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CURIOSIDADES SOBRE ANFÍBIOS1

Janine da Silva Demenighi, 2005.

Que tipo de animal é um Anfíbio?


Os anfíbios foram os primeiros seres vertebrados a pisarem em terra firme. De acordo com a
evidência de fósseis encontrados há 400 milhões de anos, eles evoluíram a partir dos peixes,
constituindo assim um grupo situado entre os peixes e os répteis. O nome anfíbio, que significa, em
grego, duas vidas, refere-se às suas duas fases de vida: aquática e terrestre, pois apesar de muitas
espécies poderem viver fora do ambiente aquático, esses animais sempre apresentaram grande
dependência da água, pelo menos durante a fase reprodutiva. Seus ovos necessitam de umidade
constante e os filhotes, ao nascerem, vivem na água, onde respiram através de brânquias e, com seu
desenvolvimento, passam para a terra, onde respiram por pulmões.

Leonardo F. Stahnke

Girino: vida aquática. Girino com poucos dias de Anuro que acaba de Anuro jovem com
vida iniciando a metamorfose. deixar a vida na água e metamorfose
Reparem que as pernas está iniciando a fase completa, sem
posteriores já cresceram. de vida na terra. a cauda.

Como são classificados?


A classe Amphibia é dividida em três ordens:
* Ordem Anura: não apresentam cauda na fase adulta e possuem dois pares de patas. Está
representada por sapos, rãs e pererecas.

Leonardo F. Stahnke

Perereca

* Ordem Caudata: possui cauda e, em geral, dois pares de patas na fase adulta, embora essas
possam ser reduzidas dependendo do hábito de vida do animal. Está representada pelas
salamandras.

Salamandra

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Questionário organizado por JANINE DA SILVA DEMENIGHI, a partir das dúvidas mais freqüentes
trazidas ao Laboratório.
* Ordem Gymnophiona ou Ápoda: apresentam o corpo vermiforme e não possuem patas. Por viverem
quase sempre no ambiente subterrâneo, são raras as oportunidades de nos depararmos com a
cecília ou cobra-cega, que é assim chamada por ter olhos vestigiais, às vezes recobertos por uma
membrana. Ela é confundida com as serpentes pelo formato sem patas de seu corpo, sendo
diferenciada pelo fato de não possuir escamas.

Cobra-cega

Qual a importância dos anfíbios?


Os anfíbios são animais de extrema importância para o equilíbrio da natureza, principalmente porque
controlam a população de insetos e outros invertebrados. Se não fossem os anfíbios, o mundo teria
tantos insetos (pernilongos, moscas, etc.) que não seria possível controlar doenças tais como a
dengue, a febre amarela e a malária, que são transmitidas por eles. Sem os anfíbios, a quantidade de
pragas nas plantações de bananas e outras lavouras seria tão grande que não haveria veneno no
mundo para combatê-las; nós morreríamos de fome ou envenenados em poucas semanas. Além
disso, por serem sensíveis a alterações ambientais, esses animais podem ser os primeiros a sofrer os
efeitos de uma ambiente poluído, por exemplo, sendo então bioindicadores, ou seja, indicam que algo
naquele local não está bem.
Na atualidade, eles são alvo de biopirataria, uma vez que na sua pele encontram-se compostos
químicos de interesse das grandes indústrias. As pesquisas têm possibilitado a descoberta de
substâncias que poderão atuar, por exemplo, como substituto da morfina, no tratamento do mal de
Alzheimer e Doença de Chagas. Como os grandes laboratórios farmacêuticos estão localizados no
Hemisfério Norte, o Brasil deve preservar os seus anfíbios e evitar o tráfico ilegal desses animais.
Assim, evita-se que, em um futuro não tão distante, tenha que se pagar bem caro por medicamentos
que foram produzidos a partir de substâncias existentes na biodiversidade nacional.

Por que os anfíbios estão desaparecendo?


Para os anfíbios, animais extremamente sensíveis às mudanças ambientais, qualquer pequena
modificação do ambiente, tanto de ocorrência natural como pela ação do homem, pode ser crucial
para sua sobrevivência. Assim, a poluição, os agrotóxicos, os desmatamentos e a destruição de
banhados para formação de lagoas de criação de peixes ou plantação de arroz vêm contribuindo para
a sua diminuição, o que traz conseqüências desastrosas para a natureza, afetando-nos diretamente.

