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UNI-FACEF – Centro Universitário de Franca

José Afonso Piva

ANÁLISE DO PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE

SERVIÇOS DE SAÚDE EM UMA COOPERATIVA DE SAÚDE EM

POÇOS DE CALDAS SOB A ÓTICA DA LEGISLAÇÃO.

FRANCA

2005
2

UNI-FACEF – Centro Universitário de Franca

Mestrado em Administração

Área de concentração: Gestão empresarial

Dissertação:

ANÁLISE DO PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE

SERVIÇOS DE SAÚDE EM UMA COOPERATIVA DE SAÚDE EM

POÇOS DE CALDAS SOB A ÓTICA DA LEGISLAÇÃO.

Orientadora: Profª Dra. Teresinha Covas Lisboa

Aluno: José Afonso Piva

FRANCA

2005
3

Piva, José Afonso


P764a Análise do plano. Análise do Plano de Gerenciamento
dos Resíduos de Serviços de Saúde em uma Cooperativa de
Saúde em Poços de Caldas sob a ótica da Legislação / José
Afonso Piva. – Franca: Uni-Facef, 2005.
100 p. il.

Orientadora: Terezinha Covas Lisboa


Dissertação de Mestrado – Uni-Facef
Programa de Mestrado em Gestão Empresarial

1. RSS - Resíduos de Serviços de Saúde 2. Administração hospitalar.


3. Gestão ambiental I.T.

CDD 362.11068

CDD 362.11068
4

UNI-FACEF – Centro Universitário de Franca

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em


Administração – Gestão Empresarial – da Uni-FACEF –
Centro Universitário de Franca.

Orientadora: Profª. Dra. Teresinha Covas Lisboa.

FRANCA
2005
5

ANÁLISE DO PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE

SERVIÇOS DE SAÚDE EM UMA COOPERATIVA DE SAÚDE EM

POÇOS DE CALDAS SOB A ÓTICA DA LEGISLAÇÃO.

José Afonso Piva

Profª. Dra. Teresinha covas Lisboa

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Administração, área


de concentração - Gestão Empresarial, da UNI-FACEF, Franca – SP, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientadora: _____________________________________________________________
Nome: Teresinha Covas Lisboa

Instituição: Uni-FACEF - Centro Universitário de Franca

Examinadora: _______________________________________________________

Nome: Profª Dra. Edna Maria Campanhol

Instituição: Uni-FACEF - Centro Universitário de Franca

Examinador(a): _______________________________________________________

Nome: Prof. Dr. Jayr Figueiredo de Oliveira.

Instituição: UNISA - Universidade de São Paulo

dezembro de 2005
6

Dedico aos meus pais, Piva Affonso e Rosalina

do Amaral Gurgel Piva, (in memorian) e à

Célia.
7

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiro, a Deus que não tem me faltado, e aos meus pais - a quem

devo, mais que a vida, a lição de vida.

Agradeço a minha esposa Célia e meus filhos Renata, Jaqueline e Guilherme pela

participação direta e indireta neste trabalho.

Agradeço a todos os professores do Programa de Mestrado em Administração, a

aos funcionários da Coordenação do Programa, com os quais pude estabelecer uma rica

convivência pessoal e intelectual ao longo de todo esse tempo. Em especial à minha

orientadora, cara Profª. Teresinha Covas Lisboa, que desde o dia 08 de março de 2004,

quando nos conhecemos, na entrevista de seleção, se destacou como pessoa impar de

sabedoria única no trato às pessoas, como no conhecimento que lhe peculiar.


8

Desenvolvimento Ambiental sustentável

É o desenvolvimento que atende às nossas


necessidades, sem impedir que as gerações
que virão (filhos e netos) possam também ter a
chance de se desenvolver e satisfazer suas
necessidades, dispondo de recursos naturais
para isto (água limpa para beber, praias
preservadas, peixes no mar, florestas),
(ONU, 1987).
9

RESUMO

Esta pesquisa tem por objetivo conhecer e analisar a gestão do Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), quanto à sua implantação e aplicabilidade conforme
padrões das RDC (Resolução da Diretoria do Colegiado) 306 da ANVISA (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária), que dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de
resíduos de serviços de saúde e da Resolução 358 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio
ambiente), que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de
saúde e dá outras providências. O CONAMA defini o PGRSS como documento integrante do
processo de licenciamento ambiental, baseado nos princípios da não geração de resíduos e na
minimização da geração de resíduos, que aponta e descreve as ações relativas ao seu manejo
contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,
armazenamento, transporte, reciclagem, tratamento e disposição final, bem como a proteção à
saúde pública e ao meio ambiente. A pesquisa se embasou em visitas à Cooperativa de Saúde
de Poços de Caldas, onde foram realizadas entrevistas com o pessoal técnico administrativo,
pessoal de limpeza e serviços gerais que realizam a segregação, coleta e armazenamento dos
resíduos de serviços de saúde. Pesquisou-se o tema Gestão ambiental/empresarial como
fundamento do desenvolvimento da pesquisa, assim como o impacto ambiental causado pela
disposição dos resíduos de serviços de saúde em áreas não licenciadas como os lixões a céu
aberto. Comentou-se, também, a responsabilidade social das organizações na disposição de
seus resíduos e formas de minimizar o impacto ambiental para um desenvolvimento
suscitável, interagindo, organização, comunidade e governo em busca de soluções ambientais
para a disposição ecologicamente correta. A pesquisa foi desenvolvida nas dependências da
Cooperativa de Saúde, onde foram entrevistados, com questionários pré-montados, todas as
pessoas diretamente ligadas à manipulação dos resíduos de saúde. Após o levantamento das
questões montou-se os dados para análise crítica do Gerenciamento do PGRSS, onde obteve o
diagnóstico da situação atual. Como a retirada e destinação final dos resíduos são de
responsabilidade de uma empresa terceirizada, visitou-se, também, esta empresa. Embora o
PGRSS tenha sido implantado há menos de três meses, percebe-se que há um entendimento
macro do Plano, pelo pessoal técnico administrativo, porém o pessoal de operação, que
manipulam os resíduos, têm informações exclusivamente operacionais, não tendo o
conhecimento amplo do PGRSS. Diagnosticou-se que a Cooperativa está com o PGRSS
implantado parcialmente, havendo necessidade de melhorias no processo de coleta, como a
identificação dos resíduos e do local de armazenamento. Percebeu-se que as pessoas
envolvidas no processo não estão plenamente treinadas para a questão ambiental e não têm
pleno conhecimento do PGRSS. Nem todos os resíduos são destinados ao re-processador,
alguns ainda são coletados pela viatura da Prefeitura Municipal cujo destino é o aterro
controlado, onde os resíduos de serviços de saúde são enterrados sem que a vala esteja
devidamente impermeabilizada conforme as legislações ambientais.

Palavras-chave: PRGSS, gestão ambiental, resíduos de serviços de saúde, administração

hospitalar.
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ABSTRACT

This research has for objective to know and to analyze the management of the Plan of
Management of Residues of Services of Health (PMRSS), how much to its implantation and
in agreement applicability standards of RDC (Resolution of the Direction of the Collegiate)
306 of the NASM (National Agency of Sanitary Monitoring), that it makes use on the
Regulation Technician for the management of residues of services of health and Resolution
358 of the NAE (National Advice of the Environment), that it makes use on the treatment and
the disposal end of the residues of the health services and gives other steps. The NAE
defined the PGRSS as integrant document of the process of ambient licensing, based in the
principles of not the generation of residues and in the minimização of the generation of
residues, that points and describes the relative actions to its handling contemplating the
referring aspects to the generation, segregation, preservation, collects, storage, transport,
recycling, treatment and final disposal, as well as the protection to the public health and the
environment. The research if based in visits the Cooperative of Health of Wells of Caldas,
where interviews with the staff had been carried through administrative, personal technician
of cleanness and general services that carry through the segregation, collect and storage of the
residues of health services. The subject was searched ambiental/empresarial Management as
bedding of the development of the research, as well as the ambient impact caused by the
disposal of the residues of services of health in areas not permitted as the lixões the open sky.
It was commented, also, the social responsibility of the organizations in the disposal of its
residues and forms to minimize the ambient impact for a suscitável development, interacting,
organization, community and government in ambient brainstorming for the ecologicamente
correct disposal. The research was developed in the dependences of the Cooperative of
Health, where they had been interviewed, with daily pay-mounted questionnaires, all the
directly on people to the manipulation of the health residues. After the survey of the questions
mounted the data for critical analysis of the Management of the PMRSS, where it got the
diagnosis of the current situation. As the withdrawal and final destination of the residues they
are of responsibility of a terceirizada company, was visited, also, this company. Although the
PMRSS has been implanted has less than three months, it is perceived that it has an agreement
macro of the Plan, for the staff administrative technician, however the operation staff, that
manipulates the residues, has exclusively operational information, having the ample
knowledge of the PMRSS. Was not diagnosised that the Cooperative is with the PMRSS
implanted partially, having necessity of improvements in the collection process, as the
identification of the residues and the place of storage. One perceived that involved people in
the process fully are not trained for the ambient question and all do not have full knowledge
of the PMRSS. Nor the residues are destined to the re-processor, some still are collected by
the viatura of the Municipal City hall whose destination is fills with earth it controlled, where
the residues of health services are embedded without that the ditch duly is waterproofed in
agreement the ambient laws.

Wordkey: PRGSS, ambient management, residues of health services, hospital


administration.
11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Fatores que contribuem para a eficácia organizacional .......................................... 24


Figura 2– Eficiência e eficácia ............................................................................................. 25
Figura 3 - Uma abordagem sistêmica para administrar a mudança: ....................................... 31
Figura 4 – Sistema de gestão ambiental ................................................................................ 41
Figura 5 – Gestão Ambiental empresarial – Influências ........................................................ 42
Figura -6 - Poluição – Alguns critérios de classificação ....................................................... 45
Figura 7 – Enfoque sistêmico da gestão ambiental................................................................ 47
Figura 8 - Ambiente Total e seus aspectos (o modelo do tecido celular)- .............................. 50
Figura 9 – Logística Reversa – Áreas de atuação e etapas reservas ....................................... 74
Figura 10 – Dimensões da Qualidade total em Serviços de Saúde......................................... 84
Figura 11 – Fluxo dos Resíduos ........................................................................................... 86
Figura 12 – Modelo de apresentação do Plano de Resíduos de Serviços de Saúde .............. 125
Figura 13 - Vista aérea da unidade da Cooperativa de Saúde .............................................. 137
Figura 14 - Fluxo da metodologia aplicada para a coleta de dados ...................................... 139
Figura 15 – Kit de lixeiras para descarte seletivo de resíduos ............................................. 140
Figura 16- Separação dos resíduos recicláveis e armazenamento para posterior venda ....... 140
Figura 17 – Fluxograma da coleta de resíduos. ................................................................... 143
Figura 18 - Geração de Resíduos Recicláveis ..................................................................... 146
Figura 19 – Geração de resíduos infectantes ....................................................................... 147
Figura 20 – Abrigo externo para resíduos de serviços de saúde. ......................................... 151
Figura 21 – Interior do abrigo de resíduos com balança, instalação de água e ..................... 151
Figura 22 – Divisória de maderite Figura 23 – Recipiente de perfurocortantes................ 152
Figura 24 – Veículo para transporte de RSS e Motorista devidamente equipado para a
atividade de coleta ...................................................................................................... 156
Figura 25 – ETE I e II - Efluentes hidrosanitários e Infectantes ........................................ 157
Figura 26 – Fluxograma de gerenciamento dos resíduos ..................................................... 159
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Responsabilidades pelo destino final dos resíduos. ................................................ 60


Tabela 2 Tipo de destinação final de resíduos no Brasil (%) ................................................. 60
Tabela 3 BRASIL: Mães por primeira vez (de 10 a 14 anos de idade) por classes de
rendimento mensal familiar segundo os grupos de anos de estudo. ............................... 78
Tabela 4 Identificação de geração e fluxo de resíduos......................................................... 86
Tabela 5 Tipos de resíduos gerados em um estabelecimento de saúde por modalidade de
atendimento/local ......................................................................................................... 99
Tabela 6 Gestão de resíduos de serviços de saúde.............................................................. 100
Tabela 7 Geração de Resíduos........................................................................................... 101
Tabela 8 Tipo de Construção / Produção Diária de lixo ................................................... 102
Tabela 9 Taxa de Geração de lixo em Serviço de Saúde ................................................... 102
Tabela 10 Métodos para minimização de resíduos ............................................................ 103
Tabela 11 Fluxo de manejo interno dos RSS .................................................................... 121
Tabela 12 Quadro de funcionários da Cooperativa de Saúde.............................................. 145
Tabela 13 Quantidade de resíduos gerados (jan a out/2005) ............................................... 146
Tabela 14 Resumo das respostas obtidas nas entrevistas com pessoal operacional ............. 149
Tabela 15 Tempo na função e escolaridade ....................................................................... 153
Tabela 16 Resumo das respostas obtidas nas entrevistas com pessoal administrativo ......... 153
Tabela 17 Evolução do processamento de resíduos da Ecosul............................................. 157
13

Lista de Abreviaturas e Siglas

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


AVISA Agência Nacional de Vigilância sanitária
CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
CEMA Secretaria Especial do Meio Ambiente
CENEN Comissão Nacional de Energia Nuclear
CEPRAN Conselho Estadual de Proteção Ambiental
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito
EA Educação Ambiental
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EPI Equipamento de Proteção Individual
ETE Estação de Tratamento de Efluentes
FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente
IBGE Institui Brasileiro de Geografia e Estatística
Id Idem – mesmo autor (NBR 10520-2002)
ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental
ISO International Organization for Standardization
MOP Movimentação de Cargas Perigosos
NBR Norma Brasileira
ONU Organização das Nações Unidas
PCIH Programa de Controle de Infecções Hospitalares
PGRSS Plano de Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde.
RDC Resolução de Diretoria do Colegiado
REFORSUS Reforço à Organização do Sistema Único de Saúde
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
RSS Resíduos de Serviços de Saúde
SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho
SESMT Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho
SGA Sistema de Gestão Ambiental
14

SGQ Sistema de Gestão da Qualidade


SIDA Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida
SMA Secretaria do Meio Ambiente
15

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 17

CAPÍTULO I – GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS .......................................................................... 23

1.1 GESTÃO EMPRESARIAL .................................................................................................................... 23


1.2 MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS E ESTILOS DE ADMINISTRAR .............................................................. 26
1.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................................................................. 32
1.4 GESTÃO AMBIENTAL........................................................................................................................ 40
1.5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL - EA ........................................................................................................... 47
1.6 MEIO AMBIENTE .............................................................................................................................. 51
1.7 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA ........................................................................................... 53
Impacto ecológico .................................................................................................................................... 55
Saneamento.............................................................................................................................................. 56
Ecossistema.............................................................................................................................................. 56
Habitat 57
1.8 RESÍDUOS ........................................................................................................................................ 58
Resíduos comercial e domiciliar ............................................................................................................... 61
Resíduos industriais ................................................................................................................................. 62
Resíduos de saúde (Resíduos hospitalares) ............................................................................................... 63
1.9 MODALIDADES DE DESTINO FINAL DOS RESÍDUOS HOSPITALARES....................................................... 63
Aterro sanitário e lixão ............................................................................................................................ 63
Aterro controlado ..................................................................................................................................... 68
Incineração .............................................................................................................................................. 68
1.10 COMPOSTAGEM ............................................................................................................................... 69
1.11 TRATAMENTO E DESTINAÇÃO FINAL DO LIXO .................................................................................... 70
Situação do lixo hospitalar ....................................................................................................................... 72
1.12 A LOGÍSTICA REVERSA COMO SISTEMA DE CONTROLE DE RESÍDUOS. .................................................. 73
1.13 PASSIVO AMBIENTAL ....................................................................................................................... 75
1.14 O MEIO AMBIENTE NO SÉCULO XXI – COMPROMISSO COM O FUTURO ................................................ 75

CAPÍTULO II - A GESTÃO HOSPITALAR E OS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE ........................................... 80

2.1 QUALIDADE TOTAL E A GESTÃO HOSPITALAR ................................................................................... 80


2.2 ORGANIZAÇÃO DE ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE ............................................................................ 84
2.3 RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE - RSS .......................................................................................... 84
2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS RSS ................................................................................................................. 89
Classificação dos Resíduos conforme o CONAMA 05/93 e 283/01............................................................. 89
Classificação dos Resíduos segundo a ABNT 10.004 /87 ........................................................................... 92
2.5 FONTES GERADORAS DE RESÍDUOS DE SAÚDE................................................................................... 93
2.6 AÇÕES PARA MINIMIZAÇÃO DE RISCOS ASSOCIADOS AOS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE .................. 93
2.7 PRODUTOS PERIGOSOS EM ESTABELECIMENTO DE SAÚDE ................................................................... 94
2.8 GESTÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS SAÚDE .................................................................................... 96
2.8.1 MANEJO, MANIPULAÇÃO E COLETA DOS RSS. ................................................................................ 104
2.8.2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ................................................................. 104
2.8.3 EMBALAGENS, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DOS RSS. ............................................................ 107
2.9 TIPOS DE TRATAMENTO E DESINFECÇÃO DE RSS ............................................................................. 113
2.9.1 AUTOCLAVE .................................................................................................................................. 113
2.9.2 INATIVAÇÃO BIOLÓGICA POR AUTOCLAVAGEM .............................................................................. 113
2.9.3 DESCARACTERIZAÇÃO ................................................................................................................... 114
2.9.4 MICROONDAS ................................................................................................................................ 114
2.10 O CUSTO NAS ENTIDADES ASSISTÊNCIAS DE SAÚDE ........................................................................ 114
2.11 CUSTO X TECNOLOGIA ................................................................................................................... 115
2.12 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE - PGRSS................................... 118
2.13 ELABORAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE ...................... 123
2.13.1 APROVAÇÃO DO PGRSS: ........................................................................................................... 126
16

2.13.2 MANEJO INTRA-INSTITUCIONAL: ................................................................................................ 126


2.14. DUAS ABORDAGENS – TEORIAS ADMINISTRATIVAS E LEGISLAÇÃO ................................................... 128

CAPÍTULO III – METODOLOGIA ............................................................................................................ 129

3.1 METODOLOGIA DE PESQUISA .......................................................................................................... 129


3.2 A PESQUISA ................................................................................................................................... 129
3.3 MÉTODO........................................................................................................................................ 131
3.4 TÉCNICA........................................................................................................................................ 131
3.5 DESENVOLVIMENTO DO QUESTIONÁRIO .......................................................................................... 133
3.6 POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................................................ 134

CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................................. 136

4.1 UNIDADE DA COOPERATIVA DE POÇOS DE CALDAS - HISTÓRIA ....................................................... 136


4.2 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO DE CAMPO ................................................................................ 137
4.3 FLUXO DO PROCESSO DE RECOLHIMENTO DOS RESÍDUOS .................................................................. 142
4.4 ANÁLISE DA PESQUISA ................................................................................................................... 143
4.4.1. LEVANTAMENTO DE DADOS DA COOPERATIVA: ............................................................................... 145
4.4.2. GERAÇÃO DE RESÍDUOS .................................................................................................................. 146
4.4.3. LEVANTAMENTO DOS RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS (ENTREVISTAS) ......................................... 148
4.5 DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DA COOPERATIVA .......................................... 155
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................................... 160
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 166
GLOSSÁRIO.............................................................................................................................................. 175
ANEXOS ................................................................................................................................................... 180
17

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo analisar, sob a ótica da legislação

brasileira, mais especificamente resoluções da ANVISA (Agência de Vigilância Sanitária) e

do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), a aplicabilidade do ―Plano de

Gerenciamento de Resíduos de Saúde‖ (PGRSS), assim como a atuação administrativa dos

gestores, médicos e funcionários envolvidos no processo de descarte, coleta seletiva e destino

final dos resíduos hospitalares do hospital da cooperativa de Saúde, em Poços de Caldas.

O homem, como ser progressista e ambicioso, envolvido pela criatividade

natural do ser humano em descobrir novas tecnologias para o conforto capitalista, inova nos

produtos descartáveis e, nem sempre, está alinhado aos conceitos básicos da gestão ambiental.

Os produtos hospitalares, como seringas, agulhas, papel toalha, copos para água, embalagens

de cápsulas de remédios, entre outras infinidades, não fogem à regra. Com o surgimento

rápido dos produtos descartáveis houve um grande acréscimo no volume de lixo hospitalar.

Com essa evolução dos descartáveis, torna-se mais complexo gerenciar este volume de

Resíduos de Serviços Saúde - RSS, assim como o armazenamento, mesmo que temporário,

nos hospitais, e o destino final ecologicamente correto.

Nossa experiência profissional em Gestão Ambiental nos fez refletir, à luz das legislações em

vigor, a realidade da situação destes resíduos em Poços de Caldas.

A reflexão do tema surgiu quando pudemos verificar “in loco” que os resíduos hospitalares

de Poços de Caldas são descartados no lixão a céu aberto, juntamente com todos os outros

tipos de lixo, como industrial, doméstico, comercial etc. Poços de Caldas é uma cidade

turística devido a suas águas minerais e banhos termais, e distante apenas quinze quilômetros

do centro encontra-se o lixão, onde catadores de lixo convivem, além do lixo, com ratos,
18

urubus, e todo o tipo de animais peçonhentos e resíduos infectantes, como material

perfurocortantes, bolsas de sangue, seringas, gases de curativos, etc. (fotos do local no Anexo

A). A maneira de descartar o lixo sem tratamento gera uma infinidade de problemas de saúde

e para o meio ambiente, principalmente por estar próximo a um riacho e nascentes de águas,

onde por força da gravidade, o chorume é levado para o leito do riacho.

Esse paradoxo – cidade de águas medicinais, e lixão a céu aberto - nos fez refletir sobre o

porquê desse descaso com o lixo na cidade. Foi a partir desta realidade que se visualizou a

oportunidade da presente dissertação em obter alternativas para quebrar esse paradigma. Em

uma investigação informal pelos hospitais de Poços de Caldas, observou-se que apenas em

um hospital estava implantado o ―Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

– PGRSS‖, exigido pela legislação, conforme a Resolução de Diretoria do Colegiado - RDC

306/04, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de

Serviços de Saúde. (Anexo B). Este estabelecimento é o hospital da COOPERATIVA DE

SAÚDE de Poços de Caldas. A nomenclatura para hospital, segundo a ANVISA, Agência

Nacional de Vigilância Sanitária, é ―Estabelecimentos Assistenciais de Saúde – EAS‖,

definida na RDC nº. 50, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para Planejamento,

Programação e Elaboração de Projetos Físicos de Estabelecimento Assistências de Saúde, de

21/02/02, alterada pela RDC 307 de 14/11/02..

Objetiva, então este trabalho, analisar criticamente o PGRSS do Hospital da COOPERATIVA

DE SAÚDE, sob a luz das legislações pertinentes, principalmente das RDC 306 da ANVISA,

de 07 de dezembro de 2004, (publicada no DOU - Diário Oficial da União - em 10 de

dezembro de 2004), e Resolução 358 (Anexo C) do CONAMA – Conselho Nacional do Meio

Ambiente, de 29 de abril de 2004, (publicada no DOU em 04 de maio de 2005, que dispõe

sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras

providências), para concluir-se que: a) O PGRSS do hospital da Cooperativa de Saúde está


19

implantado, será que amplamente conforme a legislação e sua gestão é eficiente e eficaz, isto

é, o RSS é monitorado em todo o fluxo? b) O PGRSS do hospital da Cooperativa de Saúde

está implantado parcialmente conforme a legislação, e; c) O PGRSS do hospital da

Cooperativa de Saúde está implantado, será que amplamente, porém a gestão não é eficiente e

eficaz na manutenção do Plano.

Os objetivos específicos são: pesquisar os principais pontos críticos do Plano

de Gerenciamento de Resíduos Hospitalares no cumprimento da legislação, (RDC´s da

ANVISA e CONAMA) e a gestão ambiental, como forma de sustentação do PGRSS,

demonstrar como, a partir dos resultados obtidos na pesquisa, o hospital pode gerenciar,

dentro das normas, seus Resíduos de Serviços de Saúde e avaliar as ações do Gestor do

Hospitalar, como agente de mudanças no controle dos processos administrativos,

operacionais e na Gestão Ambiental do estabelecimento.

A importância desta pesquisa se deve à relevância do tema que vai ao encontro

de qualidade de vida dos profissionais lotados nos hospitais, dos catadores de lixo que

vasculham os sacos de lixos depositados no lixão em busca de materiais para uso próprio e de

materiais recicláveis e a gestão ambiental, o impacto dos resíduos hospitalares no ambiente. À

luz da Gestão Ambiental o tema tem profunda relevância, pois obriga, conforme legislação,

que o Hospital tenha seu Planejamento Estratégico alinhado com as questões ambientais.

As indústrias são constantemente avaliadas e auditadas pelos órgãos ambientais, pela

comunidade e por seus clientes, para que minimizem seus resíduos, que eliminem os

particulados jogados na atmosfera, que trate suas águas antes de descartá-las nos rios (o que é

muito salutar), porém os estabelecimentos de saúde ainda não sofrem estas pressões. O

Hospital sendo administrado como uma empresa que gera empregos, recursos financeiros,

conseqüentemente gera, também, seus resíduos e como tal deve ser tratado conforme

legislação em vigor. Esta questão está inserida no objetivo específico deste trabalho que
20

analisará o fluxo total deste processo, ou seja, a partir do descarte do resíduo hospitalar,

passando pelos coletores, transporte interno, armazenamento temporário interno,

armazenamento externo, área de resíduos e o transporte externo, que será o final do fluxo. O

lixo hospitalar não pode ser visto sem utilização, e sem risco, portanto deve-se administrá-lo

como resíduo gerado por uma empresa sob a ótica da gestão ambiental e das legislações

pertinentes.

É dentro desta perspectiva que este trabalho se insere. A Gestão Ambiental, assim como a

Gestão de Resíduos dos Serviços de Saúde vem sendo discutida com bastante ênfase no meio

legal e médico e, apesar dos avanços inequívocos nos últimos anos nessa área, nota-se que é

possível detectar que muito ainda se tem para contribuir para essa temática. Pudemos observar

em nossa pesquisa informal que a grande maioria dos Planos de Gerenciamento de Resíduos

Hospitalares configura-se como uma seqüência de regras visando cumprir as obrigações

legais, não se configurando, entretanto, em sua totalidade em um auto-gerenciamento dos

resíduos, como algo sistêmico.

Fez-se a opção por analisar o caso de Resíduos de Serviços de Saúde, porque Poços de Caldas

não possui um aterro sanitário para a destinação final de seus resíduos e nem tecnologia para

desinfecção dos mesmos.

A relevância desse tema se justifica, principalmente, pela potencialidade em melhorar os

atuais programas de tratamento de resíduos dos hospitais e a relevância ambiental e social,

pois trata-se da redução de infecções hospitalares, da higienização dos hospitais, e da coleta

seletiva de resíduos hospitalares, fazendo com que a cadeia do resíduo seja amplamente

controlada como um processo e não somente no descarte de material pós-uso.

A problemática do tema foi levantada de acordo com os objetivos a fim de

responder a questão: O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Saúde da Cooperativa

de Saúde atende as exigências das legislações vigentes?


21

Após a realização da pesquisa poder-se-á concluir que: a) O PGRSS do hospital da

Cooperativa de Saúde está amplamente implantado conforme a legislação e sua gestão é

eficiente e eficaz; b) O PGRSS do hospital da Cooperativa de Saúde está implantado

parcialmente conforme a legislação, e; c) O PGRSS do hospital da Cooperativa de Saúde está

amplamente implantado, porém a gestão não é eficiente e eficaz na manutenção do Plano.

Este trabalho de pesquisa está estruturado de forma a apresentar, na introdução

a contextualização do tema.

O capítulo 1 apresenta um referencial teórico sobre gestão empresarial, mudanças

organizacionais, desenvolvimento sustentável, gestão ambiental, educação ambiental, meio

ambiente e impacto ambiental, assim como o setor de saúde, enfatizando a problemática

relacionada ao gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde (RSS). Nele apresentam-se os

enfoques gerenciais e operacionais quanto aos resíduos, apontando a necessidade da

confecção do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços Saúde para cada

estabelecimento do gênero. Apresenta-se também referencial específico sobre os resíduos, em

geral, e seus respectivos destinos, no Brasil e em alguns paises. Finaliza-se o capítulo 1 com

uma abordagem sobre logística reversa e passivo ambiental nas organizações.

O capítulo 2 apresenta os referenciais teóricos sobre os Resíduos de Serviços de Saúde

focando, também, a gestão dos RSS analisando-os por várias óticas. Analisa-se a qualidade e

a gestão hospitalar da Cooperativa de Saúde. São realizadas pesquisas nas legislações

pertinentes, obras e artigos sobres os RSS e sua classificação, fontes geradoras, ações para a

minimização. Faz-se uma comparação entre as normas e resoluções da ANVISA (Agência

Nacional de Vigilância Sanitária) e do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente).

Finaliza-se o capítulo 2 com a gestão do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de

Saúde.
22

No capítulo 3 apresenta-se a metodologia utilizada para a pesquisa. Inicia-se com pesquisa

bibliográfica para o embasamento teórico do tema. Após a pesquisa bibliográfica aplica-se a

pesquisa formal com questionários para quatro funções no hospital da COOPERATIVA DE

SAÚDE, que são: questionário 1, voltado para o gestor do hospital com perguntas de gestão e

aplicabilidade do PGRSS; o questionário 2, é direcionado para o pessoal administrativo para

confirmar ou não os dados do gestor e acrescentar novas informações do PGRSS; o

questionário e 3 e 4 são destinados às pessoas que têm contato direto com os resíduos

hospitalares, respectivamente, o encarregado de higiene e limpeza e os empregados que

recolhem, transportam e armazenam estes resíduos. O processo da pesquisa será por meio de

entrevistas diretas com os empregados do hospital.

No capítulo 4, apresenta-se o trabalho de pesquisa e a análise dos dados quantitativos, objeto

deste trabalho, que é a Análise do Plano Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde

na COOPERATIVA DE SAÚDE, (Poços de Caldas) sob a ótica da Legislação, explorando

cada uma de suas fases.

Finalmente, ainda no capítulo 4, são apresentadas as considerações finais da pesquisa - faz-se

um paralelo entre os objetivos e os resultados das pesquisas.


23

CAPÍTULO I – GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS

1.1 Gestão Empresarial

Antes da gestão empresarial torna-se necessário analisar o sentido de organização. Como ela

se comporta, sobrevive e dá retorno a seus acionistas ou proprietários. Segundo Pedroso

(2004, p. 199) ―Organização [...] significa um conjunto de órgãos ou um organismo, cujo

funcionamento está voltado para atingir um determinado fim previamente estabelecido,

constituindo-se assim esse conjunto de órgãos – num sistema‖. Desta forma, tem-se a

organização como um sistema interligado, amplo e sistêmico, com eficácia e eficiência. Certo

(2003) assim define eficácia e eficiência:

Eficiência é o grau em que os gerentes alcançam as metas da empresa: `fazendo


certo as coisas`. Eficiência é o grau em que os recursos da empresa contribuem para
a produtividade: `fazendo certo as coisas`. Revisar o desempenho da empresa com
base nestes parâmetros é essencial para alcançar o sucesso de qualquer organização.
(CERTO, 2003, p. 446)

Neste sentido, pode-se dizer que a gestão empresarial está embasada nas forças que interagem

para a maior produtividade organizacional. Estas forças estão ligadas diretamente com a

capacitação das pessoas para desempenhar suas atividades nas organizações. Na figura 1,

Certo (2003, p. 384) mostra os fatores que contribuem para a eficácia organizacional.
24

FATORES RELACIONADOS A PESSOAS


 Satisfação pessoal no trabalho
 Confiança mútua e espírito de equipe
 Boa comunicação
 Baixo conflito não resolvido e luta pelo poder
 Baixa ameaça, livre de falha, boa estabilidade no
emprego.
DESEMPENHO
EFICAZ
FATORES RELACIONADOS À ORGANZIAÇÃO  Idéias inovadoras
 Estabilidade organizacional e segurança no emprego  Metas cumpridas
 Gerência envolvida, interessada e disposta a dar apoio  Adaptável a mudanças
 Recompensas adequadas e reconhecimento de  Alto compromisso
realizações pessoal/de equipe
 Metas e prioridades estáveis  Altamente classificado
pelo gerenciamento
superior
FATORES RELACIONADOS A TAREFAS
 Metas claras, direções e planos de projetos.
 Direção e liderança adequada
 Autonomia e trabalho profissionalmente desafiadores
 Pessoal de equipe/projeto qualificado e experiente
 Envolvimento da equipe e visibilidade do projeto
 Destaque para o trabalho de equipe dentro da
organização

Figura 1- Fatores que contribuem para a eficácia organizacional


Fonte: Certo (2003, p.384)

Nota-se que o desempenho eficaz que almejam as organizações está incondicionalmente

ligado à qualidade de vida dos trabalhadores, que aqui se pode traduzir como segurança no

trabalho, confiança na liderança e prosperidade da organização. Esse tripé faz com que os

trabalhadores executem suas tarefas de forma certa e somente as tarefas certas.

Já Robbins (2004), conforme figura 2, é mais objetivo na definição de eficácia e eficiência

das pessoas nas organizações:

Eficácia e eficiência dizem respeito ao que está sendo feito e de que maneira.
Eficiência significa executar a tarefa corretamente e se refere ao relacionamento
entre as entradas e saídas. Eficácia significa fazer a tarefa certa; em uma
organização, ela é traduzida como alcance da meta. (ROBBINS, 2004, p. 7)
25

MEIOS FINS
EFICIÊNCIA EFICÁCIA

USO DOS RESURSOS


METAS

ALCANCE DAS METAS


BAIXO ALTO
DESEMPENHO ACANCE

Figura 2– Eficiência e eficácia


Fonte: Robbins (2004, p. 7)

A importância do destaque em eficiência e eficácia se dá pela importância destes fatores no

desenvolvimento desta pesquisa, que analisa o envolvimento das pessoas como fator principal

para melhorias contínuas no Plano de Gerenciamento de Resíduos de Saúde (PGRSS). É

mister destacar, se não houver eficiência e eficácia na realização das tarefas, por menor que

sejam, como coleta de descarte certo dos resíduos hospitalares, não terá eficácia todo o

PGRSS.

A gestão empresarial está voltada totalmente para a gestão estratégica, que tem como objetivo

a visão total dos processos da empresa. Estes processos é que darão vida à organização,

interagindo pessoas, material (matérias-primas), sobressalentes, máquinas e equipamentos e o

sistema de controle organizacional. Embora se não possa conceber uma organização sem

planejamento estratégico o mesmo não pode ocorrer eficazmente, se não houver uma gestão

estratégica. Segundo Costa (2002) há uma diferença clássica entre planejamento estratégico e

gestão estratégica:

[...] a diferença clássica entre o planejamento estratégico e a gestão estratégica está


exatamente na capacidade de fazer com que o cotidiano da empresa ―realize
especificamente as ações estratégicas‖ escolhidas. A Gestão pode ser vista como
26

um processo sistemático, planejado, gerenciado, executado e acompanhado sob a


liderança da alta administração, envolvendo e comprometendo todos os gerentes e
repuxáveis e colaboradores da organização. (COSTA, 2002, P.43-54)

Com esta diferença podemos dizer que a gestão faz cumprir as políticas e valores da empresa.

Por exemplo, ela (gestão) é responsável por colocar em prática a Missão da empresa,

elaborada no planejamento estratégico. Ter gestão é ter um processo sistêmico de

comportamentos e de tarefas previamente estudadas e planejadas, com todos os equipamentos,

e até movimentos necessários para a execução da mesma, assim como o estudo sobre

ergonômico e minimização dos custos, otimização de processos, acompanhamento, avaliação,

controle e estudo de melhorias contínuas dentre tantos outros elementos. A Gestão vai além

de cumprir procedimentos normativos e exigências legais. Ela leva o colaborador ao

comprometimento com o que faz, como faz e porque faz, através de treinamento e do

desenvolvimento de pessoas.

Essa visão de gestão permeia todas as modernas teorias gerenciais, norteando as ações

administrativas em busca do aperfeiçoamento contínuo. A busca de aperfeiçoamento contínuo

obriga a uma mudança de atitudes do gestor e das pessoas envolvidas no processo

organizacional.

