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As Bruxas Estão
Soltas
Nas histórias de terror contadas pelo folclore em todo o mundo as bruxas com
suas bruxarias sempre foram vistas como coisas bizarras ou do mal. Aqui estou, na
condição de bruxa, para mostrar a verdadeira realidade e proteger a dignidade dos
bruxos e bruxas que ainda existem e que agora estão se multiplicando em todo o
mundo. Começo explicando a origem do nome wicca ou wicce, palavra de raiz anglo-
saxã, que significa moldar ou as pessoas que moldam suas vidas.
A wicca (ou bruxaria) é uma religião de origem xamanística, com traços celtas.
Muitos não consideram a wicca uma religião, porque acham que é uma seita ou um
culto ao diabo. Isso teve início quando a Igreja Católica começou a ter força na
Europa Ocidental. A partir daí, começou a perseguição e execução de muitas bruxas,
o que deu origem à chamada Inquisição. Nesse evento, muitos inocentes foram
executados por acreditarem em outras religiões.
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Ao contrário do que muitos imaginam, a nossa religião wicca é baseada na
vida e no amor. Procuramos entrar em harmonia com a natureza e respeitar e cuidar
do nosso planeta. Acreditamos que tudo é formado por dois pólos opostos: a Deusa
Tríplice e o Deus Cornífero. A Deusa Tríplice apresenta as suas três faces: a donzela,
a mãe e a anciã. É dela o útero germinador de tudo que tem vida neste mundo. É ela
quem dá à luz ao mundo e tudo que nele existe; ela é a bela mulher que dança e
rodopia feito uma espiral no meio do campo florido. Ela é a lua que brilha todas as
noites.
O Deus Cornífero é aquele que semeia o útero da Grande Deusa, que a
espreita no meio do mato enquanto se prepara para agarrá-la como um bicho prende
sua caça. Ele é o sol que ilumina a cada dia. Juntos, eles nos dão vida. São duas forças
opostas que se unem gerando apenas uma. Infelizmente, o Deus Cornífero é
confundido com o satanás da Igreja Católica, em razão de sua coroa de chifres.
Nós, bruxas, não adoramos o diabo e nem cultuamos o demônio.Isso é pura
especulação política do cristianismo medieval e atual.
Na wicca, ensinamos que é necessário ter duas forças opostas, porque
acreditamos que uma religião baseada apenas em um único deus é tão desequilibrada
quanto a baseada em apenas uma deusa. Nós reconhecemos os dois lados dos deuses,
tanto o lado claro quanto o escuro. Quando se diz escuro, não quer dizer mau ou ruim,
e sim justo. Por exemplo, se o homem destruir a natureza, a natureza também
destruirá o homem. Isso é ser justo.
Cabe falar um pouco sobre as comemorações wiccans, que denominamos
Roda do Ano, onde se festejam os sabás e os esbaths. Os sabás são festivais baseados
no ciclo do Sol, que dão origem às estações do ano. No total, são oito sabás. São eles:
Lammas ou Lughmasat; Mabon ou Equinócio de Outono; Samhain, que é o famoso
Dia das Bruxas; Yule ou Solsticio de Inverno; Imbolc ou Caldemas; Ostara ou
Equinócio de Primavera; Beltane; e Litha ou Solstício de Verão.
Existe uma grande confusão a respeito dos sabás, pois existem dois
calendários: o do Norte e o do Sul. No Brasil, muitos bruxos utilizam o calendário do
Norte, achando que não se tem “clima” para se comemorar os sabás em suas datas
diferentes das do Norte. Na opinião formal, se não comemoram-se os sabás nas
estações certas, a energia humana diminui muito, ficando sem sentido festejar o
inverno enquanto é verão.
Os esbaths são comemorações à lua cheia, que para os wiccans é um dia de
santidade e espiritualidade. No total, são 13 comemorações por ano, que marcam o
final do ano lunar,que, para os wiccans, treze luas cheias significam ano novo.
A wicca é uma religião baseada na magia, mas a maioria pensa que magia é
acender velas coloridas, fazer algum feitiço ou ritual. Mas não é só isso, magia
também é gerar um filho, dar à luz a uma criança, cozinhar, viver. Este é o verdadeiro
sentido da magia. Muitos também pensam que as bruxas fazem magia negra. Cabe
explicar que nós, bruxas, não acreditamos no conceito do bem ou do mal.
Podemos usar da magia para ajudar uma pessoa ou para prejudicá-la. Isso
significa, portanto, que a magia não é má, ela é o que se desejar que ela seja.
Um dos princípios que a wicca defende é "faça o que quiseres desde que não
prejudiques ninguém". Sendo assim, antes de se fazer um feitiço ou ritual, deve-se
pensar muito sobre as conseqüências desse ritual, pois acreditamos na chamada "lei
do tríplice retorno". Essa lei prega que tudo que se faz retorna três vezes pior ou
melhor, dependendo do tipo de sentimento que se coloca no feitiço.
