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Plano de Desenvolvimento
Sustentável do Norte e Noroeste
do Estado do Rio de Janeiro
Cenários e Estratégia
Setembro 2010
Capa 4, Espiral_Layout 1 31/08/10 16:54 Page 3
Projeto:
Plano de Desenvolvimento
Sustentável do Norte e Noroeste do
Estado do Rio de Janeiro
Os vultosos investimentos que estão sendo e serão realizados na Região Norte Fluminense
associados à Bacia de Campos constituem um forte elemento indutor do seu desenvolvi-
mento, se adequadamente geridos segundo os preceitos da sustentabilidade econômica
social e ambiental. Neste sentido, a elaboração de um plano de desenvolvimento sustentá-
vel, de longo prazo, certamente trará, depois de concluído, um diferencial estratégico com-
petitivo para os gestores públicos, empreendedores privados e do terceiro setor e, igualmen-
te, para toda a sociedade que vive nessa Região e na Noroeste, sua vizinha integrada.
Assim, o projeto do Planejamento Estratégico do Norte e Noroeste Fluminense representa,
portanto, o refinamento de um olhar focalizado no desenvolvimento continuado, baseando-
se no fato de que a sua implementação, como resultado dos esforços dos diversos agentes
socioeconômicos regionais e do Estado do Rio de Janeiro, entre outros, representa um con-
junto de ações e programas coordenados, devidamente priorizados, comprometidos com a
criação e crescimento de um estado de bem estar para sua sociedade. O seu escopo princi-
pal abrange inclusive a identificação de outras potencialidades dessas Regiões, além das já
conhecidas, qual sejam o pólo petrolífero, o pólo de extração mineral e os tradicionais pólos
de agricultura. O desenvolvimento sustentável será produzido de forma conseqüente, sobre
o conhecimento e a exploração dos fatores diferenciais que caracterizam e que as suas lo-
calidades e populações podem promover.
A metodologia utilizada no projeto, conforme a especificação consistente de seu termo de
referência, foi testada e amadurecida, com sucesso, em outros estados da federação, e os
seus resultados responderão as seguintes indagações:
onde estamos em relação ao restante da sociedade? e, onde queremos chegar numa visão
de futuro, dos próximos 25 anos?
Como produto, ao final de sua realização, estará disponível uma carteira de projetos estrutu-
rantes e articulados de curto, médio e longo prazos, capazes de induzir e promover o pro-
cesso de desenvolvimento regional. Essa carteira será incorporada ao Sistema de informa-
ção de Gestão Estratégica do Estado do Rio de Janeiro, SIGE- RIO, onde tornar-se-á aces-
sível, via Internet, para os interessados em sua implementação,
Para sua viabilização, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão se articulou com a
Petrobras, por meio da unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos
(UM-BC), a qual vem desenvolvendo um conjunto de ações regionais relevantes através do
seu Programa de Desenvolvimento Social de Macaé e Região, PRODESMAR, especifica-
mente constituído com o objetivo de aprimorar o planejamento e as ações de desenvolvi-
mento, em bases sustentáveis, para as Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Ja-
neiro, afetadas direta e indiretamente pelas atividades do setor petrolífero. Desse entendi-
mento, como uma decisão de responsabilidade social da empresa, a Petrobrás assumiu a
responsabilidade pelo aporte financeiro para a execução desse projeto, cuja gestão está a
cargo da SEPLAG, Rio de Janeiro, em um prazo de dez meses, conclusão programada para
setembro de 2010, em quatro etapas, sequenciadas, que também produzirão resultados,
parciais, da maior significação, para os processos de tomada de decisão sobre o desenvol-
vimento do Norte e Noroeste Fluminense e os seus reflexos na economia do Estado do Rio
de Janeiro.
Edição Final
Terceiro Momento
• distribuição de pesquisas sistemáticas, sob a forma de questionários, para resposta
por representantes das secretarias municipais das duas Regiões;
• nova interação direta para esclarecimento e complementação de informações para a
elaboração da análise situacional.
