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Epé Layé

Terra Viva

Maria Stella de Azevedo Santos,

Mãe Stella de Oxóssi


Epé Laié é uma estória

Que todos nós devemos ver!


(Leonardo Gonçalves Santos - 10 anos

Morador da comunidade do Ilê Axé Opô Afonjá)


(Epé Layé conta a história de Fernando, um menino de 10
anos, extremamente preocupado com os problemas do
mundo, do mundo dos adultos.)

(A preocupação de Nando)

Nando, na verdade Fernando, sentia-se um nada diante da imensidão dos


problemas do mundo.

Dez anos apenas era a sua idade, mas a sua cabeça era povoada por
problemas que, se não lhe pertenciam, pelo menos deveriam pertencer ao
mundo dos adultos.

Porque tanta gente passando fome?

Porque tantas crianças jogadas na rua?

Porque com tanto serviço a ser feito e as mães preferem usar seus filhos
para pedir esmolas?...

A pergunta de Nando era outra:

O que eu posso fazer para diminuir os problemas do mundo?

Nando fazia essa pergunta a si e aos outros.

Dos outros ele recebia a seguinte resposta:

Nada! Você não pode fazer nada!

Ninguém pode fazer nada!

Resposta simples, muito simples, para uma pergunta tão complexa.

Do seu coração, Nando obtinha outra resposta:

“Você pode! Você pode muito! Um muito que pode parecer pouco, mas é um
pouco que é muito!”

Ouvir o coração é uma arte e ser artista, um privilégio.


(Nando escuta o coração e planta uma árvore)

Nando escutou, pensou sentiu:

Ouvir o coração é uma arte...

“O que, então, posso fazer?

E resolveu:

Vou plantar uma árvore!

É o mínimo que posso fazer.

Nando plantou Epê Laiê (Epé Layé – palavra yorubá, que significa Terra
Viva).

Epê Laiê nasceu, cresceu e herdou de Nando as mesmas preocupações :

O que eu posso fazer para ajudar a diminuir os problemas do mundo?

Laiê tinha raízes, estava preso. Não podia agir, mas podia sonhar.

E sonhava com um mundo muito mais harmonioso.


(Ossãe (Osanyin) dá o dom da locomoção a Epê Laiê)

Ossãe (Osanyin) – o orixá (òrìsà) feiticeiro, conhecedor dos poderes das folhas –
ouviu os pensamentos e sentimentos de Epê Laiê. Retirou, então, de uma de suas
cabaças, um pó mágico e soprou em Epê Laiê, dando-lhe o dom da locomoção, o
poder da ação. Ossãe nada falou, Ossãe não fala! Mas o seu inseparável
companheiro Aroni disse:

“Epê Laiê, agora você já pode ocupar-se com os assuntos que tanto lhe preocupam”.

(Exu aconselha Epê Laiê a procurar ajuda dos deuses)

Foi uma vitória, uma grande vitoria. Mas Epê Laiê sentia que sozinho seria muito
difícil fazer alguma coisa. Buscou parceiros entre as arvores da sua idade, nada
conseguiu; tentou as mais velhas, e nada. Ele não sabia nem como, nem por onde
começar. Já estava ficando desanimado quando Exu (Èsù) – Senhor do
movimento e da ação – veio em seu socorro e disse-lhe que quando os nossos
semelhantes não nos ajudam, devemos buscar o apoio dos deuses.

A idéia foi bem recebida. Mas onde encontrar esses deuses – se perguntou
a esperta arvorezinha. Exu, que não precisa que os homens falem para que
ele os entenda, deu a resposta:

“Na natureza. Procure os deuses na natureza.”


(Epê Laiê encontra Oxum)

Epê Laiê sabia que na floresta onde nasceu e cresceu existia uma linda
cachoeira. Logo imaginou; aquele deveria um lugar escolhido para morada
divina.

A arvorezinha não estava errada: nas cachoeiras e nos rios mora oxum
(Ọṣun), a linda deusa que, coberta de ouro e com voz doce como mel, seduz
a todos. A charmosa e faceira Oxum que, dengosa, cobre de dengo os seus
protegidos.

Esperançoso, Epê Laiê correu para a cachoeira. Qual não foi a sua surpresa,
quando da linda cachoeira de que tanto ouviu falar só restava um fino fio
d’água.