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Quando praticamos nossos rituais ou feitiços fazemos sempre dentro de um
círculo de energia, e invocamos a Deusa e o Deus para que compareçam. Invocamos
também os quatro quadrantes, que são as 4 direções representadas pelos quatro
elementos: ar, fogo, água e terra. Encerramos os nossos rituais agradecendo à Deusa,
ao Deus, aos quatro elementos e fechamos o círculo. Infelizmente, muitas pessoas
pensam que fazemos nossos rituais usando sangue ou fazendo sacrifícios, mas isso
não é verdade, pois a Deusa não admite que façamos mal à natureza.
Para fazermos os feitiços e os rituais usamos alguns
instrumentos, como o caldeirão, a varinha, a vassoura e o
punhal. Com o passar do tempo, muitas pessoas distorceram
a história desses instrumentos, que passaram a servir para
coisas incríveis e absurdas, como ferver pernas de sapo,
olho de cobra e asa de morcego para fazer alguma poção.
Nossa varinha virou algo tão superpoderoso, que seja qual
for o desejo ele acaba surgindo como num passe de mágica. Nossa vassoura tanto
conseguiu vencer a gravidade, que saiu voando pelo mundo afora. Isso é um
verdadeiro absurdo!
Mas já que estamos falando em vassoura, outro mito é o de acreditar que nós
voamos em vassouras. Este mito remonta aos tempos em que as bruxas faziam seus
rituais nos campos nos períodos de plantação. Para fazer com que as plantas
crescessem fortes, elas corriam pelo campo montadas em suas vassouras. O problema
é que as pessoas que assistiam tal cena acabavam descrevendo-a para outras e sempre
exageravam na história. E a tal ponto que a informação foi tão distorcida que as
bruxas começaram a voar na boca do povo.
Por outro lado, muitos pensam que a wicca é uma religião feminista. Outra
mentira. A wicca é uma religião para ambos os sexos. É verdade que muitas
mulheres extremamente feministas fazem da wicca uma religião mais feminina que
masculina. Por isso, não se encontra um único livro que faça referência aos bruxos.
Eles sempre referem-se às bruxas. Por que não um livro para bruxos?
Isto expõe o preconceito que nós, bruxas, sofremos, na escola, no trabalho,
enfim, no dia-a-dia. O preconceito é tanto, que algumas pessoas inventam calúnias,
nos olham com medo, pensando que somos os monstros que o folclore conta. As
bruxas são pessoas como quaisquer outras deste planeta. Eu sou uma bruxa ou
wiccana, como preferirem chamar. E tenho muito orgulho de ser o que sou, pois,
como qualquer devoto das demais religiões, gosto da minha.
O que se deve aprender, tanto da parte wiccana quanto da parte das outras
religiões, é que existe a lei universal da liberdade religiosa. E a melhor maneira de
seguir essa lei é respeitando para ser respeitado.
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buscam harmonizar-se com a Natureza e com os antigos Deuses (religião = religare ,
religar).
Em geral, na Wicca não existem sacerdotes que detém o poder de contato com o
divino. Qualquer praticante pode entrar em contato direto com a divindade. Por isso o
fato de que a Wicca é uma religião que pode ser praticada tanto solitariamente como
em grupos, chamados covens.
A Wicca é definida pela Pagan Federation como um "caminho iniciático, uma
religião de mistérios que guia os seus iniciados a uma profunda comunhão com os
poderes da Natureza e da psique humana, conduzindo a uma transformação do
indivíduo".
Publicamente, a Wicca começou a ser divulgada no início dos anos 50 na
Inglaterra, por Gerald Gardner, que publicou as obras "High Magic's Aid" (1949),
"Witchcraft Today" (1954) e "The Meaning of Witchcraft" (1959).
Gerald Brusseau Gardner é filho de escoceses e nasceu em 13 de junho de 1884,
em Liverpool, na Inglaterra. Os primeiros contatos de Gardner com a Arte acontecem
durante a Segunda Guerra Mundial, quando ele descobre um coven localizado
próximo à sua residência em New Forest. Gardner decide então, publicar "High
Magic's Aid" (as leis contra a bruxaria perduraram na Inglaterra até 1951). Este livro é
escrito por Gardner como um romance, mas revela durante sua história alguns rituais
até então secretos.
Segundo Doreen Valiente (uma das divulgadoras da Tradição Gardneriana),
Gerald Gardner acreditava que, de certa forma, a Arte "chamava" os mais jovens;
pessoas que foram bruxos em outras vidas, ou que traziam a Antiga Religião guardada
em seus inconscientes. Foi também precursor do naturismo, defendendo a prática dos
oficiantes "vestidos de céu" (nus) e manteve o tradicionalismo em seus rituais, que
são, via de regra, presididos por uma Sacerdotisa auxiliada por um Sacerdote.