Coordenação Geral
Setembro de 2010
Cenários Prospectivos e
a visão de Futuro
Autor:
Eduardo Nery
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2. VARIÁVEIS CRÍTICAS........................................................................................... 11
3. METODOLOGIA E FERRAMENTA........................................................................ 16
4. CONSIDERAÇÕES SOBRE AMOSTRA DE INCERTEZAS CRÍTICAS ................. 17
4.1 Projeção do Crescimento da Demografia .............................................................. 17
4.2 Grandes Empreendimentos................................................................................... 19
4.3 Economia (Evolução do PIB)................................................................................. 21
4.4 Petróleo................................................................................................................. 23
4.5 Internalização de Cadeias Produtivas ................................................................... 24
5. DESCRIÇÃO DOS MACRO-CENÁRIOS ............................................................... 24
5.1 Cenário I: Emergência (“Emancipação regional sustentável”) ............................... 24
5.2 Cenário II: Conciliação na Divergência (“Composição de interesses”)................... 35
5.3 Cenário III: Repetência em História (“Um novo ciclo que não se aproveita”) ......... 41
5.4 Cenário IV: Desenvolvimento Perdido (“Oportunidades não aproveitadas”) .......... 45
5.5 Cenários: A Visão do Conjunto.............................................................................. 49
6. REFERÊNCIAS...................................................................................................... 50
FIGURAS
Figura 1 - Região Norte e Noroeste Fluminense, Variáveis Incertezas Críticas 2010 - 2035 13
Figura 2 – Brasil e o Norte-Noroeste Fluminense, Fluxograma das Incertezas .................... 15
Figura 3 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Estruturação dos Cenários Prospectivos,
2010 - 2035 ......................................................................................................................... 17
Figura 4 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Cenário I Emergência, 2010 - 2035 ....... 25
Figura 5 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Cenário II Conciliação na Divergência,
2010 -2035 .......................................................................................................................... 36
Figura 6 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Cenário III Repetência em História, 2010 -
2035 .................................................................................................................................... 42
Figura 7 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Cenário IV Desenvolvimento Perdido,
2010 - 2035 ......................................................................................................................... 46
Figura 8 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Cenários Prospectivos I a IV, 2010 - 2035
............................................................................................................................................ 49
GRÁFICOS
Gráfico 1 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Evolução da População, 2005 - 2035 ... 19
Gráfico 2 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Alternativa A, Evolução PIB, 2005 - 2035
............................................................................................................................................ 21
Gráfico 3 - – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Alternativa B-HM, PIB, 2005-2035.... 21
Gráfico 4 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Alternativa B-HA, PIB, 2005 - 2035...... 22
Gráfico 5 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Alternativa B-HB, PIB, 2005 - 2035 ...... 22
Gráfico 6 - Bacia de Campos, Produção de Petróleo, 2005 - 2035 ...................................... 23
TABELAS
2. VARIÁVEIS CRÍTICAS
Os estudos da situação das Regiões Noroeste e Norte Fluminense, no que diz respeito ao
seu plano de desenvolvimento sustentável, revelam que a economia do petróleo em escala
expressiva é recente, do ano 2003 em diante, desde que no período anterior, até os primór-
dios dos anos setenta, os níveis de exploração se mantiveram pequenos em relação aos
níveis sucedâneos. No entanto, em qualquer um desses períodos, mais de 40 anos do início
da exploração, no primeiro caso, ou 7 anos da sua mudança de patamar, no segundo, as
iniciativas de utilizar este ciclo de crescimento para a promoção do desenvolvimento regio-
nal foram poucas, quando existentes. Não se constata uma internalização efetiva da cadeia
petróleo, nem se desenvolveu a logística regional, nem as cadeias colaterais ou a geração
do conhecimento na Região, de modo sustentável.
O aumento das receitas, predominantemente de “royalties” não se traduziu nem por inver-
sões de seus resultados no desenvolvimento planejado da economia regional, nem pela
melhoria da distribuição da renda e das oportunidades, o que corresponderia a uma inser-
ção planejada e efetiva dos empreendimentos.
Observa-se um processo de crescimento explosivo em duas áreas urbanas, Campos dos
Goytacazes e Macaé, com certo desenvolvimento, muito concentrado no setor serviços. A
tônica dominante é a produção e exploração do petróleo na plataforma continental.
Há exceções importantes, neste contexto. Particularmente destaca-se o desenvolvimento da
plataforma universitária regional, também localizada nos dois municípios, um núcleo que
pode se tornar gerador de conhecimento e suportar mudanças de segunda ordem, em mé-
dio prazo, nas Regiões de sua influência. Outra exceção da maior significação consiste na
constituição dos fundos de desenvolvimento municipais, o FUMDECAM e o FUMDEC, que
rompem com a dependência histórica das instituições de financiamento externas, criam uma
iniciativa de formação de poupança regional capaz de orientar os programas e projetos de
desenvolvimento de seu interesse, prioritários.
