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PARALELISMO SINTÁTICO E SEMÂNTICO

Professora Alessandra Encarnação

Certas palavras e expressões apresentam entre si relações de semelhança que podem se dar
morfologicamente (quando as palavras são da mesma classe gramatical), sintaticamente (quando as
construções das orações ou das frases são semelhantes) ou semanticamente (quando há
correspondência no sentido). A essas relações de semelhança chamamos de paralelismo.

♦ Paralelismo sintático

Há paralelismo sintático se entre expressões, orações ou partes de um texto houver uma


relação de igualdade. Essa igualdade é estabelecida quando os dois elementos paralelos apresentam
a mesma estruturação, como: verbo no infinitivo e verbo no infinitivo, substantivo e substantivo,
verbo no subjuntivo e verbo no subjuntivo.

Alguns termos coesivos, como os conectivos, auxiliam na construção do paralelismo entre


dois elementos. Observe:

• não só... como/ mas também

• quanto mais... tanto mais

• seja... seja, quer... quer, ora... ora

• tanto... quanto

• primeiro...; segundo...

• não... e não/nem

• por um lado..., por outro

Leia o texto abaixo para entender melhor o paralelismo sintático:

Paralelismo sintático torna texto mais preciso

“Não, não se trata de defender mais intervenção do Estado na economia ou que o Estado volte
a produzir aço...”. O trecho, recentemente publicado na Folha, fere o princípio do paralelismo
sintático, segundo o qual quaisquer elementos da frase coordenados entre si devem apresentar
estrutura gramatical similar.

Para que a frase tivesse simetria, os núcleos do objeto direto do verbo “defender” teriam de
ser de mesma natureza (ambos verbos ou ambos substantivos). Assim: “...não se trata de
defender mais intervenção do Estado na economia ou a volta da produção estatal de aço...”. Ou:
“...não se trata de defender que o Estado intervenha mais na economia ou que volte a produzir
aço...”.

O princípio do paralelismo facilita a leitura do enunciado e proporciona clareza à expressão.


Na maioria das vezes é intuído pelo próprio falante. Há certas expressões – por exemplo, os
pares correlativos “não só... mas também”, “tanto...como”, “seja... seja”, “quer... quer”, “antes...
que” – que criam no leitor expectativa de uma construção simétrica ou paralela. Assim, dizemos:
“Ele não só trabalha mas também estuda”. Mas possivelmente não diríamos: “Ele não só
trabalha mas também é estudante”.

Um período como: “Trata-se de um argumento forte e que pode encerrar o debate...”


rigorosamente fere o principio do paralelismo sintático, pois o substantivo argumento é
modificado pelo adjetivo forte e pela oração subordinada adjetiva que pode encerrar o debate...
E a conjunção e deveria coordenar elementos de valor sintático idênticos (ou dois adjetivos, ou
duas orações subordinadas adjetivas).

Eliminando-se a coordenação, o enunciado flui sem exigir a simetria. Assim: “Trata-se de


um argumento forte, que pode encerrar o debate...”.

Também seria possível empregar dois adjetivos: “Trata-se de um argumento forte , capaz de
encerrar o debate...”. Ou mesmo duas orações adjetivas: “Trata-se de um argumento que é forte
e que pode encerrar o debate...”.

É comum que a ausência de simetria ocorra na colocação da partícula negativa. No seguinte


trecho: “Tal método não ocupa a tela de modo escancarado, mas por meio do acúmulo de
imagens”, extraído de questão da Fuvest, o paralelismo estaria garantido caso o advérbio não
fosse colocado antes da expressão de modo escancarado, pois o método ocupa a tela não de um
jeito, mas de outro. Não é a ação de ocupar que deve ser negada.

Thaís Nicoleti de Camargo.


Folha de S. Paulo, São Paulo, 19 set. 2002.

♦ Paralelismo sintático com quebra semântica

Como recurso expressivo, algumas vezes encontra-se paralelismo sintático entre termos que,
semanticamente, não se esperaria que estivessem coordenados. Saiba mais através da leitura do
texto abaixo:

Falta de paralelismo semântico cria efeito de estilo

[...] Em: “Ele hesitava entre ir ao cinema ou ir ao teatro”, falta simetria no plano sintático. O
uso da preposição entre pressupõe a existência de dois elementos de mesmo valor sintático ligados
pela conjunção e. Como a conjunção ou indica alternativa, é possível ocorrer confusão num contexto
como esse.

É preciso lembrar, entretanto, que a preposição entre delimita um intervalo entre dois pontos
definidos. Daí o motivo de reger dois elementos ligados por e.
Mas, atenção. Embora claro do ponto de vista do paralelismo sintático, um enunciado como
“A diferença entre os alunos e as carteiras disponível na sala é muito grande” contém um problema
semântico. Alunos e carteiras não são elementos comparáveis entre si. A diferença a que se refere a
sentença é numérica. Então, o ideal é dizer: “A diferença entre o número de alunos e o de carteiras
disponível na sala é muito grande”. Agora, sim, a informação ganhou precisão. Faltava na frase o
que chamamos de paralelismo semântico, ou seja, a simetria no plano das ideias.

Esse é o mesmo problema verificado em construções do tipo: “O time brasileiro vai enfrentar
a França nas eliminatórias”. Ora, um time não pode enfrentar um país. Então, entre outras
possibilidades: “O time brasileiro vai enfrentar a seleção da França” ou “O Brasil vai enfrentar a
França”.

Preservar o paralelismo semântico é tão importante quanto preservar o paralelismo sintático.


Mas, na pena de um bom escritor, a quebra de simetria semântica pode resultar curiosos efeitos de
estilo. Não foi outra coisa o que fez Machado de Assis no conhecido trecho de Memórias póstumas
de Brás Cubas, em que, irônica e amargamente, o narrador diz: “Marcela amou-me durante 15
meses e 11 contos de réis”. No mesmo livro: “antes cair das nuvens que de um terceiro andar”.

O uso deste artifício pode ser uma das marcas estilísticas do autor. [...]

No conto O enfermeiro, ao anunciar que vai relatar um episódio, o narrador adverte que
poderia contar a sua vida inteira, “mas para isso era preciso tempo, ânimo e papel”. O elemento
papel, disposto nesta sequência, surpreende o leitor e instaura o discurso irônico. Ter ou não ter
papel para escrever é algo prosaico. A falta de ânimo, um problema pessoal, está em outro patamar
semântico.

Essa interpenetração de planos é um dos articuladores do tom irônico do discurso


machadiano.

Thaís Nicoleti de Camargo.


Folha de S. Paulo, São Paulo, 03out. 2002.

Referências bibliográficas:

ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. São Paulo: Ática, 2002.

GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 13ª ed. Rio de Janeiro: FGV, 1986.

FIORIN, José Luiz ; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. São
Paulo: Ática, 1992.

PEREIRA, Helena Bonito; PELACHIN, Márcia Maísa. Português – Na trama do texto. São Paulo:
FTD, 2004.

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