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Índice
Referências históricas
Primeira fase Modernista no Brasil (1922-1930)
Segunda fase Modernista no Brasil - (1930-1945)
Segunda fase Modernista no Brasil (1930-1945) - Prosa
Terceira fase Modernista no Brasil (1945- +/- 1960)
"Todo este sangue de mil raças / corre em minhas veias / sou
brasileiro / mas do Brasil sem colarinho / do Brasil negro / do Brasil
índio."
--Sérgio Milliet
Iniciou-se no Brasil com a SAM de 1922. Mas nem todos os participantes da Semana
eram modernistas: o pré-modernista Graça Aranha foi um dos oradores. Apesar de não ter
sido dominante no começo, como atestam as vaias da platéia da época, este estilo, com o
tempo, suplantou os anteriores. Era marcado por uma liberdade de estilo e aproximação
da linguagem com a linguagem falada; os de primeira fase eram especialmente radicais
quanto a isto.
Referências históricas
• Início do século XX: apogeu da Belle Époque. O burguês comportado, tranqüilo,
contando seu lucro. Capitalismo monetário. Industrialização e Neocolonialismo.
• Reivindicações de massa. Greves e turbulências sociais. Socialismo ameaça.
• Progresso científico: eletricidade. Motor a combustão: automóvel e avião.
• Concreto armado: “arranha-céu”. Telefone, telégrafo. Mundo da máquina, da
informação, da velocidade.
• Primeira Guerra Mundial e Revolução Russa.
• Abolir todas as regras. O passado é responsável. O passado, sem perfil, impessoal.
Eliminar o passado.
• Arte Moderna. Inquietação. Nada de modelos a seguir. Recomeçar. Rever.
Reeducar. Chocar. Buscar o novo: multiplicidade e velocidade, originalidade e
incompreensão, autenticidade e novidade.
• Vanguarda - estar à frente, repudiar o passado e sua arte. Abaixo o padrão cultural
vigente.
Um mês depois da SAM, a política vive dois momentos importantes: eleições para
Presidência da República e congresso (RJ) para fundação do Partido Comunista do
Brasil. Ainda no campo da política, surge em 1926 o Partido Democrático que teve entre
seus fundadores Mário de Andrade.
Principais autores desta fase: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira,
Antônio de Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de
Almeida e Plínio Salgado.
Características
Manifestos e Revistas
Recebe este nome, pois klaxon era o termo usado para designar a buzina externa dos
automóveis. Primeiro periódico modernista, é conseqüência das agitações em torno da
SAM. Inovadora em todos os sentidos: gráfico, existência de publicidade, oposição entre
o velho e o novo.
“— Klaxon sabe que o progresso existe. Por isso, sem renegar o passado, caminha para
diante, sempre, sempre.”
“— A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela sob
o azul cabralino, são fatos estéticos.”
A Revista (1925-1926)
Responsável pela divulgação dos ideais modernistas em MG. Teve apenas três números e
contava com Drummond como um de seus redatores.
Verde-Amarelismo (1926-1929)
Contou com duas fases (dentições): a primeira com 10 números (1928 e 1929) direção
Antônio Alcântara Machado e gerência de Raul Bopp; a segunda foi publicada
semanalmente em 16 números no jornal Diário de São Paulo (1929) e seu “açougueiro”
(secretário) era Geraldo Ferraz. É uma nova etapa do nacionalismo Pau-Brasil e resposta
ao grupo Verde-amarelismo. A origem do nome movimento esta na tela “Abaporu” de
Tarsila do Amaral.
1ª fase - inicia-se com o polêmico manifesto de Oswald e conta com Alcântara Machado,
Mário de Andrade (2º número publicou um capítulo de Macunaíma), Carlos Drummons
(3º número publicou a poesia “No meio do vaminho”); além de desenhos de Tarsila,
artigos em favor da língua tupi de Plínio Salgado e poesias de Guilherme de Almeida.
“A nossa independência ainda não fo proclamada. Frase típica de D. João VI: — Meu
filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a
dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da
Fonte.” (Revista de Antropofagia, nº 1)
Outras Revistas
Autores
Foi um importante escritor modernista da primeira fase, apesar de não ter participado da
SAM, integrando o grupo somente em 25. Produziu prosa ficcional, renovando sua
estrutura para construir histórias curtas e do cotidiano. Privilegia o imigrante,
principalmente o italiano, e sua fusão, ampliando o universo cultural de São Paulo.
