Castro. Na crise dos Guevara foi ferido e aprisionado na escola local. Três
mísseis, p o r é m , d e s a p r o v o u o recuo da União S o v i é - soldados bolivianos decidiram por sorteio qual deles
tica, que, por sua vez, desaprovava suas simpatias o executaria. Diz-se que suas últimas palavras foram:
maoístas. E m 1965, Guevara trocou Cuba por uma " S a i b a m q u e vocês estão m a t a n d o u m h o m e m . "
fracassada tentativa d e exportar seu m o d e l o d e c o - S e u corpo foi levado d e helicóptero a Vallegrande e
m u n i s m o para o C o n g o . D e volta à América d o Sul
sua morte anunciada aos meios d e comunicação. Seu
e m 1966, e s t a b e l e c e u , c o m u m p e q u e n o g r u p o d e
mais visível legado talvez seja a sua própria i m a g e m
guerrilheiros, u m c a m p o d e t r e i n a m e n t o na região
estampada e m camisetas por t o d o o m u n d o . R C
1967 3 D E DEZEMBRO

0 primeiro transplante de coração


O cirurgião sul-africano Christiaan Barnard vira celebridade depois de realizar o
primeiro transplante bem-sucedido de um coração humano.

( hiisliaan Barnard ('Mudou medk in.i nu Universidade

da Cidade d o C a b o e cirurgia cardíaca na Universidade

d e Minnesota. Depois d e vários anos d e experiências

c o m transplantes d e órgãos e m animais, a c h o u q u e

havia c h e g a d o o m o m e n t o d e colocá-los e m prática

c o m h u m a n o s . A doadora foi Denise Darvall, d e 25

anos d e idade, morta n u m acidente d e trânsito; o re-

r eplor, I ouis Washkansky. A o p e i a ç ã o durou nove h o -

ras e envolveu uma e q u i p e d e 30 pessoas. A c h a n d o

q u e a o p e r a ç ã o não despertaria grande interesse, Bar-

nard sequer informara o diretor d o hospital d e suas

intenções. Mas, n u m a época e m q u e toda cirurgia car-

díaca era considerara d e alto risco, o seu feito foi obje-

lo d e imensa publii idade. Barnan I In ou inleinai ional •

m e n t e f a m o s o da noite para o dia e foi festejado por

aitistas d e i ilu sua, | » ilílu < is i ' a t é rm ••.nu > o Papa,

W a s h k a n s k y s o b r e v i v e u a p e n a s 18 dias. A d r o -

ga utilizada para evitar a rejeição d o n o v o ó r g ã o

reduziu t a m b é m a sua resistência a infecções e e l e

contraiu p n e u m o n i a . S o m e n t e e m 1974 u m pesgui-

sadoi n o r u e g u ê s criou uma droga ( a paz d e evitar

tais c o m p l i c a ç õ e s - a ciclosporina. O trabalho p i o -

neiro d e Barnard abriu c a m i n h o para o a p e r f e i ç o a -

m e n t o das técnicas d e transplante d o c o r a ç ã o . E m

s e g u i m e n t o a suas pesquisas, e m 1974 ele realizou o

primeiro transplante d u p l o d e c o r a ç ã o . Vinte a n o s

d e p o i s d e sua o p e r a ç ã o pioneira, essa cirurgia tor-

nou-se usual. Barnard aposentou-se e m 1983 d e v i d o

à artrite e m o r r e u e m 2001, i r o n i c a m e n t e d e d o e n ç a

cardíaca. J S

O Christiaan Barnard explica, em entrevista coletiva, como

realizou seu transplante pioneiro de coração.

O Barnard monitora o progresso d e Louis Washkansky depois

do primeiro transplante de coração.


1968 31 D E J A N E I R O 1968 2 1 D E MARÇO

A Ofensiva do Tet Massacre no Vietnã


A Ofensiva do Tet no Vietnã do Sul faz O massacre de My Lai reforça o repúdio
cambalear as forças dos Estados Unidos. internacional à Guerra do Vietnã.

O ano-novo vietnamita, o u Tet, foi celebrado pela S o b o c o m a n d o d o t e n e n t e William Calley, tropas

guerrilha vietcongue c o m ataques coordenados americanas enviadas a M y Lay para desalojar g u e n i

contra todas as cidades d o Vietnã d o Sul. As forças lheiros v i e t c o n g u e s e simpatizantes q u e se supunha

americanas ficaram atônitas c o m a escala e ferocida- estar e s c o n d i d o s na aldeia p r o m o v e r a m u m a verda

d e da luta, q u e c a u s o u a m o r t e d e milhares d e civis e deira carnificina, imotivada e indiscriminada, q u e n ã o

teve até u m a batalha travada n o recinto da Embaixa- p o u p o u velhos n e m crianças. Investigações militares

da dos Estados Unidos, e m S a i g o n . Longa e c u i d a d o - posteriores concluíram q u e 347 pessoas foram assas

s a m e n t e planejada, a Ofensiva d o Tet tinha por objo sinadas; os vietnamitas contabilizaram 504. O Ifii i

tivo abalar d e c i s i v a m e n t e o Vietnã d o Sul. Até então d e n t e foi inic ialmente relatado c o m o uma a ç ã o mili

os líderes militares americanos pensavam q u e a t a r e m q u e 128 c o m b a t e n t e s inimigos f o r a m mortos,

guerra podia ser vencida e se sentiam seguros nas mas logo c o m e ç a r a m a < ire ular rumores d e u m mas
sacre. U m soldado, R o n R i d e n h o u r , relatou o o c o r r i -
d o a figuras políticas i m p o r t a n t e s , entre as quais o
"Está cada vez mais claro próprio presidente Nixon. A s a t r o c i d a d e s v i e r a m a

que a única saída racional é público, mas Calley foi o único c o n d e n a d o . Eml u ira
s e n t e n c i a d o à prisão p e r p é t u a p o r assassinato pre
a negociação." m e d i t a d o , e l e só c u m p r i u três a n o s e m e i o d e pu

Walter Cronkite, jornalista americano são domiciliar.

O uso d e b o m b a r d e i o s maciços, desfolhantes e

cidades, ainda q u e n ã o n o c a m p o . O general norte- n a p a l m fazia crer a muitos vietnamitas q u e os I sla

vietnamila Vo N q u y e n Giap pretendia mostrai q u e dos Unidos estavam destruindo o Vietnã d o Sul gaia

eles e s t a v a m errados. Esperava, e m t o d o caso, obri- salvá-lo. A presença americana era a m p l a m e n t e re

gar os americanos a negociar. pudiada, A cada passo, suas tropas eram recebidas

Militarmente, os Estados Unidos triunfaram na c o m forte hostilidade. Incapazes d e encontrar seus

Ofensiva d o Tet. O vietcongue sofreu grandes perdas e inimigos invisíveis e suspeitando d e todos os c a m p o

daí e m diante o exército norte-vietnamita teve d e assu- neses, os soldados d o s Estados Unidos passaram a

mir o ônus maior da luta. Politicamente, n o entanto, as odiar t o d o s os vietnamitas e a ver a u t o m a t i c a m e n t e ,

conseqüências foram outras: nos Estados Unidos, o n d e e m q u a l q u e r vietnamita m o r t o , u m v i e t c o n g u e , ra-

a Ofensiva d o Tet foi percebida c o m o uma derrota, a zão pela qual u m massacre c o m o o d e M y Lai nao

opinião pública d o país voltou-se contra o q u e agora constituiu surpresa. A terrível notícia não apenas gal-

via c o m o uma causa perdida. Embora o banho d e san- vanizou e unificou o m o v i m e n t o contra a guerra

g u e continuasse até o acordo d e paz de 1973, desse dentro d o s Estados Unidos c o m o t a m b é m , pode-se

m o m e n t o e m diante os americanos passaram clara- dizer, c o n v e n c e u muitos sul-vietnamitas d e q u e tal-

mente a buscar uma forma d e se desembaraçar d o vez fosse preferível u m r e g i m e comunista a c o n t i n u -

conflito sem perder demasiada credibilidade. J S ar sendo o c a m p o d e batalha dos Estados Unidos. J S
O assassinato de Martin Luther King
A perda de um grande líder americano provoca uma onda de ódio.

O Cinco dias depois do assassinato, mais de 50 mil pessoas participam d o cortejo fúnebre e m Atlanta, na Geórgií

O mais f a m o s o e efetivo líder d o m o v i m e n t o e m prol M o m e n t o s depois, King foi encontrado caído na saca-

dos direitos civis nos Estados Unidos, seguidor d o da, ainda vivo, c o m u m ferimento na cabeça. Seus
princípio da resistência não-violenta d e G a n d h i e g a - amigos o cobriram c o m uma colcha, mas ele não re-
n h a d o r d o P r ê m i o N o b e l da Paz e m 1964, foi m o r t o a sistiu até a c h e g a d a da ambulância. Morreu aos 39
tiros e m M e m p h i s , Tennessee, o n d e viera apoiar uma anos d e Idade,
g r e v e d o s trabalhadores negros dos serviços d e sa- A notícia da morte d e Luther King provocou uma
n e a m e n t o . Na véspera d e sua morte, a o falar e m uma o n d a d e pesar e ó d i o . Bairros n e g r o s reagiram c o m
assembléia sobre rumores d e q u e sua vida estaria violência, p r o m o v e n d o sagues e incêndios. Foram n e -
a m e a ç a d a , Luther King disse: " C o m o t o d o m u n d o , e u cessários milhares d e soldados para restabelecer a or-
gostaria d e viver u m a longa vida. A l o n g e v i d a d e t e m d e m . O próprio King não teria a p r o v a d o a violência.

0 seu lugar. M a s n ã o e s t o u p r e o c u p a d o c o m isso. O assassino foi u m sulista b r a n c o , autor d e p e -

111 só g u e r o fazer a v o n t a d e d e Deus." q u e n o s delitos, ( h a m a d o lames Earl Hay. Lie c o n s e -

Na noite seguinte, King estava na sacada d o se- guiu fugir para a Inglaterra, mas foi preso e d e v o l v i -

g u n d o andar d o Motel Lorraine q u a n d o se ouviu u m d o a M e m p h i s , o n d e , e m 1969, r e c e b e u a sentença

1 no d e fuzil, disparado da janela d e uma casa próxima. d e 99 a n o s d e prisão. Ray m o r r e u e m 1998. R C


Distúrbios em Paris
Uma vez mais, a capital da França é palco de explosões revolucionárias.

O Estudantes protestam nas ruas d e Paris a revolta abriu caminho para uma greve geral q u e durou duas semanas.

Uma nova Revolução Francesa parecia iminente. D e - milhões d e trabalhadores e paralisando a França por
pois d e vários dias d e batalhas campais entre os estu- duas semanas. O governo parecia à beira d o colapso.
dantes e a força antimotins d e Paris, a situação ficou Avaliando a lealdade d e suas tropas ao m e s m o
ainda mais perigosa para o governo q u a n d o trabalha- t e m p o q u e posicionava tanques na periferia d e Paris, o
dores e m greve se juntaram aos protestos. A crise se governo claramente se preparava para o pior. Mas o pe
iniciara e m março c o m uma série d e confrontos entre rigo se dissipou tão rapidamente quanto havia surgido.
estudantes e autoridades universitárias e d o ensino m é - Os trabalhadores franceses tinham pouca simpatia pela
dio a propósito dos regulamentos repressivos e dos va- retórica revolucionária dos estudantes. Importantes c o n -
lores arcaicos e burgueses ensinados nas escolas. O cessões salariais, d e condições d e trabalho e d e direitos
governo endureceu, m a n d a n d o a polícia cercar a Sor- sindicais encerraram a greve geral e neutralizaram a In
bonne. Os estudantes foram atacados c o m gás lacrimo- surreição. Agindo rapidamente, Charles d e Gaulle c o n -
gêneo, espancados e presos. As batalhas de rua no vocou eleições gerais, das quais os estudantes saíram
Quartier Latin d e Paris provocaram a indignação g e n e - isolados e o governo fortalecido. A contestação das atl
ralizada da classe operária, d a n d o ensejo a uma greve
tudes tradicionais para c o m a educação e a juventude
geral não oficial q u e acabou envolvendo mais d e 10
deixou u m legado d e mudanças e m toda a Euroj >a. J S
1968 25 D E ) U L H O

Morre Robert Kennedy Discurso retrógrado


0 senador Robert Kennedy é assassinado Condenação do controle da natalidade
em Los Angeles, Califórnia. pelo Papa provoca crise de autoridade.

1 m cinco anos, assassinatos tiraram a vida d e três i m - Para consternação dos liberais católicos da época, a

portantes líderes americanos: John F. Kennedy, Martin encíclica / lumanac Vilae (Vida I lumana), d o Papa Pau

Luther King e Robert F. Kennedy. Este último presidiu, Io VI, c o n d e n o u enfaticamente todos os meios artifi-

e m 1957, o comitê d o S e n a d o g u e investigou a m a n i - ciais d e controle da natalidade. A l e g a n d o tratar-se d e

pulação d e sindicatos; e m 1960, dirigiu a bem-sucedi- algo intrinsecamente m a u , uma violação da lei natural,

da c a m p a n h a d o irmão à presidência d o s Estados 0 Papa advertiu q u e elos aumentariam a infidelidade

Unidos; c o m o procurador-geral da República no go- conjugai, rebaixariam os padrões morais e reduziriam

v i i i i o d e J o h n Kennedy, apoiou a ( a m p a n h a c m prol a mulher a mero instrumento d e prazer. O sexo n o c a -

dos direitos civis e liderou u m a vigorosa luta contra o samento seria antinatural, s e g u n d o ele, se excluísse

i n i n o organizado; e m 1964, depois da m o r t e d e J o h n , ,u l i l i i ialniisito o | n o | l ó s i t o I > , i s i < o da p i o i riação.

foi eleito senador democrata pelo estado d e Nova Essa posição foi u m c h o q u e considerável para

muita g e n t e q u e esperava q u e a Igreja tomasse u m a

"Meu irmão não deve ser 1 II isiçár) mais liberal e m í, roo d o surgi m o n t o da pílula

anlii o m op< ional. O < onlrole da fertilidade e r a víslo


idealizado na morte além c o m o vital para a redução d o s níveis d e pobreza n o

daquilo que foi em vida..." m u n d o , e m especial nos países m e n o s d e s e n v o l v i -

d o s , A | I O S I O I Í O I disseminação da Aids daria u m < ar.i


Senador Edward Kennedy l e i d e i l i g ê i K ia à questão. N o m u n d o o< idenlal, mais

e mais pessoas passariam a v e r o controle da natali-

Y o i k , lornando-se rapidamenle uma liguia p o l í l k a d e d a d e c o m o u m a questão d e consciência pessoal,

I n o a e g r a n d e opositor da Guerra d o Vietnã. fora da alçada d o Vaticano. A procriação, se dizia, n ã o

Robert Kennedy anuiu iou sua candidatura à pre- era o único propósito d o c a s a m e n t o . O veredicto d o

sidência e m 1968. E m 4 d e junho, g a n h o u cinco d e Papa seria cada vez mais ignorado.

seis primárias democratas, inclusive a daquela dia, n a Embora muitos católicos concordassem c o m o

, ilifórnia, q u a n d o d e u aos simpatizantes q u e ouviram Papa o tivessem concluído, d o c rose imento dos índic es

s o u (Jiscurso n o Hotel Ambassador d e Los Angeles a d e abortos e filhos ilegítimos, q u e suas advertências

I I 'i i o / a d e q u e viria a ser o s e g u n d o m e m b r o d e sua eram corretas, e m geral a reação foi tão hostil g u e Paulo

lauiilia a o c u p a r a Casa Branca. Mas foi baleado ao sair VI, i li",. ili i itac li i, num a mais | n il ilii o u net il luma i n i< íc li

I n >i u m corredor cheio do gente o moriou n u m hospi- ca. Mas J o ã o Paulo II reafirmou seu julgamento e m 1984.

t a l n o dia seguinte, aos 42 anos d e idade. Os argumentos a favor d o controle da natalidade v i -

O assassino, u m imigrante de origem palestina d e nham ao encontro das demandas d e obediência à auto-

nome Sirhan Sirhan, era adversário das simpatias por Is- ridade católica. Na realidade, a Igreja perdeu credibili-

rael i Io Kennedy. Sirhan foi condenado à morte e m 1969, d a d e c o m o professora de ética sexual e a divergência

mas teve sua pena comutada para prisão perpétua de- seletiva c o m a I lumanae Vitae alimentaria uma discor-

I ii lis d e u m apelo d o senador Edward Kennedy. R C dância mais ampla c o m a autoridade do Vaticano. J S
1968 20 D E AGOSTO

Tanques soviéticos contra a Primavera de Praga


Forças do Pacto de Varsóvia reprimem as reformas de Alexander Dubcek.

A invasão daTchecoslováquia por uma coalizão dirigi-

da pela União Soviética pôs fim à Primavera d e Praga,

o período d e reformas liberais d o governo tcheco d e

Alexander Dubcek. A estagnação econômica e a aspi-

ração generalizada por reformas políticas haviam leva

d o à deposição, e m janeiro, d o e m p e d e r n i d o líder

stalinista da Tchecoslováquia, Antonin Novotny. D u b -

cek o substituiu anunciando u m ( o n j u n t o d e reformas.

Embora não íosse sua intenção permitir que o pari ido

perdesse o < ontrole da R hecoslováquia, ameaçasse a

União Soviética e abandonasse o Pacto d e Varsóvia,

ele dizia q u e o socialismo precisava d e uma face h u -

mana. Para isso, propôs q u e fossem permitidos parti

dos legais d e oposição, a c a b o u c o m a censura e quis

normalizar as relações diplomáticas e comerciais c o m

a Alemanha Oc idental. A Irai|éilia d e Dubcek foi não

entender o impacto das reformas na Tchecoslováquia

sobre o m u n d o comunista.

Na Polônia, manifestações exigiram reformas simi-

lares, remendo q u e a agitação transbordasse para a

Ucrânia, Moscou exigiu d e Dubcek que pusesse u m

freio às lelonnas. I )ubc ek não se abalou, na expectativa

d e que as garantias d e lealdade que dera na reunião d e

cúpula dos líderes d o Pacto d e Varsóvia fossem sufi-

cientes para aplacar as preocupações soviéticas. A inva-

são foi a resposta. O Ocidente protestou, mas nada fez.

