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COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO

HOSPITALAR - CCIH

MANUAL
DE
CURATIVO
E
INDICAÇÃO DE
COBERTURA
ESPECIAL

2020
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.........................................................................................................………………… 4

1. Conceitos………………………………………………………………………………………………. 5
2 .Definição e avaliação da Lesão por pressão…………………………………….…………………….. 5
2.1 Quanto a coloração do leito da ferida………………………………………………………………... 5
2.2 Quanto ao odor da ferida……………………………………………………………………………... 6
2.3 Quanto a presença de transudato e exsudato da ferida………………………………………..……… 6
2.4 Quanto ao leito da ferida…………………………………………………………………………...… 6
2.5 Quanto a borda da ferida……………………………………………………………………………... 6
3. Medidas preventivas para lesões por pressão conforme classificação de risco….…………………… 7
4. Estadiamento de lesão por pressão …………………………………………………………………… 7
5. Curativos………………………………………………………………………………………………. 10
6. Cicatrização……………………………………………………………………………………………. 10
7. Fatores que interferem no processo de cicatrização…………………………………………………... 11
8. Indicação de coberturas especiais……………………………………………………………………... 12
8.1 Hidrocolóides………………………………………………………………………………………… 12
8.2 Hidrogel……………………………………………………………………………………………… 13
8.3 Alginato de cálcio……………………………………………………………………………………. 13
8.4 AGE …………………………………………………………………………………………...…….. 14
8.5 Filme transparente de poliuretano……………………………………………………………………. 14
8.6 Collagenase…………………………………………………………………………………………... 14
8.7 Gaze não aderente…..………………………………………………………………………………... 15
8.8 Gaze antimicrobiana PHMB…………………………………………………………………………. 15
8.9 Papaína……………………………………………………………………………………………….. 15
8.10 Sulfadiazina de prata……………………………………………………………………………...… 15
8.11 Creme de Barreira…………………………………………………………………………………... 16
9. Classificação das coberturas especiais………………………………………………………………... 16
10. Característica de um curativo ideal………………………………………………………………….. 16
11. Realização do curativo……………………………………………………………………………….. 17
12. Coleta de secreção da ferida………………………………………………………………………….. 17
13. Feridas Tumoral……………………………………………………………………………………… 18
13.1 Classificação quanto ao aspecto…………………………………………………………………….. 18
13.2 Estadiamento da ferida tumoral…………………………………………………………………….. 18
13.3 Classificação quanto ao grau do odor………………………………………………………………. 19
13.4 Avaliação da ferida oncológica……………………………………………………………………... 19

Referências ……………………………………………………………………………………………… 20
APRESENTAÇÃO

Este protocolo foi criado pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital
Mestre Vitalino da Gestão Hospital do Tricentenário com o objetivo prevenir, organizar e
padronizar a assistência a pacientes portadores de lesões de pele, como também a prevenção dessas
lesões. O cuidado com a pele é fundamental para melhorar a qualidade de vida dos clientes,
acelerando o tempo de cicatrização, reduzindo os riscos e complicações, reduzindo tempo de
internamento, minimizando o sofrimento, otimizando o tratamento e diminuindo custos.
Devido à demanda de pacientes crônicos, sequelados de acidente vascular encefálico,
diabéticos, portadores de insuficiência venosa e arterial, entre outros, observou-se a necessidade de
aperfeiçoarmos conhecimentos técnicos e científicos na prevenção, diagnóstico e tratamento de
lesões, perante as lesões que nos deparamos diariamente, é necessário discutirmos o curativo ideal,
conhecendo as coberturas especiais de curativos e seus mecanismos de ação.
É importante que o enfermeiro domine quanto ao assunto de curativos, avaliação adequada
da lesão, preparo do leito para a cicatrização, proporcionando um maior conforto ao paciente.

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1. Conceitos
A pele é a principal barreira de proteção do organismo e tem como funções básicas impedir a perda
excessiva de líquidos, proteger da ação de agentes externos, (inclusive microbianos), manter a temperatura
corpórea, sintetizar vitamina D com a exposição aos raios solares, agir como órgão do sentido e participar da
termorregulação (BAJAY, JORGE, DANTAS, 2003).
Uma ferida é representada pela interrupção da continuidade de um tecido corpóreo, em maior ou em
menor extensão, causada por qualquer tipo de trauma físico, químico, mecânico ou desencadeada por uma
afecção clínica, que aciona as frentes de defesa orgânica para o contra ataque (BLANES, 2004).
As feridas podem ser classificadas de acordo com o tempo de reparação tissular em agudas e
crônicas. As feridas agudas são originadas de cirurgias ou traumas e a reparação ocorre em tempo adequado,
sem complicações. As feridas crônicas são aquelas que não são reparadas em tempo esperado e apresentam
complicações (BLANES, 2004).
A terapia tópica envolve, além da limpeza e desbridamento, a oclusão com os chamados curativos e/
ou coberturas (SANTOS, 2000).
A escolha do tipo de cobertura a ser utilizada está diretamente relacionada com sua função, que pode
ser: proteção e absorção de umidade, absorção de exsudato e odores, desbridamento (limpeza), prevenção da
contaminação exógena, compressão para minimizar acúmulo de fluidos, bem como a imobilização ou
proteção contra traumas mecânicos (BAJAY, JORGE, DANTAS, 2003).
Alguns fatores podem afetar o processo de reparação tissular, são chamados de sistêmicos e locais.
Entre os fatores sistêmicos destaca-se: a idade, a imobilidade, o estado nutricional, doenças associadas e o
uso de medicamentos contínuos, principalmente as drogas imunossupressoras. Esses fatores muitas vezes
não podem ser eliminados, mas devem ser controlados. Os fatores locais são: a localização anatômica da
ferida, a presença de infecção, tecido desvitalizado entre outros, e são fundamentais na escolha do tratamento
local (BLANES, 2004).
A avaliação da ferida é um passo importante no tratamento, pois, é com base nesta observação que o
enfermeiro fará a prescrição do curativo. Para as feridas, nas quais estão utilizando coberturas
industrializadas, o enfermeiro deverá fazer a avaliação no momento da troca. Para aquelas que necessitam a
troca diária do curativo, a avaliação pelo enfermeiro para a confirmação da prescrição deverá ser efetuada no
máximo a cada semana.
Para sistematizar a descrição da ferida, devem-se registrar aspectos como: cor, odor, tipo e
quantidade de exsudato, bem como a observação do leito da ferida, sua borda e sua área perilesão. Para a
definição do tamanho da ferida, utilizaremos as medidas de comprimento, largura e profundidade.

