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Muito bem, você veio ao lugar certo, mas antes de começar, vamos esclarecer algumas
coisas.
Não se aflija, porém, se você não tiver acesso a alguns dos equipamentos discutidos no
decorrer deste tutorial. De qualquer forma, é importante saber que eles existem e conhecer
as técnicas utilizadas nas grandes produções.
Por exemplo, você pode se ver, de repente, numa situação onde tal conhecimento seja
essencial. (você já preencheu algum formulário para seleção de estagiários ou funcionários,
onde se pede que os candidatos façam uma relação dos equipamentos e softwares, etc. com
os quais têm familiaridade?)
Cinegrafistas, escritores, diretores, produtores, e até mesmo atores, já comprovaram que ter
uma compreensão sólida das ferramentas e técnicas de todo o processo é fundamental para
o sucesso de suas produções (para não mencionar o de suas carreiras).
O principal responsável pelo programa é o produtor - o chefe dos chefes, como você irá
ver.
Algumas produções têm um produtor associado, que agenda as gravações, faz a escala do
elenco e equipe técnica e auxilia o produtor, durante toda a produção.
Em grandes produções, um dos primeiros trabalhos do produtor é contratar um roteirista
para escrever o roteiro (o documento que diz a todos o que fazer, o que dizer, etc.). O
roteiro é uma espécie
de plano de trabalho ou de planta baixa da produção.
Introdução à Produção de TV -
Parte 2
Após a gravação de todas as cenas, os editores pegam as fitas de vídeo gravadas, ordenam
os segmentos, adicionam músicas e efeitos de áudio e vídeo, para criar o produto final.
A importância da edição para o sucesso de uma produção é maior do que as pessoas podem
imaginar. Como veremos adiante, um editor pode levantar ou derrubar uma produção.
A Fase de Pré-Produção
Atingir o público-alvo.
Para que o seu programa tenha impacto, ele deve envolver a audiência, emocionalmente.
Este é o elemento-chave para o sucesso de
uma produção e nós voltaremos ao assunto,
oportunamente.
Uma vez que todos os elementos básicos estejam em seu lugar, os ensaios podem começar.
As locações onde serão gravados segmentos do programa devem ser inspecionadas, para se
determinar a posição dos atores ou apresentadores, os movimentos de câmera e o
equipamento de áudio e iluminação necessários para a gravação da cena.
Os recursos tecnológicos devem ser considerados como meios para se atingir um objetivo
maior: a comunicação efetiva de informação e idéias.
Esta linguagem que você está começando a estudar, pode ser usada para produzir
programas medíocres ...
...ou inspirar idéias que podem fazer a diferença e provocar mudanças positivas no
esquema global. (E nesta altura do campeonato você já deve ter notado que o mundo está
precisando urgentemente de pessoas com esta capacidade!)
Finalmente, leia este texto que conta a estória de como um país, com a ajuda da TV, foi
capaz de derrubar um ditador corrupto.
Muito bem, você já sabe quem faz o que, e tem uma visão global do
processo básico de produção. Neste módulo, vamos começar a detalhar o
processo.
Você pode ter uma idéia bem clara na sua cabeça sobre o que quer comunicar
no seu programa. Mas, a menos que você saiba explicá-la para as pessoas que
irão ajudá-lo a levantar a produção, a sua idéia irá continuar aí - na sua
cabeça.
O Argumento e a Pauta
Utilizar um tripé para apoiar a câmera pode fazer a grande diferença entre um vídeo com
aparência profissional e outro que grita TRABALHO DE AMADOR! Embora o tripé seja
mais um peso para carregar e exija uma certa paciência para o seu posicionamento correto,
os resultados compensam.
Um suporte mais simples do que o grande pedestal de stúdio mostrado acima é a dolly
desmontável na figura à direita. Elas são usadas em produções fora do estúdio.
Ao contrário dos elaborados pedestais de estúdio que podem deslizar no chão do estúdio --
mesmo com a câmera no ar -- as rodinhas nas doles pequenas tem como objetivo principal
facilitar o transporte da câmera entre as tomadas.
Grua
Um dispositivo que foi utilizado na última década foi a grua, que é essencialmente um
boom longo, fácil de manobrar ou uma máquina semelhante a um guindaste com uma
câmera na ponta.
A grua possibilita movimentos de câmera verticais do nível do chão até 9 metros ou mais.
Vamos ver mais sobre a utilização de gruas com amsi detalhes posteriormente.
Para trabalhos de câmera fora do estúdio existem suportes de mão que permitem uma
ampla mobilidade e tomadas bastante estáveis. O mais famoso deles é o Steadicam
utilizado com câmeras de cinema e câmeras de vídeo grandes. Além de ser caro, o
Steadicam é pesado e requer um operador experiente.
Para câmeras pequenas, tal como esta aqui existe o Steadicam Junior que possibilita
movimentos de câmera suaves por um custo e um peso muito menor do que a do seu irmão
maior. O visor independente possibilita que o Steadicam Junior se mantenha afastado do
corpo e evitar golpes indesejáveis.
Com um pouco de prática o operador pode caminhar, correr ou até subir escadas enquanto
mantem a câmera razoavelmente estável. Um bom exercício é caminhar com uma xícara
cheia de café na mão. Se você chegar ao ponto de ser capaz de se movimentar sem
derrubar o café, você provavelmente será capaz de fazer um bom trabalho com um
Steadicam Junior.
Balanço de Cor
No caso, o circuito do balanço de branco, quando faz a média de todas as fontes de luz e
cor na cena, supõe que o resultado é o branco ou cinza neutro (isto quer dizer, que a média
de todos as cores é equivalente ao cinza ou ao branco). As variações são compensadas pelo
circuito de balanço de cor.
Os problemas aparecem quando temos cores fortes ou dominantes na cena, ou (com
algumas câmeras) quando a câmera e o objeto são iluminados por fontes de luz diferentes.
Como já vimos, o vermelho, azul e verde devem estar presentes em proporções iguais para
criar o branco.
É relativamente fácil ajustar as cores (balanço do branco) em uma câmera profissional para
que esta registre as cores corretas.
Com a câmera focalizada sobre uma folha de papel totalmente branca, o operador de
câmera pressiona o botão de balanço de branco e os canais de cor da câmera se ajustam
automaticamente para produzir o branco "puro". É como se a câmera pudesse dizer: " Se
você diz que isto é branco, vou ajustar meus circuitos eletrônicos para que esta cor seja
branco."
O foco não é um fator crítico, mas a folha de papel deve ser colocada na posição do
personagem ou objeto central da cena iluminada e deve ocupar todo o quadro do visor da
câmera. Este processo é conhecido como
bater o branco
Enganando a câmera
Embora seja possível corrigir eletronicamente o balanço de branco (até um certo grau) na
fase de pós-produção,. Como o balanço de cor envolve a interrelação das três cores, nem
sempre é possível ajustar uma das cores sem afetar as demais.
As câmeras profissionais também têm ajustes para o nível de preto ou balanço de preto.
Para realizar este ajuste temos de colocar a tampa na lente (para que não entre nenhuma
luz) e permitir que o circuito automático realize o balanceamento adequado das três cores
para conseguir o nível de preto correto.
Balanceando as Cores de
Múltiplas Câmeras de Estúdio
Fazer o ajuste de cor de uma única câmera é relativamente fácil. O problema aparece
quando temos que combinar as cores de várias câmeras de um estúdio.
Se o ajuste estiver incorreto quando cortarmos, de uma câmera para outra, as imagens
apresentarão variações indesejáveis na cor, brilho, contraste ou definição .