1.2 Mudanças organizacionais e estilos de administrar

Com o avanço das teorias da administração, iniciando-se com a Administração Científica

(Taylor, 1911), que adota o método científico para determinar a melhor maneira de se fazer

um trabalho, Administração por Objetivos –APO, (Drucker, P. 1954), sistema em que os

objetivos específicos são determinados em conjunto pelos subordinados e chefias, cuja

recompensas são alocadas com base no progresso do sistema, as mudanças de estilos de

liderança, estilos de comando, do centralizador para o descentralizador, da administração


27

fechada para a administração participativa. Dos grandes estoques para estoques de linha de

produção, o Just in Time (JIT), do sistema empurrado para o sistema puxado (STP – Sistema

Toyota de Produção de Taiichi Ohno 1 (1997), a Reengenharia, (HAMMER, 1993), ―começar

de novo‖ a estrutura organizacional, e assim até os dias de hoje, notam-se inovações da

maneira de gestão e com esses avanços não há organização que seja competitiva se não

estiver preparada, constantemente, para as mudanças rápidas e eficientes. Com as mudanças

na gestão é necessário também, repensar o estilo de administrar uma organização voltada para

o sucesso e para a competitividade. Imediatamente as empresas, no Brasil, começaram a

pensar na Gestão da Qualidade, de J.M.Juran2 e Kaoru Ishikawa3 (início dos anos 80), como

ferramenta competitiva nas organizações. Embora esses sistema já se afirmavam nas

empresas européias, asiáticas e norte americanas, no Brasil, estavam começando a ser

difundidos. Em seguida, o fator competitividade já acrescentava outros sistemas de gestão,

que as empresas tiveram que se adequar rapidamente, como a Gestão Ambiental, a

Responsabilidade Social, Qualidade de Vida no Trabalho e estas transformações não terão

fim. É a mudança constante nas organizações que definirá as estratégias e competitividade das

organizações inovadoras e pró-ativas, empresas que aprendem a aprender (organização que

aprende – learning organization).

Segundo Hammer (1993) a reengenharia não trata apenas de fazer uma reforma na estrutura

organizacional:

A reengenharia não significa reformar o que já existe ou fazer


mudanças tímidas que deixem as estruturas básicas intactas.
Significa, isso sim, abandonar procedimentos consagrados e
reexaminar o trabalho necessário para criar os produtos e serviços de

1
T. OHNO é considerado o "pai" do Sistema Toyota de Produção.
2
J.M. JURAN - Especialista em administração da Qualidade. Juran ressaltou ainda a grande diferença entre criar
(Melhorias) e prevenir mudanças (Rotina).
3
K. ISHIKAWA - Pioneiro nas atividades de TQC no Japão.Professor da Universidade de Tóquio. Ishikawa
morreu em 1989.
28

uma empresa e proporcionar valores aos clientes. (HAMMER, 1993, p.


21)

A necessidade de mudanças na organização é ponto fundamental para a implantação de

qualquer novo sistema operacional ou normativo, como é o objeto desta pesquisa. Para

Tachizawa (2000, p.15) ―O processo de mudança organizacional começa com o surgimento

de forças que criam a necessidade de mudança em alguma parte ou algumas partes da

organização. Estas forças podem ser exógenas ou endógenas à organização‖. Para esta

pesquisa entende-se como ―forças que criam a necessidade de mudanças‖ a legislação em

vigor que obrigam os EAS a se adequarem ao novo processo de controle de resíduos

hospitalares. As mudanças devem ser planejadas em médio prazo, o que facilita a adaptação,

porém nem sempre é possível nas organizações hospitalares, devido ao grande número de

profissionais, individualizados em suas atividades e não comprometidos e envolvidos com o

todo.

Usou-se o termo comprometimento e envolvimento das pessoas no sentido definido por


Robbins (2001a):
Comprometimento é um estado no qual um funcionário se identifica com
determinada organização e suas metas e deseja continuar a ser seu membro‖. [...] o
comprometimento com a organização significa a identidade da pessoa com a
organização empregadora.
Embora não haja nenhum acordo total sobre o que significa envolvimento com o
trabalho, uma definição funcional afirma que o termo mede o grau em que uma
pessoa se identifica psicologicamente com seu trabalho e considera seu nível de
desempenho como importante na valorização de si mesma. (ROBBINS, 2001, p.
325)

Desta forma, entende-se que o envolvimento com o trabalho significa a identificação da

pessoa com seu trabalho específico e o comprometimento como a responsividade de fazer a

coisa certa, de forma certa, ou seja, realizar suas tarefas com eficiência e eficácia. Para que as

mudanças organizacionais (neste caso coleta seletiva e destino final dos resíduos) sejam
29

implantadas sem traumas e sem muitas resistências é necessário esse comprometimento e o

envolvimento de todas as pessoas da organização, assim como das empresas prestadoras de

serviços (terceiros) que executam serviços na organização.

Como diz Robbins, (2001c, p. 456) ―as resistências às mudanças continuam a ser uma

barreira básica que os gerentes precisam reconhecer e estar preparados para superar‖.

Considerando as exigências das circunstâncias, (legislações da ANVISA e CONAMA) o

gestor não tem escolha a não ser implementar, não só as mudanças necessárias, mas também

mudanças contínuas, preventivas, para avaliar constantemente o processo.

As normas (RDC´s) esbarram em mudanças de comportamento. Os profissionais de saúde são

capacitados para práticas profissionais (técnicas adquiridas em sua vida acadêmica). Quando

as mudanças legais são constantes, estas técnicas são atingidas. A resistência às mudanças é

um processo normal em qualquer organização e em todas as pessoas. As mudanças com que

estão passando os hospitais são evidentes, pois a ANVISA faz o seu dever de publicar normas

e fiscalizar sua implantação, cujas penalidades estão regulamentadas pela lei 6437 de 20 de

agosto de 1977. Portanto não há outra opção para os hospitais. A Gestão Ambiental começa a

ser tratada com seriedade nos hospitais. É justamente esse aprimoramento organizacional que

os hospitais estão buscando de forma a agregar valor aos serviços de saúde. A estrutura da

organização hospitalar já se direciona para uma estrutura voltada para o atendimento ao

paciente. A quebra de paradigmas em gestão hospitalar é fundamental para a realização e

implantação de um sistema ecologicamente correto no tratamento dos resíduos da área de

saúde.

Para a implantação da RDC 306 da ANVISA, que ―dispõe sobre o regulamento

técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde‖, e da Resolução RDC 358, do

CONAMA que ―dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de

saúde‖, os estabelecimentos de saúde, têm de planejar as mudanças necessárias para que a


30

implantação destas normas seja em clima de tranqüilidade, sem traumas para as pessoas. Com

estas Resoluções, os hospitais devem tomar consciência de que há uma política nacional de

resíduos e, principalmente, das exigências para a destinação final adequada dos RSS.

Segundo ROBBINS, (2001),

As organizações e seus membros resistem à mudança. Em certo sentido, sua


resistência pode ser positiva. Ela proporciona um grau de estabilidade e
previsibilidade e pode ser uma fonte de conflito funcional. Mas a resistência
também bloqueia o progresso e a adaptação. Muitas vezes, as organizações que
passaram por extensos períodos de sucesso são particularmente resistentes à
mudança. (ROBBINS, 2001, p. 455).

Nesta citação observa-se que a mudança organizacional traz um certo desconforto, uma

inevitável sensação de instabilidade das pessoas no sentido de não saber o que fazer no

primeiro momento e até mesmo se esta mudança irá abalar seu cargo e suas atividades.

Entretanto, se a organização trabalhar a mudança com responsabilidade, as barreiras serão

menores. Para isso é necessário que, antes de tudo, haja um bom diálogo e treinamento sobre

o que será mudado, como será realizada a mudança, quando será colocada em prática e

implantada, quem será o gestor desta mudança, quais as responsabilidades de cada pessoa

neste novo sistema. Este processo alivia as tensões e mostra maturidade do gestor para

administrar as inovações.

Para BARBIERI (2004),

A organização deve identificar as necessidades de treinamento. Ela deve determinar


que todo o pessoal cujas tarefas possam causar um impacto significativo sobre o meio
ambiente receba treinamento apropriado. A organização deve estabelecer e manter
procedimentos para que seus empregados ou membros, em cada nível ou função
pertinente, estejam conscientes da importância da conformidade com a política
ambiental, dos impactos ambientais significativos, reais ou potenciais, de suas
funções e responsabilidade em atingir a conformidade com a política ambiental e das
potenciais conseqüências da inobservância do cumprimento de procedimentos
operacionais. (BARBIERI, 2004, P. 163)
31

Antes de analisarmos a Gestão Ambiental sentimos a necessidade de refletir sobre a mudança

nas organizações, certos de que, sem mudanças, as organizações não implantam novos

sistemas, que é a pesquisa deste trabalho, onde veremos dificuldades e facilidades para

implantar o Plano de Resíduos de Serviços de Saúde. Segundo Robbins (2004, p. 145)

―Mudança é uma alteração no ambiente, na estrutura, na tecnologia ou nas pessoas de uma

organização‖.

Em Montana, P.J e Charnov B. H. (2005, p. 336) encontramos uma abordagem sistêmica para

administrar a mudança, apresentada na Figura 3.

Limitações

Internas Externas

Eventos Externos Idéia para a Desenvolver Analisar


Identificar
mudança mudança alternativas alternativas
raio de ação
Avaliação do problema
mudança

Selecionar Implementar Avaliar os


uma a mudança resultados
alternativa

Figura 3 - Uma abordagem sistêmica para administrar a mudança:


Fonte: Montana e Charnov (2005, p. 336)

Analisa-se na figura 3, dentro do quadro teórico desta pesquisa, a implantação do Plano de

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, que não se trata de uma idéia interna ou

externa; trata-se de obrigatoriedade legal, à qual, os hospitais terão que se adaptar. Temos um

raio de ação pleno, de toda a estrutura hospitalar, vamos encontrar limitações internas e

externas. As internas estão voltadas para o comprometimento das pessoas, dentro do hospital
32

e as externas, as legislações e o sistema de destino final dos resíduos hospitalares. Após a

implantação é de suma importância a avaliação contínua do sistema. Como já mencionado, o

processo de mudança inicia-se com a idéia da mudança. Mapeia-se o processo com a

finalidade de definir o raio de ação e que áreas sofrerão maior impacto com a mudança.

Gestor e subordinados trabalham em equipe para desenvolverem alternativas para a

implantação do novo sistema, técnica conhecida como brainstorming4. Após o brainstorming

realiza-se a análise das melhores alternativas apresentadas, seleciona-se a melhor alternativa

ou maneira de implementar uma mudança e a coloca em prática. A partir deste ponto passa-se

ao controle das atividades de mudanças com indicadores de performance no processo, onde

serão monitoradas as atividades que corrigirão falhas durante o processo e não no final das

atividades.

1.3 Desenvolvimento Sustentável

O termo Gestão Ambiental, a partir do qual se embasou esta pesquisa é entendido como

políticas e diretrizes organizacionais, e atividades administrativas e operacionais, como

planejamento, indicadores, direção, controles, programas de minimização de resíduos e

consumo racional de bens naturais e coleta seletiva do lixo e de resíduos industriais e de

prestadores de serviços, assim como a destinação ecologicamente correta destes resíduos,

auditorias em processos, plano de ação corretivo e outras ferramentas gerenciais que darão

sustentação ao SGA – Sistema de Gestão Ambiental, em organizações de transformação

(indústria), e de serviços, principalmente os EAS (Estabelecimentos Assistenciais de Saúde),

que para a pesquisa será tratado exclusivamente em hospitais.

4
Brainstorming: reunião ou sessão cujo objetivo é o de coletar idéias de todos os participantes, sem críticas ou
julgamento. Também é conhecido como ―tempestade de idéias‖ (SCHOLTES, P. 1992, p. 2-37).
33

No mundo dos negócios não se fala em competitividade organizacional e em empresas

empreendedoras, se estas não estiverem alinhadas com a Gestão Ambiental.

Segundo Tachisawa (2000),

O modelo de gestão ambiental tem como embasamento filosófico o enfoque


sistêmico, na qual compreensão do todo é mais importante que o mero
conhecimento das partes, e a instituição é considerada como um macrossistema. [...]
destaca-se a existência de um fluxo físico ou cadeia de agregação de valores, que se
origina nos fornecedores, repassa toda a organização e se encerra no cliente final.
(TACHIWASA, 2000, P. 100)

Pelas afirmações de Tachisawa, podemos dizer que a gestão ambiental forma uma cadeia de

valor integrada em todo o fluxo de influência da organização. Cabe às empresas de maior

poder econômico influenciar seus fornecedores e clientes a terem uma política ecológica

amplamente divulgada e implementada em suas organizações, ou seja, a comercialização de

bens de serviços e materiais passam a ser realizados dentro da cadeia de empresas com

responsabilidade ambiental. O ―SGA ISO 14001‖, ―SGQ – ISO 9001‖, ―sele verde5‖, assim

como ―empresa amiga da criança‖, entre outros, são diferenciais que indicam a preocupação

da empresa com a qualidade e integridade de seus produtos/serviços, empresas que buscam o

desenvolvimento sustentável com foco na responsabilidade social (ISO 16001) e qualidade de

vida de seus trabalhadores (norma SA 8000) 6. Esse diferencial passa a ser um marketing das

organizações e, por sua vez, o consumidor começa a se conscientizar da necessidade de

consumir produtos e serviços de empresas responsivas.

A Conferência de Estocolmo foi um divisor de águas para a gestão ambiental no mundo.

Pode-se dizer que havia uma mentalidade ambiental antes da conferência e outra após a

5
Selo Verde é um rótulo colocado em produtos comerciais, que indica que sua produção foi feita atendendo a
um conjunto de normas pré-estabelecidas pela instituição que emitiu o selo.
6
SA 8000, desenvolvida em 1997 e revisada em 2001 pela Social Accountability International - SAI, uma
organização não-governamental.
34

Conferência de 1972. O mundo foi alertado sobre as questões ambientais, até então pouco

divulgadas.

O Brasil enviou à conferência uma delegação de especialista ambientais, entre eles o sr.

Henrique Brandão Cavalcanti, Secretário Geral do Ministério do Interior que ―ao retornar ao

Brasil, promoveu a elaboração do decreto que instituiu em 1973 a Secretaria Especial do Meio

Ambiente. Esta iniciou as suas atividades em 14 de janeiro de 1974‖, segundo Neto7, no

artigo ―Conferência de Estocolmo‖.

Segundo Novaes8

A Declaração de Estocolmo (1972), aprovada durante a Conferência das Nações


Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que, pela primeira vez, introduziu na
agenda política internacional a dimensão ambiental como condicionadora e
limitadora do modelo tradicional de crescimento econômico e do uso dos recursos
naturais.

As primeiras iniciativas e atividades ambientais no Brasil foram tomadas após a Conferência

de Estocolmo, onde o governo brasileiro percebeu a oportunidade e a necessidade de criar

entidades com âmbito federal voltada para a orientação e preservação do meio ambiente.

Segundo Tachizawa (2000),

Em 30 de outubro de 1973 foi criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente


(SEMA). Tal iniciativa da área federal foi precedida pela criação da Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) (Lei nº 118, de 29 de junho de
1973), sendo logo em seguida instituído o Conselho Estadual de Proteção
Ambiental (Cepram), na Bahia, em 4 de outubro de 1973. (TACHIZAWA, 2000, p.
5),

Em pleno regime militar (1981), o então presidente João Batista de Figueiredo sanciona a lei

nº 6.902 de 21/04/81, que cria duas novas categorias de manejo: as Estações Ecológicas e as

Áreas de Conservação Ambiental. Neste mesmo ano sanciona, também, a Lei 6.938 (31/8/81),

7
NETO, Paulo Nogueira - Primeiro secretário da Secretaria Especial do Meio Ambiente (1974-1986), Formado
em Ciências Jurídicas e Sociais, bacharel em História Natural, doutor em Ciências e professor titular aposentado
de Ecologia Geral, no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
8
Eduardo Sales Novaes é secretário executivo do Instituto de Gestão Ambiental (IGA)
35

que dispõe sobre a Política nacional de Meio Ambiente que segundo Brito (1999, p. 66), esta

lei ―foi considerada um avanço na história do meio ambiente do Brasil, demonstrando um

amadurecimento das classes políticas com as questões ambientais do país‖.

Após 16 anos da Declaração de Estocolmo é promulgada a Constituição Federativa do Brasil,

(1988) que contempla o desenvolvimento sustentável, no artigo 255, que dá ao brasileiro o

direito de um ambiente saudável e ecologicamente equilibrado, ―Todos têm direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo

preservá-lo para as presentes e futuras gerações‖. É neste contexto que estamos refletindo

sobre as questões ambientais. Não basta ter o direito, é necessário o comprometimento das

pessoas (empresários) no desenvolvimento ecologicamente correto. A comunidade deve

participar e cobrar esse direito das empresas que estão na contra mão do sistema ecológico e

fazer cumprir os direitos de cidadãos comprometidos com a gestão ambiental e o

desenvolvimento sustentável.

Para SOESIMA,9
O desenvolvimento sustentável só tornou realidade no Brasil na década de 80 quando
surgiu a Política Nacional do Meio Ambiente, traduzida na Lei no 6938/1981, mas de
fato, o gerenciamento ambiental no Brasil teve inicio com a Resolução 001/86 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente, que instituiu os estudos e relatórios de
impacto.

A lei 6938 de 31/08/1981, (Anexo D), publicado no DOU em 02/09/1981, define no art. 2, o
objetivo da Política Nacional de Meio Ambiente:

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e


recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
condições ao desenvolvimento sócio econômico, aos interesses da segurança nacional
e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I - ação
governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente

9
* Ana Soesima - Professora do Curso de Administração – Administração Hospitalar das Faculdades São Camilo –
FASC – RJ.
36

como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em


vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III
- planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos
ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento
das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à
pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos
ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII -
recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X
- educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio
ambiente.

Assim como a Lei 6938, as leis ambientais brasileiras são de excelente qualidade, no tocante a

forma de se expressar e de se fazer entender. O que não se entende é o porquê da impunidade

para as organizações quer sejam do setor privado ou público, que geram o impacto ambiental.

Como aplicar um ―desenvolvimento sustentável‖ quando se incentiva a produção de

descartáveis em larga escala? Assim como é difícil entender os dez princípios desta lei

―educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade,

objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente‖. Realmente

precisa-se iniciar a cultura ambiental nas escolas de base, mas as barreiras para que ―todas as

crianças‖ tenham o conhecimento são maiores que a legislação ambiental. Barreiras

econômicas, sociais, e até mesmo vontade política de se implantar um ambiente sustentável

com proteção dos ecossistemas e proteção da dignidade e qualidade de vida humana, onde a

grande meta seja a minimização dos impactos ambientais nos projetos empresariais.

Segundo a NBR ISO 14001 (1996), podemos conceituar o Sistema de Gestão Ambiental

como a parte do sistema de gestão da organização que inclui estrutura organizacional,

atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos

para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a sua política ambiental

no sentido de minimizar ao máximo o impacto ambiental em suas atividades industriais e de

serviços. A ISO 14001 é um norteador para as empresas se adequarem ao sistema de gestão


37

ambiental comprometida com o controle e a redução dos impactos ambientais, porém há

necessidade que a empresa crie políticas de responsabilidades ambientais, para que seus

empregados sejam o dínamo propulsor do desenvolvimento sustentável. Embora criada em

1974, só em 1996 o Brasil teve sua primeira empresa certificada pela norma NBR 14001.

Segundo Rose,10 ―Esta norma foi introduzida no Brasil em 1996, ano em que foi certificada a

primeira empresa, a Bahia Sul, do setor de celulose.

Segundo o Prof. Bursztyn11 (2003) ―A idéia central dos Sistemas de Gestão Ambiental é usar

menos para produzir mais e com melhor qualidade‖.

Completando a visão do professor Brusztyn, a gestão ambiental está diretamente ligada ao

processo de produtividade responsável, agregando resultados econômicos, sociais e

ambientais às empresas. O que nos preocupa é o excesso de leis, normas, RDC´s, portarias,

ISO´s etc, que não se inter-relacionam entre si, e esta posição individualista confunde e

atrapalha o desenvolvimento ético e prático dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde –

EAS. Há excesso de leis e falta de controle e fiscalização competente e eficiente. Por

exemplo, a RDC 306, que revogou a RDC 33, teve o prazo de adequação das EAS

prorrogado por várias vezes. A RDC é publicada no DOU e dão-se 6 (seis) meses paras as

EAS se adequarem, sabendo que será impossível esta adequação. Daí o hábito de que para

tudo ―se dá um jeitinho‖, ou a data sempre será prorrogada. Este é uma das barreiras e

dificuldades para a implementação das RDC´s e de gestão ambiental nos Estabelecimentos

Assistenciais de Saúde.

A gestão ambiental é uma área do conhecimento que tem tido grande desenvolvimento nas

últimas duas décadas. A gestão ambiental representa, cada vez mais, uma forte e

indispensável ferramenta de qualidade, excelência em gestão, sobretudo na formação da

10
Rose R. - Diretor do Departamento de Meio Ambiente - Câmara Brasil-Alemanha
11
Marcel Bursztyn é diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília
(CDS/UnB). É pós-doutor em desenvolvimento econômico e social pela Escola de Altos Estudos em Ciências
Sociais da França.
38

imagem organizacional. Destaca-se como responsabilidade social da empresa, com uma

política séria de desenvolvimento sustentável. Para Brundtlad12 (1987), podemos definir

desenvolvimento sustentável como sendo ―aquele que atende às necessidades do presente sem

comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades‖.

A partir da definição de desenvolvimento sustentável pelo Relatório Brundtland 13, pode-se

perceber que tal conceito não diz respeito apenas ao impacto da atividade econômica no meio

ambiente. Desenvolvimento sustentável se refere principalmente às conseqüências dessa

relação na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade, tanto presente quanto futura.

Atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da sociedade formam o tripé básico no qual

se apóia a idéia de desenvolvimento sustentável‖.14

BRITO (1999) cita a parceria entre o poder público e a comunidade, interagindo forças para

minimizar os conflitos entre o desenvolvimento sustentável e a proteção ambiental:

A questão ambiental deve ser cuidada com a participação da sociedade como um


todo: governo e povo trabalhando unidos por uma gestão ambiental sustentada para
resolver conflitos de interesses divergentes, entre proteção ambiental e
desenvolvimento sustentável. É fundamental fazer funcionar o sistema de gestão.
(BRITO, 1999, P. 47).

Para Bruns15, não basta definir o que é Gestão Ambiental antes de entendermos a

interdisciplinaridade do tema, as questões culturais e o envolvimento de toda a estrutura

organizacional.

Gestão Ambiental visa ordenar as atividades humanas para que estas originem o
menor impacto possível sobre o meio. Esta organização vai desde a escolha das
melhores técnicas até o cumprimento da legislação e a alocação correta de recursos
humanos e financeiros. O que deve ficar claro é que "gerir" ou "gerenciar" significa
saber manejar as ferramentas existentes da melhor forma possível e não

12
Gro Brundtland, presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Relatório Nosso Futuro Comum.
13
"Relatório Brundtland", nome dado ao documento entitulado "Our Common Future", elaborado pela "World Commission on
Environmental and Development", Oxford University Press, 1987.
14
Artigo: ―Conceitos de desenvolvimento sustentável‖ - disponível em://www.economiabr.net/ , (sem autor). Acesso em 05,set,2005.
15
Giovana Baggio de Bruns - Engª Florestal, especialista em Gestão Ambiental através do European Master in Environmental
Management, EAEME - Kapodistrian University of Athens e Università degli Studi di Parma, Itália. Atualmente trabalha como
consultora ambiental na empresa de consultoria Silviconsult Engenharia Ltda, Curitiba, Paraná.
39

necessariamente desenvolver a técnica ou a pesquisa ambiental em si. Pode estar aí o


foco da confusão de conceitos entre a enorme gama de profissionais em meio
ambiente. Pois, muitos são partes das ferramentas de Gestão (ciências naturais,
pesquisas ambientais, sistemas e outros), mas não desenvolvem esta como um todo,
esta função pertence aos gestores ou gerentes ambientais que devem ter uma visão
holística apurada. Pode-se então concluir que a Gestão Ambiental é conseqüência
natural da evolução do pensamento da humanidade em relação à utilização dos
recursos naturais de um modo mais sábio, onde se deve retirar apenas o que pode ser
reposto ou caso isto não seja possível, deve-se, no mínimo, recuperar a degradação
ambiental causada. (BRUNS, sem data).

A mola propulsora das questões ambientais, segundo Donaire (1995) foi em 1987 quando a

ONU (Organização das Nações Unidas) publicou seu relatório ―Nosso futuro comum‖:

O conceito de desenvolvimento sustentável, que atende às necessidades do presente


sem comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas, é a nova
palavra de ordem desde que a Comissão Mundial sobre Meio ambiente
Organizacional das nações Unidas (ONU) publicou seu relatório ―Nosso futuro
comum‖, que teve sua inspiração na 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente, realizada em 1972, em Estocolmo, Suécia, onde o Brasil rejeitou
firmemente o propósito de adoção de padrões internacionais para proteção ambiental.
(DONAIRE, 1995, p. 28).

O desenvolvimento acelerado versus desenvolvimento gradativo, ético e ecologicamente

correto, não teve o debate sério na era do ―Milagre Brasileiro‖, ou até antecedendo este

período dominado pelas forças militares no poder, no fadado slogan ―Brasil - ame ou deixe-

o‖, onde o desenvolvimento a qualquer custo e parcerias nada patrióticas, com paises

capitalistas levaram o Brasil para o aceleramento industrial, não importando suas

conseqüências ambientais, sociais e humanas. Esta cultura ainda parece estar no cerne do

poder. Não se faz investimento capaz de solucionar os problemas nacionais, sobre questões

ambientais.

Como afirma Donaire (1995):

No Brasil, a gestão do meio ambiente caracteriza-se pela desarticulação


dos diferentes organismos envolvidos, pela falta de coordenação dos
40

diferentes organismos envolvidos, pela falta de coordenação e pela


escassez de recursos financeiros e humanos para o gerenciamento das
questões relativas ao meio ambiente. Esta situação é o resultado de
diferentes estratégicas adotadas em relação à questão ambiental no
contexto do desenvolvimento econômico do Brasil, como enfatiza
Monteiro (1981) ao afirmar que a economia brasileira, desde os tempos
coloniais, caracterizou-se historicamente por ciclos que enfatizavam a
exploração de determinados recursos naturais. (Donaire,1995, p. 32)

1.4 Gestão Ambiental

A gestão ambiental é complexa na sua amplitude, pois se aplica a uma grande variedade de

ações na sua aplicabilidade, assim como na abrangência do tema nas organizações, o

antagonismo entre o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento sustentável. Não basta

tomar conhecimento e aplicar as várias leis e normas ambientais acima de tudo a organização

necessita do comprometimento das pessoas e principalmente da alta direção para uma gestão

ambiental participativa e eficaz. Além disso, a gestão ambiental envolve muitas variáveis

como os fatores internos e externos da organização. Como interno destaca-se a coletividade e

unanimidade de toda a estrutura organizacional e ultrapassa as hierarquias de comando e

execução dos processos. O envolvimento das pessoas é o fator chave para o sucesso e da

eficácia da gestão ambiental. A gestão ambiental está na capacidade de cada colaborador

assumir a consciência da necessidade de participar ativamente do processo ambiental e que

esta participação extrapole os muros da empresa e passa a dotar o espírito ambiental em sua

casa, que discute com sua família os benefícios de termos uma gestão ambiental capaz de

garantir a sustentabilidade futura. Os fatores externos estão ligados diretamente ao macro

sistema que envolve a organização, como a comunidade, governo, sindicatos, sistema

econômico, mercado etc.

Para Souza (2000) a complexidade e a amplitude do termo gestão envolve muitas variáveis:
41

No que se refere ao tema meio ambiente, o termo ―gestão‖ assume um significado


muito mais amplo, pois envolve um grande número de variáveis que interagem
simultaneamente. Sendo assim, para gerenciar as atividades humanas sob o prisma
da questão ambiental, não se pode perder a visão do todo, a integração entre as
partes e o objetivo maior em que se insere a ação ou atividade que está se
desenvolvendo ou, em outras palavras, o que ela representa na globalidade da
questão ambiental. (Souza, 2000, p. 27).

Gestão ambiental na visão de Souza (2000):

CARACTERÍSTICAS ATIVIDADES
AMBIENTAIS

ANÁLISE
AMBIENTAL

MONITORAMENTO MEDIDAS
MITIGADORAS

Figura 4 – Sistema de gestão ambiental


Fonte SOUZA (1996, in SOUZA 2000)

Analisa-se a figura de Souza, acima, como sendo a análise ambiental o centro das atividades

que a circulam, onde se tem a atividade desenvolvida ou a serem desenvolvidas como o início

do processo de análise ambiental. São ali analisadas as viabilidades ecológicas do

empreendimento e/ou ação organizacional com relação ao potencial de impacto ambiental.

Dentro das características ambientais, analisa-se o perfil do meio ambiente, legislações, a

comunidade e o estudo de fauna e flora. Após essas análises faz-se o monitoramento de todo o

processo, através da análise ambiental e parte para as medidas mitigadoras com o intuito de

diminuir o mal (impacto ambiental) ou atenuar as ações de degradação do meio ambiente.

Na visão de Barbieri, (2004) a gestão ambiental empresarial é suportada pelo tripé: governo,

Sociedade e Mercado, (figura 5) que reafirma o pensamento de SOUZA (2000) acima citado,
42

acrescentando a comunidade como forma de pressão e para uma legislação mais severa e para

que as organizações se comprometem com a gestão ambiental:

[...] espera-se que as empresas deixem de ser problema e sejam partes das soluções.
As preocupações ambientais dos empresários são influenciadas por três grandes
conjuntos de forças que se interagem reciprocamente: o governo, a sociedade e o
mercado. Se não houver pressão da sociedade e medidas governamentais não se
observaria o crescente envolvimento das empresas em matéria ambiental. As
legislações ambientais geralmente resultam da percepção de problemas ambientais
por parte se segmentos da sociedade e que pressionam os agentes estatais para vê-
los solucionados. (BARBIERE, 2004, p. 99).

GOVERNO

MEIO AMBIENTE

EMPRESA

SOCIEDADE MERCADO

Figura 5 – Gestão Ambiental empresarial – Influências


Fonte: Barbiere (2004, p. 99)

O governo influencia a organização através da legislação, fiscalização e controle, através dos

órgãos ambientais, federais, estaduais e municipais. A comunidade, como já comentado, faz

seu papel na cobrança de melhorias ambientais e a não poluição, enquanto o mercado

pressiona para que se compre somente de empresas que tenham o comprometimento

ambiental nos processos industriais e de serviços.

Para Backer (1995), é mais responsável administrar as questões ambientais do que proteger ou

defender a natureza: ―[...] querer proteger ou defender a natureza tem menos sentido do que

querer administrá-la de maneira responsável e, a partir daí, querer integrar nela a gestão

responsável da empresa‖. (Backer, 1995, 1).


43

Os efeitos do ser humano na face da terra trazem conseqüências que a própria natureza não

consegue recompor. Para Barbieri (2004) o ser humano difere dos outros seres vivos até pela

inconseqüência de seus atos:

Como qualquer ser vivo, o ser humano retira recursos do meio ambiente para
prover sua subsistência e devolve as sobras. No ambiente natural, as sobras de um
organismo são restos que ao se decomporem devolvem ao ambiente elementos
químicos que serão absolvidos por outros seres vivos, de modo que nada se perde.
O mesmo não acontece com as sobras das atividades humanas, [...] denominado
genericamente de poluição. (BARBIERI, 2004, p. 15).

Tachizawa (2005)16 comenta sobre algumas vantagens das empresas investirem na gestão

ambiental, bem como a conscientização da população em adquirirem produtos de empresas

responsáveis, em recente artigo publicado:

Diante de tais transformações econômicas e sociais uma indagação poderia emergir.


A questão ambiental e ecológica não seria um mero surto de preocupações
passageiro que demandariam medidas com pesado ônus para as empresas que a
adotarem? Pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria - CNI e do
Ibope mostra o contrário. Revela que 68% dos consumidores brasileiros estariam
dispostos a pagar mais por um produto que não agredisse o meio ambiente.

Dados obtidos no dia-a-dia evidenciam que a tendência de preservação ambiental e


ecológica por parte das organizações deve continuar de forma permanente e
definitiva onde os resultados econômicos passam a depender cada vez mais de
decisões empresariais que levem em conta que:

a) não há conflito entre lucratividade e a questão ambiental;


b) o movimento ambientalista cresce em escala mundial;
c) clientes e comunidade em geral passam a valorizar cada vez mais a proteção do
meio ambiente;
d) a demanda e, portanto, o faturamento das empresas passam a sofrer cada vez
mais de pressões e a depender diretamente do comportamento de consumidores que
enfatizarão suas preferências para produtos e organizações ecologicamente corretas.

Tachizawa, Tekeshy, Gestão ambiental e o novo ambiente empresarial, disponível em


16

<http://www.rhcentral.com.br/artigos/abre_artigo.asp?COD_TEMA=369,> acesso em 03,fev,2005.


44

A gestão ambiental, além de ser uma responsabilidade social das organizações, é uma

ferramenta gerencial, como afirma Tachizawa (2005), ―A gestão ambiental, enfim, torna-se

um importante instrumento gerencial para capacitação e criação de condições de

competitividade para as organizações, qualquer que seja o seu segmento econômico‖.

Na figura 6 Barbieri (2004), destaca alguns critérios de classificação das fontes poluidoras

como as origens que podem ser natural e antropogênica, cujas fontes podem ser móveis ou

fixas e/ou estacionárias, assim como a emissão que pode ser pontual ou difusa, cujos

poluentes físicos, químicos, biológicos, radiativos, sonoros etc, afetam o ecossistema e tem a

atividade humana como uma destas fontes de poluição, como nas atividades de agricultura,

geração de energia, mineração, indústria, saúde, transporte e outras. Todas atividades como

fator gerador de poluição ambiental. Para cada fonte de poluição há o meio receptor que se

resume no ar, água, e solo, indo terminar no ecossistema. Analisam-se, também, nesta figura,

os impactos de cada fonte geradora de resíduo que podem ser divididas em alcance (local,

regional e global), os danos causados na natureza, no ser humano, enfim, no ecossistema

como um todo. E a partir daí analisam-se os tipos de impactos causados no sistema ambiental.

A Gestão Ambiental é mais do que a simples preocupação com a natureza. O Glossário

Ecológico Ambiental – CETESB (sem data) traz uma boa definição de meio ambiente, ou

seja:

Gestão Ambiental é tudo o que cerca o ser vivo, que influencia e que é
indispensável à sua sustentação. Estas condições incluem solo, clima, recursos
hídricos, ar, nutrientes e os outros organizamos. O meio Ambiente não é apenas
constituído do meio físico e biológico, mas também do meio sociocultural e sua
relação com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem‖.

A Gestão Ambiental deve fazer parte, também, do Plano Diretor dos municípios, assim como

faz parte do Planejamento Estratégico das empresas. Os gestores de cidades, como prefeitos,

secretários e vereadores são responsáveis pela implantação e consolidação dos projetos de


45

saneamento público, também chamado de saneamento básico, tanto urbano como rural. O

descaso das autoridades municipais com relação a este assunto faz com que as cidades

cresçam desordenadamente e, em conseqüência, o ambiente é agredido sistematicamente pela

própria comunidade.

IMPACTO SOBRE O MEIO


FONTES DE POLUIÇÃO MEIO RECEPTOR
AMBIENTE
ORIGEM: IMEDIATO ALCANCE
 Natural  local
 Antropogênica  Ar  regional
FONTE:  global
 Móvel  Água
 Fixa ou estacionária DANOS
EMISSÃO:  Solo Aos seres humanos:
 Pontual  Toxidade aguda
 Difusa  Toxidade crônica
POLUENTE: FINAL  Alterações genéticas etc.
 Físico-Físico-químico
 Biológico, Radiativo,  Organismos À flora, à fauna e aos solos,
sonoro etc. aos materiais, construções,
ATIVIDADE HUMANA:  Materiais equipamentos, monumentos e
 Agricultura sítios históricos e arqueólogos

 Geração de energia  Ecossistemas etc.