2. Definições e avaliação de Lesão Por Pressão

Lesão por pressão (LPP): lesão localizada da pele e/ou tecido subjacente, geralmente sobre uma
proeminência óssea, resultante da pressão ou da combinação entre pressão e cisalhamento, causado pela
fricção.
Cisalhamento: deformação que sofre um corpo quando sujeito à ação de forças cortantes.
Estadiamento de LPP: classificação da LPP, que auxilia na descrição clínica da profundidade observável de
destruição tecidual.

2.1 Quanto à coloração do leito da ferida


É uma característica importante e fácil de classificar uma ferida, com vistas à prescrição do
tratamento adequado.
Ferida de cor vermelha/Rosa indica que está com tecido de granulação, em fase ativa de
epitelização/cicatrização e limpa.
Ferida de cor acinzentada/preta indica presença de tecido necrosado, sendo necessário preparar esse leito

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com a retirada desse tecido.
Ferida de cor amarela devido à presença de esfacelo que fazem parte da composição dos tecidos
desvitalizados.
Ferida de cor esbranquiçada/pálida indica nutrição insuficiente, aporte insuficiente de vascularização,
assim como a presença de pontos amarelos, pode indicar presença de infecção.

2.2. Quanto à ao odor da ferida


O odor desagradável é uma característica preocupante, sabe-se que a necrose na ferida contribui com
o aparecimento do odor, mas não pode ser vista como causa principal de seu surgimento. O odor pútrido é
característico de infecção local por bactérias anaeróbias ou colonização da ferida. A identificação e o registro
do odor são importantes para se detectar possível presença de infecção ou de necrose que podem determinar
a mudança da conduta do profissional.

2.3 Quanto à presença de transudato e exsudato da ferida


O transudato é uma secreção serosa e fluída de origem não inflamatória. O exsudato é um material fluido,
normalmente como resultado de um processo inflamatório.
Exsudato seroso: Esse tipo de exsudato inflamatório é observado precocemente nas fases de
desenvolvimento da maioria das reações inflamatórias agudas e é encontrado nos estágios precoces das
infecções bacterianas.
Exsudato sanguinolento: É quase sempre, um exsudato fibrinoso ou purulento, acompanhado pelo
extravasamento de grande quantidade de hemácias.
Exsudato supurativo ou purulento: é um líquido composto por células (leucócitos) e proteínas. Este tipo
de exsudato pode difundir-se entre os tecidos ou localizar-se por exemplo em um foco de infecção, ou
disseminar-se sobre a superfície de órgãos ou estruturas.
Exsudato fibrinoso: é o extravasamento de grande quantidade de proteínas plasmáticas, incluindo o
fibrinogênio e a precipitação de grandes massas de fibrina. Diversos padrões mistos de reações exsudativas
ocorrem em muitas inflamações e são denominadas: serosanguinolento, seropurulento, serofibrinoso ou
fibrinopurulento.

2.4 Quanto ao leito da ferida


Tipos de tecido: a quantidade de tecido deve ser registrada utilizando a porcentagem.
Epitelização – novo tecido que é formado após processo de cicatrização, sensível, fino, sendo necessário
proteger esse tecido.
Granulação – neoangiogênse, tecido vermelho vivo.
Esfacelos – tecido desvitalizado, de coloração amarelada, pode estar firmes ou frouxamente aderidos no leito
e nas bordas da ferida. Formado por bactérias (odor), fibrina, colágeno, fragmentos celulares e exsudato. É
necessário remover/desbridar esse tecido para iniciar o uso de alguma cobertura especial.
Necrose – tecido desvitalizado, fator de risco para contaminação e proliferação bacteriana, uma barreira que
impede o processo de cicatrização. É necessário remover/desbridar esse tecido para iniciar o uso de alguma
cobertura especial.

2.5 Quanto a borda da ferida


A migração celular ocorre a partir da borda em direção ao leito da ferida, a borda tem um papel
fundamental para cicatrização.
Bordas com hiperqueratose impede a formação do epitélio, sendo necessário sua remoção.
Bordas maceradas é indicação de excesso de exsudato na ferida, sendo necessário controlar e absorver esse
exsudato.
Bordas epíbole indica o fechamento prematuro das bordas, as células migram circundando a borda, que se
enrola sobre si, comum ocorrer em feridas com cavidades, sendo necessário preencher a cavidade o que
evitara esse processo, propiciando um suporte para que as bordas fiquem paralelas.
É necessário se atentar para a área perilesão, com intuito de reconhecer o aspecto da pele, a fragilidade e
realizar higiene da pele integra.

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3. Medidas preventivas para lesão por pressão conforme classificação de risco
Os fatores de risco identificados na fase de avaliação fornecem informações para o desenvolvimento
do plano de cuidados. Segue as recomendações das medidas preventivas conforme a classificação do risco:

Risco baixo (15 a 18 pontos na escala de Braden).


• Cronograma de mudança de decúbito;
• Otimização da mobilização;
• Proteção do calcanhar;
• Manejo da umidade, nutrição, fricção e cisalhamento, bem como uso e superfícies de redistribuição
de pressão.

Risco moderado (13 a 14 pontos na escala de Braden).


• Continuar as intervenções do risco baixo;
• Mudança de decúbito com posicionamento a 30°.

Risco alto (10 a 12 pontos na escala de Braden).


• Continuar as intervenções do risco moderado;
• Mudança de decúbito frequente;
• Utilização de coxins de espuma para facilitar a lateralização a 30º.

Risco muito alto (≤ 9 pontos na escala de Braden).


• Continuar as intervenções do risco alto;
• Utilização de superfícies de apoio dinâmico com pequena perda de ar, se possível;
• Manejo da dor.

4. Estadiamento de Lesão Por Pressão – LPP


Lesão por Pressão Estágio 1: Pele íntegra com eritema que não embranquece pele íntegra com área
localizada de eritema que não embranquece e que pode parecer diferente em pele de cor escura. Presença de
eritema que embranquece ou mudanças na sensibilidade, temperatura ou consistência (endurecimento)
podem preceder as mudanças visuais. Mudanças na cor não incluem descoloração púrpura ou castanha; essas
podem indicar dano tissular profundo.

