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Introdução

Os primeiros habitantes da Região Norte, como no resto do Brasil, foram os


indígenas, que compartilhavam uma diversificada quantidade de tribos e aldeias, do
período pré-colombiano até a chegada dos europeus.Os espanhóis organizaram
expedições exploradoras pelo rio Amazonas para conhecer a região. Após longas
viagens escreveu-se em Veneza, uma carta ao cardeal Pedro Bembo, exaltando a fauna e
a flora existentes na região até certa época.
Em 1616 chegaram os portugueses. Eles construíram fortes militares para
defender a região contra a invasão de outros povos. Os portugueses também se
interessaram pelas riquezas da Floresta Amazônica.A região foi parte de caminhos do
Movimento das Bandeiras.Missionários vieram para a região à procura de índios para
catequizar. Eles reuniam os índios em aldeias chamadas missões. As missões deram
origem a várias cidades.
Brasileiros de outros estados, principalmente nordestinos, vieram para a Região
Norte a fim de trabalhar na extração da borracha.Muitas famílias japonesas vieram
trabalhar nas colônias agrícolas. Os japoneses iniciaram a plantação da pimenta-do-
reino e da juta.
Durante as décadas de 60, 70 e 80, os governos militares implantaram um grande
plano de integração dessa região com as demais regiões do Brasil, incluindo a
construção de várias rodovias (como a rodovia Transamazônica), instalação de
indústrias e a criação da zona franca de Manaus.
A região norte é o maior complexo regional do Brasil formada pelos estados do
Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima e Tocantins. Devido sua grande extensão
territorial, e localização possui fronteiras com seis países sul-americanos (Bolívia, Peru,
Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname, além do território da Guiana Francesa.).
Possui extensão territorial de 3.853322,2 quilômetros quadrados, correspondendo a,
aproximadamente, 45% da área total do Brasil, entretanto é o complexo regional menos
habitado. Conforme contagem populacional realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), a população nortista soma 15.865.678 habitantes,
sendo a densidade demográfica de 4,1 habitantes por quilometro quadrado, crescimento
demográfico é de 2,9% ao ano. Há uma heterogeneidade na composição de dos
habitantes sendo formada por indígenas e imigrantes: gaúchos, paranaenses, paulistas,
nordestinos, africanos, europeus e asiáticos
Possui um clima equatorial, e é banhada pelos grandes rios das bacias
Amazônica e do Tocantins. Seu relevo tem três patamares de altitude - igapós, várzeas e
baixos platôs ou terra firme - definidos pelo volume de água dos rios, em função das
chuvas. Os igapós são áreas permanentemente inundadas, com vegetação adaptada a
permanecer com suas raízes sempre debaixo d'água. As várzeas encontram-se em
terreno mais elevado e são inundadas apenas na época das cheias dos rios. A seringueira
é um bom exemplo do tipo de árvore existente nessa área. Os baixos platôs ou terra
firme estão localizados nas partes mais elevadas e fora do alcance das cheias dos rios.
Nessa área encontram-se as grandes árvores de madeira de lei e as castanheiras.
A economia da região Norte baseia-se no extrativismo vegetal de produtos como
látex, açaí, madeiras e castanha-do-pará; no extrativismo mineral de ouro, diamantes,
cassiterita e estanho; e na exploração de minérios em grande escala, principalmente o
ferro na serra dos Carajás, estado do Pará, e o manganês na serra do Navio, estado do
Amapá. O Governo Federal oferece incentivos fiscais para a instalação de indústrias no
estado do Amazonas, especialmente montadoras de produtos eletrônicos.
Com folclore próprio, as grandes atrações são o Festival Folclórico de Parintins,
o Círio de Nazaré, em Belém/PA, o Çairé, em Santarém/PA e as danças típicas,
Marujada, Carimbó e Cirandas, como Samba lelê e outros.
A alimentação possue forte inflência indígena misturada com comidas trazidas
por imigrantes de outras localidades. Os pratos conhecidos incluem: a maniçoba,
popularmente chamada de "feijoada paraense" realizado com folhas da mandiocas
processadas cozidas por 7 dias, e carne de porco, o pato no tucupi, vatapá paraense
feito a base de pão com camarões secos, caldo de camarão e dendê, diferenciando-se do
baiano pela ausência de amendoim, castanha-de-cajú, gengibre ou fubá. A maniçoba, o
pato no tucupí e o vatapá paraense, são pratos geralmente escolhidos para o almoço do
Círio de Nossa Senhora de Nazaré, o "Natal Paraense".
Os peixes mais consumidos são o piraíba, pescada amarela, bijú-pirá, tucunaré,
pirarucu, entre outros geralmente são acompanhados de arroz branco, farinha d'água e
pirão de peixe. O tacacã, que é um caldo quente, servido na cuia composto por tucupí,
camarões secos, jambú e goma. É possível também saborear jacarés, aves e animais
silvestres, com destaque para a carne de paca.
O açaí nessa região é servido com farinha de tapioca e açúcar ou acompanhado
de carne seca , peixe ou camarão seco e farinha d'água. Os doces assim como os
sorvetes são feitos com frutas regionais, como o cupuaçú, bacuri, açaí,buriti,murici,
entre outras