 Mineração TIPOS DE IMPACTOS

 Indústrias Eutrofização

 Saúde Acidificação
Destruição da camada de ozônio
 Transporte
Perda de biodiversidade
Aquecimento global etc.
Figura -6 - Poluição – Alguns critérios de classificação
Fonte: Barbieri (2004, p. 16)

Poços de Caldas tem o ―privilégio‖ de ter aproximadamente, segundo dados do Departamento

Municipal de Água e Esgoto, ―98% (noventa e oito por cento) do município tem coleta dos

esgotos sanitários‖ tratados. A concessionária do sistema é o Departamento Municipal de

Água e Esgoto (DMAE) que ―contempla 100% da distribuição de água para toda a população
46

urbana do município.‖17. O modelo de gestão ambiental defendida por Tachizawa (2000),

contempla o enfoque sistêmico, onde as forças ambientais interajam de forma coesa dando

sustentação ao sistema global de gestão ambiental. A operação dos processos industriais deve

estar interagindo com as demais funções ambientais no que se refere à minimização de

descarte de sobras de produção, resíduos dos processos, uso racional de energia e matérias

primas, de forma a se alinhar com os objetivos da organização e obter uma produção mais

limpa. A operação, assim como a política estratégica ambiental, deve ter uma sinergia com o

meio ambiente, o que facilitará o gerenciamento ecológico. Desta forma, cria-se o enfoque

sistêmico da gestão ambiental apresentada na figura 6. Para Tachizawa (2000) a segmentação

dada pelas organizações com relação à gestão ambiental é um dos grandes problemas

enfrentados para uma gestão compartilhada por toda a organização.

Um dos grandes problemas com que se defrontam as organizações é que a visão

que a maioria tem delas mesmas é extremamente segmentada, setorizada ou

atomística. Isto leva a conflitos e divergências operacionais que minimizam a

resultante dos esforços. O que se deve procurar adotar em uma organização é uma

visão sistêmica, abrangente, holística, que possibilitaria visualizar as relações de

causa e efeito, o início, o meio e o fim, ou seja, as inter-relações entre recursos

captados e valores Poe ela obtidos. (TACHIZAWA, 2000, p. 89)

17
Fonte: DMAE: <www.dmae.com.br>, acesos em 02.ago.2005.
47

MEIO AMBIENTE

GESTÃO ESTRATÉGICA

GESTÃO AMBIENTAL-
GERENCIAMENTO ECOLÓGICO

OPERAÇÕES

Figura 7 – Enfoque sistêmico da gestão ambiental


Tachizawa (2000, p. 89)

1.5 Educação Ambiental - EA

A educação ambiental é fundamental em todos os níveis, para a sensibilização e capacitação

da população em geral sobre os problemas ambientais. Com ela, busca-se desenvolver

técnicas e métodos que facilitem o processo de tomada de consciência sobre a gravidade dos

problemas ambientais e a necessidade urgente de nos debruçarmos seriamente sobre eles.

[...] desenvolver uma população que seja consciente e preocupada


com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados.
Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes,
motivações e compromissos para trabalhar, individual e
coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e
para a prevenção dos novos. (Capítulo 36 da Agenda 21)18.

18
Agenda 21: É o principal documento da Rio-92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento Humano
48

Para Marcatto (2002), em obra editada pela FEAM (Fundação Estadual do Meio Ambiente), a

educação ambiental deve atingir toda a população brasileira, para que todos possam participar

ativamente no processo de melhoria contínua do processo ambiente limpo e do

desenvolvimento sustentável:

Considera-se como objetivo da educação ambiental atingir o público em


geral.Parte-se do princípio de que todas as pessoas devem ter oportunidade de
acesso às informações que lhes permitam participar ativamente na busca de
soluções para os problemas ambientais atuais. Didaticamente, divide-se as
demandas de Educação Ambiental em duas categorias básicas: Educação Formal:
Envolve estudantes em geral, desde a educação infantil até a fundamental, média e
universitária, além de professores e demais profissionais envolvidos em cursos de
treinamento em Educação Ambiental. Educação Informal: Envolve todos os
segmentos da população, como por exemplo: grupos de mulheres, de jovens,
trabalhadores, políticos, empresários, associações de moradores, profissionais
liberais, dentre outros. (MARCATTO, 2002, P. 14),

A Educação Ambiental é vista pela conferência de Tbilisi 19 como algo muito mais amplo,

devendo-se analisar as questões sócio-econômicas do ambiente como as mazelas, fome,

miséria entre outros fatores:

Não se pode compreender uma questão ambiental sem as suas dimensões políticas,
econômicas e sociais. Analisar a questão ambiental, apenas do ponto de vista
"ecológico", seria praticar um reducionismo perigoso, onde as nossas mazelas
sociais (concentração de renda, injustiça social, desemprego, falta de moradias e de
escolas para todos, menores abandonados, fome, miséria, violência e outras) não
apareceriam. Estas mazelas, por sua vez, são criadas pelo modelo de
desenvolvimento econômico adotado, que visa, apenas, à exploração imediata,
contínua e progressiva dos recursos naturais ( e das pessoas), cujo lucro de uso
predatório vai para as mãos de uma pequena parcela da sociedade. Assim,
privatizam-se os benefícios (lucros) e socializam-se (distribuem-se) os custos (todo
o tipo de degradação ambiental) A decisão política está por trás de tudo. A EA
deverá fomentar processos de participação comunitária que possam, efetivamente,
interferir no processo político.

19
A Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (Conferência de Tbilisi) foi realizada
em Tbilisi, capital da Georgia,CEI (Ex-URSS), de l4 a 26 de outubro de l977, organizada pela UNESCO, em
cooperação com o PNUMA e constituiu-se num marco histórico para a evolução da EA.
49

A Educação Ambiental para Dias (1998), passa, antes de tudo, pela cultura de nossos

ancestrais, tanto para o lado positivo como para o lado negativo da questão. Temos (Brasil)

velhos hábitos culturais da cultura rural, onde a vida era simples e quase tudo que se consumia

vinha in natura da terra, portanto tudo poderia ser revertido para a terra. Os tempos mudaram,

mas nossas culturas permaneceram como antes. Com o advento da industrialização e do

capitalismo de consumo, a população iniciou o processo de consumir e esbanjar descartáveis

que simplesmente são jogados para serem absolvidos pela terra. Não houve, paralelamente ao

progresso, a divulgação e o ensinamento dos males causados pelos descartáveis. Não era

interessante dizer que alguns produtos como o alumínio, ou seja, uma lata de alumínio demora

mais de 100 anos para se decompor na natureza. O plástico das garrafas "pet" de refrigerante,

que são descartadas na rua ou na natureza demora de 200 a 450 anos para se decompor na

natureza. O aço usado nas agulhas leva até 100 anos para sua decomposição.

Dias (1998) apresenta o diagrama quadridimensional do ambiente total e seus aspectos. Nota-

se que o ambiente não está isolado, é cercado por vários fatores, como o político, social, ético,

entre outros. (Figura 8)

Tratar a questão ambiental abordando apenas um de seus aspectos – o ecológico –


seria praticar o mais ingênuo e primário redundismo. Seria adotar o verde pelo
verde, o ecologismo, e desconsiderar de forma lamentável as raízes profundas as
nossas mazelas ambientais, situadas nos modelos de desenvolvimento adotados sob
a tutela dos credores internacionais. (DIAS, 1998, P.26).

A visão de gestão do diagrama ilustra que todos os fatores, interno e externo, à organização

precisam estar interagindo entre si e que as forças organizacionais convergem para o mesmo

objetivo. Estas não podem ser analisadas isoladamente, a organização não é um departamento

ou setor, e sim a interação e integração ou a multi-disciplinaridade de fatores convergindo

para um lugar comum que é o objeto, o negócio da organização. A gestão ambiental não pode

ser apenas um apêndice da organização, mas um órgão com estrutura e autonomia na tomada

de decisão.
50

Políticos Éticos Sociais

Tecnológicos
Econômicos Científicos

Ecológicos
Culturais

Figura 8 - Ambiente Total e seus aspectos (o modelo do tecido celular)-


Fonte: Dias (1998, p. 26).

As organizações têm um papel fundamental para a educação ambiental, levando essa cultura

de minimização de uso dos recursos naturais, uso adequado dos descartáveis, descarte seletivo

de lixo, incentivo à reciclagem etc, assim como as escolas de ensino básico, públicas e

privadas. Esta responsabilidade ambiental, que também é responsabilidade social, faz com

que aos poucos o cidadão brasileiro se sensibilize o suficiente para levar em frente o acordo

assinado na Agenda 21, que é a implantação obrigatória do estudo do meio ambiente nas

escolas de base. O tema está colocado nas escolas, como disciplina transversal e não de

obrigatoriedade, conforme afirma a Profª. Bueno 20 (2002),

O tema transversal Meio Ambiente deve ser trabalhado de forma implícita nas
questões diárias de cada disciplina escolar. Precisamos entender o meio ambiente
como resultado de todas as ações humanas. Isso é um contra-senso do MEC
(Ministério da Educação). O tema transversal colocado nos Parâmetros Curriculares
veio a reboque da Agenda 21, Então, o MEC transformou esse tema (do meio
ambiente) como transversal, o que não exigiria alguém especializado dando aulas
de uma disciplina chamada meio ambiente. Essa foi uma saída do governo
brasileiro. De qualquer maneira, foi sendo desenvolvido nas escolas muito
precariamente porque a partir de um tema transversal tem-se ou não
obrigatoriedade de usá-lo. [...] A minha crítica é que o livro didático está sempre
fragmentado. O meio ambiente não pode mais ser visto se não for de uma maneira

20
Profª. Tânia Regina Moura Bueno, assessora pedagógica da OAK . A OAK Educação & Meio Ambiente é uma empresa privada, criada em
1998, com o objetivo de transformar conhecimentos científicos em produtos e metodologias capazes de contribuir para a tarefa de educar
para a conservação e a preservação do meio ambiente.
51

interdisciplinar ou até transdisciplinar. Não se pode abordar o meio ambiente se não


falarmos de ética, de cidadania, de valores, de qualidade de vida. (BUENO, 2002)

Nesta entrevista, percebe-se o descuido da educação ambiental nas escolas brasileiras e como

tão pouco está organizado e estruturado o ensino ambiental. Na verdade, a questão ambiental

deve transpor as paredes das escolas de forma a agregar valor ao conhecimento do aluno já no

ensino básico e que haja uma interdisciplinaridade fortalecendo o tema para que o aluno possa

levar para casa conhecimento adquirido e compartilhá-lo com seus familiares, que seja da

forma mais simples como a economia da água, da energia, da separação dos resíduos etc.

1.6 Meio Ambiente

Segundo Coimbra (2002), o meio ambiente é um grande e complexo conjunto de fatores e

processos:

Meio Ambiente é aquele conjunto amplo de fatores e processos de realidades


complexas em que os indivíduos e as comunidades estão imersos. O ambiente
rodeia de forma permanente e cambiante os seres vivos e não vivos que o
compõem, notadamente o homem. [...] No Meio Ambiente, temos que o ―meio‖
como um lugar, um ponto qualquer onde atuamos de alguma forma, positiva ou
negativamente. Estando no ―meio‖ estaremos cercados por todos os lados pelo
sistema ecológico, é como olharmos uma ilha. Ela é modificada pelo todo (mar) e
por sua vez altera e modifica o todo. Assim podemos situar dentro do ambiente.
Onde nossas ações são refletidas no ambiente e vice-versa. . (COIMBRA, 2002, P.
18).

Coimbra (2002) define a palavra ambiente como dois vocábulos latinos:

A palavra ambiente é composta de dois vocábulos latinos: a preposição amb(o), ao


redor, à volta, e o verbo ire, ir que se fundem numa aritmética muito simples, amb
+ ire = ambire. Desta simples operação resulta uma soma importantíssima, ir à
volta. Ambiente, pois, é tudo que vai à volta, o que rodeia determinado ponto ou
ser. Ambiente começou como participo presente do verbo ambire (ambiens,
ambientis), passou a ser adjetivo para assumir depois, em casos precisos como o
52

nosso, a a gloriosa posição de substantivo, designado em entidade que vai à volta


de um determinado ser mas que existe em si mesmo. (Coimbra 2002, p.18).

Segundo art. 3º da Lei 6.938 entende-se por meio ambiente:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem


física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas; II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das
características do meio ambiente; III - poluição, a degradação da qualidade
ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a
saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às
atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as
condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia
em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Nota-se a inter-relação de inúmeras variáveis que interagem para formar o meio ambiente

saudável e sustentar uma qualidade de vida a todos os seres e em todas as suas formas. De

todas as formas de vida no planeta, o homem é o único que altera sensivelmente esse cenário

em busca de um progresso insustentável. Para a NBR ISO 14.001 (1996, 3.2) o meio ambiente

de uma empresa é: ―Circunvizinhança em que a empresa opera, incluindo ar, água, solo,

recursos naturais, fauna, flora, seres humanos e suas inter-relações‖.

A Resolução SMA 31, instituída pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, é

uma prova de que a questão dos resíduos de serviços de saúde (RSS) precisa estar

estritamente ligada ao meio ambiente.

Carvalho (2004) comenta o texto da SMA31 do Estado de São Paulo:

O texto da nova legislação paulista enfatiza a necessidade de se disciplinar as ações


de controle relacionadas ao tratamento e disposição final desse tipo de resíduo, fato
que não recebe a mesma atenção na Resolução RDC 306 da ANVISA (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária).
SMA 31 trata os estabelecimentos de serviços de saúde como geradores de uma
grande quantidade de resíduos que, se dispostos em locais inadequados ou tratados
de forma indevida, contribuem para a degradação da qualidade ambiental e causam
prejuízos à saúde pública. ―Os outros estados brasileiros também deveriam se
atentar a esse conceito‖. No Brasil, apenas cerca de 25% dos resíduos sólidos são
53

enviados a aterros sanitários comprovadamente operados de maneira


ambientalmente correta e completa. Isso mostra que o país ainda está longe de
alcançar uma situação aceitável em termos de destinação final.

Conforme afirma Povinelli,

Essa forma de disposição (depósito de lixo a céu aberto, ou lixão) facilita a


proliferação de vetores (moscas, mosquitos, baratas, ratos), geração de maus
odores, poluição das águas superficiais e subterrâneas pelo lixiviado, água de
chuva, além de não possibilitar o controle dos resíduos que são encaminhados para
o local de disposição. (1999, p.17)

1.7 Estudo de impacto Ambiental – EIA

Resolução 001/86 do CONAMA: Art. 5º define as diretrizes do Estudo de impacto ambiental:

Artigo 5º - O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação, em


especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio
Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais:
I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto,
confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;
II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases
de implantação e operação da atividade;
III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos
impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os
casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza;
lV - Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em
implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.

O impacto ambiental é definido pela Resolução 001/86 do CONAMA: Art. 1º:

Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,


químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a
saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas, a
biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, a qualidade dos recursos
ambientais. (RESOLUÇÃO 001-CONAMA, 1986).
54

Ainda no art. 1 da resolução 001/86 do CONAMA, o impacto ambiental pode afetar: ―(1) a

saúde, a segurança e o bem estar da população; (2) as atividades sociais e econômicas; (3) a

biota; (4) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (5) a qualidade dos recursos

ambientais‖.

Para a NBR ISSO 14001/96, o impacto ambiental é ―qualquer modificação do meio ambiente,

adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, dos produtos ou

serviços de uma organização‖.

As organizações devem estudar e monitorar e analisar, com indicadores de performance, os

impactos ambientais é de seus processos e resíduos, assim como avaliar as conseqüências de

suas ações, para que possa haver uma melhoria contínua nos processos, de forma a minimizar

esses impactos e desenvolver tecnologias para prevenção da qualidade do ecossistema. O

estudo do impacto ambiental inicia-se no projeto da planta de uma fábrica e percorre toda a

cadeia de suprimento, processo e descarte final dos resíduos e das embalagens. É a co-

responsabilidade do gerador pelo o que é gerado. A resolução 001 de 1986 do CONAMA

estabelece no art 2 as condições básica para o estudo de impacto ambiental e as exigências

legais para a implantação de um projeto industrial, através do Relatório de Impacto Ambientai

- RIMA;

Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo


relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão
estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de
atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II - Ferrovias;
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV - Aeroportos, [...]
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos
sanitários;
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV [...];
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de
Mineração;
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou
perigosos;
55

Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia


primária, acima de 10MW[...];
XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos,
siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de
recursos hídricos);
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais;
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha [...]
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de relevante
interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais
competentes;
XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez
toneladas por dia.

Portanto, nota-se a importância do EIA nas organizações, principalmente naquelas que usam

no processo produtivo ou nos serviços, produtos considerados perigosos e/ou contaminantes e

que podem transmitir doenças e infecções à população.

Impacto ecológico

Segundo definição da Secretaria do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, impacto ecológico

―refere-se ao efeito total que produz uma variação ambiental, seja natural ou provocada pelo

homem, sobre a ecologia de uma região, como, por exemplo, a construção de uma represa‖.

Toda atividade humana gera resíduos. Automaticamente esses resíduos geram impactos no

meio ambiente e, conseqüentemente, no ecossistema. Para minimizar o impacto ambiental,

antes de tudo, tem-se a necessidade de estudá-lo de forma a analisar seus efeitos no solo, ar e

na água.

Segundo Barbieri (2004, p. 246) o estudo dos impactos constitui um instrumento de gestão

ambiental:

Para reagir sobre os impactos ambientais é necessário conhecê-los, daí a


necessidade de estudá-los, tanto os que resultam das atividades humanos em curso,
quanto os que pode vir ocorrer no futuro em decorrência de novos produtos,
serviços e atividades. [...] o estudo dos impactos constitui um instrumento de
gestão ambiental sem o qual não seria possível promover a melhoria dos sistemas
produtivos em matéria ambiental.
56

A conscientização sobre o impacto ambiental é a única maneira de termos um habit capaz de


sustentar o desenvolvimento aceitável. Para isso é necessário que os órgãos públicos e
empresários repensem as atividades de desenvolvimento, elaborando projetos sob a ótica da
legislação brasileira, como a Lei 6938 que dá poder ao CONAMA de fiscalizar projetos ou
sugerir alternativas, antes de serem licenciados e/ou aprovados pelos órgãos competentes:

No art. 8, item II, a Lei 6.938: compete ao CONAMA:

Determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das


possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando
aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as
informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e
respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação
ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional;

Saneamento

Coimbra (2002) define saneamento:

Saneamento é o processo de tornar são um elemento qualquer. Tornar são


significa, por sua vez, trabalhar sobre um determinado elemento e deixá-lo sadio,
ou seja, adequado à saúde de um ser vivo, particularmente ao bem-estar do
organismo humano. Por conseguinte, entre os vários elementos que interessam à
vida, sadio é o que contribui para a saúde das espécies vegetais e animais, a tal
ponto que a espécie humana seja beneficiada de maneira eminente. (COIMBRA,
2002, p. 13)

O Saneamento ambiental já não é executar o básico para nas comunidades. Seu leque de

atuação passou a ser o macro ambiente, o efeito no ecossistema, como a água, ar, solo como

corpos receptores dos impactos das atividades humanas nocivas aos ecossistemas, com o

objetivo de preservar a qualidade de vida no planeta terra.

Ecossistema
57

O ecossistema, para Coimbra (2002, p.5) viria a ser a ―disposição conjunta dos seres de um

determinado meio‖ (do grego: oikos, casa + systema, disposição, conjunto).

Id (2002) faz uma boa comparação entre o ecossistema e um sistema computacional. Embora

ele mesmo diga que ―toda comparação é manca ou claudicante‖. Nós, enquanto dependentes

do ambiente onde vivemos, devemos tomar mais cuidado, e conseqüentemente maior

responsabilidade com as ―entradas‖ que jogamos no solo, pois as ―saídas‖ serão as

conseqüências de nossas interferências no ambiente.

Ecossistema é um complexo físico-biológico controlado, também dinâmico e


cambiante, Sempre que se altera sua posição quali-quantitativa forma-se outro
ecossistema, por isso, a expressão ―romper o equilíbrio ecológico‖ é bastante
relativa: quando se rompe um sistema, outro tem início. Nunca procure um
equilíbrio ecológico estático: ele é dinâmico, porque a vida mesma é dinâmica
(Coimbra 2002, p.18).

O dinamismo do ecossistema é relativo ao tempo em que um determinado produto tem para se

decompor na natureza, razão pela qual há a necessidade de nos preocuparmos pela educação

ambiental, no sentido de agilizarmos o processo de coleta seletiva, transporte e destinação

final de nossos resíduos. A resposta dos outputs serão de acordo com os inputs que colocamos

na terra.

Com o êxodo rural na década de 60 e com o advento da industrialização do país, houve

grande mudança no habitat brasileiro. O Brasil que era até então uma população ruralista,

passou a ser uma população urbanística e conseqüentemente consumista, alterando o habitat

de forma agressiva e abrupta.

Habitat
58

Habitat, segundo Coimbra (2002, p.18), ―é o lugar onde uma espécie pode cumprir todas as

suas funções biológicas. Seria o complexo ambiental ocupado por uma espécie particular. O

habitat por excelência da espécie humana, no mundo moderno, é a cidade‖.

1.8 Resíduos

Neste tópico pesquisaram-se várias definições e tipos de resíduos com visão global dos

resíduos, onde de uma forma ou de outra, todas as definições convergem para o mesmo ponto:

resíduo é todo o material descartado pelo homem no meio ambiente. Várias são suas formas e

maneiras de descartes. Decidiu-se apresentar, nesta pesquisa, definições, comentários de

pesquisadores e da legislação brasileira sobre o assunto:

Segundo o Glossário Ambiental da SEMA (Secretaria Estadual do Meio Ambiente, do Estado

do Rio Grande do Sul) resíduos são:

Materiais ou restos de materiais cujo proprietário ou produtor não mais considera


com valor suficiente para conservá-los. Alguns tipos de resíduos são considerados
altamente perigosos e requerem cuidados especiais quanto à coleta, transporte e
destinação final, pois apresentam substancial periculosidade, ou potencial, à saúde
humana e aos organismos vivos. (GLOSSÁRIO AMBIENTAL da SEMA-
Secretaria Estadual do Meio Ambiente-RS)

Para o Glossário Ecológico Ambiental da CETESB, (Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo), são considerados resíduos sólidos:

Resíduos Sólidos: Também conhecidos popularmente como lixo, são despejos


sólidos, restos, remanescentes putrescíveis e não putrescíveis (com exceção dos
excrementos) que incluem papel, papelão, latas, material de jardim, madeira, vidro,
cacos, trapos, lixo de cozinha e resíduos de indústria, instrumentos defeituosos e até
mesmo aparelhos eletrodomésticos imprestáveis. (GLOSSÁRIO ECOLÓGICO
AMBIENTAL – CETESB)
59

Conforme Gomes21, os resíduos podem ser divididos em vários tipos, entre eles citamos:

 Resíduo: denominação dada ao que resta de qualquer substância


 Resíduo degradável - resíduo passível de ser decomposto pela ação de
agentes de biodegradação ou por processos físico-químicos, de maneira
relativamente rápida. São exemplos, o esgoto doméstico, cargas térmicas, etc.
 Resíduo industrial - resíduo procedente de diferentes áreas do setor industrial,
gerado durante o processo de transformação da matéria-prima e, portanto, de
constituição muito variada.
 Resíduo não-degradável - resíduo que pode ser diluído ou alterado na sua
forma, mas não significativamente reduzido na sua massa. São exemplos os produtos
químicos inorgânicos, produtos orgânicos sintéticos, sólidos inorgânicos em
suspensão, etc.
 Resíduo perigoso - resíduo que, devido às suas características (toxicidade,
corrosividade, patogenicidade, reatividade e inflamabilidade) pode apresentar risco à
saúde pública e/ou efeitos danosos ao meio ambiente.
 Resíduo sólido - qualquer resíduo em estado sólido ou semi-sólido
proveniente das atividades domésticas, industriais, comerciais, agrícolas, etc. que
interfira prejudicialmente no meio ambiente, tornando-o insatisfatório para
determinado fim.

Nota-se que os resíduos sólidos estão em toda a atividade humana, animal ou da própria

natureza. Onde há vida, há geração de resíduos. Como exemplo as atividades domésticas,

comerciais, industriais, de serviços de saúde, lazer etc, ou aqueles gerados pela natureza,

como folhas, galhos, terra, areia. Hoje esta lista aumenta na área rural, com o agro-negócio, e

a evolução das embalagens dos insumos agrícolas (produtos tóxicos) que trazem grandes

danos à natureza, ou seja, ao homem, à flora e à fauna.

A NBR 9.896 de 1993 considera resíduo o ―material ou resto de material cujo proprietário ou

portador não mais o considera com valor suficiente para conservá-lo‖.

Barbieri (2004; p.105) comenta a Lei 9.896 sobre a responsabilidade dos resíduos:

21
Hagar Espanha Gomes - Livre-docente-UFF Coordenador do Glossário Brasileiro da Terminologia de
Tratamento de Efluentes Industriais21 da Biblioteconomia, Informação & Tecnologia da Informação da
Universidade Federal Fluminense, revisado em 2004. Coordenação de Hagar Espanha Gomes - Livre-docente-
UFF
60

Os resíduos sólidos domiciliares (lixo doméstico) são de responsabilidade das


prefeituras Municipais, bem como o lixo de pequenos estabelecimentos comerciais.
A destinação de resíduos sólidos industriais, hospitalares, portuários, aeroviários e
outros são de responsabilidade de seus geradores, mesmo quando estes contratam
firmas para realizar serviços de coleta, manuseio, transporte e disposição final.
(BARBIERI, 2004, p.105)
A Secretaria Municipal de Serviços da cidade de São Paulo (2002), (tabela 1) estabelece a

responsabilidade pelo destino final dos resíduos, por categoria de geração:

Tabela 1
Responsabilidades pelo destino final dos resíduos.

DE QUEM É A RESPONSABILIDADE PELO GERENCIAMENTO DE CADA TIPO DE LIXO?


TIPOS DE LIXO RESPONSÁVEL
Domiciliar Prefeitura
Comercial Prefeitura *
Público Prefeitura
Serviços de saúde Gerador (hospitais etc.)
Industrial Gerador (indústrias)
Portos, aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários. Gerador (portos etc.)
Agrícola Gerador (agricultor)
Entulho Gerador *
Obs. (*) a Prefeitura é co-responsável por pequenas quantidades (geralmente menos que 50 kg ou 100 lts), e de
acordo com a legislação municipal específica - art 3º da lei 10.315/87.
Fonte: da Secretaria Municipal de Serviços da cidade de São Paulo

Para Jucá22, 2002, o Brasil produz cerca de 228.413 toneladas de lixo por dia, sendo que desse

total, cerca de 76% são lançados a céu aberto nos lixões, 0,6% em áreas alagadas, 12,4% em

aterros controlados, 10% depositados em aterros sanitários, 0,9% compostados em usinas e

0,1% incinerados. Na tabela 2 vê-se a destinação final dos resíduos no Brasil.

Tabela 2
Tipo de destinação final de resíduos no Brasil (%)

CENTRO-
TIPOS NORTE NORDESTE SUDESTE SUL
OESTE
Lixão 52,7 48,3 9,8 25,9 22,0
Aterro controlado 28,3 14,6 46,5 24,3 32,8
Aterro sanitário 13,3 36,2 37,1 40,5 38,8
Estação de compostagem 0,0 0,2 3,8 1,7 4,8
Estação de triagem 0,0 0,2 0,9 4,2 0,5
Incineração 0,1 0,1 0,7 0,2 0,2
Locais não fixos 0,9 0,3 0,6 0,6 0,7
Outras 0,2 0,1 0,7 2,6 0,2
Fonte: Jucá (2002, p.7)

22
Prof. Dr. José Fernandes Thomé Jucá – Universidade Federal de Pernambuco. Doutorado em Geotecnia.
Universidad Politécnica de Madrid, U.P.MADRID*, Espanha. Título: COMPORTAMIENTO DE LOS SUELOS PARCIALMENTE SATURADOS BAJO SUCCION
CONTROLADA., Ano de Obtenção: 1990.
61

Nota-se que a pesquisa realizada por Jucá (2002), demonstrada na tabela 1, o tratamento,

assim como o destino final dos resíduos é menos eficiente e ecologicamente correto nas

regiões norte de nordeste, o que coincide com a falta de informação, nível sócio-econômico, e

o comprometimento dos órgãos públicos. Estes dados são alarmantes, pois 76% (setenta e seis

por cento) dos resíduos não são tratados, simplesmente são jogados em áreas não habilitadas

para receber o material. Analisando-se a região Norte, percebe-se que 81% (oitenta e um por

cento) dos resíduos são destinados a locais clandestinos, isto é, não há licenciamento de órgão

público para o depósito final de resíduos, pois entende-se que ―Aterro controlado‖ não é

aterro sanitário com licenciamento ambiental para esta finalidade. Na mesma direção, está a

região Nordeste com 62,9% (sessenta e dois, ponto nove por cento), ficando na faixa de 53%

(cinqüenta e três por cento) as demais regiões. Com estes dados acredita-se que, pela maior

quantidade de geração de resíduos, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, deveriam estar

descartando melhor seus resíduos.

Destacam-se três grandes divisões dos resíduos: resíduos comercial e residencial, resíduos

industriais e resíduos de saúde.

Resíduos comercial e domiciliar

A Secretaria de Serviços e Obras de São Paulo defini resíduo comercial:

Aquele originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais


como, supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes etc. O
lixo destes estabelecimentos e serviços tem um forte componente de papel,
plásticos, embalagens diversas e resíduos de asseio dos funcionários, tais como,
papel toalha, papel higiênico etc. (SSOSP, 2002)

Idem para o resíduo domiciliar:


Aquele originado da vida diária das residências, constituído por setores de
alimentos (tais como, cascas de frutas, verduras etc.), produtos deteriorados, jornais
62

e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e


uma grande diversidade de outros itens. Contém, ainda, alguns resíduos que podem
ser tóxicos. (SSOSP, 2002)

Os resíduos domiciliares não diferem muito dos comerciais, pois tudo de se descarta nas

residências, de uma forma ou de outra, tem como origem o comércio e aí descartando-se

sobras de alimentos, embalagens, papéis, papelões, plásticos, vidros, garrafas pet, latas de

alumínio, trapos, etc, que são recolhidos pelo serviço municipal de limpeza urbana. Estes

resíduos (comercial e doméstico) também são chamados de resíduos urbanos.

Resíduos industriais

O resíduo industrial é definido pela Secretaria Municipal de serviços e obras de são Paulo

como:

Aquele originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como,
metalúrgica, química, petroquímica, papelaria, alimentícia etc. O lixo industrial é
bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos
alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias,
vidros e cerâmicas etc. Nesta categoria, inclui-se a grande maioria do lixo
considerado tóxico. (SSOSP, 2002)

Nos resíduos industriais têm-se todas as classes de resíduos, que vão da classe de resíduos

comuns à classe de resíduos perigosos. Estes podem ser perigosos, e até mesmo tóxico, e por

isso, a menos que passe por processos de tratamento específicos, não pode ter sua disposição

final no mesmo local do lixo domiciliar. Estes resíduos são classificados pela A NBR

10.004/04 em três categorias: classe I - resíduos perigosos; classe II - resíduos não-inertes;

classe III - resíduos inertes. Ainda segunda essa NBR, ―esta classificação é fundamental para

o gerenciamento adequado dos resíduos uma vez que possibilita a determinação do seu

correto manuseio, transporte, armazenamento e tratamento ou destinação final‖.


63

Resíduos de saúde (Resíduos hospitalares)

A RDC 358 do CONAMA define no art. 2, item ―X‖ os resíduos de serviços de saúde:

Resíduos de serviços de saúde: são todos aqueles resultantes de atividades


exercidas nos serviços definidos no art. 1º desta Resolução que, por suas
características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou
não tratamento prévio à sua disposição final;

No art. 1º da RDC 358, defini-se a aplicabilidade da resolução:


Esta Resolução aplica-se a todos os serviços relacionados com o atendimento à
saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de
trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios,
funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia
e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive
as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros
de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos; importadores,
distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro;
unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de
tatuagem, entre outros similares. (RDC 358-CONAMA, 29 abr.2005)

O resíduo de serviço de saúde será tratado especificamente no capítulo 2, que é um dos

objetos desta pesquisa.

1.9 Modalidades de destino final dos resíduos hospitalares

Aterro sanitário e lixão 23

Segundo a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (CETESB), ―aterro sanitário é

o processo de disposição final de resíduos sólidos, principalmente do lixo domiciliar, baseado

em critérios de engenharia e normas operacionais específicas‖.

23
Fonte: site: Saúde na Internet - <http://www.saudenainternet.com.br/doutormadruga/respostas_25.shtml>.
Acesso em 04/-7/2005.
64

Estas normas e critérios permitem a confinação segura do lixo, em termos de controle da

poluição ambiental e proteção ao meio ambiente.

Ao contrário do aterro sanitário, os lixões não atendem a nenhuma norma de controle. O lixo

é disposto de qualquer maneira e sem nenhum tratamento, o que acaba causando inúmeros

problemas ambientais.

O lixo a céu aberto atrai ratos que têm a sua capacidade reprodutiva aumentada devido à

disponibilidade abundante de alimentos. Esses animais são transmissores de inúmeras

doenças, tais como raiva, meningite, leptospirose e peste bubônica.

Outro sério problema causado pelos lixões é a contaminação do solo e do lençol freático, caso

exista um no local, pela ação do chorume, líquido de cor negra característico de matéria

orgânica em decomposição. Além disso, esses lugares proporcionam acesso de acesso para as

pessoas carentes, que acabam contraindo várias doenças. Com total omissão social e

desrespeito ao ser humano, essas pessoas buscam nos lixões um meio de sobrevivência, ou

alimentando-se, ou vendendo entulhos‖.

Quanto aos malefícios causados pelos depósitos inadequados de RSS, comenta Pinheiro24,

―Os materiais perfurocortantes são a principal forma potencial de transmissão de doenças,

exatamente pelo fato de, num acidente, criarem a porta de entrada do agente causador da

doença no organismo receptor‖. O que impacta diretamente na qualidade de vida das pessoas

que trabalham na manipulação e transportes dos resíduos.

Segundo Figueiredo (1995), o destino final dos resíduos ainda não está formalizado para

grande parte das cidades brasileiras, tomando por base sua pesquisa realizada na região

Sudeste:

Os centros urbanos, responsáveis por 33.68% da população amostrada para a região


Sudeste, não informaram ou não dispõe de dados referentes à destinação final de
seus resíduos. A ausência destas informações está em grande parte ligada ao fato

24
Pinheiro, Mardiore. Bióloga graduada pela PUCRS - Porto Alegre e mestranda em Botânica na UFRGS -
Porto Alegre.
65

de, nestas localidades, a destinação final dos resíduos ser promovida de forma
25
inadequada em locais não apropriados, ou demonstra a displicência com que a
questão é tratada pelos órgãos públicos municipais. (Figueiredo 1995, P. 142).
26
Fendt (1999), comenta os tipos de disposição de lixos domésticos, conforme é feita essa

disposição:

Para começar, os chamados lixões, que são amontoados de lixo num terreno, sem a
mínima preocupação com o que pode ocorrer em termos de saúde pública.
Já os denominados aterros sanitários, pode-se dizer que são lixões melhorados, pois
neles há uma preocupação em se recolher os líquidos gerados na fermentação do
lixo (chorume), em se cobrir com terra as camadas de lixo que forem sendo
depositadas; todavia, as proteções dos mananciais hídricos são deficientes, o
chorume não é tratado e permanecem muitos problemas de saúde pública; caso
atual de Volta Redonda.
Quanto aos chamados aterros sanitários controlados, estes têm os seus projetos
prevendo suas localizações observados os mananciais hídricos subterrâneos e
superficiais em posições favoráveis; o solo da base devidamente compactado e
impermeabilizado pela própria argila ou com a utilização de mantas de polietileno;
já se prevêem caminhos adequados para o chorume e as formas de tratá-los; já
ficam previstas as tubulações verticais e perfuradas colocadas na massa do aterro
para coleta dos gases que serão gerados, dando a eles destinações que podem ser a
simples queima; já se prevêem as coberturas com terra a cada disposição do lixo e
finalmente, já fica definido um gerenciamento dos posicionamentos das células,
coordenados com as movimentações de caminhões e pás carregadeiras. (FRENDT,
1999).

