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FRANCA
2005
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Mestrado em Administração
Dissertação:
FRANCA
2005
3
CDD 362.11068
CDD 362.11068
4
FRANCA
2005
5
Orientadora: _____________________________________________________________
Nome: Teresinha Covas Lisboa
Examinadora: _______________________________________________________
Examinador(a): _______________________________________________________
dezembro de 2005
6
Célia.
7
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiro, a Deus que não tem me faltado, e aos meus pais - a quem
Agradeço a minha esposa Célia e meus filhos Renata, Jaqueline e Guilherme pela
aos funcionários da Coordenação do Programa, com os quais pude estabelecer uma rica
orientadora, cara Profª. Teresinha Covas Lisboa, que desde o dia 08 de março de 2004,
RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivo conhecer e analisar a gestão do Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), quanto à sua implantação e aplicabilidade conforme
padrões das RDC (Resolução da Diretoria do Colegiado) 306 da ANVISA (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária), que dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de
resíduos de serviços de saúde e da Resolução 358 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio
ambiente), que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de
saúde e dá outras providências. O CONAMA defini o PGRSS como documento integrante do
processo de licenciamento ambiental, baseado nos princípios da não geração de resíduos e na
minimização da geração de resíduos, que aponta e descreve as ações relativas ao seu manejo
contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,
armazenamento, transporte, reciclagem, tratamento e disposição final, bem como a proteção à
saúde pública e ao meio ambiente. A pesquisa se embasou em visitas à Cooperativa de Saúde
de Poços de Caldas, onde foram realizadas entrevistas com o pessoal técnico administrativo,
pessoal de limpeza e serviços gerais que realizam a segregação, coleta e armazenamento dos
resíduos de serviços de saúde. Pesquisou-se o tema Gestão ambiental/empresarial como
fundamento do desenvolvimento da pesquisa, assim como o impacto ambiental causado pela
disposição dos resíduos de serviços de saúde em áreas não licenciadas como os lixões a céu
aberto. Comentou-se, também, a responsabilidade social das organizações na disposição de
seus resíduos e formas de minimizar o impacto ambiental para um desenvolvimento
suscitável, interagindo, organização, comunidade e governo em busca de soluções ambientais
para a disposição ecologicamente correta. A pesquisa foi desenvolvida nas dependências da
Cooperativa de Saúde, onde foram entrevistados, com questionários pré-montados, todas as
pessoas diretamente ligadas à manipulação dos resíduos de saúde. Após o levantamento das
questões montou-se os dados para análise crítica do Gerenciamento do PGRSS, onde obteve o
diagnóstico da situação atual. Como a retirada e destinação final dos resíduos são de
responsabilidade de uma empresa terceirizada, visitou-se, também, esta empresa. Embora o
PGRSS tenha sido implantado há menos de três meses, percebe-se que há um entendimento
macro do Plano, pelo pessoal técnico administrativo, porém o pessoal de operação, que
manipulam os resíduos, têm informações exclusivamente operacionais, não tendo o
conhecimento amplo do PGRSS. Diagnosticou-se que a Cooperativa está com o PGRSS
implantado parcialmente, havendo necessidade de melhorias no processo de coleta, como a
identificação dos resíduos e do local de armazenamento. Percebeu-se que as pessoas
envolvidas no processo não estão plenamente treinadas para a questão ambiental e não têm
pleno conhecimento do PGRSS. Nem todos os resíduos são destinados ao re-processador,
alguns ainda são coletados pela viatura da Prefeitura Municipal cujo destino é o aterro
controlado, onde os resíduos de serviços de saúde são enterrados sem que a vala esteja
devidamente impermeabilizada conforme as legislações ambientais.
hospitalar.
10
ABSTRACT
This research has for objective to know and to analyze the management of the Plan of
Management of Residues of Services of Health (PMRSS), how much to its implantation and
in agreement applicability standards of RDC (Resolution of the Direction of the Collegiate)
306 of the NASM (National Agency of Sanitary Monitoring), that it makes use on the
Regulation Technician for the management of residues of services of health and Resolution
358 of the NAE (National Advice of the Environment), that it makes use on the treatment and
the disposal end of the residues of the health services and gives other steps. The NAE
defined the PGRSS as integrant document of the process of ambient licensing, based in the
principles of not the generation of residues and in the minimização of the generation of
residues, that points and describes the relative actions to its handling contemplating the
referring aspects to the generation, segregation, preservation, collects, storage, transport,
recycling, treatment and final disposal, as well as the protection to the public health and the
environment. The research if based in visits the Cooperative of Health of Wells of Caldas,
where interviews with the staff had been carried through administrative, personal technician
of cleanness and general services that carry through the segregation, collect and storage of the
residues of health services. The subject was searched ambiental/empresarial Management as
bedding of the development of the research, as well as the ambient impact caused by the
disposal of the residues of services of health in areas not permitted as the lixões the open sky.
It was commented, also, the social responsibility of the organizations in the disposal of its
residues and forms to minimize the ambient impact for a suscitável development, interacting,
organization, community and government in ambient brainstorming for the ecologicamente
correct disposal. The research was developed in the dependences of the Cooperative of
Health, where they had been interviewed, with daily pay-mounted questionnaires, all the
directly on people to the manipulation of the health residues. After the survey of the questions
mounted the data for critical analysis of the Management of the PMRSS, where it got the
diagnosis of the current situation. As the withdrawal and final destination of the residues they
are of responsibility of a terceirizada company, was visited, also, this company. Although the
PMRSS has been implanted has less than three months, it is perceived that it has an agreement
macro of the Plan, for the staff administrative technician, however the operation staff, that
manipulates the residues, has exclusively operational information, having the ample
knowledge of the PMRSS. Was not diagnosised that the Cooperative is with the PMRSS
implanted partially, having necessity of improvements in the collection process, as the
identification of the residues and the place of storage. One perceived that involved people in
the process fully are not trained for the ambient question and all do not have full knowledge
of the PMRSS. Nor the residues are destined to the re-processor, some still are collected by
the viatura of the Municipal City hall whose destination is fills with earth it controlled, where
the residues of health services are embedded without that the ditch duly is waterproofed in
agreement the ambient laws.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 17
INTRODUÇÃO
natural do ser humano em descobrir novas tecnologias para o conforto capitalista, inova nos
produtos descartáveis e, nem sempre, está alinhado aos conceitos básicos da gestão ambiental.
Os produtos hospitalares, como seringas, agulhas, papel toalha, copos para água, embalagens
de cápsulas de remédios, entre outras infinidades, não fogem à regra. Com o surgimento
rápido dos produtos descartáveis houve um grande acréscimo no volume de lixo hospitalar.
Com essa evolução dos descartáveis, torna-se mais complexo gerenciar este volume de
Resíduos de Serviços Saúde - RSS, assim como o armazenamento, mesmo que temporário,
Nossa experiência profissional em Gestão Ambiental nos fez refletir, à luz das legislações em
A reflexão do tema surgiu quando pudemos verificar “in loco” que os resíduos hospitalares
de Poços de Caldas são descartados no lixão a céu aberto, juntamente com todos os outros
tipos de lixo, como industrial, doméstico, comercial etc. Poços de Caldas é uma cidade
turística devido a suas águas minerais e banhos termais, e distante apenas quinze quilômetros
do centro encontra-se o lixão, onde catadores de lixo convivem, além do lixo, com ratos,
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perfurocortantes, bolsas de sangue, seringas, gases de curativos, etc. (fotos do local no Anexo
A). A maneira de descartar o lixo sem tratamento gera uma infinidade de problemas de saúde
e para o meio ambiente, principalmente por estar próximo a um riacho e nascentes de águas,
Esse paradoxo – cidade de águas medicinais, e lixão a céu aberto - nos fez refletir sobre o
porquê desse descaso com o lixo na cidade. Foi a partir desta realidade que se visualizou a
uma investigação informal pelos hospitais de Poços de Caldas, observou-se que apenas em
definida na RDC nº. 50, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para Planejamento,
DE SAÚDE, sob a luz das legislações pertinentes, principalmente das RDC 306 da ANVISA,
sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras
implantado, será que amplamente conforme a legislação e sua gestão é eficiente e eficaz, isto
Cooperativa de Saúde está implantado, será que amplamente, porém a gestão não é eficiente e
demonstrar como, a partir dos resultados obtidos na pesquisa, o hospital pode gerenciar,
dentro das normas, seus Resíduos de Serviços de Saúde e avaliar as ações do Gestor do
de qualidade de vida dos profissionais lotados nos hospitais, dos catadores de lixo que
vasculham os sacos de lixos depositados no lixão em busca de materiais para uso próprio e de
luz da Gestão Ambiental o tema tem profunda relevância, pois obriga, conforme legislação,
que o Hospital tenha seu Planejamento Estratégico alinhado com as questões ambientais.
comunidade e por seus clientes, para que minimizem seus resíduos, que eliminem os
particulados jogados na atmosfera, que trate suas águas antes de descartá-las nos rios (o que é
muito salutar), porém os estabelecimentos de saúde ainda não sofrem estas pressões. O
Hospital sendo administrado como uma empresa que gera empregos, recursos financeiros,
conseqüentemente gera, também, seus resíduos e como tal deve ser tratado conforme
legislação em vigor. Esta questão está inserida no objetivo específico deste trabalho que
20
analisará o fluxo total deste processo, ou seja, a partir do descarte do resíduo hospitalar,
armazenamento externo, área de resíduos e o transporte externo, que será o final do fluxo. O
lixo hospitalar não pode ser visto sem utilização, e sem risco, portanto deve-se administrá-lo
como resíduo gerado por uma empresa sob a ótica da gestão ambiental e das legislações
pertinentes.
É dentro desta perspectiva que este trabalho se insere. A Gestão Ambiental, assim como a
Gestão de Resíduos dos Serviços de Saúde vem sendo discutida com bastante ênfase no meio
legal e médico e, apesar dos avanços inequívocos nos últimos anos nessa área, nota-se que é
possível detectar que muito ainda se tem para contribuir para essa temática. Pudemos observar
em nossa pesquisa informal que a grande maioria dos Planos de Gerenciamento de Resíduos
Fez-se a opção por analisar o caso de Resíduos de Serviços de Saúde, porque Poços de Caldas
não possui um aterro sanitário para a destinação final de seus resíduos e nem tecnologia para
seletiva de resíduos hospitalares, fazendo com que a cadeia do resíduo seja amplamente
a contextualização do tema.
geral, e seus respectivos destinos, no Brasil e em alguns paises. Finaliza-se o capítulo 1 com
focando, também, a gestão dos RSS analisando-os por várias óticas. Analisa-se a qualidade e
pertinentes, obras e artigos sobres os RSS e sua classificação, fontes geradoras, ações para a
Saúde.
22
SAÚDE, que são: questionário 1, voltado para o gestor do hospital com perguntas de gestão e
questionário e 3 e 4 são destinados às pessoas que têm contato direto com os resíduos
recolhem, transportam e armazenam estes resíduos. O processo da pesquisa será por meio de
deste trabalho, que é a Análise do Plano Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde
Antes da gestão empresarial torna-se necessário analisar o sentido de organização. Como ela
constituindo-se assim esse conjunto de órgãos – num sistema‖. Desta forma, tem-se a
organização como um sistema interligado, amplo e sistêmico, com eficácia e eficiência. Certo
Neste sentido, pode-se dizer que a gestão empresarial está embasada nas forças que interagem
para a maior produtividade organizacional. Estas forças estão ligadas diretamente com a
capacitação das pessoas para desempenhar suas atividades nas organizações. Na figura 1,
Certo (2003, p. 384) mostra os fatores que contribuem para a eficácia organizacional.
24
ligado à qualidade de vida dos trabalhadores, que aqui se pode traduzir como segurança no
trabalho, confiança na liderança e prosperidade da organização. Esse tripé faz com que os
Eficácia e eficiência dizem respeito ao que está sendo feito e de que maneira.
Eficiência significa executar a tarefa corretamente e se refere ao relacionamento
entre as entradas e saídas. Eficácia significa fazer a tarefa certa; em uma
organização, ela é traduzida como alcance da meta. (ROBBINS, 2004, p. 7)
25
MEIOS FINS
EFICIÊNCIA EFICÁCIA
desenvolvimento desta pesquisa, que analisa o envolvimento das pessoas como fator principal
mister destacar, se não houver eficiência e eficácia na realização das tarefas, por menor que
sejam, como coleta de descarte certo dos resíduos hospitalares, não terá eficácia todo o
PGRSS.
A gestão empresarial está voltada totalmente para a gestão estratégica, que tem como objetivo
a visão total dos processos da empresa. Estes processos é que darão vida à organização,
sistema de controle organizacional. Embora se não possa conceber uma organização sem
planejamento estratégico o mesmo não pode ocorrer eficazmente, se não houver uma gestão
estratégica. Segundo Costa (2002) há uma diferença clássica entre planejamento estratégico e
gestão estratégica:
Com esta diferença podemos dizer que a gestão faz cumprir as políticas e valores da empresa.
Por exemplo, ela (gestão) é responsável por colocar em prática a Missão da empresa,
e até movimentos necessários para a execução da mesma, assim como o estudo sobre
controle e estudo de melhorias contínuas dentre tantos outros elementos. A Gestão vai além
comprometimento com o que faz, como faz e porque faz, através de treinamento e do
desenvolvimento de pessoas.
Essa visão de gestão permeia todas as modernas teorias gerenciais, norteando as ações
organizacional.
(Taylor, 1911), que adota o método científico para determinar a melhor maneira de se fazer
fechada para a administração participativa. Dos grandes estoques para estoques de linha de
produção, o Just in Time (JIT), do sistema empurrado para o sistema puxado (STP – Sistema
maneira de gestão e com esses avanços não há organização que seja competitiva se não
na gestão é necessário também, repensar o estilo de administrar uma organização voltada para
pensar na Gestão da Qualidade, de J.M.Juran2 e Kaoru Ishikawa3 (início dos anos 80), como
fim. É a mudança constante nas organizações que definirá as estratégias e competitividade das
Segundo Hammer (1993) a reengenharia não trata apenas de fazer uma reforma na estrutura
organizacional:
1
T. OHNO é considerado o "pai" do Sistema Toyota de Produção.
2
J.M. JURAN - Especialista em administração da Qualidade. Juran ressaltou ainda a grande diferença entre criar
(Melhorias) e prevenir mudanças (Rotina).
3
K. ISHIKAWA - Pioneiro nas atividades de TQC no Japão.Professor da Universidade de Tóquio. Ishikawa
morreu em 1989.
