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4.4. A difícil adaptação ao modelo liberal (desde 1987) – p.

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Ao mesmo tempo que se processava a transição política, o futebol também vivia
uma transição do poder tutelar do Estado para o controle civil numa conjuntura de
franca expansão do capital no campo esportivo. Se vitória da oposição incorporou
representantes da ditadura e velhos oligarcas brasileiros, a pretensa modernização
futebolística manteve as estruturas de poder dos clubes e federações e foi levada a cabo
sem desarticular o poder dos velhos cartolas ou de novos dirigentes que ainda
comandavam suas agremiações à moda antiga. O rebaixamento e o acesso de clubes –
dinâmica essencial, comparável à alternância de governos num regime democrático,
instaurados em 1988, foram sujeitos a interrupções e mudanças de regulamento que
contornavam os fracassos esportivos de clubes tradicionais. .(FRANCO JÚNIOR,
Hilário – a dança do deuses: o futebol, cultura, sociedade, 2007, p.155)
Em 1987, em meio a grave crise financeira, a CBF anunciava que não teria
condições de promover o certame nacional. Os principais clubes brasileiros formaram
então o Clube dos Treze (Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro,
Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco) e
encarregaram-se de organizar a chamada Copa União, convidando para ela mais três
clubes, Coritiba, Goiás e Santa Cruz. Durante a competição, a CBF resolveu interferir e
obrigar a disputa de um quadrangular entre os dois primeiros colocados da Copa União
(que a CBF denominou Módulo Verde) e os dois primeiros do campeonato da segunda
divisão (organizado pela entidade e por ela denominado Módulo Amarelo). Campeão e
vice seriam os representantes brasileiros na Libertadores da América. Com a recusa do
Clube dos Treze, em 1987 houve dois campeões nacionais, Flamengo e Sport. Este
último e o Guarani disputariam a Libertadores.(FRANCO JÚNIOR, Hilário – a dança
do deuses: o futebol, cultura, sociedade, 2007, p.155)
Após ameaças de desfiliação da FIFA por ser a entidade representante do futebol
brasileiro, a CBF retomou o controle do campeonato brasileiro, e continuaria a
proporcionar espetáculos surpreendentes. Por exemplo, na sua lógica elitista e
paternalista, em 1996 o descenso de Fluminense e Bragantino foi cancelado sob
alegação de arbitragens suspeitas e prejudiciais aos dois clubes, cujas diretorias
possuíam íntimas relações com os salões da CBF e os gabinetes de Brasília. .(FRANCO
JÚNIOR, Hilário – a dança do deuses: o futebol, cultura, sociedade, 2007, p.156)
As tensões entre clubes e a CBF, os recursos à Justiça Desportiva, as falcatruas
nos bastidores, as mudanças casuísticas de regulamento e a impunidade revelavam o
tumultuado processo de modernização do futebol brasileiro, em sintonia com o que
ocorria na cena política nacional. Os trabalhos constituintes de 1987 e 1988 com as
práticas semelhantes já tinham denunciado as dificuldades em se modernizar as
estruturas políticas do Brasil. (FRANCO JÚNIOR, Hilário – a dança do deuses: o
futebol, cultura, sociedade, 2007, p.157)
Não se surpreende que o domínio quase monárquico de Ricardo Teixeira na
CBF tenha começado nesse contexto, em 1989, e que ele tenha depois garantido a
continuidade no poder graças a mudanças no estatuto e a excelentes relações politicas e
familiares. (FRANCO JÚNIOR, Hilário – a dança do deuses: o futebol, cultura,
sociedade, 2007, p.157-158)

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