Apesar de não ser tão radical como os outros modernistas contemporâneos seus, usava
uma linguagem em seus contos que se aproximava muito do falado. Seus personagens do
livro de contos Brás, Bexiga e Barra Funda falavam uma mistura de italiano e português.
Retrata uma realidade citadina e realista, num tom divertido, enfatizando a vida difícil
dos imigrantes e sua ascensão.
Nunca chegou a completar seu romance Mana Maria, que foi publicado um ano depois de
sua prematura morte. Pouco antes do fim da vida, rompeu relações com Oswald de
Andrade por motivos ideológicos, ao mesmo tempo em que sua amizade com Mário de
Andrade se estreitava.
Brás, Bexiga e Barra Funda - contos com fragmentação de episódios, até registro de
cenas sem interesse, mapeamento de São Paulo, exótico nos nomes das personagens,
menção a produtos de consumo da época, gírias esquecidas etc.
“Ali na Rua Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou carro só
mesmo em dia de enterro ou casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de
realização muito difícil. Um sonho. (...) Gaetaninho saiu correndo. Antes de alcançar a
bola um bonde o pegou. Pegou e matou. / No bonde vinha o pai do Gaetaninho. / A
gurizada assustada espalhou a notícia na noite. / — Sabe o Gaetaninho? / — Que é que
tem? / — Amassou o bonde! / (...) às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da
Rua do Oriente e Gaetaninho não ia na boléia de nenhum dos carros do
acompanhamento. Ia no da frente dentro de um caixão fechado com flores pobres por
cima.”
Obras principais:
Escreveu para Terra Roxa e Outras Terras (um de seus fundadores), para a Revista
Antropofagia e para a Revista Nova (que dirigiu).
Paulista, Cassiano deixou uma obra marcada pelas tendências de seu tempo sem,
entretanto, deixar um estilo próprio. Iniciou sua carreira com Dentro da Noite (1915) neo-
simbolismta, passou por tendências parnasianas em A Frauta de Pã (1917, para integrar-
se ao Verde-amarelismo com Vamos Caçar Papagaios (1926). Com o formalismo de 45,
torna-se meditativo e melancólico. Em 1960, entra para a corrida vanguardista com
experimentalismo e franca adesão ao Concretismo e à Poesia Praxis.
Obras principais:
• Poesia:
o Dentro da Noite (1915)
o A Frauta de Pã (1917)
o Vamos Caçar Papagaios (1926)
o Martim-Cererê (1928)
o Deixa Estar, Jacaré (1931)
o O Sangue das Horas (1943)
o Um Dia depois do Outro (1947)
o A Face Perdida (1950)
o Poemas Murais (1950)
o Sonetos (1952)
o João Torto e A Fábula (1956)
o Arranha-Céu de Vidro (1956)
o Poesias Completas (1957)
o Montanha Russa (1960)
o A Difícil Manhã (1960)
o Jeremias sem Chorar (1964)
• Prosa:
o O Brasil no Original (1936)
o O Negro na Bandeira (1938)
o A Academia e a Prosa Moderna (1939)
o Pedro Luís Visto Pelos Modernos (1939)
o Marcha para o Oeste (1943)
o A Academia e a Língua Brasileira (1943)
o A Poesia na Técnica do Romance (1953)
o O Homem Cordial (1959)
o 22 e a Poesia de Hoje (1962)
o Reflexos sobre a Poética de Vanguarda (1966)
Sempre se ajustou aos padrões e foi disciplinado, com mestria sobre a língua e seus
dispositivos técnicos. Exímio poeta que pode ter sua obra dividida em três etapas:
• Pré-modernista - Nós (só de sonetos, 1917), A Dança das Horas (1919), Messidor
(contendo os dois anteriores mais A Suave Colheita, 1919), Livro de Horas de
Sóror Dolorosa (1920) e Era Uma Vez..., (1922) - influência parnasiano-
simbolista, habilidoso artista do verso
• Modernismo - A Frauta que Eu Perdi (subtítulo Canções Gregas, 1924) Meu
(1925) e Raça (1925) - versos livres, sonoridade e ressurgir de algumas rimas.
Raça (rapsódia da mestiçagem brasileira) pertence ao nacionalismo estético com
nomeação metonímica (português = velho cavaleiro, índio reluz em cores e preto
= samba), versos grandes, frases nominais e vocábulos mais raros.