28
qualquer novo sistema operacional ou normativo, como é o objeto desta pesquisa. Para
organização. Estas forças podem ser exógenas ou endógenas à organização‖. Para esta
hospitalares. As mudanças devem ser planejadas em médio prazo, o que facilita a adaptação,
porém nem sempre é possível nas organizações hospitalares, devido ao grande número de
todo.
coisa certa, de forma certa, ou seja, realizar suas tarefas com eficiência e eficácia. Para que as
mudanças organizacionais (neste caso coleta seletiva e destino final dos resíduos) sejam
29
Como diz Robbins, (2001c, p. 456) ―as resistências às mudanças continuam a ser uma
barreira básica que os gerentes precisam reconhecer e estar preparados para superar‖.
gestor não tem escolha a não ser implementar, não só as mudanças necessárias, mas também
capacitados para práticas profissionais (técnicas adquiridas em sua vida acadêmica). Quando
as mudanças legais são constantes, estas técnicas são atingidas. A resistência às mudanças é
estão passando os hospitais são evidentes, pois a ANVISA faz o seu dever de publicar normas
e fiscalizar sua implantação, cujas penalidades estão regulamentadas pela lei 6437 de 20 de
agosto de 1977. Portanto não há outra opção para os hospitais. A Gestão Ambiental começa a
ser tratada com seriedade nos hospitais. É justamente esse aprimoramento organizacional que
os hospitais estão buscando de forma a agregar valor aos serviços de saúde. A estrutura da
saúde.
CONAMA que ―dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de
implantação destas normas seja em clima de tranqüilidade, sem traumas para as pessoas. Com
estas Resoluções, os hospitais devem tomar consciência de que há uma política nacional de
resíduos e, principalmente, das exigências para a destinação final adequada dos RSS.
Nesta citação observa-se que a mudança organizacional traz um certo desconforto, uma
inevitável sensação de instabilidade das pessoas no sentido de não saber o que fazer no
primeiro momento e até mesmo se esta mudança irá abalar seu cargo e suas atividades.
menores. Para isso é necessário que, antes de tudo, haja um bom diálogo e treinamento sobre
o que será mudado, como será realizada a mudança, quando será colocada em prática e
implantada, quem será o gestor desta mudança, quais as responsabilidades de cada pessoa
neste novo sistema. Este processo alivia as tensões e mostra maturidade do gestor para
administrar as inovações.
nas organizações, certos de que, sem mudanças, as organizações não implantam novos
sistemas, que é a pesquisa deste trabalho, onde veremos dificuldades e facilidades para
organização‖.
Em Montana, P.J e Charnov B. H. (2005, p. 336) encontramos uma abordagem sistêmica para
Limitações
Internas Externas
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, que não se trata de uma idéia interna ou
externa; trata-se de obrigatoriedade legal, à qual, os hospitais terão que se adaptar. Temos um
raio de ação pleno, de toda a estrutura hospitalar, vamos encontrar limitações internas e
externas. As internas estão voltadas para o comprometimento das pessoas, dentro do hospital
32
finalidade de definir o raio de ação e que áreas sofrerão maior impacto com a mudança.
ou maneira de implementar uma mudança e a coloca em prática. A partir deste ponto passa-se
serão monitoradas as atividades que corrigirão falhas durante o processo e não no final das
atividades.
O termo Gestão Ambiental, a partir do qual se embasou esta pesquisa é entendido como
auditorias em processos, plano de ação corretivo e outras ferramentas gerenciais que darão
4
Brainstorming: reunião ou sessão cujo objetivo é o de coletar idéias de todos os participantes, sem críticas ou
julgamento. Também é conhecido como ―tempestade de idéias‖ (SCHOLTES, P. 1992, p. 2-37).
33
Pelas afirmações de Tachisawa, podemos dizer que a gestão ambiental forma uma cadeia de
poder econômico influenciar seus fornecedores e clientes a terem uma política ecológica
bens de serviços e materiais passam a ser realizados dentro da cadeia de empresas com
responsabilidade ambiental. O ―SGA ISO 14001‖, ―SGQ – ISO 9001‖, ―sele verde5‖, assim
como ―empresa amiga da criança‖, entre outros, são diferenciais que indicam a preocupação
vida de seus trabalhadores (norma SA 8000) 6. Esse diferencial passa a ser um marketing das
Pode-se dizer que havia uma mentalidade ambiental antes da conferência e outra após a
5
Selo Verde é um rótulo colocado em produtos comerciais, que indica que sua produção foi feita atendendo a
um conjunto de normas pré-estabelecidas pela instituição que emitiu o selo.
6
SA 8000, desenvolvida em 1997 e revisada em 2001 pela Social Accountability International - SAI, uma
organização não-governamental.
34
Conferência de 1972. O mundo foi alertado sobre as questões ambientais, até então pouco
divulgadas.
O Brasil enviou à conferência uma delegação de especialista ambientais, entre eles o sr.
Henrique Brandão Cavalcanti, Secretário Geral do Ministério do Interior que ―ao retornar ao
Brasil, promoveu a elaboração do decreto que instituiu em 1973 a Secretaria Especial do Meio
Segundo Novaes8
entidades com âmbito federal voltada para a orientação e preservação do meio ambiente.
Em pleno regime militar (1981), o então presidente João Batista de Figueiredo sanciona a lei
nº 6.902 de 21/04/81, que cria duas novas categorias de manejo: as Estações Ecológicas e as
Áreas de Conservação Ambiental. Neste mesmo ano sanciona, também, a Lei 6.938 (31/8/81),
7
NETO, Paulo Nogueira - Primeiro secretário da Secretaria Especial do Meio Ambiente (1974-1986), Formado
em Ciências Jurídicas e Sociais, bacharel em História Natural, doutor em Ciências e professor titular aposentado
de Ecologia Geral, no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
8
Eduardo Sales Novaes é secretário executivo do Instituto de Gestão Ambiental (IGA)
35
que dispõe sobre a Política nacional de Meio Ambiente que segundo Brito (1999, p. 66), esta
preservá-lo para as presentes e futuras gerações‖. É neste contexto que estamos refletindo
sobre as questões ambientais. Não basta ter o direito, é necessário o comprometimento das
participar e cobrar esse direito das empresas que estão na contra mão do sistema ecológico e
desenvolvimento sustentável.
Para SOESIMA,9
O desenvolvimento sustentável só tornou realidade no Brasil na década de 80 quando
surgiu a Política Nacional do Meio Ambiente, traduzida na Lei no 6938/1981, mas de
fato, o gerenciamento ambiental no Brasil teve inicio com a Resolução 001/86 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente, que instituiu os estudos e relatórios de
impacto.
A lei 6938 de 31/08/1981, (Anexo D), publicado no DOU em 02/09/1981, define no art. 2, o
objetivo da Política Nacional de Meio Ambiente:
9
* Ana Soesima - Professora do Curso de Administração – Administração Hospitalar das Faculdades São Camilo –
FASC – RJ.
36
Assim como a Lei 6938, as leis ambientais brasileiras são de excelente qualidade, no tocante a
para as organizações quer sejam do setor privado ou público, que geram o impacto ambiental.
descartáveis em larga escala? Assim como é difícil entender os dez princípios desta lei
precisa-se iniciar a cultura ambiental nas escolas de base, mas as barreiras para que ―todas as
com proteção dos ecossistemas e proteção da dignidade e qualidade de vida humana, onde a
grande meta seja a minimização dos impactos ambientais nos projetos empresariais.
Segundo a NBR ISO 14001 (1996), podemos conceituar o Sistema de Gestão Ambiental
para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a sua política ambiental
necessidade que a empresa crie políticas de responsabilidades ambientais, para que seus
1974, só em 1996 o Brasil teve sua primeira empresa certificada pela norma NBR 14001.
Segundo Rose,10 ―Esta norma foi introduzida no Brasil em 1996, ano em que foi certificada a
Segundo o Prof. Bursztyn11 (2003) ―A idéia central dos Sistemas de Gestão Ambiental é usar
ambientais às empresas. O que nos preocupa é o excesso de leis, normas, RDC´s, portarias,
ISO´s etc, que não se inter-relacionam entre si, e esta posição individualista confunde e
exemplo, a RDC 306, que revogou a RDC 33, teve o prazo de adequação das EAS
prorrogado por várias vezes. A RDC é publicada no DOU e dão-se 6 (seis) meses paras as
EAS se adequarem, sabendo que será impossível esta adequação. Daí o hábito de que para
tudo ―se dá um jeitinho‖, ou a data sempre será prorrogada. Este é uma das barreiras e
Assistenciais de Saúde.
A gestão ambiental é uma área do conhecimento que tem tido grande desenvolvimento nas
últimas duas décadas. A gestão ambiental representa, cada vez mais, uma forte e
10
Rose R. - Diretor do Departamento de Meio Ambiente - Câmara Brasil-Alemanha
11
Marcel Bursztyn é diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília
(CDS/UnB). É pós-doutor em desenvolvimento econômico e social pela Escola de Altos Estudos em Ciências
Sociais da França.
38
desenvolvimento sustentável como sendo ―aquele que atende às necessidades do presente sem
perceber que tal conceito não diz respeito apenas ao impacto da atividade econômica no meio
Atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da sociedade formam o tripé básico no qual
BRITO (1999) cita a parceria entre o poder público e a comunidade, interagindo forças para
Para Bruns15, não basta definir o que é Gestão Ambiental antes de entendermos a
organizacional.
Gestão Ambiental visa ordenar as atividades humanas para que estas originem o
menor impacto possível sobre o meio. Esta organização vai desde a escolha das
melhores técnicas até o cumprimento da legislação e a alocação correta de recursos
humanos e financeiros. O que deve ficar claro é que "gerir" ou "gerenciar" significa
saber manejar as ferramentas existentes da melhor forma possível e não
12
Gro Brundtland, presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Relatório Nosso Futuro Comum.
13
"Relatório Brundtland", nome dado ao documento entitulado "Our Common Future", elaborado pela "World Commission on
Environmental and Development", Oxford University Press, 1987.
14
Artigo: ―Conceitos de desenvolvimento sustentável‖ - disponível em://www.economiabr.net/ , (sem autor). Acesso em 05,set,2005.
15
Giovana Baggio de Bruns - Engª Florestal, especialista em Gestão Ambiental através do European Master in Environmental
Management, EAEME - Kapodistrian University of Athens e Università degli Studi di Parma, Itália. Atualmente trabalha como
consultora ambiental na empresa de consultoria Silviconsult Engenharia Ltda, Curitiba, Paraná.
39
A mola propulsora das questões ambientais, segundo Donaire (1995) foi em 1987 quando a
ONU (Organização das Nações Unidas) publicou seu relatório ―Nosso futuro comum‖:
correto, não teve o debate sério na era do ―Milagre Brasileiro‖, ou até antecedendo este
período dominado pelas forças militares no poder, no fadado slogan ―Brasil - ame ou deixe-
o‖, onde o desenvolvimento a qualquer custo e parcerias nada patrióticas, com paises
conseqüências ambientais, sociais e humanas. Esta cultura ainda parece estar no cerne do
poder. Não se faz investimento capaz de solucionar os problemas nacionais, sobre questões
ambientais.
A gestão ambiental é complexa na sua amplitude, pois se aplica a uma grande variedade de
tomar conhecimento e aplicar as várias leis e normas ambientais acima de tudo a organização
necessita do comprometimento das pessoas e principalmente da alta direção para uma gestão
ambiental participativa e eficaz. Além disso, a gestão ambiental envolve muitas variáveis
execução dos processos. O envolvimento das pessoas é o fator chave para o sucesso e da
esta participação extrapole os muros da empresa e passa a dotar o espírito ambiental em sua
casa, que discute com sua família os benefícios de termos uma gestão ambiental capaz de
Para Souza (2000) a complexidade e a amplitude do termo gestão envolve muitas variáveis:
41
CARACTERÍSTICAS ATIVIDADES
AMBIENTAIS
ANÁLISE
AMBIENTAL
MONITORAMENTO MEDIDAS
MITIGADORAS
Analisa-se a figura de Souza, acima, como sendo a análise ambiental o centro das atividades
que a circulam, onde se tem a atividade desenvolvida ou a serem desenvolvidas como o início
comunidade e o estudo de fauna e flora. Após essas análises faz-se o monitoramento de todo o
processo, através da análise ambiental e parte para as medidas mitigadoras com o intuito de
Na visão de Barbieri, (2004) a gestão ambiental empresarial é suportada pelo tripé: governo,
Sociedade e Mercado, (figura 5) que reafirma o pensamento de SOUZA (2000) acima citado,
42
acrescentando a comunidade como forma de pressão e para uma legislação mais severa e para
[...] espera-se que as empresas deixem de ser problema e sejam partes das soluções.
As preocupações ambientais dos empresários são influenciadas por três grandes
conjuntos de forças que se interagem reciprocamente: o governo, a sociedade e o
mercado. Se não houver pressão da sociedade e medidas governamentais não se
observaria o crescente envolvimento das empresas em matéria ambiental. As
legislações ambientais geralmente resultam da percepção de problemas ambientais
por parte se segmentos da sociedade e que pressionam os agentes estatais para vê-
los solucionados. (BARBIERE, 2004, p. 99).
GOVERNO
MEIO AMBIENTE
EMPRESA
SOCIEDADE MERCADO
Para Backer (1995), é mais responsável administrar as questões ambientais do que proteger ou
defender a natureza: ―[...] querer proteger ou defender a natureza tem menos sentido do que
querer administrá-la de maneira responsável e, a partir daí, querer integrar nela a gestão
Os efeitos do ser humano na face da terra trazem conseqüências que a própria natureza não
consegue recompor. Para Barbieri (2004) o ser humano difere dos outros seres vivos até pela
Como qualquer ser vivo, o ser humano retira recursos do meio ambiente para
prover sua subsistência e devolve as sobras. No ambiente natural, as sobras de um
organismo são restos que ao se decomporem devolvem ao ambiente elementos
químicos que serão absolvidos por outros seres vivos, de modo que nada se perde.
O mesmo não acontece com as sobras das atividades humanas, [...] denominado
genericamente de poluição. (BARBIERI, 2004, p. 15).
Tachizawa (2005)16 comenta sobre algumas vantagens das empresas investirem na gestão
A gestão ambiental, além de ser uma responsabilidade social das organizações, é uma
ferramenta gerencial, como afirma Tachizawa (2005), ―A gestão ambiental, enfim, torna-se
Na figura 6 Barbieri (2004), destaca alguns critérios de classificação das fontes poluidoras
como as origens que podem ser natural e antropogênica, cujas fontes podem ser móveis ou
fixas e/ou estacionárias, assim como a emissão que pode ser pontual ou difusa, cujos
poluentes físicos, químicos, biológicos, radiativos, sonoros etc, afetam o ecossistema e tem a
atividade humana como uma destas fontes de poluição, como nas atividades de agricultura,
geração de energia, mineração, indústria, saúde, transporte e outras. Todas atividades como
fator gerador de poluição ambiental. Para cada fonte de poluição há o meio receptor que se
resume no ar, água, e solo, indo terminar no ecossistema. Analisam-se, também, nesta figura,
os impactos de cada fonte geradora de resíduo que podem ser divididas em alcance (local,
como um todo. E a partir daí analisam-se os tipos de impactos causados no sistema ambiental.
