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Capítulo 4 CIRCUITOS BÁSICOS EM CORRENTE ALTERNADA

4. Introdução ....................................................................................................3
4.1 Circuitos RC Série................................................................................3
4.1.1 Variação da Impedância com a Freqüência .....................................5
4.1.2 Variação do Ângulo de Fase com a Freqüência...............................6
4.2 Circuitos RC Paralelo...........................................................................6
4.2.1 Conversão de Paralelo para Série....................................................8
4.3 Potência em Circuitos RC ....................................................................9
4.3.1 Fator de Potência de Deslocamento ..............................................13
4.4 Principais Aplicações de Circuitos RC ...............................................13
4.4.1 Circuito RC Atrasado......................................................................14
4.4.2 Circuito RC Adiantado ....................................................................15
4.4.3 Circuito RC como Filtro ..................................................................16
4.4.3.1 Filtro Passa Baixa .......................................................................16
4.4.3.2 Filtro Passa-Alta..........................................................................19
4.4.3.3 Freqüência de Corte e Largura de Faixa de um Filtro ................22
4.5 Circuitos RL Série ..............................................................................24
4.5.1 Corrente e Tensão em um Circuito RL Série..................................24
4.5.2 Impedância e Ângulo de Fase em Circuitos RL Série ....................25
4.5.3 Variação da Impedância e Ângulo de Fase com a Freqüência ......26
4.6 Circuito RL Paralelo ...........................................................................27
4.6.1 Relação entre Corrente e Tensão em Circuito RL Paralelo............27
4.7 Potência em Circuitos RL...................................................................30
4.7.1 Triângulo de Potência em Circuitos RL ..........................................30
4.7.2 Fator de Potência de Deslocamento ..............................................32
4.7.3 Correção de Fator de Potência de Deslocamento..........................33
4.8 Aplicações de Circuitos RL ................................................................33
4.8.1 Circuito RL Adiantado.....................................................................33
4.8.2 Circuito RL Atrasado ......................................................................35
4.8.3 Circuito RL como Filtro ...................................................................37

Profa Ruth P. S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br WP: www.dee.ufc.br/~rleao


4-2

4.8.3.1 Filtro Passa-Baixa.......................................................................37


4.8.3.2 Filtro Passa-Alta..........................................................................38
4.9 Circuitos RLC .....................................................................................40
4.9.1 Circuito RLC Série..........................................................................40
4.9.1.1 Potência em Circuito RLC...........................................................44
4.9.2 Circuito RLC Paralelo .....................................................................46
4.10 Fluxo de Potência ..............................................................................47
4.11 Transformadores................................................................................49
4.11.1 Indutância Mútua ............................................................................49
4.11.2 Coeficiente de Acoplamento...........................................................51
4.11.3 Indutância Mútua ............................................................................51
4.11.4 Tipos de Transformadores .............................................................51
4.11.5 Relação de Espiras ........................................................................52
4.11.6 Direção dos Enrolamentos .............................................................53
4.11.7 Transformadores Elevadores e Abaixadores..................................53
4.11.8 Carga no Secundário......................................................................54
4.11.9 Carga Refletida...............................................................................55
4.11.10 Casamento de Impedância .........................................................56

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4. Introdução
Neste capítulo serão estudados a resposta de circuitos RC, RL, e
RLC série, paralelo e série-paralelo quando excitados por uma
fonte senoidal.

4.1 Circuitos RC Série


Quando um circuito RC série é excitado por uma fonte de tensão
senoidal, a tensão no resistor, VR, a tensão no capacitor, VC, e a
corrente I que flui no circuito são todas ondas senoidais com a
mesma freqüência da fonte. As amplitudes e deslocamentos de
fase das tensões e corrente dependem dos valores da resistência e
da reatância capacitiva. Devido à combinação de resistência e
capacitância em um circuito, o ângulo de fase entre a tensão
aplicada e a corrente não será nulo (circuito resistivo), nem igual a
-90º com a tensão atrasada da corrente (circuito capacitivo), mas
estará compreendido entre 0 e -90º, dependendo dos valores
relativos da resistência e reatância.

Seja o circuito RC série como mostrado na Figura 4.1.


VR VC

R C I
VF ~

Figura 4.1: Circuito RC série.

Lançando mão da teoria dos fasores, sabe-se que a tensão em um


resistor está em fase com a corrente que por ele circula, e que a
tensão em um capacitor está atrasada de 90º da corrente.

A representação gráfica dos valores eficazes de tensão no resistor


e no capacitor deverá ser tal que, considerando-se VR no eixo
horizontal, VC estará 900 atrasado em relação à VR.

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4-4

Figura 4.2: Relação fasorial entre tensões e corrente no circuito RC série.

I VR

VF VC

Figura 4.3: Diagrama de tensões no circuito RC série.

Pela Figura 4.3 observa-se que a tensão resultante no circuito RC


série é igual à soma fasorial das tensões sobre o resistor mais a
tensão sobre a reatância capacitiva. Ainda, observa-se que a
tensão no resistor está adiantada da tensão da fonte e esta, por
sua vez, está adiantada da tensão no capacitor. Em assim sendo, o
ângulo de variação da tensão resultante está entre 0o e -90º. A
corrente do circuito está adiantada da tensão aplicada de θ.

Pela Lei de Kirchhoff de tensão aplicada ao circuito RC série da


Figura 4.3, tem-se que:

VF = VR − jVC (4.1)

A tensão no resistor e na reatância capacitiva é dada,


respectivamente, por:

VR = R∠0 ⋅ I∠0 (4.2)

VC = X C ∠ − 90 ⋅ I∠0 (4.3)

Então
VF = (R − jX C ) ⋅ I∠0 (4.4)

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4-5

O coeficiente que relaciona tensão e corrente é denominado de


impedância, e é definido como:
R
-θ Z = R − jX C (4.5)
XC
Z

Figura 4.4: Triângulo de impedância.

A impedância é uma grandeza complexa formada pela resistência e


reatância. A Figura 4.4 ilustra o triângulo da impedância, o qual é
semelhante ao triângulo das tensões para o circuito RC série. A
unidade da impedância é o ohm (Ω), e sua magnitude e ângulo de
fase são definidos como:

Z = R 2 + X C2 (4.6)

⎛X ⎞
θ = − tg −1 ⎜ C ⎟ (4.7)
⎝ R ⎠

Assim, a impedância na forma polar é expressa como:

⎛X ⎞
Z = R 2 + X C2 ∠ − tg −1 ⎜ C ⎟ (4.8)
⎝ R ⎠

4.1.1 Variação da Impedância com a Freqüência


Como visto no Capítulo 3, a reatância capacitiva varia com o
inverso da freqüência. Como Z = R 2 + X C2 , quando XC cresce a
magnitude da impedância do circuito cresce; e quando XC
decresce, a magnitude da impedância do circuito diminui. Portanto,
em um circuito RC série, a magnitude de Z é inversamente
proporcional à freqüência.

Quando a tensão na fonte é mantida constante, a tensão nos


terminais da impedância permanece constante (VF), porém se a
freqüência aumenta, a reatância capacitiva e a magnitude da
impedância diminuem, causando um aumento na corrente do
circuito. Com o aumento da corrente, a queda de tensão no resistor
aumenta (VR=RI), e conseqüentemente, a queda de tensão
reatância diminui (VC=XC.I). Raciocínio análogo se aplica para a
condição de diminuição da freqüência.

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4-6

4.1.2 Variação do Ângulo de Fase com a Freqüência


Como XC é responsável pelo ângulo de fase no circuito RC série,
uma mudança em XC provoca alteração no ângulo de fase. Quando
a freqüência aumenta, XC torna-se menor, e assim o ângulo de fase
diminui.

A Figura 4.5 ilustra através do triângulo de impedância as variações


em XC, Z, e θ com a freqüência. À medida que a freqüência cresce,
diminuem a reatância capacitiva, a magnitude da impedância e o
ângulo de fase.
R
θ3
Z3 XC3 f3
θ2
Z2
θ1 XC2 f2
Z1
XC1 f1

Figura 4.5: Variação da impedância e ângulo de fase com a freqüência.

4.2 Circuitos RC Paralelo


Seja o circuito RC paralelo conectado a uma fonte de tensão
senoidal, como mostra a Figura 4.6.

VF ~ IR R C IC

Figura 4.6: Circuito RC em paralelo.

Com base na teoria dos fasores, a corrente IR está em fase com a


tensão VF, porém a corrente IC está adiantada de 90º da tensão VF
e conseqüentemente de IR. O diagrama fasorial para as correntes
é apresentado na Figura 4.7.
IF
jIC

IR VF, VR, VC

Figura 4.7: Diagrama fasorial de tensão e correntes do circuito RC paralelo.

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4-7

A corrente total suprida pela fonte ao circuito é igual a IF. Pela Lei
de Kirchhoff para as correntes, tem-se que:

I F = I R + jI C (4.9)

A corrente IF pode ainda ser obtida por:

1 1
IF = ⋅ V∠0 + ⋅ V∠0
R∠0 X C ∠ − 90
(4.10)
⎛1 1 ⎞
= ⎜⎜ + j ⎟ ⋅ V∠0
⎝R X C ⎟⎠

Como visto no Capítulo 3, o recíproco da resistência é a


condutância, e da reatância capacitiva é a susceptância capacitiva.
Assim:
I F = (G + jB C ) ⋅ V∠0 (4.11)

O coeficiente que relaciona corrente com tensão é denominado de


admitância cuja unidade é siemens (S).

Y=G+jBC (4.12)

Como a admitância é o inverso da impedância, a unidade da


admitância é também definida como mho (ohm ao inverso), sendo
usada a letra grega ômega maiúscula invertida como símbolo da
unidade.

Observando a admitância do circuito RC paralelo, verifica-se que


enquanto a reatância capacitiva apresenta um ângulo de -90º,
representada por uma componente imaginária negativa, a
susceptância capacitiva é positiva.

A magnitude e o ângulo de fase da admitância são dados por:

Y jB
Y = G 2 + B C2 (4.13)
θ
⎛ BC ⎞
G θ = tg −1 ⎜ ⎟ (4.14)
Figura 4.8: Triângulo da admitância. ⎝ G ⎠

O triângulo da admitância é semelhante ao da corrente em um


circuito RC paralelo.