• Pós-Modernismo - Você (1930), Acaso (1938), Poesia Vária (1947), Camoniana
(1956) e Pequeno Cancioneiro (1956) - retorno ao ponto de origem: versos
metrificados, rimas raras, sonetos e sentimentalismo. Apanágio da técnica,
reconstitui a maneira de Camões e dos Cancioneiros
Sempre pensando que morreria cedo (tuberculoso), acabou vivendo muito e marcando a
literatura brasileira. Morte e infância são as molas propulsoras de sua obra. Ironizava o
desânimo provocado pela doença, mas em Cinza das Horas apresenta melancolia e
sofrimento por causa da “dama branca”. Além de ser um poeta fabuloso, também foi
ensaísta, cronista e tradutor. O próprio autor define sua poesia como a do "gosto humilde
da tristeza".
Ritmo Absoluto e Libertinagem são frutos de um processo de integração com o Rio. Sua
poesia contagia-se de uma visão erótico-sentimental, resultante da forma de encarar o
amor a partir da experiência do corpo. Libertinagem usa lirismo solto, repleto de cenas do
cotidiano, com verdadeiras aulas de solidariedade e ternura.
“Irene preta / Irene boa / Irene sempre de bom humor. / Imagino Irene
entrando no céu: / — Licença, meu branco! / E São Pedro bonachão: /
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.”
--Irene no Céu, in Libertinagem
Em Estrela da Manhã, atinge a plenitude de seu lirismo libertário, mostrando que tudo
pode ser matéria poética: um clássico esquecido, uma frase de criança, uma notícia de
jornal, a casa em que morava e até mesmo uma propaganda de três sabonetes (Baladas
das três mulheres do sabonete Araxá).
Obras principais:
• Poesia:
o A Cinza das Horas (1917)
o Carnaval (1919)
o O Ritmo Dissoluto (1924)
o Libertinagem (1930)
o Estrela da Manhã (1936)
o Lira dos Cinquent’Anos (1940)
o Belo, Belo (1948)
o Mafuá do Malungo (1948)
o Opus 10 (1952)
o Estrela da Tarde (1963)
o Estrela da Vida Inteira (1966)
• Prosa:
o Crônicas da Província do Brasil (1937)
o Guia de Ouro Preto (1938)
o Noções de História das Literaturas (1940)
o Literatura Hispano-Americana (1949)
o Gonçalves Dias (1952)
o Itinerário de Pasárgada (1954)
o De Poetas e de Poesia (1954)
o Flauta de papel (1957)
o Andorinha, Andorinha (seleção de Carlos Drummond de Andrade, 1966)
o Colóquio Unilateralmente Sentimental (1968)
Injetou em tudo que fez um senso de problemático brasileirismo, daí sua investida no
folclore. De jeito simples, sua coloquialidade desarticulou o espírito nacional de uma
montanha de preconceitos arcaicos. Lutou sempre por uma literatura brasileira e com
temas brasileiros.
Sua faceta de teórico de estética literária pode ser avaliado em A Escrava que não é
Isaura, onde expõe pequenos e paliativos remédios da farmacopéia didático-técnico-
poética do Modernismo.
Seu primeiro romance é Amar, Verbo Intransitivo que penetra na estrutura familiar da
burguesia paulistana, sua moral e seus preconceitos. Aborda, ao mesmo tempo, os sonhos
e a adaptação dos imigrantes na agitada Paulicéia.
Na obra Lira Paulistana, Mário faz uma interpretação poética de seu destino e integração
com a cidade de São Paulo. O reflexo do eu na transparência do rio Tietê mostra as águas
do rio como se fosse um espelho mágico.
--Macunaíma
Obras Principais
• Poesia
o Há uma Gota de Sangue em casa Poema (1917)
o Paulicéia Desvairada (1922)
o Losango Cáqui (1926)
o Clã do Jabuti (1927)
o Remate de males (1930)
o Poesias (1941)
o Lira Paulistana (1946)
o O Carro da Miséria (1946)
o Poesias Completas (1955)
• Conto
o Primeiro Andar (1926)
o Balazarte (1934)
o Contos Novos (1946)
• Romance
o Amar, Verbo Intransitivo (1927)
o Macunaíma (1928)
• Ensaio
o A Escrava que não é Isaura (1925)
o O Aleijadinho e Álvares de Azevedo (1935)
o O Baile das Quatro Artes (1943)
o Aspectos da Literatura Brasileira (1943)
o O Empalhador de Passarinhos (1944)
o O Banquete (1978)
• Crônicas
o Os Filhos da Candinha (1943)
• Musicologia e Folclore
o Ensaio sobre Música Brasileira (1928)
o Compêndio de História da Música (1929)
o Modinhas e Lundus Imperiais (1930)
o Música, Doce Música (1933)
o Namoros com a Medicina (1939)
o Música do Brasil (1941)
o Danças Dramáticas do Brasil (1959)
o Música de Feitiçaria (1963)
• História da Arte
o Padre Jesuíno de Monte Melo (1946)
o outros folhetos reunidos nas Obras Completas
Foi um dos principais artistas da Semana de Arte Moderna e lançou o Movimento Pau-
Brasil e a Antropofagia, corrente que pretendia devorar a cultura européia e brasileira da
época e criar uma verdadeira cultura brasileira. Fazendeiro de café, perdeu tudo e foi à
falência em 1929 com o crash da Bolsa de Valores. Militante esquerdista, passou a
divulgar o Comunismo junto com Pagu em 1931, mas desligou-se do Partido em 1945.