Lückman (2005) faz uma comparação arqueológica entre o nosso passado e o futuro do

homem no planeta sobre as escavações:

Talvez nunca na história o ser humano tenha sido capaz de produzir uma
quantidade tão grande e tão variada de rejeitos, restos de seu consumo ou utensílios
considerados inúteis, que são simplesmente descartados. Que poderiam dizer os
arqueólogos do futuro sobre nosso modelo de sociedade, ao escavarem um dos
nossos milhares de lixões, atopetados de materiais tóxicos, de composição
complexa e não-perecíveis? Que espécie de sociedade esses arqueólogos poderiam
imaginar que somos, como fazem os estudiosos de hoje a respeito dos homens dos

25
Nota do autor: ―Em geral estes resíduos são depositados em áreas públicas abandonadas, áreas abandonadas cedidas às prefeituras para este
fim, ou, em alguns casos, são utilizados para o que se denomina ―recuperação de áreas ou aterros‖, que consistem em conformar, com o lixo
urbano, áreas que apresentam depressões morfológicas‖.
26
Roberto Fendt: vice-presidente do Instituto Liberal do Rio de Janeiro.
66

sambaquis? Ao se depararem com a grande quantidade de materiais plásticos


presente nos nossos lixões - material que certamente será o último a se decompor,
daqui a algumas centenas de anos - poderiam talvez deduzir a importância
econômica do petróleo para a nossa sociedade. Poderiam também, sem dificuldade,
imaginar que as sociedades urbanas do início do século 21 basearam seus padrões
de consumo num modelo que privilegia o descarte e o desperdício, em nome da
praticidade e do conforto.
Bem diferente dos nossos não muito distantes antepassados, que no início do século
20 viviam majoritariamente no meio rural e reaproveitavam praticamente todos os
resíduos de seu modo de vida quase auto-sustentável, os sambaquis do futuro
certamente denunciarão a nossa cultura basicamente comodista e predatória.
Estarão lá as sacolinhas de supermercado, como prova da nossa total dependência
dos templos do consumismo.

E assim é a realidade do dia-a-dia da população brasileira, consumo por modismo, por status,

e não pela necessidade de sobrevivência, que conseqüentemente aumenta a quantidade de

resíduo a ser descartado.

Segundo Figueiredo (1994) a era do consumismo teve maior impacto ambiental após a

Segunda Grande Guerra Mundial, onde os Estados Unidos passaram a representar o modelo

de sociedade consumista, exportando bens e serviços para o mundo todo e seus respectivos

lixos:

Centrados na associação de qualidade de vida com o consumo de bens materiais,


estes padrões alimentaram o consumismo, incentivaram a produção de bens
descartáveis, difundiram a utilização de materiais artificiais e intensificaram as
técnicas de propaganda". Entretanto, se num primeiro momento esta ―orgia
consumista‖ brilhou aos olhos do mundo, já nos anos 60 surgiram os primeiros
graves problemas advindo de sua prática. (FIGUEIREDO, 1994, p. 119).

Estes problemas estão relacionados com a solução dada ao grande volume gerado de resíduos

cujos efeitos do comportamento consumistas começaram a aparecer na década de 80, que

segundo Figueiredo (1994) ―Até março de 1987, 95% dos resíduos sólidos gerados nos
67

Estados Unidos tiveram os aterros (a maioria não-licenciados) como destino final. Apenas 5%

retornaram ao ciclo do planeta através de métodos como a compostagem ou a reciclagem‖.

O consumismo visto como modismo criou hábitos na sociedade e até nossos dias estamos

pagando o preço de hábitos adquiridos.

Segundo Lückman (2005), estes hábitos de consumo adquiridos pela exportação do Estados

Unidos começa a gerar o colapso nos lixões da vida urbana.

Com a "exportação" desses hábitos de consumo dos Estados Unidos para todo o
planeta - inclusive para os países pobres -, o ser humano chegou ao final do século
20 com uma capacidade inigualável de produzir lixo. Estima-se que os 6 bilhões de
habitantes da Terra produzam uma média superior a 300 milhões de toneladas de
resíduos por ano - nem todos os países têm esses dados calculados -, sendo que as
maiores montanhas de rejeitos continuam sendo formadas nos Estados Unidos,
onde são descartados 217 milhões de toneladas anualmente.

Em Leite (2003) encontram-se outras críticas ambientais à cultura do consumo,

A cultura do consumo é caracterizada pela idéia do ciclo `compre-


use-disponha` e adotada como padrão pela sociedade até
recentemente sem questionamento, privilegiando inovações e altas
taxas de lançamento de produtos, gerando forças de marcado que
criam necessidades adicionais de consumo e tornam comum a posse
de bens de mesma natureza em grandes quantidades, privilegiando a
moda e o status em relação à utilidade do bem. (LEITE, 2003, p. 127)

Para Alencar 27 (2005), o Brasil ainda não está completamente comprometido com os sistemas

de reciclagem, não estamos minimizando os resíduos e, pelo contrário, estamos aumento do

descarte para os lixões e aterros:

A questão do lixo é algo muito recente na agenda da sociedade brasileira, além


disso, o Brasil ainda não assimilou a política dos 4Rs28. O principal problema está
na (ir) responsabilidade pós-consumo das indústrias e do comércio de grosso e

27
Bertrand Sampaio de Alencar, coordenador do Projeto de Resíduos Sólidos da ASPAN, uma organização
ambientalista de Pernambuco.
28
4R: Reduzir, Reciclar, Reutilizar e Reutilizar.
68

varejo. [...] Segundo os dados oficiais do Governo Federal, evoluímos de 1989 de


uma total de 100.000 ton/dia para 150.000 ton/dia em 2002, ou seja, passamos a
coletar 50% de lixo (e evidentemente passamos a produzir mais lixo). A destinação
adequada de lixo representava 10% do total coletado em 1989 (isto é, em aterros
sanitários) e passou para 12,5% em 2002. Ainda não possuímos uma política
nacional de resíduos sólidos que represente os reais interesses da sociedade como
um todo, apesar de tramitar um projeto de lei no Congresso Nacional há mais de 10
anos. Assim, as melhorias não foram tão significativas no pós-ECO/92, mas como
disse ampliamos a agenda. (ALENCAR, 2005).

Aterro controlado

Conforme artigo ―coleta e disposição final do lixo‖, (sem autor) na página virtual da

ambeintalbrasil, o aterro controlado é menos mal que o lixão, porém não é a solução adequada

para os resíduos, uma vez que não livra de gerar impacto ambiental no sob-solo e no lençol

freático, assim como nas nascentes de águas e rios nas proximidades:

Aterro controlado é uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no


solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a sua segurança,
minimizando os impactos ambientais. Este método utiliza princípios de
engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de
material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho.
Esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada, pois
similarmente ao aterro sanitário, a extensão da área de disposição é minimizada.
Porém, geralmente não dispõe de impermeabilização de base (comprometendo
a qualidade das águas subterrâneas), nem sistemas de tratamento de chorume ou
de dispersão dos gases gerados. Este método é preferível ao lixão, mas, devido
aos problemas ambientais que causa e aos seus custos de operação, a qualidade
é inferior ao aterro sanitário. (AMBIENTALBRASIL).
Incineração

A incineração é um processo de decomposição térmica, onde há redução de


peso, do volume e das características de periculosidade dos resíduos, com a
conseqüente eliminação da matéria orgânica e características de patogenicidade
(capacidade de transmissão de doenças) através da combustão controlada. A
redução de volume é geralmente superior a 90% e em peso, superior a 75%..
(AMBIENTALBRASIL).
69

Segundo Figueiredo (1994), estes sistemas de destinação final dos resíduos estão longe de ser

sistemas ecologicamente corretos. Todos eles representam algum impacto ambiental:

Com relação à sustentabilidade ambiental do sistema maior, as técnicas de


deposição são absolutamente antagônicas, pois além da degradação inerente às
liberações, fica implícita nestas técnicas a manutenção de uma dinâmica linear para
os elementos naturais. (FIGUEIREDO, 1994, p. 61)

O Manual do Ministério da Saúde, Reforsus (2001) traz as vantagens e as desvantagens do

processo de incineração:

O tratamento dos RSS através da incineração apresenta as seguintes vantagens: 1)


alta eficiência na destruição; 2) redução do volume (de 80% a 95%) dos resíduos
tratados; 3) especialmente vantajoso para o tratamento dos resíduos
anatomopatológicos, devido ao alto nível de descaracterização dos resíduos.
Como desvantagens, a incineração apresenta: 1) custo operacional e de
manutenção elevado, principalmente em função do sistema de tratamento de
gases; 1) necessidade de manutenção constante; 1) risco de contaminação do ar
por dioxinas e outros compostos perigosos presentes nos efluentes gasosos; 4)
custo elevado do monitoramento das emissões gasosas; 5) não indicado caso não
exista volume de resíduos suficiente para utilização do incinerador de forma
contínua. (REFORSUS, 2001, p. 286)
De qualquer forma, percebe-se que a destinação final dos resíduos de serviços de saúde, ainda

não traz somente vantagens. Por estas questões é que se faz necessário a avaliação do impacto

ambiental, antes de se tomar a decisão de qual processo a organização vai usar.

1.10 Compostagem

Segundo REFORSUS (2001), a compostagem tende a ser um dos melhores sistemas de

destinação final dos resíduos, técnica muito usada, principalmente na zona rural, onde usa-se

o chavão: ―da natureza nada se perde, tudo se transforma‖:

A compostagem, produção de composto ou ―adubo‖ orgânico, é uma modalidade


de processamento de resíduos muito antiga, utilizada rusticamente já nas primeiras
70

sociedades agrícolas ela consiste na transformação de material orgânico através da


atividade biológica de microorganismos produzindo por processo metabólico, um
composto rico em nutrientes indispensáveis aos vegetais.
Do ponto de vista ambiental, a compostagem representa a forma de
reprocessamento de resíduos mais consistente e se adequa com rigor a dinâmica
cíclica do planeta com os elementos naturais retornando ao meio ambiente natural,
após o uso, permitindo assim uma reposição da vida do sistema em uma escala
perene. (FIGUEIREDO, 1994, p. 62)

1.11 Tratamento e destinação final do Lixo

Com já citado anteriormente, o melhor do lixo é não gerar o lixo. É a conscientizarão de

governos (federal, estadual e municipal) para que se criem as chamadas ―empresas limpas‖,

que desde o projeto até a operação, trabalhm no sentido de evitar ou reduzir minimamente o

descarte de resíduos. Segundo Leônidas, do IAPMEI - Instituto de Apoio às Pequenas e

Médias Empresas e ao Investimento29, a empresa limpa, ou uso de tecnologia limpa é a forma

mais eficaz de reduzirmos o volume de lixo descartado nos lixões ou aterros sanitários:

A forma mais eficaz, sobretudo quando se monta uma indústria nova, é a da adoção
de uma "tecnologia limpa", ou seja, de uma tecnologia que, desde logo, evite (ou
reduza fortemente) a produção de resíduos ou a emissão de gases nocivos. É a
chamada forma de atuação "na fonte" já que é o próprio processo tecnológico que
não é poluidor. Mas, na generalidade das empresas já existentes, isto ou não é
possível ou só poderá ser feito à medida que se forem desativando unidades antigas
e instalando novas unidades. Há, pois, que tomar medidas para eliminar os agentes
poluidores.

Para a minimização de resíduos faz-se necessário que se criem políticas públicas de

29
Leónidas, Matos & Associados do IAPMEI - Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao
Investimento - exerce a sua atividade sob a tutela do Ministério da Economia e da Inovação e tem por objetivo a
concepção e execução de políticas de apoio ao desenvolvimento empresarial, visando especialmente a
Modernização e Inovação do segmento das Micros, Pequenas e Médias Empresas dos Sectores Secundário e
Terciário.
71

desenvolvimento sustentável que, segundo o IAPMEI, basta usarmos a tecnologia em favor

do ambiente:

Para resíduos sólidos, líquidos ou pastosos: Técnicas de destruição - É o caso dos


processos de incineração de resíduos sólidos, com destruição dos compostos
orgânicos, tóxicos ou não, e com eventual recuperação de energia. Técnicas físico-
químicas de separação ou transformação - É o caso em que os elementos
contaminantes são separados por processos químicos ou físicos do fluxo de
resíduos e posteriormente neutralizados, reciclados no processo produtivo ou em
outras atividades. Técnicas de deposição - É o caso da deposição em aterros
controlados ou (se líquidos ou pastosos) em "lagunagem". Utiliza-se no caso dos
resíduos sólidos equiparados a urbanos ou de resíduos com baixo grau de
contaminação.

Como cita Schneider (2001) ―é necessário que se contextualize o lixo enquanto fator cultural,

que é visto como algo desagradável, marginal e sujo, buscando uma nova imagem, na qual o

lixo é considerado matéria desorganizada e disposta no momento e local impróprios‖.

A incineração é o processo adequado e licenciado no Brasil para a destruição de


resíduos de:
 Indústria de embalagens, papel, papelão e plásticos em geral;
 Indústria farmacêutica e de cosméticos em geral;
 Indústria de alimentos em geral, para produtos com validade vencida ou fora
das especificações para o consumo.
 Indústria de madeira, têxtil, de borracha, dentre outras.
 Indústria em geral, como estopas, trapos, papéis, serragens, uniformes
impregnados de óleo, graxa ou lubrificantes.
O processo de incineração também é utilizado com alta eficiência na destruição de:
 Drogas e Entorpecentes;
 Resíduos hospitalares e de serviços de saúde;
 Resíduos provenientes de centros de zoonoses, laboratórios de análises
clínicas e ração animal. (SCHNEIDER, 2001, p. 5)

O lixo é um recurso financeiro jogado fora, que segundo Calderoni 30 (1999):

Apenas 2,5% das cidades brasileiras separam parte de seu lixo urbano. O Brasil
perde anualmente R$ 5,8 bilhões porque deixa de reciclar o seu lixo urbano,
deixando claro que nosso lixo vale muito e pode ser uma alternativa de renda para

30
Calderoni, Sabetai, "Os Bilhões Perdidos no Lixo", 3ª ed. Humanitas, 1999.
72

muitas pessoas que se encontram desempregadas e até mesmo excluídas do meio


social. (CALDERONI, 1999).

Ainda em Calderoni (1999), a reciclagem do lixo é economicamente viável:

Há ainda quem duvide de que a reciclagem do lixo seja, de fato, economicamente


inviável, tanto no que se refere à fração orgânica (restos de comida etc), como à
fração seca (plásticos, papel, metais, vidro etc). Mas os fatos parecem demonstrar o
contrario.
As 120.000 t / dia de lixo produzidas no Brasil, sendo cerca de 72.000 t / dia (60%)
de lixo orgânico, permitiriam a implantação de um parque gerador com a potência
instalada de 1.080 MW, capaz de permitir aos municípios uma economia da ordem
de R$ 1 bilhão por ano e de mais cerca de R$ 500 milhões de custos evitados de
disposição final em Aterros Sanitários. A economia seria, portanto, de R$ 1, 5
bilhão / ano para o país como um todo. (CALDERONI, 1999)
31
Segundo Teixeira o resíduo pode ser usado, também, como forma de insumo agrícola e em

último caso, depositado em aterros sanitários ou aterro industrial, devidamente autorizado

pelos órgãos competente:

Para disposição final, a prioridade é um tipo de reutilização/reciclagem, como


utilização em solo agrícola e, em último caso, aterro sanitário ou aterro industrial,
que é destinado a resíduos industriais, não passíveis de outro tipo de tratamento.
Hoje, não se pode esquecer que, qualquer que seja a opção escolhida, esta deve ser
ambientalmente sustentável, ou seja, deve otimizar os recursos utilizados, sem
comprometer o ambiente para as gerações futuras.

Situação do lixo hospitalar

Segundo a pesquisa nacional de saneamento básico de 2000, realizada pelo IBGE, em ―IBGE

mapeia os serviços de saneamento básico no país‖, a situação de deposição dos resíduos de

saúde melhorou em alguns municípios brasileiros, com relação à última pesquisa, 1989:

Em 2000, a situação de disposição e tratamento dos resíduos sólidos de serviços de


saúde (RSS) melhorou, com 539 municípios encaminhando-os para aterros de
resíduos especiais (69,9 % próprios e 30,1 % de terceiros), enquanto em 1989

31
Teixeira, Eglé Novaes é professora-doutora na área de resíduos sólidos do departamento de saneamento e
ambiente da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp, onde orienta na pós-gradução (mestrado e doutorado).
73

apenas 19 municípios davam este destino aos resíduos sólidos. Em número de


municípios, 2.569 depositam nos mesmos aterros que os resíduos comuns, enquanto
539 já estão enviando-os para locais de tratamento ou aterros de segurança. A
pesquisa mostra, também, que, entre os municípios com mais de 500.000 habitantes
que destinam o lixo séptico em vazadouros a céu aberto, estão Campo Grande
(MS), São Gonçalo (RJ), Nova Iguaçú (RJ), Maceió (AL) e João Pessoa (PB).
(Comunicação social 2002).

1.12 A Logística Reversa como sistema de controle de resíduos.

Nas empresas, a manipulação dos resíduos é de responsabilidade dos gestores lotados no setor

de Logística Reversa. Esta área é responsável pelo desenvolvimento de empresas recicladoras

e/ou empresas com licenciamento para destinação final dos resíduos. Também é responsável

pela logística de rota para resíduos perigosos. Os benefícios promovidos pela logística

perpassam o planejamento geral do início ao fim do ciclo de utilização dos materiais e

conseqüentemente visualização e controle de toda organização.

Segundo Leite (2003), conclui-se que Logística Reversa é a gestão do fluxo do processo

produtivo que inicia com a entrada de matérias primas e insumos e só termina com o destino

final do produto e/ou sua embalagem. Ou seja, a empresa produtora ou prestadora de serviços

é co-responsável pelo destino final de seus resíduos e das embalagens destes.

Entendemos a logística reversa como a área da logística empresarial que planeja,


opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos
bons de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meios dos
canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas:
econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.
(LEITE, 2003, p. 16).

Entende-se que a Logística Reversa se divide em dois grupos: o de pós-venda e o de pós-

consumo. A pós-venda destina-se aos produtos que tenham condições de serem

reaproveitados, ou seja, reciclados ou reusados em outras atividades. Já no grupo de pós-

consumo, a empresa é co-responsável pelo destino final de seus produtos (quando não
74

consumidos pelo cliente final) e por suas embalagens, conforme Figura 9. A cadeia de

distribuição de produtos só termina com o destino final de seus produtos ou embalagens em

locais legalizados.

Logística Reversa de Cadeia de


Pós Consumo: Logística Reversa de
distribuição
Pós Consumo:
direta.
 Reciclagem
industrial Consumidor

 Desmanche  Seleção / destino


industrial Bens de pós-
venda  Consolidação
 Reuso
 Coletas
 Consolidação Bens de pós-
consumo
 Coletas
Figura 9 – Logística Reversa – Áreas de atuação e etapas reservas
Fonte: Leite (2003, 17)

Conforme Decreto 366-A/97 do Ministério do Meio Ambiente, a política ambiental deve ser

integrada de forma a minimizar a produção de resíduos e trabalhar na prevenção desta

geração.

Os objetivos fundamentais de uma política integrada de gestão de resíduos


traduzem-se, prioritariamente, na prevenção da sua produção, na redução do seu
peso e volume, na maximização das quantidades recuperadas para valorização, bem
como na adoção de adequados métodos e processos de eliminação, tendo em vista a
minimização de resíduos depositados em aterro.
Estes objetivos são válidos para a generalidade dos resíduos e especialmente para
os resíduos de embalagens, dado que a redução desses resíduos é uma condição
necessária para o crescimento sustentável. Importa por isso diminuir a produção de
resíduos de embalagens e estimular procedimentos vocacionados prioritariamente, e
sempre que tecnicamente possível, para a reutilização de embalagens, reciclagem
ou outras formas de valorização dos resíduos de embalagens, bem como
desencorajar a sua eliminação por via do simples depósito em aterro.
75

1.13 Passivo Ambiental

Segundo glossário da ambientebrasil define-se Passivo Ambiental (PA),

Em termos contábeis, passivo vem a ser as obrigações das empresas com terceiros,
sendo que tais obrigações, mesmo sem uma cobrança formal ou legal, devem ser
reconhecidas. O passivo ambiental representa os danos causados ao meio ambiente,
representando, assim, a obrigação, a responsabilidade social da empresa com
aspectos ambientais. A identificação do passivo ambiental está sendo muito
utilizada em avaliações para negociações de empresas e em privatizações, pois a
responsabilidade e a obrigação da restauração ambiental podem recair sobre os
novos proprietários.

O Passivo Ambiental é outro fator que faz com que a legislação ambiental seja rigorosa e

tenha fortalecido sua aplicabilidade. O PA gera despesas financeiras para as empresas

públicas ou privadas, por esta razão fortalece-se a auditoria ambiental quando das vendas e

compras de empresas, terrenos baldios ou áreas onde se instalaram empresas produtivas ou de

serviços. Este novo passivo na contabilidade das organizações faz com que os executivos

repensem o destino de seus resíduos, fazendo com que não sejam enterrados na área da

empresa ou vizinhanças. O custo para a retirada de material após longos anos de aterro não

controlado é muito maior do que uma gestão correta dos resíduos. Essa é uma das razões pelas

quais as organizações devem investir na implantação eficaz da gestão ambiental.

1.14 O Meio Ambiente no Século XXI – compromisso com o futuro

O comprometimento das organizações com o futuro ambiental tem-se tornado a ―bola da vez‖

para a competitividade global. Empresários buscam soluções alternativas para o sucesso

empresarial aliado à gestão ambiental e conseqüentemente cria-se uma consciência ecológica

que será a sustentação do ecossistema.


76

Segundo Kraemer32

A gestão ambiental vem ganhando um espaço crescente no meio empresarial. O


desenvolvimento da consciência ecológica em diferentes camadas e setores da
sociedade mundial acaba por envolver também o setor empresarial. Naturalmente,
não se pode afirmar que todos os setores empresariais já se encontram
conscientizados da importância da gestão responsável dos recursos naturais. A
empresa que não buscar adequar suas atividades ao conceito de desenvolvimento
sustentável está fadada a perder competitividade em curto ou médio prazo.

Como já citado anteriormente, a década de 90 foi um ―divisor de águas‖ para as empresas

brasileiras, ou até mesmo para as multinacionais que aqui se instalaram, até então estagnadas

nos processos produtivos e de serviços que não deslumbravam a ação social da organização

como fator de desenvolvimento da imagem da organização. A partir daí, iniciou-se uma série

de tendências evolutivas, entre elas, a qualidade total, a responsabilidade social, qualidade de

vida no trabalho (inclusive com a segurança no trabalho) e, entre outros fatores, o meio

ambiente. Percebe-se que, com a virada do milênio, estes sistemas de gestão ficaram mais

emergente interagindo esses sistemas de gestão de forma sinérgica tornando mais responsável

com relação ao meio ambiente, à comunidade e à qualidade de vida das pessoas. A mudança

de hábitos ambientais trará, conseqüentemente, a minimização do uso de recursos naturais,

gerando uma significativa melhoria nos processos com uso alternativo, como o tratamento da

água em circuito interno. A água que era descarregada em rios é tratada, retornando ao

processo produtivo da organização.

Segundo Barbieri (2004b), as ações dos gestores ambientais, do governo, assim como de toda

a população, devem ser voltadas para a mudança de atitude com relação ao descarte de

32Professora e Integrante da Equipe de Ensino e Avaliação na Pró-Reitoria de Ensino da UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí. Mestre
em Relações Econômicas Sociais e Internacionais pela Universidade do Minho-Portugal. Doutoranda em Ciências Empresariais pela
Universidade do Museu Social da Argentina. Integrante da Corrente Científica Brasileira do Neopatrimonialismo e da ACIN – Associação
Científica Internacional Neopatrimonialista.
.
77

materiais de forma a garantir um futuro mais equilibrado entre o desenvolvimento e a

qualidade de vida.

A solução dos problemas ambientais, ou sua minimização exige uma nova atitude dos
empresários e administradores, que devem passar a considerar o meio ambiente em
suas decisões e adotar concepções administrativas e tecnológicas que contribuam para
ampliar a capacidade de suporte do planeta. (BARBIERI 2004, P. 99).

A preocupação com a questão ambiental não é individualizada e pontual, mas, sim, uma

questão global, onde se vêem inúmeras conferências e fóruns mundiais discutindo o futuro do

planeta terra. Um exemplo é a Cúpula de Joanesburgo 33, que, em consonância com a

conferência sobre Financiamento de Desenvolvimento de Monterrey, estabeleceu um plano

que ficou conhecido como Millenium Development Goals (Metas de Desenvolvimento para o

Milênio). São oito metas a serem atingidas até 2015.

1. Reduzir a metade do número de pessoas (estimado em 1,2 bilhões) que vivem


com menos de um dólar por dia; 2. Alcançar a educação ambiental universal (113
milhões de crianças no mundo vão à escola); 3. Promover a equidade de homens e
mulheres (dois terços dos analfabetos do mundo são mulheres e 80% dos
refugiados são mulheres e crianças), através da eliminação das disparidades de
gênero na educação primária e secundária até 2005 e em todos os níveis até 2015;
4. Reduzir em dois terços a mortalidade de crianças com menos de 5 anos. 5.
Reduzir em dois terços a mortalidade perinatal; 6. Combater a AIDS, a malária e
outras doenças infecciosas, reduzindo à metade o número novos casos; 7. Reduzir à
metade o número de pessoas sem acesso a água potável e introduzir o conceito de
desenvolvimento sustentável nas políticas públicas dos países-membros;
8.Desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento que inclui assistência
oficial para o desenvolvimento, acesso a mercados e redução de dívida externa.

Estas metas de desenvolvimento têm muitas barreiras, a primeira meta, por exemplo, ―reduzir

a metade do número de pessoas‖ choca-se com muitas culturas religiosas com a Igreja

Católica que condena o planejamento familiar, que vem a ser um fator negativo para a
33
A Cúpula de Joanesburgo 2002 – ou Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável – onde reuniu
milhares de participantes, incluindo chefes de Estado e Governo, representantes nacionais e líderes de
organizações não-governamentais, da indústria e de outros grupos relevantes. A Cúpula focalizou a atenção
mundial em ações para atingir o desenvolvimento sustentável.
78

sustentabilidade demográfica. Outra barreira é o desconhecimento sobre métodos

anticoncepcionais e a situação de pobreza e escolaridade. Conforme senso demográfico do

IBGE (2000). ―Perfil Socioeconômico da Maternidade nos Extremos do Período

Reprodutivo‖ percebe-se que a gravidez precoce (mães na idade entre 10 e 14 anos),

predomina em faixas de renda mais baixas, assim como de menor escolaridade.(Tabela 1):

No caso das meninas de 10 a 14 anos de idade, a maternidade precoce se apresenta


de forma mais concentrada entre as que tinham baixa escolaridade, com destaque
para aquela que estavam cursando ou haviam concluído o ensino fundamental,
independentemente do nível da renda familiar. (IBGE, 2000)

Notoriamente percebe-se a barreira para esta primeira meta para o desenvolvimento do


milênio. Assim, todas as outras metas parecem uma utopia, para ser realizada até o ano de
2015. Acredita-se que, se as organizações governamentais, organizações empresariais
públicas e privadas, escolas e a sociedade como um todo não estiverem comprometidas com
as metas definidas pela Cúpula de Joanesburgo, a humanidade estará longe de atingir tais
objetivos.

Tabela 3
BRASIL: Mães por primeira vez (de 10 a 14 anos de idade) por classes de rendimento mensal familiar segundo
os grupos de anos de estudo.

CLASSE DE RENDIMENTO FAMILIAR (em SM)


Sem Até 1 Mais de Mais de Mais de Mais de
ANOS DE ESTUDOS
rendimento SM 1a3 3a5 5 a 10 10
Sem instrução e menos de 1 ano 9,1 11,3 7,4 6,4 3,9 12,9
1 a 3 anos 33,1 36,4 25,9 27,1 21,3 18,2
4 a 7 anos 51,8 45,1 58,9 54,6 62,4 53,8
8 anos ou mais 5,2 6,1 6,3 11,4 12,4 12,4
Não determinado 0,8 1,1 1,5 0,5 0,0 2,7
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

Segundo Almeida (2003), a população mundial poderá se beneficiar, no futuro, se forem

superados os desafios propostos,


79

Em 2015 o mundo estará numa situação significativamente melhor que a atual, se


os desafios acima citados forem superados. Mas o marco é 2050, uma vez, mantido
o crescimento médio da economia mundial da última década, o planeta não terá
como atender a demanda por recursos naturais, nem capacidade de estocagem e
tratamento de rejeitos. (ALMEIDA, 2003, p. 127)

Chowdhury (2003) em ―Implicações para o líder do século XXI‖, salienta que o líder deve ser

a base para o desenvolvimento e para as mudanças organizacionais:

Faça alguma coisa acontecer. Em nossos esforços bem intencionados de


diagnosticar completamente uma situação, elaborar programas de mudanças
engenhosas e conseguir o consenso amplo, pretendemos o progresso. [...]
Estabeleça pequenos experimentos em vez de transformações grandiosos. [...] Estar
voltado para o futuro é o que diferencia os líderes de outras pessoas dignas de
crédito. Os líderes devem dedicar-se a serem futuristas. (CHOWDHURY, 2003, p.
23).
80

CAPÍTULO II - A Gestão Hospitalar e os Resíduos de Serviços de Saúde

2. Gestão Hospitalar e os Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde

2.1 Qualidade total e a gestão hospitalar

A Gestão da Qualidade, nesta pesquisa, justifica-se por tratar de um serviço essencial para a

sociedade e a qualidade é uma das ferramentas do sucesso e da competitividade nos

estabelecimentos de saúde. O hospital, como qualquer empresa de prestação de serviços, deve

ter suas políticas e padrões de qualidade. Em primeiro lugar por uma questão de visão e

imagem da organização, em segundo, porque os clientes estão mais exigentes e sabedores de

seus direitos, além de que um sistema de qualidade bem implantado gera menor custo, menos

desperdício e maior produtividade. A falta desta visão poderá levar a organização ao declínio

e conseqüentemente poder de barganha com seus clientes. Já não é suficiente atender as

necessidades dos clientes, é necessário atender às suas expectativas.

Drucker (1975, p. 148), ―Por que as instituições de serviço não funcionam bem‖, nos dá três

explicações comuns para o usual fracasso do funcionamento das instituições de serviços:

 ―seus administradores não são empresariais;

 eles precisam de pessoas mais capazes;

 seus objetivos e seus resultados são intangíveis‖.

Fala-se muito em gestor ou administradores de hospitais e nem sempre um estabelecimento

assistencial de saúde é gerenciado por uma pessoa técnica, ou seja, um administrador. Quando

Drucker fala sobre esta questão é justamente falar o óbvio. Não sendo administrador, o gestor
81

não tem a visão administrativa de executivo, portanto, trata o estabelecimento de saúde como

uma entidade e não como uma empresa que necessita de recursos financeiros, técnicos,

humanos, entre outros, para dar retorno financeiro aos acionistas, ou até mesmo, para se auto-

sustentar. A capacitação dos gestores de EAS, como já citado, é imprescindível para ser ter

um serviço de alta eficiência, para atingir os objetivos, a visão e cumprir com a missão da

organização, tendo indicadores de performance monitorados periodicamente.

Drucker (1975) cita em sua obra Golbert, o grande ministro de Luiz XIV:

Golbert foi o primeiro a pôr a culpa das dificuldades de desempenho das não-
empresas, as instituições de serviço, na falta de uma administração empresarial.
Colbert, que criou o primeiro serviço público moderno do ocidente, não se cansava
de exortar seus funcionários a serem empresariais.

Em outras palavras, é necessário que as EAS se preparem, colocando profissionais na área de

administração, para que possam ser competitivas, com planejamento estratégico, de forma a

serem competitivas no mundo capitalista. Já não é mais uma questão de poder do fundador da

EAS, mas uma questão de trabalhar com eficácia e eficiência na gestão de seu negócio.

Segundo Davidow (1991), as empresas de serviços devem estabelecer sua estratégia de

serviços aos clientes como forma de garantir um atendimento eficiente e eficaz;

Talvez o motivo mais importante para o desenvolvimento de uma estratégia de


serviço seja que é a única maneira eficaz de escolher a melhor composição e o
melhor nível de serviços para diferentes tipos de clientes. Ofereça um serviço
insuficiente ou equivocado, e os clientes desaparecerão, ofereça serviço demais,
mesmo que seja do tipo certo, e sua companhia irá à falência, ou cobrará preço fora
do mercado. DAVIDOW (1991, p.73)

O termo Qualidade tem vários significados, segundo Juran (1991, p. 11), um dos significados
é que a qualidade deve ir ao encontro das necessidades do cliente: ―A qualidade consiste nas
características do produto que vão ao encontro das necessidades dos clientes e dessa forma
82

proporcionam a satisfação em relação ao produto / serviço. A qualidade é a ausência das


falhas.‖
O cliente é definido por Juran (1991): ―um cliente é uma pessoa que sofre o impacto do
produto. Os clientes podem ser externos e internos‖.
Id (1991, p.16) define a Função da Qualidade: ―A função qualidade é o conjunto das
atividades através das quais atingimos a adequação ao uso, não importando em que setor da
Organização essas atividades são executadas‖.
Segundo Deming (1992), as organizações sofrem de ―doenças fatais‖ o que dificulta o

desenvolvimento de um sistema eficaz de qualidade que esteja alinhado com as expectativas e

necessidades dos clientes, estão doenças são:

1) Falta de consistência de propósito para planejar produtos e serviços [...]; 2)


ênfase nos lucros a curto prazo: raciocínio de curto prazo [...]; 3) avaliação de
desempenho, classificação por mérito ou revisão anual; 4) mobilidade da
organização; mudanças de emprego; 5) administração somente pelo uso de números
visíveis; 6) custos excessivos com assistência médica; 7) custos excessivos com
responsabilidade civil, inchados por advogados que recebem honorários na base de
percentagens. (DEMING, 1992, P. 73)

Para uma eficaz implantação de um sistema de qualidade total é necessário que se criem

indicadores de performance que possam medir o sucesso ou fracasso da organização. Para os

hospitais são vários indicadores que se podem ser usados como norteadores da produtividade

dos processos, das pessoas, da qualidade no atendimento, das falhas no processo e em que

pontos estes podem ser melhorados. Deming (1992) propõe uma lista de indicadores para um

estudo de desempenho em um hospital, de onde destacam alguns desses indicadores:

a) Demora na anotação de exames de laboratórios na papeleta do cliente, b)


dosagem incorreta na medicação administrada aos pacientes, c) administração de
medicação errada, d) números de relatórios médicos incompletos, e) número total
de cirurgias realizadas, f) número de cirurgias desnecessárias realizadas, g) queixas
de pacientes, h) percentagem de retrabalho no laboratório, i) duração média por
estada no hospital, j) excesso de estoque por item [...] (DEMING, 1992, p. 150).
83

Estes indicadores devem ser elaborados e controlados pelo pessoal de campo. O uso dos

indicadores em carta de controle é uma excelente ferramenta de melhoria contínua, onde o

próprio enfermeiro, médico e assistente poderá, diariamente assinalar os pontos na carta de

controle, e, ao mesmo tempo, compará-lo com a meta definida previamente com a equipe.

Percebe-se que é igualmente possível a aplicação do sistema de qualidade total em

organizações de serviços e principalmente em hospitais, uma vez que o ―produto‖ eficazmente

correto é a recuperação de uma pessoa.

Segundo Nogueira (1996), a Gestão pela Qualidade Total em Saúde - GQTS está deixando de

ser um diferencial, uma opção, para se tornar um imperativo, um pré-requisito [...] de

competitividade‖:

A gestão pela qualidade total em saúde é uma proposta de gestão que amplia
horizontes – contempla não apenas o paciente, cliente principal e razão de ser da
própria existência dos serviços de saúde, mas estende o conceito de cliente a
médicos, profissionais de enfermagem e dos serviços auxiliares, familiares dos
pacientes, fontes pagadoras, comunidade. (NOGUEIRA, 1996, introdução)

Fica explícito que a GQTS deve estar interagindo com toda a cadeia de valor dos serviços de

saúde. Não basta tratar bem o paciente. Toda a família do paciente torna-se cliente do

hospital.

