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Capítulo 1

“No início do século XXI, a pergunta sobre o que significa ser latino-americano está mudando, as
respostas outrora convincentes se desvanecem e surgem dúvidas quanto à utilidade de assumir
compromissos continentais. Aumentaram as vozes (...). Ao mesmo tempo, os Estados nacionais (...)
vem sendo reduzidos pela globalização.” (pg. 24)

“Aqueles que apostaram tudo nos Estados nacionais, no mercado ou na grande mídia como agentes
do desenvolvimento e da integração da América Latina, aprenderam que nenhum desses
referenciais é o que foi.” (pg. 24-25)

“(...) a intensificação das migrações está modificando de muitas maneiras a localização da ‘latino-
americanidade’ no mundo.” (pg. 26)

Capítulo 2

“Brasil e México possuem mais da metade dos jornais e revistas e emissoras de rádio e televisão da
América Latina.” (pg. 30)

“(...) não é fácil situar produtores culturais fortes como o Brasil, Colômbia e México num mesmo
conjunto ao lado de países de baixo desenvolvimento tecnológico e mercados para livros e discos,
como os centro-americanos, Paraguai e República Dominicana.” (pg. 31)

“A questão das coexistências e tensões entre o que nos unifica e nos segmenta não é nova. Contudo,
em sociedades que interagem com a intensidade hoje facilitada por viagens e comunicações
eletrônicas, essa multidiversidade, mais complexa, exige que se fale de outro modo o que pode nos
agrupar.” (pg. 31)

“Numa época em que as empresas fabricam não apenas bens úteis, mas também atitudes, estilos de
vida e aparências pessoais, as marcas globalizadas vinculam milhões de consumidores.” (pg. 32)

“É necessário repensar as cumplicidades e unificações do consumo do ponto de vista da


desintegração social gerada por políticas econômicas estruturais, não apenas pelas grandes empresas
onde a exploração é mais gritante.” (pg. 32)

“O significado da latino-americanidade não pode ser definido apenas observando o que acontece
dentro do território historicamente delimitado América Latina. As respostas sobre os modos de ser
latino-americano vêm também de fora da região, assim como as remessas dos emigrados.” (pg. 33)

“A precarização do trabalho dispersa cidadãos, reduz o consumo, subtrai sentido à convivência na


nação.” (pg. 34)

“(...) a) o local não se dissolve na globalização: o trem desemboca na própria cidade; b) assim como
nós, latino-americanos, configuramos nossa identidade heterogênea com vivências de vários países,
inclusive da Europa e dos EUA, muitos europeus e estadunidenses reconhecem pedaços de si
mesmos na América Latina.” (pg. 35)

“(...) as indústrias de comunicação vêm perdendo muito da expressão cultural nacional e do papel
de organizadoras da cidadania que já tiveram (...).” (pg. 37-38)
“(...) mesmo reconhecendo a vitalidade e a continuidade da história comum, o latino-americano não
seja uma essência, e mais do que uma identidade seja uma tarefa.” (pg. 39)

Capítulo 3

“Duas narrativas organizaram as tentativas de transformar a história da América Latina no último


meio século: a autogestão nacional-regional e a abertura modernizadora do neoliberalismo.” (pg.
41)

“Os populismos (...) argumentaram ecleticamente essa integração (...) que considerava os membros
de cada país como a uma única cultura homogênea.” (pg. 42)

“(...) sua proposta (do desenvolvimentismo) era sintonizar as inovações das metrópoles com os
projetos de modernização nacional. (...) nossos males (...) se resolveriam com um desenvolvimento
nacionalista, econômica e culturalmente autônomo.” (pg. 43)

“As irreverências artísticas e literárias, às vezes coletiva, às vezes ligada a movimentos operários ou
radicais, deslocaram as experimentações culturais dos circuitos de consagração modernizadora e
cosmopolita para os ásperos cenários da denuncia e do protesto.” (pg. 44)

“A situação atual se caracteriza por uma crise geral dos modelos de modernização autônoma, pelo
enfraquecimento das nações e da própria ideia de nação, pela fadiga das vanguardas e das
alternativas populares.” (pg. 44)

“Embora não haja ruptura democrática, a democracia em formato nacional não funciona a contento.
A transnacionalização da economia e da cultura tornou pouco verossímil esse modo de legitimar a
identidade. A noção mesmo de identidade nacional é erodida (...)” (pg. 45)

“Reavivar nacionalismos, regionalismos e etnicismos: foi assim que se pretendeu, na ultima curva
do século XX, poupar trabalho histórico da construção e reajustamento incessantes das identidades
mediante a simples exaltação de tradições locais” (pg. 47)