relicácio - “No baile da Corte / Foi o Conde d’Eu quem disse / Pra
Dona Benvinda / Que farinha de Suruí / Pinga de Parati / Fumo de
Baependi / É comê bebê pitá e caí”
--Pau-Brasil
Com a crise econômica de 1929, Oswald passa por difíceis condições financeiras e se vê
obrigado a conjugar o verbo “crakar”
Falido economicamente, Oswald vai se pendurar nos “reis da vela”, os agiotas do beco do
escarro (zona bancária de SP). Com isso, o autor vai recolhendo material para sua peça O
Rei da Vela.
Serafim Ponte Grande é o romance que testemunha a fase de identidade ideológica com a
esquerda. Serafim encarna o mito do herói latino-americano individual que parte como
um louco em busca da libertação e da utopia. . Oswald projeta em Serafim o herói que vai
remar sempre contra a corrente do inconformismo, procurando romper, através da crítica,
do sarcasmo e da ironia as rédeas sufocantes do ser burguês. Por ser o sonhe de Serafim
individual, acaba frustrando-se e, depois de aprender as duras realidades da vida, torna-se
um irrecuperável marginal que cai fora do sistema.
Morreu sofrendo dificuldades de saúde e financeiras, mas sem perder o contato com os
artistas da época.
epitáfio - “Eu sou redondo, redondo / Redondo, redondo eu sei / Eu sou uma redond’ilha /
Das mulheres que beijei / Vou falecer do oh! amor / Das mulheres de minh’ilha / Minha
caveira rirá ah! ah! ah! / Pensando na redondilha”
Obras principais:
• Poesia
o Pau-Brasil (1925)
o Primeiro Caderno de Poesia do Aluno Oswald de Andrade (1927)
o Poesias Reunidas (edição póstuma)
• Romance
o Os Condenados (I - Alma, II - Estrela do Absinto, III - A escada, 1922 a
1934)
o Memórias Sentimentais de João Miramar (1924)
o Serafim Ponte Grande (1933)
o Marco Zero (I - A Revolução Melancólica, II - Chão, 1943 a 1946)
• Manifestos, teses e ensaios
o Manifesto Pau-Brasil (1925)
o Manifesto Antropófago (1928)
o A Arcádia e a Inconfidência (1945)
o Ponta de Lança (1945)
o A Crise da Filosofia Messiânica (1946)
o A Marcha das Utopias (1966)
• Teatro
o O Homem e o Cavalo (1934)
o O Rei da Vela (1937)
o A Morta (1937)
o O Rei Floquinhos (Infantil, 1953)
• Memórias
o Um Homem sem Profissão (1954)
• Crônicas
o Telefonemas (edição póstuma)
Textos
Evocação do Recife
Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais.
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois — Recife das revoluç
ões libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância (...)
--Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
--Fragmentos do livro de poesias Pau-Brasil, de Oswald de Andrade
erro de português
Durante algum certo tempo, a poesia das gerações de 22 e 30 conviveram. Não se trata,
portanto, de uma sucessão brusca. A maioria dos poetas de 30 absorveria parte da
experiência de 22: liberdade temática, gosto da expressão atualizada ou inventiva, verso
livre, anti-academicismo.
A geração de 30 não precisou ser combativa como a de 22. Eles já encontraram uma
linguagem poética modernista estruturada. Passaram então a aprimorá-la e extrair dela
novas variações, numa maior estabilidade.
Características
• Repensar a historia nacional com humor e ironia - " Em outubro de 1930 / Nós
fizemos — que animação! — / Um pic-nic com carabinas." (Festa Familiar -
Murilo Mendes)
• Verso livre e poesia sintética - " Stop. / A vida parou / ou foi o automóvel?" (Cota
Zero, Carlos Drummond de Andrade)
• Nova postura temática - questionar mais a realidade e a si mesmo enquanto
indivíduo
• Tentativa de interpretar o estar-no-mundo e seu papel de poeta
• Literatura mais construtiva e mais politizada.