Como tinha aprendido com Exu, a divindade responsável pela comunicação, a


fazer as saudações necessárias para entrar em contato com os deuses, Epê
Laiê, emocionado, evocou oxum dizendo:

Oxum, Ere iêiê ô! (Òsun Ore Yèyé) – Oxum, amiga que agrada, que faz
todas as vontades.

Epê Laiê esperou, esperou, esperou, mas a deusa não deu o ar de


Sua graça.

Ele ficou sem entender o estava acontecendo:

Porque a deusa das águas doces não atendia ao seu chamado?

E porque a cachoeira que ele tinha conhecimento que era tão linda,
agora estava tão suja, fraca, sem vida?

Sentou desolado e implorou:

Íbá àjé ò Ìbá

Íbá àjé ò Ìbá Òsun


(Saudações a você, Oxum).

Condoída, Oxum apareceu. Mas apareceu chorando...

E as lágrimas da deusa se uniram às de Epê Laiê.

Nada falaram. A cachoeira estava fraca.

Oxum estava fraca.

A forte e frágil arvorezinha pensou em desistir. Se até os deuses estavam


desistindo, o que poderia ela fazer? Mas Exu surgiu, como sempre
repentinamente, e argumentou:

“Epê Laiê, sempre se pode fazer algo; se Oxum está fraca, alimente-a.

Fortalecida, ela não lhe negará apoio’.

(Epê Laiê e a oferenda para Oxum)

Foi assim que mais uma vez orientado por Exu, Epê Laiê ofertou à deusa Sua
comida predileta: feijão fradinho com ovos – um omoluku-olelé.

(Epê Laiê encontra Yemanjá, a mãe de todos os Orixás)

Epê Laiê depositou aquele belo prato na beira da cachoeira e seguiu em


direção ao mar. Buscaria apoio em Yemanjá (Yemanjá), a deusa mãe de todos
os Orixás que, com firmeza e autoridade, é responsável pela cabeça dos
homens e por mostrar-lhes o caminho correto para que cumpram com
dignidade os seus destinos.

Que surpresa teve Epê Laiê ao ver o mar...

Sentiu o mistério da vida vibrar dentro de si e encantado saudou:

Odôia! (Odò Iyá)


Yemanja não respondeu, esta irada!

As pessoas, irresponsavelmente, jogavam latas, garrafas, sacos...tudo no


mar.

Objetos que levam séculos para sumirem da natureza. A indignação da


Grande Mãe agitava fortemente as ondas, que devolviam aos homens o lixo
que eles depositavam na sua morada. Esta foi a forma que Yemanajá
encontrou para punir seus filhos e assim, mais uma vez, tentar mostrar-lhes
as conseqüências dos seus inconseqüentes atos.

Epê Laiê até podia ter tido medo de Yemanjá, mas não teve. Era raiva de
mãe. Raiva que brota do amor. Então ele pensou:

“Alimentei Oxum para que Ela ficasse forte, e Iyá, o que posso fazer para
acalmá-Lá?

Oura vez Exu, o mais humano dos deuses, veio ao seu socorro:

“Epê Laiê, o cheiro da folha alfazema sempre acalma, porém o melhor


calmante para uma mãe é continuar acreditando que seus filhos estão se
esforçando para estarem em harmonia consigo, com os seus semelhantes e
com a natureza como um todo”.

Era o que a arvorezinha precisava ouvir. Mesmo sozinha, começou a retirar


da areia da praia o lixo devolvido por Yemanjá. O mar revolto foi se
acalmando e yemanjá adormeceu. Epê Laiê preferiu deixá-La descansando.
Descanso de mãe é sagrado!

Outro dia ele voltaria para pedir Seus conselhos.

Epê Laiê sentiu que precisava voltar para a floresta.

(Epê Laiê encontra Ogum e Orixá Okô)

No caminho de volta encontrou Ogum (Ògún), o deus que abandonou as


caçadas para dedicar-se ao ofício de ferreiro e assim ajudar os homens no
trato com a terra.
Ogum andava rápido. Epê Laiê O saudou, mas Ogum continuou andando em
passos largos. Parecia ter destino certo.