“De um ponto de vista sociocultural, é pouco fecundo reduzir as muitas maneiras de ser argentino,
brasileiro ou mexicano a um pacote fechado de traços, a um patrimônio monocórdio.” (pg. 48)

“Para o neoliberalismo, a exclusão é apenas um componente da modernização entregue ao


mercado.” (pg. 50)

“O fato mais desestabilizador e empobrecedor dos últimos trinta anos é o aumento sufocantes da
dívida externa.” (pg. 51)

“A inegável modernização de zonas prósperas do México, Caracas, Bogotá, São Paulo, Buenos
Aires e Santiago do Chile não basta para disfarçar a ampla pauperização das periferias.” (pg. 52)

“Passamos de nos situar no mundo como um conjunto de nações com governos instáveis, golpes
militares frequentes, mas com identidade sociopolítica, a ser um mercado (...).” (pg. 52)

“Ao nos desfazermos do patrimônio e dos recursos para administrá-lo, expandi-lo e comunica-lo,
nossa autonomia nacional e regional se atrofia.” (pg. 52)
“O esgotamento das utopias regionalistas talvez seja o legado mais decisivo que a dívida externa e o
consequente agravamento da dependência deixaram à América Latina.” (pg. 54)

“(...) a integração no campo das comunicações avançou mediante a expansão continental de


indústrias culturais (...) a transnacionalização atraiu novos administradores das imagens da ‘latino-
americanidade’.” (pg. 54-55)

“No que se refere à produção intelectual e aos modelos de desenvolvimento, a incidência das
empresas audiovisuais ainda é baixa. (...) grandes empresas estão reconfigurando a cultura
audiovisual e, portanto, as representações sociais de amplos setores latino-americanos” (pg. 55)

Capítulo 4

“Nunca tivemos a chances de ser tão cosmopolitas como agora (...). Mas essa etapa também
acarreta a perda de projetos nacionais.” (pg. 59)

“Quem administra uma filial tem a responsabilidade de mostrar bons resultados aos chefes, não de
tomar decisões. Durante a década de 90, a seleção de autores latino-americanos que seriam editados
e dos escritores a publicar internacionalmente passou (...) de Buenos Aires e Cidade do México para
Madri e Barcelona.” (.pg. 61)

“Assim se interrompe o dialogo de alguns principais romancistas e poetas com seu campo cultural
imediato.” (pg. 61)

“A reestruturação do mercado editorial é similar à resultante de quase todas as fusões comerciais se


alcance transnacional.” (pg. 62)

“(...) o acesso desigual dos países à expansão econômica comunicacional. Os EUA ficam com 55%
dos lucros mundiais gerados pelos bens culturais comunicacionais; a União Europeia, com 25%; o
Japão e o restante da Ásia, com 15%, e os países latino-americanos, só 5%.” (pg. 63)

“É possível que essa política de conhecimento interamericana não apenas beneficiaria os criadores,
intelectuais e consumidores deste continente, e os 35 milhões de hispanófonos que moram nos
EUA. Poderíamos intervir de maneira consistente em foros regionais e mundiais onde os ministros
da cultura e das telecomunicações da América Latina costumam permanecer calados.” (pg. 65)

“É possível imaginar que em países onde as privatizações foram desindustrializando, alienando


bancos, companhias aéreas e até a riqueza do subsolo, nossos recursos culturais poderiam contribuir
para implantar novos programas de crescimento.” (pg. 66)

“(...) o setor cultural, ‘tradicionalmente visto como um notório tomador de recursos’, mostra agora
‘altos níveis de rentabilidade e os mais altos níveis de crescimento da demanda’.” (pg. 67)

“(...) o rádio, a televisão e o cinema, os discos, os vídeos e a internet ganham importância para a
coesão social e politica.” (pg. 68)

“A expansão econômica e comunicacional propiciada pelas indústrias culturais não beneficia


equitativamente todos os países e regiões.” (pg. 68)
“Pode-se dizer que, embora a falta de emprego seja o principal detonador das migrações, também a
decadência do desenvolvimento educacional e cultural constitui um fator expulsivo.” (pg. 69)

“O predomínio estadunidense nos mercados de comunicação reduziu o papel de metrópoles


culturais que Espanha e Portugal tiveram desde o século XVII e a França desde o XIX até o início
do XX na América Latina. Entretanto, o deslocamento do eixo econômico e cultural para os EUA
não é uniforme em todos os campos. Trocando em miúdos: em tempos de globalização, não há
apenas ‘americanização do mundo’.” (pg. 70)