Ecológico Ambiental – CETESB (sem data) traz uma boa definição de meio ambiente, ou
seja:
Gestão Ambiental é tudo o que cerca o ser vivo, que influencia e que é
indispensável à sua sustentação. Estas condições incluem solo, clima, recursos
hídricos, ar, nutrientes e os outros organizamos. O meio Ambiente não é apenas
constituído do meio físico e biológico, mas também do meio sociocultural e sua
relação com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem‖.
A Gestão Ambiental deve fazer parte, também, do Plano Diretor dos municípios, assim como
faz parte do Planejamento Estratégico das empresas. Os gestores de cidades, como prefeitos,
saneamento público, também chamado de saneamento básico, tanto urbano como rural. O
descaso das autoridades municipais com relação a este assunto faz com que as cidades
própria comunidade.
Indústrias Eutrofização
Saúde Acidificação
Destruição da camada de ozônio
Transporte
Perda de biodiversidade
Aquecimento global etc.
Figura -6 - Poluição – Alguns critérios de classificação
Fonte: Barbieri (2004, p. 16)
Municipal de Água e Esgoto, ―98% (noventa e oito por cento) do município tem coleta dos
Água e Esgoto (DMAE) que ―contempla 100% da distribuição de água para toda a população
46
contempla o enfoque sistêmico, onde as forças ambientais interajam de forma coesa dando
sustentação ao sistema global de gestão ambiental. A operação dos processos industriais deve
descarte de sobras de produção, resíduos dos processos, uso racional de energia e matérias
primas, de forma a se alinhar com os objetivos da organização e obter uma produção mais
limpa. A operação, assim como a política estratégica ambiental, deve ter uma sinergia com o
meio ambiente, o que facilitará o gerenciamento ecológico. Desta forma, cria-se o enfoque
dada pelas organizações com relação à gestão ambiental é um dos grandes problemas
resultante dos esforços. O que se deve procurar adotar em uma organização é uma
17
Fonte: DMAE: <www.dmae.com.br>, acesos em 02.ago.2005.
47
MEIO AMBIENTE
GESTÃO ESTRATÉGICA
GESTÃO AMBIENTAL-
GERENCIAMENTO ECOLÓGICO
OPERAÇÕES
técnicas e métodos que facilitem o processo de tomada de consciência sobre a gravidade dos
18
Agenda 21: É o principal documento da Rio-92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento Humano
48
Para Marcatto (2002), em obra editada pela FEAM (Fundação Estadual do Meio Ambiente), a
educação ambiental deve atingir toda a população brasileira, para que todos possam participar
desenvolvimento sustentável:
A Educação Ambiental é vista pela conferência de Tbilisi 19 como algo muito mais amplo,
Não se pode compreender uma questão ambiental sem as suas dimensões políticas,
econômicas e sociais. Analisar a questão ambiental, apenas do ponto de vista
"ecológico", seria praticar um reducionismo perigoso, onde as nossas mazelas
sociais (concentração de renda, injustiça social, desemprego, falta de moradias e de
escolas para todos, menores abandonados, fome, miséria, violência e outras) não
apareceriam. Estas mazelas, por sua vez, são criadas pelo modelo de
desenvolvimento econômico adotado, que visa, apenas, à exploração imediata,
contínua e progressiva dos recursos naturais ( e das pessoas), cujo lucro de uso
predatório vai para as mãos de uma pequena parcela da sociedade. Assim,
privatizam-se os benefícios (lucros) e socializam-se (distribuem-se) os custos (todo
o tipo de degradação ambiental) A decisão política está por trás de tudo. A EA
deverá fomentar processos de participação comunitária que possam, efetivamente,
interferir no processo político.
19
A Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (Conferência de Tbilisi) foi realizada
em Tbilisi, capital da Georgia,CEI (Ex-URSS), de l4 a 26 de outubro de l977, organizada pela UNESCO, em
cooperação com o PNUMA e constituiu-se num marco histórico para a evolução da EA.
49
A Educação Ambiental para Dias (1998), passa, antes de tudo, pela cultura de nossos
ancestrais, tanto para o lado positivo como para o lado negativo da questão. Temos (Brasil)
velhos hábitos culturais da cultura rural, onde a vida era simples e quase tudo que se consumia
vinha in natura da terra, portanto tudo poderia ser revertido para a terra. Os tempos mudaram,
que simplesmente são jogados para serem absolvidos pela terra. Não houve, paralelamente ao
progresso, a divulgação e o ensinamento dos males causados pelos descartáveis. Não era
interessante dizer que alguns produtos como o alumínio, ou seja, uma lata de alumínio demora
mais de 100 anos para se decompor na natureza. O plástico das garrafas "pet" de refrigerante,
que são descartadas na rua ou na natureza demora de 200 a 450 anos para se decompor na
natureza. O aço usado nas agulhas leva até 100 anos para sua decomposição.
Dias (1998) apresenta o diagrama quadridimensional do ambiente total e seus aspectos. Nota-
se que o ambiente não está isolado, é cercado por vários fatores, como o político, social, ético,
A visão de gestão do diagrama ilustra que todos os fatores, interno e externo, à organização
precisam estar interagindo entre si e que as forças organizacionais convergem para o mesmo
objetivo. Estas não podem ser analisadas isoladamente, a organização não é um departamento
para um lugar comum que é o objeto, o negócio da organização. A gestão ambiental não pode
ser apenas um apêndice da organização, mas um órgão com estrutura e autonomia na tomada
de decisão.
50
Tecnológicos
Econômicos Científicos
Ecológicos
Culturais
As organizações têm um papel fundamental para a educação ambiental, levando essa cultura
de minimização de uso dos recursos naturais, uso adequado dos descartáveis, descarte seletivo
de lixo, incentivo à reciclagem etc, assim como as escolas de ensino básico, públicas e
privadas. Esta responsabilidade ambiental, que também é responsabilidade social, faz com
que aos poucos o cidadão brasileiro se sensibilize o suficiente para levar em frente o acordo
assinado na Agenda 21, que é a implantação obrigatória do estudo do meio ambiente nas
escolas de base. O tema está colocado nas escolas, como disciplina transversal e não de
O tema transversal Meio Ambiente deve ser trabalhado de forma implícita nas
questões diárias de cada disciplina escolar. Precisamos entender o meio ambiente
como resultado de todas as ações humanas. Isso é um contra-senso do MEC
(Ministério da Educação). O tema transversal colocado nos Parâmetros Curriculares
veio a reboque da Agenda 21, Então, o MEC transformou esse tema (do meio
ambiente) como transversal, o que não exigiria alguém especializado dando aulas
de uma disciplina chamada meio ambiente. Essa foi uma saída do governo
brasileiro. De qualquer maneira, foi sendo desenvolvido nas escolas muito
precariamente porque a partir de um tema transversal tem-se ou não
obrigatoriedade de usá-lo. [...] A minha crítica é que o livro didático está sempre
fragmentado. O meio ambiente não pode mais ser visto se não for de uma maneira
20
Profª. Tânia Regina Moura Bueno, assessora pedagógica da OAK . A OAK Educação & Meio Ambiente é uma empresa privada, criada em
1998, com o objetivo de transformar conhecimentos científicos em produtos e metodologias capazes de contribuir para a tarefa de educar
para a conservação e a preservação do meio ambiente.
51
Nesta entrevista, percebe-se o descuido da educação ambiental nas escolas brasileiras e como
tão pouco está organizado e estruturado o ensino ambiental. Na verdade, a questão ambiental
deve transpor as paredes das escolas de forma a agregar valor ao conhecimento do aluno já no
ensino básico e que haja uma interdisciplinaridade fortalecendo o tema para que o aluno possa
levar para casa conhecimento adquirido e compartilhá-lo com seus familiares, que seja da
forma mais simples como a economia da água, da energia, da separação dos resíduos etc.
processos:
Nota-se a inter-relação de inúmeras variáveis que interagem para formar o meio ambiente
saudável e sustentar uma qualidade de vida a todos os seres e em todas as suas formas. De
todas as formas de vida no planeta, o homem é o único que altera sensivelmente esse cenário
em busca de um progresso insustentável. Para a NBR ISO 14.001 (1996, 3.2) o meio ambiente
de uma empresa é: ―Circunvizinhança em que a empresa opera, incluindo ar, água, solo,
A Resolução SMA 31, instituída pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, é
uma prova de que a questão dos resíduos de serviços de saúde (RSS) precisa estar
Ainda no art. 1 da resolução 001/86 do CONAMA, o impacto ambiental pode afetar: ―(1) a
saúde, a segurança e o bem estar da população; (2) as atividades sociais e econômicas; (3) a
biota; (4) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (5) a qualidade dos recursos
ambientais‖.
Para a NBR ISSO 14001/96, o impacto ambiental é ―qualquer modificação do meio ambiente,
adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, dos produtos ou
suas ações, para que possa haver uma melhoria contínua nos processos, de forma a minimizar
estudo do impacto ambiental inicia-se no projeto da planta de uma fábrica e percorre toda a
cadeia de suprimento, processo e descarte final dos resíduos e das embalagens. É a co-
- RIMA;
Portanto, nota-se a importância do EIA nas organizações, principalmente naquelas que usam
Impacto ecológico
Segundo definição da Secretaria do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, impacto ecológico
―refere-se ao efeito total que produz uma variação ambiental, seja natural ou provocada pelo
homem, sobre a ecologia de uma região, como, por exemplo, a construção de uma represa‖.
Toda atividade humana gera resíduos. Automaticamente esses resíduos geram impactos no
antes de tudo, tem-se a necessidade de estudá-lo de forma a analisar seus efeitos no solo, ar e
na água.
Segundo Barbieri (2004, p. 246) o estudo dos impactos constitui um instrumento de gestão
ambiental:
Saneamento
O Saneamento ambiental já não é executar o básico para nas comunidades. Seu leque de
atuação passou a ser o macro ambiente, o efeito no ecossistema, como a água, ar, solo como
corpos receptores dos impactos das atividades humanas nocivas aos ecossistemas, com o
Ecossistema
57
O ecossistema, para Coimbra (2002, p.5) viria a ser a ―disposição conjunta dos seres de um
Id (2002) faz uma boa comparação entre o ecossistema e um sistema computacional. Embora
ele mesmo diga que ―toda comparação é manca ou claudicante‖. Nós, enquanto dependentes
decompor na natureza, razão pela qual há a necessidade de nos preocuparmos pela educação
final de nossos resíduos. A resposta dos outputs serão de acordo com os inputs que colocamos
na terra.
grande mudança no habitat brasileiro. O Brasil que era até então uma população ruralista,
Habitat
58
Habitat, segundo Coimbra (2002, p.18), ―é o lugar onde uma espécie pode cumprir todas as
suas funções biológicas. Seria o complexo ambiental ocupado por uma espécie particular. O
1.8 Resíduos
Neste tópico pesquisaram-se várias definições e tipos de resíduos com visão global dos
resíduos, onde de uma forma ou de outra, todas as definições convergem para o mesmo ponto:
resíduo é todo o material descartado pelo homem no meio ambiente. Várias são suas formas e
Conforme Gomes21, os resíduos podem ser divididos em vários tipos, entre eles citamos:
Nota-se que os resíduos sólidos estão em toda a atividade humana, animal ou da própria
comerciais, industriais, de serviços de saúde, lazer etc, ou aqueles gerados pela natureza,
como folhas, galhos, terra, areia. Hoje esta lista aumenta na área rural, com o agro-negócio, e
a evolução das embalagens dos insumos agrícolas (produtos tóxicos) que trazem grandes
A NBR 9.896 de 1993 considera resíduo o ―material ou resto de material cujo proprietário ou
Barbieri (2004; p.105) comenta a Lei 9.896 sobre a responsabilidade dos resíduos:
21
Hagar Espanha Gomes - Livre-docente-UFF Coordenador do Glossário Brasileiro da Terminologia de
Tratamento de Efluentes Industriais21 da Biblioteconomia, Informação & Tecnologia da Informação da
Universidade Federal Fluminense, revisado em 2004. Coordenação de Hagar Espanha Gomes - Livre-docente-
UFF
60
Tabela 1
Responsabilidades pelo destino final dos resíduos.
Para Jucá22, 2002, o Brasil produz cerca de 228.413 toneladas de lixo por dia, sendo que desse
total, cerca de 76% são lançados a céu aberto nos lixões, 0,6% em áreas alagadas, 12,4% em
Tabela 2
Tipo de destinação final de resíduos no Brasil (%)
CENTRO-
TIPOS NORTE NORDESTE SUDESTE SUL
OESTE
Lixão 52,7 48,3 9,8 25,9 22,0
Aterro controlado 28,3 14,6 46,5 24,3 32,8
Aterro sanitário 13,3 36,2 37,1 40,5 38,8
Estação de compostagem 0,0 0,2 3,8 1,7 4,8
Estação de triagem 0,0 0,2 0,9 4,2 0,5
Incineração 0,1 0,1 0,7 0,2 0,2
Locais não fixos 0,9 0,3 0,6 0,6 0,7
Outras 0,2 0,1 0,7 2,6 0,2
Fonte: Jucá (2002, p.7)
22
Prof. Dr. José Fernandes Thomé Jucá – Universidade Federal de Pernambuco. Doutorado em Geotecnia.
Universidad Politécnica de Madrid, U.P.MADRID*, Espanha. Título: COMPORTAMIENTO DE LOS SUELOS PARCIALMENTE SATURADOS BAJO SUCCION
CONTROLADA., Ano de Obtenção: 1990.
61
Nota-se que a pesquisa realizada por Jucá (2002), demonstrada na tabela 1, o tratamento,
assim como o destino final dos resíduos é menos eficiente e ecologicamente correto nas
regiões norte de nordeste, o que coincide com a falta de informação, nível sócio-econômico, e
o comprometimento dos órgãos públicos. Estes dados são alarmantes, pois 76% (setenta e seis
por cento) dos resíduos não são tratados, simplesmente são jogados em áreas não habilitadas
para receber o material. Analisando-se a região Norte, percebe-se que 81% (oitenta e um por
cento) dos resíduos são destinados a locais clandestinos, isto é, não há licenciamento de órgão
público para o depósito final de resíduos, pois entende-se que ―Aterro controlado‖ não é
aterro sanitário com licenciamento ambiental para esta finalidade. Na mesma direção, está a
região Nordeste com 62,9% (sessenta e dois, ponto nove por cento), ficando na faixa de 53%
(cinqüenta e três por cento) as demais regiões. Com estes dados acredita-se que, pela maior
Destacam-se três grandes divisões dos resíduos: resíduos comercial e residencial, resíduos
Os resíduos domiciliares não diferem muito dos comerciais, pois tudo de se descarta nas
sobras de alimentos, embalagens, papéis, papelões, plásticos, vidros, garrafas pet, latas de
alumínio, trapos, etc, que são recolhidos pelo serviço municipal de limpeza urbana. Estes
Resíduos industriais
O resíduo industrial é definido pela Secretaria Municipal de serviços e obras de são Paulo
como:
Aquele originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como,
metalúrgica, química, petroquímica, papelaria, alimentícia etc. O lixo industrial é
bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos
alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias,
vidros e cerâmicas etc. Nesta categoria, inclui-se a grande maioria do lixo
considerado tóxico. (SSOSP, 2002)
Nos resíduos industriais têm-se todas as classes de resíduos, que vão da classe de resíduos
comuns à classe de resíduos perigosos. Estes podem ser perigosos, e até mesmo tóxico, e por
isso, a menos que passe por processos de tratamento específicos, não pode ter sua disposição
final no mesmo local do lixo domiciliar. Estes resíduos são classificados pela A NBR
classe III - resíduos inertes. Ainda segunda essa NBR, ―esta classificação é fundamental para
o gerenciamento adequado dos resíduos uma vez que possibilita a determinação do seu
A RDC 358 do CONAMA define no art. 2, item ―X‖ os resíduos de serviços de saúde:
23
Fonte: site: Saúde na Internet - <http://www.saudenainternet.com.br/doutormadruga/respostas_25.shtml>.