Uma m e n s a g e m fora enviada ao m u n d o comunista:

comunismo e mudanças verdadeiras eram incompatí-

veis. F, se o comunismo era incapaz de reformar a si

mesmo, as reformas só poderiam vir c o m o seu fim. J S

O Ávidos pelas políticas mais liberais de Dubcek, jovens de

Praga reagem à invasão militar.

O Tanques do Pacto de Varsóvia entram e m Praga para assumir

o controle da Tchecoslováquia de Dubcek.


1968 2 4 D E DEZEMBRO

A Terra vista da Lua


Fofo do nascer da Terra é tirada oito meses antes do primeiro desembarque na Lua.

O A Terra vista da Lua, na impressionante fotografia de William Anders.

A missão Apollo 8 levou os astronautas Frank B o r m a n , m u n d o Ir ágil, fluido e integrado, fas< inante e alraen

William A n d e r s e Jim I ovell â órbita da I ua. Cola pii le, e m < onlraste c o m o < in/a monolítk o e inerte ria
meira vez, h u m a n o s passavam d o c a m p o gravitacio- Lua, descrito por Lovell c o m o "parecido c o m gesso,
nal da Terra para o d e outro c o r p o celeste. Sua tarefa o u areia d e praia, acinzentado". E acrescentou: "Uma
era fotografar a super!ir ie lunar. Mas, g u a n d o a espa- vasta solidão impressionante, q u e faz a g e n t e se dar
ç o n a v e saiu d o lado escuro da i ua, eles viram a Terra conta d o q u e t e m lá na Terra."
distante surgindo acima da vasta superfície inerte d o C o m o a Lua m a n t é m s e m p r e a m e s m a face v o l -
satélite. B o r m a n , o c o m a n d a n t e da missão, e Anders tada para a Terra, esta na v e r d a d e n ã o "nasce" n e m
fotografaram o m o m e n t o . B o r m a n capturou a Terra "se põe": fica o t e m p o t o d o parada n o m e s m o p o n -
e m m o n o c r o m o no m o m e n t o e m q u e ela surgia no to d o e s p a ç o .
horizonte lunar; Anders registrou-a colorida, u m re- A loto d o "nascer da Terra" foi apropriada pelo
< l e m o i n h o azul e branco contra o céu n e g r o alguns m o v i m e n t o ambiental então nascente, revelando-se
giaus mais acima. Essa foto mostrava, pela primeira uma poderosa representação da idéia, proposta por
vez, a Terra vista d o espaço distante, u m p e q u e n o
J a m e s Lovelock, d e "Gaia" - a Terra c o m o u m organis-
planeta parcialmente e n c o b e r t o pela escuridão; u m
m o capaz d e se autocorrigir, quase inteligente. P F
1969 2 DE MARÇO

0 primeiro vôo do Concorde


O primeiro supersônico de passageiros chega aos céus.

O Pilotado por André Turcat, o Concorde decola do aeroporto d e Tolouse para o seu primeiro vôo.

Numa tarde gelada d e março d e 1969, o piloto d e testes 0 projeto acabou estourando várias vezes seu or
André Turcat decolou d e Tolouse, França, levando o çamento o deu um enorme prejuízo. Meros 14 aviões
avião anglo-francês Concorde para o seu primeiro v ô o foram construídos para uso comercial, e a British Airways

um v ô o < urto, e m q u e o avião não atingiu velocidade só conseguiu comprar suas sete unidades (a Air Franco

supersônk a. 0 mais ambicioso projeto tecnológico da ficou c o m as demais) c o m subsídio d o governo. Atrasos

liuropa até então, o aparelho foi saudado c o m e n o r m e na produção fizeram c o m g u e eles não entrassem e m

entusiasmo. A pesquisa para a construção d e u m avião serviço antes d e 1976. M e s m o assim, o Concorde, capaz

i omercial supersônico havia c o m e ç a d o na década d e d e sobrevoar o Atlântico e m menos d e 3 horas e meia,

1950, mas logo ficou claro que o custo seria imenso, tor- tornou-se u m ícone da indústria aeronáutica. Infeliz-

nando imprescindível a cooperação internacional. Em mente, sua limitada autonomia d e v ô o o impedia de

i lovembro d e 1962, os governos francês e britânico as- cobrir as lucrativas rotas do Pacífico. Além disso, os a m -

inaram u m tratado para dividir o projeto. O mar d e bientalistas se opuseram a que ele pousasse em vários

publicidade g u e precedeu o primeiro vôo teve porfina- aeroportos dos Estados Unidos devido à poluição so-

lidade assegurar aos contribuintes franceses e britâni- nora produzida. O Concorde permaneceu e m serviço

os que seu dinheiro estava sendo b e m gasto. até outubro d e 2003. J S


1969 21 DE JULHO

Um gigantesco salto para a humanidade


Neil Armstrong é o primeiro ser humano a pisar na Lua.

• y Às 2h56 GMT, u m a audiência d e cerca d e 450 milhões


Tf
d e pessoas e m i o d o o m u n d o viu, pela I V ( e m preto-

o branc o), o aslronaula des< ei v a g a r o s a m e n t e ,i os

cada até o solo. Pelo rádio, uma voz metálica disse: "É

u m p e q u e n o passo paia u m h o m e m , mas u m g r a n -

d e passo para a humanidade."

Neil Armstrong, 38 anos, piloto d e testes da NASA,

havia c o l o c a d o o p é esquerdo na Lua. Era o primeiro

h o m e m a pisar u m objeto natural fora da Terra. Arms

trong fez fotografias e coletou amostras d e poeira.

Vinte minutos depois foi a vez d e Buzz Aldrin, q u e ex-

c l a m o u : "Lindo. Lindo. Magnífica desolação." Os dois

praticaram saltos na baixa gravidade antes d e fincar

no solo da Lua uma bandeira americana e uma placa,

assinai Ia polo piesidenle Nixon, i o m a insi iic,áo: TV u

h o m e n s d o planeta lerra pisaram a I ua pela | irimeira

voz o m julho d i 1
1969 d,( . V i e m o s e m paz por toda

a humanidade." P o u c o depois, Aunstioncj atendeu a

uma c h a m a d a telefônica d e Nixon.

A Apollo 11 partiu d o Centro Espacial Kennedy e m

16 d e julho e levou três dias para alcançar a órbita lunar.

Armstrong o Aldrin operaram o módulo lunai M g / r a l e

O pouso n o mai da tranqüilidade enquanto o terceiro

m e m b r o da lri| ml. tçac», Mu hael < i illít is, | n T i n a i iei ia e m

O Pegada d o piloto d o módulo lunar Buzz Aldrin na superfície órbita no m ó d u l o d e comando, o Columbia. A ultrapas-

da Lua. sagem d o local previsto para o pouso obrigou Arms-

O Buzz Aldrin caminha na superfície da lua. Foto tirada por Neil trong a pousar a nave manualmente, c o m apenas 30

Armstrong. segundos d e combustível restantes.

I )epois d e 21 horas na I ua, o / ag/eai ionou os m o -

tores uma vez mais para juntar-se ao Columbia na órbita


"Houston, aqui fala lunar e c o m e ç a r a jornada d e volta. Os astronautas caí-

Base Tranqüilidade. ram n o Pacífico e m 24 d e julho. Armstrong passou boa

O Eagle pousou." parte d o resto d e sua carreira no Departamento d e E n -

genharia Aeroespacial da Universidade d e Cincinnati,

Neil A r m s t r o n g , ao pousar com o m ó d u l o lunar furtando-se a usar sua experiência singular para obter

celebridade pessoal ou poder político. P F


1969 15 D E AGOSTO

0 Festival de Woodstock
Mais de 450 mil pessoas comparecem ao mais badalado acontecimento da década.

•A:

O Terminado o festival, um casal do sobre a mala do carro enquanto a multidão se dirige para a saída.

F m 1967, o Festival Pop Internacional d e M o n t e r e y deveria girar, mas falhou, assim c o m o boa parte d o

levara os ideais hippies d o "Verão d o A m o r " a u m nl planejamento, levando os organizadores a declará-lo

vel mais e l e v a d o ; W o o d s t o c k consolidou essa "pilha" u m (estivai aberto (cerca d e 186 mil ingressos haviam

na consciência nacional. A "Nação W o o d s t o c k " rcu sido vendidos antecipadamente).

niu-se n u m clima d e esperança e otimismo contra a Para alguns artistas, o salto para o estrelato, p a -

maldição reinante dos distúrbios raciais, dos assassi- ra outros, a validação d e suas credenciais rogueiras;

natos políticos e da Guerra d o Vietnã. para todos, no entanto, o festival foi u m triunfo sobre

Seus organizadores, todos na casa dos 20 anos, o sistema d e s o m precário, o t e m p o ruim e a má pro-

foram Artie Kornfeld, Michael Lang e J o h n Roberts. gramação, e marcou u m dos m o m e n t o s decisivos da

Eles trouxeram d o N o v o México a c o m u n i d a d e hippie história d o rode. Apesar d e u m quase desastre d u r a n -

" W a v y Gravy H o g Farm" para prestar serviços discretos te t o d o o fim d e semana - lama até os tornozelos,

d e segurança, dar maus conselhos sobre LSD e organi- 27km d e engarrafamento, falta d e água e d e serviços

zar o fornecimento d e barracas para atendimento m é - sanitários e três nascimentos e mortes relatados -|

dico, banheiros portáteis e á g u a . Além disso, construí- W o o d s t o c k foi u m sucesso e m sua pretensão d e o f e -

l a m o maior palco ao ar livre d o m u n d o até então, q u e recer "três dias d e paz e música". J J H
1970 13 D E ABRIL

"Houston, temos um problema."


A Apollo 13 é obrigada a abortar sua missão lunar depois de uma explosão a bordo.

O Os astronautas Fred Haise, J o h n Swigert e J a m e s Lovell aguardam o resgate depois d e descerem no o c e a n o Pacífico.

0 primeiro d e s e m b a r q u e na Lua, e m 1969, foi segui- nautas a b o r d o usaram o m ó d u l o lunar c o m o célula

d o d e outras missões espaciais bem-sucedidas q u e d e sobrevivência. A reentrada na atmosfera terrestre

exploraram a superfície d o satélite e trouxeram ocorreu e m 17 d e abril e, para alívio d e todos, a nave

.imostras d e solo e rochas. U m qrave problema ocor- d e s c e u corretamente no Pacífico a 6,5km d o navio

leu, p o r é m , c o m a missão Apollo 13, q u e partiu d o d e resgate, o USS IwoJirna.

c a b o K e n n e d y e m 11 d e abril d e 1970. Dois dias d e - As missões à Lua foram determinadas por razoes

pois, a 322.000km da Terra, q u a n d o a nave já se a p r o - f u n d a m e n t a l m e n t e políticas, n u m m o m e n t o e m g u e

ximava da Lua, h o u v e o q u e o c o m a n d a n t e c h a m o u os Estados Unidos pareciam estar s e n d o v e r g o n h o -

d e " u m estrondo". U m t a n q u e d e oxigênio explodiu s a m e n t e ultrapassados pela União Soviética na ex-

no m ó d u l o d e c o m a n d o , reduzindo drasticamente o ploração d o espaço. N o entanto, a melhoria das rela

e s t o q u e d e oxigênio, eletricidade e água. O controle ções americano-soviéticas - para não falar dos custos

da missão e m H o u s t o n decidiu, então, abortar o d e - crescentes - levou os Estados Unidos a reavaliarem

s e m b a r q u e na Lua. seu programa espacial. As missões lunares foram en

A nave p e r m a n e c e u na órbita da Lua até iniciar a cerradas depois d o retorno bem-sucedido da Apollo 17,

|i irnada d e 400.000km d e volta à Terra. Os três astro- e m 1972. R C


Morre Jimi Hendrix
Guitarrista deixa uma concepção absolutamente original do blues elétrico e uma
imagem que marcou a década de 1960.

Hendrix foi u m guitarrista negro, c a n h o t o , q u e criou

a o l o n g o da carreira u m c o m p l e t o vocabulário d e

efeitos sonoros. Mas jamais esteve à v o n t a d e t e n t a n -

d o conciliar sua i m a g e m e seu séquito ligados a o

rock b r a n c o c o m uma relativa falta d e ligação c o m

seu público d e o r i g e m negra.

lames Marshall Hendrix nasceu e m 27 d e n o v e m -

bro d e 1942 e m Seattle, Washington, e g a n h o u sua pri-

meira guitarra aos 12 anos d e idade. E m suas primeiras

gravações e apresentações esteve a o lado d e bluesmen

d o Sul e d e bandas negras urbanas d e rhythm and bli u is

c Sou/ (dentre os guais B. B. King, The Isley Hrolhors e

Little Richard). Sobre essas raízes, Hendrix desenvolveu

u m estilo d e rock nunca ouvido, hipnótico e floreado,

para u m público fundamentalmente branco.

Depois d e ouvi-lo numa boate d e Nova York, Chas

Chandler, ex-baixista d o The Animais, levou-o à Ingla-

terra, o n d e ele se juntou ao baterista Mitch Mitchell e

0 baixista Noel Reading para formar o trio Jimi Hendrix

1 xpurioni o.O númi 'h >ao vivi >om q u e I lendrix li i< ava

a guitarra até c o m os dentes e atrás da cabeça deixou

e m b a s b a c a d o s seus colegas guitarristas ingleses. Seu

jeito fluido d e tocar, c o m muita improvisação e uma

sonoridade singular q u e buscava muitas vezes o feed-

backáo próprio amplifkador, transformou i ompleta-

m e n t e a paisagem sonora d o rock.

Sua morte prematura foi causada por uma mistura

fatal d e drogas e álcool. Ele morreu a c a m i n h o d o hos-

I iii.il sufocado por seu vômito. U m fim decepcionante

para o guitarrista mais inovador da era d o rock. JJH

O Hendrix ficou insatisfeito com sua lendária apresentação no Fes-

tival da Ilha de Wight, Inglaterra, duas semanas antes de morrer.

O Miles Davis, que também tocou no festival, comparece ao

enterro de Hendrix com sua esposa (à esquerda) e uma amiga.


7 DE DEZEMBRO

Ciclone Brandt faz homenagem


Ciclone seguido de grandes enchentes provoca A Alemanha expia seu passado nazista por
imensas perdas no Paquistão Oriental. meio de um ato simbólico de seu chanceler.

C o m ventos d e 185km/h, u m c i c l o n e equivalente a A genuflexão d e Willi Brandt e m h o m e n a g e m às víti

u m furacão d e categoria 3 varreu o Paquistão O r i e n - mas d o nazismo na capital polonesa, Varsóvia, mar

tal. Fortes t e m p e s t a d e s inundaram a região d e n s a - c o u u m a decisiva ruptura da A l e m a n h a c o m a era d e

m e n t e p o v o a d a d o delta d o G a n g e s , fazendo mais Hitler. E m b o r a muito controversa n o país, ela d e u Iní-

d e 300 mil vítimas. U m alerta fora transmitido pelo cio a urna reaproximação q u e i u l m i n o u na reunifica-

rádio, mas não falava d e i n u n d a ç ã o . Estima-se q u e ção da A l e m a n h a e m 1989.

4 5 % dos habitantes d o distrito d e Tazumin t e n h a m Nascido Herbert F r a h m , e m L ü b e c k . e m 1913, o j o -

morrido na tragédia. v e m socialista Brandt era opositor d o nazismo. Q u a n d o

A o todo, 3,6 milhões d e pessoas foram afetadas Hitler assumiu o poder e m 1933, ele fugiu para a Norue-

pelo ciclone. Boa parte da frota pesqueira q u e abaste- ga, , n loiai ii Io a i ii I, ii I, ii lia norueguesa e u m novo nomi'.

cia o Paquistão Oriental d e sua principal fonte d e pro- De volta a seu país d e origem depois da guerra, e tendo

recuperado a cidadania, Brandt ascendeu rapidamente

"Vejo, com satisfação, na hierarquia d o Partido Social-Democrata. C o m o pre-

feito d e Berlim, recebeu o presidente Kennedy durante


que tudo está sendo e sua visita à cidade dividida e m 1961.

será feito." Chanceler da Alemanha Ocidental e m 1969, Brandt

adotou uma controversa Ostpolitik (política para o Les-


P r e s i d e n t e Y a h y a K h a n , n o v e m b r o d e 1970 te) para abrir diálogo c o m a Alemanha Oriental e outros

países comunistas, processo q u e via c o m o benéfico

teínas foi destruída. N u m desastre dessa escala, uma para a disseminação da democracia. A Ostpolitik levou à

rápida o p e r a ç ã o d e socorro era decisiva, razão pela queda d o seu governo. Acredita-se que, numa votação

i lual o g o v e r n o paquistanês, sediado na seção ociden- parlamentai decisiva, os votos d e q u e Brandt precisava

lal d o país, foi d u r a m e n t e criticado. Havia apenas u m só foram obtidos mediante propinas distribuídas pela

helicóptero disponível e só muito lentamente outros Stasi, o serviço secreto da Alemanha Oriental.

'oram mobilizados. O governo paquisianês culpou a O ápice da Ostpolitik foi u m tratado que amenizou

i ibstrução da (ndia pelo atraso - acusação veemente- as relações entre os dois Estados alemães. Simbolica-

i nente negada pelo g o v e r n o indiano - e não permitiu mente, Brandt expiou os crimes nazistas ao se ajoelhar

g u e ajuda indiana c h e g a s s e ao país por via aérea, ante o memorial das vítimas d o levante d e Varsóvia d e

•'wiões agrícolas d o Paquistão Oriental foram ofereci- 1944 - uma revolta d e patriotas poloneses q u e foi afo-

i los para tarefas d e resgate, mas o governo levou dois gada e m sangue pelos nazistas. Alguns alemães viram

dias para aceitá-los. Tanta incompetência propiciou esse ato c o m o u m a h u m i l h a ç ã o nacional. Até a re-

u m rápido e decisivo impulso aos partidos separatis- vista d e centro-esquerda DerSpiegel indagou: " D e v e -

las locais, c o m o a Liga A w a m i , q u e acabariam c o n d u - ria Brandt ter se ajoelhado?" Mas o gesto rendeu-lhe o

zindo o Paguistão Oriental à guerra d e independência título d e H o m e m d o A n o d e 1970 da revista Time e, no

à criação da República d e Bangladesh. J S a n o seguinte, o Prêmio Nobel da Paz. N J


Bangladesh declara independência
Secessão do Paquistão Oriental provoca resposta militar do governo central.

O Tropas indianas são saudadas om Dacca pelo povo da recém-criada República d e Bangladesh.