Id (1996, p. 7) ―a qualidade está não só na questão técnica, mas em todas das dimensões que

afetam a percepção final do cliente e seu nível de satisfação‖, conforme mostra a figura 12.
84

SEGURANÇA

CUSTO MORAL ATENDIMENTO

QUALIDADE
INTRÍNSECA

Figura 10 – Dimensões da Qualidade total em Serviços de Saúde


Fonte: Nogueira, (1996, p. 7).

2.2 Organização de Estabelecimentos de Saúde

A organização dos estabelecimentos de saúde passa necessariamente pelo controle das

infecções hospitalares e, nesse sentido, o Ministério da Saúde, por meio da Lei Federal

9.431/97 estabelece a obrigatoriedade do Programa de Controle de Infecções Hospitalares

(PCIH). Trata-se de um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, com

vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares.

Segundo Ministério da Saúde (2002, P. 207), a organização do PCIH é constituída por:

―Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH), formada por profissionais da área

da saúde, de nível superior, sendo seus membros nomeados pelo órgão máximo da instituição

e enquadrados em duas categorias: consultores e executores‖.

2.3 Resíduos de Serviços de Saúde - RSS

O panorama atual de serviços de saúde está passando por grandes transformações técnicas,

teóricas, práticas e legais. Como cita Lisboa (2003, p.3): ―vivemos uma nova era na Limpeza
85

e Higiene Hospitalar, a era da mudança de valores e da conscientização da real importância

desse serviço antes tão esquecido‖.

Assim como as organizações industriais ou de serviços não ligadas à área de saúde, estão

inovando em tecnologia e serviços que definem o potencial competitivo, as organizações

hospitalares têm um grande nicho de desenvolvimento competitivo que é a Limpeza e a

Higiene de seus hospitais, assim como o atendimento ao cliente (não mais ao paciente). Este

diferencial está sendo, aos poucos, concebido pelos gestores de hospitais e conselhos

administrativos das instituições de saúde como um dos principais focos de atenção em termos

de melhoria da qualidade naqueles Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, agregando valor

aos serviços prestados.

Podemos entender que além dos fluxos diretos tradicionalmente considerados, (entradas de

matérias-primas, insumos, suprimentos operacionais, sobressalentes, entre outros), os in-put

do processo, a logística moderna engloba os fluxos de retomo de peças a serem reparados, de

embalagens e seus acessórios, de produtos vendidos, produtos não vendáveis, out put do

processo, produtos devolvidos e de produtos usados/consumidos a serem reciclados. Um

resumo dessas idéias (Donaire, 1995) é apresentado como ―bolsa de resíduos‖ ou

―negociações bilaterais‖:

A reciclagem de materiais tem trazido grande economia de recursos para as


empresas; o reaproveitamento dos resíduos internamente ou sua venda para outras
empresas através de Bolsas de Resíduos; o desenvolvimento de novos processos
produtivos com a utilização da produção mais limpa, que trazem vantagens
competitivas e até possibilitam a venda de patentes; e o desenvolvimento de novos
produtos para um mercado cada vez maior de consumidores conscientizados com a
questão ecológica. (DONAIRE, 1995, p. 510).

Para Lisboa (2001), toda geração de resíduos dever ser selecionada e adequadamente

armazenada em local próprio (sala de resíduos), sendo esta a primeira etapa para o

gerenciamento eficaz do processo. Da sala de resíduos interna, estes são transportados para o
86

armazenamento externo (chamados de abrigos de resíduos), e o próximo passo é o transporte

para destino final dos mesmos. (figura 10).

Geração Coleta I Sala de resíduos

Armazenamento I
Coleta II

Extra-unidade Abrigos de resíduos

Armazenamento II

Figura 11 – Fluxo dos Resíduos


Fonte: Lisboa (2001, p. 62)

Conforme determina a Resolução Conjunta SS/SMAISJDC -1, (Secretaria a Saúde, Secretaria

do Meio Ambiente e da Justiça e Defesa da Cidadania) de 29-06-98, item 9.1.3- Geração e

Fluxo dos Resíduos Sólidos – os EAS devem ―identificar os locais de geração de resíduos por

Grupo, assinalando em planta baixa, escala 1:100, bem como o fluxo daqueles resíduos,

conforme simbologia‖ da tabela 4:

Tabela 4
Identificação de geração e fluxo de resíduos

Unidade Simbologia
Unidade que gera resíduos Grupos A GA
Unidade que gera resíduos Grupo B GB
Unidade que gera resíduos Grupo C GC
Unidade que gera resíduo Grupo D GD
Fluxo dos resíduos Grupo A (seta na cor vermelha)
Fluxo dos resíduos Grupo B (seta na cor verde)
Fluxo dos resíduos Grupo C (seta na cor amarela)
Fluxo dos resíduos Grupo D (seta na cor preta)
Fonte: SS/SMAISJDC -1
87

Segundo a Resolução 358 do CONAMA de 02 de abril de 2005, são considerados resíduos de

saúde:

Resíduos de serviços de saúde: são todos aqueles resultantes de atividades


exercidas nos serviços definidos no art. 1o desta Resolução que, por suas
características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou
não tratamento prévio à sua disposição final;

Para melhor entendimento diz o art. 1º da Resolução 358:

Art. 1o Esta Resolução aplica-se a todos os serviços relacionados com o


atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência
domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde;
necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento
(tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e
farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na
área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos
farmacêuticos; importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles
para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de
acupuntura; serviços de tatuagem, entre outros similares.
Parágrafo único. Esta Resolução não se aplica a fontes radioativas seladas, que
devem seguir as determinações da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN,
e às indústrias de produtos para a saúde, que devem observar as condições
específicas do seu licenciamento ambiental.
Barbosa (2003) expõe sua preocupação com relação aos Resíduos de Serviços de Saúde:

A disposição, coleta e tratamento dos resíduos sólidos de saúde – o chamado lixo


hospitalar – têm sido alvo de grande preocupação da sociedade moderna que,
embora ainda não saiba completamente como tratar os 30 trilhões de quilos de lixo
produzidos no planeta todos os anos, se indigna ao saber que materiais como
seringas, agulhas, bisturis, curativos e bolsas de sangue contaminados, tecidos e
partes anatômicas de corpos humanos, bem como remédios e drogas vencidos,
dentre outros, todos integrantes de uma grande lista de resíduos gerados nos
estabelecimentos de saúde e órgãos congêneres, são depositados livremente em
lixões, a céu aberto, onde ficam em contato direto com catadores, animais e insetos.
A tragédia então é inevitável: os inúmeros vetores exponenciam o fator de risco
desse tipo de material contaminado, principalmente através do ar, dos alimentos e
da água, transformando-nos em alvos iminentes de doenças e outros males.
(Barbosa, 2003).
88

O RSS é o lixo que resulta da manipulação em hospitais, clinicas, farmácias, laboratórios, etc,

formado em sua maioria por seringas, agulhas, luvas, fraldas, sondas, cateteres, curativos,

incluindo as atividades médicas de diagnóstico, tratamento e prevenção da doença em seres

humanos ou animais, e demais materiais descartáveis A consciência de que determinados

resíduos hospitalares (sangue, secreções, material ionizado, produtos químicos e tecidos

humanos), são focos de contaminação e que constituem perigo para a saúde pública, tornou-se

mais forte a partir do desenvolvimento de graves doenças transmissíveis, como a SIDA 34 e a

hepatite B. Esse lixo representa um grande perigo à saúde, uma vez que pode estar

contaminado com microorganismos causadores de doenças. O lixo deve ser recolhido por

empresas especializadas e seu destino é o incinerador onde é queimado. O problema é que a

incineração libera gases tóxicos, uma vez que pode conter diversos tipos de resinas e outros

materiais cuja queima, além de liberar dióxido de carbono CO2, também pode libera outros

gases.

Segundo a Art. 1º da Resolução CONAMA Nº 5, de 5 de agosto de 1993, são considerados

resíduos sólidos:

I -: conforme a NBR n º10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas -


ABNT - "Resíduos nos estados sólidos e semi-sólido que resultam de atividades da
comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades
tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou
exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor
tecnologia disponível".

34
SIDA - Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida. Em 1983, o vírus causador da SIDA foi descoberto por cientistas na França, e suas vias
de transmissão foram confirmadas. O vírus tornou-se, então conhecido como vírus da imunodeficiência humana (HIV). Fonte:
<juventude.gov.pt>
89

2.4 Classificação dos RSS

Classificação dos Resíduos conforme o CONAMA 05/93 e 283/01

Para os efeitos da Resolução 358/05 do CONAMA, os resíduos de serviço de saúde são

classificados de acordo com o Anexo I desta Resolução. Eles se classificam em 5 (cinco)

grupos, A, B, C, D, e E, sendo que o grupo A se subdivide em outros cincos subgrupos:

GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas

características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.

A1

1. culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos,

exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados; meios

de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas;

resíduos de laboratórios de manipulação genética; 2. resíduos resultantes da atenção à saúde

de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes

classe de risco 4, microrganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou

causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo

mecanismo de transmissão seja desconhecido; 3. bolsas transfusionais contendo sangue ou

hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de

validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta;

4. sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e

materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos

corpóreos na forma livre;

A2

1. carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos

a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas


90

forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de

relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a

estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica;

A3

1. peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com

peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor

que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo

paciente ou familiares;

A4

1. kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados; 2. filtros de ar e

gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e

de pesquisa, entre outros similares; 3. sobras de amostras de laboratório e seus recipientes

contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam

suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e

risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne

epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou

com suspeita de contaminação com príons; 4. resíduos de tecido adiposo proveniente de

lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de

resíduo; 5. recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não

contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre; 6. peças anatômicas (órgãos e tecidos)

e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-

patológicos ou de confirmação diagnóstica; 7. carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros

resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com

inoculação de microorganismos, bem como suas forrações; e 8. bolsas transfusionais vazias

ou com volume residual pós-transfusão.


91

A5

Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais

materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de

contaminação com príons.

GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde

pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade,

corrosividade, reatividade e toxicidade.

GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham

radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas

da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN e para os quais a reutilização é imprópria

ou não prevista.

GRUPO D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou

ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares: a) papel de uso

sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de

paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros

similares não classificados como A1; b) sobras de alimentos e do preparo de alimentos; c)

resto alimentar de refeitório; d) resíduos provenientes das áreas administrativas; e) resíduos de

varrição, flores, podas e jardins; e f) resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.

GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear,

agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas

de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os

utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de

Petri) e outros similares.


92

Classificação dos Resíduos segundo a ABNT 10.004 /87

Classe A – Resíduos infectantes divididos em:

A1 – Biológicos: Cultura, inócuo, mistura de microorganismos e meio de cultura inoculado

proveniente de laboratório clínico ou de pesquisa, vacinas vencidas ou inutilizadas, filtro de

gases aspirados de áreas contaminadas e qualquer resíduo contaminado por estes materiais.

A2 - Sangue e Hemoderivados: Bolsas de sangue pós transfusão, com prazo vencido, com

sorologia positiva, amostra de sangue para análise, soro, plasma, e outros subprodutos

A3 – Cirúrgico, Anátomo patológico e exsudado: Tecido, órgão, feto, peça anatômica e

outros líquidos orgânicos resultantes de cirurgia, necropsia e resíduos contaminados por estes

materiais.

A4 – Perfuro ou cortante: Agulha, ampola, pipeta, lâmina de bisturi, vidro e outros.

A5 – Animal Contaminado: Carcaça ou parte do animal inoculado, exposto a microrganismo

patogênico, ou portador de doença infecto-contagiosa, bem como resíduos que tenham estado

em contato com eles.

A6 - Assistência ao Paciente: Secreções, excreções de demais líquidos orgânicos procedentes

do paciente, bem como resíduos contaminados por estes.

Classe B – Resíduos Especiais, divididos em:

B1 - Rejeito radioativo: Material radioativo ou contaminado com radionuclídeos proveniente

de laboratório de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia (resolução

CNEN – NE-6.05)

B2 – Resíduo farmacêutico: Medicamento Vencido, contaminado, interditado ou não

utilizado

B3 – Resíduo químico perigoso: Resíduo tóxico, corrosivo, inflamável, explosivo, reativo,


93

genotóxico ou mutagênico, conforme NBR 10004/1987: norma de classificação de resíduos

sólidos criada pela ABNT.

Classe C – Resíduo Comum:

Todos aqueles que não se enquadram nos tipos A e B e que por sua semelhança aos resíduos

domésticos, não oferecem risco adicional à saúde pública. Por exemplo: resíduos de

atividades administrativas, dos serviços de varrição e limpeza de jardins e restos alimentares

que não tenham entrado em contato com o paciente.

2.5 Fontes Geradoras de Resíduos de Saúde

Conforme RDC 306 são geradores de resíduos sólidos de saúde:

Define-se como geradores de RSS todos os serviços que prestem atendimento à


saúde humana ou animal, incluindo os prestadores de serviço que promovam os
programas de assistência domiciliar; serviços de apoio à preservação da vida,
indústrias e serviços de pesquisa na área de saúde, hospitais e clínicas, serviços
ambulatoriais de atendimento médico e odontológico, serviços de acupuntura,
tatuagem, serviços veterinários destinados ao tratamento da saúde animal, serviços
de atendimento radiológico, de radioterapia e de medicina nuclear, serviços de
tratamento quimioterápico, serviços de hemoterapia e unidades de produção de
hemoderivados, laboratórios de análises clínicas e de anatomia patológica,
necrotérios e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento e serviços
de medicina legal, drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação,
estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde, unidades de controle de
zoonoses, indústrias farmacêuticas e bioquímicas, unidades‖ móveis‖ de
atendimento à saúde, e demais serviços relacionados ao atendimento à saúde que
gerem resíduos perigosos‖. (RDC 306, Capítulo II -Abrangência).

2.6 Ações para minimização de riscos associados aos resíduos de serviço de saúde

Todas as rotinas de trabalho portam certo grau de risco, que pode ser maior ou menor, porém

algumas áreas da saúde requerem cuidados especiais e, para minimizar os riscos, algumas

ações preventivas devem ser tomadas.


94

Segundo o Ministério da Saúde (2002, p. 89) devem-se adotar algumas formas de minimizar

os riscos, como segregar os resíduos de forma a não contaminar os resíduos comuns, usar

adequadamente os EPI´s para cada atividade, treinar o pessoal de forma específica de acordo

com as atividades realizadas, projetar o layout do estabelecimento de forma a minimizar o

trajeto dos resíduos e planejamento de roteiros, identificação através de símbolos, cores e

expressões dos recipientes e locais que contêm resíduos perigosos; proteção dos locais de

armazenamento dos RSS, para evitar a entrada de insetos e pequenos animais, elaboração e

implantação de procedimentos de trabalho que busquem minimizar a ocorrência de incidentes

envolvendo os resíduos, (prática padrão), formar auditores internos para realização de

auditorias periódicas no processo de gestão dos resíduos, mapeamento dos possíveis riscos,

por área ou local do estabelecimento, colocando, em local visível, o mapa de risco da área e

conscientização do pessoal para os riscos envolvidos nas atividades do estabelecimento;

2.7 Produtos perigosos em estabelecimento de saúde

Segundo o Ministério da Saúde (2002) entende-se por produto perigoso ―qualquer substância

ou solução com características e composição que possam ocasionar danos às pessoas, aos

animais e ao meio ambiente‖.

Os produtos perigosos são divididos em três classes principais:

a) químicos: substâncias ou preparados perigosos (tóxicos, corrosivos, inflamáveis,


reativos, genotóxicos ou mutagênicos), incluindo-se medicamentos e substâncias
mantidos sob pressão (gases), quimioterápicos, antineopl ásicos, pesticidas fora de
validade ou especificação, solventes, ácido crômico (usado na limpeza de vidros de
laboratório), mercúrio de termômetro, substâncias para revelação de radiografias,
baterias usadas, óleos, lubrificantes usados, etc.;
b) biológicos: substâncias contendo agentes patogênicos, que possam transmitir
doenças infecto-contagiosas;
c) radioativos: materiais emissores de radiação ionizante em níveis superiores aos
definidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), utilizados em
procedimentos de diagnóstico e terapia. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, P.195).
95

Todos os produtos perigosos devem portar o rótulo de risco conforme determina o Decreto

2.657, de 3 de julho de 1998, que promulga a Convenção nº. 170 da Organização

Internacional do Trabalho (OIT), relativa à Segurança na Utilização de Produtos Químicos no

Trabalho, assinada em Genebra, em 25 de junho de 1990. Nesta convenção, entre outros

requisitos, estabelece-se que:

(a) todos os produtos químicos deverão portar uma marca que permita
a sua identificação; e
(b) os produtos químicos perigosos deverão portar, ainda, uma etiqueta facilmente
compreensível para os trabalhadores, que facilite informações essenciais sobre a
sua classificação, os perigos que oferecem e as precauções de segurança que devem
ser observadas.

No Brasil, adotam-se rótulos de risco e painéis de segurança conforme ABNT NBR 7500/94.

Segundo o Decreto 96.044 (1988), o uso dos rótulos sobre riscos e painéis de segurança é

obrigatório nos veículos que transportam produtos perigosos durante o transporte até a

limpeza do veículo:

Art. 2º Durante as operações de carga, transporte, descarga, transbordo, limpeza e


descontaminação os veículos e equipamentos utilizados no transporte de produto
perigoso deverão portar rótulos de risco e painéis de segurança específicos, de
acordo com as NBR-7500 e NBR-8286.
Parágrafo único. Após as operações de limpeza e completa descontaminação dos
veículos e equipamentos, os rótulos de risco e painéis de segurança, serão retirados.
Art. 3º Os veículos utilizados no transporte de produto perigoso deverão portar o
conjunto de equipamentos para situações de emergência indicado por Norma
Brasileira ou, na inexistência desta, o recomendado pelo fabricante do produto.

Segundo o Ministério da Saúde (2002), quanto ao armazenamento e acondicionamento de

sustâncias perigosas devem-se ter alguns cuidados especiais, entre outros:

Determinação do local e layout adequados, definição de uma política de


preservação, com embalagens adequadas aos materiais, existência de sistema de
combate a incêndio, promoção da ordem, arrumação e limpeza, de forma constante,
96

garantia da segurança dos indivíduos, patrimonial e do ambiente. (MINISTÉRIO


DA SAÚDE, 2002, P. 202).

Entende-se que para a manipulação, armazenamento e acondicionamento de produtos

perigosos, o gestor do hospital deve estar atento às legislações, assim como todo o pessoal

devidamente treinado e atento para placas de sinalização, como para o risco dos resíduos. Os

locais internos e externos de armazenamento temporário de resíduos hospitalares devem ter

suas identificações de risco afixadas em local visível e em bom estado de conservação,

facilitando a leitura e o entendimento destas.

2.8 Gestão dos Resíduos de Serviços Saúde

A Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde (GRSS) vem sendo trabalhada em duas grandes

frentes dentro da área de saúde: a questão legal/normativa e a questão teórico/prática. Na

questão legal/normativa, os estabelecimentos estão sujeitos a uma série de leis que

determinam muitos procedimentos. Ao mesmo tempo, os hospitais criam uma série de normas

internas de procedimentos, em busca de padronizar o comportamento de funcionários e

agentes de saúde, reduzindo possíveis problemas no manejo de dejetos hospitalares.

Na questão teórico/prática, unimos os pensamentos das pesquisas e das práxis médicas que

vem sendo aperfeiçoadas continuamente, desenvolvendo técnicas, equipamentos e

procedimentos de melhoria no tratamento dos resíduos hospitalares. Nesse sentido, a evolução

da gestão de RSS depende das iniciativas e consciência ambientais e procedimentos

determinados pelos profissionais e pesquisadores da área médica.

O desenvolvimento sustentável também passa pela área de saúde, quer pública ou privada. O

destino final de seus resíduos é ainda uma incógnita para muitos municípios do Brasil. O que

fazer com os RSS? Como descartá-lo ecologicamente correto?


97

O gerenciamento dos resíduos no tratamento de pacientes domiciliares nem sempre obedece

ao rigor da legislação

Os resíduos de serviços de saúde dos Grupos A, B e C, provenientes dos


atendimentos domiciliares — home care —, devem ser acondicionados em sacos
plásticos com símbolo e cor compatível com o grupo de resíduos a que se destina,
sendo recolhidos pelos próprios agentes de saúde e encaminhados aos
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) de origem ou para às empresas
prestadoras de serviços de coleta e transporte destes resíduos.

Segundo Lisboa (2003), gerenciamento dos RSS constitui-se de um conjunto de

procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas,

normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos

resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos

trabalhadores, à preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. O

gerenciamento deve abranger o planejamento de recursos financeiros, físicos, materiais e a

capacitação de recursos humanos envolvidos no manejo dos RSS. Neste sentido, baseado nas

características e no volume dos RSS gerados, deve ser elaborado um Plano de Gerenciamento

de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS, estabelecendo as diretrizes de manejo dos RSS.

(DRC 358 – ANVISA)

As datas de implantação das normas definidas pela ANVISA já foram adiadas várias vezes,

pela impossibilidade de adequação dos hospitais às suas exigências, (Por exemplo a RDC 33

de fevereiro de 2003, estabeleceu o prazo de 12 meses para os EAS se adequarem aos

requisitos legais e a RDC 306 de dezembro de 2004, que revoga a RDC 33, estabelece o prazo

máximo de 180 dias para se adequarem aos requisitos legais). Estas alterações de datas fazem

com que os gestores dos hospitais não atuem de modo incisivo na questão, seja por questões

financeiras, ignorância do processo ou até mesmo pela gestão do estabelecimento de

assistência à saúde, que não se preocupou com a legislação. Além de que a legislação torna o
98

processo complexo, pois vincula leis, decretos, portarias, etc, municipal, estadual e federal. O

lixo hospitalar existe e é inevitável. Porém é necessário, também, se pensar em como se

minimizar o uso de materiais de forma a se minimizar o lixo.

Segundo Povinelli e Bidone (1999), os resíduos hospitalares ainda são tratados como lixo

comum, não havendo um tratamento ecologicamente correto:

―Em geral, os resíduos dos serviços de saúde ainda não recebem o devido
tratamento diferenciado, tendo muitas vezes como destino final o mesmo local
utilizado para descarte dos demais resíduos urbanos. Destaca-se que na maioria
destes locais o acesso é livre aos catadores de lixo, que praticam a coleta para
reciclagem, tornando elevadas as possibilidades de assimilação de doenças infecto-
contagiosas pelas pessoas expostas a manipulação de áreas contaminadas por estes
resíduos‖. (POVINELLI e BIDONE 1999, p. 35).

O art. 3º da Resolução 358 do CONAMA delega a responsabilidade do gerenciamento dos

resíduos de serviços de saúde aos gestores das EAS:

Art. 3º Cabe aos geradores de resíduos de serviço de saúde e ao responsável legal


referidos no art. 1º. desta Resolução, o gerenciamento dos resíduos desde a geração
até a disposição final, de forma a atender aos requisitos ambientais e de saúde
pública e saúde ocupacional, sem prejuízo de responsabilização solidária de todos
aqueles, pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente, causem ou possam
causar degradação ambiental, em especial os transportadores e operadores das
instalações de tratamento e disposição final, nos termos da Lei nº. 6.938, de 31 de
agosto de 1981.

A RDC 306 - Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde, define, no capítulo II, o

gerenciamento dos RSS:

O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de


gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas,
normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e
proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente,
visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos
naturais e do meio ambiente.
O gerenciamento deve abranger o planejamento de recursos físicos, recursos
materiais e a capacitação de recursos humanos envolvidos no manejo dos RSS.
99

Baseado nas características e no volume dos RSS gerados deve ser elaborado um
Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS,
estabelecendo as diretrizes de manejo dos RSS.

Traçando um paralelo entre as resoluções CONAMA e ANVISA com a ISO 14.000, percebe-

se que elas têm vários pontos em comum, principalmente pela responsabilidade da alta

administração no desenvolvimento sustentável e no comprometimento de minimização de

resíduos nas fontes geradoras.

A tabela 5 apresenta as fontes geradoras de resíduos, em um estabelecimento assistencial de

saúde, por grupo de resíduos e locais.

Tabela 5
Tipos de resíduos gerados em um estabelecimento de saúde por modalidade de atendimento/local

GRUPO “A” GRUPO “B” GRUPO “C”


GRUPO “D”
RESÍDUOS COM RESÍDUOS RESÍDUOS
RESÍDUOS
FONTES GERADORAS RISCO COM RISCO COM RISCO
COMUNS
BIOLÓGICO QUÍMICO QUÍMICO

Nos Hospitais
Medicina Interna X X X X
Centro Cirúrgico X X X X
Unidade de Terapia Intensiva X X X X
Isolamento X X X X
Urgência / Emergência X X X
Ambulatório X X X X
Autópsia X X X X
Radiologia X X X X
Nos Laboratórios
Bioquímica X X X X
Microbiologia X X X X
Hematologia X X X X
Coleta X X X X
Patologia Clínica X X X X
Medicina Nuclear X X X X
Nos serviços de apoio
Banco de Sangue X X X
Farmácia X X
Central de Esterilização X X
Lavanderia X X
Cozinha X
Almoxarifado X X
Administração X
Área de circulação X
Fonte: Ministério da Saúde, REFORSUS, 2001, P. 257.
100

Para Naime (2004)35, os resíduos de serviços de saúde requerem um cuidado especial e alerta

para a necessidade de estudarmos as possibilidades da reciclagem como um fator que venha

amenizar o problema dos resíduos sólidos.

Neste sentido, a reciclagem de lixo surge como uma opção importante no


gerenciamento dos resíduos sólidos. O maior desafio para a reciclagem é a
separação dos resíduos. A falta de informações sobre o assunto é um dos principais
motivos para a ausência de projetos bem sustentados que determinem melhorias no
setor. Particularmente os resíduos dos serviços de saúde merecem atenção especial
em suas fases de separação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte,
tratamento e disposição final, em decorrência dos riscos graves e imediatos que
podem oferecer, particularmente na questão infecto-contagiosa.
―É lícito citar que a própria Constituição Federal em seu artigo 174 prevê que o
Estado seja o regulador das atividades econômicas, promovendo o desenvolvimento
equilibrado entre produção e conservação ambiental‖. (BRASIL 1988).

A tabela 6 apresenta um comparativo de geração de resíduos na área de saúde entre o Brasil e

outros países.

Tabela 6
Gestão de resíduos de serviços de saúde

Tipo Descrição básica Kg/Leito/dia Países

A totalidade do RSS é considerada especial (resíduos de Reino Unido


pacientes com infecções virulentas, de pacientes com infecção França
1,5 – 2,0
de transmissão oral-fecal, de pacientes com infecções de Bélgica
Gestão transmissões por aerossóis, de resíduos perfurantes ou cortantes,
Clássica cultivo e reservas de agentes infecciosos, sangue humano e
resíduos anatômicos humanos).
1,2 – 3,8 Brasil
A totalidade do RSS é considerada como infectante (classe A) e
como especial (classe B).
Alemanha
Holanda
Gestão Somente uma pequena percentagem dos RSS é considerada Canadá
0,005 – 0,4
Avançada infectante e/ou especial. Áustria
Suécia

Fonte: Naime (2004, p.3)

Almeida (2002) descreve sobre a situação da geração de resíduos no Brasil:

Prof. Roberto Naime - Departamento de Engenharia Civil - FENG – PUCRS e Curso de Engenharia Industrial, ICET/FEEVALE - Porto
35

Alegre - RS
101

Algumas estimativas, em um hospital típico, os resíduos infectantes


representam aproximadamente 5% (em peso) dos resíduos totais. No
Brasil não há muitos dados a respeito do percentual de resíduos
gerados por hospitais, porém algumas experiências isoladas indicam
que, em uma fase inicial, chega-se facilmente a 30%, e que após
algum tempo esse índice tanto pode diminuir como aumentar,
dependendo do empenho, da organização do estabelecimento e dos
profissionais envolvidos, podendo chegar a índices de 15% .
(ALMEIDA, 2002, p. 306).

Bertussi Filho (2002), apresenta taxas médias de produção de resíduos citadas por alguns

autores:

Tabela 7
Geração de Resíduos

a) LE RICHE citado por LUZ (1972), prevê uma taxa média: De 2(dois) a 4(quatro) kg por paciente/dia

3 (três) kg por paciente/dia - para hospitais


b) HART citado por LUZ (1972), indica: normais e 8,2 kg por paciente/dia para
aqueles de treinamento.

c) ZALTZMAN citado por LUZ (1972) aponta 1,77 kg por leito/dia

d) Segundo a Divisão de Organização Hospitalar do Ministério da


1,3 kg por leito/dia, sendo 0,68 kg de
Saúde citado por LUZ (1972) a taxa média é de
resíduos sépticos e 0,62 kg de resíduos não
e) Segundo Machado Junior (1978) a taxa média é de 2,63 kg por
sépticos.
leito/dia.

Bertusi Filho (2002

Segundo BORGES (1983), a tabela a seguir apresenta várias taxas de produção diária para os

diversos tipos de serviços de saúde:


102

Tabela 8
Tipo de Construção / Produção Diária de lixo

TIPO DE CONSTRUÇÃO PRODUÇÃO DIÁRIA DE LIXO


1 – Hospitais, clínicas médicas, maternidades, casas de
saúde, pronto socorro, sanatórios e similares.
10 litros por leito 0,5 litro/m2 de área útil da edificação
a) com internamento
b) sem internamento
2 – Consultórios médicos e odontológicos, bancos de
sangue, postos de saúde, laboratórios e ambulatórios. 0,5 litro/m2 de área útil da edificação

3 – Casas de repouso e asilos 6,0 litros por apartamento ou quarto


4 – Consultório/clínicas veterinárias 0,3 litro/m2 de área útil da edificação
a) com internamento 0,4 litro/m2 de área útil da edificação
b) sem internamento
Fonte: Superintendência de Limpeza urbana de Belo Horizonte, citado em Borges.

As taxas de geração de resíduos de serviços de saúde são vinculadas ao número de leitos. A

tabela 5 mostra as taxas de alguns países, do Brasil e da cidade do Rio de Janeiro.

Tabela 9
Taxa de Geração de lixo em Serviço de Saúde

Local Geração média kg/leito/dia

Chile 0,97 –1,21

Venezuela 3,10

Argentina 1,85 –3,65

Peru 2,93

Paraguai 3,80

Brasil 2,63

Rio de Janeiro 3,98

Fonte: Superintendência de Limpeza urbana de Belo Horizonte, citado em Borges.

Segundo a Agência de Proteção Ambiental Americana – Enviromental Protection Agency

(EPA), 1988, (in NAIME (2004;5) ―Minimização de Resíduos‖ significa redução na geração de

resíduos perigosos, antes das fases de tratamento, armazenamento ou disposição, incluindo


103

qualquer redução de resíduos na fonte geradora, e inclui a diminuição do volume total e a

redução da toxicidade do resíduo.

A Tabela 10 apresenta vários métodos para a minimização de alguns resíduos perigosos.

Tabela 10
Métodos para minimização de resíduos

Tipo de Resíduo Fonte de geração Método recomendado


Patologia Substituir solventes de limpeza por solventes menos perigosos.
Histologia Segregar resíduos de solventes.
Solvente Engenharia Recuperar e reutilizar solventes por meio de destilação.
Embalsamento Usar calibradores de solventes para testes rotineiros.
Laboratórios
Equipamento obsoleto Substituir instrumentos contendo mercúrio por eletrônicos.
e/ou quebrado Reciclar o mercúrio contido em resíduos de equipamento.
Mercúrio
Fornecer ―kits‖ individuais para limpeza de derramamento de
Mercúrio.
Patologia Diminuir a extensão de formaldeío.
Necropsia Minimizar os resíduos da limpeza dos equipamentos de
Diálises diálise.
Formaldeido
Embalsamento Utilizar osmose reversa para tratamento de água.
Berçário Recuperar o resíduo de formaldeldo.
Investigar a reutilização na doença, nos laboratórios de
necropsia.
Soluções de Reduzir os volumes utilizados.
quimioterápicos Otimizar o tamanho do recipiente da droga quando da compra.
Quimioterápicos
Clínica geral Retornar drogas com prazos de validade vencidos.
antineoplásicos
Farmácia Centralizar o local dos compostos quimioterápicos.
Pesquisa Fornecer ―kits‖ de limpeza para derramamentos.
Materiais pontiagudos Segregar resíduos.
Bandagem
Radiologia Devolver o revelador fora da especificação para o fabricante.
Raios X Cobrir os tanques do fixador e do revelador para reduzir a
Químicos Evaporação.
Ilustraçãográficos Recuperar a prata.
Reciclar o resíduo do filme e papel.
Usar equipamento para reduzir perdas do liquido revelador.
Utilizar banho em contracorrente.
Medicina Nuclear Usar menos isótopos perigosos quando possível.
Radioativos
Laboratório Segregar e rotular apropriadamente os resíduos radioativos.
Testes clínicos
Teste clínico Inspeção e manutenção permanentes nos equipamentos para
Manutenção esterilização de oxido de etileno.
Tóxicos Esterilização Substituir os agentes de limpeza por produtos menos tóxicos.
Corrosivos Soluções para limpeza Reduzir volumes utilizados em experimentos.
Miscelâneas Resíduos de Retomar os recipientes para reutilização.
químicas utilidades Neutralizar os resíduos ácidos com resíduos básicos.
Usar manuseio mecânico para tambores para evitar
derramamentos.
Usar métodos físicos em lugar de químicos para limpeza.
Fonte: Naime (2004, p. 6)
104

2.8.1 Manejo, Manipulação e Coleta dos RSS.

O manuseio de resíduos de serviços de saúde está regulamentado pela norma NBR 12.809 da

ABNT e compreende os cuidados que se deve ter para segregar os resíduos na fonte e para se

lidar com os resíduos perigosos.

A NBR 12807 (1993) usa a nomenclatura manejo, como sendo a operação de identificação e

fechamento do recipiente, que segundo Schneider (2001, p. 63) entende-se por manejo todas

as fazes que envolvem de certa forma a manipulação dos resíduos que possam oferecer riscos

ocupacionais aos profissionais envolvidos. As NBR´s 12809 (1930) – Manuseio de Resíduos

de Serviços de Saúde, 12910 (1993) – Coleta de Resíduos de Serviços de Saúde são bases de

orientação para o manejo, acondicionamento, coleta interna e externa e armazenamento

correto dos Resíduos de Serviços de Saúde.

O procedimento mais importante no manuseio de resíduos de serviços de saúde é separar, na

origem, o lixo infectante dos resíduos comuns. O manejo inadequado pode trazer

conseqüências quanto à contaminação à saúde do funcionário, como riscos ambientais.

2.8.2 Equipamentos de Proteção Individual e Coletivo

É importante ressaltar a necessidade do uso dos equipamentos de proteção individual e

coletivo para maior segurança das pessoas envolvidas na manipulação dos RSS. Tanto os

equipamentos individuais como os coletivos não evitam o acidente de trabalho, porém

minimizam as conseqüências e o risco à saúde do trabalhador.

O uso adequado do EPI (Equipamento de Proteção Individual) requer, antes de tudo, a

conscientização das pessoas, para a necessidade de se evitar contaminação e se minimizarem

acidentes. O EPI por si só não elimina o acidente, mas diminui a possibilidade de se acidentar,

assim como não elimina o risco, porém suaviza a gravidade do acidente. Portanto, é
105

necessário que se faça treinamento intensivo e constante sobre as vantagens do uso do EPI,

salientando os riscos que as pessoas correm se não usarem o EPI corretamente. Em algumas

áreas, o EPI significa sobrevivência antes de tudo.

Segundo Lisboa (2001), embora seja desconfortável o uso do EPI, este é necessário para a

própria saúde e segurança do funcionário:

No manuseio dos resíduos infectantes devem ser utilizados EPI´s (Equipamentos de


Proteção Individual) adequados a cada atividade. Embora exista muita resistência
para o uso do EPI, deve-se conscientizar o funcionário de que eles serão utilizados
para garantir sua própria saúde e segurança, apesar de não apresentar o conforto.
(LISBOA, 2001, p. 73).