Acesso em 04/-7/2005.
64
Ao contrário do aterro sanitário, os lixões não atendem a nenhuma norma de controle. O lixo
é disposto de qualquer maneira e sem nenhum tratamento, o que acaba causando inúmeros
problemas ambientais.
O lixo a céu aberto atrai ratos que têm a sua capacidade reprodutiva aumentada devido à
Outro sério problema causado pelos lixões é a contaminação do solo e do lençol freático, caso
exista um no local, pela ação do chorume, líquido de cor negra característico de matéria
orgânica em decomposição. Além disso, esses lugares proporcionam acesso de acesso para as
pessoas carentes, que acabam contraindo várias doenças. Com total omissão social e
desrespeito ao ser humano, essas pessoas buscam nos lixões um meio de sobrevivência, ou
Quanto aos malefícios causados pelos depósitos inadequados de RSS, comenta Pinheiro24,
exatamente pelo fato de, num acidente, criarem a porta de entrada do agente causador da
doença no organismo receptor‖. O que impacta diretamente na qualidade de vida das pessoas
Segundo Figueiredo (1995), o destino final dos resíduos ainda não está formalizado para
grande parte das cidades brasileiras, tomando por base sua pesquisa realizada na região
Sudeste:
24
Pinheiro, Mardiore. Bióloga graduada pela PUCRS - Porto Alegre e mestranda em Botânica na UFRGS -
Porto Alegre.
65
de, nestas localidades, a destinação final dos resíduos ser promovida de forma
25
inadequada em locais não apropriados, ou demonstra a displicência com que a
questão é tratada pelos órgãos públicos municipais. (Figueiredo 1995, P. 142).
26
Fendt (1999), comenta os tipos de disposição de lixos domésticos, conforme é feita essa
disposição:
Para começar, os chamados lixões, que são amontoados de lixo num terreno, sem a
mínima preocupação com o que pode ocorrer em termos de saúde pública.
Já os denominados aterros sanitários, pode-se dizer que são lixões melhorados, pois
neles há uma preocupação em se recolher os líquidos gerados na fermentação do
lixo (chorume), em se cobrir com terra as camadas de lixo que forem sendo
depositadas; todavia, as proteções dos mananciais hídricos são deficientes, o
chorume não é tratado e permanecem muitos problemas de saúde pública; caso
atual de Volta Redonda.
Quanto aos chamados aterros sanitários controlados, estes têm os seus projetos
prevendo suas localizações observados os mananciais hídricos subterrâneos e
superficiais em posições favoráveis; o solo da base devidamente compactado e
impermeabilizado pela própria argila ou com a utilização de mantas de polietileno;
já se prevêem caminhos adequados para o chorume e as formas de tratá-los; já
ficam previstas as tubulações verticais e perfuradas colocadas na massa do aterro
para coleta dos gases que serão gerados, dando a eles destinações que podem ser a
simples queima; já se prevêem as coberturas com terra a cada disposição do lixo e
finalmente, já fica definido um gerenciamento dos posicionamentos das células,
coordenados com as movimentações de caminhões e pás carregadeiras. (FRENDT,
1999).
Lückman (2005) faz uma comparação arqueológica entre o nosso passado e o futuro do
Talvez nunca na história o ser humano tenha sido capaz de produzir uma
quantidade tão grande e tão variada de rejeitos, restos de seu consumo ou utensílios
considerados inúteis, que são simplesmente descartados. Que poderiam dizer os
arqueólogos do futuro sobre nosso modelo de sociedade, ao escavarem um dos
nossos milhares de lixões, atopetados de materiais tóxicos, de composição
complexa e não-perecíveis? Que espécie de sociedade esses arqueólogos poderiam
imaginar que somos, como fazem os estudiosos de hoje a respeito dos homens dos
25
Nota do autor: ―Em geral estes resíduos são depositados em áreas públicas abandonadas, áreas abandonadas cedidas às prefeituras para este
fim, ou, em alguns casos, são utilizados para o que se denomina ―recuperação de áreas ou aterros‖, que consistem em conformar, com o lixo
urbano, áreas que apresentam depressões morfológicas‖.
26
Roberto Fendt: vice-presidente do Instituto Liberal do Rio de Janeiro.
66
E assim é a realidade do dia-a-dia da população brasileira, consumo por modismo, por status,
Segundo Figueiredo (1994) a era do consumismo teve maior impacto ambiental após a
Segunda Grande Guerra Mundial, onde os Estados Unidos passaram a representar o modelo
de sociedade consumista, exportando bens e serviços para o mundo todo e seus respectivos
lixos:
Estes problemas estão relacionados com a solução dada ao grande volume gerado de resíduos
segundo Figueiredo (1994) ―Até março de 1987, 95% dos resíduos sólidos gerados nos
67
Estados Unidos tiveram os aterros (a maioria não-licenciados) como destino final. Apenas 5%
O consumismo visto como modismo criou hábitos na sociedade e até nossos dias estamos
Segundo Lückman (2005), estes hábitos de consumo adquiridos pela exportação do Estados
Com a "exportação" desses hábitos de consumo dos Estados Unidos para todo o
planeta - inclusive para os países pobres -, o ser humano chegou ao final do século
20 com uma capacidade inigualável de produzir lixo. Estima-se que os 6 bilhões de
habitantes da Terra produzam uma média superior a 300 milhões de toneladas de
resíduos por ano - nem todos os países têm esses dados calculados -, sendo que as
maiores montanhas de rejeitos continuam sendo formadas nos Estados Unidos,
onde são descartados 217 milhões de toneladas anualmente.
Para Alencar 27 (2005), o Brasil ainda não está completamente comprometido com os sistemas
27
Bertrand Sampaio de Alencar, coordenador do Projeto de Resíduos Sólidos da ASPAN, uma organização
ambientalista de Pernambuco.
28
4R: Reduzir, Reciclar, Reutilizar e Reutilizar.
68
Aterro controlado
Conforme artigo ―coleta e disposição final do lixo‖, (sem autor) na página virtual da
ambeintalbrasil, o aterro controlado é menos mal que o lixão, porém não é a solução adequada
para os resíduos, uma vez que não livra de gerar impacto ambiental no sob-solo e no lençol
Segundo Figueiredo (1994), estes sistemas de destinação final dos resíduos estão longe de ser
processo de incineração:
não traz somente vantagens. Por estas questões é que se faz necessário a avaliação do impacto
1.10 Compostagem
destinação final dos resíduos, técnica muito usada, principalmente na zona rural, onde usa-se
governos (federal, estadual e municipal) para que se criem as chamadas ―empresas limpas‖,
que desde o projeto até a operação, trabalhm no sentido de evitar ou reduzir minimamente o
mais eficaz de reduzirmos o volume de lixo descartado nos lixões ou aterros sanitários:
A forma mais eficaz, sobretudo quando se monta uma indústria nova, é a da adoção
de uma "tecnologia limpa", ou seja, de uma tecnologia que, desde logo, evite (ou
reduza fortemente) a produção de resíduos ou a emissão de gases nocivos. É a
chamada forma de atuação "na fonte" já que é o próprio processo tecnológico que
não é poluidor. Mas, na generalidade das empresas já existentes, isto ou não é
possível ou só poderá ser feito à medida que se forem desativando unidades antigas
e instalando novas unidades. Há, pois, que tomar medidas para eliminar os agentes
poluidores.
29
Leónidas, Matos & Associados do IAPMEI - Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao
Investimento - exerce a sua atividade sob a tutela do Ministério da Economia e da Inovação e tem por objetivo a
concepção e execução de políticas de apoio ao desenvolvimento empresarial, visando especialmente a
Modernização e Inovação do segmento das Micros, Pequenas e Médias Empresas dos Sectores Secundário e
Terciário.
71
do ambiente:
Como cita Schneider (2001) ―é necessário que se contextualize o lixo enquanto fator cultural,
que é visto como algo desagradável, marginal e sujo, buscando uma nova imagem, na qual o
Apenas 2,5% das cidades brasileiras separam parte de seu lixo urbano. O Brasil
perde anualmente R$ 5,8 bilhões porque deixa de reciclar o seu lixo urbano,
deixando claro que nosso lixo vale muito e pode ser uma alternativa de renda para
30
Calderoni, Sabetai, "Os Bilhões Perdidos no Lixo", 3ª ed. Humanitas, 1999.
72
Segundo a pesquisa nacional de saneamento básico de 2000, realizada pelo IBGE, em ―IBGE
saúde melhorou em alguns municípios brasileiros, com relação à última pesquisa, 1989:
31
Teixeira, Eglé Novaes é professora-doutora na área de resíduos sólidos do departamento de saneamento e
ambiente da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp, onde orienta na pós-gradução (mestrado e doutorado).
73
Nas empresas, a manipulação dos resíduos é de responsabilidade dos gestores lotados no setor
e/ou empresas com licenciamento para destinação final dos resíduos. Também é responsável
pela logística de rota para resíduos perigosos. Os benefícios promovidos pela logística
Segundo Leite (2003), conclui-se que Logística Reversa é a gestão do fluxo do processo
produtivo que inicia com a entrada de matérias primas e insumos e só termina com o destino
final do produto e/ou sua embalagem. Ou seja, a empresa produtora ou prestadora de serviços
consumo, a empresa é co-responsável pelo destino final de seus produtos (quando não
74
consumidos pelo cliente final) e por suas embalagens, conforme Figura 9. A cadeia de
locais legalizados.
Conforme Decreto 366-A/97 do Ministério do Meio Ambiente, a política ambiental deve ser
geração.
Em termos contábeis, passivo vem a ser as obrigações das empresas com terceiros,
sendo que tais obrigações, mesmo sem uma cobrança formal ou legal, devem ser
reconhecidas. O passivo ambiental representa os danos causados ao meio ambiente,
representando, assim, a obrigação, a responsabilidade social da empresa com
aspectos ambientais. A identificação do passivo ambiental está sendo muito
utilizada em avaliações para negociações de empresas e em privatizações, pois a
responsabilidade e a obrigação da restauração ambiental podem recair sobre os
novos proprietários.
O Passivo Ambiental é outro fator que faz com que a legislação ambiental seja rigorosa e
públicas ou privadas, por esta razão fortalece-se a auditoria ambiental quando das vendas e
serviços. Este novo passivo na contabilidade das organizações faz com que os executivos
repensem o destino de seus resíduos, fazendo com que não sejam enterrados na área da
empresa ou vizinhanças. O custo para a retirada de material após longos anos de aterro não
controlado é muito maior do que uma gestão correta dos resíduos. Essa é uma das razões pelas
O comprometimento das organizações com o futuro ambiental tem-se tornado a ―bola da vez‖
Segundo Kraemer32
brasileiras, ou até mesmo para as multinacionais que aqui se instalaram, até então estagnadas
nos processos produtivos e de serviços que não deslumbravam a ação social da organização
como fator de desenvolvimento da imagem da organização. A partir daí, iniciou-se uma série
vida no trabalho (inclusive com a segurança no trabalho) e, entre outros fatores, o meio
ambiente. Percebe-se que, com a virada do milênio, estes sistemas de gestão ficaram mais
emergente interagindo esses sistemas de gestão de forma sinérgica tornando mais responsável
com relação ao meio ambiente, à comunidade e à qualidade de vida das pessoas. A mudança
gerando uma significativa melhoria nos processos com uso alternativo, como o tratamento da
água em circuito interno. A água que era descarregada em rios é tratada, retornando ao
Segundo Barbieri (2004b), as ações dos gestores ambientais, do governo, assim como de toda
a população, devem ser voltadas para a mudança de atitude com relação ao descarte de
32Professora e Integrante da Equipe de Ensino e Avaliação na Pró-Reitoria de Ensino da UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí. Mestre
em Relações Econômicas Sociais e Internacionais pela Universidade do Minho-Portugal. Doutoranda em Ciências Empresariais pela
Universidade do Museu Social da Argentina. Integrante da Corrente Científica Brasileira do Neopatrimonialismo e da ACIN – Associação
Científica Internacional Neopatrimonialista.
.
77
qualidade de vida.
A solução dos problemas ambientais, ou sua minimização exige uma nova atitude dos
empresários e administradores, que devem passar a considerar o meio ambiente em
suas decisões e adotar concepções administrativas e tecnológicas que contribuam para
ampliar a capacidade de suporte do planeta. (BARBIERI 2004, P. 99).
A preocupação com a questão ambiental não é individualizada e pontual, mas, sim, uma
questão global, onde se vêem inúmeras conferências e fóruns mundiais discutindo o futuro do
que ficou conhecido como Millenium Development Goals (Metas de Desenvolvimento para o
Estas metas de desenvolvimento têm muitas barreiras, a primeira meta, por exemplo, ―reduzir
a metade do número de pessoas‖ choca-se com muitas culturas religiosas com a Igreja
Católica que condena o planejamento familiar, que vem a ser um fator negativo para a
33
A Cúpula de Joanesburgo 2002 – ou Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável – onde reuniu
milhares de participantes, incluindo chefes de Estado e Governo, representantes nacionais e líderes de
organizações não-governamentais, da indústria e de outros grupos relevantes. A Cúpula focalizou a atenção
mundial em ações para atingir o desenvolvimento sustentável.
78
predomina em faixas de renda mais baixas, assim como de menor escolaridade.(Tabela 1):
Tabela 3
BRASIL: Mães por primeira vez (de 10 a 14 anos de idade) por classes de rendimento mensal familiar segundo
os grupos de anos de estudo.