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4-8

A impedância equivalente do circuito RC paralelo pode também


ser obtida para o circuito da Figura 4.6. Como o circuito é formado
por apenas dois componentes, tem-se que a impedância
equivalente é dada por:

Z=
(R∠0 )⋅ (X ∠ − 90
C ) (4.15)
R − jX C

Operando sobre a expressão de Z, obtém-se:

⎛ R⋅ X ⎞ ⎛ ⎞⎞
Z =⎜ C ⎟∠⎜ − 90 + tg −1 ⎛⎜ X C ⎟ ⎟⎟ (4.16)
⎜ R2 + X 2 ⎟ ⎜⎝ ⎝ R ⎠⎠
⎝ C ⎠

A magnitude da impedância equivalente é então:

R ⋅ XC
Z= (4.17)
R 2 + X C2

e o ângulo de fase entre a tensão da fonte e a corrente por ela


suprida,
⎛ XC ⎞
θ = −90 + tg −1 ⎜ ⎟ (4.18)
⎝ R ⎠
o que equivale a

⎛ R ⎞
θ = − tg −1 ⎜⎜ ⎟⎟ (4.19)
⎝ XC ⎠

Portanto, a impedância equivalente do circuito RC paralelo é


semelhante à Eq.4.8, i.e.,

Z = Z ∠ − tg −1 ( R X C )
R ⋅ XC (4.20)
= ∠ −θ
R 2 + X C2

4.2.1 Conversão de Paralelo para Série


Para cada circuito RC paralelo, há um circuito equivalente série.
Dois circuitos são considerados equivalentes quando ambos
apresentam uma mesma impedância equivalente em seus

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4-9

terminais, i.é., a magnitude e o ângulo de fase da impedância são


idênticos.

O circuito equivalente série para um dado circuito RC paralelo é


obtido a partir de:

REQ
I I XC,EQ

VF ~ R C VF ~
REQ
-jXC,EQ
Z

Figura 4.9: Equivalência entre circuito paralelo e série.

Com base na Eq.4.20, tem-se:

R ⋅ XC
R EQ = ⋅ cos θ (4.21)
R 2 + X C2

R ⋅ XC
X C , EQ = − ⋅ senθ (4.22)
R 2 + X C2

R, XC e θ são os valores definidos para o circuito paralelo.

A equivalência pode também ser obtida a partir da admitância.

1
Z=
G + jB C
G B
= −j 2 C 2 (4.23)
G + BC
2 2
G + BC
= R EQ − jX C,EQ

4.3 Potência em Circuitos RC


Em um circuito puramente resistivo, toda energia entregue pela
fonte é dissipada na forma de calor pelo resistor. Em um circuito
puramente capacitivo, toda a energia entregue pela fonte é
armazenada pelo capacitor durante parte do ciclo da tensão e
então devolvida à fonte durante outra parte do ciclo da tensão de
maneira que não há conversão para calor. Quando no circuito
existe resistência e capacitância, parte da energia oscila entre o
capacitor e a fonte e parte é dissipada pela resistência.

A potência instantânea é obtida como:

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4-10

p ( t ) = v ( t ) ⋅ i ( t ) = V p I p sen (ωt ) ⋅ sen (ωt + θ )


= V p I p ⎡⎣ sen (ωt ) ⋅ ( sen (ωt ) ⋅ cos θ + senθ ⋅ cos (ωt ) ) ⎤⎦
= V p I p ⎡⎣ sen 2 (ωt ) ⋅ cos θ + sen (ωt ) ⋅ cos (ωt ) ⋅ senθ ⎤⎦ (4.24)
⎡1 ⎤
= V p I p ⎢ (1 − cos ( 2ωt ) ) ⋅ cos θ + sen ( 2ωt ) ⋅ senθ ⎥
1
⎣2 2 ⎦

A potência instantânea pode ser re-escrita em função dos valores


eficazes de tensão e corrente:

p ( t ) = VEF I EF ⎡⎣(1 − cos ( 2ωt ) ) ⋅ cos θ + sen ( 2ωt ) ⋅ senθ ⎤⎦


(4.25)
= VEF I EF ⋅ (1 − cos ( 2ωt ) ) ⋅ cos θ + VEF I EF ⋅ sen ( 2ωt ) ⋅ senθ

Notam-se em (4.25) dois termos de potência, quais sejam: a


potência ativa instantânea e a potência não ativa instantânea;
ambas variam no tempo, sendo que a primeira é unidirecional, e a
segunda bidirecional.

pativa ( t ) = P ⋅ (1 − cos ( 2ωt ) ) (4.26)

preativa ( t ) = Q ⋅ sen ( 2ωt ) (4.27)

em que

P = VEF ⋅ I EF ⋅ cos θ (4.28)


Q = VEF ⋅ I EF ⋅ senθ (4.29)

Note que a potência ativa instantânea é composta de um termo


constante e um termo variante no tempo cujo valor de pico é igual
ao termo constante. O valor médio de pativa(t) é dado por
VEF.IEF.cos θ e a potência ativa instantânea oscila em torno desse
valor médio sendo unidirecional.

O valor médio da potência não ativa ou reativa instantânea é nulo.


A potência é oscilante e seu valor de pico define a capacidade de
armazenamento do componente passivo do circuito.

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4-11

A Figura 4.10 mostra as curvas de potência ativa instantânea,


potência reativa instantânea e potência total.

p(t)
pativa(t)

preativa(t)

Figura 4.10: Potência total e potências no resistor e no capacitor.

Nas seções 4.1 e 4.2 foi visto que em um circuito RC a corrente


está adiantada da tensão resultante de um ângulo θ (ver Figuras
4.3 e 4.7). Assim, tomando-se a tensão da fonte como referência
angular, |VF|∠0o e a corrente entregue pela fonte adiantada da
tensão, |I|∠θ, e considerando que potência é obtida pelo produto
entre os fasores tensão e corrente, tem-se que:

( )
S = VF ⋅ I * = VF ∠0 ⋅ ( I ∠ − θ ) = VF ⋅ I ∠ − θ (4.30)

A potência total S é denominada de potência aparente complexa, e


a unidade é o volt-ampère (VA). A magnitude da potência aparente
complexa, |S|=|V|.|I|, é denominada simplesmente de potência
aparente e sua unidade é também o volt-ampère (VA).

Transformando a potência aparente complexa para a forma


retangular, tem-se:
P

QC S = VF ⋅ I ⋅ (cos θ − jsenθ ) (4.31)
S

Figura 4.11: Triângulo de potências.

A potência total S apresenta duas componentes, real e imaginária.


A componente real representa a potência entregue pela fonte e

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4-12

dissipada na resistência e é denominada de potência real, útil,


ativa, ou eficaz. A unidade da potência real é o watt (W).

P = VF ⋅ I ⋅ cos θ = S ⋅ cos θ (4.32)

Como a potência útil é dissipada no resistor, a potência P pode ser


expressa em função de R.

VR2
P= = RI 2R (4.33)
R

A potência imaginária representa a porção da potência total S, que


oscila entre o capacitor e a fonte, portanto, não realiza trabalho, daí
ser denominada de potência reativa. A unidade da potência reativa
é o volt-ampère reativo (var).

Q C = VF ⋅ I ⋅ senθ = S ⋅ senθ (4.34)

Em um circuito RC a potência reativa está associada ao capacitor,


portanto Q pode ser expressa em função de XC.

VC2
QC = = X C ⋅ I C2 (4.35)
XC

Vale a pena lembrar que à potência reativa capacitiva foi associado


o sinal negativo, esta é a razão porque a potência total é definida
como o produto da tensão pelo conjugado da corrente. Se assim
não fosse, haveria uma contradição com a convenção de sinal
adotada para as potências reativa capacitiva (negativa) e indutiva
(positiva).

Em todos os sistemas elétricos e eletrônicos, é a potência útil que


realiza trabalho. A potência reativa é simplesmente permutada
entre a carga e o sistema. Idealmente toda potência transferida à
carga deveria realizar trabalho, entretanto, em muitas situações
práticas a carga tem alguma reatância associada, e, portanto as
duas componentes de potência estão presentes. Em assim sendo,
a corrente total apresenta a componente resistiva e a componente
reativa. Se apenas a potência útil de uma carga é levada em
consideração, significa que somente uma porção da corrente total
demandada pela fonte está sendo considerada.

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4-13

4.3.1 Fator de Potência de Deslocamento


A relação entre a potência útil e a potência aparente é denominada
de fator de potência de deslocamento, FPD. O FPD de uma carga
ou circuito representa o quanto de potência entregue é convertido
em trabalho útil. Pela Equação 4.29 tem-se que:

P
FPD = = cos θ (4.36)
S

O ângulo θ representa o defasamento angular entre a tensão e


corrente. Como a relação entre tensão e corrente resulta em
impedância, o ângulo θ é o mesmo entre resistência e reatância do
triângulo de impedância, assim como é o ângulo entre as potências
útil e aparente do triângulo de potência.

R P
I Y BC
θ -θ XC -θ
θ QC
V S
Z G

Figura 4.12: Relação entre fator de potência e triângulos de impedância,


admitância e de potência.

Quanto maior for o ângulo θ, menor será FPD, o que indica um


crescimento na componente reativa.

O fator de potência de deslocamento pode variar de zero, para um


circuito puramente reativo, a 1 para um circuito puramente resistivo.
Em um circuito RC, o fator de potência de deslocamento é dito ser
adiantado, ou seja, a corrente está deslocada em avanço da
tensão.

4.4 Principais Aplicações de Circuitos RC


Os circuitos RC são usados em diferentes aplicações, em geral
como parte de um circuito mais complexo. As duas principais
aplicações, como circuito defasador e como filtro, serão
consideradas nesta seção.

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4-14

4.4.1 Circuito RC Atrasado


O circuito RC atrasado é um circuito que provoca um defasamento
angular, no qual a tensão de saída atrasa da tensão de entrada de
um determinado valor especificado.