Para verificar os resultados focalizamos todas as câmeras numa mesma cena e cortamos
rapidamente de uma câmera para outra enquanto observamos a imagem em um monitor de
vídeo de alta qualidade.
Para simular tons de pele podemos utilizar como parte da cena um manequim, uma foto
grande e colorida, ou uma pessoa "ao vivo e à cores"(que disponha de muito tempo e
paciência). Você deve ser bastante exigente quanto a conseguir tonalidades de pele
idênticas entre as várias câmeras.
Os ajustes das câmeras de estúdio são controlados pela CCU, ou camera control unit.
Alguns estúdios utilizam um CCU mestre
capaz de controlar todas as câmeras
sucessivamente.
Ficando mais técnico, alguns CCUs possuem também um controle de H-phase (fase
horizontal) que causa um atraso (delay) no vídeo de uma câmera de forma que esta se
ajuste ao timing das outras câmeras. Se este ajuste estiver incorreto você irá ver um pulo na
imagem para a direita ou para a esquerda, quando cortar de uma câmera para a outra.
Dito isto, o melhor é deixar estes ajustes para um engenheiro de vídeo experiente - a menos
, é claro, que você faça disto a sua profissão.
Apesar de ser fácil notar discrepâncias entre as cores de câmeras diferentes, a percepção da
cor é subjetiva. Ao julgar a cor, o olho humano pode ser facilmente enganado. Para
esclarecer esta questão precisamos estudar os dois tipos principais de iluminação: a luz do
sol e a luz incandescente.
A luz do sol contém uma mistura de luzes de todas as cores. A cor da luz é medida em
graus Kelvin (K). Na escala Kelvin quanto mais baixa a temperatura de cor, mais
avermelhada é a luz, quanto mais alta a temperatura, mais azulada.
Comparada com a luz do sol, que tem uma temperatura de cor de aproximadamente
5.500°K, a luz de uma lâmpada incandescente normal de 100 watts tem uma temperatura
de cor de 2800° K. O padrão das lâmpadas para a produção de
campo em vídeo é de 3200° K. (A temperatura de cor da luz será
discutida em detalhes no capítulo sobre iluminação.)
No entanto, cientificamente falando, o papel agora reflete muito mais luz amarela. Uma luz
amarela (3.200°K) que cai sobre um objeto branco cria um objeto amarelo. Mas sabendo
que o papel é branco, a sua mente diz, "Eu sei que o papel é branco." Assim, (graças à
consistência aproximada de cor), você mental e inconscientemente irá fazer o ajuste do
balanço de cor interno para perceber o papel como branco.
Desta maneira somos capazes de ajustar mentalmente todas as outras cores para percebê-
las na perspectiva apropriada.
Apesar de fazermos correções de cor para ver ao redor "cenas do mundo real", não
tendemos a fazer o mesmo quando vemos televisão ou fotos em cores. Neste caso
geralmente temos um padrão de cor em nossa visão (luz do sol, uma fonte de iluminação
artificial, ou qualquer outra), que influencia a nossa percepção.
Sabendo que a percepção de cor humana é bastante subjetiva, é crucial que possamos
confiar em alguma medida científica objetiva ou a normas padrão para que o equipamento
de vídeo possa ser balanceado de maneira precisa e consistente. O instrumento de medição,
de que já falamos anteriormente é o vectorscópio.
Cor Legal vs. Cor Real
Os espectadores preferem ver tons de pele bronzeados, assim como campos mais verdes, e
o céu mais azul. Sob o ponto de vista do vectorscópio, esta preferência não significa que os
matizes sejam imprecisos, porém "mais fortes" e mais saturados.
Velocidade obturador : "normal" 1/100 1/250 1/500 1/1,000 1/2,000 1/4,000 1/8,000 1/10,000
f-stop:
correspondente: 16 11 8 5.6 4.0 2.8 2.0 1.4 1.2
Para ver o efeito das várias velocidades do obturador com relação a "parar a
ação", compare a seguinte seqüência de fotos. A primeira foi gravada com
1/30 de segundo, a segunda a 1/100 de segundo, a terceira a 1/500 de segundo
e a foto final a 1/1000 de segundo.
E para finalizar, quando estiver gravando com iluminação fosforescente é
recomendável manter a velocidade "normal" do obturador: 1/60. A utilização
de uma velocidade mais alta geralmente produz batimento na imagem já que o
intervalo de exposição do CCD da câmera interage com o piscar das luzes
fosforescentes..
Composição:
Arrumando a Cena
Nós poderíamos fazer uma analogia aqui com shows musicais. Muitos
músicos são capazes de "tocar bem". Mas se a apresentação não tem emoção,
nós podemos sentir que alguma coisa está faltando, especialmente se temos a
oportunidade de ouvir alguém tocar a mesma melodia "com alma".
Quando a grande maioria desrespeita as regras é porque não são " educados
visualmente". Os resultados falam em alto e bom som: um trabalho fraco,
confuso e que parece amador.
Elementos de Composição:
Parte I
1.Estabeleça seus objetivos com clareza e seja coerente com eles durante toda
a produção. Seus objetivos podem variar entre produzir um tratado sobre
iluminação espiritual ou apenas criar uma experiência de puro escapismo.
Ninguém começa a escrever uma frase sem ter idéia do que quer dizer. As
frases visuais não são diferentes. Os bons escritores, produtores, diretores e
editores devem saber o objetivo de cada tomada do programa.
Assim, antes de começar a gravar, duas coisas devem estar claras na sua
mente:
"Eu não pude resistir; era uma cena tão bonita" não justifica a inclusão de
uma tomada que não tenha nada a ver com a obra... não importando a beleza
ou outra característica interessante.
Devagar = Chato
E falando em ritmo, devemos lembrar que "devagar" é normalmente associado a "chato" -- uma boa
razão para mudar de canal e procurar alguma coisa mais interessante. Com tantos canais para
escolher, a competição pela audiência é enorme.
Se a informação é apresentada num ritmo arrastado ou se está num nível bem abaixo do conhecimento
do público, o programa será percebido como chato. Se a informação é apresentada depressa demais ou
de uma maneira muito abstrata, a audiência ficará confusa e frustrada. Em ambos os casos é provável
que você perca o seu público para outros canais.
A velocidade com que as idéias são apresentadas nos programas tem aumentado dramaticamente nos
últimos anos. Podemos ver isto nos filmes e novelas mais antigas. Compare uma novela ou mini-série
de cinco anos atrás com uma atual. Para poder competir (isto é, manter a audiência) as produções
dramáticas hoje apresentam locações exóticas, cortes rápidos, viradas emocionais mais freqüentes e de
maior impacto, storylines mais ricas e dinâmicas, e...
Os autores de romances costumavam escrever muitas páginas elaboradas para estabelecer o clima de
uma cena. Os leitores de hoje são mais impacientes e provavelmente diriam "OK. Mas diga logo onde
você quer chegar!"
Como professor universitário que ensina Produção de TV há algumas décadas, posso afirmar que a
maioria dos projetos de meus alunos são muito longos. As tomadas permanecem na tela por muito
tempo depois de ter dado a sua mensagem. Na realidade, um bom editor poderia cortar a duração
destes vídeos ou programas pela metade...e torná-los mais efetivos e interessantes no processo.
"Mas," a pergunta que sempre é feita "um bom programa não é sempre bom independente da sua
época ?"
Por exemplo, para os não-iniciados, a maioria dos filmes clássicos, que fizeram a História do Cinema,
são considerados chatos. A maioria tem um ritmo muito lento para prender a atenção do público de
hoje.