“(...) as afinidades e divergências culturais contam muito para que a globalização abranja ou não
todo o planeta, para que seja circular ou simplesmente tangencial.” (pg. 70)

“Mas seria simplista afirmar que a cultura do mundo é fabricada nos EUA, ou que esse país detém o
poder de orientar e legitimar tudo o que se faz em todos os continentes.” (pg. 70)

“As divergências continuarão a irromper dentro da homogeneização dos mercados, tornando as


vantagens de um mundo multilateral sempre mais atraente.” (pg. 72)

“Mas vivemos numa época em que o único país com recursos de prepotência para agir de maneira
imperialista está encabeçado por um dos governos que menos entende por globalização.” (pg. 73)

“Com a apropriação, por parte de empresas espanholas, francesas e italianas, de redes de


telecomunicações, bancos, editoras e canais de televisão em vários países latino-americanos, os
capitais europeus estão mudando os sinais da nossa dependência.” (pg. 73)

“As indústrias de comunicação se tornaram uma das zonas de maior concorrência e conflito de
interesses públicos e privados, entre países desenvolvidos e periféricos, e até entre diversas
modalidades de desenvolvimento cultural, por exemplo entre o anglo-saxão e o latino. À medida
que as megaempresas privadas se apropriam de parte da vida pública, esta experimenta um processo
de privatização, transnacionalização unilateral e desresponsabilização em relação aos interesses
coletivos na vida social.” (pg. 74)

“Além disso, a desresponsabilização em relação às questões públicas se agrava porque as políticas


culturais dos Estados se ocupam da cultura alta ou ‘clássica’, e não empreendem novas ações em
relação à industrialização e transnacionalização das comunicações.” (pg. 75)

“Poucos Estados e organismos supranacionais se interessam em representar os interesses públicos


nessas áreas.” (pg. 75)

“Assim como há tempos se rechaça a pretensão de alguns Estados de controlar a criatividade


artística, também devemos questionar a afirmação de que o livre mercado favorece a liberdade dos
criadores e o acesso das maiorias.” (pg. 76)

“Numa época em que a privatização da produção de bens simbólicos está alargando o abismo entre
consumos de elite e de massa, não bastam as tecnologias avançadas para facilitar a circulação
transnacional e o consumo popular.” (pg. 76)

“(...) dois desafios estratégicos: a integração multimídia e as legislações de amparo à cultura.” (pg.
78)
“(...) a desconexão entre a indústria cinematográfica e televisiva enfraquece os dois ramos e
desistumula a sinergia entre os dois tipos de ficção.” (pg. 79)

“Essa participação social, por meio de organizações de artistas e consumidores culturais, pode fazer
com que as diferenças culturais sejam reconhecidas, que até os setores menos equipados para
intervir na industrialização da cultura, como os países periféricos, os indígenas e os pobres urbanos,
comuniquem suas vozes e suas imagens.” (pg. 79)

“(...) os criados não são (...) deuses que emergem do nada, e sim de escolas de cinema e faculdades,
que precisam de editoras, de museus e de canais de televisão e de salas de cinema para expor suas
obras.” (pg. 79)

“O Estado não cria cultura. Mas ele é indispensável para gerar condições contextuais, as políticas de
estímulo e regulação em que os bens culturais possam ser reproduzidos e acessados com menos
grau de discriminação.” (pg. 80)

“(...) a importância de que a integração econômica e cultural dos países seja respaldada por leis e
acordos legais transnacionais que protejam o sentido cultural de sua produção.” (pg. 80)

“(...) os organismos nacionais e supranacionais reconheçam a autoria intelectual e protejam a


criatividade e a inovação estética para que não sejam submetidas à prepotência do lucro.” (pg. 81)

“Deve-se reconhecer que não é simples proteger nem delimitar a autoria de produtos das culturas
comunitárias tradicionais (...).” (pg. 81)

“(...) essa expansão e essas interconexões têm de ser situadas em políticas culturais que reconheçam
os interesses plurais do conjunto de artistas, consumidores e de cada sociedade.” (pg. 82)

“Uma primeira tarefa é conseguir que as indústrias culturais sejam incluídas na agenda pública dos
acordos de integração, intercâmbio e livre comércio.” (pg. 83)

“A educação formal precisa de telas de TV e de computador para se relacionar com a vida cotidiana
dos estudantes e habitá-los para o futuro, mas nem o controle remoto nem o mouse organizam a
diversidade cultural nem desenvolvem opções de vida inteligentes.” (pg. 85)