Como devo chamar? Sapo, rã ou perereca?


Para denominar os anfíbios anuros, podemos seguir as regras abaixo:
* Sapos: apresentam a pele rugosa e fosca, com bolsas nas laterais, uma atrás de cada olho,
conhecidas como glândulas paratóides. São animais de hábitos mais terrestres, com locomoção
lenta, quase sempre a pequenos saltos.

Leonardo F. Stahnke

Sapo-cururu (Bufo ictericus)


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Questionário organizado por JANINE DA SILVA DEMENIGHI, a partir das dúvidas mais freqüentes
trazidas ao Laboratório.
* Rãs: apresentam pele muito lisa e úmida, dedos de ponta afilada com membranas interdigitais em
grande parte de seus representantes e locomoção rápida, com saltos de grande extensão. Temos
como representantes espécies aquáticas e espécies que vivem no chão.

Leonardo F. Stahnke

Rã-comum (Leptodactylus ocellatus)

* Pererecas: apresentam discos adesivos na ponta dos dedos, usados para subir na vegetação e em
paredes. Possuem pele lisa e úmida e locomovem-se rapidamente através de saltos, como seu
próprio nome em tupi indica (pere’reg = ir aos saltos).

Leonardo F. Stahnke

Perereca (Hyla bischoffi)

Os sapos têm veneno?


Sim. Os sapos, como é o caso do Sapo-cururu (Bufo ictericus), apresentam as chamadas glândulas
paratóides (de veneno), que são bolsas localizadas nas laterais, atrás de cada olho, contendo um
líquido leitoso. Eles não espirram esse “leite” nas pessoas, a não ser que alguém aperte essa bolsa.
Por esse motivo, os sapos não são peçonhentos, ou seja, possuem veneno, mas não conseguem
injetá-lo. O sapo usa isso para se defender dos predadores. Se um cachorro, por exemplo, mordê-lo,
a irritação provocada pelo “leite” obriga-o a soltar o sapo imediatamente, pois o contato com a
mucosa dos olhos, nariz ou boca pode causar danos ao organismo ou até mesmo levá-lo à morte. Na
floresta amazônica existem algumas rãzinhas coloridas que têm o veneno contido na pele, que é
utilizado pelos índios para envenenar suas flechas para a caça.

A urina dos anuros (sapos, rãs e pererecas) é venenosa e pode cegar?


Não. O líquido que esses animais soltam ao serem molestados nada mais é do que uma solução
aquosa, muito diluída, armazenada na bexiga. Essa “urina”, quando liberada, pode ser esguichada a
grande distância, sendo, no entanto, inofensiva.

Por que os anuros vocalizam (coaxam, cantam)?


O objetivo é atrair as fêmeas para o acasalamento. Somente os machos coaxam. Algumas espécies
apresentam dois coaxares diferentes: um de propaganda (ou nupcial) para atrair a fêmea; outro para
advertir um macho rival, no caso dele coaxar muito próximo. Há também espécies que apresentam
um terceiro tipo de coaxar, durante o dia, longe da lagoa de procriação, emitido em seu refúgio.
Também pode ser produzido um som de agonia, quando ocorre a captura por um predador.

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Questionário organizado por JANINE DA SILVA DEMENIGHI, a partir das dúvidas mais freqüentes
trazidas ao Laboratório.
Como o som é produzido pelos anuros?
O macho possui um ou dois sacos vocais que se enchem de ar e funcionam como uma caixa
amplificadora do som produzido pelas cordas vocais. Isso faz com que o som possa ser ouvido a
grandes distâncias.

Leonardo F. Stahnke

Macho vocalizando

Onde é mais provável encontrar os anuros vocalizando?


As pererecas vocalizam na vegetação próxima aos locais de reprodução (lagoas, banhados, riachos,
cachoeiras, etc.). Já os sapos e as rãs vocalizam nas bordas das lagoas, no chão, ou na água, às
vezes escondidos no meio da vegetação. Eles geralmente vocalizam (e se reproduzem) no local onde
nasceram. A fêmea escolhe o macho que vocaliza mais intensamente ou aquele mais insistente. Nos
anuros jovens a sexagem é de difícil verificação, pelo simples fato de que ainda não atingiram a
maturidade sexual. Os microhábitats onde ocorrem às vocalizações são chamados de sítios de
vocalização.