A partir de Gardner, a divulgação da Wicca não parou mais. Muitas outras
tradições foram criadas, como a Tradição Alexandrina, fundada em 1960 por Alex
Sanders. Semelhante à tradição Gardneriana, é um pouco mais flexível quanto à
algumas exigências de Gardner (o nudismo, por exemplo).
Nos Estados Unidos o impulso ao Paganismo surge durante a década de 70, por
conta do movimento feminista, que buscava a igualdade entre os sexos. Algumas
tradições são exclusivamente abertas apenas à participação de mulheres, como um dos
"braços" da Tradição Diânica, fundada por Morgan MacFarland, que se divide em
"Old Dianic Tradition", onde se cultua a Deusa e o Deus como seu consorte e a
divisão chamada de Feitiçaria Feminista Diânica, onde apenas a Deusa é cultuada e só
as mulheres podem participar dos grupos.
A Wicca é às vezes comparada ao xamanismo, pelo fato do xamã estar em
contato com os espíritos da natureza e com a magia. Outro fato interessante é que,
assim como o xamanismo, a Wicca se utiliza do ritual (o ritual leva o indivíduo aos
estados alterados de consciência) e de ervas mágicas para entrar em contato com a
divindade.
Existem outras tradições dentro da Wicca, como a Hecatina, onde os bruxos se
dirigem a cultuar a deusa Hécate e tentam buscar os antigos rituais à Hécate, a Seax
Wicca, fundada por Raymond Buckland, que foi uma das primeiras que introduziu a
figura do bruxo solitário e do auto-iniciado; a Tradição Strega, italiana; a Tradição
Algard, reunião das tradições Gardneriana e Alexandrina; Tradição Galesa, que usa o
panteão galês de divindades; a Tradição Teutônica ou Nórdica, que se inspira nos
mitos islandeses, suecos e noruegueses; Tradição Asatrú, baseada principalmente na
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mitologia escandinava e a Tradição Georgina, que basicamente mistura todas as
outras tradições, se configurando como a mais eclética.
O Renascer da
Bruxaria
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Em 1948 Robert Graves escreveu sua excelente obra ‘A Deusa Branca’ (‘The
White Goddess’), no qual concordava com Murray quanto à existência de um culto
pagão disseminado pela Europa, mas apoiava a tese de que sua divindade mais
importante era uma Deusa-Mãe, e não o Deus de Chifres. Três anos depois, em 1951,
caíram as últimas leis anti-feitiçaria da Inglaterra. A porta estava aberta para os
bruxos.
Surge então Gerald Gardner, o mais importante personagem do renascimento
da Bruxaria como religião. Gardner era um folclorista inglês, amigo pessoal do grande
mago Aleister Crowley. Admirador de Frazer e Murray, realizava profundas pesquisas
sobre os cultos de fertilidade pré- cristãos e sua sobrevivência. No decorrer destas
pesquisas, em 1939, conheceu um grupo de pessoas que mais tarde descobriu fazerem
parte de um Coven secreto (como o eram todos, na época). Gardner ficou fascinado: a
existência destes bruxos confirmava as teses de Margaret Murray. Estabeleceu uma
relação de amizade profunda com os membros deste Coven (denominado Coven de
New Forest), e acabou por receber Iniciação.
O Coven de New Forest, dirigido por uma bruxa conhecida por ‘Old Dorothy’,
era representante de uma tradição que havia sobrevivido às perseguições. Há quem
insinue que Gardner inventou o Coven para dar bases à seu trabalho posterior, e que
Old Dorothy nem ao menos existiu. Essas declarações foram refutadas com alegadas
evidências históricas por Doreen Valiente, no ensaio “Em Busca de Old Dorothy”,
publicado no livro “The Witches’ Way” (‘O Caminho dos Bruxos’), do casal Janet e
Stewart Farrar.
Com o passar do tempo, Gardner preocupou-se com o futuro da Tradição, pois
todos os membros do Coven eram idosos, e não havia previsão de aceitar novos
iniciados. Ele não aceitou esse destino, e pediu permissão para publicar algumas
práticas da religião. Relutantes, os Sábios do Coven negaram. Mesmo assim, Gardner
publicou, em 1948, “High Magic’s Aid”, um romance no qual descrevia, sutilmente,
alguns rituais da Arte. A publicação do livro causou polêmica entre o Coven de New
Forest, e Gardner quase foi banido. Mas, com a queda das leis anti-feitiçaria, os
Sábios do Coven reviram sua posição e deram permissão a Gardner para afirmar que a
Bruxaria estava viva, desde que não revelasse nenhum segredo. Então, em 1954,
Gerald Gardner publicou o primeiro livro da Bruxaria Moderna: “Witchcraft Today”,
seguido de “The Meaning of Witchcraft” (1959). Neles, Gardner afirmava estarem
certas as teorias de Murray, pois ele mesmo era um bruxo iniciado. Os livros falavam
apenas superficialmente sobre a Tradição que lhe havia sido confiada, concentrando-
se mais no aspecto histórico da religião.