N i n g u é m se surpreendeu q u a n d o lídeies poiíliios eleições seguintes, o partido separatista Liga A w a m i


d o Paquistão Oriental divulgaram a declaração d e o b t e v e u m a vitória e s m a g a d o r a e, c o m ela, maioria
i n d e p e n d ê n c i a dessa parte d o país. D e s d e a sua cria- na Assembléia Nacional. Os militares se recusaram a
ç ã o e m 1947, o Paguistão foi u m a e n t i d a d e política aceitar o resultado. A resposta, previsível, foi a decla-
problemática, c o m dois territórios separados por ração d e i n d e p e n d ê n c i a .
mais d e 1.600km d e torras indianas. A parto a religião I oi uma doe isáo inaceitável para o g o v e r n o c e n -
islâmica, os dois s e g m e n t o s t i n h a m p o u c a coisa e m tral, g u e já começara a preparar uma brutal c a m p a n h a
( o m u m . 0 Paquistão Ocidental tinha o controle polí- d e repressão. A primeira vítima foi a minoria hindu.
tico d o Estado. E m b o r a mais p o p u l o s o , o Paquistão A recém-formada Mukti Bahini (Força d e Libertação)
Oriental recebia muito m e n o s da m e t a d e d o gasto respondeu c o m ações guerrilheiras. A questão seria
g o v e r n a m e n t a l , era sub-representado n o exército, finalmente decidida pela índia, que, inflamada pelos
enfrentava discriminação na c o n c e s s ã o d e contratos ataques contra os hindus e pela mobilização militar no
públicos e tinha sua liderança política marginalizada. Paquistão Oriental, interveio e m dezembro, t o m a n d o
A reação inepta d o g o v e r n o central aos efeitos d o a capital Dacca e m poucos dias. A nova República d e
ciclone d e 1970 foi, para muitos, a gota d'água. Nas Bangladesh se tornava realidade. J S
Banho de sangue na Irlanda do Norte
Fuzilaria das forças britânicas no "Domingo Sangrento"provoca clamor internacional.

O J o v e n s apedrejam um veículo militar britânico durante os confrontos do " D o m i n g o Sangrento".

Na c i d a d e norte-irlandesa d e D e r r y ( L o n d o n d e r r y violência sectária, as tropas britânicas foram d e início


liara os unionistas d o Ulster), pára-quedistas d o exérci- b e m recebidas pelos republicanos católicos. Mas as re-

lo britânico entraram no bairro republicano d e Bogsi- lações haviam azedado. No c o m e ç o d e 1972, as muni

• ie e abriram fogo contra manifestantes pró-direitos festações pró-direitos civis apoiadas pelos católicos

ivis, m a t a n d o 14 pessoas. O exército declarou g u e terminaram e m confrontos. Em Derry, os confrontos v i -

< 'stivera sob fogo constante e ataque d e granadas por n h a m diminuindo guando os pára-guedistas foram

parte d o Exército Republicano Irlandês (IRA) e só abriu enviados para fazer prisões. Embora advertidos d e que

logo e m autodefesa. Mas n e n h u m soldado ficou feri- o IRA usava essas manifestações c o m o cobertura para

i Io e ativistas locais pró-direitos civis garantiram g u e atiradores, eles lançaram m ã o d e uma violência jamais

i is manifestantes estavam desarmados e g u e a fuzila- explicada, c o m desastrosas conseqüências: a ação bri-

da foi assassinato não provocado. U m relatório oficial tânica foi condenada e m todo o mundo, uma multidão

d o chefe da Suprema Corte, lorde Widgery, e m abril, incendiou a Embaixada Britânica e m Dublin, as hostili

eximindo d e culpa os pára-guedistas, foi recebido dades sectárias se agravaram, o IRA recebeu grande

i o m grande ceticismo até m e s m o na Grã-Bretanha. impulso político e instaurou-se u m quadro d e impasse


e atrocidades terroristas que persistiu por décadas. J S
Enviadas à Irlanda d o Norte e m 1969 para reprimira
1972 2 1 D E F E V E R E I R O
1972 17 D E J U N H O
' 1
Nixon visita Mao Escândalo de Watergate
0 presidente americano opera um Watergate foi o início da queda do
surpreendente golpe diplomático. presidente Nixon.

Q u a n d o o presidente Richard Nixon foi se encontrar A apertada vitória d e Richard Nixon nas eleições p r e -
c o m o presidente M a o Isé fung, os Estados Unidos sidenciais d e 1968 foi recebida c o m consternação
sequer reconheciam diplomaticamente a República por liberais e opositores da Guerra d o Vietnã. Nixon e
Popular da China. Anticomunista ferrenho, Nixon pa seus colaboradores próximos eram paranóicos a res-
recia o m e n o s indicado para uma missão d e boa v o n - peito da oposição. E m 1971, u m a u n i d a d e especial
tade junto à China Continental. M a s e l e tinha uma c o n h e c i d a c o m o "Os e n c a n a d o r e s " foi criada para
v a n t a g e m sobre os demais presidentes d o t e m p o da espionar e frustrar as m a q u i n a ç õ e s dos inimigos d o
Guerra Fria: sabia q u e o m u n d o comunista não era o regime. Entre os espiões e s t a v a m G o r d o n Liddy e
bloco monolítico c o m a n d a d o por M o s c o u q u e m u i - I loward I lunt, dois ex-funcionários da CIA. E m j u n h o
tos s u p u n h a m . Tensões entre M o s c o u e P e q u i m h a - i li • 197 ', i is I st,K li is 1 Inii li is m i ' i g i i l h u i a n numa I I I M I I

viam sido expostas por c h o q u e s d e fronteira n o rio sa crise interna q u a n d o vários "encanadores" foram
1 Issiri, e m março d e 1969, conflito q u e os Estados U n i -

dos poderiam explorar. Mao, cie sua parte, via a ami/a


"Jogue duro. É assim que
d e c o m a superpotência ocidental c o m o uma vanta-

g e m capaz d e contrabalançar a hostilidade soviólic a. eles jogam e é assim que nós


E m abril d e 1971, veio o primeiro sinal d e uma mudai i
vamos jogar."
ça d e atitude: P e q u i m convidou, d e surpresa, a e q u i p e

d e tênis d e mesa dos Estados Unidos para visitar a C h i - O p r e s i d e n t e N i x o n a H . R. H a l d e m a n

na. Os porta-vozes americanos não perderam t e m p o

para insinuar q u e o presidente ficaria e n c a n t a d o d e [ i l e s o s na s e d o d o ( omite Nac ional cio Partido D e -

receber ele próprio u m convite. mocrata, no complexo d e Watergate, Washington,

A aproximação não foi imediata, é claro. O conse- D. C , o n d e haviam instalado e q u i p a m e n t o s d e e s c u -

lheiro d e segurança nacional Henry Kissinger cumpriu ta. Liddy e I lunt estavam culto e l e s .

um intenso programa d e conversações preparatórias S u p u n h a se q u e o presidente nada soubesse a


c o m os chineses. O grande problema era Taiwan, para respeito. E m n o v e m b r o , Nixon foi reeleito por ampla
M a o a p e n a s uma província rebelde cujos dirigentes maioria. P o r é m as investigações d o Washington Post
eram, no entanto, reconhecidos pelos Estados Unidos c o m e ç a r a m a gerar informações perturbadoras s o -
i orno o legítimo governo da China. C o m o nenhuma bre as imposturas d o g o v e r n o . Depois d e se c o n f e s -
das partes podia fazer concessões nessa questão, era sarem culpados d e a r r o m b a m e n t o , os " e n c a n a d o r e s "
preciso encontrar u m m o d o d e evitá-la. Na verdade, es- d e W a t e r g a t e foram c o n d e n a d o s e m janeiro d e 1973,
se processo pavimentou o caminho para o reconheci- mas u m deles escreveu a o juiz para denunciar q u e a
mento oficial da República Popular da China pelos Esta- Casa Branca estava e n c o b r i n d o o seu papel n o caso.
c los Unidos, q u e rendeu ao país u m assento permanente Era c a d a vez mais claro o e n v o l v i m e n t o da Casa B r a n -
i I O Conselho d e Segurança das Nações Unidas. Moscou ca n o escândalo q u e acabaria por derrubar o presi-
foi o grande perdedor nesse jogo diplomático. J S d e n t e Nixon. R C
1972 6 D E SETEMBRO

Massacre em Munique
Celebração da paz nos Jogos Olímpicos termina em horror, com morte de
reféns e um resgate desastroso.

A carnificina dos J o g o s Olímpicos d e M u n i q u e c h e -

gou ao a u g e g u a n d o u m tiroteio entre a polícia d e

M u n i q u e e terroristas palestinos matou todos os nove

atletas israelenses q u e haviam sido tomados c o m o

reféns. Dois outros atletas já haviam sido mortos q u a n -

d o oito m e m b r o s da organização Setembro Negro

entraram na Vila Olímpica e invadiram as residências

israelenses. Os terroristas exigiam a libertação d e mais

d e 200 palestinos mantidos e m prisões israelenses.

Horrorizadas c o m a perspectiva d e d e r r a m a m e n -

to d e mais s a n g u e j u d e u e m solo alemão, as autori-

dades da A l e m a n h a Ocidental estavam inicialmente

propensas a oferecer aos seqüestradores u m a rota

d e fuga. Mas decidiram, a o final, fazer u m a tentativa


d e resgate. Foi u m a decisão fatídica, p o r g u e a polícia

d e M u n i q u e tinha pouca experiência c o m terrorismo

e m e n o s ainda c o m o resgate d e reféns. A tentativa

foi mal conduzida, c o m atiradores mal posicionados,

c o m u n i c a ç õ e s ruins e uma e q u i p e d e policiais n u m

avião q u e veio a a b a n d o n a r sua missão. Morreram os

reféns, u m policial e c i n c o terroristas. Três terroristas

foram capturados, mas: p o u c a s semanas d e p o i s f o -

ram libertados e m troca d e u m avião a l e m ã o s e q ü e s -

trado por seus colegas.

Os J o g o s prosseguiram, mas a tragédia foi u m

alerta ao Ocidente sobre os perigos d o terrorismo mo-

d e r n o e as c o n t r a m e d i d a s necessárias. Foi t a m b é m

o m o m e n t o e m g u e a guestão palestina passou a

ocupar o centro das relações entre o Ocidente e o

i n u n d o árabe, o n d e p e r m a n e c e até hoje. J S

O Um m e m b r o da Organização para a Libertação da Palestina

na sacada d o dormitório dos atletas israelenses.

O Parentes dos 11 atletas assassinados c h e g a m a M u n i q u e para

receber seus caixões.


T973 2 D E J A N E I R O 1973 28 D E JANEIRO

Aborto legalizado Cessar-fogo no Vietnã


Sentença da Suprema Corte no caso Estados Unidos e Vietnã do Norte
Roex Wade legaliza o aborto nos EUA. chegam a um acordo.

Na esteira d o m o v i m e n t o pelos direitos i ivis, i a m Cinco longos anos foram necessários para q u e frutifi-

b é m o m o v i m e n t o feminista g a n h o u bastante terre- cassem as conversações d e paz entre os Estados U n i -

no nos Estados Unidos na d é c a d a d e 1960. U m fator dos e o Vietnã d o Norte visando encerrar a Guerra d o

era a crescente i n d e p e n d ê n c i a das mulheres, q u e já Vietnã. Nesse período, os americanos lançaram maci-

e m g r a n d e n ú m e r o trabalhavam fora d e casa. Outro ças c a m p a n h a s d e bombardeio e registraram-se pesa-

era o clima mais permissivo q u e propiciava discus- das baixas nos dois lados. Dentro dos Estados Unidos,

sões mais abertas d e t e m a s c o m o o aborto, o e s t u - protestos contra a guerra exerciam pressões adicio-

pro e a homossexualidade. nais sobre o presidente Nixon para q u e se chegasse a

E m 1971 e 1972, a S u p r e m a Corte sustentou a u m acordo. O objetivo dos Estados Unidos sempre
i g u a l d a d e legal da mulher c o m base na Lei dos D i - (ora loliiai se, deixando p o r é m para Iras u m Vietnã
reitos Civis d e 1964. N o a n o seguinte, a m e s m a cor- d o Sul i n d e p e n d e n t e e estável. Os norte-vietnamitas
te e x p e d i u u m a sentença a l t a m e n t e controversa n o
caso R o e x W a d e . N o Texas, c o m o na maioria dos
"Firmamos um acordo para
estados, a lei proibia o a b o r t o exceto por motivos
m é d i c o s d e salvaguarda da vida da mao. lane Roe encerrar a guerra e trazer
era o p s e u d ô n i m o d e urna j o v e m d e I )allas, solteira
uma paz honrosa."
e grávida, q u e c o n t e s t o u a c o n s t i t u c i o n a l i d a d e da
lei texana. Ela e outras reclamantes a p e l a r a m à S u - P r e s i d e n t e R i c h a r d N i x o n , j a n e i r o d e 1973

prema C o r t e contra a d e c i s ã o d o p r o c u r a d o r d o
distrito d e Dallas, H e n r y W a d e , d e m o v e r a ç õ e s p e - queriam q u e os americanos partissem, deixando-os
nais e m casos d e aborto. I m b o r a r e c o n h e c e n d o a livres para decidir o destino d e t o d o o Vietnã. O acor-
sensibilidade e o forte c o n t e ú d o emocional da d o final pareceu, inicialmente, favorecer a posição d e
q u e s t ã o , a S u p r e m a Corte d e c i d i u , c o m base na Dé- Washington. U m cessar-fogo imediato entrou e m v i -
< ima Q u a r t a E m e n d a , q u e uma mulher n ã o podia gor. Os dois lados concordaram q u e o povo d o Vietnã
ser l e g a l m e n t e i m p e d i d a d e abortar d u r a n t e os pri- d o Sul era detentor d o direito absoluto d e autodeter-
meiros seis m e s e s d e gravidez p e l o m e r o fato d e a minar seu sistema d e governo. A reunificação d o Nor-
sua vida n ã o correr perigo. te e d o Sul só seria tratada mediante negociações.

O presidente Carter afirmou mais tarde que, a p e - O acordo não mencionava as forças norte-vietna-

sar d e pessoalmente contrário ao aborto, opunha-se mitas estacionadas no Vietnã d o Sul, o que significava

a c o n t e s t a r a decisão da Suprema Corte. Por isso, teve q u e elas podiam permanecer ali, c o m o uma ameaça à

d e enfrentar pesados ataques por parte daqueles sua estabilidade e segurança. Dada a certeza d e que

que, nos Estados Unidos, d e n u n c i a v a m o aborto nada convenceria os americanos a retornarem ao S u -

i orno uma forma d e assassinato. A q u e s t ã o a c a b o u deste Asiático, os norte-vietnamitas se sentiram livres

p e s a n d o no triunfo eleitoral d o republicano Ronald para pôr d e lado seus compromissos e reunificar o país

R e a g a n . e m 1980. R C pela força. Foi o que aconteceu e m abril d e 1975. J S


1973 11 D E SETEMBRO

íolpe brutal derruba Allende


O presidente socialista Salvador Allende é deposto e a ditadura de Pinochet
cai sobre o Chile.

Marxista d e s d e a juventude, Salvador Allende foi f u n -


dador d o Partido Socialista Chileno e m 1933. Concor-
reu à presidência várias vezes nas décadas d e 1950 e
1960, até vencer finalmente, e m 1970, c o m o candidato
d e u m g r u p o a u t o d e n o m i n a d o U n i d a d e Popular,
apoiado principalmente por socialistas e comunistas.
Allende governou o Chile e m termos amistosos c o m
os regimes (omunislas d e ( uba e da ( hina, c ulminan-
do c o m uma longa visita d e Fidel Castro ao Chile e m
1971. Mas os esforços d e Allende para fazer d o Chile u m
país socialista enfraqueceram seriamente a economia
e suscitaram uma feroz e violenta oposição. E m a g o s -
to d e 1973, o presidente declarou q u e o país se e n c o n -
trava À beira d e uma g u e n u i ivil. Ali'- que ponto os Es-
tados Unidos contribuíram para a queda d e Allende é
um tema controverso, mas a CIA foi, certamente, a u t o -
rizada a gastar milhões d e dólares para derrubá-lo.

No c o m e ç o d e setembro, a cidade d e Santiago vi-


nha sendo sacudida por imensas manifestações rivais
até que os líderes d o exército, marinha, aeronáutica e
guarda nacional chilenos decidiram < lai i im golpe bru-
tal. Anuni lando a "libertação da pátria d o j u g o marxis-
ta", eles prenderam inúmeros líderes esguerdistas, t o -
maram o controle militar das fábricas e bairros operários
e decretaram lei marcial. Aprisionado no palácio presi-
dencial, Allende ordenou que a bandeira branca fosse
içada e m sinal d e rendição. Ouviram-se dois tiros. Seu
cadáver foi encontrado ao lado d e uma metralhadora.
Toda a resistência no palácio cessou e Augusto Pino-
chet foi proclamado presidente d o país. R C

O O presidente Allende fotografado e m fevereiro de 1973, sete

meses antes de seu assassinato.

O Salvador Allende em seu último dia c o m o presidente,

fotografado durante o golpe que o derrubou.


1973 6 D E OUTUBRO

A Guerra do Yom Kippur


Ataque surpresa durante feriado religioso abala Israel.

O Soldados egípcios apris lados pelas trop, lurante a Guerra d o Yom Kippur.

Forças egípcias e sírias usaram o feriado religioso j u - Apesar d e curta, a Guerra d o Yom Kippur teve gran-

d e u d o Y o m Kippur (Dia d o 1'erdão) para lançai u m d e importância. Para Israel, foi uma advertência d e que
ataque surpresa contra Israel. Enquanto as forças sírias os dias das vitórias fáceis estavam contados. Para os ára-
irrompiam nas colinas d e Golan, os egípcios cruzavam bes, q u e esperavam recuperar os territórios perdidos
o canal d e Suez rumo a o Sinai. Nos primeiros dias, a e m 1967, foi u m doloroso fracasso que, no entanto, ser-
situação israelense pareceu desesperadora, c o m pesa- viu para romper o impasse estratégico e diplomático
das baixas e frenéticos esforços para mobilizar suas e m q u e se encontrava a região desde 1967. A guerra
reservas. O país acabaria sendo salvo pela má c o o r d e - ameaçara causar u m grande confronto entre Moscou e
nação d e seus inimigos, por u m maciço envio d e e q u i - Washington, levando-os a trabalhar contra o risco d e
pamentos americanos e pelo pronto fornecimento d e novas hostilidades na região. A Organização dos Países
informações sobre as forças inimigas por parte dos Exportadores d e Petróleo (OPEP) impôs pesadas san-
E s t a d o s U n i d o s . O s sírios f o r a m d e r r o t a d o s e u m ções ao Ocidente, c o n v e n c e n d o os europeus da neces-
contra-ataque pelo canal d e Suez deixou c e r c a d o o sidade da paz. Até a linha-dura israelense reconheceu
Terceiro Exército egípcio. Em m e n o s d e três semanas q u e u m acordo, pelo menos c o m o Egito, seu mais for-
chegou-se a u m cessar-fogo favorável a Israel.
midável inimigo, teria d e ser negociado. J S
1973 17 D E OUTUBRO

0 embargo do petróleo
OPEP faz o Ocidente pagar caro pelo apoio a Israel.

