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Wellington Amâncio da Silva


welliamancio@hotmail.com
(082)99105441

Rua Allan Kardec, 48 ± Centro


Delmiro Gouveia-AL
CEP: 57480-000

Esse texto é um esboço das minhas impressões, alegrias e frustrações acerca de livros,
mas nos aspectos do material utilizado para a sua fabricação. Não sou ± como me
perguntou certa vez um muito educado e agradável senhor de uma editora ± ³Graduado
em Papel´, nem sei onde existe chancela para isso, ou alguma pós-graduação que
ofereça um curso com área de concentração em Papel, isto é, uma Papelogia. Tudo que
aprendi se deu em minhas experiências muito pessoais enquanto leitor. Procurarei
repassar algumas experiências para outros leitores para que estes possam tanto se
identificar comigo nestes aspectos, bem como fazer aquisições mais conscientes e
porque não seletivas e ainda desenvolverem juntamente comigo uma porte de
experiências, conceitos, definições, comparações e analises desta nova Disciplina
chamada ³Papelogia1´. Por último gostaria de fazer mais um apontamento: o presente
texto fora revisado a partir de outro que publiquei anteriormente de título provocativo e
muito injusto chamado ³Livros Descartáveis ± a µmalandragem¶ editorial no Bra$il´,
onde tenho certeza que vocês não irão encontrar em nenhum lugar, porque fui infeliz em
não perceber que o problema do material o qual são fabricados os livros pode ser de
responsabilidade não das editoras, mas das gráficas, ou ainda, numa perspectiva mais
cruel, da ³política do livro´ no Brasil nas instâncias do Estado que demasiada anti-
cultural, anti-literária e intelectual e mesmo anti-livros reproduz ainda o ciúme ao
conhecimento e a informação bem como os aspectos ideológico de ocultação de

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Y Sim. Falo com certa ironia... Y
conhecimentos e informações significantes2 características do período imperial pré-
Iluminismo.

***

Já pressentia que os bons tempos dos livros que passavam de geração a geração já não
existem mais. Quem não se lembra dos pesados livros, da sua densidade, da sua capa
revestida de tecido especial de suas folhas incrivelmente resistentes cuja tinta nunca
desvanecia esses livros, mesmo não sendo ecologicamente perfeitos, porém aceitáveis,
atravessavam séculos com sua beleza e ³onipotência´ pelas estantes, escrivaninhas e
mãos dos seus livros. Assim, qual foi minha surpresa ao receber o livro muito
longamente desejado, a Teologia do Novo Testamento de Bultmann, edição de 2008,
lançado pela Academia Crista, uma editora nova, mas já pioneira na proposta
desafiadora a qual abraçou: lançar títulos importantíssimos na área de Teologia, (do
mais alto gabarito como a teologia alemã e a norte-americana) alguns destes títulos são
tidos como radicais em relação à perspectiva do dogma majoritário, porque fazem uma
abordagem diferenciada, não sendo normalmente publicados por aqui. Um exemplo de
uma publicação que merece estaque e `  é o clássico Teologia do Novo Testamento
de Bultmann, por isso mesmo, o público brasileiro só tem a ganhar.

Esperava por sua tradução do alemão para o vernáculo já havia algum tempo e quando
enfim tivemos a grata notícia da tal fato, ainda fiquei mais alguns anos esperando o
momento certo, uma oportunidade rara dentro do meu orçamento de professor de escola
pública para adquirir a obra ± por causa do seu preço muito elevado, cerca de R$135,00.
Por causa disso, só pude comprá-lo agora em 2011. Mas é interessante expor a razão de
o livro ser um tanto caro: um calhamaço belíssimo de 924 páginas, traduzido do alemão
ao custou, desde sua tradução3, revisão, diagramação, capa e gráfica, de cerca de R$ 69,
000,00 as mil cópias publicadas até então, na sua edição de 2008. Vale ressaltar que até
aqui não foram feitas reimpressões porque ainda nem todas as mil cópia de que falei
foram vendidas!