Como diferenciar o macho da fêmea?


Depois de adultos, de um modo geral, as fêmeas são maiores que os machos.
Outras características também são válidas, variando conforme a espécie. Exemplos:
* Sapo-cururu (Bufo ictericus)
Fêmea (esquerda) com estria clara no meio do dorso, ao contrário do macho (direita) com dorso
unicolor.

* Rã-manteiga (Leptodactylus ocellatus)


Fêmea (esquerda) com membros anteriores não musculosos, ao contrário do macho (direita).

* Rãzinha-de-barriga-amarela (Elachistocleis ovalis)


Fêmea (esquerda) com garganta amarela unicolor e macho (direita), com garganta preta.

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Questionário organizado por JANINE DA SILVA DEMENIGHI, a partir das dúvidas mais freqüentes
trazidas ao Laboratório.
De que se alimentam os anuros?
Os anuros são predadores e nutrem-se principalmente de invertebrados, como insetos. Algumas
espécies maiores podem comer vertebrados, como outras rãs, cobras pequenas, pássaros ou ratos.

De que se alimentas os girinos?


Na grande maioria das espécies os girinos são vegetarianos. Eles se alimentam de limo e detritos
vegetais em suspensão na água. Entretanto, em algumas espécies os girinos são carnívoros,
podendo, inclusive, comer os girinos de outras espécies. Há também espécies cujos girinos não se
alimentam, eles sobrevivem das reservas nutritivas do ovo. Alguns anuros da floresta amazônica
carregam os girinos nas costas deixando-os na água acumulada dentro das bromélias, e, de vez em
quando, a mãe retorna até essas bromélias para por um ovo, que servirá de alimento para o girino ali
deixado.

Pererequinha-transporta-ovos (Flectonotus fissilis)

Os sapos mordem?
Não. Mesmo que quisessem morder, os sapos não conseguiriam. Eles não
usam a boca para morder ou mastigar os insetos e outros bichos que
comem, como faz a maioria dos animais; usam somente a língua (fixada na
parte da frente da boca, na maioria das espécies) de forma muito rápida,
que a gente nem consegue acompanhar. Tudo acontece num piscar de
olhos. Quando o sapo vê o inseto ele se aproxima ou espera que o inseto
venha até ele. Numa certa distância do inseto, o sapo projeta seu corpo e
lança sua língua, que tem a ponta pegajosa para que o inseto grude nela.
Em seguida, retrai sua língua, puxando o inseto para dentro da boca, que é
engolido inteiro.

Seqüência de captura de um mosquito por um sapo.

Os anuros bebem água?


Não. Os sapos, as rãs e as pererecas não bebem água como a gente: absorvem água através da
pele. Quando têm sede, algumas espécies procuram ficar em contato com as folhas das árvores ou
de outras plantas que ficam molhadas pela chuva ou orvalho; também podem retirar a água do
próprio ar úmido das florestas. Abrigar-se no meio das bromélias é uma boa estratégia para manter o
corpo sempre hidratado. Desse modo, podem viver bem longe das lagoas e rios depois que deixam
de ser girinos.

Como os anfíbios anuros se reproduzem?


A fecundação da maioria dos anuros é externa (ocorre fora do corpo da fêmea), ao contrário das aves
e mamíferos, onde a fecundação é interna (ocorre dentro do corpo da fêmea). Durante o
acasalamento o casal fica em posição denominada de “Amplexo”, que significa abraço (o macho se
posiciona sobre a fêmea, abraçando-a). À medida que a fêmea, estimulada pelo abraço nupcial põe
os ovos, estes vão sendo fertilizados pelo sêmen expelido pelo macho.
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Questionário organizado por JANINE DA SILVA DEMENIGHI, a partir das dúvidas mais freqüentes
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Leonardo F. Stahnke

Casal de perereca (Hyla leptolineata) em amplexo.

Quanto tempo o macho permanece em amplexo (abraçado na fêmea)?


A competição entre os machos é tão grande que ao encontrar uma fêmea, o pretendente sobe nela e
não larga até que realize a desova. No caso do sapo-cururu (Bufo ictericus), o macho pode
permanecer até duas semanas sobre a fêmea.

Quantos ovos são depositados de cada vez?