O Carros fazem fila num posto de gasolina do Brooklyn, Nova York, durante o embargo do petróleo.

O m u n d o árabe reagiu à vitória d e Israel sobre seus vizi- to d e exportação dos países árabes. A OPEP foi criada
nhos na Guerra d o Yom Kippur. A Organização dos Paí- para seus membros poderem resistir e m bloco à pres-
ses Exportadores d e Petróleo (OPEP), cartel internacio- são ocidental pela manutenção dos baixos preços
nal dominado pelos países d o Oriente Médio, usou pela Foram tremendas as conseqüências a curto prazo
primeira vez os seus recursos petrolíferos c o m o arma, da decisão da OPEP. O Ocidente foi assolado pela infla-
anunciando u m embargo total d o abastecimento d e ção e pela estagnação econômica, os preços da gasoli
petróleo bruto aos Estados Unidos. A extensão d o e m - na quadruplicaram e o desemprego cresceu. Os expor-
bargo aos aliados ocidentais impôs u m imediato a u - tadores ganharam uma imensa riqueza, boa parte da
m e n t o d e 7 0 % n o preço da gasolina, levando-os à qual permaneceu nas mãos da elite política o u foi gasta
recessão econômica. Na realidade, a ação da O P E P não e m armamentos. Mas os Estados Unidos, que não dei-
era mera demonstração d e solidariedade ao Egito e à xaram d e apoiar Israel, buscaram fontes alternativas. Em
Síria, mas o resultado d o profundo ressentimento c o n - u m mês, o Congresso americano aprovou a construção
tra a exploração ocidental. O crescimento econômico d o oleoduto Trans-Alasca, capaz d e transportar dois m i -
d o Ocidente se baseara e m energia barata. Pagava-se
lhões d e barris d e petróleo por dia. E m uma década, a
uma ninharia pelo g u e era praticamente o único produ-
OPEP teve o seu poder bastante reduzido. J S
1974 2 5 D E ABRIL

A Revolução dos Cravos


Um golpe militar de esquerda encerra a era do governo autoritário em Portugal.

IV

O Três dias depois do golpe, tropas do Mf-A em l isboa Ira/em c ravos vermelhos na lapela como símbolo da revolução pac ilu a em Portugal.

P o u c o d e p o i s da meia-noite d e 25 d e abril d e 1974, a I Isboa. Muitos ostentavam cravos vermelhos, trazi-

rádio estatal portuguesa t o c o u "Grândola, Vila More- d o s d o m e r c a d o d e flores, q u e a c a b a r a m nos canos


n.i", uma c a n ç ã o d o compositor populai /o< a Afon- dos fuzis dos soldados. Os cravos v i e r a m a simbolizar
so. Os ouvintes d e v e m ter se surpreendido, p o r q u e o a revolução, e m q u e praticamente n ã o h o u v e v i o l ê n -
g o v e r n o direitista d o primeiro-ministro Marcelo Cae- cia. C a e t a n o fugiu para o Brasil e u m respeitado ofi-
I.IIIO proscrevera Afonso c o m o suposto comunista. cial, general A n t ô n i o Spínola, foi g u i n d a d o a o poder.
Mas para os j o v e n s oficiais das forças armadas p o r t u - Portugal passara mais d e 40 anos e s t a g n a d o sob
guesas tratava-se d e u m m o m e n t o muito esperado: o E s t a d o N o v o instituído e presidido por A n t ô n i o
"i iiãndola, Vila Morena" era a senha para o início d e Salazar, v i v e n d o d e u m império africano g u e lhe ren-
u m g o l p e revolucionário. dia custosas guerras contra m o v i m e n t o s d e i n d e -

N o transcurso da noite, o M o v i m e n t o das Forças p e n d ê n c i a e m Angola, M o ç a m b i g u e e Guiné-Bissau.


A r m a d a s (MFA) o c u p o u pontos-chave e m t o d o o A transição para o n o v o regime não foi fácil. Spínola
país. O p o v o p o r t u g u ê s a c o r d o u c o m o anúncio d o c e d o se d e s e n t e n d e u c o m o esguerdista MFA, mas,
q o l p e e u m a p e l o à calma. D e s o b e d e c e n d o as ins- d e p o i s d e u m p e r í o d o turbulento, o país emergiu
truções d o M F A , multidões se reuniram no centro d e e m 1976 c o m o uma democracia liberal. R G
1974 9 D E AGOSTO

Nixon é forçado a renunciar


O presidente americano Richard Nixon renuncia em face do impeachment iminente.

O O presidente Richard Nixon apresenta sua

O comitê d o Senado instituído para investigar o caso deu-lhe o perdão total. Mas as investigações d o Con
Watergate havia descoberto q u e o presidente Nixon g r e s s o , d o FBI e da imprensa implicaram funcionários
possuía gravações comprometedoras q u e comprova- e agências d o g o v e r n o e m u m a série d e atividades
v a m seu envolvimento pessoal. Embora Nixon tenha se ilegais - d e c a m b a l a c h o s eleitorais a fraudes e e s c u -
recusado a entregar as fitas e tentado impedir que tas telefônicas ilegais - e n v o l v e n d o o uso d o FBI, da
funcionários fossem interrogados, J o h n Dean, u m d e CIA e das autoridades fiscais contra os "inimigos" d o
seus conselheiros, disse o que sabia e implicou dois dos regime. Atividades ilegais passadas foram t a m b é m
mais próximos colaboradores d o presidente, J o h n D. trazidas à luz. Descobriu-se q u e a CIA havia conspira-
Ehrlichmanne 11. R. Haldeman. Eles tentaram negar seu d o para o assassinato d e políticos estrangeiros, entra
envolvimento e o d o presidente, mas ficou claro q u e os quais Fidel Castro, e m a n t i d o relações estreitas
Nixon estava mentindo. E m julho d e 1974, o Comitê J u - c o m a Máfia. Ficou claro q u e havia muito os altos es-
diciário da Câmara dos Deputados aprovou uma reco- calões d o g o v e r n o dos Estados Unidos c o m a n d a v a m
m e n d a ç ã o d e impeachment c o m base e m três artigos. o p e r a ç õ e s clandestinas ilegais. A crescente hostilida-

O j o g o terminou c o m a renúncia d o presidente. d e pública a tais atividades contribuiu para a derrota d e

Seu sucessor, o vice-presidente Gerald Ford, c o n c e - Ford para J i m m y Carter na eleição d e 1976. R C
1997
75Í 4 DE ABRIL

É fundada a Microsoft
O começo de uma imensa fortuna e da maior acumulação de poder da história.

Hlsai
O Paul Allen e Bill Gates, e m 1981, depois de assinarem contrato com a IHM.

l u d o c o m e ç o u e m 1975, q u a n d o u m e s t u d a n t e d e software, posição confirmada pelo lançamento da pri-

I larvard, d e 19 anos, e seu colega d e escola criaram o meira versão d o W i n d o w s , e m 1985. Muitos d e seus

interpretador BASIC para u m c o m p u t a d o i recém- produtos eram vendidos "embutidos" nos PCs. Em

lançado c o n h e c i d o c o m o Altair 8800. Para se c o n - p o u c o t e m p o , a Mii rosoft i o n t r o l a v a uma e n o r m e

centrar e m sua produção, os dois se m u d a r a m para fatia d o m e r c a d o m u n d i a l d e sistemas operacionais

A l b u q u e r q u e , N o v o México, e f u n d a r a m u m a e m p r e - d e c o m p u t a ç ã o e softwares para c o m p u t a d o r e s pes-

sa, a Micro-soft. A marca (sem o hífen) foi registrada soais e comerciais. Apesar das queixas contra seu d o -

e m n o v e m b r o d e 1976. mínio quase absoluto d o m e r c a d o d e software, além

Mas o g r a n d e salto se d e u e m 1980, q u a n d o a g i - dos defeitos d e seus produtos, a Microsoft construiu

gante d o s c o m p u t a d o r e s IBM procurou a Microsoft uma onipresença mundial sem paralelo.

para q u e produzisse u m interpretador para seu novo Seus fundadores foram Bill Gates e Paul Allen. Em

i o m p u t a d o r pessoal (PC). A Microsoft a c a b o u contra- meados dos anos 1980, Allen se afastou por problemas

tada para fornecer seu sistema operacional, c o n h e c i - d e saúde, mas continuou acionista majoritário. Gates se

d o c o m o MS-DOS. A popularidade d o IBM PC e d e tornou o h o m e m mais rico d o m u n d o e Allen, o s e g u n -

seus clones fizeram da Microsoft uma potência e m d o mais rico dos Estados Unidos, atrás d e Gates. P F
1975 17 D E ABRIL

Pol Pot toma o poder no Camboja


O Khmer Vermelho toma Phnom Penh e começa a se vingar de seus adversários.

O Guerrilheiros d o Khmer Vermelho circulam d e jipe pelas ruas de P h n o m P e n h após assumirem o controle d o Camboja.

O fim da ajuda americana s u b s e q ü e n t e a o cessar-fo- d o A n o Z e r o , g u e significava u m a c o m p l e t a r u p i u


g o no Vietnã, e m 1973, e o b o m b a r d e i o maciço d o ra c o m o passado. 0 p o v o c a m b o j a n o criaria a per-
país pelas forças americanas q u e t e n t a v a m cortar as feita s o c i e d a d e revolucionária, q u e para Pol Pot
rotas d e a b a s t e c i m e n t o v i e t c o n g u e s no Vietnã d o era u m a s o c i e d a d e c a m p o n e s a . As c i d a d e s f o r a m
Sul haviam desestabilizado seriamente o Camboja. esvaziadas d e seus habitantes, escravizados e m a n
Q u a n d o a guerrilha comunista d o Khmer V e r m e l h o tidos à m i n g u a e m i m e n s a s f a z e n d a s coletivas. (>
iniciou sua ofensiva contra a capital, P h n o m P e n h , d i n h e i r o , a e d u c a ç ã o , a p r o p r i e d a d e privada e a
e m janeiro d e 1975, a resistência s u c u m b i u rapida- religião f o r a m b a n i d o s . E m sua curta vida, o regi
m e n t e . E m fevereiro, o Khmer t o m o u o controle das m e d e Pol Pot assassinou e n t r e u m e três m i l h õ e s
m a r g e n s d o rio M e k o n g e cortou o abastecimento d e seus c o m p a t r i o t a s . M a s n ã o foi por seus c r i m e s
da capital. S e m alimentos n e m munições, a resistên- g u e o r e g i m e foi d e r r u b a d o , e sim por sua hostili-
cia g o v e r n a m e n t a l entrou e m colapso. d a d e e m relação aos v i e t n a m i t a s . U m a invasão,
Esperava-se, d e início, g u e o K h m e r V e r m e l h o e m d e z e m b r o d e 1978, o b r i g o u o K h m e r V e r m e l h o
governasse c o m moderação. Mas a esperança d u - a se refugiar nas m o n t a n h a s , o n d e iniciou uma
rou p o u c o . S e u líder, Pol Pot, a n u n c i o u o a d v e n t o n o v a a t i v i d a d e guerrilheira. J S
1975 3 0 D E A B R I 1975 l e
DE OUTUBRO

Retirada americana Tira-teima em Manila


Os americanos evacuam Saigon, dei- Mohamed Ali entra para a história do
xando o Vietnã do Sul à sua própria sorte. boxe profissional.

A maior o p e r a ç ã o d e e v a c u a ç ã o por helicópteros da U m a das mais f a m o s a s lutas d e b o x e d e t o d o s os

História foi a retirada dos a m e r i c a n o s d e sua E m - t e m p o s foi a r e v a n c h e entre os e x - c a m p e õ e s m u n -

baixada e m Saigon e n q u a n t o as forças norte-vietna- diais J o e Frazier e M o h a m e d Ali e m o u t u b r o d e

mitas convergiam sobre a cidade. Milhares d e cidadãos 1975, q u a n d o este c o n t a v a 33 anos. Nas d u a s o c a -

sul-vietnamitas q u e haviam a p o i a d o a presença a m e - siões anteriores, e m 1971 e 1974, cada u m havia v e n -

ricana no Vietnã d o Sul foram t a m b é m evacuados, c i d o u m a luta,

m a s m i l h a r e s d e o u t r o s f o r a m d e i x a d o s para trás. Ali era r e c o n h e c i d o c o m o u m boxeador e x c e p -

A b e m da verdade, a hora d o Vietnã d o Sul já havia cional d e s d e 1960, q u a n d o conquistou a medalha d e

soado. D e s d e o cessar-fogo d e 1973, q u e permitiu a ouro olímpica ainda c o m o Cassius Clay. Mas seu jeito

permanência das tropas d o Vietnã d o N o r t e estacio- c o n v e n c i d o e seu estilo direto levaram-no a ser c o n -

nadas no Sul, s o m e n t e a ameaça d e u m retorno dos d e n a d o por s e g m e n t o s sociais brancos e ainda o u -


tros q u a n d o se c o n v e r t e u a o Islamismo e a b a n d o n o u
seu " n o m e d e escravo". Para culminar, Ali se recusou
"Temos poucas opções...
a servir n o Exército d o s Estados Unidos, o q u e lhe
Não podemos abandonar c a u s o u a perda d o cinturão e m 196/.

nossos amigos." A rivalidade entre os dois lutadores c o m e ç o u


ainda antes da primeira lula, q u a n d o Ali represi srtava
P r e s i d e n t e G e r a l d F o r d , a b r i l d e 1975 os q u e se o p u n h a m à ( iiieua d o Vietnã, e I lu/ier a
o r d e m estabelecida, pró-guerra. Ali c h e g o u para o

Estados Unidos poderia impedir o seu avanço final tira-teima u m tanto dospropuiado. Pra/ier, irritado

para reunificar o país. Q u a n d o , e m 1974, a ajuda a m e - c o m as ofensas verbais d e Ali (que o c h a m o u d e

ricana a o Vietnã d o Sul foi substancialmente reduzida, " c a m p e ã o dos brancos" e sugeriu q u e ele n ã o passa-

ficou claro q u e não existia tal compromisso. A ofensiva va d e u m gorila), havia treinado c o m determinação.

d o Norte foi lançada e m dezembro d e 1974, deixando A luta c o m e ç o u c o m u m massacre d e Ali, mas
as forças d o Sul e m posição desesperadora. Frazier resistiu e seguiu a t a c a n d o e n q u a n t o Ali c o -

Não obstante os apelos d o presidente Gerald Ford, m e ç a v a a cansar. Mas depois d o d é c i m o assalto, c o m

estava claro q u e o Congresso não aprovaria o retorno os dois lutadores exaustos, Ali c o n s e g u i u reafirmar

das forças americanas. Essa declarada deserção foi e m si sua autoridade. Frazier se recusou o b s t i n a d a m e n t e a

mi 'sma suficiente para destruir o moral dos sul-vietna- jogar a toalha, mas p e r d e u por n o c a u t e t é c n i c o no

11 Mi as. l-mbora as forças d o Vietnã d o Norte não tenham fim d o d é c i m o guarto assalto, g u a n d o já não c o n s e -

leito n e n h u m esforço para impedir a evacuação ameri- guia ver p r a t i c a m e n t e nada. O próprio Ali d e s a b o u ,

i ana, as imagens das turbas sul-vietnamitas tentando sem forças, depois d e sua histórica vitória. P F

desesperadamente entrar na Embaixada dos Estados


Unidos para conseguir lugar nos últimos vôos tornou- O Frazier recebe um g o l p e na cabeça durante o pesado ataque
si o símbolo da humilhação da superpotência. J S
1
de Ali, que acabou pondo f i m à luta.
1975 2 2 D E NOVEMBRO

A democracia chega à Espanha


Juan Carlos I é coroado rei da Espanha com o fim da ditadura.

A Espanha, q u e desde o fim da guerra vivia numa fenda

d o t e m p o graças à longevidade d e seu ditador, Francis-

( i ) I r.iiuo, enfrenlava sérios problemas quando luan

Carlos subiu ao trono, e m 1975. A centralizada e c o n o -

mia espanhola, e m situação muito vulnerável devido à

recessão econômica global, recebeu u m golpe adicio-

nal q u a n d o a Grã-Bretanha, principal parceiro comercial

d o país, juntou-se à União Européia e m 1973. U m a infla-

ção galopante atingiu duramente a sua classe média

normalmente impassível e a insatisfação emergiu c o m

estridência entre estudantes universitários e o p e r á r i o s :

industriais. Os trabalhadores tentavam criar novos sindi-

catos à m a r g e m da estrutura sindical controlada pelo

Estado e suas reivindicações eram abertamente apoia-

das por urna parle imporlanle d o < leio, q u e seguia os

ensinamentos d o papa J o ã o XXIII. Aumentava, t a m b é m ,

a oposição à presença das bases americanas na Espa-

nha (era d o interesse dos Estados Unidos sustentar o

status quo fascista contra o comunismo), ao passo q u e a

ETA, facção militante d o movimento separatista basco,

intensificava sua campanha d e violência: supõe-se q u e

tenha sido a responsável pelo assassinato d o vice-presi-

dente do l iani o, < aiiino I3l.ii it o, e m !<)/',. A derrubada

li i tei |imi lasi ísla amii |o d e 1'otlui |al, e m I >74,11 intri


1

buiu para abalar ainda mais a saúde d e Franco. 0 primei-

ro-ministro Carlos Árias Navarro, u m arquiconservador,


O Madrllenhos lêem sobre a morte de Franco. Em seu leito de mor- agravou a situação c o m sua hesitação ante as reformas.
11', o ditador pediu ao povo espanhol que apoiasse o novo rei. A morte d e Franco e m 20 d e novembro d e 1975 foi,

e m certo sentido, um mero prelúdio. Seis anos antes ele

havia indicado J u a n Carlos d e Bourbon para sucedê-lo.