VR

R
VE ~ C VS
φ=-90º+θ

VE
VS
Figura 4.13: Circuito RC atrasado e o diagrama fasorial com ângulo de fase
atrasado entre VE e VS.

A Figura 4.13 mostra um circuito RC série com a tensão de saída


VS extraída dos terminais do capacitor. A fonte de tensão é a
entrada VE. O ângulo θ é o ângulo de fase entre a corrente e a
tensão de entrada e é também o ângulo de fase entre a tensão no
resistor e a tensão de entrada porque VR e I estão em fase.

Como VC está atrasado de 90º de VR, o ângulo de fase entre a


tensão no capacitor (tensão de saída) e a tensão de entrada é a
diferença entre -90º e -θ. A tensão de saída está atrasada da
tensão de entrada, criando assim um circuito de atraso. A diferença
de fase φ entre a entrada e a saída bem como a magnitude da
tensão de saída dependem do valor da reatância capacitiva e da
resistência.

Para uma tensão de entrada igual a |VE|∠0o e corrente igual a |I|∠θ,


a tensão de saída resulta em:

( ) (
VS = ( I ∠θ ) ⋅ X C ∠ − 90 = I ⋅ X C ∠ − 90 + θ ) (4.37)

Como θ=-tg-1(XC/R), o ângulo entre a entrada e a saída:

⎛ XC ⎞
φ = −90 + tg −1 ⎜ ⎟ (4.38)
⎝ R ⎠

O ângulo φ estará compreendido entre 0 (Xc/R → ∞) e -90º (Xc/R →


0), indicando que a tensão de saída pode estar em fase (para uma
única condição, R=0) e atrasada da tensão de entrada, como
mostra a Figura 4.13.

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4-15

Para avaliar a tensão de saída, em termos de sua magnitude, o


circuito RC deve ser visto como um divisor de tensão. Como a
tensão de interesse está sobre os terminais do capacitor, tem-se:

⎛ ⎞
VS = ⎜ ⎟⋅ V
XC
(4.39)
⎜ R 2 + X2 ⎟ E
⎝ C ⎠

A tensão de saída pode também ser calculada pela Lei de Ohm:

VS = I ⋅ X C (4.40)

Assim, o fasor tensão de saída de um circuito RC atrasado é:

VS=|VS|∠-φ (4.41)

4.4.2 Circuito RC Adiantado


O circuito RC adiantado é um circuito defasador no qual a tensão
de saída é adiantada da tensão de entrada. Quando a saída de um
circuito RC série é tomada sobre o resistor invés do capacitor, diz-
se ser um circuito adiantado.

VS
φ
C
VE ~ R VS

VE
VC
Figura 4.14: Circuito RC adiantado e o diagrama fasorial com ângulo de fase
adiantado entre VE e VS.

Em um circuito RC, a corrente é adiantada da tensão de entrada.


Sabe-se também que a tensão no resistor está em fase com a
corrente. Como a tensão de saída é tomada sobre o resistor, a
saída está adiantada da entrada, como indicado no diagrama
fasorial na Figura 4.14.

Como no circuito defasador atrasado, a diferença de fase entre a


entrada e saída e também a magnitude da tensão de saída no
circuito defasador adiantado dependem dos valores relativos da
resitência e da reatância capacitiva. Quando a tensão de entrada é

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4-16

tomada como referência angular, o ângulo da tensão de saída é


igual a θ (o ângulo entre a corrente e a tensão aplicada) porque a
tensão no resistor (saída) e a corrente estão em fase. Portanto,
como neste caso φ=θ, a equação é dada por:

⎛ XC ⎞
φ = tg −1 ⎜ ⎟ (4.42)
⎝ R ⎠

O ângulo é positivo porque a saída é adiantada da entrada.

A magnitude pode ser calculada aplicando a expressão de divisor


de tensão ou a Lei de Ohm.

⎛ ⎞
VS = ⎜ ⎟⋅ V
R
(4.43)
⎜ R 2 + X2 ⎟ E
⎝ C ⎠

VS = R I (4.44)

A expressão para o fasor tensão de saída:

VS = VS ∠φ (4.45)

4.4.3 Circuito RC como Filtro


Filtros são circuitos seletivos de freqüência que permitem sinais de
certa freqüência passar entre entrada e saída e bloquear outras
freqüências. Isto é, todas as freqüências exceto as selecionadas
são filtradas.

Os circuitos RC série apresentam uma característica de


seletividade de freqüência e portanto atuam como filtros. Existem
dois tipos, os chamados filtros passa baixa e os filtros passa alta.
Nos filtros passa baixa a saída é tomada sobre o capacitor como no
circuito atrasado. Os filtros passa alta são implementados com a
saída tomada sobre o resistor, como no circuito adiantado.

4.4.3.1 Filtro Passa Baixa


Na avaliação do circuito RC como filtro, é de interesse apresentar a
variação da magnitude da saída com a freqüência. Para o circuito
da Figura 4.15 a tensão de saída depende da freqüência do sinal
de entrada.
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4-17

R
VE=10V ~ C VS

Figura 4.15: Filtro passa baixa.

Figura 4. 16: Resposta linear da tensão de saída à variação de freqüência.

Para uma freqüência igual a zero, como o capacitor bloqueia


corrente CC, a tensão de saída, VS, é igual ao valor da tensão de
entrada, VE, pois não há queda de tensão no resistor. Portanto, o
circuito deixa passar toda a tensão de entrada para a saída (VE,
VS). A Figura 4.16 mostra a variação da magnitude da tensão VS
com a freqüência. À medida que a freqüência de entrada aumenta,
a tensão de saída decresce aproximando-se de zero quando a
freqüência torna-se muito alta. Quando a freqüência de entrada
aumenta, a reatância capacitiva diminui; como a resistência é
constante e a reatância capacitiva decresce, a tensão nos terminais
do capacitor, VS, também diminui de acordo com o princípio do
divisor de tensão (Equação 4.36). A freqüência de entrada pode ser
elevada até que alcance um valor tal que a reatância seja muito
pequena comparada à resistência de modo que a tensão de saída
pode ser desprezível em comparação à tensão de entrada. A este
valor de freqüência, diz-se que o circuito bloqueia totalmente o sinal
de entrada.

Como visto na Figura 4.16, o circuito passa totalmente a freqüência


CC. À medida que a freqüência da entrada aumenta, menos da
tensão de entrada é transferida para a saída; i.é., a tensão de

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4-18

saída decresce quando a freqüência aumenta. Como pode ser


visto, as freqüências baixas passam através do circuito com muito
menos atenuação do que as freqüências altas. Este filtro RC é
portanto uma forma simples de um filtro passa baixa.

A Figura 4.17 mostra a resposta logaritmica em freqüência do


circuito de um filtro passa-baixa da Figura 4.15 com o gráfico da
magnitude da tensão de saída versus freqüência.

Figura 4.17: Resposta da tensão de saída à variação de freqüência de filtro RC


passa baixa.

Figura 4.18: Resposta de Filtro Passa Baixa Ideal.

Um filtro ideal seria um filtro que apresentasse uma variação


abrupta, tipo uma função degrau: ganho um na sua região de
banda passante (domínio de frequência do filtro) e ganho zero fora
desta região.

Para o circuito da Figura 4.15 a relação entre tensão de saída VS e


tensão de entrada VE é obtida aplicando a expressão de divisor de
tensão:

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4-19

− jX C
VS = ⋅ VE (4.46)
R − jX C
Em que

VS 1
= (4.47)
VE 1 + jω RC

A Eq. 4.47 define a função de transferência para o filtro RC passa


baixa, i.e.:

1
H (ω ) = (4.48)
1 + jω RC

H(ω) é complexo e portanto tem uma magnitude e um ângulo, que


definem, respectivamente, a magnitude e o ângulo de fase entre a
tensão de saída e de entrada.

1
H (ω ) = GV = (4.49)
1 + (ω RC )
2

⎛ R ⎞
∠H (ω ) = φ = tg −1 ⎜ ⎟ (4.50)
⎝ XC ⎠

Pela Eq. 4.49 que define o ganho do filtro, nota-se que para
frequências zero e baixas o ganho será igual ou próximo a unidade.

O filtro RC passa baixa é parte da família de filtros passa baixa de


1ª ordem. O filtro é dito de 1ª ordem quando o expoente de ω que
aparece no denominador de H(ω) é unitário (1 ou -1).

4.4.3.2 Filtro Passa-Alta


No filtro passa alta a saída é tomada sobre o resistor como no
circuito defasador adiantado. Quando a tensão de entrada é cc, a
saída é zero volts porque o capacitor bloqueia corrente cc,
portanto, a tensão nos terminais do resistor é nula. Circuitos passa-
alta são, pois, eliminadores de corrente contínua.

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4-20

C
VE ~ R VS

Figura 4.19: Circuito RC série como filtro passa alta.

Para o circuito da Figura 4.19, à medida que a freqüência cresce, a


tensão de saída aumenta. Para um determinado valor de
freqüência em que a reatância é desprezível comparada à
resistência, a tensão de entrada é praticamente aplicada aos
terminais do resistor. O circuito tende a impedir que baixas
freqüências surjam na saída mas permite que altas freqüências
passem da entrada para a saída. Portanto, este circuito RC é um
filtro básico passa alta.

Figura 4.20: Resposta da tensão de saída à variação de


freqüência de filtro RC passa alta.

A resposta em freqüência de um filtro passa-alta é mostrada na


Figura 4.20 com o gráfico da magnitude da tensão de saída versus
a freqüência. A curva resposta mostra que a saída aumenta
quando a freqüência aumenta e então estabiliza-se aproximando-
se da tensão de entrada.

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4-21

Figura 4.21: Resposta de Filtro Passa Alta Ideal.

A relação entre tensão de saída VS e tensão de entrada VE é obtida


aplicando a expressão de divisor de tensão:

R
VS = ⋅ VE (4.51)
R − jX C
Em que

VS 1
= (4.52)
VE 1 − j X C
R

A Eq. 4.52 define a função de transferência para o filtro RC passa


baixa, i.e.:

1
H (ω ) = (4.53)
1 − j (1 ω RC )

que caracteriza uma filtro passa alta de 1ª ordem (expoente de ω é


-1).