Entre vários EPI´s indicados para a manipulação dos resíduos de serviços de saúde,

destacam-se os de uso mais rotineiros, segundo Lisboa (2001):

 Avental – deve ser longo e ter mangas compridas e de preferência ser


impermeável. Destina-se às tarefas em que exista risco de respingamento de
soluções com produtos químicos ou contaminadas.
 Luvas – Devem ser usadas com o objetivo de proteger as mãos, ser de
material resistente e possuir cano alto para proteção parcial dos antebraços. As
luvas devem ser especiais para cada função.
 Máscara – Usar quando existe a possibilidade de inalação de gases tóxicos
resultantes de vapores produzidos por produtos químicos, quando ocorrer risco de
respingamento em pelo ou mucosa da face, em áreas especiais: isolamento, centro
cirúrgico, etc,. e em áreas com odor fétido
 Óculos – Usar para proteção dos olhos em situações como: preparo de
diluição não automática, limpeza de áreas que estejam localizadas acima do nível
da cabeça, em que ocorra o risco de respingamento, poeira ou impacto de
partículas.
 Gorro – Utilizado na proteção do couro cabeludo em área que se exige
paramentação completa.
 Bota - as botas devem ser impermeáveis, ter cano alto e solado
antiderrapante. Uso em (lavagem de piso em geral) e em grandes quantidades de
água e produtos.
106

É importante ressaltar que o EPI deve estar em boas condições de uso e que o usuário é

responsável pela conservação deste, assim como a solicitação de novo EPI quando o que está

em uso perde suas funções de proteger e de dar segurança na manipulação dos resíduos.

O EPC – Equipamento de Proteção Coletiva tem como objetivo a prevenção de acidentes em

áreas comuns, tanto para alertar funcionários, pacientes, visitantes e outras pessoas que façam

uso de áreas comuns, como corredores, banheiros, salas de espera etc. São exemplos de

EPC´s: Placas ilustrativas (CUIDADO, PISO MOLHADO), cones de sinalização, fita

demarcadora (normalmente zebradas em preto e amarelo), painéis de informações e

orientações.

A Portaria Nº 25, de 15 de outubro de 2001 altera a Norma Regulamentadora que trata de

Equipamento de Proteção Individual - NR6 - Norma Regulamentadora do Ministério do

Trabalho e Emprego, e dá outras providências, assim define EPI e dá outros esclarecimentos:

Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora - NR, considera-se


Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso
individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção Individual, todo aquele
composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha associado contra um ou
mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só
poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação
- CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde
no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.
A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao
risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes
circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra
os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,
c) para atender a situações de emergência. (NR nº 6, item 2).
107

Segundo a NR 6, a responsabilidade de indicar o EPI correto é da SESMT (Serviço

Especializado de Segurança e em Medicina do Trabalho) ou CIPA (Comissão Interna de

Prevenção de Acidentes). Cabe, também, a estes órgãos ministrar treinamento do uso

adequado de cada EPI.

Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho - SESMT, ou a Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes - CIPA, nas empresas desobrigadas de manter o
SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco
existente em determinada atividade. Nas empresas desobrigadas de
constituir CIPA, cabe ao designado, mediante orientação de
profissional tecnicamente habilitado, recomendar o EPI adequado à
proteção do trabalhador.

Segundo as NBR´s 9.190 e 9.191, ―os resíduos de serviços de saúde devem ser

acondicionados diretamente nos sacos plásticos sustentados por suportes metálicos para que

não haja contato direto dos funcionários com os resíduos, os suportes são operados por

pedais‖.

Uma vez que os resíduos da Classe B, Tipos B.1 Rejeito Radioativo e B.3 Resíduo Químico

Perigoso, devem ser tratados de acordo com as normas específicas da CNEN e dos órgãos

ambientais municipais e estaduais (como Resíduos Sólidos Industriais Perigosos),

respectivamente, e os resíduos Classe C podem ser descartados juntamente com o lixo

domiciliar normal, o texto a seguir se prende exclusivamente aos resíduos Classes A e B.2.

2.8.3 Embalagens, armazenamento e transporte dos RSS.

Sacos Plásticos
108

A RDC 306, em seu item 8.2.1, descreve as especificações de sacos plásticos – ―Devem ser

acondicionados em saco branco leitoso, resistente a ruptura e vazamento, impermeável,

baseado na NBR 9191/2000 da ABNT e substitutivas, respeitados os limites de peso de cada

saco. O saco deve ser preenchido somente até 2/3 (dois terços) de sua capacidade, sendo

proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento‖.

Identificação

A identificação é um conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos

contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS.

A identificação deve estar aposta nos sacos de acondicionamento, nos recipientes de coleta

interna e externa, nos recipientes de transporte interno e externo, e nos locais de

armazenamento, em local de fácil visualização, de forma indelével, utilizando-se símbolos

baseados na norma da ABNT, NBR 7.500.

Os sacos plásticos devem obedecer à seguinte especificação de cores:

Transparentes Lixo comum, reciclável.


Coloridos opacos Lixo comum, não reciclável.
Branco leitoso Lixo infectante ou especial (exceto o radioativo)

Posteriormente, os sacos plásticos devem ser colocados em contêineres que permitam o fácil

deslocamento dos resíduos para abrigos temporários. Esses contêineres devem ser brancos,

para o transporte do lixo infectante, e de qualquer outra cor para o transporte do lixo comum.

Já os abrigos temporários devem ser ladrilhados e com cantos arredondados para facilitar a

lavagem de piso e paredes.

Nos locais de armazenamento, interno e externo, devem constar as placas de identificação dos

resíduos, conforme legislação. (Anexo E)


109

Armazenamento Temporário

Consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os resíduos já acondicionados, em

local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento e

otimizar o traslado entre os pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta

externa. Não poderá ser feito armazenamento temporário com disposição direta dos sacos

sobre o piso.

Caso o volume de resíduos gerados e a distância entre o ponto de geração e o armazenamento

final justifiquem, o armazenamento temporário poderá ser dispensado. Para armazenamento

temporário dos resíduos, devem-se usar contêineres.

Transporte dos RSS

Transporte Interno - consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até o local

destinado ao armazenamento temporário ou à apresentação para a coleta externa.

O transporte interno de resíduos deve ser realizado em sentido único, com roteiro definido e

em horários não coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos e medicamentos,

períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas.

O transporte interno de resíduos deve ser feito separadamente e em recipientes específicos a

cada Grupo de resíduos.

Os recipientes para transporte interno devem ser constituídos de material rígido, lavável,

impermeável, provido de tampa articulada ao próprio corpo do equipamento, cantos

arredondados, e serem identificados de acordo com este Regulamento Técnico.

Os recipientes devem ser providos de rodas revestidas de material que reduza o ruído.Os

recipientes com mais de 400 L de capacidade devem possuir válvula de dreno no fundo. O uso
110

de recipientes desprovidos de rodas deve observar os limites de carga permitidos para o

transporte pelos trabalhadores.

Transporte Externo

A coleta e transporte externos consistem na remoção dos RSS do abrigo de resíduos

(armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou destinação final, utilizando-se

técnicas que garantam a preservação da integridade física do pessoal, da população e do meio

ambiente, devendo estar de acordo com as orientações dos órgãos de limpeza urbana. Os

resíduos classificados como Classe I – Perigosos - necessitam de prévia autorização para o

seu transporte, denominada Autorização Para o Transporte de Resíduos Perigosos – ATRP.

Este transporte é normalizado pelas NBR´s 7.500/00. Símbolos de risco e manuseio para o

transporte e armazenamento de materiais, NBR 7.503 - Ficha de emergência para transporte

de produtos perigosos – Características e dimensões, NBR 7.504 - Envelope para transporte

de produtos perigosos – Características e dimensões, NBR 8.285 - Preenchimento da ficha de

emergência para o transporte de produtos perigosos, NBR 8.286 - Emprego da sinalização nas

unidades de transporte e de rótulos nas embalagens de produtos perigosos.

Viaturas para coleta e transporte dos resíduos de serviços de saúde

No transporte externo deve ser utilizado o roteiro mais curto possível, evitando as vias e
horários de maior trânsito, com o propósito de reduzir os efeitos negativos em caso de
acidentes e derramamentos. O veículo (Anexo F) é de uso exclusivo para esta finalidade. As
especificações técnicas dos veículos de coleta e transporte de resíduos são definidas pelo
Ministério da Saúde (Reforsus 2001):

Os veículos utilizados para o transporte dos resíduos com risco bioló-gicos (grupo
A) devem ter as seguintes características: a) a carroceria do veículo deve ser isolada
111

da cabine e deve permanecer fechada durante todo o transporte; b) o interior da


carroceria do veículo deve permitir a lavagem e ter sistema de drenagem; c) a
carroceria do veículo deve ser estanque, não permitindo o vazamento de líquidos
para o meio externo; d) quando for utilizada forma de carregamento manual, a
altura de carga deve ser inferior a 1,20m, de forma a evitar riscos ergonômicos e de
acidentes; e) o veículo deve estar equipado com pá, rodo e sacos plásticos para
resíduos do grupo A e solução desinfetante para o caso da ocorrência de
derramamento de resíduos; f) o veículo deve ser na cor branca e estar devidamente
identificado com rótulo de fundo branco, desenho e contorno preto, contendo o
símbolo universal de substância infectante, baseado na Norma da ABNT NBR
7500. Símbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e Armazenamento de
Materiais, e a inscrição.Risco Biológico.

Todas estas especificações devem ser observadas pelo EAS ao contratar serviços de terceiros

ou com sua viatura própria. Não basta ser um furgão, é necessário atender às especificações

técnicas e um excelente serviço de higienização e limpeza. O condutor do veículo precisa ser

treinado na legislação de movimentação e transporte de produtos perigosos e obter a carteira

de habilitação denominada de MOPP - Movimentação de Produtos Perigosas. No Brasil, o

transporte de produtos perigosos está regulamentado pela portaria 204/97 do Ministério dos

Transportes, abrangendo classes e números de risco, embalagem, prescrições para transporte,

relação de produtos classificados como perigosos.

Para fins de transporte, os explosivos e os radioativos precisam de autorização dos órgãos

competentes, Ministério do Exército e CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear)

respectivamente.

Simbologia de uso obrigatório nos veículos de transportes de resíduos.

Conforme o Decreto nº. 1.797 de 1996 art. 2 determina o tipo de veículo para o transporte de

produtos perigosos:

O transporte de produtos perigosos só pode ser realizado por veículos e


equipamentos (como, por exemplo, tanques e contêineres) cujas características
112

técnicas e estado de conservação garantam segurança compatível com os riscos


correspondentes aos produtos transportados.

No Anexo G modelos de placas e simbologias para transporte de produtos perigosos.

Coleta de materiais perfurocortantes

Para o recolhimento de objetos cortantes ou perfurantes (perfurocortantes) devem-se usar

recipientes rígidos (anexo H) conforme instrução da ABNT - NBR 13853/97 - Coletores para

resíduos de serviços de saúde perfurantes ou cortantes - requisitos e métodos de ensaio.

Segundo Lisboa (2001) a segregação do material perfurocortante não é eficiente o que

ocasiona risco de acidentes do trabalho:

Infelizmente é muito comum o encontro de perfurocortantes no meio de roupas que


chegam à lavanderia. Deve-se recolher os perfurocortantes no meio de roupas com
pinça auxiliar; nunca deve ser recolhido com as mãos.Descartar os perfurocortantes
em coletores próprios, devendo ser colocados estrategicamente nos pontos mais
próximos das áreas de recebimento de roupas. Após o preenchimento do coletor
até a linha demarcatória, este deve ser fechado e colocado em saco plástico branco-
leitoso conforme norma ABNT NBR 9.191. (LISBOA, 2001, p.65)

Coletor compactador

Trata-se de equipamento destinado à coleta de resíduos infectantes de serviços de saúde

(hospitais, clínicas, postos de saúde). É equipado com carroceria basculante, de formato

retangular ou cilíndrico, dotado de dispositivo de basculamento de contêineres na boca de

carga, com a característica de ser totalmente estanque, possuir reservatório de chorume e ser

menos ruidoso. O equipamento deve operar com baixa taxa de compactação, para evitar o

rompimento dos sacos plásticos que estão acondicionando os resíduos infectantes. O

descarregamento só deverá ser feito nas unidades de tratamento e disposição final desse tipo

de resíduo
113

2.9 Tipos de Tratamento e desinfecção de RSS

2.9.1 Autoclave36

Autoclave é o equipamento utilizado para o tratamento de inativação biológica de Resíduos de

Serviços de Saúde. (Anexo I).

O processo de esterilização por Autoclavagem é utilizado para tratamento dos resíduos de

serviços de saúde classificados no Grupo A da Resolução CONAMA 283. Sua patente foi

requerida junto ao INPI.

O equipamento possui tecnologia que garante a total inativação dos microorganismos

presentes nos resíduos através de uma rápida e homogênea elevação na temperatura da

câmara.

Esta garantia está documentada pelo constante monitoramento realizado através de

indicadores biológicos.

O agente esterilizante dos resíduos é o calor, que através do vapor a uma pressão de 3,5 kg/c3,

a uma temperatura de 140º C proporciona a completa eliminação dos agentes nocivos.

Após esterilizados, os resíduos são descaracterizados por trituração e dispostos em aterros

sanitários licenciados.

2.9.2 Inativação Biológica por Autoclavagem

A autoclavagem é o processo utilizado para esterilização de RSS (Resíduos de Serviços de

Saúde). O agente esterilizante utilizado neste processo é o calor úmido, e o veiculo do agente

é o vapor saturado seco. A temperatura de processo é de 140 ºC com tempo de exposição de

36
http://www.silcon.com.br/autoclave.php - Silcon Ambiental Ltda - fabricante do primeiro equipamento de
autoclave no Brasil – 1984.
114

15 minutos. O processo de autoclavagem inclui ciclos de compressão e de descompressão de

forma a facilitar o contacto entre o vapor e os resíduos.

2.9.3 Descaracterização

Processo de trituração utilizado na descaracterização de produtos industriais. Equipamentos

fixos e móveis são utilizados na descaracterização de produtos industriais.

2.9.4 Microondas

A irradiação por microondas é uma tecnologia mais recente de tratamento de RSS e consiste

na desinfecção dos resíduos a uma temperatura elevada (entre 95 e 105ºC), os quais são

triturados antes ou depois desta operação. O aquecimento de todas as superfícies é assegurado

pela criação de uma mistura água-resíduos.

2.10 O Custo nas Entidades Assistências de Saúde

Conforme comentado em ―Justificativa‖, as entidades Assistenciais de Saúde não

estãopreparadas para a gestão de custos, o que impede maior aplicação e investimento na área

da logística reversa dos resíduos. Há raríssimas obras com enfoque nessa área. Beulke e

Bertó (2005), em seu livro Gestão de Custos e Resultado na Saúde, faz um excelente trabalho

de custos para EAS, com planilhas de gestão de controle etc, porém, não considera no

planejamento financeiro os custos dos resíduos de saúde. Beulke ressalta a falta de critérios

das EAS para a formação de seu custo e conseqüentemente o preço de venda de seus serviços

e produtos:

A nossa experiência prática, hoje bastante considerável, nos autoriza a afirmar que
a quase totalidade das instituições de saúde no país desconhece a sua estrutura de
custos para estabelecer os preços de seus serviços.
115

Surge então um inevitável conflito e impasse entre as duas partes da negociação.


De um lado o plano de saúde pretendendo pagar um preço justo, mas não
excessivo, para não comprometer a sua própria viabilidade. De outra, uma
instituição de saúde pretende obter um preço que lhe traga resultado.
A conseqüência disso é o estabelecimento, por vezes, de valores de serviços
absolutamente fora da realidade, o que implica redução de competitividade e, por
conseqüência, de receita. (Beulke e Bertó, 2005,p.14)

2.11 Custo x Tecnologia

O custo da implantação de um sistema de re-processamento de resíduos é alto e portanto é

mister que os EAS façam parcerias com outros estabelecimentos e até com o município no

intuito de minimizar recursos. Outra situação é a terceirização do serviço de re-processamento

dos resíduos. Como exemplo de empresa especializada nessa atividade tem-se a Tecno

Ambiental.

A empresa Tecno Ambiental 37 que atua na área ambiental, especializada em ações pertinentes

ao manejo dos resíduos, contempla aspectos correspondentes à geração, segregação,

acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final,

considerando também aspectos que conduzam à redução, reciclagem e reutilização. Ressalta

também a minimização do desperdício, ocasionando a redução de custos, aponta como

solução mais viável para os RSS o processo ―Antaeus SSM‖, equipamento que em uma única

operação de 30 minutos, o resíduo infectante anteriormente perigoso pode ser descartado

como lixo comum (Classe "C" - NBR 12808) sem emissões prejudiciais.

Expondo o resíduo infectante à água superaquecida a 135ºC, e empregando, simultaneamente,

um sistema de corte apropriado, a Antaeus SSM transforma-o em material não prejudicial,

irreconhecível.

37
http://www.tecnoambiental.com.br/futuro/btnssm.htm (acesso: 05/07/2005)
116

O Grupo Pesquisa Industrial criou o equipamento ―Antaeus SSM‖ que processa 70 Kg de

lixo por ciclo de 60 minutos. O equipamento possui 2,90 m de comprimento, 1,98 m de altura,

1,22 m de profundidade e pesa 1.500 Kg. O filtro separador que acompanha o sistema mede

1,22 m por 1,90 m e pesa 150 Kg. Uma unidade tem capacidade para tratamento do resíduo

gerado por um hospital 400 leitos em média. O equipamento é modular, podendo facilmente

ser ampliado.

A Antaeus apresenta uma tecnologia inovadora que transforma o resíduo infectante, conforme

classificação NBR 12.808 - Classe "A", em material seguro que pode simplesmente ser

eliminado como lixo comum.

No âmbito nacional, o sistema é compatível com a Resolução CONAMA 05/93, por empregar

o princípio de esterilização a vapor.

Devido ao método de esterilização empregado ser feito através de um sistema que utiliza

somente a combinação da água e vapor, o Departamento do Meio Ambiente e Saúde do

Estado de Maryland concluiu que o equipamento Antaeus SSM não requer nenhuma licença

especial.

Segundo as informações da empresa Tecno Ambiental, depois de processado pela Antaeus

SSM, o resíduo infectante é transformado em:

 Está 100% esterilizado;

 É irreconhecível;

 Não perigoso;

 É reduzido em 80% do seu volume;

 Pode ser eliminado como lixo comum

Ainda segundo a Tecno Ambiental, ao usar a Antaeus SSM, pode-se esperar obter economias

adicionais, variando de acordo com a instituição. Essas economias são mensuráveis e

contribuem significantemente para obtenção dos resultados. Por exemplo:


117

 Redução nas tarefas administrativas.

 Segurança na segregação e tratamento da fração infectante.

 Redução nos custos operacionais: manuseio, transporte e estocagem (intra-

unidade).

 Redução no espaço exigido para o equipamento Antaeus SSM.

 Eliminação das multas legais devido ao derramamento acidental causado pelo

transporte para locais externos.

 Eliminação das taxas e demais despesas públicas exigidas para a solução de

preocupações ambientais da comunidade.

 Redução significativa de custos na preparação do local para a instalação do

equipamento Antaeus SSM.

 Dissolução imediata dos produtos degradáveis.

 Redução do volume do lixo sólido em 80% ou mais.

 Eliminação de efluentes esterilizados, diretamente no esgoto sanitário.

 Preocupação com a comunidade, criando uma atmosfera ambientalmente

amigável entre as instituições de saúde, vizinhanças e ambientalistas.

A eficácia de um novo sistema de água super aquecida e vapor foi avaliada. O sistema foi

projetado para tornar resíduos hospitalares potencialmente infecciosos em lixo comum

municipal. Esta investigação envolveu avaliação de:

 Eficácia de esterilização via inativação de esporas do Bacillus

sterearothermophilis spores, Mycobacterium phlei, Staphylococcus aureus,

Candida albicans, Giardia e Poliovirus Tipo 1;

 Viabilidade de microorganismos em cultura processada média;

 Emissões químicas do efluente líquido e ar;


118

 Ausência de captação do resíduo processado como resíduo hospitalar; e

 Aspectos de Segurança Biológica e do Trabalho. O conceito de Tempo

Equivalente de Esterilização permitiu rápidos ciclos de processamento e

produziu um material que foi aceitável como lixo comum municipal. A

eficácia de-se usar este sistema para um tratamento seguro do lixo hospitalar

foi vantajosa.

O referencial da Tecno Ambiental aqui relatada é apenas para enriquecer a pesquisa com

novas tecnologias de destinação final dos resíduos de serviços de saúde e não uma

propaganda, assim como de outras empresas citadas.

2.12 Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS

Segundo a Resolução 358 do CONAMA, artigo 4º, exige a obrigatoriedade da elaboração do

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS (Folha de rosto anexo J)

para os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde - EAS:

O PGRSS é um documento integrante do processo de licenciamento ambiental,


baseado nos princípios da não geração de resíduos e na minimização da geração de
resíduos, que aponta e descreve as ações relativas ao seu manuseio, no âmbito dos
estabelecimentos, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação,
acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final,
bem como a proteção à saúde pública. O PGRSS deve ser elaborado pelo gerador dos
resíduos e de acordo com os critérios estabelecidos pelos órgãos de vigilância
sanitária e meio ambiente federal, estadual e municipal.

O artigo 5º, parágrafo 1º, complementa que ―na elaboração do PGRSS, devem ser

considerados princípios que conduzam à minimização e às soluções integradas ou

consorciadas, que visem ao tratamento e à disposição final destes resíduos de acordo com as

diretrizes estabelecidas pelos órgãos de meio ambiente e de saúde competentes‖.


119

Conforme Resolução 358 do CONAMA os EAS são obrigados a elaborarem, implementarem

e apresentarem seu Plano de Resíduos de Serviços de Saúde aos órgãos competentes:

Art. 4o Os geradores de resíduos de serviços de saúde constantes do inciso X do art.


1o desta Resolução, em operação ou a serem implantados, devem elaborar e
implantar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde-PGRSS, de
acordo com a legislação vigente, especialmente as normas da vigilância sanitária.
§ 1o Cabe aos órgãos ambientais competentes dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, a fixação de critérios para determinar quais serviços serão objetos
de licenciamento ambiental, do qual deverá constar o PGRSS.
§ 2o O órgão ambiental competente, no âmbito do licenciamento, poderá, sempre
que necessário, solicitar informações adicionais ao PGRSS.
§ 3o O órgão ambiental, no âmbito do licenciamento, fixará prazos para
regularização dos serviços em funcionamento, devendo ser apresentado o PGRSS
devidamente implantado.
Art. 5o O PGRSS deverá ser elaborado por profissional de nível superior,
habilitado pelo seu conselho de classe, com apresentação de Anotação de
Responsabilidade Técnica-ART, Certificado de Responsabilidade Técnica ou
documento similar, quando couber.

A literatura sobre o assunto (PGRSS) é muito recente. A maioria dos Estabelecimentos

Assistenciais de Saúde não terão condições técnicas de se adequarem dentro do prazo previsto

pela Resolução RDC n.º 306, de 07 de dezembro de 2004, publicada no Diário Oficial da

União de 10/12//2004, que ―dispõe sobre o Regulamento Técnico para o Gerenciamento de

Resíduos de Serviços de Saúde‖:

Art 5º Todos os serviços em funcionamento, abrangidos pelo Regulamento


Técnico, desta RDC, terão prazo máximo de 12 meses para se adequarem
aos requisitos nele contidos. A partir da publicação do Regulamento
Técnico, os novos serviços e aqueles que pretendam reiniciar suas
atividades, deverão atender na íntegra as exigências nele contidas,
previamente ao seu funcionamento. (RDC 306, 2005).
120

Segundo o capítulo III – Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde - da RDC

306/2004, da ANVISA, todos os Estabelecimentos Assistencias de Saúde são obrigados a

elaborar e colocar em prática o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde:

O gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento dos recursos


físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos
no manejo dos RSS.
Todo gerador deve elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços
de Saúde – PGRSS, baseado nas características dos resíduos gerados e na
classificação constante do Apêndice I, estabelecendo as diretrizes de manejo dos
RSS.
O PGRSS a ser elaborado deve ser compatível com as normas locais relativas à
coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados nos serviços de saúde,
estabelecidas pelos órgãos locais responsáveis por estas etapas. (RDC 306, p. 3,
CAP.III, 2004).

O Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - GRSS, pela definição da RDC 306, é

um manual de normas e procedimentos de gestão que devem ser implantados nos EAS, de

forma eficiência a partir de bases científicas, técnicas, legais etc.

O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de


gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas,
normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e
proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente,
visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos
naturais e do meio ambiente. (RDC 306, p. 3, CAP.III, 2004).

O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde é o planejamento estratégico da

gestão dos resíduos, onde deve constar e prever todas as ações para o manejo dos resíduos,

que se inicia com o descarte e termina com a destinação final.

O fluxo de manejo interno dos resíduos de serviços de saúde é um mapeamento essencial para

o controle dos resíduos e definição dos responsáveis pelo processo, conforme Manual de: RSS

- Planejamento e Gerenciamento, (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, p. 25), conforme


121

planilha dos questionamentos para soluções de problemas: quem?, o quê?, onde?, como? e

quando? as tarefas deverão ser realizadas.

Tabela 11
Fluxo de manejo interno dos RSS

OPERAÇÃO QUEM? O QUÊ? ONDE? COMO? QUANDO?


Colocando cada
SEGREGAÇÃO:
tipo de resíduos
Separar e acondicionar O pessoal dos No momento
RSS comuns e Na fonte de em seu
os RSS de acordo com serviços que de descartar o
perigosos geração recipiente
suas características geram RSS resíduo
correspondente

IDENTIFICAÇÃO: Preenchendo
Ao fechar um
Colocar em cada O pessoal dos O recipiente a etiqueta com
Na fonte de saco ou um
recipiente de RSS serviços que cheio de RSS os dados que
geração recipiente
fechado a etiqueta geram RSS perigosos identifiquem os
cheio
correspondente RSS

O pessoal dos
ARMAZENAMENTO
serviços que Os recipientes Nos locais Transladando
TEMPORÁRIO:
geram fechados e determinados manualmente os Depois de
Colocar os recipientes
resíduos e o Etiquetados pelo PGRSS recipientes de fechá-los e
fechados em local
pessoal dos que contêm sobre a fonte dentro da fonte etiquetá-los
destinado para sua
serviços de RSS de geração de geração
coleta
limpeza

COLETA E De acordo
TRANSPORTE: com o
Respeitando o
Transladar os Apenas horário e
O pessoal dos Em carros com roteiro e os
recipientes do local de recipientes freqüência de
serviços de rodas de tração procedimentos
armazenamento fechados e retirada
limpeza manual de segurança
temporário até o local etiquetados para cada
estabelecidos
do armazenamento área e tipo do
externo serviço

ARMAZENAMENTO Em um Respeitando a
EXTERNO: armazém se separação básica
Os resíduos de No momento
Armazenar os RSS em O pessoal dos acondiciona os entre comuns
acordo com a de sua coleta
um local adequado serviços de resíduos (grupo D) e os
segregação e transporte
Devidamente limpeza comuns, em perigosos dos
realizada interno
acondicionado à espera outro os grupos A, B e
de sua coleta definitiva perigosos C

Fonte: Guía de Capacitación - Gestión y Manejo de Desechos Sólidos Hospitalarios (1996). Aput RSS-
Planejamento do gerenciamento (2002, p. 25).

Esta matriz é também usada e conhecida nas organizações como Método 5W1H38 que é uma

excelente ferramenta para elaboração, acompanhamento e verificação do planejamento

38
5W1H – vide glossário
122

operacional e para análise de melhoria dos sistemas organizacionais. Seguindo este fluxo fica

fácil de se entenderem as tarefas rotineiras no tratamento dos resíduos.

Segundo Cap. V da RDC 306/2004 define-se PGRSS como:

O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde é o documento que


aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, observadas
suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos, contemplando os
aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,
armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como as ações de
proteção à saúde pública e ao meio ambiente.

Id, O PGRSS deve contemplar ainda:

1. Caso adote a reciclagem de resíduos para os Grupos B ou D, a elaboração, o


desenvolvimento e a implantação de práticas, de acordo com as normas dos órgãos
ambientais e demais critérios estabelecidos neste Regulamento. 2. Caso possua
Instalação Radiativa, o atendimento às disposições contidas na norma CNEN-NE
6.05, de acordo com a especificidade do serviço. 3. As medidas preventivas e
corretivas de controle integrado de insetos e roedores. 4. As rotinas e processos de
higienização e limpeza em vigor no serviço, definidos pela Comissão de Controle
de Infecção Hospitalar - CCIH ou por setor específico. 5. O atendimento às
orientações e regulamentações estaduais, municipais ou do Distrito Federal, no que
diz respeito ao gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. 6. As ações a serem
adotadas em situações de emergência e acidentes. 7. As ações referentes aos
processos de prevenção de saúde do trabalhador. 8. Para serviços com sistema
próprio de tratamento de RSS, o registro das informações relativas ao
monitoramento destes resíduos, de acordo com a periodicidade definida no
licenciamento ambiental. Os resultados devem ser registrados em documento
próprio e mantidos em local seguro durante cinco anos. 9 – O desenvolvimento e a
implantação de programas de capacitação abrangendo todos os setores geradores de
RSS, os setores de higienização e limpeza, a Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar – CCIH, Comissões Internas de Biossegurança, os Serviços de
Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho – SESMT, Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes – CIPA, em consonância com o item 18 deste
Regulamento e com as legislações de saúde, ambiental e de normas da CNEN,
vigentes.
123

Além de monitorar estes nove itens, o gestor responsável pelo PGRSS deve ter o

monitoramento constante com indicadores específicos para a área, como os citados pela RDC

306, item 4.2.2:

 Taxa de acidentes com resíduo perfurocortante;


 Variação da geração de resíduos;
 Variação da proporção de resíduos do Grupo A;
 Variação da proporção de resíduos do Grupo B;
 Variação da proporção de resíduos do Grupo D;
 Variação da proporção de resíduos do Grupo E;
 Variação do percentual de reciclagem.

Os indicadores devem ser produzidos no momento da implantação do PGRSS, com


acompanhamento periódico com relatórios e gráficos que devem ficar em local de fácil
visualização, para que funcionários e pessoal da área de saúde possam acompanhar o
desenvolvimento dos mesmos gráficos.

2.13 Elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

Segundo a Resolução Conjunta SS/SMA/SJDC 39 -1, de 29/06/98, todas os estabelecimentos

assistenciais de saúde devem apresentar o Plano de Resíduos de Serviços de Saúde aos

órgãos competentes do estado:

A administração dos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, novos ou


em funcionamento, sejam da administração pública ou privada, deverá apresentar o
Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (PGRSS) junto
às autoridades estaduais sanitária e ambiental competentes, para fins de aprovação.

O PGRSS não pode ser elaborado apenas pelo pessoal administrativo e burocrático do

estabelecimento de saúde, devem participar todas as pessoas envolvidas nas atividades que

abrange o Plano, se não todas as pessoas, pelo menos representante de cada grupo de

39
SS/SMA/SJDC –Secretaria de Saúde, Secretaria de Meio Ambiente e Secretaria de Justiça e Defesa da
Cidadania.
124

atividade, para que o PGRSS, tenha uma implantação inquestionável. Deve se adotar o

mesmo sistema para implantação de normas do sistema ISSO 9001, por exemplo, onde todas

as pessoas da organização são treinadas e oferecem sugestões de como normalizar seu setor.

Portanto, é salutar atender a alguns requisitos básicos como:

Identificação do estabelecimento prestador de serviços de saúde:

 Razão social

 Nome de fantasia (nome pelo qual é conhecido).

 Endereço, telefone e fax.

 Atividades desenvolvidas e horários de funcionamento (em caso de hospital, acrescentar o

nº de leitos/especialidade).

 Área total do terreno e área construída (m2).

 Responsável Técnico pelo estabelecimento (Nome, RG, Profissão, Registro Profissional).

 Responsável Técnico do PGRSS (Nome, RG, Profissão, Registro Profissional).

Segundo orientações do Ministério da Saúde – ―Guia do estudante‖ - REFORSUS (2001) O

PGRSS tem o relatório padrão conforme formato pré-definido (figura 13), para informação do

estabelecimento de saúde, assim como todas as etapas do Plano. Este é pré-montado, com

informações para o seu preenchimento adequadamente, o que facilita muito o trabalho do

executor do plano e do técnico responsável pelo seu preenchimento e na aprovação. Na figura

13, um exemplo do formulário do PGRSS para melhor entendimento na elaboração do

relatório do Plano de Resíduos de Serviços de Saúde.


125

Figura 12 – Modelo de apresentação do Plano de Resíduos de Serviços de Saúde


Fonte: Ministério da Saúde – REFORSUS (2001, p. 45)

O PGRSS deve ser realizado junto ao processo operacional, com equipes de trabalho na base

da operação, como:

 Visita e caracterização da Unidade Geradora de Resíduos;

 Entrevista com as pessoas envolvidas, principalmente com os geradores de resíduos e

com o pessoal de coletas, higienização e limpeza;

 Levantamento de dados físicos;

 Dimensionamento da demanda;

 Elaboração de plantas e croquis de fluxos e localizações;

 Elaboração de normas e procedimentos administrativos e operacionais;

 Apresentação dos resultados das entrevistas, normas e procedimentos aos funcionários

e pessoal de atividades médicas e de higiene;


126

 Efetuar alterações, se necessário, e aprovação pelo gestor do hospital e seu

responsável.

 Iniciar processo contínuo de treinamento para toda a população hospitalar passando

pelo diretor do hospital ao faxineiro. Este é o trabalho mais difícil da implantação que

é a conscientização das pessoas em relação as novas regras gerenciais.

2.13.1 Aprovação do PGRSS:

 Coleta da documentação institucional

 Elaboração de relatório técnico circunstanciado

 Tramitação do Plano de Gerenciamento junto aos órgãos Estaduais e Municipais

responsáveis pela análise e aprovação (Vigilância Sanitária; Órgãos ligados à

Tecnologia de Saneamento Ambiental; etc.)

 Recolhimento de taxas e emolumentos

2.13.2 Manejo Intra-institucional:

 Segregação: envolve os procedimentos referentes à separação de resíduos infectantes e

não-infectantes (recicláveis).

 Acondicionamento: fornecimento de materiais (sacos, caixas rígidas e biodegradáveis)

junto aos pontos de geração em consonância com a Norma Técnica.

 Transporte: Equipamentos de transporte dos pontos de geração à sala de resíduos e

desta, para o abrigo de resíduos.

 Tratamento Prévio: Produtos para desinfecção e limpeza.

 Manutenção da Armazenagem Interna e Externa.


127

 Programa de Saúde Ocupacional: Equipamentos de proteção individual (EPI) e

equipamentos de proteção coletiva (EPC).

Para a elaboração do PGRSS é necessário que o gestor tenha conhecimento de várias normas

e legislações, entre elas citam algumas da ABNT40, da ANVISA e do CONAMA.

 NBR 10.004 – Classifica os resíduos sólidos quanto aos riscos potenciais ao meio

ambiente e à saúde pública

 NBR 12807 – Terminologia dos RSS

 NBR 12809 – Manuseio dos RSS

 NBR 12810 – Coleta de RSS

 NBR 7500 – Símbolos de risco e Manuseio para o transporte e Armazenagem de

Materiais.

 RDC Nº. 306 – ANVISA - Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o

gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

 RDC Nº. 358 – ANVISA - Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos

dos serviços de saúde e dá outras providências.

Devem considerar também as diversas regulamentações especificas da área de saúde no que

diz respeito à preservação da higiene, limpeza e desinfecção dos locais onde são executados

os serviços de saúde. Todas estas normas são os instrumentais de que dispõem os médicos e

profissionais de saúde para conduzir seus programas de tratamento de resíduos.

Segundo Povinelli e Bidone (1999), é necessário que se tenha uma normalização padronizada

para que não fiquem dúvidas sobre as responsabilidades dos geradores de resíduos:

A normalização não evita, entretanto, as opiniões contraditórias de técnicos e


especialistas a respeito dos potenciais riscos determinados pelos resíduos de
serviços de saúde, alguns esposando a idéia de que não oferecem risco à saúde

40
A ABNT é uma entidade privada, independente e sem fins lucrativos, fundada em 1940, que atua na área de
certificação.
128

pública e outros, que são altamente perigosos e necessitam de gerenciamento


adequado.(POVINELLI e BIBONE, 1999, P. 79)

2.14. Duas abordagens – Teorias administrativas e Legislação

Como é possível perceber nas duas abordagens, (Teorias de Gestão Administrativas, como

Gestão Ambiental, Gestão da Qualidade e Gestão de Pessoas, e a praticidade da Legislação)

que não são excludentes nem contraditórias, muito ainda pode ser contribuído e aplicado em

termos de teoria de gestão no processo de tratamento de resíduos.

