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França - 1858.
Onde Aconteceu: Em Lurdes na França.
Quando: Em 1858.
História da Aparição.
1ª Aparição - 11 de fevereiro de 1858.
Quinta Feira, um dia como outros. Era inverno; às 11 horas da manhã quando Bernadete
observou que tinha acabado a lenha. Seu pai estava ainda deitado. Não tinha trabalho.
Economizava as forças para outro dia. 0 tempo não era convidativo para sair de casa.
Chuviscava e havia nevoeiro. Logo apanhou sua capa, chamou sua irmã Antonieta Peyret
(companheira de Bernardette) e convidou Joana Abadie, uma moça robusta e forte, para
acompanhá-las.
A mãe proibiu: "Bernadete, não".
Ela pensava no frio que fazia e que poderia trazer conseqüências à asma de sua filha.
Mas ela insistiu carinhosamente, dizendo-lhe que teria cuidado para não se molhar e que iria
com o capuz branco e o chale. A mãe concordou.
Saem as três meninas no afã de cumprirem a tarefa, passam pela pradaria do
Paraíso, a ponte do canal que movimenta o moinho Savy, entram na pradaria do senhor La
Fitte e chegam na ponta de areia do rio Gave. À esquerda levanta-se uma rocha íngreme com
uma gruta na base. É a chamada gruta Massabieille . Embora é chamada de gruta, na verdade
ela é constituída de uma acentuada concavidade na rocha. A água do canal que movimenta os
moinhos, banha-lhe o lado esquerdo e segue em direção ao Gave.
Joana passa para o outro lado do canal com o pequeno feixe de lenha na cabeça.
Antonieta faz o mesmo, levando a lenha na mão. Como já do outro lado as duas se
manifestaram dizendo que a água do canal estava muito gelada, Bernadette permaneceu ali,
sem saber o que fazer, com receios de pisar na água fria, por causa da asma, lembrando-se
das recomendações de sua mãe.
Enquanto as duas corriam pela praia do Gave a procura de lenha, ela depois de
procurar sem êxito, um lugar melhor para atravessar, sentou-se na margem do canal, em
frente à gruta, tirou uma das meias e preparava-se para tirar a meia do outro pé, quando de
repente, ouviu um barulho, "como se fosse um sopro de vento". Não vê nada.
Olhou para trás e observou que as folhas das árvores não se moviam.
Apareceu uma "luz suave" que iluminou profusamente todo aquele lugar sombrio e no meio
dela, surge uma SENHORA maravilhosa, aparentando a idade de 16 a 18 anos, estava de pé,
vestida de branco; o véu que cobria a cabeça descia até os pés; em redor da cintura tinha uma
estreita faixa azul; no braço direito levava um terço; mantinha as mãos juntas e, nos pés, via-
se duas rosas douradas.
Abre os braços num gesto de acolhimento, como quem convida à aproximar-se. Ela
fica espantada. É como se tivesse medo, "não para fugir explica melhor, mas pela emoção do
inusitado e adorável encontro". Esfregou os olhos diversas vezes, para inteirar-se que não era
um sonho e que realmente estava diante de uma visão encantadora, que lhe sorria
afetuosamente.
Com muito jeito conseguiram autorização para se ausentarem somente por um tempo
de 15 minutos. E como tinham receios de ser alguma aparição maldosa, decidiram levar um
frasco com água benta. Dividíram-se em dois grupos e foram para a gruta.
Ela chegando primeiro com o seu grupo, ajoelhou-se e começou a rezar o terço,
enquanto as suas companheiras ficaram de pé ao seu lado.
Na segunda dezena sua face mudou. Seus olhos brilharam fortemente e ela falou para
as colegas:
- "Hei-la! 0 terço está no braço... ELA olha para nos".
As companheiras não viram nada. Rapidamente Bernadette apanha o frasco com água
benta que estava nas mãos de Maria Hillo e asperge com vigor na direção do vulto, ao mesmo
tempo em que o esconjurava:
- "Se vem da parte de Deus, fique, se não, pode ir embora"
Afirmou posteriormente:
Suas companheiras acabaram por ficar preocupadas e por isso chamaram Nicolau, o
moleiro do moinho de Savy, para retirá-la dali. Mas não foi fácil, porque parecia que ela tinha
uma barra de ferro amarrada ao corpo, porque o seu peso aumentou consideravelmente; com
muito esforço transportou-a nos braços pelo caminho, enquanto ela mantinha um sorriso nos
lábios e os olhos fixos num ponto do Céu.
