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51-62, 2002 51
RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi determinar as alterações de pH, perda de peso e massa específica
da carne suína submetida a seis temperaturas de congelamento, –30, –60, –90, –120, –150 e –180oC e
armazenados em frigorífico a –30 oC por um período de 180 dias. A carne suína utilizada foi o pernil
desossado obtido de animais com 6 meses de vida, sendo estes abatidos por insensibilização mecânica
e sangria do tipo horizontal. Dos pernis desossados foi retirado todo o tecido adiposo e em seguida
acondicionada à temperatura de 3ºC por 24 horas. Após este período foi realizado o seu congelamento
dos pernis as temperaturas acima mencionadas e em seguida armazenados a –30°C. Diante dos
resultados obtidos pode-se concluir que: a) o pH da carne suína (pernil) tem uma tendência de queda
até os 90 dias de armazenamento e a partir deste período apresenta uma tendência de estabilização até
os 180 dias, independentemente das temperaturas de congelamento; b) o pernil suíno perdeu peso e
sua massa especifica aumentou durante o período de 180 dias de armazenamento, sendo esta perda de
peso e este aumento de massa específica, tanto maior quanto menor for a temperatura de
congelamento.
ABSTRACT
The objective of the present work was to determine the pH alterations, weight loss and specific mass
of the pork meat which was submitted to six freezing temperatures, -30, -60, -90, -120, -150 and –180
°C and stored in butcher shop to -30 °C for a period of 180 days. The used pig meat was the obtained
pork meat without bone from animal’s six-month – old animals: mechanical desensitization and
sangria of the horizontal type killed them. It was removed al the ham without bone fatty tissue and
conditioned to the temperature of 3ºC by 24 hours. The freezing of the hams was accomplished at the
temperatures above mentioned after this period and stored at -30°C. It can be concluded, according to
the obtained results, that a) the pH of the pork meat (ham) has a decrease tendency until to the 90 days
of storage and, starting from this period, it presents a tendency of stabilization until 180 days,
independently of the freezing temperatures; b) the pork meat lost weight and its specific mass it
increased during the period of 180 days of storage. This loss and this increase and it were inversely
proportional to the freezing temperature.
______________________________________
1
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola, UFPB
2
Professora Dra. do Departamento de Engenharia Agrícola, UFPB, Av. Aprígio Veloso 882 CEP 58.109-970, Campina Grande,
Paraíba, E-mail: elita@deag.ufpb.br
3
Professor Dr. do Departamento de Engenharia Agrícola, UFPB, Av. Aprígio Veloso 882 CEP 58.109-970, Campina Grande,
Paraíba, E-mail: mmata@deag.ufpb.br.
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Neel et al. (1987), analisaram os efeitos da Svoboda (1998) e Dransfield & Lockyer (1985), a
suspensão da carcaça, durante o rigor mortis, sobre indústria já usa os conhecimentos da relação entre
a maciez e conseqüente perda de peso do lombo a dureza da carne e o encurtamento pelo frio, para
suíno, isolaram as miofibrilas e concluíram que diminuir ao máximo o endurecimento dela, durante
não houve efeito sobre o comprimento das fibras. o armazenamento, isto em se tratando de bovinos e
Este fato também foi relatado por Jeremiah (1984), ovinos, no entanto, para carcaça suína existe pouca
no entanto, Hostetler et al (1975), encontrou fatos infor-mação.
discordantes, tendo concluído que o músculo
Algumas tecnologias são aplicadas para
mantido estirado influencia no tamanho das fibras.
prevenir o encurtamento pelo frio e conseqüente
Davis et al. (1980), verificaram que com o alteração na maciez da carne: desossa a quente e a
aumento da maturação, as miofibrilas se tornaram estimulação elétrica (Kauffmam, 1993).
mais curtas, mais fragmentadas e mais frágeis. A
O processo de descongelamento, também,
fragmentação das miofibrilas identifica a
influencia a maciez da carne. Perry citado por
integridade da fibra muscular, estando essa
Locker (1985) foi o primeiro pesquisador a estudar
fragmentação ligada diretamente aos valores de
o encolhimento que ocorre durante o
perda de peso, massa específica, maciez e força de
descongelamento do músculo congelado, antes do
cisalhamento
estabelecimento do rigor mortis, e Sahrpy e Marsh
A fibra muscular apresenta uma unidade (1953), observaram que uma perda de até 47% do
funcional denominada de sarcômero, o peso total pode ocorrer na forma de exsudado,
comprimento do sarcômero é um referencial para a durante uma contração pelo descongelamento.