"[Restabelecer a democracia J u a n Carlos, q u e era considerado defensor das políticas

e tornar-me] rei de todos os d e Franco e havia jurado fidelidade ao partido fascista

(El Movimiento Nacional), t a m b é m aspirava às reformas.


espanhóis, sem exceção." Mas a mudança não aconteceria da noite para o dia,
J u a n C a r l o s , p r i m e i r o discurso a o P a r l a m e n t o , 1975 apesar da abertura d o debate político e da vida partidá-

ria pela primeira vez desde a década d e 1930. J J H


1976 1- DE ABRIL

É fundada a Apple
A Apple desafia o domínio mundial da Microsoft.

A A p p l e C o m p u t e r Co. foi fundada e m abril d e 1976

por Stovo Wozniak, u m entusiasta da eletrônica q u e

trabalhava para a Hewlett-Packard, n o Vale d o Silício,

perto d e S ã o Francisco, e S t e v e J o b s , na é p o c a cria-

dor d e v i d e o g a m e s . Wozniak havia projetado um

c o m p u t a d o r para seu uso pessoal sobre uma placa

d e circuito integrado; J o b s o c o n v e n c e u a produzir,

em pau oi ia, u m mo< li I o 11 m i r n ial.

O n o m e foi escolhido para figurar no início da lista

das firmas d e computação, à frente da Atari, uma e m -

presa muito maior. Seu primeiro produto, fabricado no

quarto e na garagem d e Jobs, foi o Apple I, u m dos pri-

meiros computadores pessoais a chegar ao mercado.

Tendo c o m o inovações uma tela d e T V e u m teclado, o

Apple I i uslava 066,66 (lólaies. Uma versão atualizada,


o Apple II, saiu no ano seguinte, c o m gráficos d e alta

resolução que permitiam a exibição d e figuras.

E m janeiro d e 1984 eles lançaram a primeira ver-

são d o A p p l e Macintosh, u m c o m p u t a d o r c o m u m

monitor n u m único console. Ele trouxe o conceito d e

"interface gráfica d o usuário" e o mouse, numa é p o c a

e m q u e os PCs usavam o sistema operacional m e n o s

amigável MS-DOS. 0 A p p l e Macintosh entrou no mer-

c a d o c o m o concorrente direto e mais sofisticado d o

PC, mais barato; desse m o m e n t o e m diante, a Apple

criou e m a n t e v e uma sólida reputação d e produtos

b e m projetados - embora destinados a u m mercado O Steve J o b s mostra um j o g o de xadrez no monitor de um

mais restrito -, e m p r e g a n d o a integração vertical d e computador Apple II, e m 1979.

hardware e software q u e os tornou especialmente

atraentes para as atividades da área d e criação.

E m abril d e 1981, uma amnésia temporária d e -


"...tudo o que uma apple
corrente d e u m acidente aéreo obrigou Wozniak a representa dentro de casa,
renunciar à posição d e diretor-chefe d e desenvolvi-

m e n t o d e produtos da A p p l e . E m 1986, ele deixou d e


de saudável e de pessoal."
trabalhar e m t e m p o integral na empresa, retornando Steve Wozniak
a o posto d e diretor-executivo e m 1997. P F
1976 16 D E JUNHO

Protesto estudantil em Soweto


Polícia sul-africana reprime a tiros manifestação estudantil contra a obrigatoriedade
do idioma africâner nas escolas.

0 que pretendia ser uma pacífica manifestação estu-


dantil n o distrito d e S o w e t o acabou e m violência, c o m
23 mortos, O motivo d o protesto foi o decreto do ensi-
no médio e m africâner, d e 1974. Alarmado c o m o declí-
nio d o uso d o africâner - idioma dos colonos brancos
d e origem holandesa -, o governo sul-africano decidiu
q u e m e t a d e das matérias d e v e r i a m ter aulas minis-
tradas n o idioma oficial, e m t o d a s as escolas secun-
dárias d o país. Mas o africâner não apenas tinha pouco
uso prático c o m o era amplamente visto c o m o o idioma
do opressor. Uma greve dos alunos da Orlando West
Júnior S< hool, om abril, dou ink io a uma onda do pro-
testos. O comício d e junho, secretamente planejado,
p e g o u d e surpresa a polícia. O uso d e b o m b a s d e gás
lacrimogêneo foi respondido c o m pedradas, ao q u e a
polícia reagiu atirando a esmo.

Era d e esperar o surgimento d e novas formas d e


r oniosiac.áo d o aparthckl. Vitórias do m o v i m e n t o s
nacionalistas c o m o a Frelimo, e m M o ç a m b i q u e , e m

1975, mostraram q u e os africanos p o d i a m derrotar os


governantes coloniais. Por toda a África d o Sul, u m
n o v o espírito d e desafio e autoconfiança se difundia
entre os jovens. A questão d o idioma, q u e represen-
tava as frustrações e os ressentimentos da j u v e n t u d e
africana, mobilizou politicamente toda uma g e r a ç ã o .
As forças d e s e g u r a n ç a da África d o Sul nunca mais
c o n s e g u i r a m impor a paz e a estabilidade anteriores.
A luta pela libertação havia c o m e ç a d o para valer. E m

1976, mais d e 700 pessoas foram mortas e m distúr-


bios civis. A África d o Sul se via diante da c o n d e n a ç ã o
mundial, da intensificação dos boicotes e d e urna
crescente instabilidade e c o n ô m i c a . J S

O Com pedras na mão, estudantes d e S o w e t o saem às ruas para

se j u n t a r á revolta.
1976 4 D E JULHO 977 31 D E JANEIRO

Vitória em Entebbe Viva a modernidade!


Comandos israelenses mostram ao 0 Centro Pompidou abre as portas
mundo como lidar com seqüestradores. em Paris.

N u m a espetacular d e m o n s t r a ç ã o d e técnica militar, O longamente aguardado o t a m b é m muito critíi adi >

c o m a n d o s israelenses a c a b a r a m < o m u m seqüestro Centro P o m p i d o u , localizado na área d o B e a u b o u i g

d e j u d e u s n o a e r o p o r t o da capital d e U g a n d a . 0 d e Paris, foi uma iniciativa d e G e o r g e s P o m p i d o u ,

d r a m a c o m e ç o u uma s e m a n a antes, g u a n d o guatro presidente da França d e 1969a 1974. Ele quis criar um

militantes, dois dos guais da Frente Popular para a e s p a ç o m o d e r n o o n d e artes visuais, música, teatro,

L i b e r t a ç ã o da Palestina (FPLP) e dois da Fração d o c inema e literatura pudessem ser reunidos e desfruta

Exército V e r m e l h o da A l e m a n h a , s o g ü o s i r a i a m u m dos por todos. Seus principais arquitetos, Renzo Piano

avião da Air France n u m v ô o entre Israel e Paris. e Richard e Susan Rogers, eram desconhecidos, mas o

A o c h e g a r a E n t e b b e , foram recebidos p e l o ditador projeto foi definitivamente inovador.

d e U g a n d a , Idi A m i n , g u e fez u m discurso e m a p o i o Para maximizar o espaço no edifício, d e sete pavi-

à FPLP. Os seqüestradores libertaram a maioria d o s mentes, os cabos elétricos, e n c a n a m e n t o s e demais

instalações foram acondicionados e m dutos d e cores

"Essa operação com certeza vivas, externos ao edifício. As escadas rolantes, igual-

m e n t e externas e instaladas dentro d e tubos d e plásti-


ficará registrada nos anais co < olor ido, propor c ionam magníficas vistas d e Paris

da história militar..." Seus críticos descreveram-no c o m o u m edifício "vira

d o ao avesso", ao passo q u e seus admiradores se der-


Y i t z h a k R a b i n , p r i m e i r o - m i n i s t r o d e I s r a e l , 1976 ramaram e m elogios à visão e audácia d o projeto.

O Centro abriga uma imensa biblioteca pública,

passageiros, mas m a n t i v e r a m os c i d a d ã o s israelen- g u e ocupa três pavimentes, u m museu d e arte modi i

ses e t o d o s os q u e t i n h a m n o m e s j u d e u s . Eles exi- na c o m 50 mil obras, um centro d e música e um cenin >

g i a m a libertação d e 53 militantes aprisionados e m d e conferências, além d e restaurantes e áreas d e rei roa

c i n c o países diferentes e a m e a ç a v a m matar os r e - ção infantil. A praça externa se converteu em um pc >| >i i

féns. Os militares israelenses r a p i d a m e n t e planeja- lar local d e encontro dos parisienses e um ponto prefe-

ram sua resposta. rencial d e artistas d e rua. Construído para gue pessc ias

Três aviões p o u s a r a m no a e r o p o r t o c o m cerca d e todas as idades e origens pudessem experimentar c >

d e 200 soldados, q u e a t a c a r a m i m e d i a t a m e n t e o contato c o m a cultu ra moderna, o Centro deve ser c < >i i

edifício principal, Todos os militantes e cerca d e 20 siderado u m grande sucesso: seus 25 mil visitantes dlá

soldados u g a n d e n s e s foram mortos. Os israelenses rios fazem dele a mais popular atração turística d e Paris

sofreram uma única baixa, o c o m a n d a n t e da o p e r a - Tão popular g u e na década d e 1990 precisou s e r i e ha

ção. D e p o i s d e destruir 17 caças no solo para i m p e - d o durante mais d e dois anos para reformas gue pie

dir a p e r s e g u i ç ã o , eles v o a r a m d e volta a Israel via viam, dentre outras coisas, a eliminação de escritor ii >s

Nairóbi, o n d e alguns dos feridos foram hospitaliza- para ampliação da área d e exposição. Ainda que muitos

dos. O sucesso d o a t a g u e se transformaria n u m m o - continuem a detestá-lo, o Centro Pompidou se tornou

tivo d e o r g u l h o para os israelenses. J S u m símbolo internacional do m u n d o moderno. J S


1977 2 5 D E MAIO

Guerra nas estrelas A morte de Elvis


Primeiro filme da saga épica de George O "Rei do R o c k " morre em casa, de
Lucas é lançado nos Estados Unidos. ataque cardíaco.

George Lucas, u m dos "pirralhos" d e H o l y w o o d (a nas- O "Rei d o Rock" - o u simplesmente "O Rei" - teve uma
( e n t e geração d e ambiciosos cineastas q u e t a m b é m morte aviltante no banheiro do sua suíte, inloxicado
incluía Steven Spielbcrg o Frant is Ford Coppola), escre- c o m (ornida ordinária, anali jósic os, pílulas pata dormir
veu e dirigiu essa aventura espacial q u e veio a se tomar e sedativos. A causa mortis foi arritmia cardíaca. Havia
uma das mais bem-sucedidas e influentes idéias cine- anos Elvis sofria d e vários problemas d e intestino e fí-
matográficas d e todos os tempos. Foi t a m b é m o pri g a d o . Ele tinha 42 anos e vivia e m Graceland, sua pro-
meiro dos seis filmes da série, embora o quarto na se- priedade e m M e m p h i s , Tennessee.
qüência narrativa. Os filmes luiam lançados e m duas N o dia seguinte, 50 mil fãs acorreram à sua casa,
liilogias, a primeira das quais i ompieendia fiiieiranu\ d e cujo vestíbulo se podia ver o c o r p o dentro d e u m
estrelas, rebatizado Guerra nas estrelas: Uma nova espe- caixão d e cobre. Nesse m e s m o dia, 20 milhões d e
rança (1977), Guerra nas estrelas: O Império contra-ataca cópias d e seus discos foram vendidas. Seu c o r p o foi
(1980) e Guerra nas estrelas: O retorno de Jedi (1983). A se-
gunda trilogia foi lançada entre 1999 e 2005.
"A morte de Elvis Presley
Inspirando-se e m uma variada coleção d e histó-
rias mitológicas e d e ação saídas d e gibis e filmes, L u - priva nosso país de uma
cas c o n c e b e u Guerra nas estrelas e m 1974, mas teve
parte de si mesmo."
dificuldade d e om onlrar o m 1 lollywood u m estúdio
disposto a investir no projeto - até a Twentieth Cen- P r e s i d e n t e J i m m y C a r t e r , 1977

tury Fox decidir bancá-lo. Guerra nas estrelas é, e s s e n -


cialmente, u m a série d e aventura, c o m histórias pseu- enterrado a o lado d o d e sua m ã e , mas seu t ú m u l o foi
domitológicas traveslidas d e psicologia pop. O conflito violado no m ê s seguinte - o q u e levou à decisão d e
épico entre o b e m (ene a m a d o pelo personagem piin transferi-lo para Graceland. Alguns fãs diziam q u e ele
cipal Luke Skywalker) e o mal (encarnado por Darth não estava morto, mas escondido, razão pela qual
Vader, q u e é na verdade o pai d e Luke) mobiliza uma durante anos se relataram aparições d e Elvis e m t o -
misteriosa força onipresente e o culto dos cavaleiros dos os Estados Unidos.
ledi, uma entidade cósmica a serviço d o b e m .
I Ivis gravou e se apresentou c o n t i n u a m e n t e até
A expressão Guerra nas estrelas passou da cultura p o u c o antes d e morrer. S í m b o l o a c a b a d o da rebelião
popular à política internacional e m março d e 1983, a d o l e s c e n t e e da liberdade sexual na d é c a d a de
q u a n d o o presidente americano Ronald Reagan anun 1950, o garoto d o Mississippi trouxe a música negra à
ciou o plano futurista d e u m sistema d e defesa baseado a t e n ç ã o d e milhões d e adolescentes brancos e se
no espaço, c h a m a d o Iniciativa d e Defesa Estratégica, tornou u m í c o n e da América conservadora a o fazer
r ontra a ameaça dos mísseis soviéticos. Exigindo muita c a m p a n h a contra a influência d o s Beatles, q u e c o n s i -
loi nologia jamais testada, o plano foi batizado Guerra derava perigosa. Diz-se q u e uma apresentação sua
nas estrelas por aqueles que acreditavam que ele só na IV, e m 1973, t e v e uma audiência global maior q u e
I roderia existir no reino da ficção científica. P F a d o p o u s o na Lua. P F
1977 12 D E SETEMBRO

Steve Biko morre sob custódia da polícia


A polícia sul-africana nega ter matado o ativista onf;'-apartheid Steve Biko, sob
custódia em Pretória.

A m o r t e d e S t e v e Biko, ativista anti-apartheid inter-

n a c i o n a l m e n t e r e s p e i t a d o , (oi a v i g é s i m a e m 18

m e s e s e m < ir< unslâncias similares. Biko iniciara-se

na vida política q u a n d o era estudante d e medicina na

U n i v e r s i d a d e d e Natal, da q u a l a c a b o u e x p u l s o .

E l o q ü e n t e o r a d o r e escritor, Biko pregava a resistên-

cia não-violenta a o apartheid, mas n e m assim e s c a -

p o u a o raio d e a ç ã o dos serviços d e s e g u r a n ç a . Sua

proscrição, e m m a r ç o d e 1973, implicava restrição

d e m o v i m e n t o s , proibição d e publk ar, d e íalar para

mais d e u m a pessoa a o m e s m o t e m p o e até d e ser

citado. M a s sua influência, e m vez d e diminuir, aju-

d o u a inspirar os protestos q u e levaram à revolta d e

S o w e l o , e m 19/0.
E m agosto d e 1977, Biko foi preso n u m b l o q u e i o

rodoviário e acusado d e crimes d e terrorismo. Manti

veram-no nu e acorrentado n u m a cela, e m Port Eliza-

beth, até o dia e m q u e foi levado às pressas para tra-

t a m e n t o m é d i c o e m Pretória, o n d e morreu. A polícia

disse q u e sua m o r t e fora causada por uma greve d e

f o m e , mas se descobriu q u e ele tinha diversos feri-

m e n t o s na c a b e ç a , compatíveis c o m uma violenta

surra. A polir ia a l e g o u q u e os ferimentos tinham sido

auto-infligidos. O procurador-geral da África d o Sul

considerou q u e , à falta d e testemunhas, não havia

base para acusar n e n h u m policial por sua morte - o

q u e não livrou o país da c o n d e n a ç ã o internacional. O

mais importante, p o r é m , é q u e as tentativas sul-afri-

canas d e intimidar a oposição fracassaram. A princi-

pal m e n s a g e m d e Biko, a afirmação d o orgulho afri-


cano, serviu para inspirar a resistência a o apartheid

até muito d e p o i s d e sua morte. J S

O Protesto na entrada do Palácio da Justiça, em Pretória, o n d e

se realizava o inquérito judicial sobre a morte de Biko.


1977 25 D E OUTUBRO 1978 17 D E SETEMBRO

Erradicada a varíola Os acordos de Camp David


O último caso de ocorrência natural de Conversações de paz apontam solução
varíola é isolado e curado. para conflito no Oriente Médio.