7ª Aparição - 23 de fevereiro.
A Vidente, caminhando de joelhos e beijando o chão, vai do lugar onde se encontrava
até à gruta. Nossa Senhora comunica-lhe um segredo que a ninguém podia revelar.
8ª Aparição - 24 de fevereiro.
Na quarta-feira, dia 24, a quantidade de pessoas era maior e já ofereceu uma certa
dificuldade para ela chegar ao seu local na entrada da gruta. Haviam cerca de 300 pessoas
ávidas de presenciarem algum fato novo. Algumas eram curiosas, mas a maior parte estava
postada respeitosamente, em contrita oração, na certeza de que estavam na presença da Mãe
de Deus.
Terminada a reza do terço, Bernadete avançou dois passos, arrastando-se de joelhos
e prostrando-se com a face na terra beija-a atendendo ao pedido da Aparição, num gesto de
penitência. 0 povo não entendeu. Mas depois ela explicou que a Aparição tinha falado uma
palavra nova.
9ª Aparição - 25 de fevereiro
A seguir arrasta-se de joelhos até o rio Gave. Lá, qualquer coisa a detém e ela volta,
agora de pé, para o interior da gruta. Abaixa-se e arranha o chão com as mãos e depois cava,
como se quisesse fazer um buraco. 0 orifício encheu-se de lama que ela recolhe e passa no
rosto, tentou três vezes pegar água, na quarta vez conseguiu.
A Senhora também disse-me:
- "A DAMA mandou eu beber água na fonte e lavar-me nela. Não vendo água, fui ao
Gave. Mas ELA fez-me sinal com o dedo para ir debaixo da rocha. Depois de cavar, encontrei
um pouco de água como se fosse lama, tão pouca que apenas pude tomar alguma na cova da
mão. Três vezes a joguei fora, de tal modo estava suja. Na quarta vez pude. Depois recolhi e
comi um pouco de ervas. ELA pediu-me que fizesse isto pelos pecadores".
A tarde, algumas pessoas voltaram à gruta e entre elas Elèonore Pérard. Observaram
o buraco que Bernadete cavou, estava uma poça de água lamacenta. No meio dela Eléonore
espetou um pau. Apercebeu o ruído da água que corria. Algumas pessoas tentam bebê-la: a
água jorra com mais força e vai ficando mais clara, à medida que cavam para recolhê-la.
Começam então a compreender a mensagem:
"uma fonte de água que lavará a alma suja dos pecadores, dos que se arrependem de
seus desacertos, daqueles que têm fé em Deus, produzindo o milagre da conversão e da cura
dos males".
A notícia espalhou-se. Todos querem beber da água da fonte que brotou no terreno
árido do fundo da gruta. Outros a recolhem e levam para seus parentes necessitados. Muitos
comentários surgiram e as noticias de curas ouve-se por todas as partes.
Neste mesmo dia é interrogada pelo Procurador Imperial, senhor Dutour, que a
exemplo de Jacomet, tentou por todos os meios dissuadi-la a não voltar à gruta, dizendo que
aquilo era ilusão . Tudo em vão, permaneceu tranqüila ao lado de sua mãe e até achou
momentos para rir, quando o senhor Dutour mostrando-se nervoso, com a caneta na mão não
achava o buraco do tinteiro.
Em face do interrogatório, Bernadette responsavelmente antes de tomar qualquer
iniciativa foi ouvir a opinião de seus parentes sobre a proibição imposta pelo senhor Dutour de
voltar à Massabieille. Sua tia Bernarda falou:
- "Eu no seu lugar ia"!
Sem dizer uma palavra, apanhou seu capuz e seguiu para a gruta. Lá encontravam-se
mais de 600 pessoas. Foi rezado o terço e feito alguns exercícios de penitência, mas "Aquerò"
como ela chamava a Aparição, não veio.
Foi também neste mesmo dia, quando ocorreu a 12ªAparição em que aconteceu o
primeiro dos sete milagres escolhidos pelo Bispo e considerado realmente como "Obra de
Deus".
"Catarina Latapié, proveniente de uma queda de um carvalho, na qual subira para
tirar bolotas para os porcos, teve o braço deslocado e dois dedos da mão direita dobrados e
paralisados. 0 fato aconteceu em outubro de 1856 e o médico só conseguiu consertar o seu
braço, mas os dedos não tiveram jeito. E isto a impedia de fazer o seu trabalho, não a deixava
tricotar e nem fiar, estava sendo a sua ruína.