Apesar destas informações, não fiquei muito feliz com aquisição. O livro, numa edição
de capa dura belíssima, tradução muito boa, expressões em Grego Koiné e hebraico em

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Y Certamente os conhecimentos e informações disponibilizados no Brasil são demasiados tolos em relação
as informações e conhecimentos que uma certa elite tem acesso.
3
Uma lauda do alemão para o português geralmente custam R$27,00 em média.
caracteres próprios que valorizam tanto nosso conhecimento em línguas antigas bem
como enfatiza seu sentido original; porém, me deparei com uma grande e amarga
decepção que me fez sentir o ³peso´ do valor que investira: o papel que compõe o
miolo, (a parte  
  existiria o livro, obviamente a parte que me levou a tal
aquisição), fora feita de uma espécie de papel jornal, semelhante aquele das edições
populares norte-americanas muito descartáveis e desagradáveis, da Pequim Books de
bolso, de precinho acessível; no caso da Teologia do Novo Testamento de Bultmann,
(sim, estamos falando de ninguém menos que o Rudolf Bultmann) deixou muito a
desejar, porque estamos falando de uma obra fundante na Teologia Moderna. Por causa
da decepção, contatei a livraria virtual relatando sua qualidade para então, quando da
devolução, aguardar mais alguns anos até que lancem uma edição que contemple a aura
e a estatura científico teológica da obra.

Tenho visto muito desse tipo de livro de capa muito elaborada, mas em papel que me
lembra o papel jornal, porém mais espesso; tenho visto esse tipo de material sendo
lançado por algumas editoras que antes não o fazia e, como somente tenho tido acesso
às livrarias virtuais, não sei se existem duas versões de um mesmo livro para que eu
talvez pudesse escolher a melhor; logo questiono: será um padrão a ser adotado pelas
editoras a partir de hoje? Se for, particularmente terei que adotar o livro digital, porque
aqueles, mesmo sendo um tanto ³descartáveis´ custam muito caro.

Desconfiado que sou, tenho imaginado se especialmente algumas livrarias virtuais estão
acordando com editoras e gráficas por edições bem menos primorosas a preço ³mais
em conta´ porém, o material da confecção do livro, grosso modo, é de segunda na
questão durabilidade, como no caso do livro acima especificado. Presenciei esse tipo de
papel chamado ³Lux Clean4´ 70g/m² (que também é a marca fantasia de uma fabrica de
produtos de limpeza) até com a impecável editora Artmed quanto uma publicação de
Michael Apple5. A combinação de editoras, que para mim não deram certo desse
aspecto, fora a da Paulus6 com a Academia Cristã nas obras de Georg Fohrer,
respectivamente, História da Religião de Israel, Introdução ao Antigo Testamento e
Estruturas Teológicas do Antigo Testamento... Realmente a safra de 2008 não foi um
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4
Segundo Luiz Henrique do setor jurídico da Editora Academia cristã que certamente recebeu essa
informação da fábrica de livros Impressa da Fé.
5
Currículo, Poder e Lutas Educacionais, lançado em 2008. Realmente esse ano foi um ano muito ruim
para adquirir livros!
6
A Editora Paulus trabalhando sozinha faz obras de qualidade, por exemplo, O Nascimento do
Cristianismo de John Dominic Crossan bem como os demais livros deste autor.
ano bom para obter certas publicações em certas editoras. Mas ainda presenciei de uns
amigos uma edição similar: um Udo Schnelle - Teologia do Novo Testamento - lançado
em 2010, sim, fabricado com o mesmo material. Tenho visto isso esse tipo de papel
relacionado a gráfica Impressa da Fé e eles geralmente nem especificam no final do
livro o tipo de papel e a fonte usada.

Tive a mesma experiência com a Teologia do Novo Testamento de J. Jeremias também


em 2008, pela Editora Hagnos, que cuja gráfica não sei nem se especifica no final do
livro: obra belíssima e primorosa em capa dura, mas suas páginas fabricadas com o
mesmo papel jornal já estão muito amareladas± diz-se que é papel importado da
Finlândia de florestas remanejadas que obedecendo a política da sustentabilidade quanto
aos recursos naturais tem por causa disso seu valor acima da média do papel nacional,
mesmo - sabendo a Suzano é imbatível em matérias de preservação ambientação e de
recursos sustentáveis.

Não entendo esse bizarro contraste: capa dura de luxo cujas ilustrações são revestidas
com uma brilhante camada de verniz que dá-lhe um brilho extraordinários, mas suas
páginas feitas do implacável papel amarelado parecidíssimos com aqueles que se
encontram devidamente picotados, em banheiros de rodoviária ± até mesmo uma edição
do gibi Tex7 da Bonelli Comics tem um papel jornal mais agradável em ³todos os
sentidos´ - mas estou já meio frustrado com a inevitável surpresa que terei quando
chegar dos correios o meu Teologia do Novo Testamento de Udo Schnelle da Editora
Academia Cristã, livro este que custara R$179,00! Só eu sei a dor da compreensão da
triste relação custo benefício presentes aí.