Uma terceira iniciativa, mais disseminada, se detém na indução pelas Municipalidades da
produção econômica cultural e artesanal associativa, ligada ou não ao turismo, que já mos-
tra resultados muito positivos em alguns de seus programas. No entanto, estes exemplos
SISTEMA LEGISLAÇ
LEGISLAÇÃO
MEIO AMBIENTE
SOCIAL E REGULAÇ
REGULAÇ ÃO
CULTURA PETRÓ
PETRÓLEO
CONHECIMENTO
INFRA
ESTRUTURA
E LOGISTICA
ECONOMIA
É importante lembrar que estas a incerteza destas variáveis decorre da sua existência tanto
no ambiente regional quanto no nacional e internacional, de suas influências mútuas e das
próprias condições de desenvolvimento de cada uma delas o que lhe atribui uma incerteza
maior ou menor. O objetivo então, ao considerá-las é identificar os padrões possíveis da
socioeconomia das Regiões Norte e Noroeste, à luz da socioeconomia brasileira e global.
Isto quer dizer que os cenários evolutivos para o Norte e Noroeste Fluminense se desenvol-
vem sobre uma situação excepcional, de baixa dependência em relação à evolução da eco-
nomia nacional e, também, quase independente da economia internacional.
Há outros condicionantes ou variáveis com incerteza que podem vir a impactar muito o de-
senvolvimento regional, mesmo mantendo-se os níveis atuais da economia do petróleo. En-
tre eles, a legislação a ser aprovada quanto à destinação dos “royalties” do pré-sal e/ou a
reforma tributária nacional e/ou ainda, um deslocamento estratégico da produção de petró-
leo no médio/longo prazo para a Bacia de Santos, com a redução da produção da Bacia de
Campos, para citar apenas três deles.
No caso particular dos “royalties”, o projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional re-
duz drasticamente os seus montantes para todos os municípios produtores, incluídos os do
Norte Fluminense, o que impacta diretamente as receitas de suas Municipalidades, com
uma perda de algo um pouco inferior a 30% da receita regional total do Norte e Noroeste
Fluminense.
De fato, configura-se uma ruptura da condição vigente desde o início do processo, nos anos
70, que, se aprovada, definirá um novo patamar de receita para as Municipalidades, muito
inferior ao anterior, o que representará qualquer que seja o Cenário, um afastamento subs-
tantivo das receitas Regionais em relação à evolução de seus PIBs, o que se traduz pelo
aparecimento de um hiato em relação às possibilidades de atendimento das necessidades
da administração e investimentos públicos, pelas Municipalidades atingidas por esta medida.
REFORMAS
ESTRUTURAIS REGULAÇ
REGULAÇÃO
(TRIBUT ÁRIA,
NACIONAL DO
PREVIDENCIÁ
PREVIDENCIÁRIA, PRÉ
PRÉ-SAL
TRABALHISTA, POLÍ
POLÍTICA)
EFICÁ
EFICÁCIA DAS POLÍ
POLÍTICAS
PÚBLICAS REGIONALIZAÇ
REGIONALIZAÇÃO
(MONET ÁRIA, INDUSTRIAL, (DISTRIBUIÇ
(DISTRIBUIÇÃO DO
AGRÍ
AGRÍCOLA, EDUCAÇ
EDUCAÇÃO, DESENVOLVIMENTO
CIÊNCIAS, TECNOLOGICA E ECONÔMICO ESTADUAL E
INOVAÇ
INOVAÇÃO, COMÉ
COMÉRCIO NACIONAL)
EXTERIOR, MEIO AMBIENTE)
EVOLUÇ
EVOLUÇÃO DA TAXA DE
INVESTIMENTO FUNDOS DE
(FORMAÇ
(FORMAÇÃO DA POUPANÇ
POUPANÇ A INVESTIMENTO
INTERNA E ATRATIVIDADE (ESTRUTURAÇ
(ESTRUTURAÇÃO E
PARA OS CAPITAIS OPERACIONALIZAÇ
OPERACIONALIZAÇÃO
NACIONAIS E NACIONAL E REGIONAL)
INTERNACIONAIS)
EXPANSÃO DA INFRA
INCLUSÃO SOCIAL E ESTRUTURA
ELEVAÇ
ELEVAÇÃO DE NÍ
NÍVEIS DE
BEM ESTAR (LOGÍ
(LOGÍSTICA, SANEAMENTO
AMBIENTAL, HABITAÇ
HABITAÇÃO)
IV I
CULTURA DA ACEITAÇ
ACEITAÇÃO CULTURA HEGEMÔNICA
(IMPORTAÇ
(IMPORTAÇÃO DO (BASES DE CONHECIMENTO,
III II
CONHECIMENTO, INCLUSÃO SOCIAL,
EXCLUSÃO SOCIAL, AUTO SUFICIÊNCIA)
CONFORMISMO)
CRESCIMENTO DA ECONOMIA
(PRODUÇ
(PRODUÇÃO – EXPORTAÇ
EXPORTAÇÃO)
