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Introdução
A identidade social do professor do ensino fundamental é discutida, neste
texto, a partir da proposta teórica de Domingos Sobrinho (1994; 1998a; 2003a; 2003b)
que, de modo inovador, estabelece uma aproximação epistemológica entre a noção de
habitus e campo social na perspectiva de Bourdieu (1998) e a Teoria das representações
sociais, sob a ótica de Moscovici (1978).
A partir de tal conjugação, Domingos Sobrinho (1994) propõe um modelo
teórico que possibilita ao pesquisador, dentre o estudo de outros fenômenos simbólicos,
apreender o processo constitutivo das identidades coletivas em um tempo e espaço
específicos.
Este modelo teórico, cuja esquematização gráfica consta na página seguinte,
foi comprovado através de uma pesquisa empírica desenvolvida durante seis semestres
letivos, no período compreendido entre agosto de 2000 e julho de 2003, junto aos de
professores do ensino fundamental do município de Maracanaú, Estado do Ceará. Todos
os participantes da pesquisa exerciam o magistério há, pelo menos, três anos e estavam
matriculados ou haviam concluído o Curso de Formação Docente promovido pela
Universidade Estadual do Ceará - UECE, nesse município.
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Este texto é decorrente da tese intitulada “Habitus, representações sociais e construção identitária dos
professores de Maracanaú”, orientada pelo Prof. Dr. Moisés Domingos Sobrinho, UFRN, 2005.
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CULTURA HEGEMÔNICA
Gestos e
Normas de movimentos
comportamento corporais
Ethos Eidos Hexis
Estilos de vida
Valores
Linguagem
Campo Educacional
UFC
UECE
Curso em Maracanaú
Lutas distintivas
Hierarquias sociais
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Esquema gráfico apresentado em sala de aula pelo Prof. Dr. Moisés Domingos Sobrinho,
UFRN, Natal, 2001.
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Neste texto, a fundamentação teórica, as atividades de investigação e os resultados obtidos são
explicitados e/ou apresentados, fazendo-se referências ao modelo teórico adotado ou à sua
esquematização gráfica.
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Os Achados da Pesquisa
[...] Aprendi, então, que um bom professor sabe que pode ajudar uma
criança a lidar com os seus sentimentos e, assim, transmitir uma lição
para o resto de sua vida. E, hoje, esta mesma lição tento passar para
meus alunos (PEF 4, Memorial temático, 2001, p. 5).
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No Teste de Associação Livre de Palavras, cada respondente procede da seguinte forma: faz seis
associações que são classificadas por ordem de importância e, em seguida, justifica a palavra considerada
mais importante. Destas justificativas surgem as categorias.
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A Teoria do Núcleo Central, formulada por Jean-Claude Abric, tem sido complementada por Claude
Flament e Celso Pereira de Sá. Vide referências bibliográficas no final deste texto.
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interesse de pesquisa está voltado para a apreensão das regularidades, que dão uma
maior visibilidade dos esquemas do habitus. Por conseguinte, a sua análise faz parte da
dimensão macro da observação. Os elementos periféricos são aqueles de menor
freqüência e que foram evocados mais tardiamente. Segundo esse autor, são mais
indicados ao estudo das manifestações micro, isto é, manifestações individuais ou de
segmentos e frações de um grupo ou de uma coletividade que compartilham de um
mesmo sentido atribuído a um determinado objeto.
Passa-se agora, à análise das justificativas para ampliar a compreensão do
sentido do núcleo central e, assim, ter mais acesso aos referentes culturais, que estão na
base de sua constituição. As justificativas foram submetidas à análise categorial de
conteúdo, conforme orientações de Bauer (2002) e Bardin (1977). Seguindo a sugestão
de Vergès6, nesta pesquisa foi criado um sistema de categorias a partir das palavras ou
expressões enunciadas pelos professores, pois:
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Embora essa sugestão de Vergès seja adotada para a análise das evocações, optamos por adotá-la,
também, na análise de conteúdo, visando atenuar a influência do nosso próprio sistema de categorização.
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A legenda segue a numeração dos protocolos da pesquisa.
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Considerações Finais
Referências
ABRIC, J.-C. A abordagem estrutural das representações sociais. In: MOREIRA, A. P.;
OLIVEIRA, D. de. Estudos interdisciplinares de representação social. Goiânia: Ed.
AB, 1998. p. 27-38.
BAUER, M. Análise de conteúdo clássica: uma revisão. In: BAUER, M.; GASKELL,
G. (Orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático.
Tradução: Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis:Vozes, 2002. p. 189-217.
_____. Coisas ditas. Tradução: Cássia R da Silveira e Denise Moreno Pegorim. São
Paulo: Brasiliense, 1990. 234 p.
_____. Escritos de educação. Tradução: Octavio Alves Velho. 2. ed. Petrópolis: Vozes,
1998. 251 p.
SÁ, C. P. de. Núcleo central das representações sociais. Petrópolis: Vozes, 1996. 189
p.