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Lesão por Pressão Estágio 2: Perda parcial da espessura da derme, que se apresenta como uma ferida
superficial (rasa) com leito vermelho – rosa sem esfacelo. Pode também se apresentar como flictena fechada
ou aberta, preenchida por líquido seroso ou sero-hemático. Apresenta-se ainda, como uma úlcera brilhante ou
seca, sem crosta ou equimose (um indicador de lesão profunda). As características deste estágio não devem
ser confundidas com fissuras de pele, queimaduras por abrasão, dermatite associada à incontinência,
maceração ou escoriações. O leito da ferida é viável, de coloração rosa ou vermelha, úmido e pode também
apresentar-se como uma bolha intacta (preenchida com exsudato seroso) ou rompida. O tecido adiposo e
tecidos profundos não são visíveis. Tecido de granulação, esfacelo e escara não estão presentes. Esse estágio
não deve ser usado para descrever as lesões de pele associadas à umidade, incluindo a dermatite associada à
incontinência (DAI), a dermatite intertriginosa, a lesão de pele associada a adesivos médicos ou as feridas
traumáticas (lesões por fricção, queimaduras, abrasões).

Lesão por Pressão Estágio 3: Perda da pele em sua espessura total na qual a gordura é visível e,
frequentemente, tecido de granulação e epíbole (lesão com bordas enroladas) estão presentes. Esfacelo e /ou
escara pode estar visível. A profundidade do dano tissular varia conforme a localização anatômica; áreas
com adiposidade significativa podem desenvolver lesões profundas. Podem ocorrer descolamento e túneis.
Não há exposição de fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem e/ou osso. Quando o esfacelo ou escara
prejudica a identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não
Classificável.

Lesão por pressão Estágio 4: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular com exposição ou
palpação direta da fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem ou osso. Esfacelo e /ou escara pode estar
visível. Epíbole (lesão com bordas enroladas), descolamento e/ou túneis ocorrem frequentemente. A
profundidade varia conforme a localização anatômica. Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação
da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não Classificável

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Lesão por Pressão Não Classificável: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível.
Perda da pele em sua espessura total e perda tissular na qual a extensão do dano não pode ser confirmada
porque está encoberta pelo esfacelo ou escara. Ao ser removido (esfacelo ou escara), Lesão por Pressão em
Estágio 3 ou Estágio 4 ficará aparente. Escara estável (isto é, seca, aderente, sem eritema ou flutuação) em
membro isquêmico ou no calcâneo não deve ser removida.

Lesão por Pressão Tissular Profunda: descoloração vermelho escura, marrom ou púrpura, persistente
e que não embranquece. Pele intacta ou não, com área localizada e persistente de descoloração vermelha
escura, marrom ou púrpura que não embranquece ou separação epidérmica que mostra lesão com leito
escurecido ou bolha com exsudato sanguinolento. Dor e mudança na temperatura frequentemente precedem
as alterações de coloração da pele. A descoloração pode apresentar-se diferente em pessoas com pele de
tonalidade mais escura. Essa lesão resulta de pressão intensa e/ou prolongada e de cisalhamento na interface
osso-músculo. A ferida pode evoluir rapidamente e revelar a extensão atual da lesão tissular ou resolver sem
perda tissular. Quando tecido necrótico, tecido subcutâneo, tecido de granulação, fáscia, músculo ou outras
estruturas subjacentes estão visíveis, isso indica lesão por pressão com perda total de tecido (Lesão por
Pressão Não Classificável ou Estágio 3 ou Estágio 4). Não se deve utiliar a categoria Lesão por Pressão
Tissular Profunda (LPTP) para descrever condições vasculares, traumáticas, neuropáticas ou dermatológicas.

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Definições adicionais:
Lesão por Pressão Relacionada a Dispositivo Médico
Essa terminologia descreve a etiologia da lesão. A Lesão por Pressão Relacionada a Dispositivo Médico
resulta do uso de dispositivos criados e aplicados para fins diagnósticos e terapêuticos. A lesão por pressão
resultante geralmente apresenta o padrão ou forma do dispositivo. Essa lesão deve ser categorizada usando o
sistema de classificação de lesões por pressão.
Lesão por Pressão em Membranas Mucosas
A lesão por pressão em membranas mucosas é encontrada quando há histórico de uso de dispositivos
médicos no local do dano. Devido à anatomia do tecido, essas lesões não podem ser categorizadas.

5. Curativos
O curativo é a proteção da lesão contra a ação de agentes externos físicos, mecânicos ou biológicos.
É um meio terapêutico que consiste na limpeza e aplicação de uma cobertura estéril em uma ferida, quando
necessário, com a finalidade de promover a rápida cicatrização e prevenir a contaminação ou infecção. Antes
da seleção e aplicação de um curativo é necessário uma avaliação completa da ferida, do seu grau de
contaminação, presença de exsudato e melhor forma de agilizar o processo de cicatrização e proteger a
ferida.
Finalidades
• Promover a cicatrização da ferida e em menor tempo possível;
• Remover o acúmulo de secreções e tecido morto da ferida ou da área de incisão;
• Preparar o leito da ferida para iniciar o uso da cobertura especial ideal;
• Diminuir o crescimento de microrganismos na ferida ou na área da incisão;
• Promover maior conforto ao paciente portador de feridas;
Resultados esperados
• Cicatrização da ferida em menor tempo possível.

6. Cicatrização
Cicatrização conjunto de processos complexos, interdependentes, cuja finalidade é restaurar os tecidos
lesados. A cicatrização da ferida é otimizada em ambiente úmido, isto porque a síntese do colágeno e a
formação do tecido de granulação são melhoradas, ocorrendo com maior rapidez a recomposição epitelial e,
além disso, não há formação de crostas e escaras.

Fase Inflamatória: reação local não específica a danos teciduais ou invasões por microrganismos. Seu início
é imediato e a duração é 3 a 5 dias. É o processo que ocorre no organismo como defesa à lesão tecidual que
envolve reações neurológicas, vasculares e celulares que destroem ou barram o agente lesivo e substituem as
células mortas ou danificadas, por células sadias. Tem a função de ativar o sistema de coagulação, promover
o debridamento da ferida e a defesa contra microrganismos. São sinais de inflamação: rubor, calor, edema e
dor. Quanto maior a área da ferida, maior será a duração desta fase. Problemas como infecção, corpos
estranhos, permanência das fontes causais, podem exacerbar esta resposta e prolongá-la.

Fase de exsudação ou fase de limpeza: inicia-se imediatamente após o aparecimento da ferida. Em termos
clínicos estamos diante de um local com inflamação que conduz a um pronunciado exsudato. Nesta fase o
organismo inicia a coagulação, limpa a ferida e protege-a da infecção; os tecidos danificados e os germes são
removidos (fagocitose).