H(ω) em (4.53) é complexo e portanto tem uma magnitude e um


ângulo, que definem, respectivamente, a magnitude e o ângulo de
fase entre a tensão de saída e de entrada.

1
H (ω ) = GV = (4.54)
2
⎛ 1 ⎞
1+ ⎜ ⎟
⎝ ω RC ⎠

⎛X ⎞
∠H (ω ) = φ = tg −1 ⎜ C ⎟ (4.55)
⎝ R ⎠

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4-22

Os dois filtros que já se conhece (filtros RC passa-alta e passa-


baixa) quando "acoplados" operam buscando obter uma região
intermediária, a região da banda passante, com "ganho" e duas
regiões de corte, uma para baixa, e outra para altas frequências.

Figura 4.22: Resposta de Filtro RC Ideal Passa Banda.

4.4.3.3 Freqüência de Corte e Largura de Faixa de um Filtro


A freqüência que torna a reatância capacitiva igual à resistência em
um filtro RC passa baixa ou passa alta é denominada de freqüência
de corte e é designada por ωc. Esta condição é expressa como:

1
=R
ωC ⋅ C
Portanto
1
ωC = (4.56)
RC

1
ou ωc = (4.57)
τ

em que τ representa a constante de tempo do circuito RC.


O ganho do circuito quando ω=ωc é igual a:
1
H (ωc ) = GV = (4.58)
2

uma vez que na frequência de corte Xc=R.


A Eq. 4.57 indica que para constantes de tempo altas a frequência
de corte é pequena e para constantes de tempo baixas a
frequência de corte é alta. Um modo de compreender estas
relações causa-efeito é se voltar ao tempo que o capacitor leva

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4-23

para se carregar. O capacitor leva um período de tempo para


carregar e descarregar através do resistor:
− A baixas frequências (constante de tempo alta), existe muito
tempo para que o capacitor se carrege até atingir praticamente a
mesma tensão que a de entrada.
− A altas frequências, o capacitor tem tempo apenas para uma
pequenas carga antes que as entradas invertam sua polaridade.
A saída sobe e desce apenas uma pequena quantia de tempo
com relação às subidas e descidas da entrada. A uma
frequência dobrada, existe tempo apenas para que o capacitor
se carregue metade do que poderia se carregar antes.

Como demonstra a Eq. 4.58, quando a freqüência é igual a ωC, a


tensão de saída é 70,7% de seu valor máximo. É uma prática
padronizada considerar a freqüência de corte como o limite do
desempenho de um filtro em termos de freqüências passantes ou
rejeitadas. Por exemplo, em um filtro passa-alta, todas as
freqüências acima de fC ou ωc são consideradas passantes pelo
filtro, e todas aquelas abaixo de fC ou ωc são consideradas serem
rejeitadas. O contrário é verdadeiro para um filtro passa-baixa, ele
atenua as freqüências acima de uma determinada freqüência de
corte.

Largura de Banda

fC

Figura 4.23: Resposta normalizada de um filtro RC passa-baixa.

A faixa de freqüências que é considerada passante por um filtro é


chamada de faixa ou banda de passagem. A Figura 4.23 ilustra a
banda e a freqüência de corte para um filtro passa-baixa.

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4-24

O circuito RC paralelo é geralmente de menor interesse que o


circuito série. Isto ocorre em maior parte pelo fato de a tensão de
saída Vout ser igual à tensão de entrada Vin. Como resultado, este
circuito não atua como um filtro no sinal de entrada, a menos que
este seja alimentado por uma fonte de corrente.

4.5 Circuitos RL Série


A análise de circuitos RL e RC são similares. A maior diferença é
que as respostas de ângulo de fase são opostas – reatância
indutiva cresce com a freqüência, enquanto reatância capacitiva
decresce com a freqüência.

Como nos circuitos RC, todas as correntes e tensões em qualquer


tipo de circuito RL são senoidais quando a tensão de entrada é
senoidal. A indutância causa um deslocamento de fase entre a
tensão e a corrente. Tanto a magnitude como o deslocamento de
fase das tensões e correntes dependem dos valores relativos da
resistência e da reatância indutiva. Quando um circuito é
puramente indutivo, o ângulo de fase entre a tensão aplicada e a
corrente total é 90º, com a corrente atrasada da tensão. Quando
existe uma combinação de resistência e de reatância indutiva em
um circuito, o ângulo de fase da corrente em relação à tensão fica
situado entre 0o e -90º, dependendo dos valores de resistência e
reatância.

Vale lembrar que indutores reais apresentam resistência de


enrolamento, capacitância entre as espiras, e outros fatores que
tornam o comportamento do indutor diferente daquele de um
componente ideal. Em circuitos práticos, esses efeitos podem ser
significantes; entretanto, para demonstrar os efeitos indutivos, os
indutores serão tratados como ideais.

4.5.1 Corrente e Tensão em um Circuito RL Série


Em um circuito RL série, como o mostrado na Figura 4.24, a
corrente que circula nos componentes do circuito é a mesma.
Assim, a tensão no resistor está em fase com a corrente, e a
tensão no indutor está adiantada da corrente de 90º. Portanto,
existe uma diferença de fase de 90º entre a tensão no resistor, vR,
e a tensão no indutor vL, como mostram as formas de onda na
Figura 4.25.

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4-25

VR VL

R L I
VF ~

Figura 4.24: Circuito RL série.

vR
vL

Figura 4.25: Formas de onda da corrente e tensão vR e vL.

Aplicando-se a Lei de Kirchhoff para as tensões, tem-se que a


soma das quedas de tensão é igual à tensão aplicada. No domínio
dos fasores, a tensão aplicada é igual à soma fasorial da tensão na
resistência mais a tensão na reatância indutiva.

VF
VL

θ
VF=VR+jVL (4.59)
VR I
Figura 4.26: Diagrama fasorial em um
circuito RL série.

Na forma polar, a tensão é dada por:

⎛V ⎞
VF = VR2 + VL2 ∠tg −1 ⎜⎜ L ⎟⎟ (4.60)
⎝ VR ⎠

O ângulo θ é a defasagem entre a tensão aplicada, VF, e a corrente


I no circuito.

4.5.2 Impedância e Ângulo de Fase em Circuitos RL Série


A impedância de um circuito RL série é determinada pela
resistência e retância indutiva. A impedância de qualquer circuito
RL é a oposição à corrente senoidal e sua unidade é o ohms (Ω).

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4-26

No circuito RL da Figura 4.26, a relação entre a tensão aplicada e a


corrente que circula no circuito resulta na impedância do circuito.

VF ∠θ
= Z ∠θ (4.61)
I ∠0

No Capítulo 3 foi visto que a reatância indutiva é expressa como


uma grandeza complexa:

XL=jXL (4.62)

Assim, a impedância é dada pela soma de R e jXL:

Z=R+jXL (4.63)

Como a impedância é uma grandeza complexa, a representação no


plano complexo leva à formação do triângulo de impedância.

Z
XL
Z = R 2 + X 2L (4.64)
θ
R ⎛ XL ⎞
θ = tg −1 ⎜ ⎟ (4.65)
Figura 4.27: Triângulo de impedância. ⎝ R ⎠

4.5.3 Variação da Impedância e Ângulo de Fase com a Freqüência


O triângulo de impedância é útil para visualizar como a freqüência
da fonte de alimentação afeta a resposta do circuito RL. Sabe-se
que a reatância indutiva varia diretamente com a freqüência.
Quando XL aumenta, a magnitude da impedância também
aumenta; e quando XL diminui, a magnitude da impedância diminui.
Assim, a magnitude da impedância é diretamente dependente da
freqüência. O ângulo de fase θ também varia diretamente com a
freqüência porque θ=tg-1(XL/R). Quando XL aumenta com a
freqüência, θ também aumenta, e vice-versa.

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4-27

Z3 XL3 f

Z2
XL2
Z1
XL1
θ
θ1 θ2 3
R

Figura 4.28: Variação de XL, magnitude de Z e θ com a freqüência.

4.6 Circuito RL Paralelo


A Figura 4.29 mostra um circuito RL paralelo conectado a uma
fonte de tensão senoidal.

VF ~ IR R L IL

Figura 4.29: Circuito RL paralelo.

4.6.1 Relação entre Corrente e Tensão em Circuito RL Paralelo


Como mostra o circuito RL paralelo da Figura 4.29, a corrente total,
I, é dividida entre os dois ramais IR e IL. A tensão aplicada VF é a
mesma nos terminais resistivos e reativo, assim, VF, VR e VL estão
em fase e igual magnitude.

A corrente através do resistor está em fase com a tensão. A


corrente através do indutor está atrasada da tensão e da corrente
no resistor de 90º.

IR
I=IR-jIL (4.66)

I = I 2R + I 2L (4.67)

I ⎛ IL ⎞
IL θ = − tg −1 ⎜⎜ ⎟⎟ (4.68)
Figura 4.30: Diagrama fasorial das ⎝ IR ⎠
correntes em circuito RL paralelo.

A corrente total na forma polar:

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4-28

⎛I ⎞
I = I 2R + I 2L ∠ − tg −1 ⎜⎜ L ⎟⎟ (4.69)
⎝ IR ⎠

Como a corrente no resistor e a tensão aplicada estão em fase, o


ângulo θ também representa o ângulo de fase entre a corrente total
e a tensão aplicada.

VF ∠0
-θ IR VF, VR, VL = Z ∠θ (4.70)
I ∠ −θ

ou
I
IL
I ∠ −θ
Figura 4.31: Diagrama fasorial de corrente e =Y (4.71)
tensão em circuito RL paralelo. VF ∠0

Com base no diagrama fasorial da Figura 4.31, a corrente total I


pode ainda ser obtida pela relação:

1 1
I= ⋅ VR ∠0 + ⋅ VL ∠0
R∠0 X L ∠90
(4.72)
⎛1 1 ⎞
= ⎜⎜ − j ⎟ ⋅ VF ∠0
⎝R X L ⎟⎠

Como visto no Capítulo 3, o recíproco da resistência é a


condutância, e da reatância indutiva é a susceptância indutiva.
Assim:
I = (G − jB L ) ⋅ VF ∠0 (4.73)

Como visto na seção 4.2, o coeficiente que relaciona corrente com


tensão é denominado admitância cuja unidade é siemens (S).