Isso varia conforme a espécie e a estratégia utilizada. Se a estratégia é boa para a proteção contra
eventuais predadores, a quantidade de ovos é pequena, podendo ser de apenas dois ovos. Se a
estratégia não oferece muita segurança contra predadores ou secagem da lagoa, o número de ovos
pode chegar a oito mil, que é o caso do sapo-cururu. Mesmo que tudo dê certo, e os oito mil girinos
se transformem em sapinhos, poucos chegarão à fase adulta, pois lhe falta agilidade para escapar de
predadores.

Os ovos dos anuros têm casca?


Não. Diferentemente do que ocorre com as aves, por exemplo, os ovos dos anuros não são
protegidos por uma casca dura. Eles desidratam com facilidade, devendo ficar permanentemente
umedecidos para o desenvolvimento seguro do embrião. Por isso, os anuros põem os ovos
envolvidos em substâncias fabricadas pelo seu próprio organismo, que podem ser:
* Ninho de Espuma * Cordão de gel:
Ex.: Rãzinha-foi-não-foi (Physalaemus cuvieri) Ex.: Sapo-cururu (Bufo ictericus)

* Película de gel
Estratégia de reprodução da maioria das pererecas

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Questionário organizado por JANINE DA SILVA DEMENIGHI, a partir das dúvidas mais freqüentes
trazidas ao Laboratório.
E as cobras-cegas e salamandras como se reproduzem?
Nas cecílias (cobras-cegas) existe um órgão copulador, que o macho introduz na fêmea; enquanto
que em certas salamandras o macho deposita, no chão, bolsas contendo os espermatozóides, que
são então recolhidos pela fêmea através da cloaca.

Os anuros enxergam?
Sim, mas não como nós. Os olhos dos anuros apresentam adaptações ao ambiente terrestre. É a
partir desse grupo que surgem as pálpebras móveis e as glândulas lacrimais, que lubrificam, limpam
e protegem os olhos em um ambiente seco e com partículas em suspensão no ar.

Quem são os principais predadores dos anuros?


Certas aves, como gaviões, corujas e garças são grandes predadores de anuros. Mamíferos
carnívoros (gatos, quati, mão-pelada, furão), marsupiais (gambá, cuíca) e mesmo morcegos são
igualmente devoradores de rã e pererecas, mas seguramente as cobras constituem os mais
importantes inimigos naturais dos anfíbios anuros. Além disso, alguns invertebrados (aranhas,
baratas-d’água, sanguessugas) também apresentam anuros em sua dieta alimentar, tanto na fase
adulta como girinos e ovos.

Os anuros vivem em bromélias?


Sim. Na mata atlântica de Santa Catarina, por exemplo, pelo menos três espécies se reproduzem na
água acumulada nas bromélias, sendo que duas delas também vivem nesse local. Essas plantas se
constituem um microhábitat essencial para a sobrevivência dessas espécies, necessitando, portanto,
proteção contra sua retirada para o comércio e contra os desmatamentos.
Exemplo:
* Perereca-de-bromélia (Scinax perpusillus): a desova ocorre em bromélias e os girinos ali se
desenvolvem. Essa espécie vive exclusivamente em bromélias, em todas as fases de sua vida.

Todos os anuros colocam seus ovos na água?


Não. Existem espécies, como a Filomedusa (Phyllomedosa distincta), por exemplo, que depositam os
ovos nas folhas da vegetação às margens dos corpos d’água (lagoas, rios, etc.), de modo que ao
eclodirem caem diretamente na água. A rã-da-floresta (Eleutherodactylus guenteri) deposita seus
ovos no solo, escondida sobre troncos e pedras, pois essa espécie não possui a fase de girino
aquático, ou seja, as larvas se desenvolvem dentro do ovo.

Por que o sapo-martelo é chamado assim?

O Sapo-martelo (Hyla faber), que não é um sapo e sim uma perereca, tem
esse nome popular porque quando os machos vocalizam, o som produzido é
similar às batidas de um martelo.
Leonardo F. Stahnke

Por que o sapo-boi é chamado assim?