Fase de Revascularização (Granulação ou Proliferação): são geradas novas células e forma-se o tecido de
granulação (uma espécie de tecido temporário para o preenchimento da ferida). Fibrosblastos penetram na
ferida em grandes quantidades, inicia-se a síntese do colágeno e os capilares movem-se para o centro da

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ferida. E quanto estas transformações ocorrem, reduz-se a quantidade de exsudato. A forma como se
apresenta é agora de tecidos vermelho com um bom fluxo sanguíneo.

Fase de Reparação/Epitelização: fase de cobertura da ferida pelas células epiteliais. A diferença entre os
tecidos torna-se cada vez mais evidente. As bordas da ferida deslocam-se para o centro e a ferida fica
gradualmente coberta de tecido epitelial. À medida que a ferida se contrai o tecido vai se formando, o
processo de cicatrização fica concluído.

Maturação: leva um ano nas feridas fechadas e mais nas feridas abertas. Nessa fase diminui a
vascularização, o colágeno se reorganiza, o tecido de cicatrização se remodela e fica igual ao normal. A
cicatriz assume a forma de uma linha fina e branca. Aumenta a força de distensão local.

O processo de cicatrização de uma ferida pode ocorrer de três formas:


Por primeira intenção: processo ocorre dentro do tempo fisiológico esperado, quando é possível fazer a
junção dos bordos da lesão por meio de suturas ou qualquer outro tipo de aproximação;
Por segunda intenção: relacionado a ferimentos infectados e a lesões com perda acentuada de tecido, onde
não é possível fazer a junção dos bordos;
Por terceira intenção: quando há fatores que retardam a cicatrização de uma lesão inicialmente submetida a
um fechamento por primeira intenção. Ocorre quando a lesão é deixada aberta para drenagem de exsudato e
posteriormente fechada. (MENEGHIN, VATTIMO, 2003)

7. Fatores que interferem no processo de cicatrização


Infecção - A causa mais comum no atraso do processo cicatricial é a infecção da ferida operatória. A
infecção bacteriana prolonga a fase inflamatória e interferem com a epitelização, contração e deposição de
colágeno. Clinicamente a infecção manifesta-se através de sinais flogísticos acompanhados, geralmente, de
drenagem purulenta. Nestes casos deve-se proceder a exposição da ferida, com retirada das suturas, cuidados
locais e administração de antibióticos, quando indicados.

Desnutrição - Apesar das necessidades calóricas mínimas para cicatrização adequada não terem sido
definidas, sabe-se que uma perda de 15 a 25% do peso habitual interfere significativamente com o processo
cicatricial. O catabolismo proteico associado à desnutrição dificulta e retarda o processo de cicatrização.
Níveis de albumina inferiores a 2,0g/dL estão relacionados a uma maior incidência de deiscências, além de
atraso na cicatrização de feridas.

A carência de ácido ascórbico (vitamina C) - afeta a síntese do colágeno, uma vez que age como coenzima
na formação da hidroxiprolina, aminoácido fundamental, responsável pelas propriedades físico-químicas da
estrutura do colágeno. A deficiência de vitamina C é a hipovitaminose mais comumente associada à falência
da cicatrização de feridas. Nestes casos, o processo pode ser interrompido na fase de fibroplasia. Doses de
100 a 1.000 mg/dia corrigem a deficiência.

A vitamina A (ácido retinóico) - quando deficiente, leva a uma diminuição da ativação de monócitos e
distúrbios dos receptores de TGF-beta, fenômenos que, de uma forma ou de outra, levam a prejuízos no
processo de cicatrização.

A deficiência de zinco - é rara, estando presente em queimaduras extensas, trauma grave e cirrose hepática.
A deficiência deste mineral compromete principalmente a fase de epitelização.

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Perfusão tecidual de oxigênio - O processo cicatricial é caracterizado por uma atividade sintética intensa,
fenômeno que exige um aporte contínuo e adequado de oxigênio. A perfusão tecidual depende basicamente
de três fatores:
• Volemia adequada;
• Quantidade de hemoglobina;
• Conteúdo de oxigênio do sangue.
Assim, a anemia, desde que o paciente esteja com a volemia adequada, só interfere no processo de
cicatrização caso o hematócrito esteja abaixo de 15%, uma vez que o conteúdo de oxigênio pouco afeta a
síntese de colágeno na ferida. Fatores que interferem com a perfusão, como a desidratação e a presença de
suturas com muita tensão, podem levar a isquemia e deiscência da sutura.

Diabetes mellitus e obesidade - Pacientes portadores de diabetes mellitus tem todas as suas fases de
cicatrização prejudicadas. Nota-se espessamento da membrana basal dos capilares, o que dificulta a perfusão
da microcirculação. Existe um aumento da degradação de colágeno; além disso, a estrutura do colágeno
formado é fraca.
A administração de insulina pode melhorar o processo cicatricial de diabéticos.
Indivíduos obesos, independente da presença do diabetes, também apresentam a cicatrização
comprometida, provavelmente pelo acúmulo de tecido adiposo necrótico e pelo comprometimento da
perfusão da ferida.

Glicocorticoides, quimioterapia e radioterapia - Os glicocorticóides e as drogas citotóxicas interferem em


todas as fases da cicatrização, os primeiros na fase inflamatória e na síntese do colágeno, e os últimos na
divisão celular, impedindo a proliferação de fibroblastos, endoteliócitos, macrófagos e queratinócitos.
As drogas utilizadas na quimioterapia de doenças malignas, como a doxorrubicina e a
ciclofosfamida, devem ser evitadas nos primeiros cinco a sete dias do pós-operatório, período crítico da
cicatrização.
A radioterapia, além dos efeitos negativos semelhantes à quimioterapia, também compromete a
cicatrização, pois é causa de endarterite, com obliteração de pequenos vasos e consequente isquemia e
fibrose.

8. Indicação de coberturas especiais


Na utilização de coberturas especiais deve-se levar em consideração a substância contida e seu mecanismo
de ação em cada tipo de tecido. Segue algumas coberturas que são utilizadas nesta unidade.

8.1 HIDROCOLÓIDES
Composição: Camada externa de espuma de poliuretano e outra interna composta de gelatina, pectina e
carboximetilcelulose sódica.
Mecanismo de ação: Estimula a angiogênese e o desbridamento autolítico. Acelera o processo de
granulação tecidual.
Indicação: Feridas abertas não infectadas, com leve a moderada exsudação. Tratamento de úlceras de
pressão não infectadas e prevenção de lesões.
Contra indicação: Feridas colonizadas ou infectadas. Feridas com tecido desvitalizado ou necrose e
queimaduras de 3º grau.
Modo de usar: Lavar a ferida. Escolher o hidrocolóide, com diâmetro que ultrapasse a borda da ferida pelo
menos 3 cm.
Vantagens: São à prova d’água e lavável, retém odores, tem boa aparência e formas variadas que
possibilitam adequação à área cruenta, podendo inclusive ser empregado em lesões das articulações.
Desvantagens: A pele poderá ficar macerada se a exsudação se tornar abundante.