Entrevista

Identificação

Região: Norte
Estado: Acre
Herança/raiz alimentar: Nordestina e indígena
Nome: Nelcione de Oliveira
Natural ou residente: Natural da cidade Cruzeiro do Sul. Morou lá durante 18
anos, há 10 anos reside no Rio de Janeiro e a cada dois anos visita seus parentes
acrianos.
A entrevista aconteceu em duas etapas: a entrevistada recebeu as perguntas via
email e num segundo momento nós a encontramos para finalizar a entrevista. O
encontro ocorreu no Campo de Santana no dia 03.05.11.

Influência da região na alimentação

• Quais os principais alimentos consumidos?

De manhã, basicamente se come pão de milho (cuscuz com leite de coco), café
preto, às vezes com leite em pó ou pão e tapioca de coco. Ah! O pão é diferente dos
daqui, ele é comprido, tipo uma bisnaga.
No almoço é arroz branco, feijão “marrom”, lá nem tinha feijão preto, peixe
cozido ou frito e farinha de mandioca. Pode faltar tudo, menos farinha. A minha cidade
é a maior produtora de farinha de mandioca do Brasil, só que a maior parte é exportada.
Quando eu morava lá se consumia muito peixe, só que agora quase não existem
peixes de rios só mais de açudes. Peixes criados em cativeiro à base de ração
industrializada e, a partir daí, é visível a modificação do peixe, a carne fica diferente, a
cor e o sabor ficam diferentes em função dessa alimentação. Na hora do cozimento o
peixe exala cheiro de carne bovina. E devido à escassez dos rios e ao aumento da
produção do gado, atualmente se consome mais carne vermelha.

• E o consumo de verduras, legumes e frutas?

Verduras e legumes crus não faziam parte da alimentação, nem tanto por
questões financeiras, mas devido à dificuldade de acesso e também pelo sabor.
Consumimos cozidos porque há um bloqueio com relação ao sabor deles crus. O Estado
não produzia legumes e agora é que estão produzindo tomate em grande escala.
Verduras não chegavam, não havia produção. O acreano em particular não tem o hábito
de comer verduras e legumes crus. É uma questão meio que cultural também. Hoje
existe o consumo mais por uma questão de necessidade nutricional e não por prazer, o
que é muito visível.
Existem frutas típicas em abundância: buriti, graviola, cupuaçu, açaí que às
vezes chegam a estragar. Não existe a cultura de aproveitar. Por exemplo: transformar
uma banana muito madura num doce. Ah! Também se come melancia, banana e laranja,
basicamente.

• Como as frutas típicas são consumidas?

O buriti pode ser consumido de duas formas: comendo-se diretamente a fruta


“roendo o caroço” ou através do “vinho”. Lá a gente chama de vinho a poupa do buriti
após sua extração. Já o cupuaçu pode ser consumido na forma de cremes, sorvetes, mas
principalmente na forma de sucos e quando a fruta é consumida in natura, existe o
hábito de se adicionar um pouco de sal.
O açaí é consumido fresco. Ele é pré-aquecido e depois processado para se
retirar a poupa. Depois se adiciona um pouco de água e se torna o “vinho”, e depois se
coloca farinha de mandioca e açúcar para poder comer o açaí. Quanto à graviola, esta é
consumida na forma de suco ou sorvete.
Ah! E uma coisa interessante que esqueci de comentar. Há dois anos foi feita
uma pesquisa e se constatou que o acreano não reconhece as frutas como alimento, se
consome por lazer. Então, se não reconhece como alimento não faz questão de
consumir.
No jantar a gente comia Igual ao almoço.
• Que tipos de alimentos são comprados quando se vai ao mercado?

Quando se vai ao mercado, compra-se basicamente: feijão, arroz, macarrão,


farinha, carne, cheiro verde, maxixe, mandioca, laranja, melancia e banana. Os temperos
pimenta do reino, pimenta de cheiro, alho, óleo, sal e colorau.
Os peixes mais consumidos são o pirarucu que é vendido salgado e é vendido
em fatias, eles enrolam a carne do peixe basicamente como um rocambole e cada fatia
chega a pesar mais ou menos 1 kg. Se come muito também matrinchã, curimatã, pacu,
mandim e tambaqui.

• São usados que tipos de utensílios para preparar os alimentos?