Citizen Kane considerado por muitos historiadores como o maior filme americano -- e em termos
técnicos, muito à frente do seu tempo, na época em que foi produzido -- dificilmente prende a atenção
do espectador médio.
Os roteiristas de TV costumavam desenvolver apenas uma idéia dramática (plot) para uma novela.
Hoje, para manter a audiência, os programas dramáticos feitos para a TV consistem de vários plotse
subplots interligados.
Q uando tentamos descrever estados emocionais temos a maior dificuldade para determinar o que é
relevante. Cenas que aparentemente não tem nenhuma relação -- pessoas presas em engarrafamentos,
filas de pessoas passando por uma roleta, tomadas de um grande número de pessoas subindo em
escadas rolantes -- podem ser importantes para estabelecer o estado de agitação interior de um
personagem tentando suportar a vida em uma cidade grande.
Porém uma tomada com "uma linda garotinha com um laço vermelho na cabeça" (que você não
conseguiu deixar de incluir) não apenas intrigaria a sua audiência à respeito do papel da menina, mas
iria provavelmente induzir a audiência a acreditar erroneamente que existe uma relação entre a
menina e o personagem principal da história.
Como espectadores assumimos que cada tomada, gesto ou palavra em um diálogo de um programa de
TV está lá para construir ou reforçar a idéia central.
Em busca da Unidade
Estas decisões, irão criar um clima ou visual que irão dar ao seu programa um sentido de unidade.
3. A terceira regra se aplica a cenas individuais: Construa a composição em torno de um único centro
de interesse.
Antes de gravar uma cena, questione qual o elemento da tomada que comunica a sua idéia básica.
Começando pelo mais óbvio, pode ser a pessoa que está falando. Ou pode ser algo mais sutil e
simbólico. Seja o que for, os elementos secundários dentro da cena devem apoiar e não tirar a atenção
da audiência sobre o elemento principal.
Centros de interesse múltiplos podem funcionar bem em circos com três picadeiros, onde os
espectadores podem mudar o foco de sua atenção de um centro de interesse para outro. Mas, centros
de interesse que competem dentro de um único quadro visual, dividem e confudem o significado.
U ma frase bem escrita deve ser construída em torno de de uma idéia central e dispensar qualquer
elemento que não apoie, explique ou que de alguma maneira adicione ao sentido daquela sentença.
Considere esta frase "Homem falando ao telefone, estranhas pinturas na parede, um cabide de casacos
atrás da cabeça dele, aparadores de livros interessantes na mesa, som de motocicleta passando, mulher
passa ao fundo..."
Embora nós possamos achá-la engraçada, alguns videomakers criam frases visuais como essas que
incluem elementos confusos e sem relação.
N ão estamos sugerindo que você elimine tudo que
não seja o centro de interesse, apenas o que de alguma
maneira não apoie a idéia central que se pretende
apresentar.
Lembre-se que o espectador tem um tempo limitado -- geralmente apenas alguns segundos -- para
compreender o conteúdo e o significado da tomada. Se algo não ficar claro antes da tomada mudar, o
espectador irá perder o significado da cena. (Lembre-se que uma das definições de "diretor" é alguém
que "dirige a atenção". )
Lembre-se também que os olhos vêem seletivamente e em três dimensões. O olhar tende a excluir o
que não é relevante no momento. Mas a câmera de TV não vê da mesma maneira, da mesma forma
que um microfone não é capaz de ouvir seletivamente e grava todos os ruídos do ambiente.
P arte do "visual do cinema" que tanta gente gosta vem do uso do foco seletivo (de que falamos em
um módulo anterior) .
Os primeiros filmes (celulóide) não eram muito sensíveis à luz e as lentes tinham de ser usadas com
aberturas (f-stops) relativamente altas para conseguir uma
exposição adequada. Isto em parte era positivo, pois os cineastas
tinham de focalizar o elemento principal de cada tomada
(e tirar de foco os elementos secundários à frente e atrás) levando
as audiência imediatamente ao centro de interesse da cena sem
nenhuma distração.
Para usar o controle criativo inerente ao foco seletivo, devemos exercer o controle sobre a velocidade
(high speed shutter), filtros de densidade neutra ou sobre a iluminação da cena.
O olho é atraído para as áreas mais brilhantes de uma cena. Isto quer dizer que o uso cuidadoso da
iluminação pode ser uma ferramenta de composição neste caso para
enfatizar importantes elementos cênicos e para desenfatizar outros.
Como será discutido nos próximos módulos sobre iluminação, barn doors
são freqüentemente usadas com lâmpadas no estúdio para diminuir a
importância dos elementos em uma cena tornando-os um pouco mais
escuros. Nós veremos mais exemplos deste tipo nos módulos referentes à
iluminação.
O movimento também pode ser usado para mudar o foco de atenção. Embora nosso olho possa estar
fixo no centro de interesse da cena, ele será atraído pelo movimento numa área secundária da
imagem. Alguém entrando em cena é um bom exemplo.
Como já notamos em um módulo anterior, nós podemos forçar a audiência a mudar a atenção usando a
técnica de rack focus, mudando o foco da lente de um objeto para o outro.
Fotógrafos de fim de semana tipicamente também se esforçam para colocar as linhas horizontais
centralizadas perfeitamente no meio do quadro. Isto também enfraquece a composição dividindo o
quadro em duas metades iguais.
De acordo com a regra dos terços as linhas horizontais devem estar ou no terço de cima ou no terço
debaixo do quadro. Da mesma maneira as linhas verticais não devem dividir o quadro em duas partes
iguais. Da regra dos terços nós podemos concluir que geralmente o melhor lugar para se colocar uma
linha vertical dominante é ou no primeiro terço ou a dois terços do quadro.
É geralmente uma boa idéia quebrar ou interceptar linhas dominantes, contínuas com algum elemento
cênico. De outra maneira a cena pode parecer dividida.
Um horizonte pode ser quebrado por um objeto no primeiro plano (na frente do quadro). Isto
geralmente pode ser feito simplesmente movendo-se a câmera.
Uma linha vertical pode ser interrompida por alguma coisa tão
simples quanto um galho de árvore.
O texto complementar sugerido para este módulo se refere a um assunto social importante: Produção
de TV e violência.
.
Composição:
Parte II
Equilíbrio de Massas
6. A sexta regra tem a ver com este fato: equilíbrio das massas.
Da mesma forma que uma sala pareceria sem equilíbrio se os móveis estivessem
empilhados de um dos lados, uma cena deve estar equilibrada para ser agradável
esteticamente.
Independente do peso físico real, objetos grandes em uma cena parecem mais pesados
do que objetos pequenos. Observando os elementos de uma cena você irá aprender a
ver o
"peso psicológico."
7. A sétima regra para uma composição efetiva é: use uma combinação de elementos
cênicos para criar um significado.
Muitas pessoas estão familiarizados com um teste feito por psiquiatras que consiste em
uma série de manchas de tintas. O médico apresenta uma coleção de de formas "sem
significado" e o paciente interpreta estas imagens abstratas projetando nelas
significados de acordo com seus pensamentos e experiências. (" Isto parece um pai
espancando o filho" ou "uma escola sendo destruída por um buldogue" )
Enquanto o diretor de uma produção dramática deve ser um mestre em criar ilusões e
prever respostas emocionais, o trabalho dos jornalistas da TV e documentaristas é
mostrar as coisas claramente como elas são e deixar que os eventos e fatos falem por si.