“As ações futuras deveriam superar o caráter preventivo (...) e propiciar a produção e distribuição
fluida de bens e mensagens entre as regiões pouco conectadas.” (pg. 85)

Capítulo 5

“O desenvolvimento das indústrias nacionais deixou de importar, e o decisivo na avaliação dos


países passou a ser quantos investimentos eles eram capazes de atrair, fosse de onde fosse, e
quantos produtos conseguiam exportar. A relação com o mundo parecia ter mais prestígio que a
ligação com o local.” (pg. 87)

“O local parecia interessar somente a quem se saía mal nesse mercado import-export, às gerações
mais velhas afeitas a saberes e gostos domésticos, aos políticos que não dominavam outros idiomas
ou não conseguiam fazer negócios com as transnacionais, a professores formados nas humanidades
nacionais e a folcloristas nostálgicos.” (pg. 87-88)
“Já não é possível isolar comunidades locais ou grupos étnicos, selecionar seus traços ‘autênticos’ e
reduzir as explicações de seu desenvolvimento à lógica interna de cada grupo.” (pg. 94)

“Sob a lógica da globalização, o ‘popular’ não é sinônimo de local.” (pg. 94)

“A utilidade dos estudos, parece-me, passa por ajudar a discernir entre o que reforça, renova ou
desafia as marginalizações arcaicas. Sobretudo para descobrir e pensar como podem as cultural
populares sair de seu abandono local e, com suas criações e saberes, participar competitivamente do
comércio global.” (pg. 94)

“(...) é preciso ter em conta que as possibilidades de incorporação das culturas populares em
circuitos de maior reconhecimento e valor são limitadas.” (pg. 95)

“A reprodução de suas formas de vida e simbolização é sufocada pela concorrência global, agora
sem os dispositivos protetores do Estado de bem-estar.” (pg. 95)

“(...) se trata de construir opções mais democráticas, distribuídas equitativamente, para que todos
possamos ter acesso ao local e ao global e combiná-los ao nosso gosto.” (pg. 97)

“Por isso, as culturas populares não se deixam decifrar apenas como afirmação e resistência dos
subalternos. Aparecem, nessas peripécias de sua história, como os espaços em que grupos
hegemônicos ou subordinados, e até excluídos, disputam e negociam o sentido social.” (pg. 99)

“A fragilidade da noção, ou seja, suas vacilações entre popular, popularidade e exclusão, representa
as condições precárias em que vivem os subalternos, a condição incerta de quem experimenta o
vaivém entre escolher, ser escolhido e ser descartado.” (pg. 99)

Capítulo 6

“(...) a globalização não é um sujeito, e sim um processo no qual se movem atores que podem
orientá-lo em diferentes direções.” (pg. 101)

“A pergunta-chave não é com que ajustes econômicos internos vamos melhor pagar as dívidas, e
sim que produtos materiais e simbólicos próprios (e importados) podem melhorar as condições de
vida das populações latino-americanas e potencializar nossa comunicação com os demais.” (pg.
103)

“Desenvolver políticas socioculturais que promovam o avanço tecnológico e a expressão


multicultural de nossas sociedades, cometem no crescimento da participação democrática dos
cidadãos.” (pg. 104)

“Repensar a fundo o desenvolvimento latino-americano implica reformular os vínculos com os


EUA e Europa.” (pg. 107)

“Com o enfraquecimento dos governos e das economias latino-americanas defronte a Washington e


às transnacionais econômicas verificado nas últimas décadas, reduziu-se o espaço para dissensão.”
(pg. 107)
“Quando a coexistência de virtudes e defeitos em todas as culturas é simplificada, tanto por
fanáticos islâmicos como por estadunidenses que põe todo o Bem de seu lado e amontoam o Mal do
outro, é importante recuperar as ambiguidades do simbólico da vida social.” (pg. 109)

“Cultivar e proteger a diversidade latino-americana situando-a na variedade de tendências que


contém a globalização. Criar instrumentos internos de reconhecimento e avaliação do
desenvolvimento sociocultural.” (pg. 111)

“A publicidade, a televisão e outras áreas privilegiadas por subtributação ou por concessões


clientelistas devem em troca assumir o compromisso de financiar as expressões da diversidade
cultural.” (pg. 113)

“Mas explorar o potencial conjunto de nossas práticas culturais pode nos ajudar a imaginar outro
modo de nos globalizarmos.”
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de História
História da América Contemporânea
Professora Jessie Jane Vieira de Sousa

Fichamento
Latino-americanos à procura de um lugar
neste século

Fernanda Bana Arouca

Rio de Janeiro
2011/1

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