Apesar de encontrar-se grávida de 9 meses, saiu a pé de sua casa na noite do dia 28
de fevereiro, para Lourdes, distante 7 quilômetros, levando os seus dois filhos mais novos.
Assiste a Aparição do dia 1º de março e faz fervorosas preces a Deus por
intercessão de Nossa Senhora, pedindo a sua cura. Terminada a aparição, sobe até o fundo da
gruta e mergulha a mão na fonte que tinha formado, cujas águas deslizavam mansamente
formando um pequeno regato que corria para o Gave.
Um estremecimento acompanhado de uma grande suavidade invadiu todo o seu ser.
Ela sentiu de repente, voltar a flexibilidade aos seus dedos. Vibrou de alegria e chorou de
satisfação. Emocionada iniciou os seus agradecimentos pela graça alcançada, quando
súbitamente sente uma violenta dor nas entranhas, como prenúncio do próximo nascimento de
mais um filho. Num gesto ligeiro e contrito, ajoelha-se e com as mãos postas suplica:
- "Virgem Santa, Vós que acabais de me curar, deixai-me chegar em casa"!
Levantou-se, pegou nas mãos de seus filhos e seguiu para sua casa em Loubajac.
Assim que chegou, mal teve tempo de chamar a parteira, deu à luz um sadio garoto que
recebeu o nome de João Batista e que mais tarde tornou-se sacerdote".
14ª aparição - 3 de março. A Senhora não aparece à hora habitual, mas sim ao
entradecer e deu explicação.
“Não me viste esta manhã porque havia pessoas que desejavam examinar o
que fazias enquanto eu estava presente. Mas elas eram indignas. Tinham passado a
noite na gruta, profanando-a.”
15ª Aparição - 4 de março. No segundo mistério do primeiro terço, Bernadette
começa a ver Nossa Senhora. Acabou esse terço e rezou outros dois, refletindo ora alegria, ora
tristeza.
Durante esta quinzena, Nossa Senhora comunicou à menina três segredos e uma oração
com esta ordem:
Era aguardado com grande expectativa porque era o último da quinzena de aparições.
A polícia pediu reforço policial de d'Argelès e de Saint Pé, cidades vizinhas de Lourdes, para
ajudar na manutenção da ordem, no sentido de evitar qualquer excesso. A estimativa era para
mais de 8.000 pessoas ao redor da gruta. Para que Bernadette, pudesse chegar ao local,
fizeram uma passarela de madeira, que lhe facilitou o acesso. Ela veio acompanhada de sua
prima Joana Véderè, que tinha 30 anos de idade e ficaram juntas perante a Aparição.
Ajoelharam e começaram a rezar o terço. Quando iniciavam a terceira Ave Maria da
segunda dezena, entrou em êxtase.
A multidão com o olhar acompanhava tudo e apreciava a beleza do Sinal da Cruz que
ela fazia.
0 comissário Jacomet tirou o seu caderninho de Notas e escreveu "34" sorrisos e "24"
saudações em direção a gruta.
Terminada a Aparição, apagou a vela e, indiferente a presença de toda aquela gente,
tomou o caminho de sua casa.
Muitos ficaram desapontados e perplexos, porque esperavam algum milagre ou
alguma revelação. Não aconteceu nada, visualmente. No ar ficaram muitas perguntas e uma
grande expectativa: será que terminaram as Aparições?
Maria Bernarda foi encontrar-se, com o Senhor Abade e dar-lhe notícias do
"encontro".
- "Que te disse a Senhora"?
- "Perguntei-lhe o nome... Ela sorriu. Pedi-lhe para fazer florir a roseira, ela sorriu
outra vez. Mas ainda quer a Capela".
- "Tu tem dinheiro para fazer essa Capela"?
- "Não, Senhor Abade".
- "Eu também não . Diz à Senhora que lhe dê".
Peyramale estava desconsolado por não ter obtido nenhuma informação segura, sobre
a Aparição. Ela também, mas sem poder fazer nada, voltou triste para casa.
Bernadette retornou a si e para não se esquecer das palavras, repetiu-as várias vezes
em seguida, tropeçando nas letras que mal sabia pronunciar. Fugiu das perguntas de todos e
correu para a casa do Senhor Abade Peyramale. Lá chegando, antes mesmo de cumprimentá-
lo gritou:
- ' Que soy era Immaculada Councepciou' (no seu dialeto patois de Lourdes) 'Eu sou a
Imaculada Conceição'.