• Surge uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo (Cecília,
Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius)
• Aprofundamento das relações do eu com o mundo
• Consciência da fragilidade do eu - "Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do
mundo" (Carlos Drummond de Andrade - Sentimento do Mundo)
• Perspectiva única para enfrentar os tempos difíceis é a união, as soluções
coletivas - " O presente é tão grande, ano nos afastemos, / Ano nos afastemos
muito, vamos de mãos dadas." (Carlos Drummond de Andrade - Mãos dadas)
Ironia fina, lucidez, e calma, traduzidos numa linguagem flexível, rica, mas rica de
dimensões humanas.
Poesias refletem os problemas do mundo e do ser humano diante dos regimes totalitários,
da 2a GM e da guerra fria.
A partir de Lição das Coisas (1962), há maior preocupação maior com objetos,
valorizando mais os aspectos visuais e sonoros - tendência concreto-formalista.
Carlos Drummond de Andrade propõe a divisão temática de sua obra, numa seleção que
faz para sua Antologia Poética:
1. o indivíduo
2. a terra natal
3. a família
4. os amigos
5. o choque social
6. o conhecimento amoroso
7. a própria poesia
8. exercícios lúdicos
9. uma visão, ou tentativa de, da existência
Obras:
• Poesia:
o Alguma Poesia (1930)
o Brejo das Almas (1934)
o Sentimento do Mundo (1940)
o Poesias (1942)
o A Rosa do Povo (1945)
o Poesia até agora (1948)
o Claro Enigma (1951)
o Viola de Bolso (1952)
o Fazendeiro do Ar e Poesia até Agora (1953)
o Viola de Bolso Novamente Encordoada (1955)
o Poemas (1959)
o A Vida Passada a Limpo (1959)
o Lição de Coisas (1962)
o Versiprosa (967)
o Boitempo (1968)
o Menino Antigo (1973)
o As Impurezas do Branco (1973)
o Discurso da Primavera e outras Sombras (1978)
• Prosa:
o Confissões de Minas (ensaios e crônicas, 1944)
o Contos de Aprendiz (1951)
o Passeios na Ilha (ensaios e crônicas, 1952)
o Fala, Amendoeira (1957)
o a Bolsa e a Vida (crônicas e poemas, 1962)
o Cadeira de Balanço (crônicas e poemas, 1970)
o O Poder Ultrajovem e mais 79 Textos em Prosa e Verso (1972)
Mineiro, que caminha das sátiras e poemas-piada, ao estilo oswaldiano, para uma poesia
religiosa, sem perder o contato com a realidade. Poeta modernista mais infuenciado pelo
Surrealismo europeu.
Guerra foi tema de diversos poemas seus. Seus textos caracterizam-se por novas formas
de expressão, e livre associação de imagens e conceitos.
A partir de Tempo e Eternidade (1935), parte para a poesia mística e religiosa. Dilema
entre poesia e Igreja, finito e infinito, material e espiritual, sem abandonar a dimensão
social.
"Eu amo minha família sobrenatural, / Aquela que ano herdei, / Aquela
que ama o Eterno. / São poetas, são musas, são iluminados / Que vivem
mirando os seus fins transcendentes. / Que vivem mirando os seus fins
transcendentes. / 'o mundo, minha família sobrenatural ano te possuiu. /
Minha angústia vive nela e com ela, / E eu formarei poetas no futuro /
`A sua imagem e semelhança. E todos ajuntando novos membros ao
corpo / De que Cristo Jesus é a cabeça / Irradiarão as palavras do
Eterno."
--communicantes
Para Murilo, a beleza é fundamental. Mulher, para Murilo, éigual a amor, abordada de
forma erótica.
Obras : Poemas (1930), História do Brasil (1932), Tempo e Eternidade (com Jorge de
Lima, 1935), A Poesia em Pânico (1938), O Visionário (1941), As Metamorfoses (1944),
O Discípulo de Emaús (prosa, 1944), Mundo Enigma, (1945), Poesia Liberdade (1947),
Janela do Caos (1948), Contemplação de Ouro Preto (1954), Poesias (1959), Tempo
Espanhol (1959), Poliedro (1962), Idade do Serrote (Memórias, 1968), Convergência
(1972), Retratos Relâmpago (1973), Ipotesi (1977)
Alagoano ligado diretamente à política, estréia com a obra XVI Alexandrinos fortemente
influenciado pelo Parnasianismo, o que lhe deu o título de Príncipe dos Poetas
Alagoanos. Sua obra posteriormente chega a uma poesia social, paralela a uma poesia
religiosa.