Paralelamente à publicação dos livros, Gardner saiu do Coven de New Forest
e iniciou seu próprio Coven, iniciando pessoas que lhe pareciam sinceras e dedicadas.
A essas pessoas, transmitia integralmente o conteúdo de um manuscrito, por ele
denominado de “Livro das Sombras”. Este livro continha integralmente a Tradição do
Coven de New Forest, mesclada a práticas mágicas retiradas da Clavícula de Salomão
e dos escritos de Crowley. Seu conteúdo, copiado por todo iniciado, passou a ser
denominado de Tradição Gardneriana, a primeira Tradição da Bruxaria Moderna.
O ‘Livro das Sombras’ Gardneriano teve três versões, conhecidas pelas letras
A, B e C. O texto que é utilizado atualmente pelos Covens Gardnerianos é o C, escrito
por Gardner em conjunto com uma de suas iniciadas, Doreen Valiente, responsável
por grandes mudanças no texto original.
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Valiente ‘paganizou’ ao máximo os ritos e textos, retirando qualquer
influência de magia judaico-cristã ou textos escritos por Crowley. Atualmente, a
Gardneriana é a mais sigilosa de todas as Tradições modernas.
Gardner morreu em 1964, e o comando de seus Covens foi passado à Monique
Wilson, conhecida como Lady Olwen. Na década de 60, surgiu outro personagem
importante na história moderna da Arte: Alex Sanders, que recebeu o título de “Rei
dos Bruxos”. Sanders era um grande interessado em bruxaria, que nunca havia
conseguido ingressar em um dos Covens Gardnerianos. De algum modo que até hoje
não está bem esclarecido, conseguiu tomar posse de um ‘Livro das Sombras’
Gardneriano. Uniu o conhecimento do livro (provavelmente cópia do texto A) ao que
afirmava ter sido transmitido por sua avó, uma bruxa familiar. Sanders possuía um
temperamento completamente antagônico ao de Gardner. Era um especialista em
marketing pessoal, o que lhe deu extrema notoriedade. Milhares de pessoas foram
iniciadas em seus Covens, e ele aparecia em entrevistas em TV, rádio e jornais. Era
tão público que foi ameaçado de maldição por bruxos mais tradicionais, temendo que
ele revelasse algum grande segredo da Arte. Mas isto nunca ocorreu: Sanders era um
‘show-man’, mas não era burro.
A Tradição Alexandriana, fundada por Alex Sanders, é muito semelhante à
Gardneriana. Sua principal diferença é a maior ênfase mágico-cabalística, quase
inexistente na Tradição de Gardner. Sanders morreu em 1988, mas sua Tradição é
uma das mais difundidas no mundo. Existe também uma Tradição moderna
denominada Alexandriana-Gardneriana (Al-Gard), que tenta conciliar os
ensinamentos de ambas, com a inclusão de novos elementos, em sua maioria de
origem céltica. Os maiores representantes públicos atuais da Al-Gard são Janet e
Stewart Farrar, da Irlanda.
Nos EUA, o primeiro bruxo a se manifestar publicamente foi o anglo-gitano
Raymond Buckland, iniciado por Gardner e Lady Olwen. Considerado pelo próprio
Gardner um de seus herdeiros, Buckland migrou para os Estados Unidos logo após a
morte do bruxo. Lá, ganhou notoriedade por seus livros sobre Ocultismo e por ser o
fundador da Tradição Saxônica da Bruxaria, a Seax-Wica. Nos Estados Unidos, com
raras exceções, a Arte ganhou um novo aspecto, inexistente na Bruxaria Européia: o
aspecto político.
A Bruxaria uniu-se ao feminismo para gerar uma nova forma da Religião.
Surgiram então Covens denominados “Diânicos” , formados só por bruxas. Algumas
das representantes da Bruxaria feminista americana são Starwahk, Zsuzsana Budapest
e Laurie Cabot. Com exceção da primeira, nenhuma delas é levada muito a sério pelos
bruxos tradicionalistas europeus, que julgam-nas produtoras de distorções no
verdadeiro espírito da Arte.
Paganismo e
Wicca
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Surge no século XX uma religião que pretende celebrar com fervor a natureza,
que vai buscar a sua inspiração aos antigos cultos pré-cristãos da "Grande Mãe"
(ELIADE,1949 pag.306), às celebrações dos ciclos anuais das colheitas, ao culto do
Deus da Terra que periodicamente morre e renasce e a toda uma série de formas de
expressão religiosa em que se encontra uma forte ligação à natureza e aos ciclos da
vida.