Minhas experiências com esse tipo de ³gato por lebre´ que por tantas vezes me fez
fazem pensar duas vezes antes de comprar obras nas editoras citadas acima, como, por
exemplo, a editora Record ± que lança uns livros de papel de qualidade mas com
desenho tipográfico esteticamente antiquados com encadernamento tipo ³para lê
somente uma vez´8 que explicarei numa outra oportunidade9.

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7
Nizzi & Mastantuono. O Profeta Indígena, Nº20. Mythos Editora.

Y Sistema Cameron: acabamento em linha, com corte em folhas, dobradeiras, intercaladoras, coladeiras,
etc. ver http://www.idemdesign.net/pt/art-graf/press-flexo/56-flexo-systems.html.

Y A coleção ³Mestres da Literatura Contemporânea´ da Record/Altaya, fora uma ofensa aos autores
publicados.
Eis o que aprendi com estes livros impressos nesse tipo muito parecido ao papel jornal e
o que observei em suas páginas:

iY Cheiro forte característico e muito desagradável de aditivos de papel jornal,


diferente do perfume característico de livro novo ou de livro antigo;
iY Liberam poeira de celulose e outros pedacinhos de papel, além de pó e outros
microorganismos;
iY Sempre apresentam defeitos de fabricação: sobras de arestas e corte mal
acabados;
iY Começam a oxidar em poucas semanas;
iY Com o passar do tempo apresentam um amarelo horroroso (cor de mostarda);
iY Em não mais de cinco anos suas folhas tornam-se quebráveis ao simples
manuseio;
iY Absorve com muita sede qualquer pequena umidade e incham como um sapo-
boi;
iY Desmancham-se em poucos anos sob a maresia;
iY Retém e acumula com eficiência devido ao manuseio e ao paginar aquilo que
chamamos ³sebo´ típico de livro usado, a não ser que se lavem as mãos antes de
lê;
iY São sempre os primeiros no cardápio de ratos e cupins, independente da ordem
em que se encontrei na estante;
iY Formam-se colônias de fungo, ou seja, mofam tornando-se o terror para os
alérgicos;
iY Em relação a outros tipos papeis, é morada predileta de ácaros, traças e aranhas;
iY Envergam no frio ou ficam onduladas em sua horizontal;
iY Não suportam sublinhados frente e verso: um risco a ponta de lápis pode
danificá-lo;
iY A tinta de caneta, seja ela a melhor tinta, tende a aparecer no outro lado da
página;
iY Textura áspera e desagradável ao folhear ± é justamente essa textura que retém
sujeiras;
iY Apresentam pontos escuros e às vezes protuberantes de madeira reciclada;
iY Em dez anos, se sobreviverem, suas folhas tornam-se mais escuras como
madeira de mogno.

Esse tipo de papel aparentemente descartável que é o que é, não somente por
consciência ecológica, segundo muitos argumentos, mas principalmente pela demanda
de uma logística editorial, isto é, são mais leves, portanto seu frete mais barato quando
enviados pelo correios ou transportadoras e suportáveis de manusear quando
sustentados sobre as mãos. Mas, se justifica? Ora, estão muito longe de serem como o
papel Pólen Soft 80 g/m², típico da Suzano - papel esse sempre presente na maravilhosa
Editora Companhia das Letras, é também presente na portentosa Editora Cosac Naify!
Essas sim são, por exemplo, editoras que não nos fazem desconfiar que subestimam a
inteligência e o gosto dos seus leitores, em todos os aspectos do livro enquanto forma,
conteúdo e expressão artística e utilitária, porque a excelência dos seus produtos ± que
valem realmente o preço sugerido ± além de exaltar a cultura, a arte, a formação e a
informação, ainda é em si mesma uma maneira especial de elogiar o leitor como quem
proclama: ³fazemos os melhores livros para os melhor público leitor brasileiro´.