Tem ainda um poema épico à moda de Camões e Dante, usando 10 cantos para mostrar o
dilema barroco de um homem indeciso entre o material e o espiritual.
Mulher Proletária
Mulher proletária,
0 operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção,
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.
--Poesias, 1975
Obras:
Cecília Meireles
Órfã, carioca, foi criada pela avó e fez Magistério e lecionou Literatura em várias
universidades.
Estréia com o livro Espectros (1919), participando da corrente espiritualista, sob a
influência dos poetas que formariam o grupo da revista Festa (neo-simbolista).
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje, / assim calmo, assim triste, assim
magro, / nem estes olhos tão vazios, / nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, / tão paradas e frias e mortas; / eu
não tinha este coração / que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança, / tão simples, tão certa, tão fácil:
a minha face?
--Flor de Poemas
Assim sua obra apresenta uma atmosfera de sonho, fantasia,em contraste com solidão e
padecimento. Linguagem simbólica, com imagens sugestivas e constantes apelos
sensoriais (metáforas, sinestesias, aliterações e assonâncias).
Rômulo rema
Obras:
• Poesia : Espectros (1919), Nunca mais... e Poema dos Poemas (1923), Baladas
para EI-rei (1925), Viagem (1939), Vaga Música (1942), Mar Absoluto (1945),
Retrato Natural (1949), Ama em Leonoreta (1952), Doze Noturnos de Holanda e
o Aeronauta (1952) Romanceiro da Inconfidência (1953), Pequeno Oratório de
Santa Clara (1955) Pistóia, Cemiério Militar Brasileiro (1955) Canções (1956),
Romance de Santa Cecília (1957), A Rosa (1957), Metal Rosicler (1960), Poemas
Escritos na Índia (1962) Antologia Poética (1963) Solombra (1963), Ou isto ou
Aquilo (1965), Crônica Trovada da Cìdade de San Sebastian (1965) Poemas
Italianos (1968)
• Teatro : O Menino Atrasado (1966)
• Ficção : Olhinhos de Gato (s/d)
• Prosa poética : Giroflê, Giroflá (1956), Evocação Lírica de Lisboa (1948)
Eternidade de Israel (1959)
• Crônica : Escolha o seu Sonho (1964) Inéditos (1968)
Vinícius de Moraes
Carioca conhecido como Poetinha, participou também da MPB desde a Bossa-nova até
sua morte. Assim como Cecília, inicia sua carreira ligado ao neo-simbolismo da corrente
espiritualista e também a renovação católica de 30.
“É melhor ser alegre que ser triste / A alegria é a melhor coisa que
existe / É assim como a luz no coração”
--Samba da Bênção
“Para que vieste / Na minha janela / Meter o nariz? / Se foi por um
verso / Não sou mais poeta / Ando tão feliz.”
--A um Passarinho
Obras:
Textos
Como chegavas do casulo, / — inacabada seda viva — / tuas antenas — fios soltos / da trama de que eras tec
como caíste sobre o mundo / inábil, na manhã tão clara, / sem mãe, sem guia, sem conselho, / e rolavas por u
minha mão tosca te agarrou / com uma dura, inocente culpa, / e é cinza de lua teu corpo, / meus dedos, sua s
Ó bordado do véu do dia, / transparente anêmona aérea! /não leves meu rosto contigo: / leva o pranto que te
Pudeste a etéreos paraísos / ascender teu leve fantasma, / e meu coração penitente ser a rosa desabrochada / p
E as lágrimas que por ti choro / fossem o orvalho desses campos, / — os espelhos que refletissem / — vôo e
acertos humanos!
(Retrato Natural)
Autores Principais
Cearense, viveu na infância o problema da seca que atingiu uma propriedade de sua
família. Em 1930 (aos 20 anos) publica o romance O Quinze, que lhe angaria um prêmio
e reconhecimento público.
Participa ativamente da política, militando no Partido Comunista Brasileiro e é presa em
1937, por suas idéias esquerdistas. A partir de 1940 dedica-se à crônica e ao teatro.
Quebrou uma velha tradição, ao tornar-se (1977) a primeira mulher a ingressar na
Academia Brasileira de Letras.