Embora seja da família das rãs, o sapo-boi (Proceratophrys boiei) é
popularmente chamado assim devido a forma de suas sobrancelhas que se
parecem com chifres.
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Questionário organizado por JANINE DA SILVA DEMENIGHI, a partir das dúvidas mais freqüentes
trazidas ao Laboratório.
O que os anuros fazem quando se sentem ameaçados?
Os mecanismos de defesa dos anuros incluem fuga ativa (aos saltos), coloração críptica ou
camuflagem (que se confunde com o ambiente), produção de substâncias tóxicas, tanatose (o animal
fica imóvel, fingindo-se de morto), alteração da forma do corpo ou posicionamento e exibição de
manchas, tornando a aparência maior e assustadora.

As rãs são comestíveis?


Sim. A carne de certas espécies de rãs destaca-se nutricionalmente por sua grande quantidade de
proteínas e por seu baixo teor de gordura. A rã criada comercialmente em cativeiro no Brasil é a Rã-
touro gigante (Rana catesbeiana). Este animal de origem norte americana foi introduzido em nosso
país em 1935, e foi escolhido pelos criadores por apresentar crescimento rápido, alto número de ovos
por postura e facilidade de manejo. Outras espécies de rãs nativas do Brasil, como a Rã-manteiga
(Leptodactylus ocellatus), por exemplo, também podem ser criadas em cativeiro, mas apresentam
comparativamente com a rã-touro, até o momento, menor desempenho produtivo e maiores
dificuldades técnicas e burocráticas.
Devido a diversas falhas estruturais e metodológicas nos criadouros da rã-touro, esses animais são
facilmente encontrados nos cursos d' água que drenam a área próxima de onde eles são criados,
demonstrando que a "invasão" já se estabeleceu. O efeito negativo das espécies exóticas invasoras
sobre as espécies nativas ocorre pelo fato de: possuírem atributos físicos e comportamentais que as
tornam mais competitivas, não existir predadores naturais e apresentarem alta capacidade
reprodutiva. A "bioinvasão", juntamente com a eliminação de ambientes naturais, é considerada hoje,
por vários pesquisadores, como um dos principais fatores responsáveis por declínios populacionais e
extinção de espécies nativas.

A imaginação do povo criou um ciclo de crenças sobre os sapos.


Alguns exemplos são citados a seguir:

∗ Antigamente, dizia-se que o medicamento infalível para a picada de serpente era abrir um sapo
vivo, pelo lombo e aplicar no local da picada.

∗ Dizia-se também que os sapos vingavam-se das serpentes da seguinte forma: enquanto ela dormia,
eles começavam a volteá-la, fazendo ao redor dela um ciclo de baba. Após isso, os sapinhos
começavam a cantar em frente à vítima. Essa logo despertava e ao se ver presa dentro do círculo de
baba ficava com muita raiva e suicidava-se.

∗ Outra superstição era que os ovos secos e pulverizados de sapos curavam a desinteria. Mas o
curioso é que os supostos ovos de sapos nem eram na verdade de sapos, e sim de um caramujo.

∗ Diziam também que a carne do sapo-pipa, torrada num espeto, era usada contra as feitiçarias e
para ajudar nos trabalhos de parto.

∗ O sapo era visto também como casamenteiro, pois para conseguir se casar, a mulher teria que
pegar uma agulha com linha verde, fazer com ela uma cruz no rosto do homem pretendido, enquanto
esse dormia, e costurar depois os olhos do sapo. O resultado seria mais rápido ainda se a mulher
vivesse com um sapo debaixo da cama.

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Questionário organizado por JANINE DA SILVA DEMENIGHI, a partir das dúvidas mais freqüentes
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∗ Diziam também que quando um sapo era morto e virado com a barriga para cima, ele atrairia a
chuva.

∗ Há uma lenda na Amazônia que diz que o Aru (sapo na língua tupi) é um sapo que vive nas
clareiras do mato e aparece sempre que um roçado é aberto. É o protetor dos roçados e, quando ele
aparece, a colheita está garantida. Conta a lenda, que o sapo Aru, transforma-se em homem bonito
para conquistar a Mãe da Mandioca. Ela mora nas cabeceiras do rio e ele vai buscá-la para visitar as
plantações. As roças limpas e bem plantadas agradam à Mãe da Mandioca, fazendo com que esta
traga chuva oportunamente para que as roças prosperem. Se a roça estiver mal cuidada, as pragas
impedirão que se retire da terra o sustento.

∗ Os índios acreditam que a perereca Cunauaru seja produtora de uma secreção cerosa, a cera de
cunauaru, dotada de propriedades medicinais e mágicas. Mas a cera nada mais é do que a resina da
árvore onde ela se aloja e faz seu ninho.