Os objectivos do Paganismo são os do auto-conhecimento, da harmonia com
os ritmos e ciclos naturais do sol e das estações , da compreensão dos poderes da
natureza e a busca de um novo equilíbrio do homem com o seu meio Não se baseia
numa teologia única ou definida, não possui profetas ou mestres. Baseia-se na
experiência e sensibilidade de cada ue que queira e seja capaz de praticar essa
harmonia. Pode assim dizer-se que o Paganismo não pretende ser uma religião de
massas mas pode ser considerada uma religião de "clero", ou seja, qualquer membro é
"sacerdote" na medida em que entra em contacto directo com o divino e orienta
práticas e rituais religiosos.
Embora algumas correntes Pagãs afirmem que as suas tradições remontam à
era Neolítica , ou mesmo que o Paganismo é o sucessor linear daquela que terá sido a
primeira religião da humanidade, essas origens são muito discutíveis. Muita da
inspiração do Paganismo será proveniente de estudos efectuados sobre as religiões
antigas, dos quais os mais citados são "O Ramo Dourado" de Frazer, "As Máscaras de
Deus" de Joseph Campbell e "The Witch-Cult in Western Europe" de Margaret
Murray.
Nalgumas tradições pagãs os seus membros consideram-se continuadores
directos destas religiões antigas. Houve provavelmente uma busca de ideias, de
processos, de rituais , uma outra visão do sagrado distinta da visão judaico-cristã que
permeia as culturas ocidentais.
Foi com base nesta outra visão, bem como nalgumas tradições populares
europeias, nos ensinamentos de diversas escolas ocultistas, em técnicas usadas pelos
xamãs e num sem número de outras fontes que se foi construindo esta religião,
chamada de Paganismo, Neo-Paganismo ou Religião Antiga. Para ilustrar este
processo, podemos aqui citar Starhawk, sacerdotisa norte-americana da Wicca: "A
Wicca é realmente a Velha Religião, mas neste momento está a passar por tantas
mudanças e desenvolvimento que, na essência, está mais a ser recriada do que
revivida" (The Spiral Dance, 1979).
Dentro do Paganismo existem diversos ramos, cada um dos quais baseado em
tradições e mitos próprios. Aquele que mais se tem desenvolvido, sendo neste
momento o mais representativo, é designado Wicca, «Bruxaria» ou «A Arte» Provém
basicamente da tradição das Feiticeiras Anglo-Saxónicas e vai buscar muita da sua
inspiração aos mitos e divindades celtas, galeses e irlandeses, recorrendo também no
entanto a fontes clássicas (greco-romanas) e diversas tradições populares.
Uma frequente utilização da magia, entendida como um conjunto de técnicas
capazes de manipular positivamente certas energias naturais, é a parte prática que
mais distingue a Wicca de outros ramos do Paganismo, que se dedicam quase
exclusivamente ao ritual celebratório.
A divulgação pública da Wicca começou no fim dos anos 40/ inicio dos anos
50 na Inglaterra , com a publicação por Gerald Gardner das obras "High Magic's Aid",
"Witchcraft Today" e "The Meaning of Witchcraft", 1949, 1954 e 1959,
respectivamente. O primeiro destes livros foi redigido em forma de ficção devido às
leis anti-bruxaria vigentes no Reino Unido até 1951. Embora muito criticado na época
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por quebrar a longa tradição secretista da Bruxaria, com a publicação destes livros,
Gardner deu início a um movimento de expansão que até hoje não parou. De
Inglaterra a Wicca passou para o resto da Europa e para os E.U.A., não tanto como
uma nova religião mas mais como um incentivo à divulgação de conhecimentos até aí
secretos e a uma estruturaçãg básica para uma forma de manifestação religiosa
individual , já então existente. A forma como o Paganismo em geral e a Wicca em
particular se têm desenvolvido é, com efeito, uma das suas características mais
interessantes.
Existem hoje pessoas que se assumem como fazendo parte do movimento
Neo-Pagão em toda a Europa, na América do Norte, Brasil, Austrália e Nova-
Zelândia. Os ramos multiplicam-se, as - Igrejas Pagãs são legalizadas em alguns
países (E.U.A., Austrália, França) e estima-se que o número de praticantes atinja as
milhares, sem que nunca se tenha ouvido falar de pregadores, «missionários», líderes
carismáticos ou em apelos à conversão, semelhantes aos usados por outras religiões e
movimentos espirituais para a sua expansão. Podemos realmente dizer que estamos
perante "uma religião sem convertidos"(Adler,M.,1979).