Chowdhury (2003) em ―Implicações para o líder do século XXI‖, salienta que o líder deve ser
A Gestão da Qualidade, nesta pesquisa, justifica-se por tratar de um serviço essencial para a
ter suas políticas e padrões de qualidade. Em primeiro lugar por uma questão de visão e
seus direitos, além de que um sistema de qualidade bem implantado gera menor custo, menos
desperdício e maior produtividade. A falta desta visão poderá levar a organização ao declínio
Drucker (1975, p. 148), ―Por que as instituições de serviço não funcionam bem‖, nos dá três
assistencial de saúde é gerenciado por uma pessoa técnica, ou seja, um administrador. Quando
Drucker fala sobre esta questão é justamente falar o óbvio. Não sendo administrador, o gestor
81
não tem a visão administrativa de executivo, portanto, trata o estabelecimento de saúde como
uma entidade e não como uma empresa que necessita de recursos financeiros, técnicos,
humanos, entre outros, para dar retorno financeiro aos acionistas, ou até mesmo, para se auto-
sustentar. A capacitação dos gestores de EAS, como já citado, é imprescindível para ser ter
um serviço de alta eficiência, para atingir os objetivos, a visão e cumprir com a missão da
Drucker (1975) cita em sua obra Golbert, o grande ministro de Luiz XIV:
Golbert foi o primeiro a pôr a culpa das dificuldades de desempenho das não-
empresas, as instituições de serviço, na falta de uma administração empresarial.
Colbert, que criou o primeiro serviço público moderno do ocidente, não se cansava
de exortar seus funcionários a serem empresariais.
administração, para que possam ser competitivas, com planejamento estratégico, de forma a
serem competitivas no mundo capitalista. Já não é mais uma questão de poder do fundador da
EAS, mas uma questão de trabalhar com eficácia e eficiência na gestão de seu negócio.
O termo Qualidade tem vários significados, segundo Juran (1991, p. 11), um dos significados
é que a qualidade deve ir ao encontro das necessidades do cliente: ―A qualidade consiste nas
características do produto que vão ao encontro das necessidades dos clientes e dessa forma
82
Para uma eficaz implantação de um sistema de qualidade total é necessário que se criem
hospitais são vários indicadores que se podem ser usados como norteadores da produtividade
dos processos, das pessoas, da qualidade no atendimento, das falhas no processo e em que
pontos estes podem ser melhorados. Deming (1992) propõe uma lista de indicadores para um
Estes indicadores devem ser elaborados e controlados pelo pessoal de campo. O uso dos
controle, e, ao mesmo tempo, compará-lo com a meta definida previamente com a equipe.
Segundo Nogueira (1996), a Gestão pela Qualidade Total em Saúde - GQTS está deixando de
competitividade‖:
A gestão pela qualidade total em saúde é uma proposta de gestão que amplia
horizontes – contempla não apenas o paciente, cliente principal e razão de ser da
própria existência dos serviços de saúde, mas estende o conceito de cliente a
médicos, profissionais de enfermagem e dos serviços auxiliares, familiares dos
pacientes, fontes pagadoras, comunidade. (NOGUEIRA, 1996, introdução)
Fica explícito que a GQTS deve estar interagindo com toda a cadeia de valor dos serviços de
saúde. Não basta tratar bem o paciente. Toda a família do paciente torna-se cliente do
hospital.
Id (1996, p. 7) ―a qualidade está não só na questão técnica, mas em todas das dimensões que
afetam a percepção final do cliente e seu nível de satisfação‖, conforme mostra a figura 12.
84
SEGURANÇA
QUALIDADE
INTRÍNSECA
infecções hospitalares e, nesse sentido, o Ministério da Saúde, por meio da Lei Federal
da saúde, de nível superior, sendo seus membros nomeados pelo órgão máximo da instituição
O panorama atual de serviços de saúde está passando por grandes transformações técnicas,
teóricas, práticas e legais. Como cita Lisboa (2003, p.3): ―vivemos uma nova era na Limpeza
85
Assim como as organizações industriais ou de serviços não ligadas à área de saúde, estão
Higiene de seus hospitais, assim como o atendimento ao cliente (não mais ao paciente). Este
diferencial está sendo, aos poucos, concebido pelos gestores de hospitais e conselhos
administrativos das instituições de saúde como um dos principais focos de atenção em termos
Podemos entender que além dos fluxos diretos tradicionalmente considerados, (entradas de
embalagens e seus acessórios, de produtos vendidos, produtos não vendáveis, out put do
―negociações bilaterais‖:
Para Lisboa (2001), toda geração de resíduos dever ser selecionada e adequadamente
armazenada em local próprio (sala de resíduos), sendo esta a primeira etapa para o
gerenciamento eficaz do processo. Da sala de resíduos interna, estes são transportados para o
86
Armazenamento I
Coleta II
Armazenamento II
Fluxo dos Resíduos Sólidos – os EAS devem ―identificar os locais de geração de resíduos por
Grupo, assinalando em planta baixa, escala 1:100, bem como o fluxo daqueles resíduos,
Tabela 4
Identificação de geração e fluxo de resíduos
Unidade Simbologia
Unidade que gera resíduos Grupos A GA
Unidade que gera resíduos Grupo B GB
Unidade que gera resíduos Grupo C GC
Unidade que gera resíduo Grupo D GD
Fluxo dos resíduos Grupo A (seta na cor vermelha)
Fluxo dos resíduos Grupo B (seta na cor verde)
Fluxo dos resíduos Grupo C (seta na cor amarela)
Fluxo dos resíduos Grupo D (seta na cor preta)
Fonte: SS/SMAISJDC -1
87
saúde:
O RSS é o lixo que resulta da manipulação em hospitais, clinicas, farmácias, laboratórios, etc,
formado em sua maioria por seringas, agulhas, luvas, fraldas, sondas, cateteres, curativos,
humanos), são focos de contaminação e que constituem perigo para a saúde pública, tornou-se
hepatite B. Esse lixo representa um grande perigo à saúde, uma vez que pode estar
contaminado com microorganismos causadores de doenças. O lixo deve ser recolhido por
incineração libera gases tóxicos, uma vez que pode conter diversos tipos de resinas e outros
materiais cuja queima, além de liberar dióxido de carbono CO2, também pode libera outros
gases.
resíduos sólidos:
34
SIDA - Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida. Em 1983, o vírus causador da SIDA foi descoberto por cientistas na França, e suas vias
de transmissão foram confirmadas. O vírus tornou-se, então conhecido como vírus da imunodeficiência humana (HIV). Fonte:
<juventude.gov.pt>
89
GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas
A1
A2
A3
1. peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com
peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor
que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo
paciente ou familiares;
A4
contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam
lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de
contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre; 6. peças anatômicas (órgãos e tecidos)
A5
GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde
ou não prevista.
GRUPO D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou
ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares: a) papel de uso
agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas
gases aspirados de áreas contaminadas e qualquer resíduo contaminado por estes materiais.
A2 - Sangue e Hemoderivados: Bolsas de sangue pós transfusão, com prazo vencido, com
sorologia positiva, amostra de sangue para análise, soro, plasma, e outros subprodutos
outros líquidos orgânicos resultantes de cirurgia, necropsia e resíduos contaminados por estes
materiais.
patogênico, ou portador de doença infecto-contagiosa, bem como resíduos que tenham estado
CNEN – NE-6.05)
utilizado
Todos aqueles que não se enquadram nos tipos A e B e que por sua semelhança aos resíduos
domésticos, não oferecem risco adicional à saúde pública. Por exemplo: resíduos de
2.6 Ações para minimização de riscos associados aos resíduos de serviço de saúde
Todas as rotinas de trabalho portam certo grau de risco, que pode ser maior ou menor, porém
algumas áreas da saúde requerem cuidados especiais e, para minimizar os riscos, algumas
Segundo o Ministério da Saúde (2002, p. 89) devem-se adotar algumas formas de minimizar
os riscos, como segregar os resíduos de forma a não contaminar os resíduos comuns, usar
adequadamente os EPI´s para cada atividade, treinar o pessoal de forma específica de acordo
expressões dos recipientes e locais que contêm resíduos perigosos; proteção dos locais de
armazenamento dos RSS, para evitar a entrada de insetos e pequenos animais, elaboração e
auditorias periódicas no processo de gestão dos resíduos, mapeamento dos possíveis riscos,
por área ou local do estabelecimento, colocando, em local visível, o mapa de risco da área e
Segundo o Ministério da Saúde (2002) entende-se por produto perigoso ―qualquer substância
ou solução com características e composição que possam ocasionar danos às pessoas, aos
Todos os produtos perigosos devem portar o rótulo de risco conforme determina o Decreto
(a) todos os produtos químicos deverão portar uma marca que permita
a sua identificação; e
(b) os produtos químicos perigosos deverão portar, ainda, uma etiqueta facilmente
compreensível para os trabalhadores, que facilite informações essenciais sobre a
sua classificação, os perigos que oferecem e as precauções de segurança que devem
ser observadas.
No Brasil, adotam-se rótulos de risco e painéis de segurança conforme ABNT NBR 7500/94.
Segundo o Decreto 96.044 (1988), o uso dos rótulos sobre riscos e painéis de segurança é
obrigatório nos veículos que transportam produtos perigosos durante o transporte até a
limpeza do veículo:
perigosos, o gestor do hospital deve estar atento às legislações, assim como todo o pessoal
devidamente treinado e atento para placas de sinalização, como para o risco dos resíduos. Os
A Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde (GRSS) vem sendo trabalhada em duas grandes
determinam muitos procedimentos. Ao mesmo tempo, os hospitais criam uma série de normas
Na questão teórico/prática, unimos os pensamentos das pesquisas e das práxis médicas que
O desenvolvimento sustentável também passa pela área de saúde, quer pública ou privada. O
destino final de seus resíduos é ainda uma incógnita para muitos municípios do Brasil. O que
ao rigor da legislação
capacitação de recursos humanos envolvidos no manejo dos RSS. Neste sentido, baseado nas
características e no volume dos RSS gerados, deve ser elaborado um Plano de Gerenciamento
As datas de implantação das normas definidas pela ANVISA já foram adiadas várias vezes,
pela impossibilidade de adequação dos hospitais às suas exigências, (Por exemplo a RDC 33
requisitos legais e a RDC 306 de dezembro de 2004, que revoga a RDC 33, estabelece o prazo
máximo de 180 dias para se adequarem aos requisitos legais). Estas alterações de datas fazem
com que os gestores dos hospitais não atuem de modo incisivo na questão, seja por questões
assistência à saúde, que não se preocupou com a legislação. Além de que a legislação torna o
98
processo complexo, pois vincula leis, decretos, portarias, etc, municipal, estadual e federal. O
Segundo Povinelli e Bidone (1999), os resíduos hospitalares ainda são tratados como lixo
―Em geral, os resíduos dos serviços de saúde ainda não recebem o devido
tratamento diferenciado, tendo muitas vezes como destino final o mesmo local
utilizado para descarte dos demais resíduos urbanos. Destaca-se que na maioria
destes locais o acesso é livre aos catadores de lixo, que praticam a coleta para
reciclagem, tornando elevadas as possibilidades de assimilação de doenças infecto-
contagiosas pelas pessoas expostas a manipulação de áreas contaminadas por estes
resíduos‖. (POVINELLI e BIDONE 1999, p. 35).
A RDC 306 - Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde, define, no capítulo II, o
Baseado nas características e no volume dos RSS gerados deve ser elaborado um
Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS,
estabelecendo as diretrizes de manejo dos RSS.
Traçando um paralelo entre as resoluções CONAMA e ANVISA com a ISO 14.000, percebe-
se que elas têm vários pontos em comum, principalmente pela responsabilidade da alta
Tabela 5
Tipos de resíduos gerados em um estabelecimento de saúde por modalidade de atendimento/local
Nos Hospitais
Medicina Interna X X X X
Centro Cirúrgico X X X X
Unidade de Terapia Intensiva X X X X
Isolamento X X X X
Urgência / Emergência X X X
Ambulatório X X X X
Autópsia X X X X
Radiologia X X X X
Nos Laboratórios
Bioquímica X X X X
Microbiologia X X X X
Hematologia X X X X
Coleta X X X X
Patologia Clínica X X X X
Medicina Nuclear X X X X
Nos serviços de apoio
Banco de Sangue X X X
Farmácia X X
Central de Esterilização X X
Lavanderia X X
Cozinha X
Almoxarifado X X
Administração X
Área de circulação X
Fonte: Ministério da Saúde, REFORSUS, 2001, P. 257.
100
Para Naime (2004)35, os resíduos de serviços de saúde requerem um cuidado especial e alerta
outros países.
Tabela 6
Gestão de resíduos de serviços de saúde
Prof. Roberto Naime - Departamento de Engenharia Civil - FENG – PUCRS e Curso de Engenharia Industrial, ICET/FEEVALE - Porto
35
Alegre - RS
101
Bertussi Filho (2002), apresenta taxas médias de produção de resíduos citadas por alguns
autores:
Tabela 7
Geração de Resíduos
a) LE RICHE citado por LUZ (1972), prevê uma taxa média: De 2(dois) a 4(quatro) kg por paciente/dia
Segundo BORGES (1983), a tabela a seguir apresenta várias taxas de produção diária para os
Tabela 8
Tipo de Construção / Produção Diária de lixo
Tabela 9
Taxa de Geração de lixo em Serviço de Saúde
Venezuela 3,10
Peru 2,93
Paraguai 3,80
Brasil 2,63
(EPA), 1988, (in NAIME (2004;5) ―Minimização de Resíduos‖ significa redução na geração de
Tabela 10
Métodos para minimização de resíduos
O manuseio de resíduos de serviços de saúde está regulamentado pela norma NBR 12.809 da
ABNT e compreende os cuidados que se deve ter para segregar os resíduos na fonte e para se
A NBR 12807 (1993) usa a nomenclatura manejo, como sendo a operação de identificação e
fechamento do recipiente, que segundo Schneider (2001, p. 63) entende-se por manejo todas
as fazes que envolvem de certa forma a manipulação dos resíduos que possam oferecer riscos
de Serviços de Saúde, 12910 (1993) – Coleta de Resíduos de Serviços de Saúde são bases de
origem, o lixo infectante dos resíduos comuns. O manejo inadequado pode trazer
coletivo para maior segurança das pessoas envolvidas na manipulação dos RSS. Tanto os
acidentes. O EPI por si só não elimina o acidente, mas diminui a possibilidade de se acidentar,
assim como não elimina o risco, porém suaviza a gravidade do acidente. Portanto, é
105
necessário que se faça treinamento intensivo e constante sobre as vantagens do uso do EPI,
salientando os riscos que as pessoas correm se não usarem o EPI corretamente. Em algumas
Segundo Lisboa (2001), embora seja desconfortável o uso do EPI, este é necessário para a
Entre vários EPI´s indicados para a manipulação dos resíduos de serviços de saúde,
É importante ressaltar que o EPI deve estar em boas condições de uso e que o usuário é
responsável pela conservação deste, assim como a solicitação de novo EPI quando o que está
em uso perde suas funções de proteger e de dar segurança na manipulação dos resíduos.
áreas comuns, tanto para alertar funcionários, pacientes, visitantes e outras pessoas que façam
uso de áreas comuns, como corredores, banheiros, salas de espera etc. São exemplos de
orientações.
Segundo as NBR´s 9.190 e 9.191, ―os resíduos de serviços de saúde devem ser
acondicionados diretamente nos sacos plásticos sustentados por suportes metálicos para que
não haja contato direto dos funcionários com os resíduos, os suportes são operados por
pedais‖.