0 Abade ficou perplexo. Não sabia se sorria ou ocultava o seu júbilo, procurando num
último esforço, certificar-se do óbvio:
- 'Pequena orgulhosa, tu és a Imaculada Conceição'!
- 'Não, não, não eu'.
Peyramale sente que está diante de uma grande revelação: 'A Virgem é concebida sem
pecado'.
0 Abade no íntimo deve ter respondido que não só uma Capela, mas uma monumental
Basílica. A partir daquele momento a DAMA estava dispensada de fazer qualquer milagre, de
fazer florir a roseira selvagem da gruta. Era ELA, a Mãe de Deus, a Nossa Querida Mãe que
veio visitar-nos com o objetivo de revelar-nos um grande mistério divino e pedir penitência
ao mundo, para que todos rezassem pela conversão dos pecadores e tivessem uma
conduta responsável e digna. Peyramale estava emocionado. Tentava esconder sua alegria e
por isso, para salvar as aparências, falou com ela:
17ª Aparição - 7 de abril. Nossa Senhora nada disse, mas verificou-se nesta
aparição o chamado milagre da vela. A vela benta, que Bernadette segurava, escorregou-lhe
pela mão atingindo-lhe os dedos.
- Meu Deus, ela queima-se! - gritam várias pessoas.
- Deixem-na estar! ordena o Dr. Dozous.
Bernadette não se queimou.
Nas primeiras AVE MARIA da primeira dezena, entrou em êxtase. 0 Doutor Dozous, que
vinha estudando o seu caso, surge no meio da multidão pedindo passagem, pois queria estar
ao lado dela, para presenciar suas reações fisionômicas. E abrindo passagem entre o povo que
contritamente rezava dizia:
- 'Não venho como inimigo, mas em nome da ciência. Corri e não posso me expor às
correntes de ar. Só eu posso verificar o fato religioso que aqui se dá, deixem-me prosseguir
este estudo'.
Neste dia, ela utilizava uma grande vela que se apoiava no chão. Foi fornecida por uma
pessoa que tinha alcançado uma graça. Com sua mão tentava proteger a chama da vela, da
corrente de ar. Mas no transe em que se encontrava, não posicionou corretamente a mão
esquerda em forma de concha sobre o pavio aceso, de modo que a chama da vela passava por
entre os seus dedos.
Ele não acreditava naquilo que seus olhos viam, os sorrisos de Bernadete, os Sinais da
Cruz, feitos com tanta graça , sua fisionomia séria em vários momentos compartilhando duma
tristeza da Visão e a chama da vela que passava por entre seus dedos, sem queimá-los, sem
provocar dores.
No 'Café Francês' que era o ponto de convergência para os 'bate-papos' também para os
'mexericos', Dozous proclamou com segurança e fartos argumentos, a existência do
extraordinário em Lourdes. Em dado momento, ele assim expressou-se:
- 'É um fato sobrenatural para mim, ver Bernadete ajoelhada diante da gruta, em êxtase,
segurando uma vela acesa e cobrindo a chama com a mão esquerda, sem que pareça sentir a
mínima impressão do contato com o fogo. Examinei-a. Não encontrei nem o mais ligeiro sinal
de queimadura' .
Mas continuava a existir também os descrentes, aqueles que não aceitavam os fatos e
caçoavam dos freqüentadores da gruta. Eles atuaram sobre os administradores pedindo
providências contra 'aquilo' que chamavam de 'palhaçada'. 0 Prefeito resolveu proibir o acesso
a gruta. Mandou retirar todos os objetos religiosos que tinham sido colocados lá.
As autoridades vendo que não conseguiam nem acabar e nem diminuir a freqüência das
visitas à gruta, decidem fechá-la. No dia 15 de junho o Prefeito mandou fazer uma barreira
constituída por uma paliçada de madeira, que isolava a área da gruta.
O povo, no dia 17, destruiu a paliçada. As barreiras são reconstruídas no dia 18 e são
demolidas pelo povo na noite do dia 27. Tornam a serem reconstruídas no dia 28 de junho,
para novamente serem demolidas na noite do dia 4 de julho.
No dia 8 de Julho a Igreja intervêm oficialmente, pela primeira vez, pedindo tranqüilidade
ao povo e respeito às autoridades.