Indo em busca do apoio de ogum, Epê Laiê seguiu o seu rastro e O encontrou
em uma conversa nervosa com Orixá Okô – o deus da agricultura.

A arvorezinha nem ousou saudá-Los, pois tinha conhecimento do jeito


explosivo de Ogum. Além do mais, seria muita falta de educação
interromper a conversa de dois deuses.

Mesmo afastado, Epê Laiê não deixou de ouvir a conversa entre os deuses,
devido ao tom de voz de Ogum e até mesmo de Orixá Okô, que
conhecidamente calmo, também estava exaltado. Não era para menos, tanto
empenho tiveram para ajudar o homem a sobreviver: Ogum pra criar a
enxada, o facão e outras ferramentas necessárias para arar a terra; Orixá
Okô para criar e desenvolver a agricultura de forma sustentável, e agora via
os homens simplesmente fazendo queimadas, que só contribuem para que o
planeta fique mais destruído?!

(Epê Laiê resolve voltar para casa)

Da ira de Iyemanjá, Epê Laiê não teve medo, mas da ira de Ogum, sim. E
preferiu, realmente, voltar logo para sua “casa”, onde pensava encontrar a
tranqüilidade necessária para refletir sobre sua “peregrinação”.

Mas a floresta que vira Epê Laiê crescer estava uma confusão só: máquinas
e mais máquinas derrubando as suas companheiras. Agora não tinha mais
jeito! – pensou Epê Laiê – Não contava com ninguém, nem mesmo com os
deuses, só lhe restava desistir.
(Epê Laiê volta a encontrar Exu e Nando, o
rapaz que lhe plantou trazendo os outros
orixás)

Nesse momento, no entanto, Epê Laiê viu de longe um permanente


companheiro seu, acompanhado de alguém que ele sabia conhecer, mas não
identificava quem era.

Exu então, disse-lhe:

“Estamos aqui, meu amigo!

Eu e Nando, o rapaz que lhe plantou.

Olhe para aquela montanha!

Veja o que ninguém vê: todos os deuses estão descendo.

Não só os deuses que você conhece, como também:

Xango (Sangó)

Deus da Justiça,

Oxalá (Osalá)

A Divindade da Paz,

Omolu (Omolu)

Médico por excelência,

Oiá (Oya)

Deusa dos Ventos e das Tempestades,

Oxumare ( Osumaré)

Senhor do Equilíbrio e

Euá (Ewa)

Sua companheira inseparável,...


Todos eles sendo guiados por

Oxossi ( Ososi)

O Deus protetor

dos animais e das florestas”.

Epê Laiê, ao ouvir as palavras de Exu e visualizar a chegada dos Deuses,


percebeu que nunca esteve só e que sua peregrinação foi necessária apara
descobrir a sua capacidade de acreditar nos outros.

(Os orixás fazem uma assembléia para decidir como


ajudar Epê Laiê)

Os orixás, sentados em círculo, fizeram uma assembléia, um conselho


(Gbimoran), para decidir como cada um deles poderia ajudar Epê Laiê na sua
nobre missão: Oxalá e Xangô fariam uma mistura de quiabo com ígbín
(caramujo) para por nas águas, a fim de limpá-las; Orixá Okô e Ogum
trabalhariam no sentido de transformar a sujeira da terra em energia
aproveitável; Yemanjá orientaria os homens e Oxum as crianças, para que se
ocupassem mais com os problemas que fossem comum a todos; Oxossi
pediria às aves que pusessem os seu dejetos em lugares apropriados, de
forma que se transformassem em vegetais. Oxumarê, responsável pelo
equilíbrio cósmico, deixaria cair chuva de forma organizada.

Nesse evento, Exu, como sempre, fora indispensável.

Ele é o grande amigo dos homens,

Aquele que entende como nenhum outro as necessidades e conflitos


humanos.
Os orixás seguiram para o Orun, não sem antes deixar uma mensagem
escrita nas nuvens para todos os homens do planeta:

E você, o que pode

fazer para contribuir com

o equilíbrio do mundo?

Fim

(Epé Layé de Maria, Stella de Azevedo Santos,


Salvador – Bahia – Brasil - 2009, Mãe Stella de
Oxóssi

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