A varíola, u m dos maiores flagelos da humanidade, foi a A o assumir a presidência dos Estados Unidos e m janei-

primeira d o e n ç a a sei olt< ialmente onadic nda do m i m ro d e 19//, limmy ( ai lei <leu máxima prioridade a paz

d o - ao m e n o s c o m o ocorrência natural -, fato por m u i - no Oriente Médio. Mas o grande salto foi d a d o < o m a

tos considerado c o m o a maior conquista isolada da visita d o presidente egípcio A n w a r Sadat a Israel, e m

medicina e m u m século do extraordinários avanços. n o v e m b r o d e 1977, g u e implicou o reconhecimento

Vinte anos antes, a varíola era e n d ê m i c a e m cerca diplomático d o Estado j u d e u e abriu c a m i n h o para

d e 25 países, c o m 10 milhões d e casos anuais registra- n e g o r iaç , bilaterais. A s i o n v i r . a i , .subseqüentes

dos e m t o d o o m u n d o , m e t a d e deles na índia. E m aconteceram e m C a m p David, Estados Unidos, e m se-

1958, a Organização Mundial da S a ú d e (OMS) c o n v o - tembro d e 1978.0 maior obstáculo ao avanço das ne-

cou uma i , i m p a n h u mundial < ontta a doença. Mas o g o i i . i ç ü o s e i . i . i M i i l e d o s t o i i i l ( ' ) M o s p a l e s t i n o s d a ( isjor-

projeto só c o m e ç o u para valer e m 1967, c o m vigilância dânia e da faixa d e Gaza. O primeiro-ministro israelense

para localizar rapidamente novos surtos, confinamen-

to ou isolamento dos portadores e vacinação g e n e r a -


"...a região pode se tornar
lizada. H o u v e rápidos progressos na América Latina e

África Ocidental e Central, mas o Sul da Ásia e especial-


um modelo de coexistência e
m e n t e a (ndia se mostraram inicialmente relutantes,
cooperação entre Nações."
e m parte d e v i d o aos custos envolvidos. Os obstáculos
A c o r d o s d e C a m p D a v i d , s e t e m b r o d e 1978
foram superados no c o m e ç o da d é c a d a d e 1970 e já

e m 1975 m i ti Ias autor i< Lides se suiptoeiu leiam ao vei

q u e a índia adquirilu sluius d e "vai ir >la /eir >". I m oulll Mei I,IÍ liem Hegin eslava dis| xisto a devolver ao I gilo a

bro d e 1977 registrou-se o último caso d e varíola. A península d o Sinai e m troca d e u m tratado d e paz, mas

vítima foi Ali M a o w Maalin, cozinheiro d e u m hospital recusava-se a sair dos territórios ocupados. Ao final, Sa-

somali (África), d e 23 anos. Q u a s e 55 mil pessoas foram dat decidiu colocar os interesses nacionais egípcios à

vacinadas nas duas semanas seguintes a o diagnóstico; frente dos interesses árabes mais amplos. Dois d o -

o surto foi contido e Maalin, curado. cumentos foram então produzidos: o primeiro estabe-

A declaração da O M S d a n d o c o m o erradicada a ler ia u m marco para a paz entre Egito e Israel, pelo qual

varíola e m t o d o o m u n d o foi feita e m maio d e 1980.0 o Sinai seria devolvido ao I glto e m 1979 e m troca d e

programa custou p o u c o mais d e 300 milhões d e dóla- u m tintado d e paz. O segundo estabelecia u m marco

res, mas gerou imensa economia e m custos médicos. mais geral para o Oriente Médio, c o m alguma forma d e

Ironicamente, vários países mantiveram p e g u e n o s es- autonomia palestina a ser criada no futuro.

togues d o vírus, e m parte para produzir vacinas e m Os israelenses ganharam muito - sem o Egito, n e -

( aso d e recorrência da doença, e m parte para fabricar nhuma coalizão hostil poderia ameaçar sua sobrevivên-

armas biológicas. O temor d e g u e esses estogues vies- cia -, mas não o suficiente para garantir a paz e m outras

sem a cair nas mãos d e organizações terroristas prolife- fronteiras. Acusado d e trair a causa árabe, Sadat foi morto

rou-se na primeira década d o século XXI. P F por muçulmanos descontentes e m outubro d e 1981. J S
1978 18 D E N O V E M B R O

Suicídio em massa em Jonestown


0 suicídio em massa dos seguidores deJim Jones choca os americanos.

N o maior suicídio coletivo da história m o d e r n a , 913

cidadãos americanos, seguidores d e J i m J o n e s , a t e n -

taram contra a própria vida e m l o n e s t o w n , Guiana

Inglesa. Os mortos, entre eles 276 crianças, e r a m a

quase totalidade da Igreja ( rislá d o l e m p l o do l'ovo.

A seita estava e m declínio até ser transferida para S ã o

Francisco, e m 1972, por iniciativa d e J i m J o n e s . Ela

e n t ã o mesclou-se racialmente e a m p l i o u significati-

v a m e n t e suas obras d e caridade. M a s a nova proemi-

nência v e i o a c o m p a n h a d a d e e s c â n d a l o s q u e resul-

taram e m uma investigação por s o n e g a ç ã o de

impostos. E m resposta, J o n e s alugou u m p e d a ç o d e

floresta na Guiana Inglesa e construiu J o n e s t o w n .

Iiubalho e s l a í a n l e o alimentai,,K) inadequada

causaram d e s c o n t e n t a m e n t o n o seio d o culto. Dizia-

se q u e J o n e s aplicava u m a c o m b i n a ç ã o d e drogas,

intimidação e castigos brutais para s u b m e t e r os insa-

tisfeitos; circulavam rumores d e assassinatos d e d e -

sertores. Foi e n t ã o q u e Leo Ryan, u m parlamentar

americano, d e u iníi Io a uma investigação q u e levou

a J o n e s t o w n u m g r u p o d e representantes da mídia e

d o g o v e r n o , a l é m d e familiares.

Os relatos dos acontecimentos subseqüentes são

confusos. A p a r e n t e m e n t e , vários m e m b r o s d o culto

quiseram fugir c o m Ryan, mas o grupo foi atacado, re-

sultando na morte d o d e p u t a d o e d e outras quatro

pessoas. Foi e n t ã o q u e os seguidores d o culto entra-

ram documente e m fila para receber, u m a u m , o seu

coquetel d e Valium c o m cianureto. Alguns consegui-

ram fugir; outros foram mortos na tentativa. J S

O Larry Layton, adepto do Templo d o Povo, é levado pela

polícia após ser preso pelo tiroteio na pista de pouso local.

O A morte e m circunstâncias bizarras: J o n e s t o w n foi o maior

suicídio em massa da história moderna.


1979 12 D E FEVEREIRO

Khomeini retorna ao Irã


O aiatolá Khomeini retorna do exílio para liderar a revolução iraniana.

O O aiatolá Ruhollah Khomeini retorna a Teerã depois d e 15 anos de exílio.

Uma delirante recepção aguardava o aiatolá Ruhollah sa e o caos crescente, o que levou o xá a anunciar que
Khomeini e m seu retorno a Teerã. Líder, havia muito, da ei ,ua família estavam saindo d o Irá o m íérias. I ra, na
i iposição islâmica a o xá M o h a m e d Reza Pahlevi, ele d e - realidade, a sua abdicação.
nunciou a "revolução branca" d o xá que, e m 1963, trou- Os rumos da revolução iraniana não estavam cla-
xe a reforma agrária, o voto feminino o a possibilidade ros, A oposição islâmica fora, certamente, decisiva, mas
d e não-islâmicos ocuparem cargos governamentais. havia t a m b é m liberais, socialistas e até comunistas q u e
I xilado e m n o v e m b r o d e 1964, Khomeini fixou residên- desejavam a democracia no marco d e u m Estado secu-
cia e m Paris, d e o n d e promoveu u m incessante b o m - lar ( ) vazio deixado pela fuga d o xá fora <x upudo por
bardeio d e panfletos e sermões contra o xá. Apesar d e u m governo provisório dirigido pelo secularista Shapur
pioibidos no Irã, eles circulavam amplamente e eram Bakhtiar. Determinado, porém, a ser o único árbitro d o
t ada vez mais populares. No fim da década d e 1970, o destino d o Irã, Khomeini indicou seu seguidor Mehdi
<a, c onfrontado c o m uma oposição política generaliza- Bazargan para o posto d e primeiro-ministro e declarou
i Ia, se apoiava guase q u e exclusivamente na repressão
que q u e m o desafiasse estaria desafiando o próprio Alá.
para sobreviver. Até que, e m janeiro d e 1979, n e m re-
Bakhtiar foi afastado e o Irã firmemente alinhado à pers-
pressão foi capaz d e deter a onda d e protestos d e mas-
pectiva d e tornar-se u m Estado teocrático islâmico. J S
Acidente nuclear em Three Mile Island
Acontece o mais alarmante acidente nuclear da história dos Estados Unidos.

O Em meio a informações desencontradas sobre uma possível evacuação, algumas mulheres e crianças foram alojadas em um ginásio.

Embora n ã o se tenha d e s c o b e r t o as causas exatas, o n e m dos 25 mil residentes n u m raio d e 8km d o local
fato é q u e às 4h da manhã as b o m b a s d e água prin- sofreu qualquer dano e os planos d e evacuação foram
cipais d o reator da U n i d a d e 2 da usina nuclear d e suspensos por serem desnecessários. M e s m o assim, 11
Three Mile Island, nas cercanias d e M i d d l e t o w n , Pen- acidente foi assustador. Sete outros reatores similares
silvânia, pararam d e funcionar. As b o m b a s d e e m e r - foram logo fechados, temporariamente. O presidente
gência l a m b e m lalhaiam e o abastec imento d e água Carter e a Câmara d e Deputados da Pensilvânia ordena-
para transferência d e calor da água circulante no n ú - ram investigações. As licenças para novas instalações
cleo d o reator foi c ortado, 0 núcleo parou d e operar nucleares foram suspensas e o incidente fez pairar, riu
a u t o m a t i c a m e n t e , mas uma sucessão d e falhas d e rante anos, uma sombra sobre a indústria nuclear a m e -
e g u i p a m e n t o s e erros h u m a n o s causou uma perda ricana. O reator da Unidade 1 d e Three Mile Island, que
substancial da água q u e o resfriava. O núcleo c o m e - não havia sido afetado, só foi religado e m 1985, e a ten
çou, então, a fundir e a liberar gases radioativos. tativa d e reparar o da Unidade 2 abandonada e m 1990

Por incrível q u e pareça, pouca radioatividade esca- porque ainda era muito inseguro entrar nela.
pou para a atmosfera e o acidente não causou efeitos O acidente aumentou o temor da energia nuclear
nocivos imediatos. N e n h u m dos trabalhadores da usina nos Estados Unidos c o m o e m toda parte. R C
1979 3 D E MAIO

Thatcher é eleita primeira-ministra


Margaret Thatcher se torna a primeira mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro
do Reino Unido.

A o superar seus colegas na luta pela chefia d o Parti-

d o ( onservador, e m 1975, Margaret Thatcher se tor-

nou • ! primeira mulher a liderar u m partido na políti-

ca britânica. Quatro anos depois, aos 53 anos, ela

c o m a n d o u a vitória conservadora q u e a t o r n o u a pri-

meira m u l h e r a o c u p a r o c a r g o d e primeiro-ministro

na história da Europa.

Apoiada polo marido Dennis lhatrher, Margaret

investiu desde i edo na < urieha polílk a, a< abando eleita

paia o I'.r11.1r r n -I i l . i e m 1959. A| 'sai • Ia asi o u v i . » i |ue a

levou, na década d e 1970, a o cargo d e ministra da E d u -

cação e Ciência no governo d e Edward Heath, não se

diria g u e ali estava uma futura estadista.

O s adversados seguintes d e I h . i l í h e i foram O

primeiro ministro t ullaghan o o P a i l i d o trabalhista.

Inteligentemente, ela c anali/ou o desespero da clas-

so n i o d i a i -r11 l.n i • i I o | ,i II |i s i li is sim In a l i is, i Ia infla-

ç ã o e d o d e s e m p r e g o crescentes e d o visível declínio

da Grã-Bretanha c o m o superpotência. Sua g r a n d e

< a m p a n h a i o m u m ou/c/oor q u e m o s l i a v a uma lon-

ga ítla cio d e s e m p r e g a d o s lac turnos sob a frase " 0

Trabalhismo N ã o Está D a n d o C e r t o " revelou-se parti-

c u l a r m e n t e eficaz. Ela p r o m e t e u t a m b é m reduzir o

i m p o s t o d e renda e o gasto público, facilitar a c o m -

pra da casa própria e conter o p o d e r dos sindicatos.

Apesar da brilhante c a m p a n h a , seus índices d e

aprovação não se sustentariam. Especulou-se, então,

q u e ela não teria v e n c i d o a eleição d e v i d o à sua p o p u -

laridade, mas apenas o c u p a d o o vazio deixado pela

imensa impopularidade d o Partido Trabalhista. J J H

O A "Dama de Ferro" é toda sorrisos ao chegar ao novo lar.

O Em Chelsea, Londres, Thatcher comemora a primeira de suas

três vitórias e m eleições gerais.


1979 2 D E JUNHO L979 4 D E NOVEMBRO

0 Papa em sua pátria Embaixada atacada


João Paulo II retorna em triunfo à Seguidores do aiatolá Khomeini invadem a
Polônia. Embaixada dos Estados Unidos em Teerã.

Primeiro não-italiano a o c u p a r o posto d e s d e 1522, o Uma turba d e estudantes iranianos, seguidores d o aia-
Papa J o ã o Paulo II ajoelhou-se e beijou o c h ã o ao d e - tolá Khomeini, invadiu a Embaixada dos Estados Uni
sembarcar na base aérea d e Okecie, e m sua terra n a - dos e m Teerã e t o m o u c o m o reféns 66 diplomatas e
tal. Extasiados, dois milhões d e poloneses se p u s e - funcionários. O estopim da crise foi a permissão do
ram a < a m i n h o d e Varsóvia, o n d e o Papa celebrou g o v e r n o limmy Carter ao xá d e p o s t o M o h a m e d Reza
uma missa c a m p a l para 2,25 milhões d e fiéis. Pahlevi, fiel aliado d e W a s h i n g t o n , para ir aos Estadi >s
Nascido e m W a d o w i c e , nas cercanias d e Cracó- Unidos se tratar d e câncer. Essa decisão incendiou a
vía, o m 1920, Karol J o s e f Wojtyla foi na j u v e n t u d e u m opinião pública iraniana, q u e exigia a d e p o r t a ç ã o d o
talentoso desportista c o m aspirações a ator e d r a m a - xá para julgamento e execução.
turgo. A O Í upac.áo alemã, e m I9Í9, Iransformou sua Public armente apoiados pelo aiatolá logo g u e fi
vida. Ele e n c o n t r o u sua v o c a ç ã o e c o m e ç o u seus es- cou claro q u e não haveria retaliação, os estudantes
exigiam a repatriação d o xá e d e sua riqueza, a admis-

"Foi um verdadeiro carnaval, são dos abusos passados dos Estados Unidos no Irã,
u m pedido formal d e desculpas e o compromisso dt •
uma campanha, uma cruzada, não mais repeti-los. A maioria dos reféns afro-americ a
nos e d o sexo feminino foi libertada, mas outros 52
um casamento polonês."
foram mantidos por 444 dias.
R e v i s t a Time, j u n h o d e 1979
l o i uma terrível humilhação para Carter, que
p o u c o podia fazer além d e congelar os bens irania-

tudos teológicos, secretamente, e m 1942. O r d e n a d o nos nos Estados Unidos. E m abril d e 1980, as Forças
padre e m 1946, tornou-se cardeal já e m 196/. Especiais americanas d e s e n c a d e a r a m a O p e r a ç ã o

A eleição d e u m Papa polonês nesse m o m e n t o Garras d e Águia, uma mal c o n c e b i d a tentativa d e res

histórico foi crucial. Cada vez mais impacientes c o m gate q u e terminou e m confusão e tragédia, c o m a

a e s t a g n a ç ã o e c o n ô m i c a e política d o regime c o m u - colisão entre u m helicóptero e u m avião e oito milita

nista, os povos da Europa Oriental alimentavam for res americanos mortos.

tes desejos d e m u d a n ç a , razão pela qual as boas- K h o m e i n i usou a crise para se livrar dos adver
vindas d o g o v e r n o polonês ao Papa foram carregadas sários e implantar u m a teocracia islâmica no Irã.
d e a m b i g ü i d a d e : ele n ã o queria dar a esse duro críti- Para Carter, foi o g o l p e final e m sua credibilidade,
c o d o regime uma r e c e p ç ã o d e herói, mas não a p ô - q u e o l e v o u , p o u c o s meses d e p o i s , a uma acacha-
d e recusar. E m b o r a assegurasse q u e sua visita era p a n t e derrota nas eleições presidenciais. Para obter
p u r a m e n t e espiritual, o Papa sabia d e seu significado a libertação dos reféns, os a m e r i c a n o s foram o b r i -
político. A popularidade e a confiança da Igreja C a t ó - g a d o s a jurar não-interferência nos assuntos inter-
lica receberam poderoso impulso. A visita foi consi- nos d o Irã e a d e s c o n g e l a r os bens d o país e m solo
derada uma fonte d e inspiração para a criação do sin- a m e r i c a n o . Os reféns foram libertados n o último dia
dicato Solidariedade e m agosto d e 1980. J S d e Carter c o m o presidente. J S
Intervenção soviética no Afeganistão
A invasão soviética do Afeganistão dá início a uma perigosa aventura.

O Mujahedin s o b e m num helicóptero soviético a b a n d o n a d o .

A invasão soviética cio Alogunisláo aluiu u m novo cios risc os envolvidos na inleivonoio, u m regime pró-

c a m p o d e batalha na Guerra Fria. O envolvimento da soviético no Afeganistão poderia servir d e a m o r t e c e -

U R S S c o m e ç o u e m 1978, q u a n d o o Partido Popular dor contra o Islã. A URSS decidiu invadir, instalar Babrak

Democrático d o Afeganistão (PPDA), pró-soviético, Karmal no poder e retirar-se.

t o m o u o poder c o m u m g o l p e d e Estado. Determina- As operações militares foram bem-sucedidas, mas


do, p o r é m , a liquidar o feudalismo, o PPDA passou por os cálculos políticos d e Moscou estavam errados. Logo
cama das sensibilidades e tradições religiosas dos c a m - surgiram os primeiros grupos militantes d e resistência,
poneses afegãos. A reação islâmica e m p o u c o t e m p o c o m os Estados Unidos ávidos por armá-los. Voluntá-
levou o país a o caos. Tudo indicava q u e o P P D A não rios d e todo o m u n d o islâmico (entre os quais Osama
conseguiria sobreviver, o q u e constituía u m sério pro- bin Laden) foram lutar essa Jihad (Guerra Santa). As for-
blema para M o s c o u : a revolução iraniana d e 1979 a d - ças soviéticas se perderam numa guerra d e guerrilhas.
vertira claramente para os perigos d o fundamentalis- O fracasso d e suas forças armadas desacreditou o regi-
m o islâmico, que, se não fosse enfrentado, poderia se m e d e Moscou e teve papel decisivo na derrocada da
espalhar para as repúblicas soviéticas d e maioria islâ- União Soviética. A guerra se espalhou, contribuindo
mica c o m o o Uzbequistão e o Turcomenistão. Apesar para unificar o fundamentalismo islâmico. J S
1980 14 D E AGOSTO

A greve dos estaleiros de Gdansk


Solidariedade dos trabalhadores poloneses lança um sensacional desafio ao comunismo.

O Lech Walesa fala aos grevistas no portão dos estaleiros Lenin, e m Gdansk, Polôni.