Junto à cerca de tábuas que isolava a gruta, encontrava -se um grupo de pessoas,
que de joelhos e silenciosamente rezavam. Ela ajoelhou e acendeu sua vela. Duas congregadas
marianas que a reconheceram, juntaram-se a ela e à sua tia, em silêncio. Apenas começara o
terço, as suas mãos afastaram-se comovidas, numa saudação de alegria e surpresa. Nossa
Senhora estava lá. A sua face iluminou-se e suas feições adquiriram uma indescritível
formosura.
“Não via o rio, nem as tábuas - explicará ela mais tarde. Parecia-me que entre mim e
a Senhora, não havia mais distância que das outras vezes. Só via a ELA. Nunca a vi tão bela”
Aconteceu como se fosse uma visita de despedida, Nossa Senhora sempre bondosa,
cheia de carinho e atenção, desceu à terra mais esta vez, para o derradeiro adeus à sua
amiga.
Reduzida à sua expressão mais simples, poderíamos sintetizar desta forma a mensagem
de Lourdes: A Virgem sem pecado, que vem socorrer os pecadores.
E para isso propõe três meios: “A Fonte De Águas Vivas, Oração, A Penitência !!!”
Na época, o bispo local, que inicialmente duvidara da versão da inculta menina, que
afirmava as aparições, pôs ela à prova e pediu para que, na próxima aparição, perguntasse à
ela qual o seu nome. Bernardette, cumprindo o pedido do bispo, esclareceu à Virgem a
indagação do bispo, no que Nossa Senhora respondeu:
Mas foi também um período difícil de sua vida, porque era solicitada e importunada em
todos os momentos, por curiosos, por pessoas que queriam o seu autógrafo, queriam vê-Ia,
assim como tocar-lhe e fazer-lhe perguntas.
Foi assediada também por diversas Ordens Religiosas que a queriam, cada uma
desejava que ela entrasse em sua Comunidade. Mas inicialmente, preferiu continuar ao lado
dos pais e irmãos. Com o passar do tempo e o sempre crescente número de visitantes, fizeram
com que sentisse a necessidade de isolar-se, para poder trabalhar, para ser útil de alguma
forma e não ficasse apenas como um objeto de admiração pública. Por esse motivo começou a
pensar em ingressar num Convento. Mas havia outros problemas que interferia e dificultava a
sua decisão: a asma crônica, sua pobreza que não lhe permitia ter um dote e a falta de
instrução.
E foi com muito sofrimento, com um imenso amor pelo próximo, um perseverante
espírito de disciplina e obediência inigualáveis, que conseguiu superar todos os momentos
difíceis.
No dia 30 de Outubro de 1867 fez a sua "Profissão de Fé". Sua voz era firme e sem
afetação. Compromete-se por toda a vida a praticar a pobreza, a castidade, obediência e
caridade.
Foi escolhido para ela o emprego da Oração e auxiliar na Enfermaria da Casa Mãe.
Com a morte da Enfermeira Chefe Irmã Marta a 8 de Dezembro de 1872, por iniciativa
própria, assumiu a responsabilidade da Enfermaria, sem nomeação das Superioras, tomando
sobre si todas as tarefas e atribuições da função. É assim que organizou a Enfermaria, colocou
rótulos nos produtos relacionou as diversas poções, escrevendo as fórmulas, tudo com
capricho e interesse. E também, com invulgar dispensava atenção e carinho a todas que
necessitavam de seus serviços.
No dia 4 de março de 1871 recebeu um telegrama que trazia a notícia da morte de seu
pai. Chorou muito, com imensa saudade dele. Dias depois escreveu à Maria sua irmã:
A 3 de junho de 1873 tem uma recaída muito séria. Ninguém duvida de que vai morrer.
Recebe a Extrema Unção pela terceira vez. No entanto, dias depois, melhorou e voltou a rir e a
ter disposição para o seu trabalho na Enfermaria.
Padre Febvre, seu último confessor e que constantemente estava em sua companhia,
enumera as suas enfermidades:
No dia 28 de março de 1879, pela quarta vez recebeu a Extrema Unção. Protestou:
"Minha querida Madre, peço-lhe perdão por todos os sofrimentos que lhe causei, com
minhas infidelidades na vida religiosa e peço também perdão às minhas companheiras dos
maus exemplos que lhes dei... sobretudo com o meu orgulho"!
"Se pudesse encontrar na sua farmácia qualquer coisa para aliviar os meus rins, estou
toda esfolada".