Uma vez que os resíduos da Classe B, Tipos B.1 Rejeito Radioativo e B.3 Resíduo Químico
Perigoso, devem ser tratados de acordo com as normas específicas da CNEN e dos órgãos
domiciliar normal, o texto a seguir se prende exclusivamente aos resíduos Classes A e B.2.
Sacos Plásticos
108
A RDC 306, em seu item 8.2.1, descreve as especificações de sacos plásticos – ―Devem ser
saco. O saco deve ser preenchido somente até 2/3 (dois terços) de sua capacidade, sendo
Identificação
contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS.
A identificação deve estar aposta nos sacos de acondicionamento, nos recipientes de coleta
Posteriormente, os sacos plásticos devem ser colocados em contêineres que permitam o fácil
deslocamento dos resíduos para abrigos temporários. Esses contêineres devem ser brancos,
para o transporte do lixo infectante, e de qualquer outra cor para o transporte do lixo comum.
Já os abrigos temporários devem ser ladrilhados e com cantos arredondados para facilitar a
Nos locais de armazenamento, interno e externo, devem constar as placas de identificação dos
Armazenamento Temporário
local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento e
otimizar o traslado entre os pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta
externa. Não poderá ser feito armazenamento temporário com disposição direta dos sacos
sobre o piso.
Transporte Interno - consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até o local
O transporte interno de resíduos deve ser realizado em sentido único, com roteiro definido e
Os recipientes para transporte interno devem ser constituídos de material rígido, lavável,
Os recipientes devem ser providos de rodas revestidas de material que reduza o ruído.Os
recipientes com mais de 400 L de capacidade devem possuir válvula de dreno no fundo. O uso
110
Transporte Externo
ambiente, devendo estar de acordo com as orientações dos órgãos de limpeza urbana. Os
Este transporte é normalizado pelas NBR´s 7.500/00. Símbolos de risco e manuseio para o
emergência para o transporte de produtos perigosos, NBR 8.286 - Emprego da sinalização nas
No transporte externo deve ser utilizado o roteiro mais curto possível, evitando as vias e
horários de maior trânsito, com o propósito de reduzir os efeitos negativos em caso de
acidentes e derramamentos. O veículo (Anexo F) é de uso exclusivo para esta finalidade. As
especificações técnicas dos veículos de coleta e transporte de resíduos são definidas pelo
Ministério da Saúde (Reforsus 2001):
Os veículos utilizados para o transporte dos resíduos com risco bioló-gicos (grupo
A) devem ter as seguintes características: a) a carroceria do veículo deve ser isolada
111
Todas estas especificações devem ser observadas pelo EAS ao contratar serviços de terceiros
ou com sua viatura própria. Não basta ser um furgão, é necessário atender às especificações
transporte de produtos perigosos está regulamentado pela portaria 204/97 do Ministério dos
respectivamente.
Conforme o Decreto nº. 1.797 de 1996 art. 2 determina o tipo de veículo para o transporte de
produtos perigosos:
recipientes rígidos (anexo H) conforme instrução da ABNT - NBR 13853/97 - Coletores para
Coletor compactador
carga, com a característica de ser totalmente estanque, possuir reservatório de chorume e ser
menos ruidoso. O equipamento deve operar com baixa taxa de compactação, para evitar o
descarregamento só deverá ser feito nas unidades de tratamento e disposição final desse tipo
de resíduo
113
2.9.1 Autoclave36
serviços de saúde classificados no Grupo A da Resolução CONAMA 283. Sua patente foi
câmara.
indicadores biológicos.
O agente esterilizante dos resíduos é o calor, que através do vapor a uma pressão de 3,5 kg/c3,
sanitários licenciados.
Saúde). O agente esterilizante utilizado neste processo é o calor úmido, e o veiculo do agente
36
http://www.silcon.com.br/autoclave.php - Silcon Ambiental Ltda - fabricante do primeiro equipamento de
autoclave no Brasil – 1984.
114
2.9.3 Descaracterização
2.9.4 Microondas
A irradiação por microondas é uma tecnologia mais recente de tratamento de RSS e consiste
na desinfecção dos resíduos a uma temperatura elevada (entre 95 e 105ºC), os quais são
estãopreparadas para a gestão de custos, o que impede maior aplicação e investimento na área
da logística reversa dos resíduos. Há raríssimas obras com enfoque nessa área. Beulke e
Bertó (2005), em seu livro Gestão de Custos e Resultado na Saúde, faz um excelente trabalho
de custos para EAS, com planilhas de gestão de controle etc, porém, não considera no
planejamento financeiro os custos dos resíduos de saúde. Beulke ressalta a falta de critérios
das EAS para a formação de seu custo e conseqüentemente o preço de venda de seus serviços
e produtos:
A nossa experiência prática, hoje bastante considerável, nos autoriza a afirmar que
a quase totalidade das instituições de saúde no país desconhece a sua estrutura de
custos para estabelecer os preços de seus serviços.
115
mister que os EAS façam parcerias com outros estabelecimentos e até com o município no
dos resíduos. Como exemplo de empresa especializada nessa atividade tem-se a Tecno
Ambiental.
A empresa Tecno Ambiental 37 que atua na área ambiental, especializada em ações pertinentes
solução mais viável para os RSS o processo ―Antaeus SSM‖, equipamento que em uma única
como lixo comum (Classe "C" - NBR 12808) sem emissões prejudiciais.
irreconhecível.
37
http://www.tecnoambiental.com.br/futuro/btnssm.htm (acesso: 05/07/2005)
116
lixo por ciclo de 60 minutos. O equipamento possui 2,90 m de comprimento, 1,98 m de altura,
1,22 m de profundidade e pesa 1.500 Kg. O filtro separador que acompanha o sistema mede
1,22 m por 1,90 m e pesa 150 Kg. Uma unidade tem capacidade para tratamento do resíduo
gerado por um hospital 400 leitos em média. O equipamento é modular, podendo facilmente
ser ampliado.
A Antaeus apresenta uma tecnologia inovadora que transforma o resíduo infectante, conforme
classificação NBR 12.808 - Classe "A", em material seguro que pode simplesmente ser
No âmbito nacional, o sistema é compatível com a Resolução CONAMA 05/93, por empregar
Devido ao método de esterilização empregado ser feito através de um sistema que utiliza
Estado de Maryland concluiu que o equipamento Antaeus SSM não requer nenhuma licença
especial.
É irreconhecível;
Não perigoso;
Ainda segundo a Tecno Ambiental, ao usar a Antaeus SSM, pode-se esperar obter economias
unidade).
A eficácia de um novo sistema de água super aquecida e vapor foi avaliada. O sistema foi
eficácia de-se usar este sistema para um tratamento seguro do lixo hospitalar
foi vantajosa.
O referencial da Tecno Ambiental aqui relatada é apenas para enriquecer a pesquisa com
novas tecnologias de destinação final dos resíduos de serviços de saúde e não uma
O artigo 5º, parágrafo 1º, complementa que ―na elaboração do PGRSS, devem ser
consorciadas, que visem ao tratamento e à disposição final destes resíduos de acordo com as
Assistenciais de Saúde não terão condições técnicas de se adequarem dentro do prazo previsto
pela Resolução RDC n.º 306, de 07 de dezembro de 2004, publicada no Diário Oficial da
um manual de normas e procedimentos de gestão que devem ser implantados nos EAS, de
gestão dos resíduos, onde deve constar e prever todas as ações para o manejo dos resíduos,
O fluxo de manejo interno dos resíduos de serviços de saúde é um mapeamento essencial para
o controle dos resíduos e definição dos responsáveis pelo processo, conforme Manual de: RSS
planilha dos questionamentos para soluções de problemas: quem?, o quê?, onde?, como? e
Tabela 11
Fluxo de manejo interno dos RSS
IDENTIFICAÇÃO: Preenchendo
Ao fechar um
Colocar em cada O pessoal dos O recipiente a etiqueta com
Na fonte de saco ou um
recipiente de RSS serviços que cheio de RSS os dados que
geração recipiente
fechado a etiqueta geram RSS perigosos identifiquem os
cheio
correspondente RSS
O pessoal dos
ARMAZENAMENTO
serviços que Os recipientes Nos locais Transladando
TEMPORÁRIO:
geram fechados e determinados manualmente os Depois de
Colocar os recipientes
resíduos e o Etiquetados pelo PGRSS recipientes de fechá-los e
fechados em local
pessoal dos que contêm sobre a fonte dentro da fonte etiquetá-los
destinado para sua
serviços de RSS de geração de geração
coleta
limpeza
COLETA E De acordo
TRANSPORTE: com o
Respeitando o
Transladar os Apenas horário e
O pessoal dos Em carros com roteiro e os
recipientes do local de recipientes freqüência de
serviços de rodas de tração procedimentos
armazenamento fechados e retirada
limpeza manual de segurança
temporário até o local etiquetados para cada
estabelecidos
do armazenamento área e tipo do
externo serviço
ARMAZENAMENTO Em um Respeitando a
EXTERNO: armazém se separação básica
Os resíduos de No momento
Armazenar os RSS em O pessoal dos acondiciona os entre comuns
acordo com a de sua coleta
um local adequado serviços de resíduos (grupo D) e os
segregação e transporte
Devidamente limpeza comuns, em perigosos dos
realizada interno
acondicionado à espera outro os grupos A, B e
de sua coleta definitiva perigosos C
Fonte: Guía de Capacitación - Gestión y Manejo de Desechos Sólidos Hospitalarios (1996). Aput RSS-
Planejamento do gerenciamento (2002, p. 25).
Esta matriz é também usada e conhecida nas organizações como Método 5W1H38 que é uma
38
5W1H – vide glossário
122
operacional e para análise de melhoria dos sistemas organizacionais. Seguindo este fluxo fica
Além de monitorar estes nove itens, o gestor responsável pelo PGRSS deve ter o
monitoramento constante com indicadores específicos para a área, como os citados pela RDC
O PGRSS não pode ser elaborado apenas pelo pessoal administrativo e burocrático do
estabelecimento de saúde, devem participar todas as pessoas envolvidas nas atividades que
abrange o Plano, se não todas as pessoas, pelo menos representante de cada grupo de
39
SS/SMA/SJDC –Secretaria de Saúde, Secretaria de Meio Ambiente e Secretaria de Justiça e Defesa da
Cidadania.
124
atividade, para que o PGRSS, tenha uma implantação inquestionável. Deve se adotar o
mesmo sistema para implantação de normas do sistema ISSO 9001, por exemplo, onde todas
as pessoas da organização são treinadas e oferecem sugestões de como normalizar seu setor.
Razão social
nº de leitos/especialidade).
PGRSS tem o relatório padrão conforme formato pré-definido (figura 13), para informação do
estabelecimento de saúde, assim como todas as etapas do Plano. Este é pré-montado, com
O PGRSS deve ser realizado junto ao processo operacional, com equipes de trabalho na base
da operação, como:
Dimensionamento da demanda;
responsável.
pelo diretor do hospital ao faxineiro. Este é o trabalho mais difícil da implantação que
não-infectantes (recicláveis).
Para a elaboração do PGRSS é necessário que o gestor tenha conhecimento de várias normas
NBR 10.004 – Classifica os resíduos sólidos quanto aos riscos potenciais ao meio
Materiais.
RDC Nº. 358 – ANVISA - Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos
diz respeito à preservação da higiene, limpeza e desinfecção dos locais onde são executados
os serviços de saúde. Todas estas normas são os instrumentais de que dispõem os médicos e
Segundo Povinelli e Bidone (1999), é necessário que se tenha uma normalização padronizada
para que não fiquem dúvidas sobre as responsabilidades dos geradores de resíduos:
40
A ABNT é uma entidade privada, independente e sem fins lucrativos, fundada em 1940, que atua na área de
certificação.
128
Como é possível perceber nas duas abordagens, (Teorias de Gestão Administrativas, como
que não são excludentes nem contraditórias, muito ainda pode ser contribuído e aplicado em
para melhorar a situação da Gestão de RSS. Entretanto, a construção de uma gestão gerencial,
composta por suas análises sistêmicas, indicadores, elementos críticos de análise bem como
todo cabedal teórico atrelado ao pensamento administrativo, pode ser um elemento a mais no
Por isso mesmo, acredita-se que esta pesquisa somente poderá ser implementada com a ampla
3.
pesquisados.
3.2 A Pesquisa
Segundo Cervo, a pesquisa parte de uma dúvida ou problema, que busca respostas
Id (2002, p. 65) faz referências que alguns autores dão distinção entre a pesquisa pura ou
básica e a aplicada, sendo que a pesquisa pura ou aplicada visa ao ―saber‖, buscando uma
pela necessidade de ―contribuir para fins práticos mais ou menos imediatos, buscando
São pesquisas que não se excluem, nem se opõe (pura e aplicada). Ambas são
indispensáveis para o progresso das ciências e do homem; uma busca a atualização
do conhecimento para uma nova tomada de posição, enquanto a outra pretende,
além disso, transformar em ação concreta os resultados de seu trabalho. (CERVO,
2002, P. 65)
publicadas em documentos‖.
Tachizawa e Barbieri.
Pesquisado também outros autores relevantes para o tema e para aos objetivos deste trabalho,
CONAMA, assim como procedimentos de manejo dos RSS, plano de gerenciamento dos
RSS, legislação ambiental, e para uma eficiente implantação do PGRSS, viu-se a necessidade
gestão de mudanças e ambiental, onde destacou-se o papel do gestor hospitalar. Estes diversos
posteriormente, a realização da pesquisa aplicada para análise e interpretação dos dados, para
as conclusões finais. Pretendeu-se transmitir uma visão global das inter-relações entre os
estudo. Tais assuntos têm por objetivo familiarizar-se com o fenômeno ou obter
nova percepção do mesmo e descobrir novas idéias. (CERVO, 2002, P. 69).
CONAMA que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de
3.3 Método
Fontenelle (Apud Cervo, 2002, p. 24) assim exaltou o método ―A arte de descobrir a verdade
É assim que caminha esta pesquisa: a busca constante da verdade sobre a gestão dos resíduos
Segundo Cervo (2002, p. 25), ―entende-se por método o dispositivo ordenado, o procedimento
sistemático, em plano geral. A técnica, por sua vez, é a aplicação do plano metodológico e a
3.4 Técnica
132
Para Cervo (2002, p. 27), ―as técnicas em uma ciência são os meios de executar as operações
dessas técnicas‖.
Para assegura a qualidade da coleta de dados, a pesquisa segue sugestões de Cervo (2002),
A observação é para Cervo (2002, p. 27) a arte de ―aplicar os sentidos físicos a um objeto,
todo o processo de entrevistas serão feitas observações e investigações in loco dos fluxos dos
Adota-se a pesquisa qualitativa, por se tratar da qualidade da ação no que se tange ao PGRSS.
encontram-se questões que são comuns a todas as pessoas e questões que são direcionadas a
cada função específica das pessoas entrevistadas. As pessoas entrevistadas foram selecionadas
total de 09 (nove) objetos. Estas pessoas têm o cargo de Auxiliar de Serviços Gerais. O
questionário é composto por 46 (quarenta e seis) perguntas ligadas à gestão dos resíduos, da
questionários para pessoas que exercem, além de seus cargos em saúde, atividades
coletados nas entrevistas e discussões em grupo e à luz das teorias gerenciais e científicas,
para a Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde. Neste sentido, nos dois momentos da
Foram realizadas entrevistas com pessoal operacional, aquele que trabalha diretamente com a
Segundo Levin (2004, p. 177) “Como os pesquisadores sociais operam com tempo, energia e
recursos limitados, eles raramente podem estudar cada elemento de determinada população.