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Hidrocolóide em placa: Indicada para prevenir lesão por pressão, lesões causadas por dispositivos, tratar
LPP estágio I e protege áreas que apresentam proeminências ósseas.
Hidrocolóide em pasta: Indicada para preenchimento de cavidades e reconstrução tecidual de lesões que
apresentem tecido de granulação. Indicado também para adaptação de bolsa de ostomias em pele periostomia
lesionada.
Hidrocolóide em pó: Indicado para áreas que apresentem queimaduras de pele, muito utilizado em pacientes
que apresentam vazamento em ostomia, promovendo revitalização tecidual e melhor adaptação da bolsa de
colostomia.

8.2 HIDROGEL
Composição: Gel transparente, incolor, composto por: água (77,7%), carboximetilcelulose (CMC-2,3%) e
propilenoglicol (PPG-20%).
Mecanismo de ação: Amolece e remove tecido desvitalizado através de desbridamento autolítico. A água
mantém o meio úmido estimulando o processo de granulação, o CMC facilita a reidratação celular e o
desbridamento. O PPG estimula a liberação de exsudato.
Indicação: Indicado em feridas com tecido de esfacelos, de moderada ou baixa exsudação. Não associar com
outra cobertura.
Contra indicação: Pele íntegra, incisões cirúrgicas fechadas e feridas com excesso de exsudato
Modo de usar: Limpar o leito da ferida. Espalhar o curativo ou introduzi-lo na cavidade assepticamente.
Ocluir a ferida com cobertura secundária estéril.
Periodicidade de troca: Pode permanecer até 72 horas. Feridas infectadas: no máximo a cada 24 horas ou
de acordo com a saturação da cobertura secundária.
Vantagens: Sensação de alívio na ferida, amoelece e remove o tecido desvitalizado, promove um
desbridamento autolítico, facilitando o desbridamento mecânico, proporciona o meio úmido, prepara mais
rápido o leito da ferida, estimula a granulação, fácil manuseio e rápida aplicação.
Desvantagens: Pode ocasionar dor no local, desidrata rapidamente, pode causar maceração das bordas da
ferida devido à umidade que proporciona e é relativamente caro.

8.3 ALGINATO DE CÁLCIO


Composição: Fibras e não tecido com moléculas de alginato de cálcio e carboximeticelulose sódica com ou
sem íons de prata.
Mecanismo de ação: O sódio presente no exsudato e no sangue interage com o cálcio presente no curativo
de alginato. A troca iônica auxilia no desbridamento autolítico, tem alta capacidade de absorção de exsudato,
resulta na formação de um gel que mantém o meio úmido ideal para a cicatrização, promove a granulação e
induz a hemostasia. A prata oferece efetiva ação antimicrobiana ao leito da ferida. O alginato de cálcio com
prata possui a mesma indicação, a prata exerce ação bactericida, sendo contra indicado em feridas com
exposição de osso ou tendão. Não pode ser cortado devido a prata.
Indicação: Feridas abertas, friável, sangrantes, moderada a alta exsudação com ou sem infecção, até a
redução do exsudato. Apresenta-se também com a prata, sendo indicado em lesões exsudativas, com odor,
apresentando infecção, este deve ser usado de forma cautelosa não utilizar em lesões com exposição óssea,
devido ao risco de impregnação e não sendo possível cortar essa cobertura.
Contra indicação: Lesões superficiais com pouca ou nenhuma exsudação, queimaduras, necrose secas,
exposição óssea e de tendões.
Modo de usar: Remover exsudato e o tecido desvitalizado. Modelar o alginato no interior da ferida, não
deixar que a fibra de alginato ultrapasse a borda da ferida devido ao risco de maceração. Ocluir com
cobertura secundária estéril.

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Periodicidade de troca: A frequência da troca pode ser de acordo com o exsudato da ferida, pode
permanecer até 7 dias. Feridas infectadas (24 horas), feridas limpas com sangramento (48 horas), feridas
limpas ou exsudação intensa (quando saturar). Trocar o curativo secundário sempre que estiver saturado.
Vantagens: Elevado poder de absorção, promove hemostasia, desbridamento autolítico e eficiente estímulo
à granulação. Pode cortar, no entanto não pode rasgar. O Alginato de cálcio com a prata não deve ser cortado
e não utilizar por mais de 21 dias.
Desvantagens: Poderá lesar/macerar as bordas da ferida pela sua função autolítica, aderir ao leito da ferida
caso possuir pouco exsudato.

8.4 AGE (Ácidos Graxos Essenciais)


Revitaliza e mantém o equilíbrio hídrico da pele, melhorando sua elasticidade. O Ácido Linoléico, que
auxilia na prevenção da formação de Lesão Pressão e contribui para o restabelecimento da integridade da
pele.
Composição: Ácido Cáprico, Ácido Caprílico, Ácido Capróico, Ácido Láurico, Ácido Linoléico, Lecitina,
Palmitato de Retinol, Acetato de Tocoferol e Alfa-Tocoferol.
Indicação: indicado para lesões vitalizadas com tecido de granulação, com ou sem infecção. Revitaliza e
mantém o equilíbrio úmido da pele, acelerando o processo de granulação, pode causar maceração das bordas.
Contra indicação: Não deve ser utilizado para hidratar a pele, pois pode causar ressecamento da pele
quando íntegra. Existe outro tipo de AGE para esses fins, á base de uréia. Contra indicado em feridas
oncológicas ou excessivamente exsudativa.
Modo de usar: Embeber a gase e aplicar no leito da ferida. Frequência de Troca: em média de 12/24 horas.
Cuidado na retirada, pois após aproximadamente 8h o AGE vai ressecando, podendo causar trauma do tecido
em sua retirada.
Desvantagens: Não usar em tecido necrosado, pois não apresenta ação desbridante, pode causar dor,
maceração das bordas, pode causar aumento do odor da lesão e exsudato esverdeado (reação bioquímica do
AGE).

