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Profissionais da construção civil nunca estiveram tão atentos à responsabilidade legal das
obras.
Na entrevista concedida, Rone Antônio Azevedo pincela trechos relevantes de seu livro e
mostra o quão importante é que os profissionais do setor estejam atentos às normas de
construção civil, sobretudo a partir de maio deste ano, quando entra em vigor a norma técnica
NBR 15575/08 Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho, da ABNT.
Confira:
Exemplificando, nenhum projetista de barragens, por mais competente que seja, pode garantir
com 100% de confiabilidade a segurança contra rompimento por enchentes. Geralmente, para
grandes obras, trabalha-se com a probabilidade de ocorrer uma grande cheia a cada dez mil
anos – período de retorno decamilenar.
Outro exemplo: a estrutura mista aço-concreto das torres gêmeas do World Trade Center, em
Nova Iorque, foi calculada para resistir à colisão de aeronaves do porte do modelo Boeing 707.
No entanto, as torres desabaram em 11 de setembro de 2001 quando houve o impacto da
aeronave Boeing 767, cerca de 20% maior do que o Boeing 707. Richard M. Kielar, porta-voz
da Tishman Realty & Construction Co., gerente de construção do projeto original afirmou que
“nenhuma estrutura poderia ter suportado esse tipo de ataque”. Esse trágico acontecimento
revela que sempre haverá incerteza nos projetos, por melhor elaborados que sejam.
A norma técnica NBR 15575/08, da ABNT, que trata do desempenho das edificações
habitacionais de 5 pavimentos, entrará em vigor em maio de 2010. Ela altera algo na
responsabilidade civil na construção civil?
De acordo com essa norma, os projetos devem ser elaborados prevendo explicitamente a vida
útil mínima para cada sistema da construção. A durabilidade mínima para a estrutura e
revestimentos externos será de 40 anos; para instalações hidrossanitárias e revestimentos
internos, a duração deve ser igual ou superior a 20 anos. Esses valores da durabilidade dos
componentes das edificações são apenas referência para o projeto e não valem como prazos
de garantia.
Vale ressaltar que a NBR 15575/2008 não será aplicável aos seguintes casos: obras em
andamento quando entrar em vigor; edificações concluídas até 12/05/2010; projetos
protocolados até 12/11/2010 (seis meses após a entrada em vigor da norma); obras de reforma
e “retrofit”.
Devem ser contratados estudos geotécnicos e ambientais para avaliação dos impactos
decorrentes do empreendimento. Várias construtoras adotam a vistoria cautelar dos imóveis na
vizinhança do empreendimento para solução de problemas e redução de eventuais demandas
judiciais referentes a danos físicos surgidos após o início da construção.
É preciso cuidar para que os serviços e produtos estejam dentro dos parâmetros de qualidade,
segurança e economia. Dessa forma, engenheiros e arquitetos estarão resguardados de futura
responsabilização. O profissional tem por obrigação esclarecer o consumidor sobre as
características intrínsecas do serviço, os riscos e os custos da relação contratual.
De forma alguma, apesar de alguns entendimentos nessa direção. A Súmula n.º 194 do
Superior Tribunal de Justiça (SJT) orienta que o comprador terá 20 anos de prazo para propor
ação indenizatória contra a construtora por defeitos que afetam a solidez e segurança da
edificação, considerando sua constatação no período de garantia de 5 anos. Entretanto,
encerrado o prazo de garantia, a culpa do construtor deverá ser provada através de perícia
técnica, responsabilidade subjetiva.
O art. N.º 618 do Código Civil determina que o prazo de garantia para defeitos que afetem a
solidez e segurança da edificação é de cinco anos a partir da entrega da edificação. Devem ser
reclamados, no máximo, seis meses após a data de seu aparecimento, sob pena de
decadência. Até 5 anos a partir da entrega da construção, presume-se a culpa da construtora,
caracterizada por responsabilidade objetiva do Código de Defesa do Consumidor.
O art. n.º 205 do Código Civil estabelece o prazo de garantia genérico de 10 anos para falhas
construtivas não previstas nos demais artigos. Alguns doutrinadores entendem ser esse o
maior prazo de garantia aplicável às construções, contado a partir da data da sua entrega –
expedição do habite-se. A Súmula n.º 194 do STJ não seria aplicável para essas falhas.
Jean Blevot realizou estudo emblemático muito detalhado das causas de quase 3 mil sinistros
das estruturas de concreto armado, ocorridos entre 1948 e 1974, nos arquivos empresa
seguradora francesa Bureau Securitas e Socotex. Ele constatou que as deficiências de projeto
foram responsáveis, direta e indiretamente, por 77,9% dos sinistros, sendo 12,0% por erros de
cálculo e 55,9% por falha na previsão do comportamento real dos materiais; defeitos de
execução respondem por 16,5% dos acidentes; outras falhas representam 5,6%.
É preciso investir em projetos bem elaborados com detalhamento suficiente para execução,
memoriais descritivos com especificações precisas, procedimentos de execução, manuais bem
elaborados para os usuários.
Responsabilidade por obrigação de meio: cumprir uma obrigação de meio é empregar todas
as técnicas, recursos e esforços que estiverem ao alcance do profissional, no sentido de
alcançar o resultado contratado. Só há que se falar em descumprimento de uma obrigação de
meio se o resultado não for alcançado no prazo e no modo contratados. Isso decorre do fato de
o contratado não ter empregado todas as técnicas, recursos ou esforços ao seu alcance.
Assim, se o exato resultado contratado for alcançado, não há que se falar em inexecução da
obrigação de meio.
Responsabilidade objetiva: resulta das relações de consumo ditadas pelo Código de Defesa
do Consumidor.