Em vez disso, estuda apenas uma amostra, um número menor de indivíduos da população”.
analisando o fluxo dos resíduos e o comprometimento das pessoas envolvidas, assim como o
papel do gestor do hospital. Foram considerados como fonte de pesquisa 100% (cem por
cento) dos locais geradores de resíduos, com entrevista com os chefes de setores
(administrativo e operacional), 100% (cem por cento) das pessoas envolvidas no manuseio,
enfermagem foram selecionados por ―ala‖ do hospital, com uma amostragem de 10% de cada
software Excel, que auxiliará a formatação dos dados finais das entrevistas. Analisar-se-á o
4.
4.1 Unidade da cooperativa de Poços de Caldas - História
cooperativismo em uma reunião histórica da classe médica poçoscaldense. Até então, Poços
e físicas.
as pessoas que integram a equipe. ―Todos os que integram nossa equipe trabalharam
Em março de 2001 foi inaugurada sua nova sede, figura 14, passando a receber pacientes em
seu hospital. Hoje a Cooperativa atua com tratamento clínico, cirurgias, ambulatório,
complexo cooperativo, com sede administrativa própria e o Hospital Dia. Um lugar de grande
42
Expressão usada pelo diretor do Hospital para definir o propósito firme da instituição.
137
Depósito Externo
de RSSS
É importante ressaltar que o levantamento em questão não tem como objetivo fiscalizar e
visitada, objeto desta pesquisa. O intuito principal e único é poder levantar a situação do
PGRSS e compará-lo com as legislações vigentes, principalmente com a RDC 306. O Plano
2005. A equipe que trabalhou na formulação e implantação do PGRSS foi treinada de açodo
alguns itens exigidos nas RDC 306 e em alguns casos realizar algumas correções como
Cooperativa de Saúde.
realizadas em um ambiente cordial, tendo sido a primeira com o Diretor do Hospital, que
Administrativo solicitou que não fosse explicitado o nome da Cooperativa, pois para isso seria
Neste dia visitamos todas as dependências do hospital, onde foram apresentadas as pessoas
envolvidas na manipulação dos resíduos de saúde, que são objetos das entrevistas.
139
OBJETIVOS: FUNDAMENTAÇÃO
GERAL TEÓRICA
ESPECÍFICOS
simples, com baixa escolaridade e que demonstraram durante todo o tempo, muita
(nove) empregados com o cargo de Auxiliar de Serviços Gerais que são subordinados à
há, dentro no hospital, área para armazenamento temporário de resíduos. Os resíduos são
coletados duas vezes ao dia com carrinhos com recipientes adequados e vão direto para o
local de armazenamento temporário externo de resíduos, assim que termina a coleta dos
quartos e centro cirúrgico. Excepcionalmente, sendo necessário, faz-se mais de uma coleta,
conjuntos de lixeiras identificadas com cores dos respectivos resíduos, Figura 15.
140
Os resíduos de embalagens, como papel, papelão, plásticos, assim como os descartáveis são
externa é realizada uma vez por mês por empresa recicladora, cujos recursos financeiros,
cooperativa.
Figura 16- Separação dos resíduos recicláveis e armazenamento para posterior venda
141
Por ocasião do Natal é realizado concurso interno de melhor presépio projetado e montado
entrada do prédio. Este acontecimento é ponto forte das festividades natalinas da cidade,
assim como as vantagens ecológicas e financeiras da segregação dos resíduos, assim como
pode ser usada a criatividade e inovação com os materiais do lixo. A reciclagem destes
Saúde, objeto da pesquisa é uma organização voltada para o bem estar dos funcionários e pela
qualidade no atendimento aos clientes. Percebe-se o bom humor das pessoas, começando
indo aos chefes de departamento, médicos, enfermeiras, até aos auxiliares de serviços gerais.
eleitos, entre outros, delegados para representá-la junto à Confederação das Cooperativas do
formatação do estatuto da cooperativa dos catadores de Lixo Recicláveis, que contou com a
Notou-se durante as visitas de entrevistas, que o fluxo da retirada dos resíduos de saúde é
atividade de coleta de resíduos verifica-se que o carrinho que transporta os resíduos está em
condições de higiene para ser transportado para o hospital pelo auxiliar de serviços gerais,
responsável pela coleta, transporte e armazenamento dos RSS. Após a verificação, é colocado
saco plástico preto no container e segue-se para a ala do segundo piso do hospital onde estão
localizados os quartos. Após a retirada dos resíduos dos quartos desta ala, desce para o
primeiro piso pela rampa. Após esta coleta o saco de resíduos é levado até à área de
armazenamento externo, faz nova higienização e retorna ao hospital para recolher os resíduos
externo, figura 17. O hospital não possui área de armazenamento interno. Todo resíduo
retirado dos quartos, ambulatório e centro cirúrgico é levado diretamente para o depósito
temporário externo que fica próximo ao prédio do hospital e de fácil fluxo de entrada e saída
dos resíduos. Esta rotina é realizada duas vezes por dia. Caso necessário faz-se coleta quando
solicitado.
143
TRANSPORTAR
RECEPIENTE S CARRINHO ATÉ
INÍCIO CHEIO ? DEPÓSITO
EXTERNO
VERIFICAR N
CONDIÇÕES DE
LIMPEZA DO
CONTINUAR HIGIENIZR
CARRINHO CARRINHO
COLETA
COLOCAR
SACOS
PLÁSTICOS
FINALIZAR
COLETA.
LIMPAR N ESTÁ TRANSPORTAR
CARRINHO LIMPO? CARRINHO ATÉ
DEPÓSITO
EXTERNO
RETIRAR SACOS
COLOCAR SACOS
DE RESÍDUOS E
PLÁSTICOS NOS
SELECIONAR
RECEPENTES
POR TIPO
COLOCAR
SACOS NO
DEPÓSITO
INICIAR PROCESSO
DE COLETA
TRANCAR A
PORTA
INICIAR COLETA
NO ANDAR FIM
SUPERIOR
A retirada dos resíduos é realizada pela empresa Ecosul que mantém contrato com a
cooperativa para a retirada dos resíduos de serviços de saúde, assim como para o seu
direcionado para as pessoas que mantém contato direto com os resíduos de serviços de saúde,
ou seja, os Auxiliares de Serviços Gerais, que são 09 (nove) elementos. Foram aplicados 09
Cooperativa de Saúde, com alternativas ‗SIM‖ e ―NÃO‖. São questões simples e operacionais
como exemplos: ―você conhece o PGRSS do hospital?‖ ―Você sabe como se classificam os
resíduos de saúde?‖ Para algumas questões foi necessário maior explicação na linguagem dos
entrevistados para que pudessem entender o que se era perguntado. Este foi um dos motivos
respondido pelo Gestor do Hospital que também exerce o cargo de Diretor Administrativo.
Serviços de Saúde.
analisadas, também, conversas informais com os empregados que puderam se expressar sobre
Pode-se observar nas entrevistas informais com o pessoal da Cooperativa, que o Diretor
Administrativo exerce uma grande influência nas atividades de mudanças e goza de grande
espírito empreendedor e inovador de ações que fortaleçam a integridade das pessoas que
Tabela 12
Quadro de funcionários da Cooperativa de Saúde
Dos auxiliares de serviços gerais 09 (nove) são funcionários que trabalham diretamente com
A cooperativa de Saúde conta com 21 apartamentos com dois leitos. Sendo um para paciente
janeiro a outubro de 2005, conforme tabela 13. Neste período foram gerados 8.960,18 quilos
Deste total 1.314,68 quilos de resíduos recicláveis (papel, papelão e plástico), 7.094,10 de
Tabela 13
Quantidade de resíduos gerados (jan a out/2005)
Não
Resíduos recicláveis e
Meses Infectante Total
Recicláveis não
infectantes
Jan/05 162,70 786,90 84,00 1.033,60
Fev/05 125,80 564,50 67,80 758,10
Mar/05 153,30 802,80 73,40 1.029,50
Abr/05 175,70 876,60 76,50 1.128,80
Mai/05 185,90 825,50 70,00 1.081,40
Jun/05 157,98 804,80 48,50 1.011,28
Jul/05 140,30 897,20 67,50 1.032,20
Ago/05 79,40 634,40 32,30 743,10
Set/05 42,80 164,80 29,00 236,60
Out/05 90,80 736,60 78,10 905,60
Totais 1.314,68 7.094,10 627,10 8.960,18
Resíduos Recicláveis
200
150
100
50
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out
Percebe-se, pelos dados da tabela 13, assim como pela visualização da figura 18, que houve
neste período (janeiro a outubro de 2005) um forte trabalho das equipes da CIPA e do grupo
setembro, os números apresentam uma tendência mais forte na redução de geração dos
um esforço semelhante na redução dos resíduos infectantes, porém ele é influenciado pela
linha de tendência nota-se um declínio durante o período analisado, porém nos meses de
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out
Ao analisar os dois gráficos, figuras 18 e 19, percebe-se que faz sentido o aumento de
De janeiro a agosto de 2005 percebe-se uma queda na geração de resíduos, com alguns pontos
de elevação. Como variáveis, neste caso, temos as variáveis internas, que são as ações
externas são aquelas que não estão no poder das decisões da cooperativa. São ações e
atividades dos clientes do hospital que nem sempre estão aptas a acatar as recomendações da
organização e estão no hospital porque alguma coisa não está bem com ele ou com alguém da
família, o que altera seu comportamento. Os fatores ambientais também influenciam nas
variáveis externas, como grande período de chuvas e ou seca, fazendo com que aumente a
clientela. Os períodos de festas nas cidades contribuem para o aumento dos atendimentos no
Infelizmente a Cooperativa ainda não tem o controle de resíduos separados por área de
geração, razão pela qual não foi possível levantar a quantidade precisa de geração de resíduos
por leito, o que é um padrão para o gerenciamento dos resíduos. Ao adotarmos as quantidades
geradas por número de leitos, temos um número de resíduos gerados muito alto por leito. Ou
seja:
Dá-se a ver que a quantidade de geração por leito é muito alta, bem acima da média Brasil que
auxiliares de serviços gerais, que são as pessoas que recolhem, transportam e armazenam os
149
resíduos de serviços de saúde. Fez-se um resumo das perguntas do questionário para melhor
com informações afins, sem prejudicar o resultado da pesquisa, tabela 14. Assim teremos
suas normas, assim como outro grupo com relação à estrutura administrativa e planejamento
estratégico.
Tabela 14
Resumo das respostas obtidas nas entrevistas com pessoal operacional
Percentual Percentual
que que
RESUMO DAS RESPOSTAS DAS ENTREVISTAS
responderam responderam
SIM SIM
Conhecimento do PGRSS 100
Treinamento do PGRSS 100
Conhecimento das RDC (CONAMA e ANVISA) 100
Conhecimento da Política Ambiental da Cooperativa 56 44
Treinamento sobre segregação de resíduos 100
Os resíduos são acondicionados em saco branco leitoso 100
Conhecimento sobre a classificação dos resíduos 100
Os resíduos perfurocortantes são acondicionados em recipientes próprios 100
Conhecimento sobre resíduos biológicos 56 44
Os recipientes são identificados adequadamente 100
Conhecimento dos símbolos de resíduos 100
Conhecimento sobre higienização e limpeza dos carrinhos 100
Treinamento e uso correto de EPI´s 100
Sabe o que é doença ocupacional 77 33
Conhecimento da Visão, Missão e Políticas da Organização. 56 44
Observa-se que os funcionários que trabalham diretamente com os resíduos, ou seja, aqueles
ambiental. Por outro lado, eles não têm conhecimento da legislação, isto é, não têm em mãos
melhorar seus conhecimentos sobre a elaboração e aplicação do PGRSS. Nota-se, neste caso,
que os auxiliares de serviços gerais foram treinados no operacional, nas rotinas e atividades de
remoção, transporte e armazenamento dos resíduos, porém, não têm conhecimento da parte
150
legal, das normas e legislações. Foi observado, também, que a cooperativa ainda não usa os
sacos brancos leitosos conforme norma NBR 9.191 - Sacos plásticos para acondicionamento –
com o diretor administrativo, ele se posicionou sobre o assunto dos sacos brancos e da
simbologia de identificação dos resíduos. ―Ainda não está implantado o uso dos sacos
brancos, eles serão comprados em breve e provavelmente estará em uso a partir de 2006”. A
simbologia de identificação também estará implantada em 2006, assim como o abrigo para
depósito temporário dos resíduos que está sendo construído em outro local, para melhor
segregar os vários tipos de resíduos, com separação de alvenaria para os vários tipos de
figura 20 vê-se o abrigo atual que será desapropriado. Não há identificação externa para o
local, só identificação interna para localização dos resíduos. Internamente o local é azulejado,
tendo ligação de água e mangueira para a lavagem e higienização, que é realizada após cada
retirada dos resíduos. Contém, também, uma balança para a pesagem dos materiais, quando da
entrada dos resíduos no estoque, figura 19. O piso não está dentro das normas, tem cantos
retos e não arredondados conforme especificado na norma. As portas dos depósitos são
tratamento externo.
151
técnicas, o que dificulta a higienização, permitindo acúmulo de sujeira nos cantos. Vê-se, à
de água com mangueira. Observa-se, também, na figura 22 que a divisória interna que separa
os resíduos recicláveis dos não recicláveis, é de madeira compensada, quando devia ser de
152
alvenaria, para facilitar a higienização do local e na figura 23 vê-se a embalagem usada para o
Quanto ao conhecimento dos tipos de resíduos, 100% dos entrevistados desconhecem como
estes são classificados, o que não impacta diretamente na segregação, pois esta tarefa é
pessoas que trabalham com estes materiais saibam como eles se classificam e o grau de risco
acham que é uma proteção contra doenças. Quanto ao conhecimento da Visão, Missão e
Políticas da Organização, 56% dizem conhecer pouco e 44% dizem não ter conhecimento.
Segundo as pessoas que disseram ter conhecimento, afirmaram que houve palestras e reuniões
sobre Visão, Missão e Políticas da Organização. Outro fato é que no hall de espera do prédio
este fato em muitas organizações empresariais, onde por mais que se instrua sobre estes
assuntos, sempre há alguém que está totalmente desligado, por não ser sua rotina de trabalho.