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A Consciência Ecológica
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O Individualismo Religioso
A Wicca é uma religião em que não existem livros sagrados, nem profetas a
justificá-los, hierarquia ou dogmas. Não faz apelo a uma fé única e exclusiva, não tem
mandamentos e promove acima de tudo o respeito e a diversidade. Não é também um
sincretismo religioso porque vários sincretismos são possíveis. É uma escolha pessoal
para aqueles que sentem que a sua percepçãg do sagrado não só não se enquadra nos
esquemas tradicionais como é algo demasiado individual para se sujeitar a conjuntos
de regras e crenças que outros determinaram.
As poucas regras existentes na Wicca têm um carácter essencialmente
funcional e são vistas não como mandamentos duma qualquer divindade ou profeta
iluminado, mas como simples normas de relacionamento entre pessoas que partilham
interesses comuns. São apenas alguns princípios genéricos ligados a valores
ecológicos e individuais de largo consenso e à liberdade de expressão da religiosidade
como é sentida e recriada por cada um.
O seu espírito está bem patente na regra básica "Faz o que quiseres desde que
não faças mal", a única que todos os membros da Wicca procuram seguir. Esta
diversidade exprime-se nas práticas de diferentes pessoas ou grupos.
Encontramos indivíduos que se assumem como monoteístas, politeístas,
panteístas, e adeptos de tradições para quem apenas a Deusa é importante, ao lado de
outras que dão o maior ênfase à polaridade, aos rituais e nomes de divindades
retirados de todas as religiões conhecidas (e por vezes mesmo de obras fantásticas),
nas mais variadas combinações cujos membros se relacionam num clima de aceitação
e harmonia.
Nas grandes reuniões, como o Pagan Spirit Gathering realizado anualmente no
Winsconsin (E.U.A.) onde se juntam algumas centenas de pessoas, o relacionamento
pauta-se por respeito e aceitação. Durante uma semana realizam-se dezenas de rituais
e workshops das mais diversas tradições sem que haja o mais leve atrito «teológico».
Pelo contrário, o que se nota é uma constante curiosidade pelas crenças e rituais
alheios e o desejo de partilhar e conhecer diferentes vivências religiosas.
A Wicca tem a sua maior implantação nos países anglo-saxônicos, onde a
longa tradição democrática e o Protestantismo permitem um maior individualismo.
Para além de práticas individuais, os Pagãos agrupam-se em pequenos núcleos,
tradicionalmente de 13 pessoas, cada qual com as suas regras e tradições; ainda se
podem juntar em grandes encontros. Nestes encontros estendem-se ao campo
religioso os princípios de liberdade de expressão e de associação já há muito
aplicados noutros sectores da sociedade. Ao contrário de outras religiões e de outras
organizações não existe aqui uma estrutura hierárquica nem uma autoridade central.
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Valores Matrifocais
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objectivos de transformação político-social com vista a uma maior igualdade entre os
sexos a aspectos mítico-simbólicos. Para isso, nada melhor que uma religião centrada
numa Deusa e em que os valores e símbolos femininos são os mais importantes. Esta
junção entre política, feminismo e Paganismo é exposta em "Dreaming the Dark", de
Starhawk.
Existem igualmente diversos grupos e tradições de homossexuais, quer
masculinos quer femininos, que encontraram na Wicca um lugar onde podem
exprimir livremente as suas sensibilidades, com total aceitação pelos membros da
restante comunidade. Esta participação é considerada importante pelo seu grande
contributo em termos de uma abertura a novas ideias e a sensibilidades sociais
minoritárias. Embora a grande maioria dos Wiccans seja heterossexuais que
exprimem o ênfase especial dado à polaridade entre a Deusa e o Deus, há entre os
membros desta religião uma grande necessidade de encontrar novas respostas e novas
perspectivas para o papel dos sexos nas nossas sociedades - relativamente a este
último aspecto e num clima de aceitação e respeito pela diferença enquadram-se
aqueles que têm uma atitude diferente da que foi estabelecida pela sociedade em
geral.
As deusas e os deuses na
wicca
Para a Wicca, existe um Princípio Criador, que não tem nome e está além de
todas as definições. Desse princípio, surgiram as duas grandes polaridades, que deram
origem ao Universo e a todas as formas de vida.
Da mesma forma que toda luz nasce da escuridão, o Deus, símbolo solar da
energia masculina, nasceu da Deusa, sendo seu complemento, e trazendo em si os
atributos da coragem, pensamento lógico, fertilidade, saúde e alegria. Da mesma
forma que o sol nasce e se põe, todos os dias, o Deus nos mostra os mistérios de
Morte e do Renascimento. Na Wicca, o Deus nasce da Grande Mãe, cresce, se torna
adulto, apaixona-se pela Deusa Virgem, eles fazem amor, a Deusa fica grávida, o
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Deus morre no inverno e renasce novamente, fechando o ciclo do renascimento, que
coincide com os ciclos da Natureza, e mostra os ciclos da nossa própria vida. Para
alguns, pode parecer meio incestuoso que o Deus seja filho e amante da Deusa, mas é
preciso perceber p verdadeiro simbolismo do mito, pois do útero da Deusa todas as
coisas vieram, e, para ele, tudo retornará. E, se pensarmos bem, as mulheres sempre
foram mães de todos os homens, pelo seu poder de promover o renascimento
espiritual do ser amado e de toda a Humanidade. Quando discutirmos a Roda do Ano,
esses conceitos serão novamente explicados na parte dos rituais.