Y=G-jBL (4.74)

A admitância de um circuito RL paralelo é formada por condutância


e susceptância indutiva. O circuito da Figura 4.29 pode ser
representado em termos de sua admitância como mostra a Figura
4.32.

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4-29

G

VF ~ G BL

Y
BL
Figura 4.32: Admitância em circuito RL paralelo.

Como a impedância é o inverso da admitância, tem-se que a


impedância equivalente série do circuito da Figura 4.32 é dada por:

1 1
Z= = (4.75)
Y G − jB L

G B
Z= +j 2 L 2 (4.76)
G + BL
2 2
G + BL
em que
G
R EQ = (4.77)
G + B 2L
2

e
BL
X L ,EQ = (4.78)
G + B 2L
2

REQ

VF ~ R XL VF ~ G BL VF ~
XL,EQ

Figura 4.33: Circuitos equivalentes

A impedância equivalente pode ainda ser expressa em termos de R


e XL do circuito RL paralelo.

R ⋅ jX L R2 X 2L
Z= = 2 + j (4.79)
R + jX L R + X 2L R 2 + X 2L
em que
R ⋅ XL
Z= (4.80)
R 2 + X 2L
e
⎛ XL ⎞
θ = 90 − tg −1 ⎜ ⎟ (4.81)
⎝ R ⎠
ou

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4-30

⎛ R ⎞
θ = tg −1 ⎜⎜ ⎟⎟ (4.82)
⎝ XL ⎠
Assim
R2
R EQ = (4.83)
R 2 + X 2L
e
X 2L
X EQ = (4.84)
R 2 + X 2L

4.7 Potência em Circuitos RL


Em um circuito puramente resistivo, toda energia entregue pela
fonte é dissipada pela resistência na forma de calor. Em um circuito
puramente indutivo, toda a energia entregue pela fonte é
armazenada pelo indutor em seu campo magnético durante parte
do ciclo da tensão e então é devolvida à fonte durante outra parte
do ciclo da tensão, de tal maneira que não há conversão de
energia. Quando em um circuito existe a presença de ambos,
resistor e indutor, parte da energia oscila entre o componente
armazenador de energia e a fonte e outra parte da energia é
convertida em calor. O valor da energia convertida em calor
depende dos valores relativos de resistência e de reatância
indutiva.

S
P

QL

Figura 4.34: Potência total, potência no resistor e potência no indutor.

4.7.1 Triângulo de Potência em Circuitos RL


Como visto nas seções 4.5.1 e 4.6.1, em um circuito RL a corrente
total está atrasada da tensão resultante de um ângulo θ. Assim,
tomando-se a tensão da fonte como referência angular, |V|∠0o e a
corrente entregue pela fonte atrasada da tensão de um ângulo θ,

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4-31

|I|∠-θ, e considerando que potência é obtida pelo produto entre


tensão e corrente, tem-se que:

( )
S = V ⋅ I * = V ∠0 ⋅ ( I ∠θ ) = V ⋅ I ∠θ = S ∠θ (4.85)

A Equação 4.85 pode ser escrita na forma retangular:

S = V ⋅ I ⋅ cos θ + j V ⋅ I ⋅ senθ (4.86)

A potência média da potência útil é representada pela parte real e a


potência reativa indutiva pela parte imaginária, e a potência total
pela potência aparente complexa. Assim,

P = S ⋅ cos θ (4.87)

Q L = j S ⋅ senθ (4.88)
e
S = P + jQ L = S ∠θ (4.89)

O triângulo de potência é ilustrado na Figura 4.35.


QL
S

θ
P
Figura 4.35: Triângulo de potência de circuitos RL.

Vale salientar que se a potência em um circuito fosse calculada


simplesmente pelo produto da tensão e corrente (sem o
conjugado), o sinal da potência reativa calculada dependeria da
referência considerada, tensão ou corrente.

Tabela 4.1: Cálculo da potência complexa


Circuito indutivo S=V.I S=V.I*
Referência: Corrente
V=|V|∠θ S=|V|.|I|∠+θ S=|V|.|I|∠+θ
o
I=|I|∠0
Referência: Tensão
V=|V|∠0o S=|V|.|I|∠-θ S=|V|.|I|∠+θ
I=|I|∠-θ

A mesma consideração mostrada na Tabela 4.1 ocorre para os


circuitos RC.
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4-32

4.7.2 Fator de Potência de Deslocamento


O fator de potência é um importante indicador da parcela de
potência que é transferida à carga para realizar trabalho. O maior
valor para o fator de potência de deslocamento é 1, o que indica
que toda a corrente que alimenta a carga está em fase com a
tensão. Quando o fator de potência de deslocamento é 0, toda a
corrente de carga é defasada de 90º da tensão.

Em geral, é desejável um FPD o mais próximo da unidade pois


significa que a maioria da potência transferida da fonte para a
carga é potência útil. Potência útil é unidirecional – direção
fonte→carga – e realiza trabalho na carga em termos de conversão
de energia. Potência reativa simplesmente oscila entre fonte e
carga com um trabalho líquido nulo. Energia deve ser usada para
produzir trabalho.

Muitas cargas têm indutância como resultado da função que


realizam, sendo essencial para sua operação, como por exemplo,
transformadores, motores elétricos, alto-falante, etc.

0,22A 20 W 0,175A 20 W

Carga Carga
120 V ~ FPD=0,75 120 V ~ FPD=0,95
ind ind

Figura 4.36: Efeito do FPD sobre o sistema.

Para ilustrar o efeito do fator de potência sobre o sistema,


considere o exemplo mostrado na Figura 4.36. A figura mostra uma
representação de uma carga indutiva típica que consiste de
indutância e resistência em paralelo. As duas cargas dissipam a
mesma potência útil (20 W), como indicado pelo Wattímetro.
Portanto, a mesma quantidade de trabalho é realizado pela duas
cargas. Embora o trabalho realizado seja o mesmo, a carga com o
FPD mais baixo solicita da fonte uma maior quantidade de corrente
do que a carga com maior FPD. Portanto, a fonte da carga de mais
baixo FPD deve ter uma maior potência aparente nominal. Além
disso, os condutores que alimentam a carga de menor FPD deve ter
uma maior bitola, condição esta que se torna significante quando
longas linhas são necessárias. A ilustração demonstra que um
maior FPD é uma vantagem no fornecimento mais eficiente de
potência a uma carga.

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4-33

4.7.3 Correção de Fator de Potência de Deslocamento


O fator de potência de deslocamento de uma carga pode ser
aumentado pela adição de um capacitor em paralelo, como mostra
a Figura 4.37.

I
IR
θ
VF ~ R XL

IL I
(a)

I’ IC

VF C
~ R XL θ IR

I’

IL
(b)

Figura 4.37: Melhoria do FPD com a adição de capacitor.

O capacitor compensa o defasamento em atraso da corrente total


em relação à tensão aplicada criando uma componente capacitiva
de corrente que é 180º defasada com a componente indutiva. Isto
tem um efeito de compensação: reduz o ângulo de fase, aumenta o
fator de potência de deslocamento e reduz a corrente total, como
ilustrado na figura.

4.8 Aplicações de Circuitos RL


As aplicações básicas de circuitos RL são como circuitos
defasadores e circuitos seletores de freqüência.

4.8.1 Circuito RL Adiantado


O circuito RL adiantado é um circuito defasador em que a tensão
de saída está adiantada da tensão de entrada de um certo valor
especificado. A Figura 4.38 mostra um circuito RL série com a
tensão de saída Vs tomada sobre o indutor. A fonte de tensão é a
entrada, VE. Note que um circuito RC adiantado, a saída foi tomada
sobre o resistor; quando a saída é tomada sobre o capacitor o
circuito RC série comporta-se como defasador atrasado.

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4-34

VS (VL)
R
VE
VE ~ L VS φ
θ
VR

Figura 4.39: Circuito e diagrama fasorial RL adiantado.

Sabe-se que θ é o ângulo entre a corrente e a tensão de entrada; θ


é também o ângulo entre a tensão no resistor e a tensão de
entrada, porque VR e I estão em fase.

Como VL está adiantado de VR de 90º, o ângulo de fase entre a


tensão no indutor (tensão de saída) e a tensão de entrada é a
diferença entre 90º e θ, como mostra o diagrama fasorial da Figura
4.38. Assim, tem-se um circuito básico adiantado.

Quando as formas de onda da entrada e da saída do circuito RL


adiantado são mostradas no osciloscópio, verifica-se uma relação
similar à vista na Figura 4.39.

VE

VS

Figura 4.39: Formas de onda da tensão de saída (adiantada)


e entrada (atrasada).

A diferença de fase entre VE e VS, designada por φ, depende dos


valores relativos de reatância indutiva e de resistência, bem como a
magnitude da tensão de entrada.

X ∠90
( )
jX L X
Vs = ⋅ VE = L ⋅ VE = L ⋅ VE ∠ 90 − θ (4.90)
R + jX L Z ∠θ Z

A Equação 4.90 mostra que a tensão de saída está adiantada de


um ângulo igual a (90º - θ) com relação à tensão de entrada. Como
θ=tg-1(XL/R), o ângulo φ entre saída e entrada pode ser expresso
como:

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4-35

⎛ XL ⎞
φ = 90 − tg −1 ⎜ ⎟ (4.91)
⎝ R ⎠

⎛ R ⎞
φ = tg −1 ⎜⎜ ⎟⎟ (4.92)
⎝ XL ⎠

O ângulo φ entre a saída e entrada é sempre positivo, indicando


que a tensão de saída está adiantada da tensão de entrada. O
adiantamento depende dos parâmetros R e XL; quando R=0 as
tensão VS e VE ficam em fase, i.e., toda tensão de entrada está
aplicada sobre o indutor. No entanto, quando XL→∞ o defasamento
tende a 90º e o tempo correspondente depende da frequência do
sinal.

A magnitude de VS pode ser obtida considerando o circuito da


Figura 4.38 como um divisor de tensão.