Ressentimentos havia muito latentes na Polônia v i e - se declarava defensor da classe trabalhadora, era então

ram à tona na greve ilegal dos estaleiros Lenin, e m repudiado por ela - o q u e para Moscou era inaceitável.

Gdansk. Os trabalhadores exigiam a u m e n t o d e salá- Os líderes soviéticos deixaram claro que, se as autorida

rios e melhoria dos benefícios. O eletricista Lech W a l e - des polonesas não restaurassem a ordem, eles o fariam.

sa, líder d o movimento, c o n v e n c e u seus c o m p a n h e i - T e m e n d o uma invasão, o comandante do exército, g e -

ros a ocupar os estaleiros e, c o m a ajuda da Igreja neral Wojciech Jaruzelski, tornou-se primeiro-ministro

Católica, transformou a greve e m uma c a m p a n h a na- e m dezembro e impôs a lei marcial. 0 Solidariedade foi

cional c o m .i fundação d e u m n o v o sindicato i n d e - proscrito, milhares d e pessoas foram presas e outras

pendente, o Solidarnosc (Solidariedade). Desenca- mortas e m chogues c o m o aparato d e segurança. Mas

deou-se, a partir daí, uma greve geral e m que, ao lado u m movimento clandestino sobreviveu - o Solidarieda

das reivindicações econômicas, se expressaram t a m - de. E m 1989, o governo Jaruzelski, c o m fraco apoio p o -

b é m exigências d e liberdade política. C o m a Polônia pular e incapaz d e implementar as reformas necessá-

e m ebulição, o governo decidiu negociar. rias, c o m e ç o u a negociar c o m o Solidariedade, sem

A mera existência d o Solidariedade constituía, p o - saber g u e c o m isso estava d a n d o início ao processo d e

rém, uma ameaça ao regime. 0 Partido Comunista, q u e desmantelamento d o regime comunista na Polônia. J S
John Lennon é assassinado
fx-beatle, notável ativista pela paz mundial, é morto a tiros em Nova York.

O Milhares de fãs e ativistas pela paz se reúnem e m Nova York em vigília por J o h n Lennon.

J o h n L e n n o n foi assassinado p o r u m fã q u a n d o Às 22h50 d e 8 d e d e z e m b r o d e 1980, L e n n o n re-


lutava para libertar-se d e a l g u m a s das frustrações tornava a o Edifício Dakota, e m Nova York, q u a n d o foi
d e sua parceria c o m Paul M c C a r t n e y , d e d i c a n d o - al M ><
i lai Io poi nu i Ia, Mal k I i, ivh 1 1 h a p m a n , a i |uem
se a c a m p a n h a s pela paz, à terapia d o grito primai dera u m autógrafo poucas horas antes. C h a p m a n o
e à vida d o m é s t i c a . M e t a d e da mais b e m - s u c e d i d a c h a m o u p e l o n o m e e deu-lhe quatro tiros nas costas
I larceria da história da música popular, q u e c o m os - L e n n o n já c h e g o u m o r t o a o hospital.
Beatles t r a n s f o r m o u a música pop e m u m f e n ô m e - C h a p m a n , q u e disse ter o u v i d o vozes ordenan-
n o g l o b a l , J o h n L e n n o n se p ô s a destruir suas c o n - do-lhe matar J o h n L e n n o n , a g u a r d o u a c h e g a d a da
quistas f o r m a n d o u m a n o v a parceria c o m a per- polícia lendo O apanhador no campo de centeio, d e J .
formática n i p o - a m e r i c a n a Yoko O n o . 0 C l u b e d o D. Salinger. Mais tarde ele declarou q u e se identifica-
Bolinha n ã o s u p o r t o u essa intrusa e x i g e n t e . Q u a n - va muito c o m o p e r s o n a g e m principal d o livro, Hol-
d o da s e p a r a ç ã o oficial d o s Beatles, e m 1970, L e n - d e n Caulfield. A d m i t i n d o a própria culpa, foi c o n d e -
n o n e O n o já h a v i a m se c a s a d o e f o r m a d o u m a nado à prisão perpétua. Três semanas d e p o i s da
nova s o c i e d a d e criativa e d o m é s t i c a sediada e m
m o r t e d e L e n n o n , "(Just Like) Starting O v e r " c h e g o u
N o v a York.
a o t o p o das paradas d e sucessos. P F
1981 25 D E JANEIRO

0 julgamento da Camarilha dos Quatro


Julgamento de quatro seguidores de Mao marca o fim da Revolução Cultural na China.

O W a n g H o n g w e n admitiu seus crimes no tribunal, ao passo q u e Jiang Qing sustentou sua inocência.

A Camarilha dos Quatro, levada a j u l g a m e n t o e m a c u s a ç ã o d e tentar tomar o poder. E m seu j u l g a m e n -

1981 por "atividades antipartido", era formada pela to, Jiang a d o t o u uma atitude n o t a v e l m e n t e desafia-

viúva d e Mao, Jiang Qing, e seus colaboradores W a n g dora e, assim c o m o Z h a n g , n e g o u todas as acusa-
H o n g w e n , Z h a n g < hunquiao e Yao W e n y u a n . Eles ções. W a n g e Yao confessaram e se arrependeram.
g a n h a r a m proeminência c o m o fiéis seguidores d e Mas fez pouca diferença. Foram t o d o s c o n d e n a d o s , i
M a o durante a Revolução Cultural chinesa iniciada longas penas d e prisão, e m b o r a libertados poucos
e m 1966, ficando estreitamente vinculados à v i o l ê n - anos mais tarde, c o m seu p o d e r destruído.
cia e a o c a o s por ela g e r a d o s . Entre os hierarcas d o O julgamento marcou a rejeição da revolução pei
partido por eles perseguidos estavam D e n g Xiao- manente na China. Reconhecendo que o país precisav, i
ping, expurgado, e seu filho D e n g Pufang, torturado. d e estabilidade e prosperidade, Deng introduziu, a pai
D e n g , q u e se revelou u m h o m e m vingativo, retor- tir d e 1978, a "economia socialista d e mercado" - o que
nou à hierarquia e m 1973 q u a n d o a saúde d e M a o significava a renúncia de fato à ideologia d e Mao, e m
c o m e ç o u a declinar. Na confusa luta interna q u e se bora sem admiti-lo, mas c o m o poder sob firme contro
seguiu, D e n g saiu vitorioso. Os quatro foram presos le do Partido Comunista Chinês. A China passou a ser. i
e m o u t u b r o d e 1976, depois da morte d e M a o , sob a economia que mais cresce no mundo. J S
1981 1 2 D E AGOSTO 1982 12 D E ABRIL

0 primeiro PC Invasão das Malvinas


IBM lança o computador pessoal 5150, Invasão da possessão britânica se revela
que se torna sucesso imediato. um golpe desesperado da Argentina.

<) c o m p u t a d o r foi, sem dúvida, uma das mais impor- Para a junta militar chefiada pelo general L e o p o l d o

tantes i n o v a ç õ e s d o século X X . P o u c o a p o u c o , ele Galtieri, a invasão das ilhas Malvinas parecia uma rara

foi d e i x a n d o d e ser u m a máquina e n o r m e e d e difícil o p o r t u n i d a d e d e desviar a a t e n ç ã o dos graves pro-

manejo para se converter e m u m a p e q u e n a m á q u i - blemas e c o n ô m i c o s e da crescente insatisfação exis-

na d e uso pessoal, igualmente útil no escritório e e m tentes no país. A soberania das Malvinas, possessão

casa. U m passo decisivo nesse sentido foi a criação, no Atlântico Sul g u e os britânicos c o n h e c e m c o m o

e m 1981, d o n o v o c o m p u t a d o r pessoal da Internatio- ilhas I alkland, era disputada < Icsde o sei ulo XIX. Em

nal Business M a c h i n e s (IBM). E m b o r a o 5150 n ã o fos- 1965 foram abertas n e g o c i a ç õ e s entre os dois países,

se o primeiro d e seu gênero, a sólida r e p u t a ç ã o d e mas os britânicos n ã o mostraram n e n h u m interesse

gualidade da IBM garantiu as vendas, d a n d o u m p o e m c h e g a r a uma solução. E m 1981, p o r é m , o que

deroso impulso a o uso generalizado desse tipo d e restava da presença naval britânica nas ilhas foi e m -

produto: já n ã o se tratava d e u m m o d i s m o , mas d e bota e uma nova lei d o P,II lamento indicava a supres-

u m a utilidade q u e se fazia necessária para u m a q u a n - são da cidadania britânica plena para seus 1.800 ha-

tidade cada vez maior d e pessoas. bitantes. Galtiere acreditava q u e a reconquista das

A I B M tinha a sua própria história n e s s e c a m - Malvinas pela Argentina renderia à junta imensa p o -

po. E m 1967 ela criou o primeiro disco flexível e pularidade e acabaria s e n d o aceita pelos britânicos

e m 1975 t r o u x e à luz o c o m p u t a d o r 5100, p r o v a - c o m o u m fato militar c o n s u m a d o . Mas foi u m tre-

v e l m e n t e o primeiro PC. Por volta d e 1980, a e m - m e n d o erro d e cálculo. A primeira-ministra britânica

presa c o l o c o u n o m e r c a d o o P( Datamaslei mm M a i g u i e l I hal< hei enfrentava, na époc a, sóiios p r o -

editor d e texto. Assim c o m o o 5100, e l e era caro blemas d e popularidade d e v i d o a suas reformas e c o -

(cerca d e 15 mil dólares) e v e n d e u p o u c o . O 5150 nômicas desagregadoras. I Ia t a m b é m cta i andidata

íoi d i f e r e n t e : era r a z o a v e l m e n t e b a r a t o (3 mil dóla- a recuperar sua popularidade por m e i o d e u m a b e m -

ics) e t i n h a mais m e m ó r i a q u e seus c o n c o r r e n t e s , sucedida o p e r a ç ã o militar. Instigada por uma mari-

cujos f a b r i c a n t e s l o g o p a s s a r a m a copiá-lo, p r o d u - nha ávida por provar seu valor, a primeira-ministra

zindo o g u e d e início era referido c o m o c l o n e s da e n v i o u uma força naval para reconguistar as ilhas.

I B M , mais t a r d e P C s . Os 74 dias d e conflito terminaram e m uma derrota

O p r i m e i r o 5150, c r i a d o p e l o e n g e n h e i r o D o n decisiva da Argentina, c o m mais d e 900 mortos e 2 mil

I stridge, o p e r a v a c o m u m a C P U Intel 8088, u m feridos. Cerca d e 11 mil soldados argentinos se r e n d e -

Único drive d e disco flexível e 6 4 KB d e R A M . A d e - ram. A junta argentina não sobreviveu à humilhação e

cisão d e f o r n e c ê - l o já c o m o sistema o p e r a c i o n a l a democracia foi restabelecida e m 1983. J S

M S - D O S está na raiz d o d o m í n i o d o m e r c a d o d e

software pela M i c r o s o f t . R C

O Explosão no navio HMS Antelope e m 24 de maio, durante a

tentativa de desarmar uma bomba a bordo.


Massacre em Beirute
Israel nega cumplicidade na matança de palestinos em um campo de refugiados.

O Cadáveres de inocentes impiedosamente assassinados apodrecem no calor causticante.

0 horror da guerra civil libanesa iniciada e m 1975 c h e - sacre estava e m curso, mas os sobreviventes os acusa-

g o u a níveis insuspeitados q u a n d o o exército israelen- ram d e cumplicidade ativa. Especulou-se q u e Sharon

se, q u e interviera e m j u n h o d e 1982 para expulsar a queria expulsar d o Líbano n ã o s o m e n t e a OLP, mas

Organização para a Libertação da Palestina (OLP), cer- toda a população d e refugiados palestinos.

1 o u o c a m p o d e refugiados d e Chatila e o bairro vizi- Qualquer q u e seja a verdade, h o u v e u m clamor in-

nho d e Sabra e n q u a n t o milicianos da Falange Cristã ternacional contra os massacres, especialmente na E u -

perpetravam uma orgia d e atrocidades e genocídio ropa. E m Tel Aviv, 300 mil israelenses saíram às ruas para

q u e durou três dias. Cerca d e três mil e quinhentos c i - manifestar seu horror. E m d e z e m b r o , a Assembléia

vis indefesos foram massacrados. Os falangistas acre- Geral da O N U c o n d e n o u o massacre c o m o u m ato d e

ditavam q u e os palestinos haviam assassinado seu lí- genocídio. E m fevereiro d e 1983, a Comissão Kahan,

der, Bashir G e m a y e l , cuja morte fora, na verdade, constituída e m Israel, eximiu d e culpa os soldados israe-

maquinada na Síria. O ministro da Defesa d e Israel, lenses, mas considerou Sharon responsável por negli-

Ariel Sharon, disse q u e a O L P se retirara d e Beirute d e i - gência. Ele foi obrigado a renunciar, mas retornou à

tam Io para trás guerrilheiros disfarçados. Os militares política israelense c o m o primeiro-ministro e m 2001. Em

israelenses n e g a r a m ter tido ciência d e q u e u m mas- 2002, uma tentativa d e processá-lo fracassou. J S
1983 2 3 D E MARÇO

A "Guerra nas Estrelas" de Reagan


Os Estados Unidos se lançam numa sofisticada política de defesa.

O A proposta de Reagan de lançar mísseis do espaço obrigou Gorbachev a abrir negociações para acabar com a Guerra Fria.

A Iniciativa d e defesa estratégica d e Ronald Reagan, tar americano. O orçamento d o Departamento d e D e -

popularmente conhecida c o m o Guerra nas Estrelas, fesa, q u e fora d e 136 bilhões d e dólares e m 1980, subiu

propunha o uso d e mísseis baseados no espaço. Ex- para 244 bilhões cinco anos mais tarde. Uma nova < i> •

ator d e cinema d e I lollywood, mas t a m b é m eficiente ração d e mísseis nucleares imensamente poderosos

ex-governador da Califórnia, Reagan vencera a eleição foi criada e alguns deles instalados na Europa. Apesar

presidencial d e 1980 concorrendo pelo Partido R e p u - d e sua duvidosa viabilidade técnica, o novo sistema

blicano numa época e m q u e os Estados Unidos pare- Guerra nas Estrelas alarmou a liderança soviética. O

ciam, a muitos eleitores, p r e o c u p a n t e m e n t e fracos. m u n d o parecia se aproximar d e uma guerra nuclear.

Uma sofisticada política d e defesa era vital. Mas a ameaça d e Reagan funcionou: os soviéticos ri!

O novo governo acreditava q u e algo parecido cuaram. Percebendo q u e a URSS não mais poderia ar-

c o m u m a guerra não declarada estava e m curso c o n - car c o m as imensas despesas da corrida armamentista,

tra o q u e Reagan chamava de "império do mal": a o n o v o premier Mikhail Gorbachev abriu negociações

União Soviética e seus aliados. Estava, pois, determina- bem-sucedidas c o m Reagan. A Guerra Fria terminava,
ao m e s m o t e m p o q u e o sistema soviético cambalea
d o a dar assistência às forças anticomunistas d e t o d o o
va rumo a o colapso. R C
m u n d o e a catapultar o crescimento d o poderio mili-
1983 2 2 D E OUTUBRO 1983 2 3 D E OUTUBRO

Protestos na Europa Atentados suicidas


Em toda a Europa, manifestações conde- Ataques de homens-bomba libaneses em
nam a instalação de mísseis de cruzeiro. Beirute solapam os esforços ocidentais.

Milhões d e europeus saíram às ruas para protestar Dois homens-bomba libaneses xiitas perpetraram uma
contra a decisão d e se instalarem mísseis americanos matança d e soldados americanos e franceses, m e m -
Pershing 2 no continente. Na Alemanha, cerca d e 1,2 bros d e uma força multinacional enviada ao Líbano
milhão d e pessoas formaram uma corrente humana para ajudar a acabar c o m uma ruinosa guerra civil e dar
d e 102km d e c o m p r i m e n t o , d e Stuttgart a Neu-Ulm. estabilidade a o país. Para o grupo d e militantes xiitas
I m Londres, a marcha reuniu u m milhão, s e g u n d o os q u e mais tarde viria a ser o Hezbollah, as tropas estran-
manifestantes. H o u v e protestos t a m b é m e m Roma, geiras eram imperialistas, defensoras d o inimigo mortal
Viena, Estocolmo, Paris, Bruxelas, Madri e Dublin. Israel. U m suicida j o g o u u m caminhão contra o saguão

A oposição aos mísseis c o m e ç o u e m 1982 q u a n - d o edifício principal da base d e fuzileiros navais ameri-
d o a decisão d e se instalarem 96 deles e m G r e e n h a m canos instalada no Aeroporto Internacional d e Beirute,
C o m m o n , na Inglaterra, levou à criação d o lado d e fora o n d e a maioria deles dormia, e detonou uma poderosa
d a base d e u m a< a m p a m o n l o p e r m a n e n t e p u l a pa/,
só para mulheres e crianças - para irritação d o gover-
"Uma força incapaz de prote-
no britânico. 0 problema c o m os Pershing 2 era serem
p e g u e n o s (10m d e comprimento), portanto facilmen- ger a si mesma. Era um de-
te transportáveis e m bases móveis d e lançamento, e
sastre prestes a acontecer."
baratos (cerca d e 52 milhões d e dólares s e m a ogiva
nuclear) - u m pesadelo para os protocolos d e contro- Caspar W e i n b e r g e r , s e t e m b r o d e 2001

le d e a r m a m e n t o s d e v i d o à dificuldade d e se verificar
• •ii n ú m e r o e localização (previa-se q u e 572 deles fi- bomba. O edifício inteiro desabou, matando 242 milita-
( a r i a m estacionados na Europa). A l é m disso, o presi- res. Foi a maior perda sofrida pelos marines e m u m único
dente americano Ronald Reagan e sua fiel parceira dia desde a Segunda Guerra Mundial. Simultaneamente,
britânica Margaret Thatcher eram vistos pelos ativistas
uma b o m b a similar era detonada no porão da garagem
da paz c o m o linhas-duras da Guerra Fria, "falcões"
da base francesa, matando 58 pára-quedistas.
nada confiáveis c o m o guardiães dessas armas.
O secretário americano d e Defesa, Caspar Weinber-

As manifestações na Europa mostraram a intensi- ger, declarou q u e os Estados Unidos não se deixariam
d a d e d o sentimento contra a escalada da Guerra Fria. intimidar por terroristas e que sua política para o Oriente
Mas os governos não se abalaram. Os Pershing 2 foram Médio não mudaria. O mesmo sentimento foi expresso
instalados e somente removidos e m março d e 1991, pelo presidente francês François Mitterrand. Mas os fuzi-
i o r n o resultado d o Tratado d e Forças Nucleares d e Al- leiros americanos foram retirados e m fevereiro d e 1984,
i anos Intermediário firmado entre os Estados Unidos e seguidos d o restante da força multinacional e m abril.
a União Soviética, negociado, ironicamente, por Rea- Uma resposta dura dos americanos teria provocado ain-
gan. O a c a m p a m e n t o pela paz d e G r e e n h a m C o m m o n da mais hostilidade contra os Estados Unidos no m u n d o
permaneceu, porém, até o ano 2000, c o m o inspiração árabe. Em 2003, u m tribunal americano decidiu q u e o
P II a ( i s ativistas pela paz d e todo o mundo. J S governo iraniano era responsável pelas mortes. J S
1984 6 D E JUNHO

Ataque ao Templo Dourado


Um violento ataque contra um santuário no estado do Punjab ameaça gerar uma
perigosa reação dos siques na índia e em outros lugares.