Mas o sentido profundo do simbolismo na Bruxaria só pode ser
verdadeiramente entendido através da meditação e do contato intuitivo com a energia
dos Deuses.
Instrumentos da
wicca
• O Caldeirão
• O Cálice
• O Punhal
• A Vassoura
• O Bastão ou a Varinha Mágica
• A Túnica
• O Pentagrama
• Outros Instrumentos - Também fazem parte da Wicca outros instrumentos
como o Sino para abrir e fechar rituais, Incensórios, Castiçais e outros objectos
opcionais. Muitos Covens tocam instrumentos musicais. Enfim, o melhor é
usar a imaginação para criar seus rituais.
A roda do ano
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Uma vez por mês, durante a Lua Cheia, nós também nos reunimos nos
chamados Esbbats. Esses encontros são usados para se discutir assuntos referentes ao
grupo, para a realização de feitiços e rituais extraordinários, bem como para estudos e
realização de exercícios de relaxamento, visualização, etc. Um Coven deve ser como
uma grande família, portanto, ele também pode se reunir para passear, viajara, ir ao
cinema, ao futebol, simplesmente para jogar conversa fora, ou para obras de melhoria
do nosso Planeta, como trabalho em favor da Ecologia, dos Animais, dos Direitos
Humanos ou de pessoas carentes.
A Roda do Ano - Representada pelos oito Sabbats, tem por objectivo sincronizar a
nossa energia com as Estações do Ano, ou seja, com os ciclos do Planeta terra e do
Universo. Ela descreve o caminho do Sol durante o ano, representando as várias fases
do Deus: seu nascimento, crescimento, união com a Deusa, e, finalmente, seu declínio
e morte. Da mesma forma que o Sol nasce e se põe todos os dias, e da mesma forma
que a primavera faz a Terra renascer após o Inverno, o Deus nos ensina que a Morte é
apenas um ponto no ciclo infinito de nossa evolução para podermos renascer do Útero
da Mãe.
Para algumas tradições da Wicca, o ano se inicia no Solstício de Inverno.
Outras consideram a noite do dia 31 de Outubro como início do ano. Essa data é
conhecida como Halloween ou Dia das Bruxas, mas seu nome tradicional é Samhain,
que significa "Sem Sol", referindo-se ao tempo de Inverno. Essa época também é
correspondente ao Ano Novo Judaico.
“Peladin peladin”?
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coração puro diante dos Deuses e dos nossos semelhantes, trabalhando muito bem
com nossos corpos. É impossível se trabalhar inibida pela nudez, o que tornará o ritual
totalmente improdutivo. Se esta for a situação, é melhor usar uma Túnica, mas, com o
tempo, é preciso superar esses bloqueios, pois eles são frutos de uma moral Judaico-
Cristã repressiva, sendo que a nudez deve ser encarada como algo natural.
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através de organizações de intercâmbio ou de livrarias e lojas do ramo. Apenas
conseguimos obter dados destas fontes respeitantes aos E.U.A. e Reino Unido.
Noutros casos recolhemos dados através de um inquérito elaborado por nós e
enviado a várias organizações e indivíduos da comunidade pagã e cujos resultados
utilizámos como estimativas ou indicadores gerais da implantação desses grupos. Em
muitos países, apenas sabemos da existência do movimento devido ao aparecimento
de livros e jornais pagãos, mas não nos foi possível a recolha de mais elementos.
Passamos assim a um breve resumo dos dados de que dispomos sobre a implantação
do Paganismo:
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diversas profissões liberais entre as pessoas atraídas pelo Paganismo. Esta tendência é
especialmente marcada em países com fraca implantação Pagã, tornando-se menos
evidente quando o movimento se alarga. Numa carta proveniente dum casal holandês
afirma-se que "...no princípio, o facto de se ter de saber inglês determinava o tipo de
pessoas que se envolviam na Arte." Com efeito, esta pode ser uma das explicações
possíveis para a nossa constatação anterior visto que a maioria da literatura disponível
sobre a Wicca é escrita em inglês, e é nos países de língua não-inglesa que a tendência
apontada é mais forte.
Parece que os Pagãos têm hábitos de leitura e interesse por várias
manifestações artísticas independentemente do seu grau de escolaridade, já que sendo
o Paganismo uma religião sem hierarquias nem mestres, é indispensável que cada
indivíduo, cada grupo, faça as suas investigações, as suas recolhas de mitos e rituais
que o ajudam a orientar o seu caminho. Também parecem ter interesse por
manifestações artísticas, tentando exprimir através delas a sua religiosidade,
construindo objectos rituais, compondo músicas, fazendo fotografia, etc. de modo a
(re)criar o seu mundo religioso e a respectiva simbologia.