⎛ ⎞
VS = ⎜ ⎟⋅ V
XL
(4.93)
⎜ R 2 + X2 ⎟ E
⎝ L ⎠

A magnitude da tensão de saída pode também ser calculada pela


Lei de Ohm.

VS = X L ⋅ I (4.94)

O fasor tensão de saída no circuito RL adiantado é então:

VS = VS ∠φ (4.95)

4.8.2 Circuito RL Atrasado


O circuito RL atrasado é um circuito defasador em que a tensão de
saída está atrasada da tensão de entrada. Quando a saída de um
circuito RL série é tomada sobre o resistor invés do indutor, como
mostra a Figura 4.40, diz-se que o circuito é atrasado.

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4-36

VE
VL VS
VE
L

VE ~ R VS
φ
VS

(a) (b) (c)


Figura 4.40: Circuito, diagrama fasorial e formas de onda.

Em um circuito RL série, a corrente é atrasada da tensão de


entrada. Como a tensão de saída é tomada sobre o resistor, a
saída é atrasada da entrada, como indicado pelo diagrama fasorial
da Figura 4.40. As formas de onda de VE e VS também são
apresentadas na Figura 4.40 (c).

Como em um circuito adiantado, a diferença de fase entre entrada


e saída e a magnitude da tensão de saída dependem dos valores
relativos de resistência e reatância indutiva. Quando a tensão de
entrada é tomada como referência angular, |VE|∠0o, o ângulo φ da
tensão de saída com relação à tensão de entrada é igual a -θ,
porque a tensão no resistor (saída) e a corrente estão em fase.

⎛ XL ⎞
φ = − tg −1 ⎜ ⎟ (4.96)
⎝ R ⎠

O ângulo é negativo porque a saída está atrasada da entrada.

A magnitude da tensão de saída é obtida por:

⎛ ⎞
VS = ⎜ ⎟⋅ V
R
(4.97)
⎜ R 2 + X2 ⎟ E
⎝ L ⎠
ou
VS = R ⋅ I (4.98)

A tensão de saída em forma polar:

VS = VS ∠ − φ (4.99)

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4-37

4.8.3 Circuito RL como Filtro


Como os circuitos RC, os circuitos RL série também apresentam a
caracterísitca de seletividade em freqüência e portanto agem como
filtros.

4.8.3.1 Filtro Passa-Baixa


Um circuito RL série atrasado (saída sobre R) atua como um filtro
passa-baixa com a magnitude e ângulo da tensão de saída
variando com a freqüência.

Figura 4.41: Resposta em freqüência de filtro RL passa-baixa.

A relação entre tensão de saída e de entrada é dada por:

R
VS = ⋅ VE (4.100)
R + jω L

com a função de transferência no domínio da frequência dada por:

R
H (ω ) =
R + jω L
(4.101)
1
=
1 + j (ω L R )

resultando no ganho de tensão e de ângulo:

1
GV = H (ω ) = (4.102)
1 + (ω L R )
2

∠H (ω ) = tg −1 (ω L R ) (4.103)

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4-38

- Quando a freqüência do sinal de entrada é zero, o indutor atua


como um curto-circuito a uma corrente cc, e a tensão de entrada é
toda aplicada sobre o resistor, i.é., VS=VE. Portanto, o circuito deixa
passar todo o sinal de entrada para a saída. Sob esta condição de
ω=0, o ganho |H(ω)| é máximo.

- À medida que a freqüência do sinal de entrada aumenta, a


reatância indutiva cresce. Como a resistência é constante, a tensão
nos terminais do indutor tende a crescer e a tensão nos terminais
do resistor (saída) tende a decrescer, aproximando-se de zero
quando a freqüência é muito alta. A freqüência pode ser acrescida
até alcançar um valor em que a reatância é tão grande, comparada
à resistência, que a tensão de saída torna-se desprezível em
relação à tensão de entrada. Assim, |H(ω)| diminui quando ω
cresce.

Portanto, este circuito permite passar sinais de baixa frequência


enquanto bloqueia sinais de alta frequência, i.e., reduz a amplitude
da tensão de sinais de alta frequência. A referência que define
"baixa" e "alta" frequências é dada pela frequência de corte –
"baixa" frequências significando muito menor que ωc.

Pela Figura 4.41 é visto que freqüências baixas passam através do


circuito com muito mais facilidade que freqüências mais altas.

Na frequência de corte:

1 1
H ( ωc ) = = (4.104)
1 + (ω c L R )
2
2

De modo que,

1 + (ω c L R ) = 2 ∴
2

R (4.105)
ω c=
L

4.8.3.2 Filtro Passa-Alta


Em um filtro RL passa-alta, a saída é tomada sobre o indutor.
Quando a tensão de entrada é CC, a saída é nula porque o indutor
apresenta-se como um curto-circuito. À medida que a freqüência do
sinal de entrada aumenta, a reatância indutiva cresce. Como a

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4-39

resistência é constante, a tensão nos terminais do resistor diminui


com o aumento da freqüência e a tensão de saída (no indutor)
aumenta. Ou seja, a tensão de saída cresce com o aumento da
freqüência. Para um determinado valor de freqüência, a reatância
indutiva é tão grande, comparada à resistência, a ponto de uma
completa transferência do sinal de entrada para a saída.

Figura 4.42: Resposta em freqüência de filtro RL passa-alta.

O circuito RL com saída sobre o indutor tende a bloquear os sinais


de baixa freqüência e tendem a deixar passar para a saída os
sinais de alta freqüência. A resposta em freqüência do filtro RL
passa-alta é mostrada na Figura 4.42.

Na Figura 4.43 é apresenta a resposta em freqüência do filtro pass-


baixa e do filtro passa-alta. O ponto de interseção das curvas
corresponde à freqüência de corte em que a tensão de saída é
igual a 70,7% da tensão de entrada.

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4-40

7,07V

fC

Figura 4.43: Resposta em freqüência de filtro RL passa-baixa e passa-alta.

Quando as freqüências de corte não coincidem, então o filtro pode


ser classificado como passa faixa ou rejeita faixa. Nestes casos,
cada um dos filtros apresenta duas freqüências de corte.

Figura 4.44: Resposta em freqüência de filtro passa-faixa e rejeita-faixa ideais.

4.9 Circuitos RLC


Um circuito RLC contém ambos, indutância e capacitância. Como a
reatância indutiva e capacitiva têm efeitos opostos no ângulo de
fase de um circuito, a reatância total é menor do que a maior
reatância individual.

4.9.1 Circuito RLC Série


Como visto anteriormente, a reatância indutiva (XL) causa um
atraso na corrente em relação à tensão aplicada. A reatância
capacitiva (XC) apresenta o efeito oposto, i.é., adianta a corrente
em relação à tensão. Assim XL e XC tendem contrabalançar uma a
outra. Quando são iguais, se anulam, e a reatância total é zero. A
reatância total de um circuito série é então:

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4-41

X T = jX L − jX C (4.106)

Quando XL>XC, o circuito é predominantemente indutivo, neste


caso embora haja a presença de ambos componentes reativos, a
corrente do circuito é atrasada em relação à tensão aplicada.
Quando XC>XL, o circuito é predominantemente capacitivo, e por
sua vez, a corrente do circuito é adiantada da tensão aplicada.

Seja o circuito RLC série mostrado na Figura 4.45 e suas formas de


onda de tensão em cada um dos componentes do circuito, vR, vL e
vC mostradas na Figura 4.46.

Figura 4.45: Circuito RLC série.

vR
vL

vC

Figura 4.46: Tensão sobre resistor, indutor e capacitor em circuito RLC série.

A Figura 4.46 mostra que a tensão no indutor e no capacitor estão


em oposição de fase, i.é., defasadas de 180º. As curvas mostram
ainda que a tensão no indutor está adiantada da tensão no resistor
que, por sua vez, está adiantada da tensão no capacitor.

Pela Lei de Kirchhoff aplicada às tensões tem-se que:

V = VR + jVL − jVC (4.107)

Como a corrente é a mesma em todos os componentes do circuito


RLC série, a Equação 4.107 pode ser re-escrita como:

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4-42

Z = R + jX L − jX C (4.108)

A representação fasorial da Equação 4.107 e 4.108 mostra que a


tensão e a impedância formam triângulos semelhantes.

2
⎛ 1 ⎞
⏐V⏐ R 2 + ⎜ ωL −


ωC ⎠
⏐VX⏐ (ωL –1/ωC)

θ θ
⏐VR⏐ R

Figura 4.47: Triângulo das Componentes de Tensão e


Impedância de Circuito RLC Série

A impedância total de um circuito RLC série expressa na forma


polar:

⎛X ⎞
Z = R 2 + (X L − X C ) ∠ ± tg −1 ⎜ T ⎟
2

⎝ R ⎠ (4.109)
= Z∠ ±θ

O diagrama fasorial para as tensões e impedância resultam em


triângulos semelhantes. O ângulo da impedância total depende dos
parâmetros do circuito e pode ser positivo ou negativo, o que
equivale a um circuito predominantemente indutivo (corrente
atrasada) ou capacitivo (corrente adiantada), respectivamente.

jXL Z jXL
jXT R
θ -θ
-jXT
R
-jXC Z
-jXC

Figura 4.48: Diagrama fasorial de impedância para circuito RLC série.

Pela Figura 4.46, nota-se que a tensão sobre o indutor é maior que
a tensão sobre o capacitor, denotando o fato de um circuito com
característica resultante indutiva.

A Figura 4.49 apresenta a condição de um circuito


predominantemente indutivo, portanto, com a corrente atrasada da
tensão aplicada.

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4-43

Figura 4.49: Tensão e corrente em circuito RLC série.

Na Figura 4.49 tem-se os valores máximos subsequentes de (t, v) e


(t, i) com os quais pode-se calcular o valor da impedância total do
circuito.
Vp 10
Z= = = 4,61Ω (4.110)
Ip 2,17

O ângulo da impedância é obtido por:

Δt ≡ θ
T ≡ 360 ∴

⋅ (t v − t i ) ⋅ 360
1
θ=
T (4.111)
= 60 ⋅ (0,037496 − 0,038806 ) ⋅ 360 = −28,3

O ângulo negativo, resultado da diferença de defasamento no


tempo entre a onda de tensão e onda de corrente, denota uma
corrente atrasada da tensão, ou seja, circuito predominantemente
indutivo. Assim, a impedância total do circuito da Figura 4.43 é
igual a Z=4,61∠28,3ºΩ.