O que não elimina a busca de caminhos novos e criativos de apresentar temas e
assuntos. Freqüentemente, a única maneira fazer uma audiência acordar e tomar
consciência do significado de um fato familiar é apresentá-lo de uma maneira
inteiramente nova.
O Concreto e o Abstrato
A frase " muito na cara" ("too much on the nose" ) é utilizada entre os roteiristas de
cinema para dizer que os diálogos do roteiro ou tomadas foram longe demais " em dizer
tudo".
É possível ter as duas coisas? Sim, algumas vezes. Os filmes e programas deTV são
projetados para conter níveis de significados múltiplos.
Os filmes da Disney, tais como Aladim e Rei Leão são bons exemplos. Enquanto as
crianças estão entretidas com os personagens animados e com a história, os adultos se
deliciam com um humor mais sofisticado. Isto, torna mais fácil para os adultos
assistirem aos filmes " de criança" -- e faz com que da próxima vez eles levem as
crianças ao cinema.
9. A nona regra para uma composição efetiva é: emoldure o sujeito ou objeto central.
10. A décima regra é: use o efeito da perspectiva visual para destacar ou apoiar a
idéia básica da cena.
Parte III
As preferências de cor variam com a idade, sexo e raça. Também sabemos que
as pessoas preferem as cores "em seus devidos lugares". Os tons do magenta
ao vermelho podem ser populares -- até serem colocadas num cenário de
cozinha. Um tom de verde pode ser bastante atraente até ser associada com as
paredes de um hospital.
A combinação de cores também afeta bastante nossas preferências. Quando
usamos uma cor perto da sua cor complementar a probabilidade desta
combinação ser agradável aumenta, desde que a cor complementar seja menos
saturada e menos intensa do que a cor original.
Evite Confusões
Confusão Tonal
Confusão Dimensional
Confusão de Bordas
Uma tomada de uma pessoa que corta os joelhos parece estranha. A mesma
coisa acontece quando cortamos as mãos e os pés. Uma tomada de uma
mulher com um vestido sem alça que corta logo acima do decote irá dar a
ilusão de que a mulher está sem roupa.
Um Plano Médio de uma banana contra um fundo cinza irá provavelmente ser
uma experiência visual bastante pobre. Se adicionarmos algumas maçãs,
uvas e uma fruteira, teremos uma imagem bem mais interessante (com a
banana se destacando entre as cores mais escuras).
Utilize o Significado
Sugerido pelo Movimento
Iluminação em televisão
CONCEITOS
O olho humano tem uma capacidade impressionante de enxergar uma gama bastante extensa. A câmera de
televisão não pode se aproximar do alcance imenso do olho humano. Em produção de televisão, o iluminador
tem de trabalhar dentro das limitações da câmera.
A iluminação para televisão é diferente da iluminação em teatro, fotografia e cinema. No teatro, nossos olhos
São a referência, eles é que captam as imagens, e com isso conseguimos ver profundidade e enormes nuanças
de luz. Infelizmente, a televisão tem somente duas dimensões. A percepção da profundidade terá de ser criada
através de técnicas próprias de iluminação.
Como já vimos, olho humano pode enxergar mais de 800 níveis de iluminação diferentes, enquanto que a
Câmera de televisão está limitada entre 25 e 30. O filme pode trabalhar até 100 níveis diferentes de iluminação.
Isto significa que nós temos de limitar a relação de contraste em mais ou menos 20 a 1 em televisão. Para que
possamos ver todas as partes de uma cena, o brilho de um objeto não pode estar 20 vezes mais brilhante do
que o objeto mais escuro em uma cena.
Provavelmente, o mais importante aspecto da iluminação em televisão, em programas que não sejam em
linha de show, é que a iluminação deverá parecer o mais natural possível. O telespectador deverá ter uma
sensação muito especial que não há iluminação alguma, exceto a luz natural que deveria ser usada na cena,
como se fosse uma situação da vida real, ao invés de uma cena de televisão.
Naturalmente, quando se trata de uma produção musical, normalmente, vários tipos de iluminação, ou seja
refletores, são usados. Isto inclui canhões usados em iluminação para efeitos especiais, ou iluminação de
laser etc. Em muitos casos, a produção chega a parecer um show de iluminação. Esta é a única ocasião em
que a iluminação poderá ser a principal atração de uma produção.
A sensibilidade das câmeras é determinada em foot-candles ou lux. Essas medidas são padrões estabelecidos
da seguinte forma: foot-candles é o nível de iluminação que existe numa área com dimensão de 1 pé (0,303
metros) quadrado, banhado com o branco de óxido de magnésio, e iluminado por uma candela (fonte de luz
padrão em física) a distância de 1 pé da superfície; lux é uma variação do foot-candle só que é a medida de
uma candela no centro de uma circunferência, também branca com raio de 1 metro. Nosso olhos podem
enxergar com menos de um foot-candle (10,70 lux) até as maiores condições exteriores de iluminação (10.000
a 15.000 foot-candles - 107,600 a 161,400 lux).
Há várias maneiras de medir o nível de iluminação. Provavelmente, o método mais comum é a leitura do nível
de iluminação incidente. Este tipo de medidor, cujo nome é fotômetro, é dirigido para o objeto iluminado,
medindo sua quantidade de luz. Ele é útil para se fazer um ajuste dos níveis de luz básico e relação de
iluminação entre os diferentes tipos de iluminação.
É importante lembrar que o objeto técnico mais importante da iluminação é a luz refletida do objeto e não a
quantidade de luz que está incidindo sobre o objeto, isto permite ao iluminador estabelecer uma referência
de preto e uma referência de branco. Isto é feito, simplesmente, determinando as cores que refletem no objeto
menos iluminado (referência preto) e o objeto mais iluminado (referência branco). Um objeto totalmente negro
não irá refletir nada e terá uma reflexão de zero porcento. Um objeto branco irá refletir toda a luz, que significa
uma reflexão de cem porcento. Normalmente, a televisão em cores não deve ter uma referência de branco
de mais de 60 porcento ou uma referência de negro de menos de 3 porcento. Isto estará então, dentro da
relação de contraste 20 para 1 como já foi mencionado.
Ninguém se preocupava com a temperatura de cor nos dias da televisão em preto e branco. Quando a cor foi
introduzida, todos se cientificaram do problema e então, o ponto de referência de 3.200 Kelvin tornou-se
padrão.
No princípio, a iluminação a quartzo era muito mais barata e o compromisso de eficiência com a vida da
lâmpada a 3.200 Kelvin era muito bom. As lâmpadas foram aumentando de preço até o ponto de que parte
da iluminação de estúdio teve de ser usada como itens de reposição para a parte ativa do estúdio. Hoje,
muitos estúdios operam a 3.000K e até 2.900K, a disponibilidade de lâmpada a esta temperatura de cor é
muito limitada. Em conseqüência, os estúdios usam seus sistemas de dimmers a fim de limitar a tensão de
saída para conseguir a temperatura de cor desejada.
De uma forma mais objetiva, a maioria dos estúdios irá então usar sua iluminação, basicamente, em pontos
ou rostos para a temperatura de cor desejada e atenuar todo o restante sem restrições. Naturalmente,
a medida que a iluminação é atenuada, a temperatura de cor muda. Se as câmeras forem ajustadas para
3.000K, uma variação de 200, a mais ou a menos, não irá mostrar mudança de cor. Somente o nível de
Iluminação irá mudar.
A única referência que o telespectador possui para ajustar o matiz no receptor é ou através da cor de pele
das pessoas ou através das cores facilmente identificáveis de produtos comerciais. É importante reproduzir
essas cores tão precisamente quanto possível. Assim é importante iluminar todos os pontos de um cenário
envolvido em uma produção, o mais naturalmente possível.