Evidentemente, as melhorias técnicas e aperfeiçoamentos legais serão sempre importantes

para melhorar a situação da Gestão de RSS. Entretanto, a construção de uma gestão gerencial,

composta por suas análises sistêmicas, indicadores, elementos críticos de análise bem como

todo cabedal teórico atrelado ao pensamento administrativo, pode ser um elemento a mais no

aperfeiçoamento desses programas.

Por isso mesmo, acredita-se que esta pesquisa somente poderá ser implementada com a ampla

colaboração de profissionais da área de saúde e pesquisadores sobre essa temática, de forma

que seja possível contemplar as duas abordagens.


129

CAPÍTULO III – METODOLOGIA

3.

3.1 Metodologia de Pesquisa

Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos aplicados à presente

investigação. Inicia-se a terminologia de pesquisa, a seguir trata-se das referências

bibliográficas e o estudo exploratório da pesquisa, aspectos referentes à seleção do objeto de

pesquisa, escolha do universo e da amostragem para o levantamento dos dados a serem

pesquisados.

A metodologia de pesquisa está fundamentada em Cervo e Bervian (2002).

3.2 A Pesquisa

Segundo Cervo, a pesquisa parte de uma dúvida ou problema, que busca respostas

através do uso de métodos científicos:

A pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas teóricos ou


práticos com o emprego de processos científicos. A pesquisa parte, pois, de uma
dúvida ou problema e, com o uso do método científico, busca uma resposta ou
solução. Os três elementos são imprescindíveis, uma vez que uma solução poderá
ocorrer somente quando algum problema levantado tenha sido trabalhado com os
instrumentos científicos e procedimentos adequados. (CERVO, 2002, p. 63).

Id (2002, p. 65) faz referências que alguns autores dão distinção entre a pesquisa pura ou

básica e a aplicada, sendo que a pesquisa pura ou aplicada visa ao ―saber‖, buscando uma

necessidade intelectual pelo conhecimento, já na pesquisa aplicada o pesquisador é motivado


130

pela necessidade de ―contribuir para fins práticos mais ou menos imediatos, buscando

soluções para problemas concretos‖.

São pesquisas que não se excluem, nem se opõe (pura e aplicada). Ambas são
indispensáveis para o progresso das ciências e do homem; uma busca a atualização
do conhecimento para uma nova tomada de posição, enquanto a outra pretende,
além disso, transformar em ação concreta os resultados de seu trabalho. (CERVO,
2002, P. 65)

Id, ―a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas

publicadas em documentos‖.

A pesquisa bibliográfica, desta investigação, fundamentou-se nos autores ambientalistas

Tachizawa e Barbieri.

Pesquisado também outros autores relevantes para o tema e para aos objetivos deste trabalho,

abordando conceitos e classificações, problemas ocasionados pela falta de gerenciamento dos

RSS, a necessidade de adequação dos EAS às legislações, principalmente da ANVISA e

CONAMA, assim como procedimentos de manejo dos RSS, plano de gerenciamento dos

RSS, legislação ambiental, e para uma eficiente implantação do PGRSS, viu-se a necessidade

de abordar as questões gerenciais nas organizações, como referências à gestão da qualidade,

gestão de mudanças e ambiental, onde destacou-se o papel do gestor hospitalar. Estes diversos

temas foram contextualizados e agrupados de forma lógica, iniciando-se com a gestão

empresarial macro e percorrendo a gestão ambiental até a gestão do PGRSS, e,

posteriormente, a realização da pesquisa aplicada para análise e interpretação dos dados, para

as conclusões finais. Pretendeu-se transmitir uma visão global das inter-relações entre os

estabelecimentos de saúde, o meio ambiente e a organizações prestadoras de serviços.

Segundo Cervo (2002), o estudo exploratório é, normalmente, o primeiro passo no processo

de pesquisa, principalmente quando há pouco conhecimento sobre o tema a ser pesquisado.

Os estudos exploratórios, não elaboram hipóteses a serem testadas no trabalho,


restringindo-se a definir e buscar mais informações sobre determinado assunto de
131

estudo. Tais assuntos têm por objetivo familiarizar-se com o fenômeno ou obter
nova percepção do mesmo e descobrir novas idéias. (CERVO, 2002, P. 69).

O estudo exploratório desta pesquisa, baseou-se principalmente nas Resoluções 358/04, do

CONAMA que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de

saúde e dá outras providências, na 306/04 da ENVISA, que dispõe sobre o Regulamento

Técnico para o Gerenciamento de resíduos de serviços de Saúde, Manuais de Saúde

Ambiental e Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde, editados pelo Ministério da Saúde,

para capacitação a distância e na obra de Schneider, Manual de Gerenciamento de Resíduos

Sólidos de Serviços de Saúde.

3.3 Método

Fontenelle (Apud Cervo, 2002, p. 24) assim exaltou o método ―A arte de descobrir a verdade

é mais preciosa que a maioria das verdades que se descobrem‖.

É assim que caminha esta pesquisa: a busca constante da verdade sobre a gestão dos resíduos

de serviços de saúde e a aplicabilidade das legislações.

Segundo Cervo (2002, p. 25), ―entende-se por método o dispositivo ordenado, o procedimento

sistemático, em plano geral. A técnica, por sua vez, é a aplicação do plano metodológico e a

forma especial de o executar‖. Entende-se que o método e a técnica se comparam ao

planejamento estratégico e planejamento operacional de uma organização.

3.4 Técnica
132

Para Cervo (2002, p. 27), ―as técnicas em uma ciência são os meios de executar as operações

de interesse de tal ciência. O treinamento científico reside, em grande parte, no domínio

dessas técnicas‖.

Para assegura a qualidade da coleta de dados, a pesquisa segue sugestões de Cervo (2002),

construindo um procedimento de análise:

1) Formular questões ou propor problemas e levantar hipótese; 2) efetuar


observações e medidas; 3) registrar tão cuidadosamente quanto possível os dados
observados com o intuito de responder ás perguntas formuladas ou comprovar a
hipótese levantada; 4) elaborar explicações ou rever conclusões, idéias ou opiniões
que estejam em desacordo com as observações ou com as respostas resultantes; 5)
generalizar, isto é, estabelecer as condições obtidas a todos os casos que envolvem
condições similares; a generalização é tarefa do processo chamado indução; e 6)
prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar que
surjam certas relações. [...] Indução e a dedução são, antes de mais nada, formas de
raciocínio ou de argumentação e, como tais, são formas de reflexão, e não de
simples pensamento. (CERVO, 2002, 27).

A observação é para Cervo (2002, p. 27) a arte de ―aplicar os sentidos físicos a um objeto,

para dele adquirir um conhecimento claro e preciso‖.

A pesquisa do Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS foi

conduzida em forma de entrevista com questões pré-estabelecidas e abertas, em forma de

questionário, envolvendo o gestor do hospital e chefes de secções, (administrativo e

operacional), pessoal de limpeza e higiene, (encarregado e operacional), pessoal que tem a

responsabilidade de coletar, transportar e armazenar os RSS, pessoal administrativo. Durante

todo o processo de entrevistas serão feitas observações e investigações in loco dos fluxos dos

resíduos, comprometimento, higiene e limpeza geral do estabelecimento. Ao usar a trilogia:

questionário, entrevista e observação, que são os principais instrumentos na operação de

coleta de dados, a pesquisa torna-se viável e minimiza a possibilidade de obter informações


133

distorcidas e incoerentes com a situação do estabelecimento. A eficiência e eficácia do

PGRSS foram levantadas através do feedback41 do questionário de entrevistas onde os

entrevistados terão oportunidade de falar sobre a questão, e de criticar e/ou sugerir

modificações no processo de gestão dos resíduos hospitalares. A questão do

comprometimento e envolvimento das pessoas com o PGRSS, assim como a qualidade da

gestão administrativa do hospital, foi percebida pelas respostas dos questionários de

entrevistas e pela observação do comportamento das pessoas ao executarem suas tarefas.

Adota-se a pesquisa qualitativa, por se tratar da qualidade da ação no que se tange ao PGRSS.

A entrevista possibilita a descoberta de relações (empregado/tarefas), que de outra forma não

seriam observadas e é importante para detectar novas relações. No questionário de entrevista

encontram-se questões que são comuns a todas as pessoas e questões que são direcionadas a

cada função específica das pessoas entrevistadas. As pessoas entrevistadas foram selecionadas

primeiramente pela indicação do Gestor do Hospital aleatoriamente em seu local de trabalho.

Esta pesquisa pode ser compreendida em dois momentos metodológicos complementares. No

primeiro momento foram analisados os procedimentos do Plano de Gestão de Resíduos de

Serviços de Saúde do estabelecimento, segundo a ótica das legislações e, posteriormente

avaliada a prática nas operações.

3.5 Desenvolvimento do questionário

Para se alcançarem dos objetivos da pesquisa, foi desenvolvido um questionário para o

pessoal cuja atividade é recolher os resíduos de saúde e resíduos comuns da Cooperativa, no

total de 09 (nove) objetos. Estas pessoas têm o cargo de Auxiliar de Serviços Gerais. O

questionário é composto por 46 (quarenta e seis) perguntas ligadas à gestão dos resíduos, da

gestão hospitalar, da participação dos funcionários e diretoria, assim como o


41
Feedback – O reverso do processo de comunicação que ocorre quando o receptor expressa sua ração à
mensagem do emissor. (STONER,1995, P. 513)
134

comprometimento com a melhoria contínua do processo. Foram ainda elaborados 03 (três)

questionários para pessoas que exercem, além de seus cargos em saúde, atividades

administrativas, 01 (um) para Enfermeira com especialidade em infecção hospitalar e 01 (um)

questionário para o diretor do hospital que exerce, também, o cargo de Diretor

Administrativo. No total foram aplicados 14 (quatorze) questionários. A partir dos dados

coletados nas entrevistas e discussões em grupo e à luz das teorias gerenciais e científicas,

pretendeu-se adaptar os conhecimentos na busca da construção da consciência administrativa

para a Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde. Neste sentido, nos dois momentos da

pesquisa, podemos descrevê-la como eminentemente qualitativa, na medida em que se propõe

estudar de forma aprofundada os itens mencionados.

Foram realizadas entrevistas com pessoal operacional, aquele que trabalha diretamente com a

manipulação de resíduos, com os encarregados (médicos e enfermeiras) e com o diretor do

hospital ou diretor administrativo.

3.6 População e amostra

A população e o universo da amostra da pesquisa são as pessoas lotadas no Hospital da

Cooperativa de Saúde de Poços de Caldas, por ser o único estabelecimento assistencial de

saúde que, no início da pesquisa (março/2005), estava implantando o PGRSS no município.

Segundo Levin (2004, p. 177) “Como os pesquisadores sociais operam com tempo, energia e

recursos limitados, eles raramente podem estudar cada elemento de determinada população.

Em vez disso, estuda apenas uma amostra, um número menor de indivíduos da população”.

Para uma abordagem inicial da problemática do PGRSS e visando identificar especialmente

problemas do seu gerenciamento (avaliação qualitativa), foi programada uma série de

entrevistas, visitas e inspeções técnicas, a fim de se conhecer por completo a gestão


135

administrativa do hospital e as áreas como centro cirúrgico, ambulatório, lavanderia, depósito

temporário de resíduos, internos e externos, áreas administrativas, etc, identificando e

analisando o fluxo dos resíduos e o comprometimento das pessoas envolvidas, assim como o

papel do gestor do hospital. Foram considerados como fonte de pesquisa 100% (cem por

cento) dos locais geradores de resíduos, com entrevista com os chefes de setores

(administrativo e operacional), 100% (cem por cento) das pessoas envolvidas no manuseio,

coleta e transporte interno de resíduo. Os profissionais médicos, enfermeiras, auxiliares de

enfermagem foram selecionados por ―ala‖ do hospital, com uma amostragem de 10% de cada

função. O resultado dos questionários de entrevista será informatizado e digitalizado no

software Excel, que auxiliará a formatação dos dados finais das entrevistas. Analisar-se-á o

PGRSS com o intuito de valorizar a gestão ambiental, o comprometimento e o envolvimento

das pessoas do hospital com relação ao cumprimento de normas e da responsabilidade social.


136

CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS DADOS

4.
4.1 Unidade da cooperativa de Poços de Caldas - História

A Cooperativa de Saúde foi fundada em 05 de dezembro de 1991, após a opção pelo

cooperativismo em uma reunião histórica da classe médica poçoscaldense. Até então, Poços

de Caldas contava apenas com os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde de rede pública.

Com o advento da Cooperativa de Saúde surgiram os planos assistenciais de pessoas jurídicas

e físicas.

Segundo o Diretor Administrativo o sucesso da Cooperativa de Saúde está na união de todas

as pessoas que integram a equipe. ―Todos os que integram nossa equipe trabalharam

incansavelmente. Muito se realizou visando à qualidade e dignidade do trabalho médico, em

contraposição à exploração desse trabalho pela medicina mercantilista. Esforço, empenho e

coragem foram necessários para que abraçássemos o sucesso”.

Em março de 2001 foi inaugurada sua nova sede, figura 14, passando a receber pacientes em

seu hospital. Hoje a Cooperativa atua com tratamento clínico, cirurgias, ambulatório,

maternidade, raio ―X‖ e odontologia.

A Cooperativa de Saúde Poços de Caldas, em franco crescimento, conta com um verdadeiro

complexo cooperativo, com sede administrativa própria e o Hospital Dia. Um lugar de grande

hospitalidade, idoneidade, um ambiente eficaz, tranqüilo e favorável à luta em prol da vida,

que vem coroar o ideal ―inquebrável‖42 e os incansáveis esforços de toda a equipe de

colaboradores, dirigentes e cooperados.

42
Expressão usada pelo diretor do Hospital para definir o propósito firme da instituição.
137

Depósito Externo
de RSSS

Figura 13 - Vista aérea da unidade da Cooperativa de Saúde


Fonte: Jornal eletrônico - Cooperativa de Saúde (2005).

4.2 Desenvolvimento do trabalho de campo

Durante as visitas na Cooperativa de Saúde procurou-se levantar a situação do ambiente de

trabalho na unidade de saúde, procedimentos adotados pelos funcionários e, principalmente, a

adequação e a existência de equipamentos e instalações adequados à manipulação e ao

armazenamento de Resíduos de Serviço de Saúde.

É importante ressaltar que o levantamento em questão não tem como objetivo fiscalizar e

muito menos denunciar possíveis desconformidades na administração da unidade de saúde

visitada, objeto desta pesquisa. O intuito principal e único é poder levantar a situação do

PGRSS e compará-lo com as legislações vigentes, principalmente com a RDC 306. O Plano

de Gerenciamento de Resíduos de Saúde foi implantado na cooperativa em novembro de


138

2005. A equipe que trabalhou na formulação e implantação do PGRSS foi treinada de açodo

com o Manual de Treinamento elaborado pelo Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão de

Investimento em Saúde, Projeto Reforsus, em parceria com a fundação Getúlio Vargas

(FGV) e a Universidade Federal de Santa Catarina, editado em 2002. Está em fase de

desenvolvimento e implantação. Como se pode observar ainda, falta serem implementados

alguns itens exigidos nas RDC 306 e em alguns casos realizar algumas correções como

processo de melhoria contínua, mas PGRSS já é uma realidade e está em funcionamento na

Cooperativa de Saúde.

Na figura 14 apresenta-se o fluxograma do caminho percorrido na pesquisa como

metodologia norteadora para as considerações finais. O fluxo de informações é fundamental

para o levantamento de dados para a elaboração do trabalho de campo. As entrevistas foram

realizadas em um ambiente cordial, tendo sido a primeira com o Diretor do Hospital, que

também exerce o cargo de Diretor Administrativo. Na primeira reunião de apresentações,

esteve presente, além do Diretor Administrativo, o Diretor Financeiro, a Gerente de Recursos

Humanos e o Chefe de Enfermagem. Colocou-se o objetivo da pesquisa e a integridade das

informações, respeitando-se as confidencialidades administrativas e operacionais. O Diretor

Administrativo solicitou que não fosse explicitado o nome da Cooperativa, pois para isso seria

necessário consultar os demais cooperados em assembléia, o que demandaria muito tempo.

Neste dia visitamos todas as dependências do hospital, onde foram apresentadas as pessoas

envolvidas na manipulação dos resíduos de saúde, que são objetos das entrevistas.
139

OBJETIVOS: FUNDAMENTAÇÃO
GERAL TEÓRICA
ESPECÍFICOS

METODOLOGIA: FONTES DE INFORMAÇÕES:


REFERÊNCIAS: PESQUISA-AÇÃO
• MEIO AMBIENTE OBSERVAÇÃO -
•ARQUIVOS DA COOPERATIVA
•GESTÃO AMBIENTAL ENTREVISTAS
•ENTREVISTAS INFORMAIS E
•ECOSSISTEMA FORMAIS
•IMPACTO AMBIENTAL •APLICAÇÃO DO
•RESÍDUOS GERAIS QUESTIONÁRIO
•RESÍDUOS DE SAÚDE •SISTEMA DE GESTÃO
•LEGISLAÇÕES: PROCESSO DE
(ANVISA-CODEMA-ABNT) ANÁLISE
•RESPONSABILIDADE SOCIAL
•GESTÃO ADMINSTRATIVA

ESTUDO DE CASO: CONSIDERAÇÕES


APLICABILIDADE DO FINAIS DA GESTÃO
PLGRSS APLICABILIDADE DO DOS RSSS
PGRSS

Figura 14 - Fluxo da metodologia aplicada para a coleta de dados


Fonte: Adaptado de Oliveira (2002, p. 104)

A limpeza do hospital é realizada por pessoal do próprio estabelecimento. São pessoas

simples, com baixa escolaridade e que demonstraram durante todo o tempo, muita

cordialidade e satisfação de trabalhar nesta organização. O setor de limpeza é composto por 9

(nove) empregados com o cargo de Auxiliar de Serviços Gerais que são subordinados à

Chefe de Lavanderia. Na figura 15 apresenta-se o fluxo dos resíduos no estabelecimento. Não

há, dentro no hospital, área para armazenamento temporário de resíduos. Os resíduos são

coletados duas vezes ao dia com carrinhos com recipientes adequados e vão direto para o

local de armazenamento temporário externo de resíduos, assim que termina a coleta dos

quartos e centro cirúrgico. Excepcionalmente, sendo necessário, faz-se mais de uma coleta,

percorrendo a mesma rotina.

A coleta seletiva de resíduos é aplicada em toda a organização, onde se encontram vários

conjuntos de lixeiras identificadas com cores dos respectivos resíduos, Figura 15.
140

Figura 15 – Kit de lixeiras para descarte seletivo de resíduos

Os resíduos de embalagens, como papel, papelão, plásticos, assim como os descartáveis são

separados e armazenados em local coberto e identificado, conforme figura 16. A coleta

externa é realizada uma vez por mês por empresa recicladora, cujos recursos financeiros,

oriundos destes materiais, são revertidos em ações à comunidade e aos empregados da

cooperativa.

Figura 16- Separação dos resíduos recicláveis e armazenamento para posterior venda
141

Por ocasião do Natal é realizado concurso interno de melhor presépio projetado e montado

com materiais recicláveis do estabelecimento assistencial de saúde, que é exposto no hall de

entrada do prédio. Este acontecimento é ponto forte das festividades natalinas da cidade,

sendo os componentes da comissão julgadora membros da sociedade e externos à

organização. Na abertura do evento é abordada a necessidade de minimização dos resíduos,

assim como as vantagens ecológicas e financeiras da segregação dos resíduos, assim como

pode ser usada a criatividade e inovação com os materiais do lixo. A reciclagem destes

materiais é um fator motivador para os empregados do estabelecimento, pois percebe-se o

orgulho de todos na confecção e apresentação de seu projeto natalino. A Cooperativa de

Saúde, objeto da pesquisa é uma organização voltada para o bem estar dos funcionários e pela

qualidade no atendimento aos clientes. Percebe-se o bom humor das pessoas, começando

pelas atendentes, telefonistas, pessoas da área administrativa, como as secretárias e auxiliares,

indo aos chefes de departamento, médicos, enfermeiras, até aos auxiliares de serviços gerais.

Há um clima bom de se trabalhar. A organização é consciente da necessidade de se trabalhar

com responsabilidade social, e participa de vários eventos filantrópicos na comunidade, como

exemplo, atualmente o EAS está envolvido, junto com a comunidade, em formar a

cooperativa dos catadores de lixo recicláveis. Participamos como voluntário no I Fórum

Municipal de Lixo e Cidadania, uma iniciativa da Prefeitura Municipal, com o apoio da

Cooperativa, onde houve a eleição da diretoria da Cooperativa dos catadores de lixo

recicláveis de Poços de Caldas. O diretor administrativo da Cooperativa de Saúde e eu fomos

eleitos, entre outros, delegados para representá-la junto à Confederação das Cooperativas do

Estado. A Cooperativa de Saúde cedeu suas dependências e sala de reuniões para a

formatação do estatuto da cooperativa dos catadores de Lixo Recicláveis, que contou com a

presença dos membros da sua diretoria.


142

4.3 Fluxo do processo de recolhimento dos resíduos

Notou-se durante as visitas de entrevistas, que o fluxo da retirada dos resíduos de saúde é

realizado de acordo com o fluxo previamente determinado pela organização. Ao iniciar a

atividade de coleta de resíduos verifica-se que o carrinho que transporta os resíduos está em

condições de higiene para ser transportado para o hospital pelo auxiliar de serviços gerais,

responsável pela coleta, transporte e armazenamento dos RSS. Após a verificação, é colocado

saco plástico preto no container e segue-se para a ala do segundo piso do hospital onde estão

localizados os quartos. Após a retirada dos resíduos dos quartos desta ala, desce para o

primeiro piso pela rampa. Após esta coleta o saco de resíduos é levado até à área de

armazenamento externo, faz nova higienização e retorna ao hospital para recolher os resíduos

das salas cirúrgicas e do ambulatório, retornando em seguida para a área de armazenamento

externo, figura 17. O hospital não possui área de armazenamento interno. Todo resíduo

retirado dos quartos, ambulatório e centro cirúrgico é levado diretamente para o depósito

temporário externo que fica próximo ao prédio do hospital e de fácil fluxo de entrada e saída

dos resíduos. Esta rotina é realizada duas vezes por dia. Caso necessário faz-se coleta quando

solicitado.
143

TRANSPORTAR
RECEPIENTE S CARRINHO ATÉ
INÍCIO CHEIO ? DEPÓSITO
EXTERNO

VERIFICAR N
CONDIÇÕES DE
LIMPEZA DO
CONTINUAR HIGIENIZR
CARRINHO CARRINHO
COLETA
COLOCAR
SACOS
PLÁSTICOS
FINALIZAR
COLETA.
LIMPAR N ESTÁ TRANSPORTAR
CARRINHO LIMPO? CARRINHO ATÉ
DEPÓSITO
EXTERNO

RETIRAR SACOS
COLOCAR SACOS
DE RESÍDUOS E
PLÁSTICOS NOS
SELECIONAR
RECEPENTES
POR TIPO

COLOCAR
SACOS NO
DEPÓSITO
INICIAR PROCESSO
DE COLETA
TRANCAR A
PORTA

INICIAR COLETA
NO ANDAR FIM
SUPERIOR

Figura 17 – Fluxograma da coleta de resíduos.

A retirada dos resíduos é realizada pela empresa Ecosul que mantém contrato com a

cooperativa para a retirada dos resíduos de serviços de saúde, assim como para o seu

processamento e destino final.

4.4 Análise da Pesquisa

A pesquisa foi realizada com três públicos diferentes e conseqüentemente os questionários

tiveram algumas alterações nas questões. (Apêndice A, B e C) O questionário ―A‖ foi


144

direcionado para as pessoas que mantém contato direto com os resíduos de serviços de saúde,

ou seja, os Auxiliares de Serviços Gerais, que são 09 (nove) elementos. Foram aplicados 09

(nove) questionários, abrangendo 100% da população. Este questionário é composto de 46

(quarenta e seis) questões básicas para o levantamento do diagnóstico da PGRSS na

Cooperativa de Saúde, com alternativas ‗SIM‖ e ―NÃO‖. São questões simples e operacionais

como exemplos: ―você conhece o PGRSS do hospital?‖ ―Você sabe como se classificam os

resíduos de saúde?‖ Para algumas questões foi necessário maior explicação na linguagem dos

entrevistados para que pudessem entender o que se era perguntado. Este foi um dos motivos

da pesquisa ser realizada com entrevistas.

O questionário ―B‖ foi direcionado para o pessoal técnico administrativo do hospital,

perfazendo um total de 04 (quatro) entrevistados, sendo a enfermeira especialista em infecção

hospitalar, que exerce o cargo de Encarregada de Enfermagem que respondeu a dois

questionários, como atividade administrativa e operacional. O Diretor Clínico do hospital,

especializado em medicina do trabalho, com especialização em cirurgia vascular e o médico

infectologista do CCIH. O questionário ―C‖ com 57 (cinqüenta e sete) questões foi

respondido pelo Gestor do Hospital que também exerce o cargo de Diretor Administrativo.

Este questionário foi direcionado mais à gestão do Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Serviços de Saúde.

O entrevistador colocou-se na posição de orientador e interlocutor das questões. São

analisadas, também, conversas informais com os empregados que puderam se expressar sobre

o sistema de gestão de resíduos e o sistema de gestão administrativa do estabelecimento.

Foi observado que de toda a administração da Cooperativa de Saúde, apenas o Diretor

Administrativo que também exerce a função de Diretor do Hospital, possui uma

especialização (lato-sensu) em Gestão de Administração Hospitalar.


145

Pode-se observar nas entrevistas informais com o pessoal da Cooperativa, que o Diretor

Administrativo exerce uma grande influência nas atividades de mudanças e goza de grande

respeitabilidade na organização. A Administração adotada na cooperativa é democrática e

participativa, deixando as pessoas à vontade para sugestões de melhorias e críticas. Nota-se o

espírito empreendedor e inovador de ações que fortaleçam a integridade das pessoas que

conseguem atingir os objetivos da organização, assim como conduzir o planejamento

estratégico embasado nas políticas financeira, social, ambiental e humanas definidas na

Missão e Visão da Cooperativa.

4.4.1. Levantamento de dados da Cooperativa:

A composição do quadro de funcionários (médicos, enfermeiras, administrativos, etc) da

cooperativa de Saúde, em estudo, está relacionada na tabela 12.

Tabela 12
Quadro de funcionários da Cooperativa de Saúde

Número de médicos 194


Número de pessoas administrativas (secretárias e auxiliares) 15
Números de enfermeiros (as) 05
Número de auxiliar de enfermagem 24
Número de técnico de enfermagem 29
Número de Auxiliar de serviços gerais 16

Dos auxiliares de serviços gerais 09 (nove) são funcionários que trabalham diretamente com

os resíduos de serviços de saúde, 04 (quatro) são alocados na lavanderia e 03 (três) na

manutenção dos prédios.

A cooperativa de Saúde conta com 21 apartamentos com dois leitos. Sendo um para paciente

e outro para acompanhante.


146

4.4.2. Geração de resíduos

A cooperativa disponibilizou os dados de controle de geração de resíduos do período de

janeiro a outubro de 2005, conforme tabela 13. Neste período foram gerados 8.960,18 quilos

de resíduos entre os recicláveis, não recicláveis e não infectante e os resíduos infectantes.

Deste total 1.314,68 quilos de resíduos recicláveis (papel, papelão e plástico), 7.094,10 de

resíduos não infectantes e 8.960,18 de resíduos infectantes.

Tabela 13
Quantidade de resíduos gerados (jan a out/2005)

Não
Resíduos recicláveis e
Meses Infectante Total
Recicláveis não
infectantes
Jan/05 162,70 786,90 84,00 1.033,60
Fev/05 125,80 564,50 67,80 758,10
Mar/05 153,30 802,80 73,40 1.029,50
Abr/05 175,70 876,60 76,50 1.128,80
Mai/05 185,90 825,50 70,00 1.081,40
Jun/05 157,98 804,80 48,50 1.011,28
Jul/05 140,30 897,20 67,50 1.032,20
Ago/05 79,40 634,40 32,30 743,10
Set/05 42,80 164,80 29,00 236,60
Out/05 90,80 736,60 78,10 905,60
Totais 1.314,68 7.094,10 627,10 8.960,18

Resíduos Recicláveis

200

150

100

50

0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out

Figura 18 - Geração de Resíduos Recicláveis


147

Percebe-se, pelos dados da tabela 13, assim como pela visualização da figura 18, que houve

um bom trabalho na redução de resíduos recicláveis. Este trabalho reflete as ações da

Cooperativa em minimizar o descarte e racionalizar o uso de materiais recicláveis. Houve

neste período (janeiro a outubro de 2005) um forte trabalho das equipes da CIPA e do grupo

de minimização de resíduos. Segundo informações levantadas, nos meses de agosto e

setembro, os números apresentam uma tendência mais forte na redução de geração dos

recicláveis, e isto deve-se, a priori, à redução de atendimento do período. Na figura 18 nota-se

um esforço semelhante na redução dos resíduos infectantes, porém ele é influenciado pela

variável externa, que, em momento de grande atendimento, supera as variáveis internas. Na

linha de tendência nota-se um declínio durante o período analisado, porém nos meses de

setembro e outubro/2005 há uma grande evolução de geração de resíduos infectantes.

Geração de Resíduos Infectantes

90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out

Figura 19 – Geração de resíduos infectantes

Ao analisar os dois gráficos, figuras 18 e 19, percebe-se que faz sentido o aumento de

resíduos descartáveis, nos meses de setembro e outubro, comparando com a geração de

resíduos de infectantes. Maior atendimento ao cliente (paciente), maior número de materiais

usados, conseqüentemente, maior descarte.


148

De janeiro a agosto de 2005 percebe-se uma queda na geração de resíduos, com alguns pontos

de elevação. Como variáveis, neste caso, temos as variáveis internas, que são as ações

tomadas pela gestão do hospital e seus respectivos funcionários para um trabalho de

conscientização de requisitar, adquirir para o uso e usar racionalmente os materiais evitando

ao máximo o desperdício e o retrabalho. Fazer as coisas certas da primeira vez. As variáveis

externas são aquelas que não estão no poder das decisões da cooperativa. São ações e

atividades dos clientes do hospital que nem sempre estão aptas a acatar as recomendações da

organização e estão no hospital porque alguma coisa não está bem com ele ou com alguém da

família, o que altera seu comportamento. Os fatores ambientais também influenciam nas

variáveis externas, como grande período de chuvas e ou seca, fazendo com que aumente a

clientela. Os períodos de festas nas cidades contribuem para o aumento dos atendimentos no

ambulatório devido o aumento de número de acidentes automobilísticos.

Infelizmente a Cooperativa ainda não tem o controle de resíduos separados por área de

geração, razão pela qual não foi possível levantar a quantidade precisa de geração de resíduos

por leito, o que é um padrão para o gerenciamento dos resíduos. Ao adotarmos as quantidades

geradas por número de leitos, temos um número de resíduos gerados muito alto por leito. Ou

seja:

Resíduos Infectantes + Resíduos não Recicláveis = 7.645,5 Kg / 10 (meses) / 30 (dias) / 21

(leitos) = 12,13 Kg/leito/dia.

Dá-se a ver que a quantidade de geração por leito é muito alta, bem acima da média Brasil que

varia de 1,2 à 3,8 Kg/leito/dia, conforme tabela 6, página 100.

4.4.3. Levantamento dos resultados dos questionários (entrevistas)

Conforme já explicitado na metodologia foram entrevistados 09 (nove) funcionários,

auxiliares de serviços gerais, que são as pessoas que recolhem, transportam e armazenam os
149

resíduos de serviços de saúde. Fez-se um resumo das perguntas do questionário para melhor

explicitar a intenção e objetivo da pesquisa. As 46 (quarenta e seis) questões foram agrupadas

com informações afins, sem prejudicar o resultado da pesquisa, tabela 14. Assim teremos

questões como conhecimento do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde e

suas normas, assim como outro grupo com relação à estrutura administrativa e planejamento

estratégico.

Tabela 14
Resumo das respostas obtidas nas entrevistas com pessoal operacional

Percentual Percentual
que que
RESUMO DAS RESPOSTAS DAS ENTREVISTAS
responderam responderam
SIM SIM
Conhecimento do PGRSS 100
Treinamento do PGRSS 100
Conhecimento das RDC (CONAMA e ANVISA) 100
Conhecimento da Política Ambiental da Cooperativa 56 44
Treinamento sobre segregação de resíduos 100
Os resíduos são acondicionados em saco branco leitoso 100
Conhecimento sobre a classificação dos resíduos 100
Os resíduos perfurocortantes são acondicionados em recipientes próprios 100
Conhecimento sobre resíduos biológicos 56 44
Os recipientes são identificados adequadamente 100
Conhecimento dos símbolos de resíduos 100
Conhecimento sobre higienização e limpeza dos carrinhos 100
Treinamento e uso correto de EPI´s 100
Sabe o que é doença ocupacional 77 33
Conhecimento da Visão, Missão e Políticas da Organização. 56 44

Observa-se que os funcionários que trabalham diretamente com os resíduos, ou seja, aqueles

que são diretamente responsáveis pela aplicabilidade e sucesso ou fracasso do Plano de

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde tiveram treinamento sobre o PGRSS e têm

conhecimentos sobre a necessidade da coleta seletiva e a obrigatoriedade legal para a gestão

ambiental. Por outro lado, eles não têm conhecimento da legislação, isto é, não têm em mãos

ou em local público a disponibilidade das legislações da ANVISA e CODEMA o que poderia

melhorar seus conhecimentos sobre a elaboração e aplicação do PGRSS. Nota-se, neste caso,

que os auxiliares de serviços gerais foram treinados no operacional, nas rotinas e atividades de

remoção, transporte e armazenamento dos resíduos, porém, não têm conhecimento da parte
150

legal, das normas e legislações. Foi observado, também, que a cooperativa ainda não usa os

sacos brancos leitosos conforme norma NBR 9.191 - Sacos plásticos para acondicionamento –

Especificação, assim como a simbologia de identificação de resíduos, conforme NBR 7.500 -

Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais. Em entrevista

com o diretor administrativo, ele se posicionou sobre o assunto dos sacos brancos e da

simbologia de identificação dos resíduos. ―Ainda não está implantado o uso dos sacos

brancos, eles serão comprados em breve e provavelmente estará em uso a partir de 2006”. A

simbologia de identificação também estará implantada em 2006, assim como o abrigo para

depósito temporário dos resíduos que está sendo construído em outro local, para melhor

segregar os vários tipos de resíduos, com separação de alvenaria para os vários tipos de

resíduos, como os resíduos de saúde não infectantes, infectantes e resíduos recicláveis. Na

figura 20 vê-se o abrigo atual que será desapropriado. Não há identificação externa para o

local, só identificação interna para localização dos resíduos. Internamente o local é azulejado,

tendo ligação de água e mangueira para a lavagem e higienização, que é realizada após cada

retirada dos resíduos. Contém, também, uma balança para a pesagem dos materiais, quando da

entrada dos resíduos no estoque, figura 19. O piso não está dentro das normas, tem cantos

retos e não arredondados conforme especificado na norma. As portas dos depósitos são

trancadas, ficando as chaves com o responsável do armazenamento e retirada do material para

tratamento externo.
151

Figura 20 – Abrigo externo para resíduos de serviços de saúde.

Figura 21 – Interior do abrigo de resíduos com balança, instalação de água e


Prancheta para anotações dos pesos.

Observa-se, na figura 21 que os cantos não são arredondados conforme especificações

técnicas, o que dificulta a higienização, permitindo acúmulo de sujeira nos cantos. Vê-se, à

direita, a balança com a prancheta de controle de entrada de resíduos e, ao fundo, a instalação

de água com mangueira. Observa-se, também, na figura 22 que a divisória interna que separa

os resíduos recicláveis dos não recicláveis, é de madeira compensada, quando devia ser de
152

alvenaria, para facilitar a higienização do local e na figura 23 vê-se a embalagem usada para o

descarte de perfurocortantes sobre estrado de madeira, dentro da normalização.