E m busca d e militantes separatistas siques da organi-

zação D a m d a m i Taksal e seu líder, Jarnail Singh Bhin-

dranwale, o exército indiano invadiu o Templo Doura-

d o d e Amritsar, o mais importante santuário da religião

sique n o estado indiano d o Punjab. Bhindranwale d e -

fendia a criação d e u m Estado i n d e p e n d e n t e e sua

popularidade e influência v i n h a m crescendo entre os

siques. Mas o g o v e r n o indiano não estava disposto a

aceitar tal ameaça à unidade d o Estado. A O p e r a ç ã o

Estrela Azul, n o m e c o m q u e se batizou a ação, foi a u -

torizada pela primeira-ministra Indira Gandhi depois

d e vários dias d e assédio contra o templo, c o m corte d e

suprimentos para os militantes e os milhares d e pere-

grinos siques q u e ficaram presos d o lado d e dentro. O

assalto d o exército foi seguido d e uma luta feroz q u e

resultou e m muitas mortes e considerável destruição.

C o m o os jornalistas haviam sido retirados da área,

detalhes d o episódio viraram objeto d e uma acalorada

controvérsia. O exército reconheceu a morte d e 83 sol-

dados e 492 pessoas, Bhindranwale entre elas, n o re-

cinto d o templo. Fontes siques garantem, porém, q u e a


Jr / í M
maioria dos q u e estavam dentro foi massacrada e q u e

partes d o complexo, incluindo a insubstituível bibliote-

W
ca d e referência sique e o Akal Takhat (sede d o tradicio-

nal poder secular sique adjacente a o Templo Dourado)

foram deliberadamente destruídas - o q u e enfureceu os

siques d e todas as partes. Muitos indianos moderados

ficaram horrorizados c o m a ação, que, c o m o se viu, p o -

deria exacerbar o extremismo. Seguiu-se u m ciclo d e

terrorismo e repressão q u e durou anos, mas q u e a pró-

pria Indira não viveu para ver, pois foi assassinada por

dois siques membros d e sua guarda pessoal. J S

O A revolta sique atinge o paroxismo depois do ataque ao

Templo Dourado.
1984 31 D E OUTUBRO

0 assassinato de Indira Gandhi


Primeira-ministra da índia paga o preço do sacrilégio contra santuário sique.

"íil-sSEP'

O O funeral de Indira Gandhi foi solene e digno, apesar da onda de violência gerada pelo seu assassinato.

A primeira-ministra da índia, Indira Gandhi, foi assassi- paito da comunidade sique o exército indiano havia

nada por dois membros d e sua própria guarda pessoal, massacrado milhares d e pessoas e destruído delibera-
Beant Singh e Satwant Singh, pertencentes à c o m u n i - d a m e n t e partes d o complexo. O enfrentamento c o m o
d a d e sique. 0 crime foi motivado pela revolta contra a separatismo sique alimentou u m ciclo d e terrorismo e
autorização dada por Indira, e m j u n h o daquele ano, represálias. Mas Indira Gandhi encarava c o m sereno fa-
para q u e o exército invadisse o Templo Dourado d e talismo quaisquer a m e a ç a s a ela: q u a n d o i n d a g a d a
Amritsar, o mais importante santuário da religião sigue. a respeito d e seus guarda-costas siques, ela apontava
U m g o l p e arriscado, mas d e cuja necessidade Gandhi para Beant Singh, q u e a servia havia 10 anos, dizendo
estava convencida, dado q u e os separatistas do Dam- q u e ele era merecedor d e sua total confiança.
d.imi Taksal, incluindo o seu líder Jarnail Singh Bhin- Indira passeava e m seu jardim quando os dois a
' liiinwale, q u e vinham defendendo a criação d e uma mataram c o m 31 tiros. Beant Singh foi baleado e mor-
II'pública teocrática sique, haviam se refugiado no t e m - reu ali mesmo. Satwant Singh foi ferido e mais tarde
plo. Tal desafio à unidade nacional indiana não poderia executado. Q u a n d o se anunciou o assassinato, distúr-
ser tolerado. C o m o era d e esperar, a operação resultou bios sectários sacudiram a (ndia, tornando ainda mais
o m muitas mortes e destruição. N o entanto, para boa
áspera a crise gerada pelo separatismo sigue. J S
1984 3 DE DEZEMBRO

Envenenamento em massa em Bhopal


Um vazamento de gás numa fábrica da Union Carbide mata milhares de indianos.

O Os trabalhadores que recolhiam corpos para sepultamento e cremação perderam a conta do número de vítimas.

U m vazamento d e gás venenoso e m uma fábrica d e d e teria se recusado a construir a fábrica longe da cida-
pesticidas da multinacional americana Union Carbide d e devido ao custo adicional. A queda da demanda d e
matou milhares d e pessoas e m uma única noite na ci- pesticidas na década d e 1980 estaria i m p o n d o à e m -
dade indiana d e Bhopal. Enquanto a cidade dormia, presa cortes drásticos d e custos q u e comprometiam a
cerca d e 39 toneladas d e metil isocianato misturado, m a n u t e n ç ã o e os padrões d e segurança.
talvez, c o m gás cianídrico e fosgênio (o mais letal dos A U n i o n Carbide travou u m a longa batalha para
gases usados na Primeira Guerra Mundial), foram aci- n ã o ser obrigada a pagar indenizações. Só e m 1989
dentalmente liberadas para a atmosfera. O número fi- chegou-se a u m acordo. A maioria das famílias atín
nal d e vítimas é controverso, mas 30 mil pessoas p o - gidas r e c e b e u meros 2.200 dólares. Boa parte dos
d e m ter morrido nesse q u e foi o pior acidente industrial incapacitados recebeu p o u c o o u nada. E m 1992, a
da História. Cerca d e 150 mil pessoas ficaram incapaci- Corte d e Justiça d e Bhopal expediu um m a n d a d o do
tadas e u m número estimado em 500 mil sofreu algum prisão por homicídio culposo contra Warren A n d e i
tipo d e envenenamento. A contaminação dos estoques son, diretor-executivo da Union Carbide à época d o
d e água potável gerou altos índices d e câncer, proble- acidente, mas as autoridades americanas se recusaram
mas respiratórios e defeitos congênitos. A Union Carbi- a extraditá-lo. J S
Mineiros reconhecem a derrota
Sindicato Nacional dos Mineiros vota o fim da greve na Grã-Bretanha.

O O líder mineiro Arthur Scargíll, q u a n d o acabava d e anunciar o fracasso da greve por um acordo sobre o fechamento das minas.

Depois d e 51 semanas, um,] < onferênr ia es|)ei ial d e posição da polícia para derrotar a tática sindical dos pi-

d e l e g a d o s d o Sindicato Nacional dos Mineiros a p r o - quetes volantes, c o m bloqueios súbitos e maciços d e

v o u , por 98 votos a 92, o fim da g r e v e nacional. E m alvos selecionados. A causa d o governo recebeu t a m -

muitas minas, os Itab.ilhadoios pior u i a i a m eniren b é m a ajuda do líder dos mineiros, Arthur Scargill, que,

lar c o m dignidade a volla ao Irabalho m a r c h a n d o ao


1
t e m e n d o perder unia votação sobre a greve, havia se

som d e bandas d e música. Mas isso n ã o serviu para recusado ilegalmente a convocá-la.

abafar o t a m a n h o da derrota d o mais poderoso As conseqüências da derrota foram graves. E m 20

sindicato da Grã-Bretanha, a q u e l e q u e e m 1974 havia anos, essa imensa indústria, que empregava 187 mil

d e r r u b a d o o g o v e r n o conservador. pessoas, foi reduzida a seis minas c o m menos d e quatro

Na realidade, o novo governo conservador d e Mar mil empregados. N e m nas modernas e lucrativas minas

i |aret Thatcher não apenas se preparara e c o m o dera as d e East Midlands, o n d e o entusiasmo pela greve foi

boas-vindas ao confronto. Uma vitória esmagaria toda pequeno, os mineiros foram poupados. Por todo o país,

resistência sindical efetiva às drásticas reformas indus- comunidades inteiras que dependiam das minas para

triais promovidas pelo governo. Os estoques d e carvão existir foram devastadas. Thatcher p ô d e comemorar

li iram ampliados e recursos ilimitados colocados à dis- uma vitória decisiva sobre todos os sindicatos. P F
1985 10 D E JULHO

0 afundamento do Rainbow Warríor


Sabotagem francesa afunda também o programa de testes nucleares do país.

O O afundamento do Rainbow IMimorsegundo o primeiro-ministro da Nova Zelândia: "Um sórdido ato de terrorismo internacional."

Às 23h45, u m clarão azulado seguido d e duas explo- afundá-lo c o m duas minas afixadas e m seu casco
sões foi percebido na baía d e Auckland, Nova Z e l â n - d e m o d o a nào a m e a ç a i vidas. M e s m o declarando-
dia. Quatro minutos depois, u m antigo rebocador d e se responsáveis d e homicídio culposo, eles tentaram
4 0 m d e c o m p r i m e n t o afundava no mar. Dez tripulan- alegar q u e o Rainbow Warríor transportava e q u i p a -
tes conseguiram se salvar, mas o fotógrafo português m e n t o d e e s p i o n a g e m e q u e Pereira era a g e n t e da
Fernando Pereira afogou-se e m sua cabine, a o n d e KGB. Foram c o n d e n a d o s a 10 anos d e prisão.
fora buscar seu equipamento. O Rainbow Warríor per- E m m e i o ao clamor q u e se seguiu ao afunda-
tencia ao g r u p o ambientalista Greenpeace, naquele m e n t o d o Rainbow Warríor, barcos particulares c u m
m o m e n t o envolvido e m u m protesto contra a iniciati- priram o trajeto da Nova Zelândia ao atol d e Mururi a,
va francesa d e testar uma ogiva nuclear no atol poli- O programa francês d e testes nucleares foi suspenso
n é s i o d e Mururoa. O plano era partir da Nova Zelândia, por 10 anos, a política antinuclear da Nova Zelândia
país aliado da França, mas defensor d e políticas anti- viu-se sancionada e a visibilidade e o prestígio inter-
nucleares, para Mururoa e impedir o teste. nacionais d o G r e e n p e a c e a u m e n t a r a m . Mais tarde,

P o u c o s dias antes, dois agentes secretos france- revelou-se q u e o presidente Mitterrand havia autoti
ses haviam visitado o Rainbow Warríor e tramado zado a sabotagem. P F
19 8 5 13 D E JULHO

Live Aid ajuda a Etiópia


Músicos se apresentam de graça no evento global convocado por Bob Geldorf.

O Uma multidão foi ao Estádio de W e m b l e y , e m Londres, para assistir ao histórico concerto.

Às 12h d e u m d o m i n g o d e sol, Francis Rossi, da ban- crianças etíopes famintas (a razão d e ser d o evento) e

i Ia Status Q u o , abriu o espetáculo n o Estádio d e W e m - os apelos e m o c i o n a d o s d o irlandês B o b Geldorf exor-

bley, e m Londres, para u m público d e 72 mil pessoas. tando as pessoas a dar sua contribuição.

D o outro lado d o Atlântico, n o Estádio JFK, na Filadél- S e m Geldorf, o Live Aid não teria acontecido. E m

fia, outras 90 mil assistiam a o início da versão ameri- o u t u b r o d e 1984, as impressionantes i m a g e n s d e

< ana d o e v e n t o . U m n ú m e r o e s t i m a d o e m 1,5 bilhão crianças etíopes moribundas, mostradas pela TV, d e s -

d e t e l e s p e c t a d o r e s d e 160 países viram os espetá- pertaram n o líder d o The B o o m t o w n Rats uma p r e o -

culos a o v i v o pela TV. Era o Live Aid, u m a p r o m o ç ã o c u p a ç ã o social e m geral ausente tanto da política i n -

destinada a arrecadar fundos e c h a m a r a a t e n ç ã o d o ternacional guanto da cena musical. Governos até

m u n d o para a forpe q u e devastava a Etiópia. então indiferentes acabaram se c u r v a n d o aos insisten-

O clima era d e total euforia. B o n o , d o U2, mistu- tes apelos e perorações d e Geldorf para "fazer alguma

rou-se à multidão e tirou uma j o v e m para dançar. coisa". A iniciativa foi u m imenso sucesso: g e n t e d e

I inddie Mercury e o Q u e e n atacaram c o m seus g r a n - todo o m u n d o colocou seu talento e serviço à disposi-

des sucessos. M o m e n t o s não musicais ficaram tam- ção d o Live Aid, q u e arrecadou 62 milhões d e dólares

I H ' i i i gravados na memória coletiva - os vídeos das e m d o a ç õ e s para os necessitados etíopes. P F


1985 2 DE OUTUBRO

Morre Rock Hudson


A morte do astro de cinema chama a atenção do público para a ameaça crescente daAids.

O O n o m e de Rock Hudson api numa cok ha de retalhos < riada ashington, em 1996, e m h o m e n a g e m às vítimas da Aids.

Rock H u d s o n era u m ator bonitão e, a t é o n d e indica- c o m a secretária d e seu a g e n t e , e m 1955, fora u m

v a m as aparências, heterossexual. Sua bem-sucedida simulacro o r g a n i z a d o p e l o e s t ú d i o para desviar o


carreira d e galã d e H o l l y w o o d fora, e m boa medida, olhai dos a b e l h u d o s . A união d u r o u três anos. As
criação d e seu a g e n t e e dos estúdios. Até seu n o m e inclinações sexuais d e H u d s o n só foram reveladas
fora e s p e c i a l m e n t e escolhido - Rock d o rochedo p o u c o antes d e sua m o r t e , vítima d e Aids, na digni
(rock) d e Gibraltar, e H u d s o n d o rio H u d s o n . Dizem d a d e d e sua casa e m Beverly Hills, às vésperas d e
q u e H u d s o n precisou d e 38 t o m a d a s para fazer uma c o m p l e t a r 60 anos.
única fala e m seu primeiro filme, Sangue, suor e lágri- I ludson foi a primeira figura importante da indús
mas, d e 1948; mas destacou-se, nas d é c a d a s d e 1950 tria d o entretenimento a morrer de Aids. Apesar da
e 1960, e m uma série d e c o m é d i a s românticas, várias crueldade d e boa parte da cobertura da mídia, a notícia
delas a o lado d e Doris Day. contribuiu para promover a aceitação social da homos-

Tímido e reservado, Hudson costumava dizer sexualidade - estimulou o movimento e m prol dos di
q u e n ã o gostava d e sua i m a g e m na tela. Muito p o u - reitos dos gays, q u e vinha ganhando força desde a d é -
cas pessoas, e c e r t a m e n t e não o público e m geral, cada d e 1970, e c h a m o u a atenção do público para o
sabiam q u e ele era homossexual e q u e o c a s a m e n t o crescente número d e vítimas da doença. R C
1986 2 8 D E JANEIRO

A explosão do Challenger
Missão do ônibus espacial Challenger termina em tragédia.

0 ônibus espacial Challenger foi lançado d o Centro

Espacial Kennedy, no litoral da Flórida, por volta das

l l h B O da m a n h ã , hora local, e se desintegrou cerca

d e 70 s e g u n d o s depois, a uma altitude d e 14,5km e

v e l o c i d a d e d e cerca d e 3.220km/h. Todos os sete

m e m b r o s da tripulação morreram. Foram os p r i m e i -

ros astronautas americanos a morrer depois d o lan-

ç a m e n t o . ( E m 1967, três astronautas perderam a vida

o m u m incêndio na plataforma d e lançamento.)

O aspecto mais notório da tragédia foi, talvez, a

presença entre as vítimas da professora Christa M c A u -

liffe, a primeira pessoa selecionada por u m programa

d e envio d e civis ao espaço; e o mais pungente, sem

dúvida, a presença d e seu marido e filhos, assim c o m o

das famílias dos demais astronautas, na base d e lança-

mento. O desastre causou u m profundo impacto na

mídia e no público. U m estudo relatou q u e 8 5 % dos

americanos entrevistados já sabiam d o trágico desti-

no d o ônibus espacial uma hora depois d o ocorrido.

O lançamento fora adiado várias vezes devido ao

mau t e m p o e a problemas mecânicos. Naguele dia, a

baixíssima temperatura exigira a retirada do gelo da f u -

selagem da nave, atrasando o lançamento e m duas

horas. Assim g u e o Challenger foi lançado surgiram la-

O O Challengeré lançado do Centro Espacial Kennedy. baredas e fumaça e m u m dos foguetes propulsores

O Setenta e três segundos depois do lançamento, os foguetes externos, guefoi imediatamente t o m a d o pelas chamas,

propulsores e o tanque externo de combustível do Challenger transformando o ônibus espacial numa bola d e fogo

se desintegraram. vermelha, laranja e branca. A tripulação não c h e g o u a

perceber nada d e errado. Uma investigação constatou

g u e os foguetes propulsores não tinham sensores d e


"...eles deram adeus e alerta e g u e o problema c o m e ç o u no lançamento, c o m

se soltaram da Terra para uma falha n u m dos anéis d o propulsor direito.

O desastre foi u m duro g o l p e para o programa


tocar a face de Deus." espacial, já e m dificuldades d e v i d o aos custos exces-

Ftonald R e a g a n , c i t a n d o o p o e m a " H i g h F l i g h t sivos. Os lançamentos dos ônibus espaciais ficaram

suspensos durante quase três anos. R C

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