Se um ator move-se de uma parte do cenário para outra, sua face deverá ser iluminada o mais natural possível.
Evidentemente, as diferenças entre os diversos cenários serão obtidas com os diferentes fundos e ajustes
de iluminação.
Muitas vezes, nós nos vemos tão envolvidos em medir níveis de iluminação e temperatura de cor que nos
esquecemos do ponto mais importante para iluminação de televisão. Este ponto é que nós temos de nos
orientar pelo monitor na sala de controle, de uma forma estética bem como para atender as necessidades
técnicas. Você pode ter sido preciso nos vários métodos de medida, mas o critério real é se a imagem parece
boa ou não. Em outras palavras, será que ela parece da maneira que você gostaria que ela parecesse?
De um modo geral, a iluminação de televisão, cinema e fotografia é semelhante. Existem diferentes relações
de contrastes envolvidas, mas os objetivos são os mesmos.
ILUMINAÇÃO BÁSICA
A imagem em televisão é bi-dimensional e nós temos de criar a sensação de profundidade. Abaixo, as luzes
e seus nomes, que criam a sensação de volume e profundidade:
Luz Principal, Chave ou Key Light - esta é a principal fonte de luz da iluminação. É similar ao sol
quando ilumina um lugar, ou lustre em uma sala, posto que coloca a maior parte da iluminação no
Contraluz ou Back Light - esta luz ilumina o objeto de trás com acentuação de iluminação na
cabeça e ombros. Este é um método primário de se obter profundidade em uma imagem.
Luz de Cenário, de Ciclorama ou Set Light - esta luz ilumina o fundo do cenário. Gelatinas
coloridas são normalmente usadas de modo a colorir o fundo.
A maneira mais segura de determinar se há suficiente contraste de brilho em sua cena, isto é, se o esquema
de cores está compatível, é observar a cena em um monitor preto e branco. Se a imagem parecer contrastante,
suas cores são compatíveis. Se ela parecer lavada, faltando contrastes apropriados, as suas cores não
são compatíveis.
ILUMINAÇÃO BÁSICA 3
Os esquemas que acabamos de observar são simples, úteis e servem como base, pois sabemos
que cada situação requer cuidado próprio. Sempre utilize as luzes principal, secundária e contraluz,
Programas de Ilustração
Nas mãos de um artista, estes programas, hoje, podem ser utilizados para produzir desde
arte abstrata até ilustrações com realismo fotográfico. Os programas gráficos se tornaram
tão sofisticados que podem até mesmo simular as pinceladas de artistas famosos como
Monet e Van Gogh.
Processadores de Imagem
Editores de imagem como o popular Adobe Photoshop, podem simular todos os efeitos
conseguidos em um laboratório fotográfico, incluindo o clareamento e escurecimento de
partes da imagem, alteração do contraste, mudanças no equilíbrio de cores, inversão da
polaridade (escala tonal) e combinação de várias imagens em uma.
Além disso, pode-se conseguir efeitos que vão além do que se pode em um laboratório
fotográfico, tais como aumento da definição, efeitos de aerógrafo e aplicação de vários
filtros de manipulação da imagem (incluindo todos os efeitos de uma mesa de efeitos
especiais de vídeo). Programas como o Photoshop permitem a combinação de materiais
em camadas que podem ser combinadas de diferentes maneiras.
Programas de Modelagem
e Animação em 3D
O filme Titanic, contêm muitas cenas criadas digitalmente e é um bom exemplo de onde
este tipo de programa pode chegar para simular a realidade.
Uma vez criados os elementos básicos de uma cena (modelados) na tela do computador,
tanto a câmera (perspectiva da audiência) quanto as luzes (ou a iluminação aparente da
cena) podem ser manipuladas para conseguir os efeitos desejados. Pode-se simular
iluminação forte e suave sobre os objetos de qualquer direção na cena.
Ao contrário dos objetos bidimensionais (como a maioria das imagens no seu computador,
os objetos em 3D são formas completas (na memória do computador) e podem ser
rotacionadas em até 360 graus. (Observe o exemplo acima). O que é similar a imagens de
VRML (Realidade Virtual) na Internet e em alguns
videogames.
Para criar imagens tridimensionais, a primeira coisa que se constrói é um esqueleto (wire-
frame). Este esqueleto então é recoberto e preenchido com a ajuda de um programa.
Superfícies, texturas, cores, ângulos de câmera (observador), distância focal simulada,
iluminação e inúmeras outras variáveis podem ser programadas.
Para maiores informações sobre gráficos eletrônicos e outros assuntos tratados neste
módulo clique aqui.
Nos últimos anos os gráficos gerados por computador entraram em um novo terreno: a
criação de cenários simulados para atores e apresentadores. O que ficou conhecido como
cenários de realidade virtual.
Observe as três ilustrações acima. Um modelo em um estúdio (com fundo azul ou verde)
se combina com uma foto de uma praia (ou até uma cena de praia gerada por computador)
para criar uma composição realista na foto à direita.
Continuidade
Edição
Pudovkin fez esta declaração há mais de 80 anos, e desde então, a edição de filmes e vídeo
se tornou ainda mais importante.
Nos próximos módulos iremos explorar as várias dimensões deste tópico. Vamos começar
falando de continuidade.
A seqüência 1-2-3, sugere que as pessoas estão saindo do carro, segundos antes, deste
explodir.
Em 2-3-1, as pessoas saltam do carro depois que um incêndio provoca uma explosão.
Se mudamos para 2-1-3, irá parecer que as pessoas, fugindo de um incêndio, conseguem
escapar da explosão.
Imagine o que um editor pode fazer com as centenas de cenas e takes - normal em
produções dramáticas - que lhe chegam às mãos. O editor tem um tremendo controle sobre
a continuidade e a mensagem de um programa.
Contrariando a Continuidade
Porquê? Não sabemos. Onde está o take da pessoa ou criatura que acabou de entrar? O que
acontece se não cortamos para este take tão esperado? A audiência é deixada em suspense
e pode ficar mais curiosa e apreensiva - ou ressentida e frustrada.
A menos que você queira deixar a audiência confusa, momentaneamente, para criar um
efeito dramático, tenha sempre em mente o que você pensa que a sua audiência espera ver,
a cada momento, e só quebre esta regra para intensificar o momento dramático. Você verá
que fazendo isto, grande parte da EDL - edit decision list (lista de decisões de edição) irá se
escrever por si.
Em produções dramáticas, existe mais espaço para a criatividade. Neste tipo de produção,
muitas vezes, é desejável deixar algumas coisas em aberto, para dar margem à
interpretação pessoal.
Manipulando o Tempo
E m produções de vídeo e filme, a manipulação do tempo é uma rotina. O tempo pode ser
expandido ou condensado.
Por exemplo, digamos que queremos contar a estória de uma mulher que tem um encontro
importante. Poderíamos observá-la se preparando: escolhendo a roupa, tomando banho,
secando os cabelos, se maquiando, se vestindo, se olhando no espelho, dando os últimos
retoques, pegando o carro e dirigindo para o local do encontro. Em tempo real, esta cena
poderia durar pelo menos 90 minutos - o tempo de um longa metragem - e ainda nem
chegamos à parte mais interessante do filme: o encontro!