Antes de finalizar meu texto, gostaria ainda de expor mais algumas impressões e ideias
que há muito tempo venho esboçando e agora acho oportuno desabafar como leitores
como eu. Geralmente o preço do livro pode ser baseado, grosso modo, em quantidades
de páginas, isto é, a cada cem páginas, o valor de R$10,00, assim, quando você se
depara com um livro de 320 páginas, por exemplo, e que custa cinquenta e nove contos
e noventa centavos, logo vemos que há alguma coisa a se buscar entender aí! As
editoras dizem-nos que o preço do livro obedece a uma variante que independe da forma
material do livro em si, isto é, os direitos autorais, a tradução, a revisão, a diagramação,
a capa, entre outros.

Neste aspecto, vejo isso sempre em editoras como a Martins Fontes que, convenhamos,
possui talvez o melhor catálogo de obras de filosofia, mas que talvez para um público
universitário não justifique o preço absurdo; veja, por exemplo, as obras de Michel
Foucault! Uma fortuna! Cerca de uns vinte reais acima da média de páginas! A Coleção
Tópicos (aqueles livrozinhos de bolso de visual ³que dói nas vistas´ de capa vermelha
sob letras pretas e um fundo branco com a foto do autor e uma frase de efeitos deste)
são de muito boa qualidade editorial; esses livrinhos são caríssimos quando levamos em
conta a quantidade de página e o tamanho do livro, que é de suma importância, porque
livros de formato em 17x24 são mais agradáveis de ler e mais confortáveis de manusear
que os livros mixurucas de formato 12 x 18, mas como resisti-lo? Talvez eles, os
editores, saibam disso e pensem ³como da necessidade destes títulos ninguém pode
escapar, vamos diminuir-lhes o tamanho para aumentar a margem de lucro...´. Bem, eu
digo a vocês que essa moda de livrinho de bolso torna-se um engodo se eles realmente
não fizerem jus a um preço acessível10 e a sua proposta inicial que é ser acessível ao
público estudante unversitário.

A Martins Claret faz livros de ótima qualidade material, tradução que tem como
objetivo iniciar o leitor nos Universais, prefácios interessantes ao leitor iniciante e preço
bom, no entanto, tendo um catálogo do seu porte é bom observar as traduções, os
tradutores. Sei que a Martins Claret sempre esteve engajada com seu projeto de fazer
livros acessíveis, introdutórios e quase onipresentes em todas as bancas de revistas e
livrarias afins ± inclusive minha formação na adolescência fora ³martinscleretiana´
quanto aos aspectos da introdução mesma, quando aos quinze anos eu lia uma biografia
de Marx antes de ler qualquer texto, por exemplo, lançado pela Abril Cultural que fora
imbatível 11 em matéria de livros impressos em material de qualidade, tipologia boa
exceto pelo tamanho das letras nas edições capa dura que iam diminuindo e tamanho a
partir da década de oitenta12. Uma combinação que deu certo aconteceu entre a Nova
Cultural e Círculo do Livro, quanto aos Clássicos Universais ± mesmo que o resultado
final da capa dura destas edições carecesse de beleza. Quem não lembra-se do Círculo
do Livro e o quanto leitores não fomos naquela década de noventa. Bem, vou ficando
por aqui, para não me dispersar mais ainda do tema inicial.

Enfim, a doce relação com o livro é uma experiência única. Não sei o que teria vivido
de melhor nesta vida sem o livro. O livro para mim é extensão do meu ser. Amo os
livros demasiadamente com um amor ao mesmo tempo paterno e filial; sua forma, seu
aroma, sua capa, lombada, folhas, texturas e desenho tipográfico fazem do livro o que
ele é para nós ± não um objeto de fetiche, mas um instrumento que dialoga comigo
construindo-me sujeito leitor; que pena que algumas editoras, mesmo conhecendo bem
essa relação afetiva leitor-livro, não conseguem ainda transporem esse abismo

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YUm exemplo de bons livros de bolso pode ser visto nas edições da Cia de Bolso e da Bestbolso da
LP&M.
YAs novas edições dos Clássicos da Literatura Universal possuem capa em tecido, mas folhas fininhas
do detestável papel jornal.
12
A coleçãoYOs Importais da Literatura Universal´ de 1972 é para mim antológica.
comercial ao qual são obrigadas a se submeter pela força ignorante do descaso político e
ideológico da parte de algumas Lideranças Governamentais.

Meus agradecimentos ao senhor Luíz Henrique da editora Academia Crista que ligou
para mim considerando minha opinião e insatisfação apriorista aos produtos da editora e
no intuito de esclarecer-me de muitas formas desde as dificuldades enfrentadas pelas
editoras no Brasil, bem como dos aspectos técnicos dos livros aí publicados.

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