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Resumo: Uma observação estatística rápida e poderemos verificar que pessoas que pendem
para a direita política tendem a ser mais religiosas do que as que pendem para a esquerda.
Este ensaio pretende fornecer uma possível relação causal desta aparente correlação.
A religião é um dos fenômenos culturais mais antigos que existem. Acredita-se que a
religiosidade pode ter influenciado a seleção natural, via pressão seletiva [8], de modo
que genes e religião co-evoluíssem na historia humana. Por esta razão fala-se também
em “genes da religiosidade” [1] [2] [3] [4]:
“Até 25 anos atrás, os cientistas diziam que o comportamento religioso era produto da
socialização ou da criação da pessoa. Mas estudos recentes, incluindo este, realizado
com gêmeos adultos que foram criados separadamente, sugerem que os genes
contribuem em cerca de 40% na religiosidade de uma pessoa.” [3]
1-Cultos e Cerimoniais
Cultos religiosos tendem a unir as pessoas. Pessoas que, por exemplo, não gostavam de
tais cultos e, portanto, não participavam deles poderiam ser consideradas anti-sociais,
serem menos conhecidas, e terem sua capacidade de conhecer e conquistar parceiros
sexuais, diminuída em relação às pessoas mais participativas de tais cultos.
Observamos assim um forte fator de pressão seletiva para que indivíduos gostassem e
participassem de cultos e cerimônias religiosas: Uma maneira de encontrar parceiros
para a reprodução.
O homem sempre foi muito beligerante, conflitos e guerras tribais existem desde mesmo
antes do homem moderno existir. As tribos vencidas e dominadas costumavam virar
escravas ou mesmo serem canibalizadas:
“...Algumas tribos eram canibais como, por exemplo, os tupinambás que habitavam o
litoral da região sudeste do Brasil. A antropofagia era praticada, pois acreditavam que
ao comerem carne humana do inimigo estariam incorporando a sabedoria, valentia e
conhecimentos...” [5]
Desta forma, existiu -e existe- uma pressão seletiva para que a união das tribos (ou
povos) em época de conflito ou guerra gere uma maior probabilidade de vitória e,
portanto também de sobrevivência. Neste caso, a religiosidade pode ser um fator muito
importante para a união destes povos em momentos em que a dispersão ou desunião
poderiam significar a morte. E o potencial da união só surte efeito se houver uma
ordem, e esta ordem precisa ser dada por um líder, por uma hierarquia.
4- Hierarquias
Mesmo em tempos de paz, uma sociedade organizada e ordeira pode ser mais próspera
que uma desorganizada e sem liderança. De forma que existe e existiu uma pressão
seletiva para que o povo seguisse uma liderança, para que houvesse respeito a uma
hierarquia estabelecida.
Inclinação Política
Em todos os traços psicológicos ligados aos genes, existe uma variabilidade no grau em
que um traço se manifesta. Dessa forma, uma alta propensão de seguir uma liderança,
de gostar de uma hierarquia social e respeitá-la, poderia estar ligada a esta variabilidade
genética. Podemos concluir que quanto maior a propensão em seguir uma liderança e
respeitar uma hierarquia, maior a probabilidade em seguir uma religião, que possui em
Deus seu líder máximo.
A Direita política é caracterizada por uma rígida liderança, pois os donos de empresas e
dos grandes oligopólios, (que, em geral, forma os líderes dos partidos de direita), por
exemplo, são os senhores absolutos de suas organizações com poderes totais para
contratar e demitir, sem necessidade de uma razão social, lógica ou mesmo racional. Da
mesma forma querem que o “mercado” seja “livre” isto é, que impere a “lei do mais
forte”, rejeitando qualquer controle estatal que visaria o bem social e não o lucro das
grandes empresas ou a vontade das forças que o controlam. Quem possui uma tendência
maior à religiosidade teria também uma tendência a acreditar e a aceitar pessoas
poderosas para liderar, não apenas as suas empresas e negócios, mas para dirigir o povo
de sua região ou nação. Pois, talvez acreditem que sejam lideres natos, talhados para
governar, pessoas tão necessárias a uma ordem social.
Por outro lado, a Esquerda política é caracterizada pelo controle estatal, onde a ordem
deve ser dada por leis, e não necessariamente por pessoas. E que o controle social deve
estar ligado à própria sociedade e não ao particular caráter da liderança do momento.
Desta forma os esquerdistas estão menos ligados a uma hierarquia pessoal, crêem
menos em uma liderança pessoal e, pelas mesmas razões genéticas, estariam menos
propensos a aceitar uma liderança religiosa tendo Deus como seu líder absoluto.
Referências