Pelo gráfico das ondas da Figura 4.49 é possível também calcular a


freqüência da onda, basta conhecer, por exemplo, os tempos
correspondentes a dois valores de pico subsequentes, a diferença
entre os tempos corresponde à metade do período da onda.

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4-44

T
= t max − t min (4.112)
2

1
f = (4.113)
2 ⋅ tmax − tmin

1
f = ≅ 60 Hz
2 ⋅ 0, 037496 − 0, 045837

4.9.1.1 Potência em Circuito RLC


A potência entregue pela fonte ao circuito RLC com corrente
i = I p sen (ωt + ϕ ) e tensão v = V p sen (ωt + ϕ ± θ ) é dada por:

p ( t ) = V p I p sen (ω t+ϕ ) . ⎡⎣ sen (ω t+ϕ ) .cosθ ± senθ ⋅ cos (ω t+ϕ ) ⎤⎦


p ( t ) = V p I p cosθ ⋅ sen 2 (ω t+ϕ ) ± V p I p senθ ⋅ sen (ω t+ϕ ) ⋅ cos (ω t+ϕ )

= V p I p cosθ ⋅ ⎡⎣1 − cos ( 2 (ω t+ϕ ) ) ⎤⎦ ± V p I p senθ ⋅ sen ( 2 (ω t+ϕ ) )


1 1
(4.114)
2 2
= VEF I EF cosθ ⋅ ⎡⎣1 − cos ( 2 (ω t+ϕ ) ) ⎤⎦ ± VEF I EF senθ ⋅ sen ( 2 (ω t+ϕ ) )

As potências no circuito RLC série são mostradas na Figura 4.50.


Nota-se que a potência instântanea útil P é composta por um termo
constante VEF.IEF.cosθ que é a média da potência instantânea útil e
por um termo alternado tornando-a unidirecional. A potência reativa
Q é alternada, bidirecional, com média nula, e valor de pico igual a
VEF.IEF.senθ.

S
P

QL
QC

Figura 4.50: Potência total, ativa, reativa indutiva e reativa capacitiva.

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4-45

Pela figura nota-se ainda que a potência total, S, entregue ao


circuito não é unidirecional, mas parte da potência entregue ao
circuito é devolvida à fonte. A potência dissipada no resitor, P, é
unidericional, no entanto, QL e QC são alternadas e fasorialmente
opostas. Na figura, a potência reativa indutiva, QL, é maior que a
potência reativa capacitiva, QC, o que imprime ao circuito uma
caracterísitca predominantemente indutiva. Parte da potência
absorvida pelo indutor é suprida pelo capacitor e o restante é
suprida pela fonte. A Figura 4.51 mostra a potência suprida pela
fonte (QL-QC) ao indutor, e a potência reativa suprida pelo capacitor
(QC).

S
P

QL
QC

QL-QC

Figura 4.51: Compensação de potência reativa no circuito.

A presença de dispositivos reativos de ângulos de fase opostos


contribui para a compensação de reativos no circuito, diminuindo a
contribuição da fonte.

O fator de potência de deslocamento do circuito da Figura 4.51 é


menor do 1 e é atrasado.

Considerações:

− Em um circuito RLC série a tensão resultante está defasada de


θ em relação à corrente.

− Se ωL > 1/ωC o circuito apresenta características indutivas, a


tensão estará adiantada de θ em relação à corrente, e o ângulo
da impedância será positivo.

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4-46

− Se ωL<1/ωC o circuito apresenta características capacitivas, a


tensão estará atrasada de θ em relação à corrente, e o ângulo
da impedância será negativo.

4.9.2 Circuito RLC Paralelo


A Figura 4.52 mostra um circuito RLC paralelo.

jIC jIC

VF ~ R XL XC ou
IR
IR
-jIL -jIL

Figura 4.52: Circuito RLC paralelo e o diagrama fasorial das correntes.

A corrente total é dada pela soma fasorial da corrente em cada


componente:
I = I R + jI C − jI L (4.115)

Dividindo a Equação 4.115 pela tensão, tem-se a admitância do


circuito, i.é.,

1 1 1
Y= + +
R∠0 X L ∠90 X C ∠ − 90
ou
Y = G + jBC − jBL = Y ∠ ∓ θ (4.116)

A impedância total do circuito pode ser calculada por:

1 1
Z= =
Y G + j(B C − B L )

Verifica-se, portanto, que:

1
Z∠ ±θ = (4.117)
Y∠∓θ

isto é, quando o ângulo da impedância total é positivo, indica que o


circuito é predominantemente indutivo e a corrente resultante está
atrasada da tensão aplicada; nestas circunstâncias, o ângulo da
admitância é negativo. Quando o ângulo da impedância total é

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4-47

negativo, o ângulo da admitância é positivo por tratar-se de


condição predominatemente capacitiva.

A potência em um circuito RLC paralelo é calculada pela Equação


4.93 obtida para circuitos RLC série.

4.10 Fluxo de Potência


Com a disseminação das fontes de geração distribuída torna-se
importante e necessário o entendimento do sentido do fluxo de
potência.

Lembrando que potência últil e potência reativa são expressas


como:

P=|V|.|I|.cos(θv-θi) (4.118)
e
Q=|V|.|I|.sen(θv-θi) (4.119)

Considere as seguintes condições de operação de um circuito.

a) Ângulo de defasagem no 1o quadrante:


P
V
Circuito
I
Q

Figura 4.53: Potência ativa e reativa positiva.

Se θ está situado no primeiro quadrante, 0o ≤ θ ≤ 90º, a potência


útil P e reativa Q são positivas. Significa dizer que há consumo de
energia ativa e reativa indutiva. A corrente está atrasada da tensão.

b) Ângulo de defasagem no 2o quadrante:

V P

Circuito
I
Q

Fig.4.54: Potência ativa positiva e potência reativa negativa.

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4-48

Se θ está situado no 2o quadrante, 90o ≤ θ ≤ 180º, a potência útil P


é negativa e a potência reativa Q é positiva. Significa dizer que o
circuito exporta energia útil e consome potência reativa indutiva.
Corrente atrasada da tensão.

c) Ângulo de defasagem no 3o quadrante:

Circuito
I
V Q

Figura 4.55: Potência ativa e reativa negativa.

Se θ está situado no 3o quadrante, 180o ≤ θ ≤ 270º, a potência útil P


é negativa e a potência reativa Q é negativa. Significa dizer que o
circuito exporta energia útil e energia reativa capacitiva. Corrente
adiantada da tensão.

d) Ângulo de defasagem no 4o quadrante:

Circuito
I
V Q

Figura 4.56: Potência ativa positiva e potência reativa negativa.

Se θ está situado no 4o quadrante, 270o ≤ θ ≤ 360º, a potência útil P


é positiva e a potência reativa Q é negativa. Significa dizer que o
circuito importa ou absorve energia útil e fornece energia reativa
capacitiva. Corrente adiantada da tensão.

Note que para a condição de corrente atrasada da tensão ocorre


sempre o consumo de potência reativa. A potência reativa
consumida é indutiva e a ela é associada o sinal positivo. Por outro
lado, para a condição de corrente adiantada da tensão a potência
reativa é fornecida, e é considerada negativa. A potência útil, por
sua vez, pode tanto ser consumida como fornecida. Quando a
abertura angular entre tensão e corrente está compreendida entre
-90º ≤ θ ≤ 90º, a potência útil é absorvida, e quando 90º ≤ θ ≤ 270º
ocorre geração de potência útil.

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4-49

P- P+
Q+ Q+

P- P+
Q- Q-

Figura 4.57: Fluxo de Potência.

O fator de potência (P/|S|) para a condição de potência útil negativa


(gerando) varia entre -1 e 0.

4.11 Transformadores
Os transformadores são equipamentos normalmente usados na
distribuição e transmissão de energia elétrica, em fontes eletronicas
de potência e para acoplamento de sinais em sistemas de
comunicação.

A operação do transformador é baseada no princípio da indutância


mútua, que ocorre quando duas ou mais bobinas são colocadas
próximas uma das outras. Um transformador em geral tem duas
bobinas denominadas de bobina de primário e bobina de secunário.
Cada bobina tem um certo número de espiras, representada por Np
e Ns, respectivamente. A bobina de primário é alimentada por uma
fonte de tensão e à bobina de secudário é conectada a carga. A
bobina do primário é acoplada eletromagneticamente à bobina do
secundário através da indutância mútua. Como não há contato
elétrico entre as duas bobinas magneticamente acopladas, a
transferência de energia de uma bobina para outra se dá em uma
situação de completa isolação elétrica.

4.11.1 Indutância Mútua


Quando uma bobina alimentada por uma fonte c.a. é colocada
próxima a uma outra bobina, um campo magnético variável causará
uma força eletromotriz (f.e.m) induzida na segunda bobina devido
ao fluxo variável que concatena as duas bobinas.

Seja υp(t) a tensão aplicada à bobina do primário, em que Vp


representa o valor eficaz de υp(t) e ω a freqüência angular da
tensão.
υ p (t ) = 2V p sen(ωt ) (4.120)

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4-50

Lp
Ls

Figura 4.58: Transformador de dois enrolamentos.

A corrente alternada ip(t) que alimenta a bobina de primário produz


um fluxo magnético φ(t) cuja variação no tempo causa uma f.e.m.
induzida nas bobinas de primário e de secundário, definidas como:


e p (t ) = − N p ⋅
dt (4.121)
= − E p ⋅ sen(ωt )


es (t ) = − N s ⋅
dt (4.122)
= − Es ⋅ sen(ωt )

Re-escrevendo a variação do fluxo no tempo, tem-se que:

dφ dφ di
= ⋅
dt di dt
di (4.123)
= L⋅
dt

em que L representa a variação do fluxo com a corrente, definida


como indutância. O valor da f.e.m induzida nas bobinas depende
da indutancia mútua L entre as duas bobinas. A indutância mútua é
estabelecida pela indutância de cada bobina (L1 e L2) e pelo
coeficiente de acoplamento k entre as duas bobinas.