8.5 FILME TRANSPARENTE DE POLIURETANO


Composição: Poliuretano Estéreis;
Indicação: prevenção de LPP, para LPP I e como cobertura secundária
Contra indicação: feridas exsudativas e infectadas
Modo de uso: Limpar adequadamente o local da aplicação, preferencialmente com solução fisiológica e
secar bem antes da aplicação do curativo, assegurar que não haja partículas contaminantes ou óleos que
impeçam que curativo forme uma barreira vedante e segura ao redor da ferida.
Periodicidade de troca: Em média a cada 07 dias ou sempre que ficar branco e se expandir, ou mesmo
descolar, não podendo exceder os 07 dias; Região Sacral: 10X20cm; Trocantéricas e Escapulares: 10X10cm.
Como cobertura secundária a troca deve-se obedecer à saturação do curativo.

8.6 COLAGENASE
Composição: pomada lipofilíca com ou sem clorafenicol.
Indicação: Indicado em feridas com tecido necrosado. Proporciona desbridamento enzimático, remove a
camada de necrose da ferida, possui a capacidade de destruir as células de colágeno que forma o tecido
morto da ferida.
Contra indicação: Feridas recobertas por exclusivamente tecido de granulação.
Modo de uso: Lavar a ferida, secar a pele adjacente, sempre aplicar a colagenase diretamente no leito em
área a ser desbridada, evitar contato com a pele integra e ocluir com curativo secundário e sempre umedecer
a gaze com solução fisiológica, proporcionando o meio úmido, pois a enzima só consegue atuar no meio
úmido.

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Periodicidade de troca: Diariamente

8.7 GAZE NÃO ADERENTE


Composição: As gazes não aderentes de: Acetato de celulose impregnada com Petrolato, Adaptic,
Lomatuell; E gazes não aderentes de: fibras de Poliéster Hidrófobo impregnada com AGE, Aloe vera, Acido
Hialurônico e Acido Hialurônico com sulfadiazina de prata.
Indicação: Indicado para feridas superficiais, com tecido de granulação, com baixa exsudação, favorece
atividade celular local, estimula angiogênese, acelera a cicatrização, hidrata, permite remoção sem causar
trauma no leito da ferida e minimiza a dor.
Contra indicação: Feridas exsudativas, com tecido de necrose, esfacelos e odor.
Modo de uso: Lavar o leito da ferida, aplicar a gaze no leito da lesão. Ocluir com cobertura secundária
estéril.
Periodicidade de troca: O curativo deve ser trocado a cada 48h – 72h se possível não retirar antes.

8.8 GAZE ANTIMICROBIANA (PHMB)


Composição: compressa de gaze 100% de algodão impregnada de polihexanida (PHMB).
Indicação: Amplo especto, não causa resistência, indicado para feridas com sinais de infecção, infectadas,
criticamente colonizadas, sendo cavitárias ou não. Se trata de uma cobertura estéril, suave e altamente
absorvente, protege contra infecções e atua como barreira a microrganismos que causam infecção. Não causa
maceração da borda, pode recortar. Potencializa os efeitos da renovação vascular e angiogênese, não é
tóxico, não interfere na reepitelização tissular.
Modo de uso: Lavar o leito da ferida, colocar kerlix podendo ser associado ou não com outra cobertura.
Ocluir com cobertura secundária estéril.
Periodicidade de troca: O curativo deve ser trocado até 72h ou antes caso houver necessidade.
Desvantagens: aderência ao leito da lesão, podendo gerar uma remoção traumática e perca do tecido de
granulação, sendo necessário umedecer e aguardar o desprendimento do leito para remoção.

8.9 PAPAÍNA
Composição: é composta por enzimas proteolíticas: papaína, quimíopapaína e papayapeptidase.
Indicação: indicado para desbridamento enzimático de ferida com tecidos necróticos secos ou viscosos, bem
aderidos ao leito. Tem ação antiinflamatória, proporciona o alinhamento das fibras de colágeno, promovendo
crescimento tecidual uniforme. A concentração da papaína 10% é indicado para tecido com necrose seca,
papaína 5% é indicado para tecido com esfacelo e papaína com concentração abaixo de 5% indicado para
tecido de granulação.
Contra indicação: feridas muito exsudativa
Modo de uso: realizar a limpeza da ferida, secar a pele adjacente, aplicar diretamente sobre o leito da ferida
sobre a área a ser desbridada, evitar contato com a pele integra e ocluir com o curativo secundário estéril.
Periodicidade de troca: 24h
Desvantagens: dermatite perilesional, pode ocasionar dor no local, aumento do volume do exsudato e pode
causar maceração das bordas da ferida

8.10 SULFADIAZINA DE PRATA


Indicação: É bacteriostático. Possui uma absorção rápida. Indicação para tratamento de lesão com grande
potencial de infecção. Quando não se evidencia necrose, mas há infecção ou em regiões passíveis de
contaminação, a pomada com sulfadiazina de prata costuma ser uma boa indicação.
Modo de uso: realizar a limpeza da ferida, secar a pele adjacente, aplicar diretamente sobre o leito e ocluir
com cobertura secundária estéril e sempre umedecer a gaze com solução fisiológica proporcionando o meio
úmido, pois a enzima só consegue atuar no meio úmido.

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Periodicidade de troca: A cada 12h. Sua aplicação e retirada são fáceis e indolores. Contudo, deve-se estar
atento ao fato de que, após 12 horas de contato da pomada com a ferida, esta sofre oxidação e perde seu
efeito maior, apresentando aspecto viscoso e esverdeado, semelhante à secreção purulenta.
Desvantagens: O curativo deverá ser trocado a cada 12h. O uso indiscriminado causa citotoxidade e pode
levar a resistência microbiana, não ultrapassando 14 dias de uso.

8.11 CREME DE BARREIRA


Composição: contém um protetor de pH que restaura o pH da pele, prevenindo lesões cutâneas
Indicação: Indicado para proteção da pele integra peri lesão contra fluidos (corpóreos ou da ferida).
Contra indicação: Pele que apresente lesão aberta
Modo de uso: Aplique uma camada fina na pele limpa, suavemente. Remova o excesso de creme e deixe
secar por alguns minutos.
Periodicidade de troca: Possui uma duração de aproximadamente 12h na pele, mas pode permanecer por
24h.

9. Classificação das coberturas especiais


Primárias: São aquelas colocadas diretamente sobre a ferida. Ex: Alginato de Cálcio, Hidrogel, carvão.
Secundárias: São colocadas sobre a cobertura primária quando ela não garante a impermeabilidade e o
fechamento hermético necessários.
Ex: Compressa Estéril.
Cobertura Hidratantes: Membrana de poliuretano, hidrogel, hidrocolóide;
Coberturas Absorventes: Alginato de cálcio, espuma. Compressa não aderente;
Coberturas Controladoras de Odor: Compostas de carvão;
Coberturas para Controle da Dor: Espuma com ibuprofeno.