Tabela 15
Tempo na função e escolaridade
Tabela 16
Resumo das respostas obtidas nas entrevistas com pessoal administrativo
Percentual Percentual
que que
RESUMO DAS RESPOSTAS DAS ENTREVISTAS
responderam responderam
SIM SIM
Tem formação em Administração Hospitalar 25 75
Treinamento do PGRSS 100
Conhecimento das RDC (CONAMA e ANVISA) 100
Conhecimento da Política Ambiental da Cooperativa 56 44
Treinamento sobre segregação de resíduos 100
Os resíduos são acondicionados em saco branco leitoso 100
Conhecimento sobre a classificação dos resíduos 100
Os resíduos perfurocortantes são acondicionados em recipientes próprios 100
Conhecimento sobre resíduos biológicos 56 44
Os recipientes são identificados adequadamente 100
Conhecimento dos símbolos de resíduos 100
Conhecimento sobre higienização e limpeza dos carrinhos 100
Treinamento e uso correto de EPI´s 100
Sabe o que é doença ocupacional 77 33
Conhecimento da Visão, Missão e Políticas da Organização. 56 44
Percebe-se que neste nível de profissionais, 100% dos entrevistados têm conhecimento sobre
Políticas, Visão e Missão da organização ainda é pouco desenvolvido, o que ocorre, também,
resultou em 56% conhecem e 44% não conhecem. Outro dado importante a ressaltar, neste
grupo, é que 33% disseram não saber o que é doença ocupacional e o mesmo dado aparece
profissionais (100%) não sabe sobre a classificação dos resíduos de serviços de saúde. Este
dado vem confirmar, uma vez mais, a necessidade de maior esclarecimentos e treinamento
sobre os resíduos. Este treinamento é de suma importância, pois afeta a segregação dos
resíduos. O descarte seletivo por tipo e classificação é fundamental para o sucesso do Plano
cooperativa comentou que no início do primeiro semestre de 2006, iniciará nova rodada de
resíduos gerados no hospital. Evidenciou-se que 100% dos entrevistados usam e estão
Quanto ao conhecimento de procedimentos escritos nas áreas maioria dos entrevistados, 75%
procedimentos operacionais em algumas áreas, porém há pessoas que não atentaram para o
que seja ―procedimento escrito‖. Quando foram questionados sobre as maiores dificuldades
ANVISA e CONAMA‖, 50%; ―pouco tempo para divulgação entre os funcionários‖, 25% e
pesquisa com a teoria, onde foi levantada e pesquisada uma grande quantidade de normas,
RDC´s, NBR´s, decretos, etc que norteiam o processo de implantação e manutenção do Plano
todos os funcionários, temos que 75% acreditam que sim e 25% dizem que planejamento
funcionários. Como mencionado anteriormente, a Gestão dos Resíduos de Saúde não está
saúde como
Os Resíduos de Serviços de Saúde da Cooperativa de Saúde são retirados duas vezes por
semana do armazém externo por uma empresa terceirizada, sob contrato de prestação de
serviços, com veículo próprio, figura 22, que atendem à legislação. É utilizado veículo de
pequeno porte adaptado para transitar em centros urbanos. O motorista recebe treinamento
periódico sobre os produtos que transporta assim como treinamento para situação de
é previamente estabelecida pela empresa contratada, não podendo o motorista alterá-la, sem
bolsas de sangue, sem causar o rompimento das mesmas. Neste caso durante o ciclo, é
câmara de forma a compensar o aumento de sua temperatura interna, o que permite manter a
integridade das mesmas durante todo ciclo. Esta opção é útil em equipamentos destinados a
mês de setembro/2005. Segundo o proprietário levou, dois anos para a FEAM liberar a
Licenciada pelo CONAMA, FEAM e ANVISA. Ela tem em seu quadro de funcionários, além
Esta empresa surge em Poços de Caldas como a solução para todo a região e é a primeira
Ecosul está ecologicamente legalizada para as operações com resíduos, o que vem minimizar
autoclaves”.
Figura 24 – Veículo para transporte de RSS e Motorista devidamente equipado para a atividade de coleta
157
A empresa possui duas ETE´s - Estações de Tratamento de Efluentes, figura 23, uma para
efluentes infectantes e outro para efluentes hidro-anitários. Após o tratamento dos efluentes
infectantes o líquido passa por outro processo onde é tratado e a água é usada na torre de
privado. Não foi possível realizar um acordo com os EAS do setor público, que são
Tabela 17
Evolução do processamento de resíduos da Ecosul
A Ecosul opera com os equipamentos Autoclave com capacidade de processar 487 litros por
ciclo, que leva em torno de 40 (quarenta) minutos, a uma temperatura que varia de 150º a
135ºC, e um triturador de resíduos sólidos. Observa-se que do mês de outubro para o mês de
investimento altamente promissor e, por outro lado, vê-se, também, que os EAS estão
risca pelos funcionários da empresa. Depois que o veículo entra na estação de tratamento, as
portas são fechadas, o motorista coloca os EPI´s e descarrega os resíduos que são colocados
no autoclave por este lado e sai tratado pelo outro lado de forma que o material infectante não
cruza com o material tratado, daí é depositado em containers, (fotos no anexo K) que são
ambiental, tendo recuperado parte da mata nativa na região, anteriormente degradada por
material é enviado para incineração na empresa Essenis, na cidade de Betim, MG, cuja missão
expectativas dos clientes, agregando valor aos acionistas, aos colaboradores e à sociedade‖.
destes resíduos. A cada etapa é emitido certificado de entrega dos resíduos, sendo assim
possível a sua rastreabilidade. Desta forma, fecha-se o ciclo dos resíduos de serviços de saúde
Avaliação do itinerário
Elaboração do plano de
coleta
Treinamento e capacitação
dos funcionários
Coleta de resíduos nos
estabelecimentos de saúde Infectante
Perfuro-cortante
Caracterização dos
resíduos Químico
Quantificação dos
resíduos(pesagem) AÇÕES
Acondicionamento Containeres
temporário apropriados
Certificado
Transporte em veículo Aterro Industrial ESSENCIS
autorizado (Betim-MG) AMBIENTAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
saúde.
serviço de saúde. O tema é ainda muito controverso. Pôde-se observar durante toda a
RSS com cuidado de não generalizar seus riscos e têm os que vêm o RSS como um lixo
comum, ressaltando os que estão contaminados e infeccionados. Mas, de forma geral, pode-se
constatar que há um risco à saúde, ao meio ambiente, se não forem tomadas as devidas
gestão ambiental nas empresas como marco inicial para um desenvolvimento sustentável com
ecossistema com o uso racional de tecnologias para minimizar o impacto dos resíduos no
que irá minimizar as grandes filas encontradas nos postos de saúde da rede pública. Ao tratar
161
das doenças, antes que elas apareçam é uma maneira de reduzir o descarte de resíduos de
serviço de saúde.
realizam a limpeza, e a coleta interna dos resíduos, como também ao analisarmos o resultado
das respostas das entrevistas realizadas com eles, o Plano de Gerenciamento de Resíduos de
limpeza, percebe-se que o nível de escolaridade é baixo e isto dificulta a interpretação das
normas e rotinas escritas de trabalho. Por outro, lado são pessoas simples e de fácil
entrevistas alguns tinham receio de falar sobre suas atividades, só depois de algum tempo de
conversa é que eles começaram a confiar e, devagar, foram passando as informações. Esta
empregados mais novos afirmaram que tiveram alguma resistência em usar os equipamentos
de proteção individual, no início. Porém, hoje todos usam os EPI´s até mesmo por receio de
O trabalho realizado pela Cooperativa de Saúde no campo social deixa o empregado com uma
qualidade de vida melhor, o que é visto no humor das pessoas que se sentem felizes por
Não se pode negar que muitas questões ainda precisam ser levantadas e discutidas, para que o
conforme as RDC 306 da ANVISA e a Resolução 358 do CONAMA. Esta pesquisa deu
gerenciamento causados pela produção de resíduos sólidos passaram a ser temas muito
Saneamento Básico e Meio Ambiente ―se fizermos uma pesquisa com a população,
perguntando o que vem a ser 3R, seguramente a maioria não saberá responder. Resultado de
A mudança no padrão de consumo, hoje, está cada vez mais sendo pensada como forma de se
embalagens não descartáveis, tais como garrafas de vidro de refrigerantes e cervejas, e outros
adotam a estratégia de desestimular a produção de lixo, através de multa por excesso de lixo
domiciliar produzido.
Percebe-se que a gestão dos resíduos hospitalares passará, em curto prazo, para situações mais
ações governamentais, mais por uma questão de responsabilidade social do que pela
obrigatoriedade legal. Podemos verificar o fato de que as crianças, claro, as mais privilegiadas
agregando valor aos serviços, com menos agressões ao meio ambiente. Com esta nova
mentalidade pode-se dizer que está-se adotando novos conceitos nos gestores hospitalares.
163
Para que isto aconteça no presente é necessário que haja mudanças rápidas e eficazes no
para a implantação do PGRSS. Teve sua implantação em novembro de 2005, isto é, o PGRSS
está em funcionamento apenas há dois meses. As falhas evidenciadas são comuns nas
implantações de novos sistemas operacionais, entre elas, a falta de identificação dos locais de
apropriados e identificados para os vários tipos de resíduos. Verifica-se, também, que não há
pleno conhecimento do novo sistema. Não está divulgado plenamente o PGRSS por toda a
serem atingidoa no processo conforme item 4.2, Capítulo III, do Regulamento Técnico para o
Além dos indicadores, é necessário que a organização estabeleça suas metas e estas estejam
amplamente difundidas por toda a organização. O ideal é que estes indicadores estejam em
estes números com todo o pessoal envolvido, como médicos, enfermeiras etc.
Ao analisar-se o PGRSS, percebe-se que o documento está dentro das especificações legais,
voltada para as questões Saúde e Meio Ambiente, de forma a agregar valores sociais aos
serviços de saúde.
Pela observação dos aspectos levantados pode-se finalizar a pesquisa afirmando que a
Notou-se nas entrevistas que os procedimentos ainda não estão totalmente divulgados para
todos os empregados, porém, notou-se que o pessoal envolvido com a manipulação dos
165
resíduos de saúde tem a preocupação com minimização, ou seja, com o uso racional dos
meio ambiente.
166
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175
GLOSSÁRIO
Agenda 21 - É o principal documento da Rio-92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento Humano), que foi a mais importante conferência organizada
pela ONU (Organização das Nações Unidas) em todos os tempos. Ela tem esse nome porque
se refere às preocupações com o nosso futuro, agora, a partir do século XXI. Este documento
foi assinado por 170 países, inclusive o Brasil, anfitrião da conferência.
Aterro Sanitário – Técnica de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, por meio
de confinamento em camadas cobertas com material inerte, segundo normas específicas, de
modo a evitar danos ou riscos à saúde e à segurança, minimizando os impactos ambientais.
(RDC 306-2004)
Aterro Céu Aberto – É a forma de destinação final de resíduos urbanos, na qual estes são
simplesmente descarregados sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à
saúde públicas. Povinelli e Bidone (1999, 17).
Biota - Conjunto de seres vivos que habitam um determinado ambiente ecológico, em estreita
correspondência com as características físicas, químicas e biológicas deste ambiente.
(Glossário Ambiental Ecológico)
Coleta e Transporte Interno - Consiste no recolhimento dos resíduos dos contenedores, sua
remoção por funcionários devidamente capacitados da unidade geradora ou da sala de
resíduos (armazenamento intermediário) até o abrigo externo de armazenamento final.
Compostagem – processo de decomposição biológica de fração orgânica biodegradável de
resíduos sólidos, efetuado por uma população diversificada de organismos em condições
controladas de aerobiose e demais parâmetros, desenvolvido em duas etapas distintas: uma de
degradação ativa e outra de maturação.
Incineração - Processo de destruição térmica, realizado sob alta temperatura - 900 a 1250 ºC
com tempo de residência controlada - e utilizado para o tratamento de resíduos de alta
periculosidade, ou que necessitam de destruição completa e segura. (Essencis)
Passivo ambiental - Em termos contábeis, passivo vem a ser as obrigações das empresas com
terceiros, sendo que tais obrigações, mesmo sem uma cobrança formal ou legal, devem ser
reconhecidas. O passivo ambiental representa os danos causados ao meio ambiente,
representando, assim, a obrigação, a responsabilidade social da empresa com aspectos
ambientais.
Selo Verde - Selo Verde é um rótulo colocado em produtos comerciais, que indica que sua
produção foi feita atendendo a um conjunto de normas pré-estabelecidas pela instituição que
emitiu o selo.
179
Resolução CONAMA No 358 - Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos
dos serviços de saúde e dá outras providências.
SIDA - Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida - É uma doença causada por um vírus, o
vírus da imunodeficiência humana (VIH, ou HIV na língua inglesa) que ataca o sistema
imunitário do nosso organismo, destruindo a nossa capacidade de defesa em relação a muitas
doenças.
180
ANEXOS
Anexo A – Fotos do lixão de Poços de Caldas, 2004 (destinação final dos RSS)
Anexo A
Fotos do lixão de Poços de Caldas, 2004 (destinação final dos RSS)
Anexo B
RDC 306 – ANVISA
183
Anexo C
Resolução 358 - CONAMA
184
Anexo D
Lei 6.938
185
Anexo E
Placas de identificação de resíduos
Anexo F
Veículo para transporte de RSS e operador com os equipamentos de proteção
187
Anexo G
Anexo H
Recipientes rígidos para resíduos perfurocortantes
189
Anexo I
Auto Clave e Equipamento Ataeus
Anexo J
Folha de Rosto do Plane de Gerenciamento de Resíduos de Saúde
PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE
SAÚDE – PGRSS SIMPLIFICADO
Código do PGRS: ___________________
IDENTIFICAÇÃO DO GERADOR
Data da aprovação _____/_____/________
Campo exclusivo do aprovador
Razão Social: _______________________________________________________________________________
Nome Fantasia: _____________________________________________________________________________
C.N.P.J.: _________________________________ Número e Data de Validade da Licença Ambiental: _________
____________________ Endereço (Rua, Av, BR): __________________________________________________
______________________________________________ Bairro: _______________________________________
Cep: ____________________ Fone: ________________________ Cidade: ______________________________
Responsável: ___________________________________________ CPF: _______________________________
Profissão: _____________________________ Insc. Categoria: ________________________________________
e mail: _____________________________________________________________________________________
Código da Atividade: _______________________ (conforme Lei de Uso e Ocupação do Solo – Anexo I)
TRANSPORTADOR
Nome Fantasia: __________________________________________________________________________
Cadastro PMF nº: __________________________________
IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS
. FREQÜÊNCIA
PESO DA COLETA (nº . DESTINO
CÓDIGO DOS ESTIMADO EM de vezes por FINAL
DESCRIÇÃO DOS RESÍDUOS
RESÍDUOS (*) KILOGRAMAS semana)
(Kg/Coleta)
C Rejeito Radioativo
D Resíduo Comum
RESPONSÁVEIS PELO ESTABELECIMENTO GERADOR E PELA ELABORAÇÃO DO PLANO
Local e data
Anexo K
Containers para transporte dos resíduos processados
192
APÊNDICE A