"Procure então nas suas drogas... qualquer coisa para me fortificar. Não tenho forças
nem para respirar. Mande-me vinagre bem forte para cheirar".
Depois mandou tirar todas as imagens e estampas de Santos que ornavam o seu
quarto.
Por fim, às 15 horas do dia 16 de abril de 1879, ainda jovem com 35 anos de idade,
morreu Bernadette depois de um intenso e penoso sofrimento que lhe impuseram seus
diversos males.
"Fez um grande sinal da Cruz, pegou no copo contendo a bebida fortificante que lhe
apresentaram, toma por duas vezes algumas gotas e inclinando a cabeça, entrega docemente
a sua alma."
Tão pura e com tanto amor a Deus e à Virgem Maria, que tinha receios, mesmo
involuntariamente, de os ofender. Isto transformou para ela num grande drama moral, que a
atordoou bastante, nos últimos dias de vida.
Viveu como manda o Evangelho e ofereceu exemplos de vida para todas ocasiões e
para o mundo viver o conteúdo da mensagem divina, que ela recebeu na gruta de
Massabieille:"Pobreza, Oração e Penitência" . 0 seu encanto transparece mais visível e
brilhante, nos milagres que ocorreram por sua intercessão e que fizerem com que ela fosse
proclamada Santa, antes mesmo de ser canonizada.
E ela foi.
No dia seguinte, a Superiora estava de pé, sem a torcedura, para espanto do médico,
que contudo, já devia ter visto coisas idênticas e outras até mais extraordinárias, em
Massabieille.
2. Em outra oportunidade, em Nevers, uma mãe cujo filho morria, vai até o Convento e
leva a coberta do berço da criança, com pretexto de que o bordado não estava terminado.
Conversa com a Madre Superiora e lhe suplica que dê a Irmã Maria Bernarda para acabá-lo. A
Madre concordou e levou a coberta onde ela se encontrava com as outras irmãs, e disse:
"Está aqui uma coberta cujo bordado está errado; a dama que o trouxe pergunta se
alguma de vocês poderia consertá-lo"?
"Isto é fácil" - responde Bernadette, sempre viva e pronta a gracejar. "Essas belas
damas da sociedade enganam-se no seu trabalho e somos nós que o temos de arranjar. Enfim,
apesar de tudo, dê-o cá; vou tentar consertar isso".
Aconteceu em outra oportunidade, que uma mãe com sua filha portando uma
enfermidade incurável que a impedia de andar, decidiu levá-la ao Convento, porque a medicina
nada mais podia fazer por ela. Entendeu-se com a Superiora, que logo depois chamou
Bernadette:
"Irmã Maria Bernarda, quer tomar nos braços esta criança, enquanto eu falo com esta
senhora? Sobretudo, não a ponha no chão".
Ela afastou-se com a criança para debaixo dos castanheiros; quando a Superiora veio
procurá-la, encontrou-a chorando, com receios de ser censurada. A criança debatera-se de tal
modo nos seus braços, que se viu obrigada apesar da proibição, colocá-la no chão, por onde
andava e corria com toda alegria, em volta dela.
Assim, Nosso Senhor aliviava os sofrimentos das pessoas que tinham fé pela
intercessão de Nossa Senhora, concedendo as graças ao suplicante através das mãos
inocentes de Bernadete.
0 maravilhoso manifestava-se sempre de tal modo, que para ela, de um modo geral,
permanecia ignorado.
Depois de sua morte, os milagres multiplicaram-se em torno de seu túmulo, com uma
freqüência notável.
Os muros de sua capela funerária, estão hoje repletos de "ex-votos", emblemas vivos
de sua eficaz mediação junto à Mãe de Deus. Ela também fazia maravilhas ao longe, mesmo
sem intervenção de relíquias e de imagens, tendo sem cessar, feito prevalecer a força e o
poder do espírito.
Trinta anos após sua morte, em 22 de setembro de 1909, foi aberto o caixão para
reconhecer os despojos mortais. Seu corpo estava intacto, a tez estava branca.
A 13 de abril de 1925, exumaram-na pela última vez, Bernadette, ainda intacta, parecia
que estava adormecida. Cobriram sua face e suas mãos com cera e a colocaram sobre cetim,
seda e rendas, na Capela, onde hoje encontra-se à veneração de todos, no Convento de Saint
Gildard, em Nevers, na região do Loire, na França.