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De regresso às urnas

Face ao impasse a que o país chegou, com a oposição na Assembleia da


República a chumbar as propostas do Governo para redução do défice público,
Portugal vai de novo a votos no início de Junho, para clarificar as posições políticas
e, de acordo com os desejos do Presidente da República, formar um governo com
suporte maioritário na Assembleia.
É interessante verificar que as eleições de 5 de Junho próximo têm um
objectivo alegadamente contraditório face às últimas eleições para a Assembleia
da República. Isto é, enquanto o problema em 2009 era a não renovação da
maioria que o governo do Partido Socialista detinha, agora o que se pede é
exactamente o regresso a uma maioria, o que não deixa de ser contraditório!

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Aparentemente, a situação económica e social é diferente, e para
ultrapassar as dificuldades que o país enfrenta, o próximo governo não pode estar
dependente de acordos pontuais para tirar Portugal da situação em que se
encontra.
Mas estas eleições têm mais um ponto de interesse, ou de desinteresse,
consoante o ponto de vista. Assim, o empréstimo que vai ser cedido à República
tem um conjunto de condições a que os partidos que irão formar o próximo
Governo terão de aceitar, isto é, quem empresta o dinheiro quer colocar em cima
da mesa das negociações as condições que garantam o reembolso do empréstimo
sem problemas de maior. Para isso, o país deverá, nos próximos anos, gerar
condições para a criação de riqueza sustentável. Tal como seria de esperar, as
medidas mais difíceis apenas terão um impacto de, no máximo, três anos, para que
o próximo governo possa aliviar um pouco a pressão e devolver algumas benesses
no último ano de mandato.
Para o concelho de Montemor, o impacto das medidas de contenção
orçamental é bastante prejudicial, uma vez que este é um concelho com uma fraca
actividade económica e bastante dependente de ajuda estatal ou camarária e,
neste sentido, o dinheiro para distribuir vai ser substancialmente menos. A
demonstração dos resultados da Câmara relativa ao ano de 2010, agora aprovada
na última Assembleia Municipal, já revela uma política de austeridade que forçou à
diminuição das remunerações e dos serviços prestados ao município. Como seria de
esperar alguns projectos importantes já estão a ser afectados, como é o caso do
projecto relacionado com o abastecimento de água e saneamento.
Para além destas situações, o documento agora acordado com o FMI e a
Comissão Europeia prevê, em matéria de quadros de pessoal na administração
local, uma redução de 15% das posições de chefia até ao final de 2012. E a já
falada reorganização de freguesias e municípios terá de ser implementada até ao
final de Julho de 2012, o que implica que essa situação tenha lugar no presente
mandato autárquico. De acordo com o documento de suporte a estas medidas,
prevê-se que esta redução “melhore os serviços, aumente a eficiência e reduza
custos”.
Caso a legislação para implementar estas medidas cumpra o que está
estipulado, as próximas eleições autárquicas que terão lugar em 2013 deverão ser
feitas já com base num cenário autárquico diferente do actual. De salientar que das
dez freguesias hoje existentes no concelho seis têm menos de um milhar de
habitantes. Em entrevista à Folha no passado mês de Fevereiro, o presidente da
Associação Nacional de Freguesias, quando questionado sobre esta matéria não se
revelou contra a necessária fusão entre freguesias, mas salientou que se devem
manter as identidades culturais existentes. Deste modo, as freguesias criadas no
concelho de Montemor em 1988 poderão estar seriamente em risco para o próximo
mandato, o que vai obrigar a uma nova estratégia autárquica que terá de ser
definida rapidamente para que possa ser eficaz.

A.M. Santos Nabo


Maio 2011

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