A preparação para o encontro - que durou 90 minutos - poderia ser mostrada em apenas 20
segundos :
Expandindo o Tempo
O famoso diretor Alfred Hitchcock, (Psicose, etc.) nos dá um ótimo exemplo. Uma cena
mostra um grupo de pessoas alegres numa festa, que terminará com a explosão de uma
bomba relógio, escondida debaixo da mesa de jantar. A versão em tempo real, mostraria:
Mas, Hitchcock, um mestre do gênero, sabia que a atmosfera de suspense jamais seria
alcançada desse jeito.
Esta última versão da cena tem um impacto emocional muito maior na audiência.
Causa e Efeito
Um exemplo simples: em uma produção dramática, seria muito estranho mostrar alguém
atendendo o telefone, sem que este tenha tocado. O telefone tocando demanda uma
resposta... alguém atende.
Por outro lado, um filme policial, poderia começar mostrando o cadáver de uma mulher no
chão da sala, mas deixaria para revelar quem a matou e porque o fez - 90 minutos depois -
no final do filme. Neste caso, o efeito precede a causa.
Algumas vezes, podemos omitir as prováveis causas e deixar as suposições por conta da
audiência. Por exemplo, se vemos um take de alguém
bêbado (efeito), podemos assumir com segurança que
esta pessoa bebeu demais. (causa).
Motivação
S ob motivação, podemos assumir qualquer uma das razões de sempre: dinheiro, ciúmes e
vingança.
Mostrar que o motivo foi vingança não é o bastante, numa produção bem planejada. A
vingança tem de ter uma causa.
Agora, podemos entender. Nos foram mostrados o efeito, a causa e a motivação. Tudo faz
sentido.
O editor deve perceber a dinâmica dessas relações de causa e efeito, para poder manipulá-
las com habilidade. Deve também entender um pouco de Psicologia, de forma a retratar
fatos e sentimentos, realisticamente. E, com frequência, saber que não deve revelar
respostas tão rapidamente. Em filmes de mistério, por exemplo, uma das grandes diversões
da platéia está em tentar adivinhar, quem foi o autor do crime e o porquê.
Técnicas de Continuidade
Inserts
Insert é um plano de detalhe (close up) de qualquer coisa que exista dentro de uma cena,
mostrada no plano de conjunto (establishing shot).
Os inserts mostram informações que não seriam claras ou visíveis de imediato. Por
exemplo, no caso da nota de 100 dólares, um Close up da cédula seria um insert.
Cut aways
Ao contrário dos inserts, que mostram detalhes significativos da cena global magnificados
em close ups, cut aways desviam a atenção da ação principal, para imagens relacionadas.
Aqui, cortamos de um homem descendo as escada de uma mina, para outro já no andar
inferior.
Durante uma procissão, podemos cortar da imagem do santo homenageado, para imagens
de pessoas assistindo ao evento de uma janela ou para um bebê que dorme tranqüilo, no
meio da multidão.
Edição Relacional
H á muitos anos atrás, dois cineastas russos - Pudovkin e Kuleshov fizeram uma
experiência, na qual intercalaram cut aways de cenas diferentes com o rosto de um homem
imóvel e sem expressão. Eles editaram 3 seqüências:
Sequência 2 : rosto do ator/ o cadáver de uma mulher dentro de um caixão / rosto do ator.
Na edição relacional, imagens que por si só, não teriam nenhum tipo de ligação, ganham
um novo sentido, quando justapostas durante a edição.
V oltemos à cena da mulher aparentemente assassinada pelo marido. O que aconteceria se
colocássemos um take desta mulher retirando uma grande soma de dinheiro de dentro de
um cofre, antes de apresentá-la morta no chão da sala?
Edição Temática
A edição temática envolve cortes rápidos, de takes não relacionados, montados numa
seqüência impressionista, cujo objetivo é o de comunicar sentimentos ou experiências. Este
tipo de edição é muito usado em videoclips, comerciais e trailers de filmes. A intenção não
é delinear a story line, mas simplesmente, comunicar uma atmosfera - ação, perigo, etc .
Ação Paralela
O s primeiros filmes de ficção contavam apenas uma estória - com o herói presente em
todas as cenas. Esta estrutura simplista, hoje em dia, arrancaria bocejos da platéia. As
novelas, seriados e mesmo os documentários modernos apresentam várias estórias ou
situações que acontecem simultaneamente. Isto é chamado de ação paralela (parallel
action).
Durante a edição, quando cortamos e juntamos os segmentos das múltiplas story lines
chamamos de parallel cutting .
Quando isto acontece, dizemos que é um jump cut - um pulo no conteúdo ou na ação,
esteticamente brusco, confuso e desconfortável.
Todos esses problemas têm origem na fase de gravação de programas produzidos com
apenas uma câmera, onde takes de uma mesma cena são gravados em dias diferentes.
Seria ótimo se estas descontinuidades fossem percebidas à tempo, para que as cenas
fossem prontamente, refeitas. Desta maneira, não teríamos que fazer remendos na hora da
edição. Mas, felizmente, existem soluções para evitar gastos extras de tempo e dinheiro
com a regravação de cenas.
Voltemos à cena da mulher que se arruma para o grande encontro. Ela desliga o telefone na
cozinha, caminha apressadamente - da esquerda para a direita - e sai pela porta, à direita do
quadro.
Na cena seguinte (gravada horas ou até dias, mais tarde) ela entra em quadro pela direita e
vai para o chuveiro, se movendo - da direita para a esquerda. Esta mudança na direção da
cena nos faria pensar (e à audiência), que ao sair da cozinha, a mulher deu meia volta e
caminhou na direção oposta para chegar ao banheiro.
Para resolver este problema de continuidade específico, poderíamos, por exemplo, gravar
um close up das mãos de alguém - que pudessem passar pelas da atriz - retirando uma
toalha da gaveta. Isto iria dar variedade visual à seqüência e disfarçar a inversão na direção
da cena do banheiro.
Poderíamos também, considerar um corte para a cena que mostra a mulher em frente ao
armário, escolhendo a roupa que irá usar. Ou mesmo, tentar eliminar o início e o final das
duas cenas, a fim de omitir a entrada e a saída da atriz, de quadro.
Editando Entrevistas
Normalmente, acabamos gravando dez vezes mais material, do que iremos utilizar no
programa final. O trabalho do editor não é fácil. Ele tem de conhecer bem o material
gravado, selecionar as falas importantes e realizar os cortes evitando as mudanças bruscas
de humor, ritmo e retórica. Além disso, a transição entre os segmentos de áudio deve ser
suave e imperceptível.
Idealmente, estes planos são gravados numa fita de vídeo separada - conhecida como B-
roll . A fita usada para gravar as respostas do entrevistado é chamada A-roll . Em edição
linear, este processo de gravação em duas fitas diferentes facilita bastante as coisas.
Voltaremos a este assunto mais tarde.
Este material suplementar - B-roll - é essencial para que o editor possa resolver problemas
durante a edição e seja capaz de fazer transições suaves. Por isto, o cinegrafista deve se
preocupar em gravar uma variedade de takes suplementares, em todas as entrevistas -
inserts e cut aways - imagens que tenham relação e possam contribuir para tornar a edição
visualmente interessante.
Um outro tipo de "jump cut" acontece quando cortamos para uma imagem de tamanho
muito diferente.
Cortar de um Plano Geral para um Close
up, como ilustrado nas fotos acima, pode
resultar num corte muito brusco. Devemos
utilizar um Plano Médio para suavizar a
transição e dirigir a atenção da audiência
para o novo foco.
A fórmula 1-2-3 (Plano Geral - para Plano Médio - para Close up) é a mais tradicional (e
foi mandatória em muitos estúdios de cinema, numa determinada época). Mas, existem
ocasiões em que o editor desejará utilizar outros métodos.
