Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Certas palavras e expressões apresentam entre si relações de semelhança que podem se dar
morfologicamente (quando as palavras são da mesma classe gramatical), sintaticamente (quando as
construções das orações ou das frases são semelhantes) ou semanticamente (quando há
correspondência no sentido). A essas relações de semelhança chamamos de paralelismo.
♦ Paralelismo sintático
• tanto... quanto
• primeiro...; segundo...
• não... e não/nem
“Não, não se trata de defender mais intervenção do Estado na economia ou que o Estado volte
a produzir aço...”. O trecho, recentemente publicado na Folha, fere o princípio do paralelismo
sintático, segundo o qual quaisquer elementos da frase coordenados entre si devem apresentar
estrutura gramatical similar.
Para que a frase tivesse simetria, os núcleos do objeto direto do verbo “defender” teriam de
ser de mesma natureza (ambos verbos ou ambos substantivos). Assim: “...não se trata de
defender mais intervenção do Estado na economia ou a volta da produção estatal de aço...”. Ou:
“...não se trata de defender que o Estado intervenha mais na economia ou que volte a produzir
aço...”.
Também seria possível empregar dois adjetivos: “Trata-se de um argumento forte , capaz de
encerrar o debate...”. Ou mesmo duas orações adjetivas: “Trata-se de um argumento que é forte
e que pode encerrar o debate...”.
Como recurso expressivo, algumas vezes encontra-se paralelismo sintático entre termos que,
semanticamente, não se esperaria que estivessem coordenados. Saiba mais através da leitura do
texto abaixo:
[...] Em: “Ele hesitava entre ir ao cinema ou ir ao teatro”, falta simetria no plano sintático. O
uso da preposição entre pressupõe a existência de dois elementos de mesmo valor sintático ligados
pela conjunção e. Como a conjunção ou indica alternativa, é possível ocorrer confusão num contexto
como esse.
É preciso lembrar, entretanto, que a preposição entre delimita um intervalo entre dois pontos
definidos. Daí o motivo de reger dois elementos ligados por e.
Mas, atenção. Embora claro do ponto de vista do paralelismo sintático, um enunciado como
“A diferença entre os alunos e as carteiras disponível na sala é muito grande” contém um problema
semântico. Alunos e carteiras não são elementos comparáveis entre si. A diferença a que se refere a
sentença é numérica. Então, o ideal é dizer: “A diferença entre o número de alunos e o de carteiras
disponível na sala é muito grande”. Agora, sim, a informação ganhou precisão. Faltava na frase o
que chamamos de paralelismo semântico, ou seja, a simetria no plano das ideias.
Esse é o mesmo problema verificado em construções do tipo: “O time brasileiro vai enfrentar
a França nas eliminatórias”. Ora, um time não pode enfrentar um país. Então, entre outras
possibilidades: “O time brasileiro vai enfrentar a seleção da França” ou “O Brasil vai enfrentar a
França”.
O uso deste artifício pode ser uma das marcas estilísticas do autor. [...]
No conto O enfermeiro, ao anunciar que vai relatar um episódio, o narrador adverte que
poderia contar a sua vida inteira, “mas para isso era preciso tempo, ânimo e papel”. O elemento
papel, disposto nesta sequência, surpreende o leitor e instaura o discurso irônico. Ter ou não ter
papel para escrever é algo prosaico. A falta de ânimo, um problema pessoal, está em outro patamar
semântico.
Referências bibliográficas:
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 13ª ed. Rio de Janeiro: FGV, 1986.
FIORIN, José Luiz ; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. São
Paulo: Ática, 1992.
PEREIRA, Helena Bonito; PELACHIN, Márcia Maísa. Português – Na trama do texto. São Paulo:
FTD, 2004.