Do ponto de vista político-social, verificámos que os Pagãos tendem a adaptar
posições pouco conservadoras. Por exemplo, nos E.U.A. nos anos 70 houve uma
aproximação entre a Wicca e movimentos feministas e ambientalistas inicialmente
mais virados para a acção política do que para a religião. Parece ter havido uma
adesão de indivíduos pertencentes a este quadrante político-social ao Paganismo,
provavelmente por considerarem ser esta uma outra via de oposição aos valores
tradicionais e porque a procura de novos valores sociais, de novas atitudes políticas
não lhes bastavam tendo necessidade de enquadrar esses novos valores num campo
mais vasto de uma nova cosmovisão. Pensamos que o carácter individualista desta
nova proposta religiosa, por não obrigar a normas e sentimentos religiosos rígidos,
dando liberdade de expressão a cada indivíduo, contribuiu para a sua divulgação.
"A antiga religião da Deusa oferece um poder de transformação que poderia
quebrar as barreiras espirituais e políticas entre o indivíduo e a sociedade".
Observações
finais
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membros, uma utilização da magia e ritual para conseguir diversos resultados
práticos, como por exemplo a cura de doenças.
Contudo existem diferenças. A primeira que se nota é uma quase completa
ausência de prositelismo. Não só os Pagãos não pretendem divulgar a sua religião
porta a porta, como de um modo geral, não dão evidências explícitas de pertencer a
este movimento. Esta atitude não se deve a uma intenção de secretismo, já que a
qualquer pessoa interessada pelo Paganismo são dadas uma série de informação sobre
rituais, grupos, publicações e actividades diversas. Parece-nos que os pagãos optam
por ter uma atitude discreta, pois pensam que a aproximação ao Paganismo deve
resultar de uma escolha individual ditada por interesses e necessidades interiores de
cada um. É filosofia adoptada nesta comunidade «se estás interessado, procura-nos, se
te sentes bem fica onde estás». Esta discrição também se deve à falta de aceitação, ao
medo e à desconfiança que a sociedade tem em relação aos Pagãos. Ainda há um
estigma que evoca sentimentos ambíguos quando nos referimos a Paganismo e
Bruxaria. Ainda temos reminescências dos tempos passados, em que as bruxas eram
queimadas e perseguidas.
Verificámos, no entanto, que existe cada vez maior número de organizações
Pagãs com o estatuto legal de Igrejas, lutando abertamente, e com bons resultados,
pelo reconhecimento público de que a Wicca em particular e o Paganismo em geral
são movimentos religiosos tão válidos com como qualquer outro.
Para compreender melhor esta aparente falta de empenhamento em granjear
novos adeptos, devemos ter presente a natureza da Wicca, as suas estruturas internas e
os interesses que movem os seus praticantes. Como temos visto, a Wicca é uma
religião sem um credo único e sem textos sagrados, baseada mais na ligação à
natureza e ao arquétipo da Deusa Mãe e nos sentimentos e inspirações pessoais dos
seus praticantes, do que em quaisquer textos ou ensinamentos. É assim uma religião
com um cunho marcadamente individualista. À excepção de algumas ocasiões
festivas em que se reúne um grande número de adeptos (geralmente de diversas
tradições) para confraternizar e celebrar conjuntamente determinados momentos
significativos como por exemplo, os Solestícios, os rituais são celebrados por
pequenos grupos independentes ou isoladamente. A quase totalidade das organizações
Pagãs existentes têm principalmente um papel de intercâmbio e apoio, não
pretendendo dirigir ou controlar os seus membros, que provavelmente não aceitariam
qualquer espécie de controle. As tentativas pontuais conhecidas, nesse sentido, não
deram resultado.
Dentro deste panorama, qualquer ideia de «conversão» ou «missionarismo» é
algo, entendido pelos Pagãos, como completamente alienígena. A Wicca é uma
religião sem convertidos, uma expressão compartilhada dum sentimento do Sagrado
que lhe é próprio, não se conformando com regras impostas do exterior, com regras
que não sejam decorrentes da vontade individual. Em virtude desta forte componente
individualista e da ausência de um conjunto de normas explícitas e vinculativas, não
existe hierarquia religiosa. Cada membro deve, assim, decidir, praticar e dirigir as
suas práticas e rituais.
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Bibliografia
Sites:
http://welcome.to/magia
http://www.terravista.pt/guincho/1915/wicca2
http://www.knight.hpg.ig.com.br/wicca.htm
http://www.madhava.jor.br/art_out_8.htm
http://www.magicka.hpg.ig.com.br/wicca.htm
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