Por exemplo, começar a cena com um Big Close up de um determinado objeto, irá advertir
a audiência que este é um elemento importante para a narrativa e que merece atenção
especial. Este objeto, numa produção dramática, poderia ser uma foto amassada ou uma
arma. Uma vez estabelecida a sua importância, a câmera poderá prosseguir num
movimento de dolly ou zoom, para revelar o cenário onde a ação se passa.
Ângulos de Gravação
Outro tipo de "jump cut" é resultante de cortes entre planos quase idênticos.
Este corte brusco é difícil de justificar, já que a nova imagem não traz nada de novo e o
corte em si, visualmente parece um erro grosseiro. Para evitar essa situação, devemos
obedecer à lei dos 30 graus .
De acordo com ela, um novo take do mesmo objeto só é justificável se apresentar uma
mudança de ângulo de, pelo menos, 30 graus.
É claro, que cortar para um take significantemente diferente - como por exemplo, de uma
tomada de dois, para um take de uma pessoa - estaria OK (mesmo que este fosse gravado
do mesmo ângulo), já que os dois planos são basicamente distintos.
Outra questão relacionada com o ângulo de gravação é a da direção da ação na tela.
Observe as fotos abaixo: um casal conversando pelo telefone. Qual seria a direção mais
lógica se quiséssemos cortar de uma tomada para a outra: a mulher olhando para a direita
(primeira foto), ou para a esquerda (segunda foto)?
O normal quando duas pessoas estão conversando é que elas se encarem. Embora isto seja
absolutamente claro quando olhamos para estas fotos, quando estamos produzindo um
vídeo com uma câmera só - e as tomadas são gravadas com horas ou mesmo dias de
diferença - é fácil cometer este tipo de erro.
Todas as vezes que um novo ângulo de câmera ultrapassar 180 graus, você terá "cruzado a
linha" - o eixo da ação - e a direção da cena será invertida na tela.
Embora algumas técnicas, aqui descritas, possam ser de grande ajuda, o melhor mesmo, é
ficar atento durante a gravação para se evitar o problema.
Se todos os close ups forem gravados na frente da linha azul a linha do olhar (direção e
ângulo) será coerente com a que foi apresentada no establishing shot.
Ocasionalmente, o diretor irá violar intencionalmente, a regra dos 180 graus para
conseguir um efeito dramático. Por exemplo, durante uma cena de rebelião, o diretor pode
decidir cruzar a linha em muitas tomadas, para caracterizar confusão e desorientação.
Mas, se o objetivo for clareza, o editor deve ficar atento para evitar que este tipo de
descontinuidade ocorra durante a edição.
Continuidade Técnica
Sabemos por exemplo, que a gravação de matérias jornalísticas ocorre sob as mais diversas
(e muitas vezes drásticas ! ) condições. Por isso, somos mais tolerantes com as diferenças
na coloração da imagem e descontinuidades no som, que acontecem entre cenas de
noticiários e documentários.
Problemas de continuidade de áudio podem ser causados por muitos fatores, incluindo
variações:
À medida que começamos a unir os takes vamos descobrindo variações nas vozes dos
atores - mais longe ou mais perto do microfone, que a sala tinha eco, ou reparar no ruído
do ar condicionado ao fundo. Algumas vezes, é possível minimizar o problema, utilizando
equalizadores gráficos e outros aparelhos sofisticados, mas, é um trabalho difícil, longo e
penoso.
As mudanças no som ambiente (background sound), algumas vezes, podem ser mascaradas
se acrescentamos à trilha original, um outro tipo de som, como por exemplo, música,
ruídos de trânsito ou canto de pássaros.
Como na vida real, geralmente é mais fácil evitar problemas, do que resolvê-los ( supondo-
se, que exista uma solução ).
Cortar entre cenas, gravadas por câmeras cujas características de cor (color balance) são
diferentes será, imediatamente, notado pela audiência.
Quando utilizamos mais de uma câmera, a primeira coisa a ser feita, antes da gravação é
ajustar o color balance. Depois, devemos gravar no início da fita o "color bar" - um teste
padrão, com todas as cores primárias e secundárias - que serve de referência para o ajuste
de cores, na hora da reprodução das fitas de vídeo.
Nas ilhas de edição profissionais, antes de a edição começar, o vectorscópio é usado para
ajustar as cores nas fitas de vídeo. Nos sistemas de edição não-linear, existem softwares
para o mesmo fim.
Dentro de certos limites, um engenheiro habilidoso, com o equipamento adequado, pode
igualar o tom de pele em cenas gravadas com equipamentos diferentes, onde não houve
ajuste prévio. A audiência é particularmente sensível e percebe logo mudanças de tom de
pele, entre as cenas.
Problemas de Continuidade
na Música de fundo
A música pode ser usada para suavizar transições entre segmentos e dar unidade ao
programa.
A música de fundo deverá acentuar a atmosfera da cena, sem chamar atenção sobre si. A
seleção musical deve ser coerente com o humor, ritmo e época focalizada na produção.
Devemos evitar as músicas cantadas, quando o vídeo tiver diálogo.
O ideal seria que a trilha musical selecionada e o segmento de vídeo tivessem sempre a
mesma duração. Assim, o som e a imagem começariam e terminariam juntos. No entanto,
isto raramente acontece. Na maioria das vezes, temos de editar a música - aumentá-la ou
encurtá-la - para que esta possa acompanhar o fluxo de imagens - uma tarefa fácil quando a
música contém segmentos repetitivos, intercalados de pausas momentâneas.
Outra solução possível é utilizar os efeitos de slow motion ou fast moving para alterar o
tempo de duração das imagens.
color="#333333"Como poderemos ver, tudo isto fica muito mais fácil quando utilizamos
uma ilha de edição não-linear, que utiliza computadores. A edição analógica dá mais de
trabalho e requer um planejamento maior.
Parte I
H oje em dia, utilizando uma ilha de edição não-linear, podemos criar efeitos
sofisticadíssimos. E é mesmo uma tentação querer impressionar o público (ou os amigos)
com todos esses recursos.
No entanto, qualquer técnica de produção que chame a atenção sobre si, é ruim, na medida
em que desvia a atenção da audiência do conteúdo do programa. Os profissionais de vídeo
e TV sabem que as técnicas de produção devem passar desapercebidas para a audiência.
Neste módulo vamos apresentar várias diretrizes sobre como proceder para conseguir uma
edição suave e fluente. Como no caso do módulo que trata sobre composição, estas não são
leis invioláveis. Vamos aproveitar também estas questões para introduzir alguns conceitos
de edição ou regras que você deve ter em mente. Como você vai ver, muitas delas se
aplicam aos programas gravados no estilo cinematográfico - com uma câmera só.
Toda vez, que fazemos um corte ou uma transição, corremos o risco de desviar a atenção
da audiência, do conteúdo da narrativa. Para evitar que isso aconteça, devemos motivar os
cortes.
Por exemplo, se um personagem olha para a direita, numa cena dramática, podemos
utilizar esta ação para motivar o corte e mostrar quem, ou o que, chamou a atenção do ator.
Quando uma pessoa faz uma pergunta e outra começa a responder, temos um motivo para
cortar de uma para outra. Se ouvimos alguém chamando, fora de cena (off camera),
esperamos ver a imagem desta pessoa. Se alguém pega um objeto para examinar de perto,
é natural que o plano seguinte seja um close up daquele objeto.