∗ Outra história diz que a perereca Cunauaru transforma-se em onça. Para ter certeza de que ocorria
a transformação, colocavam-se cinzas junto da árvore em que ela vivia. No dia seguinte, havendo
rastros de onça, era certo de que a perereca havia se transformado nela. Tal lenda existe devido ao
corpo malhado da perereca, que se assemelha a da onça.

∗ Há uma lenda que diz que no começo do mundo, os arus (sapos na língua tupi) eram homens,
como nós. Seu chefe, o seu Tuixauá, era muito atrevido; correndo as matas, importunava a todos que
encontrava pelo caminho. Certo dia, esse Tuixauá caçava na floresta quando, à beira de um rio,
encontrou uma índia, entretida a pegar guarus (sapos). Era linda, diferente das outras; sua pele,
branca como a luz da lua; os olhos verdes, da cor da esmeralda, brilhavam como as estrelas no céu;
o cabelo era negro. No mesmo instante, o Tuixauá-Aru sentiu o coração bater com toda a força: tinha
se apaixonado por ela. Escondeu-se atrás de umas moitas e ficou à espreita. Daí a pouco, sentindo-
se cansada, a moça deitou-se à sombra de uma árvore; o índio, sem perder tempo, aproximou-se e
deu-lhe um beijo. Ela assustou-se. De um salto, pôs-se de pé. "Para que fizeste tal coisa?" Gritou ela.
"Não sabes que não sou gente comum? Sou Seucy, filha da lua e mãe das plantas! Olha para o rio e
vê o que aconteceu ao teu rosto! Está queimado! Doravante não poderá mais ser homem. Será um
sapo, o sapo aru. Uma vez, no ano, voltará a ser novamente um homem e andará pelas margens dos
rios, a espalhar plantas e armadilhas para peixe". Assim que terminou de falar, a moça estendeu a
mão e pegou um sapo cururu. Espremeu-o e esfregou-o no rosto do tuixauá; pintando-lhe a face com
as cores que conserva até hoje. Com o sapo cururu que torceu, fez uma gaita que os índios chamam
de "membi", e entregou-a ao índio, agora já transformado em sapo: "Leva esta membi e, não
esqueças, meu nome é Seucy!" Dizendo assim, transformou-se num punhado de estrelas e subiu
para o céu. O tuixauá voltou para sua taba. Chegando lá, tocou a membi. Ouvindo a estranha música,
os índios, amedrontados, correram para o rio. Imediatamente viraram sapos. Desse modo surgiram
os sapos arus-cururus.

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Letras de músicas de sapo
Sapo cururu A mulher do sapo
Já foi lá pra dentro
Sapo cururu Aprontar os doces, maninha,
da beira do rio para o casamento
Quando sapo canta, ó
maninha, Sapo cururu,
diz que está com frio... ele já morreu...
Se jogou no mato, ó maninha,
Olha quanto sapo! bicho já comeu!
Olha quanto gia!
Na beira do rio, ó
maninha, O sapo não lava o pé
fazendo folia...
O sapo não lava o pé
Sapateiro novo Não lava porque não quer
fazei um sapato Ele mora lá na lagoa
de couro macio, ó Não lava o pé
maninha, Porque não quer
pra dançar o sapo. Mas que chulé!

BIBLIOGRAFIA

BASTOS, Rogério Pereira... [et al.]. Anfíbios da Floresta Nacional de Silvânia, estado de Goiás.
Goiânia: R.P. Bastos, 2003. 82p.
CARDOSO, João Luiz Costa... [et al.]. Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica
dos acidentes. São Paulo: SARVIER, 2003. 470p.
ETEROVICK, Paula C. Anfíbios da Serra do Cipó. Belo Horizonte: PUC Minas, 2004. 152p.
KWET, Axel. Anfíbios = Amphibien = Amphibians. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999. 107p.
SANTOS, Eurico. Zoologia Brasílica: Anfíbios e Répteis. Belo Horizonte: Itatiaia Limitada, 1981.
267p.
http://www.ra-bugio.org.br
http://www.butantan.gov.br
http://www.novohamburgo.rs.gov.br/sec/semam
http://www.ibama.gov.br

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Demenighi, J. S. 2005. Curiosidades sobre Anfíbios.
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