avaliação da capacidade de retenção de água e
maciez da carne. Na exposição ao frio, a contração Objetivos
se dá com mais intensidade nas carnes vermelhas
do que nas carnes brancas, pois as carnes brancas Diante das questões relatadas, os objetivos
possuem uma liberação de íons de cálcio menos do presente trabalho foram:
intensa (Dransfild e Lockyer, 1985). Congelar e armazenar carne suína (pernil)
nas temperaturas de –30, –60, –90, –120, –150 e
Ortiner (1990) ressalta a importância de se
–180 ºC e armazená-la a –30ºC por um período de
observar o ressecamento da superfície das carnes
189 dias, avaliando as alterações de algumas
expostas ao resfriamento rápido. E diz ainda que
caracteristicas físico-quimicas como pH, perda de
uma refrigeração mais lenta, mesmo com as
peso e massa específica.
possíveis perdas de peso, deve ser levada em
consideração para se obter uma carne de melhor
qualidade. MATERIAIS E MÉTODOS
Woltersdorf e Troeger (1990), afirmam
que é previsível que o resfriamento forçado
diminua a formação de carcaças de baixa O presente trabalho foi desenvolvido no
setor de criogênia do Laboratório de Armazena-
qualidade, porém, apareceram outras
mento e Processamento de Produtos Agrícolas, do
características negativas, como maior perda de
Departamento de Engenharia Agrícola da
suco no descongelamento, encurtamento das fibras
musculares pela ação do frio, afetando cor e Universidade Federal de Campina Grande - PB.
maciez.
Material
Roseiro et al. (1994), estudando a
influência da temperatura post mortem, afirmaram A matéria prima utilizada nesse trabalho foi
que, em geral, a perda de esxudado aumenta logo a carne de suínos, proveniente da cidade de Areia –
após o descongelamento, aumentando, também, a PB. Foram utilizados dois animais mestiços,
dureza da carne. E isto, segundo o autor, se da largewhite x landrace, com idade em torno de 180
devido ao tamanho dos cristais de gelo no interior dias e peso aproximado de 100kg/animal. O abate
das células. foi realizado, utilizando-se insensibilização
Feldhusen et al. (1992) observaram que mecânica e sangria do tipo horizontal. O Processo
durante o resfriamento ultra-rápido da carne suína, de abate e desossa foi realizada, seguindo-se o
na fase inicial de maturação, havia encurtamento esquema da Figura 4.
do sarcômero e do sarcoplasma afetando a
retenção de água e a maciez da carne. Segundo
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Tendência de comportamento do pH
Armazenamento a –30 °C
6,05
Armazenamento a –60 °C
6,00 Armazenamento a –90 °C
Armazenamento a –120 °C
5,95 Armazenamento a –150 °C
Armazenamento a –180 °C
5,90
5,85
pH
5,80
5,75
5,70
5,65
5,60
0 90 180
Período de Armazenamento (dias)
Figura 5 - Variação do pH da carne suína congelada às temperaturas de –30, –60, –90, –120, –150 e
–180°C e armazenadas a temperatura de –30ºC, por um período de 180 dias
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pH do pernil suíno
5 ,8
5 ,6
5 ,4
5 ,2
5 ,0
-2 00 -1 80 -160 -140 -1 20 -1 00 -80 -6 0 -40 -20
Tem peratura, °C
18
17
16
15
14
0 90 180
Período de Armazenamento (dias)
Figura 7 - Variação da perda de peso da carne suína congelada às temperaturas de –30, –60, –90, –120,
–150, –180 ºC e armazenada à temperatura de –30ºC por um período de 180 dias.
22
21
Perda de peso (g/100g)
20
19
18
17
16
15
14
-200 -180 -160 -140 -120 -100 -80 -60 -40 -20
Temperatura de Armazenamento, °C
Pontos Experimentais e Equações representativas
Período de armazenamento (0 dias)
-4 2 -7 3 2
PP = 13,84 - 0,00992.T – 1,0185.10 .T – 3,498.10 .T R = 98,7%
Período de armazenamento (90 dias)
-4 2 -7 3 2
PP = 16,62 - 0,0114.T – 1,616.10 .T – 5,144.10 .T R = 99,1%
Período de armazenamento (180 dias)
-4 2 -6 3 2
PP = 18,04 – 0,065.T – 6,77510 .T – 2,305.10 .T R = 99,5%
Temperaturas de Armazenamento
Têndencia de comportamento a –30 °C
1,22 Têndencia de comportamento a –60 °C
Têndencia de comportamento a –90 °C
1,20 Têndencia de comportamento a –120 °C
Têndencia de comportamento a –150 °C
Massa específica (g/cm )
3
1,16
1,14
1,12
1,10
1,08
0 90 180
Período de Armazenamento (dias)
Figura 9 - Variação da massa específica da carne suína congelada às temperaturas de –30, –60, –90, –120,
–150, –180 ºC e armazenadas à temperatura de –30 ºC por um período de 180 dias
1,25
1,20
Massa específica, g/cm3 ( )
1,15
1,10
1,05
1,00
-200 -180 -160 -140 -120 -100 -80 -60 -40 -20
Temperatura de Armazenamento, °C
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