Sempre que possível, corte durante o movimento. Quando o corte é motivado pela ação,
esta irá distrair a atenção sobre o corte e tornar a transição mais fluente.
Se um homem está se levantando de uma cadeira, por exemplo, você pode cortar no meio
da ação, e utilizar, pedaços dos dois takes. Ao fazer o corte, lembre-se da lei dos 30 graus.
A s produções feitas com uma câmera só, exigem muita atenção para os detalhes. O diretor
geralmente, grava vários takes, de uma mesma cena. O editor ao cortar de um take para
outro, deve estar atento à posição dos atores - mãos, pés, etc. - e à intensidade de
interpretação - expressa na voz e gestos - para evitar inconsistências na sequência.
É conveniente também, se certificar que nada mudou na cena e que o ator está fazendo,
exatamente a mesma coisa, da mesma maneira, que no take anterior.
Observe estas fotos, se cortássemos do Close up para o Plano Geral, o público iria
estranhar a mudança de posição do rosto da mulher, na cena.
É importante que o ator obedeça à marcação de cena - as palavras e gestos devem ser
sempre os mesmos - durante a gravação de takes em ângulos e planos diferentes, para que
estes possam ser aproveitados durante a edição.
Nas gravações de novelas, onde as cenas não são concluídas ou gravadas no mesmo dia. O
continuísta cuida de registrar detalhes do figurino e maquiagem dos atores, a posição dos
personagens e objetos de cena (tudo o que pode ser movido) para evitar problemas de
continuidade.
Como editor, freqüentemente, você terá de cortar uma cena, quando alguém sai de quadro
e então cortar para outra cena, quando a pessoa entra.
É melhor cortar a primeira cena, quando os olhos da pessoa cruzarem a borda do quadro, à
direita (assumindo-se que esta tenha saído por este lado). E então, cortar para um ponto da
segunda cena, (mais ou menos 6 quadros) antes dos olhos da pessoa entrarem em quadro,
novamente (pelo lado esquerdo, se o eixo da ação estiver correto).
Estes 6 quadros são significativos. O olho humano precisa de 1/5 de segundo para mudar
de um lado para o outro do quadro. Durante este tempo, qualquer coisa que esteja
acontecendo na tela se torna meio confusa e os espectadores precisam de um pouco de
tempo para se adaptar e mudar o foco para a nova ação. Caso contrário, o intervalo perdido
poderá criar uma espécie de pulo na ação.
Editores e mágicos são ilusionistas. Eles utilizam o conhecimento da percepção humana,
para distrair o público e desviar a atenção do que eles não querem que seja visto ou notado.
Como um bom mágico, o editor tem seus truques para encobrir as inconsistências das
gravações realizadas com uma câmera só.
O editor sabe, por exemplo, que quando um personagem fala, a atenção do público está
voltada para os olhos e a boca do ator e portanto dificilmente, irá reparar em detalhes
incongruentes, em outras partes da cena. Ou, como já vimos, ele utiliza - inserts e cut
aways - para desviar a atenção momentaneamente e encobrir jump cuts.
Close ups são excelentes para entrevistas e programas dramáticos. São insubstituíveis para
captar emoções, reações e revelar traços de caráter de entrevistados ou personagens.
Parte II
Primeiro, uma observação pessoal. Como professor de produção de TV, há mais de vinte
anos, posso dizer que mais de 90% dos vídeos produzidos por estudantes são longos
demais. A maioria deles poderia melhorar bastante, se reeditados, tivessem reduzida a sua
duração - em cerca de, pelo menos, 50%.
Quando digo isto aos meus alunos, eles parecem não acreditar. Então mostro a eles,
exemplos de cenas de comerciais, produções dramáticas e matérias jornalísticas (onde a
duração média dos segmentos é de cinco a sete segundos).
Se você perguntar a opinião de alguém sobre um filme e a resposta for: "Meio devagar",
muito provavelmente, você não irá assisti-lo. "Devagar" é igual a "chato". No mundo veloz
e competitivo da produção de cinema e da TV, este é um adjetivo que você deve evitar, se
pretende seguir a profissão.
O ritmo do programa é impresso durante a edição. Embora, o editor não possa fazer
milagres, quando o roteiro é ruim, ou a gravação foi mal realizada.
Quanto tempo leva para que o espectador perceba os elementos principais de uma cena?
Por exemplo, a Estátua da Liberdade é uma imagem bastante
conhecida. Se quiséssemos utilizá-la como um símbolo, ou
sugerir que o programa se passa em Nova Iorque, um take de 1
ou 2 segundos (equivalentes a 30 e 60 quadros de vídeo), seria o
suficiente para comunicar a mensagem.
N o módulo anterior, falamos de montage. Nesta técnica, são utilizados takes curtos, às
vezes de frações de segundos (10 ou 15 quadros de vídeo). É óbvio que não há tempo
suficiente nem para começar a ver todos os elementos da cena. Mas, o objetivo deste tipo
de edição é comunicar impressões e não mostrar detalhes. Os comerciais utilizam muito
esta técnica para comunicar "climas" e sensações.
O editor pode acelerar o ritmo do programa, fazendo cortes rápidos. Porém, o ritmo do
corte depende do conteúdo e gênero da produção; por exemplo, cenas campestres pedem
tomadas mais longas do que imagens da hora do rush, no centro de Nova Iorque.
Procure sempre começar com os "pontos fortes" e criar "ganchos" para atrair o interesse.
Após ter conseguido a atenção do público, você terá de mantê-la. Se a ação ou o conteúdo
chegar ao clímax cedo demais, o resto do programa irá se arrastar e você também poderá
perder a audiência. :-(
O melhor é começar o programa com uma seqüência que tenha um forte apelo visual ou
sonoro e ir, aos poucos, apresentando as informações necessárias para o desenvolvimento
do assunto. Durante a edição, procure ir, gradativamente, aumentando o interesse até o
clímax no final. Um final de impacto deixará a audiência com um sentimento positivo
sobre o programa.
Para pré-testar programas, algumas vezes, os diretores organizam "previews" para uma
audiência geral. Estas sessões, geralmente, acontecem em locais onde a atenção do público
pode ser desviada por outros elementos (o que é típico do ambiente familiar). Durante a
exibição, os diretores observam a reação da audiência, para detectar os pontos fracos do
programa, onde a atenção do público tende a diminuir.
Howard Hawks, um cineasta americano, disse: "um grande filme é feito com cut aways e
inserts ". Numa produção de vídeo, esse material é chamado de "B-roll".
Nas produções dramáticas, o B-roll consiste de detalhes relevantes. Inserts e Cut aways
acrescentam interesse e informação. Um tipo de cut away muito utilizado em novelas é o
plano de reação - close up revelador - que mostra como o personagem está reagindo à
situação apresentada na cena.
Por exemplo, em uma entrevista com o autor de uma grande invenção, o público estará
mais interessado em ver o novo aparelho com todos os detalhes. Por isso, é mais
importante mostrar o material gravado no B-roll, do que a entrevista com o inventor
(talking head), gravada no A-roll. Alguns segundos da imagem do inventor serão o
bastante para satisfazer a curiosidade do público sobre a sua aparência.
Se uma cena não acrescentar nada ao conteúdo do programa, deixe-a de lado. A inclusão
poderá resultar em atraso no desenvolvimento da estória e até confundir o público quanto
ao enfoque da mensagem e da própria produção.
Cut aways inadequados podem distrair a atenção do público, do foco central da produção.
Pode até ser que estes cut aways tivessem seu lugar no
programa, mas certamente, não no meio da passagem mais
dramática e inspirada do discurso do pastor.