Obras:
Suas obras Menino de Engenho, Doidinho, Bangüê, Moleque Ricardo, Usina e Fogo
Morto compõem o que se convencionou chamar de “ciclo da cana de açúcar”. Nestas
obras J. L. Rego narra a gradativa decadência dos engenhos e a transformação pela qual
passam a economia e a sociedade nordestina. Sua técnica narrativa se mantém nos moldes
tradicionais da literatura realista: linearidade, construção do personagem baseado na
descrição dos caracteres, linguagem coloquial, registro da vida e dos costumes. O tom
memorialista é o fio condutor de uma literatura que testemunha uma sociedade em
desagregação: a sociedade do engenho patriarcalista, escravocrata. As obras mais
representativas desta fase são Menino de Engenho e Fogo Morto. A primeira é a história
de um menino, órfão de pai e mãe, que é criado no Engenho Santa Rosa, de seu avô José
Paulino, típico representante do latifundiário nordestino. Há momento de grande emoção
na obra, como a descrição da enchente, o castigo dos escravos, a descoberta da própria
sexualidade.
Fogo Morto é considerada sua melhor obra: dividida em três partes que se
interrelacionam, compõe um quadro social e humano do Nordeste. Mestre José Amaro,
seleiro, orgulhoso de sua profissão, sofre as pressões do coronel Lula de Holanda, senhor
do Engenho Santa Fé, em decadência econômica. Antônio Silvino, cangaceiro, é o terror
da região e ataca os engenhos. O capitão Vitorino Carneiro da Cunha, lunático, é uma
espécie de místico e profeta do sertão.
Além destas obras, José Lins escreveu: Pedra Bonita e Cangaceiros, onde continua a
traçar um quadro da vida nordestina, aproveitando agora elementos do folclore e do
cordel. Estes romances pertencem ao “ciclo do cangaço, misticismo e seca”. Além destes,
escreveu também Água-mãe e Eurídice, de ambientação urbana.
Obras:
Alagoano, faz jornalismo e política estreando com Caetés (1933). Em Maceió conheceu
alguns escritores do grupo regionalista: José Lins, Jorge Amado, Raquel de Queirós.
Nessa época redige S. Bernardo e Angústia.
Luta pela sobrevivência é o ponto de ligação entre seus personagens, onde a lei maior é a
lei da selva. A morte é uma constante em suas obras como final trágico e irreversível
(suicídios em Caetés e São Bernardo, assassinato em Angústia e as mortes do papagaio e
da cadela Baleia em Vidas Secas).
Seua personagens são seres oprimidos e moldados pelo meio. Tanto Paulo Honório
(personagem de São Bernardo), quanto Luís da Silva (de Angústia) são o que se chama
de “herói problemático”, em conflito com o meio e consigo mesmos, em luta constante
para adaptar-se e sobreviver, insatisfeitos e irrealizados. Linguagem sintética e concisa.
Obras : Caetés (1933), S. Bernardo (1934), Angústia (1936), Vidas Secas (1938), Dois
Dedos (1945), Insônia (1947), Infância (1945), Memórias do Cárcere (1953), Histórias de
Alexandre (1944), Viagem (1953), Linhas Tortas (1962) etc.
Nasceu na zona cacaueira baiana e depois morou em Salvador, essas referências são
fontes de inspiração para suas obras. Estréia com O País do Carnaval e, levado por
Rachel de Queiroz, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro, por onde mais tarde torna-se
deputado. Sofre perseguições políticas, exila-se e mais tarde é preso.
• Ciclo do Cacau: Cacau, Suor, Terras do Sem Fim, São Jorge de Ilhéus -
problemas coletivos, “realismo socialista”.
• Romances líricos, com um fundo de problemática social: Jubiabá, Mar Morto,
Capitães de Areia.
• Romances de costumes provincianos, geralmente sentimentais e eróticos:
Gabriela, Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos.
Sua família rica foi à falência e o escritor teve que trabalhar sem possibilidade de seguir
estudos. Em Porto Alegre, entra em contato com a vida literária e inicia-se no jornalismo.
Começa então a publicar contos e romances, entre os quais, Clarissa, que logo se tornou
um sucesso. Viajou para vários países, lecionou Literatura Brasileira nos EUA e
trabalhou na OEA. Voltando ao Brasil, dedica-se a escrever e produz uma vasta obra.
A prosa tanto no romance quanto nos contos busca uma literatura intimista, de sondagem
psicológica, introspectiva, com destaque para Clarice Lispector. Ao mesmo tempo, o
regionalismo adquire uma nova dimensão com Guimarães Rosa e sua recriação dos
costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil
central. Um traço característico comum a Clarice e Guimarães Rosa é a pesquisa da
linguagem, por isso são chamados instrumentalistas. Enquanto Guimarães Rosa
preocupa-se com a manutenção do enredo com o suspense, Clarice abandona quase que
completamente a noção de trama e detém-se no registro de incidentes do cotidiano ou no
mergulho para dentro dos personagens.
