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Todos nós da espécie humana procuramos o verdadeiro sentido da vida. Alguém pode negar isso?
Madre Tereza de Calcutá encontrou um sentido que ela expressa na frase: "O amor para ser
verdadeiro têm de doer." Continua ensinando que encontrou um paradoxo que quando você ama
até doer não poderá haver mais dor, somente amor. Mas isso me gerou uma dúvida: - se o amor
não estiver doendo como você vai saber se ele é verdadeiro? Parece que mesmo ela não
equacionou o paradoxo, por isso recomenda: "Ame até que doa. Se dói é um bom sinal."
Eu mesmo me pergunto, por que sou tão inquiridor? Não consigo perdoar nem a Madre Tereza?!
Observo que isso faz parte do meu ser. Sempre fez. Tenho fome de entender as pessoas, suas
crenças e seus comportamentos. E aquelas que são referências para a humanidade são fontes
inestimáveis de aprendizado.
Há um provérbio que diz que o exemplo vale mais que o ensinamento. Talvez seja porque ensinar
um comportamento exemplar seja tarefa dificílima e talvez impossível. E se você admira um
exemplo e quer segui-lo, se persistir, sempre encontra uma forma - que é pessoal - de aprender
e também se tornar um exemplo a ser seguido. E essa forma, que na realidade é um
conhecimento, dificilmente se consegue transmitir. Penso que os líderes religiosos, sabedores
dessa difícil ou impossível tarefa de ensinar comportamento, criaram o conceito da fé.
Voltando à razão de viver - Madre Tereza encontrou a sua. Concluo que seu amor nunca parou de
doer. Era a dor que a movia. Amor que dói, era uma coisa somente dela. Ninguém nunca vai
entender isso, pois nunca alguém associou o amor à dor. O amor não pode doer. Se doer é outra
coisa que não o amor. Para equacionar essa dissonância cognitiva ela enunciou o paradoxo: -
"amar até doer, então não haverá dor, somente amor". Ato contínuo ao estado de puro amor, nas
suas próprias palavras, ela buscava a dor, que era o bom sinal do amor verdadeiro.
Pela sua formação de freira essa interpretação paradoxal faz sentido na fé pela "Via Crucis" onde
Cristo sofreu e morreu para nos salvar. Ela seguiu o exemplo.
Seguir exemplo é um ato de fé, não de conhecimento. Sou mais atraído pelos grandes seres
humanos que agiram baseados no conhecimento. Mahatma Gandhi foi um dos maiores. Agiu
baseado no conhecimento sobre a força da "não violência". Adquiriu esse conhecimento
estudando a vida de Cristo e não pela fé em Cristo. Homem, idealista e corajoso, praticou esse
conhecimento e conseguiu libertar a Índia do julgo Inglês.
Respeito muito esse insight do J. Krishnamurti. Faço um paralelo com a vida dos outros seres não
humanos. Eles simplesmente vivem. Não pensam e por isso não se preocupam se a vida têm
sentido. Na classe dos mamíferos, a qual nós pertencemos, reconhecemos facilmente a felicidade
de viver.
J. Krishnamurti diz que o pensamento é a origem do sofrimento. Deve ser mesmo, pois a espécie
humana e a única que sofre por motivos abstratos.