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RESENHA DO TEXTO: DIREITO MORAL E JUSTIÇA.

BITTAR, Eduardo. Direito, Moral e Justiça. Texto preparado para aula de Introdução ao Estudo do Direito, ministrada na
Faculdade de Direito do Largo de São Francisco USP, 2007.

O texto apresenta a relação entre o Direito, a Justiça e a Moral 1. Por lidar com a dinâmica
da vida social, o direito se abre a múltiplos desafios, tanto para a teoria os conceituais, como à
prática os operacionais. Precisa-se, para ambos, no entanto, de um modelo, uma forma de
compreensão para se entender como se pensa e como se faz o direito; como se conceitua e como
se age socialmente através do direito.
O direito para se realizar, exige procedimentos discursivos, e estes por sua vez requerem
do operador a capacidade de argumentar utilizando mais do que simplesmente uma linguagem
técnica do sistema.
Para bem operar no interior do sistema, é necessário sair dele, o que significa dizer que
quando, na aparência, a idéia de sistema parecia oferecer uma linguagem fechada, total
autônoma e sistêmica, o que se percebe ao estudar essa fase conclusiva da argumentação, é que
tudo se esgota no momento em que a prudência é chamada a operar, e o que é a prudência senão
uma virtude de ponderar valores.
Isso significa que, no fundo, todo o sistema do direito pensado racionalmente, construído
dentro de uma lógica particular, se esgota em seu momento último de estrangulamento em uma
situação em que o direito é extremamente carente de moralidade.
Exige do jurista a responsabilidade de operar moralmente com o direito e principalmente
nos efeitos do sistema jurídico sobre os demais subsistemas sociais. Por isso o direito cria
resultados em cadeia dentro da economia, das formas com as quais se desenvolve visões de
mundo, dentro das expectativas políticas e de governo, das estruturas decisórias, delimitando
campos importantes de reflexividade entre aquilo que a sociedade reclama como sendo justiça e
o que o direito devolve a ela como prática de decisão e em segundo lugar como prática de poder.
O jurista deve estudar as complexidades e fatores que gravitam na determinação dos
fenômenos sociais. Não há como decidir com questões sociais por decisões do sistema sem
pensar a própria sociedade. Não por outro motivo, portanto, a arte de operar com o direito é a um

1
BITTAR, Eduardo C. B. Graduado em Direito pela USP em 1996. Doutorou-se em Filosofia e Teoria Geral do
Direito pela USP em 1999 e livre-docente em 2003. É professor do Depto de Filosofia e Teoria Geral do Direito da
USP e Professor Titular do Centro Universitário FIEO, parecerista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo, pesquisador-sênior do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e presidente da Associação
Nacional de Direitos Humanos - Pesquisa e Pós-Graduação (ANDHEP), entre outros.
só tempo convidativa à reflexão e à evocação da responsabilidade moral. O direito cuida de
proibições, interdições, limites, formas de operar e exigências que intermediam as relações entre
Estado, sociedade civil e terceiro setor. Afinal, serve como agasalho a uma série de questões
fundamentais da vida social: questões econômicas, de proteção da vida, de preservação
ambiental etc., são todas reguladas pelo código “direito”. Se constitui como um fator de apoio à
manutenção do pacto social. O direito não nega e nem exclui a moralidade. Pelo contrário, ele
possibilita e afirma a moralidade possível dos tempos modernos.
Quando se pensa qual o papel que o direito tem perante a moral, é a um só tempo de
representá-la, e de preservar a continuidade da moral possível, que em sociedades pluralistas,
complexas e modernas, não significa uma totalidade de valores homogêneos, mas, numa
Constituição, a preservação de uma pluralidade de valores que garantem a existência da
diversidade, e não definem uma homogeneidade imposta ao outro. Daí porque o direito lida de
forma tensa e complexa com a moral.
A experiência da moral como fruto do grupo, da coordenação das ações na base da
espontaneidade da formação dos costumes, não é dotada de um sancionamento que torna o
comportamento obrigatório do ponto de vista de sua vinculatividade ao aparato de Estado. A
experiência espontânea da moral cobra acima de tudo do indivíduo uma adesão voluntária ao
padrão de ação. Transmitindo-se de forma em geral não escrita.
Se for possível encontrar diferenciações que marcam o campo da moral com relação, e
comparativamente, ao campo do direito, e se é importante do ponto de vista teórico, além das
conseqüências no campo do direito, delimitar com clareza como funcionam as exigências
normativas de ambas, isso não significa que necessariamente se deva reconhecer que os
fenômenos do direito e da moral não possuem diversas facetas em comum.
O direito para sociedades modernas e complexas cumpre a tarefa especial de, sem
substituir a moral, oportunizar a luta pela subsistência de certos valores e princípios que são
consagrados geralmente em nível constitucional. Exige algo mais do que simplesmente a
irracionalidade da força; exige uma moralidade que apela à interação racional, e que preserva o
mundo da vida como um lugar possível de interação comunicativa. Preserva a possibilidade da
realização de emissões morais e de aplicação de normas que extravasam valores. Claramente, o
direito pressupõe poder para se afirmar, e não se realiza sem a efetiva aplicação da sanção. Mas
isso não significa que o direito se resuma a ser poder ou sanção.
Os juristas são sempre convidados a estudar mais, saber mais, perceber mais, e por isso
que o direito tem esse caráter de permanência instável; de sua circularidade. O direito funciona
como essa ponte que faz com que se transite da condição de seres postos à história do presente e,
ao mesmo tempo, co-responsabilizado pela realização do futuro. É o que se encontra nas mãos de
todos.

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