Na poesia, surge uma geração de poetas que se opõem às conquistas e inovações dos
modernistas de 22. A nova proposta foi defendida, inicialmente, pela revista Orfeu
(1947). Assim, negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras “brincadeiras”
modernistas, os poetas de 45 buscam uma poesia mais “equilibrada e séria”. Os modelos
voltam a ser os Parnasianos e Simbolistas. Principais autores (Ledo Ivo, Péricles Eugênio
da Silva Ramos, Geir de Campos e Darcy Damasceno). No fim dos anos 40, surge um
poeta singular, pois não está filiado esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de
Melo Neto.
Referências históricas
1945 = fim da 2ª GM, início da Era Atômica (Hiroxima e Nagasaki), ONU, Declaração
dos Direitos do Homem, Guerra Fria. No Brasil, fim da ditadura Vargas,
redemocratização brasileira, retomada de perseguições políticas, ilegalidades e exílios.
Autores Principais
Mineiro, formou-se em Medicina e clinicou pelo interior, foi ministro e pela carreira
diplomática esteve em Hamburgo, Bogotá e Paris. Foi eleito membro da ABL e faleceu 3
dias depois de sua posse.
A obra de G. Rosa é extremamente inovadora e original. Seu livro, Sagarana (1946), vem
colocar uma espécie de marco divisor na literatura moderna do Brasil: é uma obra que se
pode chamar de renovadora da linguagem literária. Seu experimentalismo estético,
aliando narrativas de cunho regionalista a uma linguagem inovadora e transfigurada, veio
transformar completamente o panorama da nossa literatura.
O livro Grande Sertão: Veredas (1956), romance narrado em primeira pessoa por
Riobaldo num monólogo ininterrupto onde o autor e o leitor parecem ser os ouvintes
diretos do personagem, G. Rosa recuperou a tradição regionalista, renovando-a. Há um
clima fantástico na narrativa: Riobaldo conta suas aventuras de jagunço que quer vingar a
morte de seu chefe, Joca Ramiro, assassinado pelo bando de Hermógenes.
Sua narrativa é entremeada por reflexões metafísicas em torno dos acontecimentos e dois
fatos se repropõem constantemente: seu pacto com o Diabo e seu amor por Diadorim (na
verdade, Deodorina, filha de Joca Ramiro, disfarçada de jagunço). As dúvidas de
Riobaldo têm raízes místicas e sua narrativa torna-se então não mais um documento
regionalista, mas uma obra de caráter universal, que toca em problemas que inquietam
todos os homens: o significado da existência, as dimensões da realidade. Mas não é só
isto que é novo em G. Rosa: sua linguagem é extremamente requintada.
Ucraniana, veio com meses para o Brasil - por isso, sentia se “brasileira”. Tem por
formação Direito. Em 1944 forma-se e publica o livro que escreveu durante o curso -
Perto do Coração Selvagem surpreendendo a crítica e agradando ao público.
Casa-se com um diplomata, afastando-se do Brasil durante longos períodos, mas sem
interromper a produção artística.
Obras:
Morte e Vida Severina, obra mais popular de João Cabral, é um auto de Natal do folclore
pernambucano. Sua linha narrativa segue dois movimentos que aparecem no título:
“morte” e “vida”. No primeiro movimento, há o trajeto de Severino, personagem-
protagonista, que segue do sertão para Recife, em face da opressão econômico-social.
Severino tem a força coletiva de um personagem típico: representa o retirante nordestino.
No segundo movimento, o da “vida”, o autor chama a atenção para a confiança no
homem e em sua capacidade de resolver problemas.
Obras:
Textos
— Mas, Deus me valha! Eu já nem sei o que faço, pois ela ainda
confessa!
— Você acha que se pode... que se pode roubar? — Bem... talvez não.
— Sim, roubei porque. quis. Só roubarei quando quiser. Não faz mal
nenhum.
— Quando a gente rouba e tem medo. Eu não estou contente nem triste.
--Clarice Lispector
O retirante explica ao leitor quem é e a que vai (in Morte e Vida
Severina)
Mas ísso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia com nome de
Severino filhos de tantas Marias mulheres de outros tantos, já finados,
Zacarias, vivendo na mesma serra magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça
grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre
as mesmas pernas finas, e iguais também porque o sangue que usamos
tem pouca tinta.
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