Panelas de alumínio mesmo.

• E como são conservados?

Quando eu morava lá era basicamente salga e congelamento, mas hoje em dia,


com o Programa Luz para Todos até nos seringais, regiões mais distantes, as pessoas
têm acesso à energia elétrica, substituindo assim a carne e peixe salgados pelos
congelados. Até brinco com minha mãe, que ela tá melhor do que eu, porque a geladeira
dela é melhor que a minha. Rsrs

• Como é a forma de preparo dos alimentos?

O arroz é feito diferente, minha mãe colocava água numa panela e misturava o
arroz, sal, óleo e colorau de uma única vez. Levava ao fogo até cozinhar ou secar a
água. É o arroz leva colorau.
O feijão é cheio de coisa. É cozido com jerimum (abóbora), toucinho, couve,
cheiro verde, maxixe, quiabo e mandioca, colorau, pimenta do reino, pimenta de cheiro
e sal. E quando ela fazia carne era sempre cozida e o modo de preparo é semelhante ao
do feijão, tirando apenas o toucinho, e lá a gente chama isso de “cozidão”.
• Existem festas típicas em Cruzeiro do Sul?

Sim. A principal festa é a da Padroeira da cidade, Nossa Senhora da Glória. A


festa acontece entre os dia 06 e 15 de agosto e como são nove dias de festas, também é
conhecida como Novenário de Nossa Senhora da Glória. Durante o Novenário é
vendido galinha caipira, como prato principal, vatapá, galinha picante (feita com creme
de leite, pimentão, azeitona e milho verde), farofa e arroz. Tudo isso é servido num
único prato, um pouco de cada. Também tem rabada com arroz. Só que a rabada é feita
com tucupi, o mesmo usado pra fazer o tacacá. Tacacá é tipo um caldo, feito com tucupi
(que vem da fermentação da mandioca brava), camarão seco salgado e grude (feito com
a goma da mandioca).
Os salgados vendidos são basicamente quibe de arroz e quibe de mandioca,
pastel, milho verde cozido e charuto. Charuto é uma folha grande de couve recheada
com carne moída e arroz, regado com molho de tomate.
Lá também tem festa junina só que diferente daqui e do Nordeste, são vendidas
as mesmas comidas do novenário. A pamonha de lá é salgada e é vendida normalmente
nas feiras.

• Existe alguma indicação ou proibição de consumo de alimentos?

Sim. Não se pode comer manga com febre. Não se pode tomar banho depois de
comer. Quando a gente ficava gripada, minha mãe fazia limão com alho e mastruz com
leite. Pra dor de barriga, olho de goiabeira e crajirú como anti-inflamatório.

• Você teve dificuldades para se adaptar aos hábitos alimentares do Rio?


Mantém atualmente algum hábito alimentar do seu Estado?

Sim. Principalmente em relação ao sabor, textura e cor das comidas. Não como
feijão preto e ainda sou louca por farinha, mas não me adaptei a esta que é consumida
no sudeste. Ainda hoje só consumo farinha do meu Estado trazida por amigos ou
familiares. Continuo sem comer verduras e legumes crus. Não desce. Açaí então, nem
pensar. O açaí daqui nem tem cor muito mesmo sabor de açaí. Também não como a
pamonha daqui porque é doce. Não gosto.
Conclusão

Podemos perceber e através das falas da entrevistada que os determinantes dos hábitos
alimentares não se limitam a uma escolha individual e sim, estão atrelados a fatores
como renda, práticas econômicas (...“Pode faltar tudo, menos farinha. A minha cidade é
a maior produtora de farinha de mandioca do Brasil, só que a maior parte é
exportada.”..), localidade, pela cultura e até mesmo influenciado pelas informações
científicas (...“Hoje existe o consumo mais por uma questão de necessidade nutricional
e não por prazer, o que é muito visível”...)
Nesse último aspecto o trabalho nos trouxe o questionamento sobre a
participação do profissional nutricionista como construtor de hábitos saudáveis, até que
ponto nossa “bagagem científica” nos prepara para compreender as peculiaridades do
comer de regiões com culturas diferentes.
Ao longo da entrevista percebemos a forma como os alimentos são vistos de
maneira incomum quando comparados aos nossos costumes. A idéia de alimentos que
devem ser doces e aqui são consumidos salgados, seus acompanhamentos, comidas
típicas em festas e aquelas proibidas, assim como, o que é ou não um alimento de fato.
Portanto em nossa atuação profissional devemos considerar o hábito alimentar
como um todo, para que nossos métodos de intervenção objetivem se adequar ao
indivíduo e não seu oposto, sendo este objetivo alcançado quando incorporamos em
nosso discurso os aspectos biológicos e simbólicos da alimentação.

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