Figura 22 – Divisória de maderite Figura 23 – Recipiente de perfurocortantes

Quanto ao conhecimento dos tipos de resíduos, 100% dos entrevistados desconhecem como

estes são classificados, o que não impacta diretamente na segregação, pois esta tarefa é

realizada pelos médicos, enfermeiras e técnicos de enfermagem, porém é importante que as

pessoas que trabalham com estes materiais saibam como eles se classificam e o grau de risco

de cada um deles. Comprovando o treinamento operacional 100% dos entrevistados os

auxiliares de serviços gerais (100%) sabem como higienizar os carrinhos de transporte de

resíduos e os locais de armazenamento. Estão conscientes da necessidade de usar os EPI´s e

acham que é uma proteção contra doenças. Quanto ao conhecimento da Visão, Missão e

Políticas da Organização, 56% dizem conhecer pouco e 44% dizem não ter conhecimento.

Segundo as pessoas que disseram ter conhecimento, afirmaram que houve palestras e reuniões

sobre Visão, Missão e Políticas da Organização. Outro fato é que no hall de espera do prédio

central encontram-se quadros com as Políticas, Visão e Missão da organização. Percebe-se

este fato em muitas organizações empresariais, onde por mais que se instrua sobre estes

assuntos, sempre há alguém que está totalmente desligado, por não ser sua rotina de trabalho.

Foi questionado sobre o tempo que estão no estabelecimento assistencial de saúde e a

escolaridade, o que está apresentado na tabela 15:


153

Tabela 15
Tempo na função e escolaridade

Entrevistado Tempo na função Escolaridade


A 5 anos 3ª série -1º grau
B 5 anos 8ª série-1º grau
C 8 anos 4ª série-1º grau
E 5 meses 6ª série-1º grau
F 1,6 ano 4ª série-1º grau
G 1 ano 2ª série -1º grau
H 1,6 ano 2ª série - 2º grau
I 1 ano 2ª série - 2º grau

Os questionários de entrevistas com profissionais da área médica com funções administrativas

foram realizados com 04 (quatro) pessoas. Dos elementos administrativos entrevistados

observaram-se os resultados da tabela 15.

Tabela 16
Resumo das respostas obtidas nas entrevistas com pessoal administrativo

Percentual Percentual
que que
RESUMO DAS RESPOSTAS DAS ENTREVISTAS
responderam responderam
SIM SIM
Tem formação em Administração Hospitalar 25 75
Treinamento do PGRSS 100
Conhecimento das RDC (CONAMA e ANVISA) 100
Conhecimento da Política Ambiental da Cooperativa 56 44
Treinamento sobre segregação de resíduos 100
Os resíduos são acondicionados em saco branco leitoso 100
Conhecimento sobre a classificação dos resíduos 100
Os resíduos perfurocortantes são acondicionados em recipientes próprios 100
Conhecimento sobre resíduos biológicos 56 44
Os recipientes são identificados adequadamente 100
Conhecimento dos símbolos de resíduos 100
Conhecimento sobre higienização e limpeza dos carrinhos 100
Treinamento e uso correto de EPI´s 100
Sabe o que é doença ocupacional 77 33
Conhecimento da Visão, Missão e Políticas da Organização. 56 44

Percebe-se que neste nível de profissionais, 100% dos entrevistados têm conhecimento sobre

as RDC´s e receberam treinamento sobre o PGRSS. Em contra-partida, o conhecimento sobre

Políticas, Visão e Missão da organização ainda é pouco desenvolvido, o que ocorre, também,

quando se questiona o conhecimento sobre a Política Ambiental da Cooperativa, o que


154

resultou em 56% conhecem e 44% não conhecem. Outro dado importante a ressaltar, neste

grupo, é que 33% disseram não saber o que é doença ocupacional e o mesmo dado aparece

quando se questiona sobre o conhecimento sobre resíduos biológicos. Este grupo de

profissionais (100%) não sabe sobre a classificação dos resíduos de serviços de saúde. Este

dado vem confirmar, uma vez mais, a necessidade de maior esclarecimentos e treinamento

sobre os resíduos. Este treinamento é de suma importância, pois afeta a segregação dos

resíduos. O descarte seletivo por tipo e classificação é fundamental para o sucesso do Plano

de Gerenciamento de Resíduos de Saúde. Sobre o assunto, o diretor administrativo da

cooperativa comentou que no início do primeiro semestre de 2006, iniciará nova rodada de

treinamentos com todas as pessoas envolvidas e já com a implantação da identificação nos

recipientes com a simbologia apropriada, e o uso do saco branco leitoso facilitará a

visualização e a praticidade da operação de segregar e descartar corretamente todos os

resíduos gerados no hospital. Evidenciou-se que 100% dos entrevistados usam e estão

conscientes da necessidade dos EPI´s.

Quanto ao conhecimento de procedimentos escritos nas áreas maioria dos entrevistados, 75%

repondem afirmativamente, e 25% negativamente. O que foi verificado é que há

procedimentos operacionais em algumas áreas, porém há pessoas que não atentaram para o

que seja ―procedimento escrito‖. Quando foram questionados sobre as maiores dificuldades

para a implantação do PGRSS, obtiveram-se as respostas: ―divergências entre as normas

ANVISA e CONAMA‖, 50%; ―pouco tempo para divulgação entre os funcionários‖, 25% e

―dificuldades para aquisição de materiais‖ 25%. Nesta questão, nota-se a coerência da

pesquisa com a teoria, onde foi levantada e pesquisada uma grande quantidade de normas,

RDC´s, NBR´s, decretos, etc que norteiam o processo de implantação e manutenção do Plano

de Gerenciamento de Resíduos de Saúde. Todos entrevistados que estão lotados na

administração intermediária tiveram participação na elaboração e implantação do PGRSS. No


155

tocante ao Planejamento Estratégico e Operacional, o pessoal de administração intermediária

tem conhecimento e participou da elaboração do mesmo, porém quanto ao conhecimento de

todos os funcionários, temos que 75% acreditam que sim e 25% dizem que planejamento

estratégico assim como o plano operacional não são de conhecimento de todos os

funcionários. Como mencionado anteriormente, a Gestão dos Resíduos de Saúde não está

plenamente implementada na organização.

4.5 Destinação dos Resíduos de Serviços de Saúde da Cooperativa

Resolução CONAMA nº 283/01 define um sistema de tratamento de resíduos de serviços de

saúde como

―o conjunto unidades, processos e procedimentos que alteram as


características físicas, físico-químicas, químicas ou biológicas dos
resíduos e conduzam à minimização do risco à saúde pública e à
qualidade do meio ambiente, podendo ser realizado tratamento
interno ou externo ao estabelecimento de saúde”.

Os Resíduos de Serviços de Saúde da Cooperativa de Saúde são retirados duas vezes por

semana do armazém externo por uma empresa terceirizada, sob contrato de prestação de

serviços, com veículo próprio, figura 22, que atendem à legislação. É utilizado veículo de

pequeno porte adaptado para transitar em centros urbanos. O motorista recebe treinamento

periódico sobre os produtos que transporta assim como treinamento para situação de

emergência em caso de acidentes e possui o MOPP - Movimentação de produtos Perigosos

que é o documento de habilitação para condutores de produtos perigos, conforme normas

contidas na Resolução nº 091/1999, do CONTRAN - Conselho Nacional do Trânsito. A rota

é previamente estabelecida pela empresa contratada, não podendo o motorista alterá-la, sem

prévio consentimento da mesma. Segundo folder da Ecosul “a opção para o tratamento de


156

bolsas de sangue, sem causar o rompimento das mesmas. Neste caso durante o ciclo, é

realizado a injeção de ar comprimido, juntamente com o vapor, aumentando a pressão da

câmara de forma a compensar o aumento de sua temperatura interna, o que permite manter a

integridade das mesmas durante todo ciclo. Esta opção é útil em equipamentos destinados a

Hemocentros”. A empresa contratada é a Ecosul que está situada aproximadamente a 10

quilômetros do centro da cidade. A Ecosul está em operação há 4 meses, sendo inaugurada no

mês de setembro/2005. Segundo o proprietário levou, dois anos para a FEAM liberar a

documentação necessária para a operação. Hoje a Ecosul é uma empresa Certificada e

Licenciada pelo CONAMA, FEAM e ANVISA. Ela tem em seu quadro de funcionários, além

do administrativo e operacional, um engenheiro ambiental e um técnico em meio ambiente.

Esta empresa surge em Poços de Caldas como a solução para todo a região e é a primeira

empresa de processamento de resíduos de serviços de saúde do estado de Minas Gerais. A

Ecosul está ecologicamente legalizada para as operações com resíduos, o que vem minimizar

o risco à saúde pública e melhorar a qualidade do meio ambiente, através da redução do

impacto ambiental. Segundo folder da empresa “a Ecosul é a empresa pioneira em Minas

Gerais no tratamento dos resíduos dos serviços de saúde utilizando a tecnologia de

autoclaves”.

Figura 24 – Veículo para transporte de RSS e Motorista devidamente equipado para a atividade de coleta
157

A empresa possui duas ETE´s - Estações de Tratamento de Efluentes, figura 23, uma para

efluentes infectantes e outro para efluentes hidro-anitários. Após o tratamento dos efluentes

infectantes o líquido passa por outro processo onde é tratado e a água é usada na torre de

resfriamento de outra empresa recicladora de plástico, do mesmo proprietário. Os rejeitos são

canalizados para fossa séptica (sumidouro) construída conforme legislação da FEAM.

Figura 25 – ETE I e II - Efluentes hidrosanitários e Infectantes

Nestes quatro meses de operação, a Ecosul vem registrando um aumento sucessivo de

processamento de resíduos de serviços de saúde, conforme tabela 17. Infelizmente até o

momento, só tem processado resíduos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde do setor

privado. Não foi possível realizar um acordo com os EAS do setor público, que são

direcionados ao ―aterro controlado‖ do município.

Tabela 17
Evolução do processamento de resíduos da Ecosul

Meses Quantidade processada (Kg)


Setembro 35.0
Outubro 215.5
Novembro 920.0
158

A Ecosul opera com os equipamentos Autoclave com capacidade de processar 487 litros por

ciclo, que leva em torno de 40 (quarenta) minutos, a uma temperatura que varia de 150º a

135ºC, e um triturador de resíduos sólidos. Observa-se que do mês de outubro para o mês de

novembro houve um acréscimo de produção de 427%, o que pode definir como um

investimento altamente promissor e, por outro lado, vê-se, também, que os EAS estão

iniciando o processo de tratamento correto para seus resíduos, minimizando,

conseqüentemente a quantidade de resíduos de serviços de saúde que são lançados ao solo,

melhorando a qualidade de vida e o ecossistema. O fluxo do processo, figura 26, é seguido à

risca pelos funcionários da empresa. Depois que o veículo entra na estação de tratamento, as

portas são fechadas, o motorista coloca os EPI´s e descarrega os resíduos que são colocados

no autoclave por este lado e sai tratado pelo outro lado de forma que o material infectante não

cruza com o material tratado, daí é depositado em containers, (fotos no anexo K) que são

enviados à empresa de reprocessamento. A empresa tem também um grande trabalho

ambiental, tendo recuperado parte da mata nativa na região, anteriormente degradada por

empresa exploradora de madeira. Após o tratamento dos resíduos de serviços de saúde, o

material é enviado para incineração na empresa Essenis, na cidade de Betim, MG, cuja missão

é ―Fornecer soluções ambientais integradas no tratamento de resíduos, superando as

expectativas dos clientes, agregando valor aos acionistas, aos colaboradores e à sociedade‖.

Seus principais serviços são Co-processamento, incineração, remediação e aterro. Em todas as

etapas, geração, re-processamento e destinação final dos resíduos de saúde da cooperativa de

Saúde, percebeu-se a grande preocupação com a responsabilidade de co-responsabilidade

destes resíduos. A cada etapa é emitido certificado de entrega dos resíduos, sendo assim

possível a sua rastreabilidade. Desta forma, fecha-se o ciclo dos resíduos de serviços de saúde

da Cooperativa de Saúde, objeto desta pesquisa.


159

Avaliação do itinerário
Elaboração do plano de
coleta
Treinamento e capacitação
dos funcionários
Coleta de resíduos nos
estabelecimentos de saúde Infectante

Perfuro-cortante
Caracterização dos
resíduos Químico

Quantificação dos
resíduos(pesagem) AÇÕES

Tratamento por sistema de


auto clave Esterilização

Moagem dos resíduos


Descaracterização

Acondicionamento Containeres
temporário apropriados

Certificado
Transporte em veículo Aterro Industrial ESSENCIS
autorizado (Betim-MG) AMBIENTAL

Certificado de destinação final de resíduos


emitido pela Ecosul Ltda

Figura 26 – Fluxograma de gerenciamento dos resíduos


Fonte: Ecosul (2005)
160

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa proporcionou a oportunidade de reunir os aspectos legais, sociais, econômicos e

políticos através da expressão que reúne as diversas fases de coletas de informações

diferenciadas, em relação ao custo/benefício do gerenciamento dos resíduos de serviços de

saúde.

Inegavelmente a legislação está correta em normalizar todo o fluxo e processo do resíduo de

serviço de saúde. O tema é ainda muito controverso. Pôde-se observar durante toda a

pesquisa bibliográfica que há ambientalistas radicais que vêm em todos os resíduos

hospitalares um agressor potencial para o meio ambiente. Há os moderados, que analisam o

RSS com cuidado de não generalizar seus riscos e têm os que vêm o RSS como um lixo

comum, ressaltando os que estão contaminados e infeccionados. Mas, de forma geral, pode-se

constatar que há um risco à saúde, ao meio ambiente, se não forem tomadas as devidas

providências de segregação e descarte adequado. Toda a literatura levantada e pesquisa muito

contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. Ao analisar-se a gestão do PGRSS pode-

se observar a necessidade de analisar o contexto geral do estabelecimento, do macro ambiente

ao ambiente operacional do processo de descarte do resíduo. Comentou-se nesta pesquisa a

gestão ambiental nas empresas como marco inicial para um desenvolvimento sustentável com

responsabilidade social e respeito às legislações ambientais e de saúde pública. Interagiu-se o

ecossistema com o uso racional de tecnologias para minimizar o impacto dos resíduos no

meio ambiente. Pesquisou-se sistema de tratamento de resíduos de serviços de saúde, como o

autoclave, que é o processo usado pela empresa pesquisada.

A pesquisa trouxe à tona a realidade do sistema de saúde no Brasil. É o trabalho preventivo

que irá minimizar as grandes filas encontradas nos postos de saúde da rede pública. Ao tratar
161

das doenças, antes que elas apareçam é uma maneira de reduzir o descarte de resíduos de

serviço de saúde.

Ao observarmos a Cooperativa de Saúde e o processo de trabalho dos funcionários que

realizam a limpeza, e a coleta interna dos resíduos, como também ao analisarmos o resultado

das respostas das entrevistas realizadas com eles, o Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Serviços de Saúde está funcionando de forma a atingir os objetivos Plano e da organização.

Há um fluxo predeterminado e uma logística de movimentação de resíduos que é seguida

pelos empregados. Analisando a escolaridade dos empregados que realizam o trabalho de

limpeza, percebe-se que o nível de escolaridade é baixo e isto dificulta a interpretação das

normas e rotinas escritas de trabalho. Por outro, lado são pessoas simples e de fácil

convivência, porém com algumas dificuldades de comunicação. Percebeu-se que durantes as

entrevistas alguns tinham receio de falar sobre suas atividades, só depois de algum tempo de

conversa é que eles começaram a confiar e, devagar, foram passando as informações. Esta

simplicidade do operário ―chão de fábrica‖ é uma característica da própria função. Os

empregados mais novos afirmaram que tiveram alguma resistência em usar os equipamentos

de proteção individual, no início. Porém, hoje todos usam os EPI´s até mesmo por receio de

que poderão ser infectados e terem problemas de saúde.

O trabalho realizado pela Cooperativa de Saúde no campo social deixa o empregado com uma

qualidade de vida melhor, o que é visto no humor das pessoas que se sentem felizes por

estarem trabalhando nessa organização, independente dos serviços que executam.

Não se pode negar que muitas questões ainda precisam ser levantadas e discutidas, para que o

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde esteja amplamente implementado

conforme as RDC 306 da ANVISA e a Resolução 358 do CONAMA. Esta pesquisa deu

início a um processo de discussão sobre a possibilidade de integrar conhecimentos da área de

saúde e de administração dentro de um ponto que é comum às duas: a gestão de resíduos.


162

O aprofundamento teórico da pesquisa deu-se com o próprio desenvolvimento dos temas

agregados a ela e na exata medida em que os representantes da área de saúde sejam

envolvidos no debate e os problemas aflorem. O impacto ambiental e a dificuldade de

gerenciamento causados pela produção de resíduos sólidos passaram a ser temas muito

discutidos mas de pouca consideração pelos tomadores de decisão.

Atualmente, a máxima em termos de resíduos é a conhecida a cultura dos 3R: reduzir,

reutilizar e reciclar. Porém, segundo o Instituto para a Democratização de Informações sobre

Saneamento Básico e Meio Ambiente ―se fizermos uma pesquisa com a população,

perguntando o que vem a ser 3R, seguramente a maioria não saberá responder. Resultado de

um processo de educação ambiental incipiente ou não eficaz”.

A mudança no padrão de consumo, hoje, está cada vez mais sendo pensada como forma de se

minimizar a produção dos resíduos. Alguns defendem a idéia de se retornar à utilização de

embalagens não descartáveis, tais como garrafas de vidro de refrigerantes e cervejas, e outros

adotam a estratégia de desestimular a produção de lixo, através de multa por excesso de lixo

domiciliar produzido.

Percebe-se que a gestão dos resíduos hospitalares passará, em curto prazo, para situações mais

adequadas, fazendo com que os responsáveis pela administração hospitalar assumam a

responsabilidade de adequar suas unidades conforme a legislação, independentemente das

ações governamentais, mais por uma questão de responsabilidade social do que pela

obrigatoriedade legal. Podemos verificar o fato de que as crianças, claro, as mais privilegiadas

culturalmente, já impõe aos pais um comportamento ecologicamente mais correto. É

educando as crianças e os adolescentes que cultiva o senso de responsabilidade social,

agregando valor aos serviços, com menos agressões ao meio ambiente. Com esta nova

mentalidade pode-se dizer que está-se adotando novos conceitos nos gestores hospitalares.
163

Para que isto aconteça no presente é necessário que haja mudanças rápidas e eficazes no

processo de gerenciamento de EAS. Mudanças de atitudes, de hábitos, de comportamento e

comprometimento com o estabelecimento. É necessário, antes de tudo, a mudança de

competência das pessoas, uma hierarquia que descentralize o operacional do administrativo.

Pode-se afirmar que em resposta à pergunta da pesquisa: ―O Plano de

Gerenciamento de Resíduos de Saúde da Cooperativa de Saúde atende as exigências das

legislações vigentes?‖ A Cooperativa de Saúde atende parcialmente às exigências das

legislações vigente. A cooperativa trabalhou mais de um ano nas atividades de treinamento

para a implantação do PGRSS. Teve sua implantação em novembro de 2005, isto é, o PGRSS

está em funcionamento apenas há dois meses. As falhas evidenciadas são comuns nas

implantações de novos sistemas operacionais, entre elas, a falta de identificação dos locais de

armazenamento de resíduos e a placas de identificação de risco. Não estão em uso os sacos

apropriados e identificados para os vários tipos de resíduos. Verifica-se, também, que não há

pleno conhecimento do novo sistema. Não está divulgado plenamente o PGRSS por toda a

organização, somente as pessoas envolvidas diretamente com o fluxo de resíduos estão

parcialmente ciente das legislações. Vê-se a necessidade de criação de indicadores e metas a

serem atingidoa no processo conforme item 4.2, Capítulo III, do Regulamento Técnico para o

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Diretrizes Gerais, da RDC 306.

4.2 - Compete ainda ao gerador de RSS monitorar e avaliar seu PGRSS,


considerando;
4.2.1 - O desenvolvimento de instrumentos de avaliação e controle, incluindo a
construção de indicadores claros, objetivos, auto-explicativos e confiáveis, que
permitam acompanhar a eficácia do PGRSS implantado.
4.2.2 - A avaliação referida no item anterior deve ser realizada levando-se em
conta, no mínimo, os seguintes indicadores:
• Taxa de acidentes com resíduo pérfurocortante
• Variação da geração de resíduos
• Variação da proporção de resíduos do Grupo A
• Variação da proporção de resíduos do Grupo B
• Variação da proporção de resíduos do Grupo D
• Variação da proporção de resíduos do Grupo E
• Variação do percentual de reciclagem
164

Além dos indicadores, é necessário que a organização estabeleça suas metas e estas estejam

amplamente difundidas por toda a organização. O ideal é que estes indicadores estejam em

forma de gráficos em cartolinas, onde os operadores do processo (Auxiliares de Serviços

Gerais) possam anotar, a cada movimentação, as quantidades retiradas e mensalmente analisar

estes números com todo o pessoal envolvido, como médicos, enfermeiras etc.

Ao analisar-se o PGRSS, percebe-se que o documento está dentro das especificações legais,

porém na prática, há estas oportunidades de melhoria. A gestão da Cooperativa de Saúde está

totalmente envolvida e comprometida com o processo de trabalhar com uma organização

voltada para as questões Saúde e Meio Ambiente, de forma a agregar valores sociais aos

serviços de saúde.

Pela observação dos aspectos levantados pode-se finalizar a pesquisa afirmando que a

Cooperativa de Saúde cumpre parcialmente a RDC 306 da ANVISA e a Resolução 358 do

CONAMA no que se refere ao Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde:

O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão,


planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e
legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos
resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à
proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais
e do meio ambiente. (RDC 306, Cap. III, 2004).

Art. 3o Cabe aos geradores de resíduos de serviço de saúde e ao responsável legal,


referidos no art. 1o desta Resolução, o gerenciamento dos resíduos desde a
geração até a disposição final, de forma a atender aos requisitos ambientais e de
saúde pública e saúde ocupacional, sem prejuízo de responsabilização solidária de
todos aqueles, pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente, causem ou
possam causar degradação ambiental, em especial os transportadores e
operadores das instalações de tratamento e disposição final, nos termos da Lei no
6.938, de 31 de agosto de 1981. (Resolução 358, 2005).

Notou-se nas entrevistas que os procedimentos ainda não estão totalmente divulgados para

todos os empregados, porém, notou-se que o pessoal envolvido com a manipulação dos
165

resíduos de saúde tem a preocupação com minimização, ou seja, com o uso racional dos

materiais descartáveis. A Cooperativa proporciona, para alguns resíduos gerados, um

encaminhamento seguro e de forma eficiente visando à preservação da saúde pública e do

meio ambiente.
166

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maio de 1976 que dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente.

______. Decreto Federal Nº 96.044 de 18/05//88 - Aprova o regulamento para o transporte


rodoviário de produtos perigosos.

______. INMETRO Regulamento técnico da qualidade - RQT 05, Veículo destinado ao


transporte rodoviário de produtos perigosos a granel – Inspeção periódica veículo.

______. Ministério do Interior – MINTER, Portaria MINTER Nº 53 de 01/3/79 – Estabelece


normas aos projetos específicos de tratamento e disposição de resíduos sólidos (Alterada
pela
(Resolução CONAMA nº 5/93).

______. Ministério do Interior – Minter - Portaria Nº 53 de 01/3/79 – Estabelece normas aos


projetos específicos de tratamento e disposição de resíduos sólidos

______. Ministério do Meio Ambiente, Decreto Lei n.º 366-A/97, de 20.dez.97 – Estabelece
os princípios e as normas aplicáveis ao sistema de Gestão de embalagens e resíduos de
embalagens (revoga o Decreto-Lei nº 322/95, de 28 de Novembro).
169

______. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambienta (CONAMA),


Resolução nº 358, de 29 de abril de 2005,

______.______. Lei 6.938 de 31/08/1981, publicado no DOU em 02/09/1981 - Dispõe sobre a


Política Nacional do Meio Ambiente, seus Fins e Mecanismos de Formulação e
Aplicação, e dá outras Providências.

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Comunicação em saúde, Brasília, 2002.

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Comunicação em saúde, Brasília, 2002.

______.______. Saúde Ambiental e Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde, Editora


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condutores de veículos rodoviários transportadores de produtos perigosos

______.______, Decreto Federal Nº 96.044 18/05//88 - Aprova o regulamento para o


transporte rodoviário de produtos perigosos, 18.mai,1988.

______.______ Portaria Nº 204 de 20/05/97 - Aprova instruções complementares aos


regulamentos dos transportes rodoviários e ferroviários de produtos perigosos.

______. ______, Portaria N0 204 de 20/05/97 - Aprova instruções complementares aos


regulamentos dos transportes rodoviários e ferroviários de produtos perigosos.
170

______. Portaria Federal Nº 543 de 29/10/97 - Aprova a relação de aparelhos,


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175

GLOSSÁRIO

Acondicionamento - É o ato de embalar em sacos plásticos ou em outras embalagens


descartáveis permitidas, bem como acomodar em contenedores apropriados, cada grupo de
resíduos gerados. Criar identificação para cada grupo de resíduos gerados.

Agenda 21 - É o principal documento da Rio-92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento Humano), que foi a mais importante conferência organizada
pela ONU (Organização das Nações Unidas) em todos os tempos. Ela tem esse nome porque
se refere às preocupações com o nosso futuro, agora, a partir do século XXI. Este documento
foi assinado por 170 países, inclusive o Brasil, anfitrião da conferência.

Aterro Sanitário – Técnica de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, por meio
de confinamento em camadas cobertas com material inerte, segundo normas específicas, de
modo a evitar danos ou riscos à saúde e à segurança, minimizando os impactos ambientais.
(RDC 306-2004)

Aterro Céu Aberto – É a forma de destinação final de resíduos urbanos, na qual estes são
simplesmente descarregados sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à
saúde públicas. Povinelli e Bidone (1999, 17).

Biota - Conjunto de seres vivos que habitam um determinado ambiente ecológico, em estreita
correspondência com as características físicas, químicas e biológicas deste ambiente.
(Glossário Ambiental Ecológico)

Cadeia de Valor - Designa a série de atividades relacionadas e desenvolvidas pela empresa


para satisfazer as necessidades dos clientes, desde as relações com os fornecedores e ciclos de
produção e venda até à fase da distribuição para o consumidor final.

Certificação - É um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo independente da


relação comercial com o objetivo de atestar publicamente, por escrito, que determinado
produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos especificados. Estes
requisitos podem ser: nacionais, estrangeiros ou internacionais. Fonte: ABNT, disponível em
http://www.abnt.org.br/ Acesso em 24.ago.2005.
176

Chorume: Resíduo líquido proveniente de resíduos sólidos (lixo), particularmente quando


dispostos no solo, como por exemplo, nos aterros sanitários. Resulta principalmente de água
de chuva que se infiltra e da decomposição biológica da parte orgânica dos resíduos sólidos. É
altamente poluidor.

Coleta e Transporte Interno - Consiste no recolhimento dos resíduos dos contenedores, sua
remoção por funcionários devidamente capacitados da unidade geradora ou da sala de
resíduos (armazenamento intermediário) até o abrigo externo de armazenamento final.
Compostagem – processo de decomposição biológica de fração orgânica biodegradável de
resíduos sólidos, efetuado por uma população diversificada de organismos em condições
controladas de aerobiose e demais parâmetros, desenvolvido em duas etapas distintas: uma de
degradação ativa e outra de maturação.

Desenvolvimento Sustentado - Modelo de desenvolvimento que leva em consideração, além


dos fatores econômicos, aqueles de caráter social ecológico, assim como as disponibilidades
dos recursos vivos e inanimados, as vantagens e os inconvenientes, a curto, médio e longo
prazos, de outros tipos de ação. (Glossário Ambiental Ecológico)
Destinação Final - processo decisório no manejo de resíduos que inclui as etapas de
tratamento e disposição final.

EPI - Equipamento de Proteção Individual – dispositivo de uso individual, destinado a


proteger a saúde e a integridade física do trabalhador, atendidas as peculiaridades de cada
atividade profissional ou funcional.
Estabelecimento - denominação dada a qualquer edificação destinada à realização de
atividades de prevenção, promoção, recuperação e pesquisa na área da saúde ou que estejam a
ela relacionadas.

Estratégia competitiva – é a busca de uma posição competitiva favorável em uma


organização. A estratégia competitiva visa estabelecer uma posição lucrativa e sustentável
contra as forças que determinam a concorrência empresarial, (Porter, Michael E.).

Embalagem - todos e quaisquer produtos feitos de materiais de qualquer natureza utilizados


para conter, proteger, movimentar, manusear, entregar e apresentar mercadorias, tanto
177

matérias-primas como produtos transformados, desde o produtor ao utilizador ou consumidor,


incluindo todos os artigos descartáveis utilizados para os mesmos fins, sem prejuízo do
disposto no número seguinte;

Geradores de Resíduos de Serviços de Saúde - RSS. - Para efeito deste Regulamento


Técnico, definem-se como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o
atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de home care (assistência
domiciliar) e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde;
necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento
(tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e farmácias
inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros
de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores,
distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis
de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, dentre outros
similares.

Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde - O gerenciamento dos RSS constitui-se


em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases
científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de
resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente,
visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e
do meio ambiente.

Gestão – Capacidade de fazer com que o cotidiano da empresa realize especificamente as


estratégicas da empresa.

GRSS - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Todo gerador deve


elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde–, baseado nas
características dos resíduos gerados e na classificação, estabelecendo as diretrizes de manejo
dos RSS. O PGRSS a ser elaborado deve ser compatível com as normas locais relativas à
coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados nos serviços de saúde, estabelecidas
pelos órgãos locais responsáveis por estas etapas. Compete a todo gerador de RSS elaborar
seu Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS;
178

Home Care – Atendimento domiciliar

Incineração - Processo de destruição térmica, realizado sob alta temperatura - 900 a 1250 ºC
com tempo de residência controlada - e utilizado para o tratamento de resíduos de alta
periculosidade, ou que necessitam de destruição completa e segura. (Essencis)

Local de Geração – representa a unidade de trabalho onde é gerado o resíduo.


Método 5W1H - Tipo de Check-list utilizado para garantir que a operação seja conduzida sem
nenhuma dúvida por parte da chefias e subordinados. Os 5W correspondem às seguintes
palavras do inglês: What (o que); Who (quem); Where (onde) When (quando) e finalmente
Why (por que). O 1H corresponde a How (como), ou seja, método a ser utilizado para
conduzir a operação. Atualmente, procura-se incluir um novo H (How much/Quanto custa),
transformando o método em 5W2H.

Passivo ambiental - Em termos contábeis, passivo vem a ser as obrigações das empresas com
terceiros, sendo que tais obrigações, mesmo sem uma cobrança formal ou legal, devem ser
reconhecidas. O passivo ambiental representa os danos causados ao meio ambiente,
representando, assim, a obrigação, a responsabilidade social da empresa com aspectos
ambientais.

Resíduos de Serviços de Saúde – RSS – são todos aqueles resultantes de atividades


exercidas nos serviços definidos no artigo 1o que, por suas características, necessitam de
processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição
final.

Resolução da Diretoria Colegiada - ANVISA - RDC 306 - Dispõe sobre o Regulamento


Técnico para o Gerenciamento de resíduos de serviços de Saúde
Rótulo de Risco - Etiquetas, em forma de losango, que estampam os símbolos e/ou expressões
emolduradas referentes à natureza, manuseio ou identificação do produto no transporte desses
produtos.

Selo Verde - Selo Verde é um rótulo colocado em produtos comerciais, que indica que sua
produção foi feita atendendo a um conjunto de normas pré-estabelecidas pela instituição que
emitiu o selo.
179

Saneamento Ambiental - Conjunto das ações que tendem a conservar e melhorar as


condições do meio ambiente em benefício da saúde.

Saneamento Público: - Saneamento é serviço essencial à vida. Tem características de


monopólio, por isso deve ser gerido e prestado pelo Poder Público.

Segregação - Consiste na separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de


acordo com as características físicas, químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos
envolvidos.

Sistema de Tratamento de Resíduos de Serviços de Saúde - conjunto de unidades,


processos e procedimentos que alteram as características físicas, físico-químicas, químicas ou
biológicas dos resíduos, podendo promover a sua descaracterização, visando a minimização
do risco à saúde pública, a preservação da qualidade do meio ambiente, a segurança e a saúde
do trabalhador.

Resíduos de embalagem - qualquer embalagem ou material de embalagem abrangido pela


definição de resíduo adaptada na legislação em vigor aplicável nesta matéria, excluindo os
resíduos de produção.

Resolução CONAMA No 358 - Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos
dos serviços de saúde e dá outras providências.
SIDA - Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida - É uma doença causada por um vírus, o
vírus da imunodeficiência humana (VIH, ou HIV na língua inglesa) que ataca o sistema
imunitário do nosso organismo, destruindo a nossa capacidade de defesa em relação a muitas
doenças.
180

ANEXOS

Anexo A – Fotos do lixão de Poços de Caldas, 2004 (destinação final dos RSS)

Anexo B - RDC 306 – ANVISA

Anexo C – Resolução 358 – CONAMA

Anexo D – Lei 6938

Anexo E – Placas de identificação dos resíduos

Anexo F –Veículo / viatura especial para transporte

Anexo G – Placas de sinalização para transporte de resíduos perigosos

Anexo H – Recipientes rígidos para resíduos perfurocortantes

Anexo I – Equipamentos Auto Clave e Ataeus

Anexo J – Folha de rosto do PGRSS

Anexo K - Containers para transporte de resíduos processado


181

Anexo A
Fotos do lixão de Poços de Caldas, 2004 (destinação final dos RSS)

Materiais perfurocortantes jogado no lixão de Poços de Caldas

Resíduos de Serviços de Saúde sendo ―incinerados‖ no lixão e vista geral do local


182

Anexo B
RDC 306 – ANVISA
183

Anexo C
Resolução 358 - CONAMA
184

Anexo D
Lei 6.938
185

Anexo E
Placas de identificação de resíduos

GRUPO A GRUPO B GRUPO C GRUPO D (COMUM)


186

Anexo F
Veículo para transporte de RSS e operador com os equipamentos de proteção
187

Anexo G

Placas e Símbolos de riscos e manuseio para transporte e armazenamento de matérias


(Painéis de segurança):
188

Anexo H
Recipientes rígidos para resíduos perfurocortantes
189

Anexo I
Auto Clave e Equipamento Ataeus

Câmara autoclave autoclave


Fonte: Silcon Ambiental Ltda Fonte: Ecosul

Ataeus SSM - Equipamento da Ataeus


Fonte: Tecno Ambiental
190

Anexo J
Folha de Rosto do Plane de Gerenciamento de Resíduos de Saúde
PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE
SAÚDE – PGRSS SIMPLIFICADO
Código do PGRS: ___________________
IDENTIFICAÇÃO DO GERADOR
Data da aprovação _____/_____/________
Campo exclusivo do aprovador
Razão Social: _______________________________________________________________________________
Nome Fantasia: _____________________________________________________________________________
C.N.P.J.: _________________________________ Número e Data de Validade da Licença Ambiental: _________
____________________ Endereço (Rua, Av, BR): __________________________________________________
______________________________________________ Bairro: _______________________________________
Cep: ____________________ Fone: ________________________ Cidade: ______________________________
Responsável: ___________________________________________ CPF: _______________________________
Profissão: _____________________________ Insc. Categoria: ________________________________________
e mail: _____________________________________________________________________________________
Código da Atividade: _______________________ (conforme Lei de Uso e Ocupação do Solo – Anexo I)

TRANSPORTADOR
Nome Fantasia: __________________________________________________________________________
Cadastro PMF nº: __________________________________
IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS
. FREQÜÊNCIA
PESO DA COLETA (nº . DESTINO
CÓDIGO DOS ESTIMADO EM de vezes por FINAL
DESCRIÇÃO DOS RESÍDUOS
RESÍDUOS (*) KILOGRAMAS semana)
(Kg/Coleta)

A Resíduo Infectante ou Biológico

B Resíduo Químico - Farmacêutico

C Rejeito Radioativo

D Resíduo Comum
RESPONSÁVEIS PELO ESTABELECIMENTO GERADOR E PELA ELABORAÇÃO DO PLANO

Local e data

Responsável pelo Estabelecimento Gerador(Nome do estabelecimento): ___________________________________


Nome do responsável .
Registro no Conselho Profissional .

Responsável pela Elaboração do Plano: ___________________________________


Nome do responsável .
Registro no Conselho Profissional .
191

Anexo K
Containers para transporte dos resíduos processados
192

APÊNDICE A

Questionários aplicados na Pesquisa

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