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4-51

Para maximizar o acoplamento, as duas bobinas são enroladas em


um núcleo comum.

4.11.2 Coeficiente de Acoplamento


O coeficiente de acoplamento k entre duas bobinas é a razão entre
o fluxo magnético (linhas de força) produzido pela bobina do
primário que concatena a bobina do secundário (φ) pelo fluxo total
produzido pela bobina do primário (φp).

φ
k= (4.124)
φp

Note que k representa a parcela de fluxo que alcança a bobina do


secundário do transformador.

Quanto maior o valor de k maior é a tensão induzida na bobina do


secundário para uma certa taxa de variação da corrente
(freqüência) na bobina do primário. Observe que k é admensional.
A unidade de fluxo magnético é weber (Wb).

O coeficiente de acoplamento depende da proximidade física das


bobinas e do tipo de material do núcleo sobre o qual as bobinas
estão enroladas. A construção e a forma do núcleo também têm
influência sobre k.

4.11.3 Indutância Mútua


Como mencionado anteriormente, os três fatores que têm influência
sobre a indutância mútua L são: coeficiente de acoplamento k, e as
indutâncias prórpias L1 e L2, e estão relacionados por:

L = k L1 L2 (4.125)

4.11.4 Tipos de Transformadores


Os elementos básicos de um transformador são as bobinas e o
núcleo. A bobina de primário é a bobina de entrada e a bobina de
secundário é a bobina de saída.

O núcleo de um transformador provê a estrutura física para


colocação das bobinas e o caminho magnético de modo que as
linhas de fluxo magnético são concentradas proximas às bobinas.

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4-52

Existem em geral três categorias de mateial de núcleo: ar, ferrite


(material cerâmico com propriedades eletromagnéticas) e ferro.
Transformadores de núcleo de ar e núcleo de ferrite geralmente
são usados para aplicações em alta freqüência. O condutor das
bobinas é recoberto de verniz para evitar curto-circuito entre as
espiras.

A intensidade do acoplamento magnético entre os enrolamentos de


primário e secundário é definido pelo tipo de material do núcleo e
pela posição relativa das bobinas. A maioria dos transformadores
com núcleo de ferro tem alto coeficiente de acoplamento (maior
que 0,99), enquanto que núcleo de ferrite e de ar têm menor valor.
Quando as bobinas são sepadas uma da outra o acoplamento é
fraco, e quando são sobrepostas o acoplamento é forte. Quanto
maior o acoplamento, maior a tensão induzida no secundário para
uma dada corrente no primário.

Os transformadores com núcleo de ferro, em geral, são usados


para freqüência de áudio e aplicações de potência. Esses
transformadores consistem de enrolamentos em um núcleo
construído de lâminas de material ferromagnético isoladas uma das
outras por uma camada de verniz. Esta construção proporciona um
fácil caminho para o fluxo magnético e aumenta o acoplamento
entre as bobinas. As configurações básicas de transformadores de
núcleo de ferro são de núcleo envolvido, em que cada bobina é
colocada em pernas separadas do núcleo, e núcleo tipo concha,
em que as duas bobinas estão na mesma perna do núcleo.

4.11.5 Relação de Espiras


Um parâmetro de transformador que é muito importante para
entender como opera um transformador é a relação de espiras. A
relação de espiras é definida como o número de espiras (voltas) na
bobina de primário (Np) em relação ao número de espiras da
bobina de secundário (Ns).

Np
a= (4.126)
Ns

Vale salientar que não existe uniformidade na definição de relaão


de espiras de um transformador, podendo ser definida como acima
bem como pela relação entre número de espiras do secundário
pelo número de espiras do primário. As duas definições estão

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4-53

corretas desde que usadas consistentemente. A relação de espiras


de um transformador não é dada nas especificações de um
tranformador. Em geral, as tensões de entrada e de saída e a
potência nominal são especificadas. No entanto, a relação de
espiras é útil para estudar o princípio de operação de um
transformador.

4.11.6 Direção dos Enrolamentos


Um outro importante parâmetro de um transformador é a direção
em que os enrolamentos são colocados em torno do núcleo. A
direção dos enrolamentos determina a polaridade da tensão
através do enrolamento secundário com relação à tensão através
.
do enrolamento primário. Pontos ( ) são usados como símbolos
para indicar polaridades (+).

Figura 4.59: Polaridade das bobinas.

4.11.7 Transformadores Elevadores e Abaixadores


Um transformador em que a tensão de secundário é maior do que a
tensão de primário é dito ser transformador elevador. Ao contrário,
quando a tensão de secundário é menor do que a tensão de
primário, o transformador é dito ser abaixador.

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4-54

Pela relação entre as Equações 4.121 e 4.122 verifca-se que a


razão da tensão de primário pela tensão de secundário é igual à
relação de espiras.

Ep Np
= (4.127)
Es Ns

Desta relação tem-se que:

⎛N ⎞
Es = ⎜ s ⎟⋅ Ep = 1 ⋅ Ep (4.128)
⎜N ⎟ a
⎝ p ⎠

Figura 4.60: Transformador abaixador.

A relação de transformação de um elevador elevador é menor do


que 1 e a de um transformador abaixador é maior do que 1.

4.11.8 Carga no Secundário


Quando uma carga é conectada ao enrolamento secundário de um
transformador, circulará uma corrente através da carga.

Em um transformador ideal a potência aparente de primário, Sp, é


igual à potência aparente de secundário, Ss. Isto significa que toda
energia de primário é transferida ao secundário. Assim

S p = E p I *p = S s = E s I s* (4.129)

A partir da Equação 4.126 e 4.129 tem-se que:

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4-55


Ep ⎛I ⎞ N
=⎜ s ⎟ = p =a
E s ⎜⎝ I p ⎟
⎠ Ns (4.130)

ou

⎛ Np ⎞
I s = ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ I p = a ⋅ I p (4.131)
⎝ Ns ⎠

Sejam dois transformadores com relação de transformação 1:10 e


2:1, respectivamente. Se a corrente de primário em ambos
transformadores é igual a 100 mA, qual a corrente de carga?

No transformador com relação 1:10, a corrente através da carga é


dada por:

⎛ Np ⎞
⎟⎟ ⋅ I p = ⎛⎜ ⎞⎟ ⋅ 100 = 10mA
1
I s = ⎜⎜
⎝ Ns ⎠ ⎝ 10 ⎠

No transformador com relação 2:1, tem-se que a corrente de carga


é:

⎛ Np ⎞
⎟⎟ ⋅ I p = ⎛⎜ ⎞⎟ ⋅ 100 = 200mA
2
I s = ⎜⎜
⎝ Ns ⎠ ⎝1⎠

Note que o transformador 1:10 é elevador (tensão) e sua corrente


de secundário deve ser menor que a corrente de primário pela lei
de conservação de energia. O transformador com relação de
transformação 2:1, trata-se de um transformador abaixador
(tensão) e, portanto, a corrente no secundário é maior que no
primário.

4.11.9 Carga Refletida


Do ponto de vista do circuito primário de um transformador, uma
carga conectada através dos terminais da bobina do secundário
parece ter uma impedância que não é necessariamente igual à
impedância da carga quando no secundário.

Sabe-se de 4.107 e 4.110 que:

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4-56

Np
Ep = ⋅ Es
Ns

Ns
Ip = ⋅ Is
Np

A relação Ep/Ip resulta em:


2
⎛ Np ⎞
Z p = ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ Z L (4.132)
⎝ Ns ⎠

A Equação 4.111 indica que a impedância da carga refletida para o


primário é o quadrado da relação de transformação vezes a
impedância da carga.

4.11.10 Casamento de Impedância


Uma aplicação de transformadores é no casamento de uma
impedância de carga à impedância de uma fonte a fim de obter-se
a máxima transferência de potência. Em sistema de áudio,
transformadores para casamento de impedância são
freqüentemente usados para máxima transferência de potência do
amplificador para o microfone.

Na maioria das situações práticas, a impedância interna da fonte de


vários tipos de fontes é fixa. De igual modo, em muitos casos, a
impedância de um dispositivo que atua como uma carga é fixa e
não pode ser alterada. Se uma dada fonte é conectada a uma dada
carga pode-se usar a característica de impedância refletida de um
transformador para fazer a impedância da carga parecer ter o
mesmo valor da impedância da fonte.

Considere uma resistência de entrada típica de um televisor como


sendo 300Ω. Uma antena deve ser conectada à entrada da TV por
um cabo para recepção do sinal de TV. Nesta situação a antena e
o cabo agem como a fonte, e a resistência de entrada da TV é a
carga.

É comum para uma antena ter característica de impedância de


75Ω. Isto significa que a antena e o cabo parecem uma fonte de
75Ω. Assim, se a fonte de 75Ω é conectada diretamente à entrada
da TV de 300Ω, uma máxima transferência de potência não será

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entregue à entrada da TV, e a recepção do sinal da TV é pobre. A


solução é então conectar um transformador casador de impedância
a fim de casar a impedância de 300Ω da carga à impedância de
75Ω da fonte.

Para casar a impedância, i.e., refletir a impedância da carga (ZL)


para o primário do transformador para ter um valor igual à
impedância interna da fonte, deve-se selecionar uma relação de
transformação apropriada. A Equação 4.111 pode ser usada para
calcular a relação de transformação necessária.
2
⎛ Np ⎞
Z p = ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ Z L
⎝ Ns ⎠

Zp 75 1
a= = =
ZL 300 2

O que significa que o número de espiras do primário é a metade do


número de espiras do secundário – transformador elevador.

Referências

[1] Floyd, T.L. Principles of Electric Circuits, 6th Ed. Prentice Hall,
2000. ISBN 0-13-095997-9.927p.

[2] Nilsson, James W., Reidel, Susan A., Circuitos Elétricos, LTC,
6a Edição, 2003.

[3] Kerchner, R.M., Corcoran,G.F., Circuitos de Corrente


Alternada, Porto Alegre, Globo, 1973.

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