A evolução da nutrição esportiva trouxe consigo pesquisas a respeito de um dos
principais macronutrientes na evolução física do atleta, especificamente o culturista: a proteína. Além de atuar como repositora tecidual, esta molécula compõe enzimas, hormônios, células de defesa, transporta vitaminas e controla o equilíbrio osmótico do sangue. Atua, também, disponibilizando energia através da doação do grupo piruvato, gerador de ATP, desperdiçando o grupamento amino, que será convertido em uréia e eliminado pelos rins. O processo de desaminação proteica citado acima explica a função dos carboidratos na dieta, principalmente após o treinamento intenso: no caso de ingestão insuficiente de glicose, a proteína será utilizada como combustível de reposição do glicogênio muscular, e não como reconstituinte da fibra recém fatigada, como é desejado. Para bons resultados, atletas utilizam imediatamente após o treino carboidratos líquidos de rápida absorção e whey protein na proporção de, respectivamente, 3:1. Na refeição anterior ao treino, deve-se priorizar a ingestão de carboidratos, já que sua digestão requer menos tempo e, com isto, possibilita que o fluxo sanguíneo irrigue melhor os músculos uma vez que não estará abundantemente concentrado no trato gastrointestinal. A contribuição da proteína nos exercícios de intensidade é de apenas 5 a 15% da energia total. A captação proteica se resume num dos processos mais caros para o organismo: cada grama de proteína incorporado ao tecido utiliza 24 calorias, o que explica a abundância de carboidratos nas dietas de culturistas e o catabolismo intenso decorrente de infecções, períodos em que há maior necessidade de produção de anticorpos.
Ao contrário do que se pensou durante muito tempo, a quantidade de proteína
disponível nas dietas de atletas não é absurdamente maior que o consumo recomendado para sedentários, pois se estima que o aumento de calorias estipulado para praticantes de musculação já possa suprir boa parte da demanda proteica diária para eles. Este valor deve chegar a, no máximo, 1,8g de proteína por kg de peso corporal para amadores. Culturistas de elite consomem até 2,5/kg. No caso de ingestão exagerada de proteína ou hipoglicemia, a molécula servirá de energia para o corpo, sendo metabolizada pelas células hepáticas e gerando como produto a amônia, altamente tóxica para os tecidos. A amônia, então, é convertida em uréia pelos rins e excretada através da urina. O principal aminoácido doador de ATP no fígado é a glutamina, seguida pelo glutamato e alanina. Entre os riscos do excesso no consumo de proteínas estão: - prejuízo ao rim, já que se requer um esforço suplementar deste órgão para a excreção de nitrogênio; - excreção de quantidades superiores de cálcio, favorecendo a formação de cálculo renal e a osteoporose. Investigadores ingleses notaram que adicionando 34 gramas de proteína a uma dieta normal, o risco de formar pedras no trato urinário aumentou cerca de 250%; - prejuízo ao fígado por esforço adicional da célula hepática; - Câncer de cólon. Em 1982, o Conselho Nacional de Investigação Norte-Americano notou uma relação entre o câncer e o excesso de proteínas. É aconselhado, portanto, que o total de calorias provindas das proteínas na alimentação diária não ultrapasse de 30%. Para um atleta que consome três mil calorias, por exemplo, o máximo recomendado é de 900 calorias, o que equivale a 225g diários. O NPU, net protein utilization, representa a quantidade de proteína aproveitada pelo organismo a cada 1g de proteína ingerida, e é de 0,7g para proteínas de origem animal, 0,6g para leguminosas e 0,5g para cereais.