10. Características de um curativo ideal


• Manter a umidade na interface ferida/curativo;
• Manter equilíbrio entre a absorção e hidratação;
• Promover isolamento térmico;
• Agir como barreira à entrada de microrganismos;
• Possibilitar a troca sem traumas para o tecido;
• Proporcionar conforto físico e psicológico.

As condições clínicas desfavoráveis devem ser sanadas ou melhoradas para que se possa facilitar e acelerar a
evolução natural do processo de cicatrização da ferida.
• Em feridas com extensas e profundas placas necróticas, deve ser considerado o desbridamento
mecânico/cirúrgico, complementado pelo desbridamento químico, através de pomadas ou curativos
especiais.
• Em áreas com fibrina ou necrose superficial circunscrita, o desbridamento químico pode ser
suficiente para limpar a ferida e possibilitar a reepitelização.
• Com relação à exsudação das feridas, a avaliação deverá ser em relação às características e à
quantidade de secreção produzida, à presença de infecção e à capacidade de absorção do curativo
empregado.
• Os curativos úmidos produzem secreções de aspectos diversos e estas secreções devem ser
reconhecidas e informadas ao paciente e aos familiares.
Como o processo cicatricial evolui constantemente, certos curativos podem deixar de ser a melhor indicação
após alguns dias. O acompanhamento adequado é fundamental e deve ser feito por pessoa capacitada. Além
disso, os pacientes podem reagir de forma totalmente diferente, mesmo apresentando feridas semelhantes.

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11. Realização do curativo
• Higienizar as mãos;
• Separar o material necessário;
• Informar o paciente sobre o procedimento;
• Posicionar o paciente de forma confortável, expondo apenas o local da ferida, orientar o paciente a
não tocar na ferida ou no material que será utilizado, a fim de não contaminar o material estéril;
• Colocar o saco de lixo infectante ao alcance, utilizar os EPIs necessários;
• Higienizar as mãos;
• Calçar a luva de procedimento e remover cuidadosamente o curativo antigo, com a mão dominante,
remover uma camada do curativo por vez, primeiro o curativo secundário e depois o externo, se
houver algum dreno remover o curativo lentamente e cuidadosamente e evitar puxar qualquer
dispositivo de drenagem. Se o curativo estiver seco e aderido ao leito da ferida, sendo uma lesão que
exista tecido de granulação, pode-se umedecer com SF 0,9%, avisar o paciente que poderá sentir um
pequeno desconforto e soltá-lo delicadamente, se for uma lesão de necrose seca não é necessário
umedecer, pois não causará trauma a lesão;
• Não colocar o material contaminado no carrinho de curativos, na bandeja, na cama ou próximo ao
material limpo. Descartar as luvas e o material contaminado no lixo infectante;
• Verificar a ferida e seus arredores, observar sua aparência, cor, tamanho (comprimento, largura e
profundidade), exsudato, edema, hiperemia, presença de dreno, tecido, bordas e odor. A partir dessa
descrição indicar a cobertura apropriada;
• Higienizar as mãos;
• Abrir pacote de luvas estéril, utilizar o campo estéril para colocar as gazes;
• Calçar a luvas estéreis;
• Limpar da área mais limpa para a mais contaminada;
• Se houver dreno, limpar ao redor em movimento circular;
• Usar uma gaze estéril seca para secar as áreas perilesão, tocando delicadamente o local;
• Após finalizar limpeza da lesão, aplicar a cobertura de acordo com a necessidade da lesão, finalizar o
curativo com faixas, esparadrapo e/ou o que for de acordo com a necessidade;
• Retirar as luvas, descartar no lixo infectante;
• Reunir o material;
• Higienizar as mãos;
• Registar em prontuário.

12. Coleta de secreção de ferida


• Higienizar as mãos
• Preparar o material dispor a etiqueta de identificação no frasco, anotando o nome do paciente,
registro, data, hora e local de coleta (sítio anatômico).
• As bordas da lesão devem ser descontaminadas com solução de PVPI aquoso e soro fisiológico.
• Proceder a limpeza com solução fisiológica e gaze estéril.
• Coletar o material purulento localizado na parte mais profunda da ferida, utilizando-se, de
preferência, aspirado com seringa e agulha. Quando a punção com agulha não for possível, aspirar o
material somente com seringa tipo insulina.
• Amostras coletadas com seringa e agulha podem ser colocadas em frasco estéril ou tubo de coleta de
sangue sem anticoagulante (tampa vermelha) para submeter ao laboratório.
• Evitar coleta com swab se amostras apiradas ou biopsias podem ser obtidas.
• Culturas de lesões secas e crostas NÃO devem ser coletas.
• Após a coleta, anotar na etiqueta o horário da coleta.
• Reunir o material;

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• Higienizar as mãos;
• Registar em prontuário.
• Utilizar frascos e meios de transportes apropriados.
• Enviar ao laboratório imediatamente; O envio da amostra ao laboratório de microbiologia dentro de
30 minutos melhora a recuperação de microrganismos, sendo que a amostra deve ser processada em
no máximo 2 horas.
• Manter a temperatura ambiente.
• Não refrigerar ou incubar antes ou durante o transporte.

13. Feridas Tumoral


As feridas tumorais são formadas pela infiltração das células malignas do tumor nas
estruturas da pele. Ocorre quebra da integridade do tegumento, levando à formação de uma ferida
evolutivamente exofítica. Isso se dá em decorrência da proliferação celular descontrolada, que é
provocada pelo processo de oncogênese.

13.1 Classificação quanto ao aspecto


Feridas ulcerativas malignas Feridas fungosas malignas Feridas fungosas malignas
ulceradas
Quando estão ulceradas e formam Quando são semelhantes à couve-flor União do aspecto vegetativo e partes
crateras rasas ulceradas

13.2 Estadiamento da ferida tumoral


ESTADIAMENTO 1 Pele íntegra. Tecido de coloração avermelhada ou violácea. Nódulo visível e
delimitado. Assintomático.

ESTADIAMENTO 1N Ferida fechada ou com abertura superficial por orifício de drenagem de


exsudato límpido, de coloração amarelada ou de aspecto purulento. Tecido
avermelhado ou violáceo, ferida seca ou úmida. Dor ou prurido ocasionais.
Sem odor.
ESTADIAMENTO 2 Ferida aberta envolvendo derme e epiderme. Ulcerações superficiais. Por
vezes, friáveis e sensíveis à manipulação. Exsudato ausente ou em pouca
quantidade (lesões secas ou úmidas).
Intenso processo inflamatório ao redor da ferida. Dor e odor ocasionais.
ESTADIAMENTO 3 Ferida espessa envolvendo o tecido subcutâneo. Profundidade regular, com
saliência e formação irregular. Características: friável, ulcerada ou vegetativa,
podendo apresentar tecido necrótico liquefeito ou sólido e aderido, odor
fétido, exsudato. Lesões satélites em risco de ruptura.
Tecido de coloração avermelhada ou violácea, porém o leito da ferida
encontra-se predominantemente de coloração amarelada.
ESTADIAMENTO 4 Ferida invadindo profundas estruturas anatômicas. Profundidade expressiva.
Por vezes, não se visualiza seu limite. Em alguns casos, com exsudato
abundante, odor fétido e dor. Tecido de coloração avermelhada ou violácea,
porém o leito da ferida encontra-se predominantemente de coloração
amarelada.

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13.3 Classificação quanto ao grau do odor
Odor grau I Odor grau II Odor grau II

Sentido ao abrir o curativo Sentido ao se aproximar do paciente, Sentido no ambiente, sem abrir o
sem abrir o curativo. curativo. É caracteristicamente forte e/
ou nauseante.

13.4 Avaliação da ferida oncológica


• Localização
• Tamanho
• Configuração
• Área de envolvimento
• Cor
• Extensão (fístula ao redor)
• Odor
• Exsudato
• Sangramento
• Dor
• Prurido
• Descamação
• Sinais de infecção
• Acometimento ou invasão de órgãos e sistemas
• Avaliar a progressão ou mudança na ferida
• Identificar as necessidades educacionais do paciente/cuidador quanto aos cuidados com a
ferida após a alta.

Controle de exsudato
• Curativos absortivos: carvão ativado/alginato de cálcio e compressa/gaze como cobertura
secundária.
• Atentar para a proteção da pele ao redor (empregar óxido de zinco na pele macerada e nas
bordas da ferida antes da utilização de antissépticos).
• Avaliar os benefícios/necessidade de coleta de material para cultura.

Controle do prurido
• Investigar a causa do prurido.
• Uso de adesivos: considerar a utilização de adesivos hipoalergênicos. Utilizar dexametasona
creme a 0,1% nas áreas com prurido.
• Exsudato: considerar a redução do intervalo de realização dos curativos.
• Utilizar dexametasona creme a 0,1% nas áreas com prurido.
• Relacionado à própria ferida tumoral: utilizar dexametasona creme a 0,1% nas áreas com
prurido e em caso de persistência do sintoma, considerar com a equipe médica a introdução
de terapia sistêmica.
• Candidíase cutânea: à inspeção, notam-se áreas de hiperemia ao redor da ferida associada a
pápulas esbranquiçadas. Utilizar sulfadiazina de prata a 1%.

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Abordagem da necrose
• Avaliar as necessidades de desbridamento, de acordo com a capacidade funcional do
paciente.
• Eleger forma de desbridamento (mecânico, químico, autolítico).

Abordagem das fístulas cutâneas


• Aplicar óxido de zinco na pele ao redor da fístula.
• Adaptar, quando possível, uso de bolsas coletoras nas fístulas de alta drenagem, com placas
de hidrocoloide ao redor da pele.
• Realizar curativo absortivo com carvão ativado e/ou alginato de cálcio, com compressa/gaze
como cobertura secundária.

Abordagem do sangramento
• Aplicar pressão diretamente sobre os vasos sangrantes com amparo de gaze, compressa ou
toalha (evitar a cor branca).
• Considerar aplicação de soro fisiológico a 0,9% gelado; alginato de cálcio; adrenalina
(solução injetável) topicamente sobre os pontos sangrantes.
• Manter o meio úmido evitando aderência de gaze no sítio da ferida.

Controle do odor
Para lesões cutâneas
• Odor grau I: Prodecer à limpeza com soro fisiológico a 0,9% + antissepsia com clorohexidina
degermante. Retirar antisséptico com jato se soro fisiológico a 0,9% e manter gazes embebidas
em hidróxido de alumínio no leito da ferida. Outras opções: sulfadiazina de prata e/ou carvão
ativado envolto em gaze umedecida com soro fisiológico a 0,9%. Ocluir com gaze embebida
em vaselina líquida. Se as medidas acima forem ineficazes, considerar o uso de metronidazol
tópico (gel a 0,8%).

• Odor grau II: Proceder à limpeza da ferida + antissepsia conforme descrito acima. Aplicar gel
de metronidazol a 0,8% em gaze embebida em vaselina e aplicar no leito da ferida. Se houver
necessidade, fazer escarotomia em tecido necrótico endurecido e proceder à aplicação do gel de
metronidazol.

• Odor grau III: Considerar emergência dermatológica. Seguir passos acima e considerar, junto
à equipe médica, a possibilidade de associação do metronidazol sistêmico (endovenoso ou via
oral) ao uso tópico.
É importante ressaltar que o uso de metronidazol não visa à erradicação dos germes
causadores do odor. O objetivo do uso da droga é controlar o odor, reduzindo a sua intensidade ou
até eliminando-o de forma temporária. A experiência clínica demonstra que, após a suspensão da
droga, o sinal reaparece ou se intensifica, em prazo variável, de acordo com as características do
tumor (localização, tamanho, tipo) e de acordo com características do próprio paciente.

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REFERÊNCIAS

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BAJAY, J.M; JORGE, A.S; DANTAS, S.R.P.E. Técnicas básicas para a realização de curativos no âmbito
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Goiania, Agosto, 2015.

Guia de utilização de anti-infecciosos e recomendações para a prevenção de Infecções Hospitalares. São


Paulo: Hospital das Clínicas, FMUSP, 5ª edição. 2012-2014

LEILA BLANES, L; DUARTE, I.S; CALIL, J.A; FERREIRA, L.M. Avaliação clínica e epidemiológica
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Tratamento e Controle de feridas


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PIERRY, A G. Guia Completo de procedimentos e competências da enfermagem/ Anne Griffin, Patricia


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SANTOS, V.L.C.G.S. Avanços tecnológicos no tratamento de feridas e algumas aplicações em domicílio.


Atendimento domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu; 2000.

SOUZA, M.H.S. Hospital: Manual do ambiente hospitalar/Virgínia Helena Soares de Souza, Nelson
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