Está claro que estas projeções devem incluir os crescimentos adicionais, associados aos
grandes empreendimentos, como mencionado anteriormente, os quais dependem de outras
perspectivas e outros pressupostos, sendo portadores de uma aleatoriedade relativamente
alta. Isto porque tais fluxos de pessoas tanto dependem das condições de oferta de postos
de trabalho local/regional, quanto da situação do país em todo o seu território, ou seja, sem-
pre haverá uma ou mais áreas, em que as pessoas estarão buscando e irão se deslocar
para tentar se empregar, quando de um grande empreendimento, como os que já existem
e/ou estão/estarão em implantação ou expansão nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense.
Projeção da População
habitantes
1.000.000
900.000
800.000
700.000
600.000
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
-
2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 ano
Fonte: Projeção da População dos Municípios Brasileiros entre 2000 e 2050, Março 2005. IGC-UFMG
Investimento em São João da Barra, setor energético. Projeto início das operações no
Usina Termelétrica
da MPX Mineração e Energia, visando principal-mente o segundo semestre de 8,5
Porto do Açu
atendimento ao submercado elétrico-energético do Sudeste. 2012
Usina Termelétrica Criação de mais uma usina termelétrica no Porto de Açu 2012 8,5
Siderúrgica Criação de uma Usina Siderúrgica no Porto de Açu 2013 11
Implantação de uma Montadora de veículos asiática no Porto
Montadora 2012 9
de Açu
Investimento em São João da Barra, setor de Transpor-
te/Logística. Prevê a construção de um terminal portuário em
São João da Barra, de uma usina de pelotização, píeres
Complexo Portuário do conclusão: final de
offshore, com acesso por meio de um canal com 21 m. de 3,6
Açu 2012
profundidade e capacidade para receber navios de grande
porte com berços de atracação especializados e dedicados às
diferentes famílias de produtos.
Investimento na Bacia de Campos, setor de Energia. Per-
OGX - Exploração de furação de 27 poços exploratórios com o objetivo de com-
2
Petróleo provar e delinear reservas de petróleo, e no desenvolvimen-to
da produção das acumulações a serem descobertas
PIB (MR$)
120.000.000
100.000.000
80.000.000
60.000.000
40.000.000
20.000.000
0
2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Ano
A outra alternativa de evolução do PIB que se apresenta, B, assume que as economias vão
crescer com a mesma taxa média do último qüinqüênio, Gráficos a seguir.
PIB (MMR$)
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
-
2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Ano
PIB (MMR$)
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
-
2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Ano
Gráfico 5 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Alternativa B-HB, PIB, 2005 - 2035
PIB (MMR$)
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
-
2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Ano
Produção de Petróleo
Mbpd
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Ano
DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA
(INTERNALIZAÇ
(INTERNALIZAÇÃO CADEIAS PRODUTIVAS)
Emergência
I
CULTURA HEGEMÔNICA
(BASES DE CONHECIMENTO,
INCLUSÃO SOCIAL,
AUTO SUFICIÊNCIA)
Neste Cenário, a economia brasileira pode crescer em qualquer das taxas projetadas de
longo prazo que não haverá influência no desenvolvimento da economia regional que opera
com uma governança capaz de sustentar as posições de mercado da oferta produtiva regio-
nal. No entanto, as taxas de crescimento das economias nacional e estadual interferem na
disponibilidade de recursos orçamentários para os programas e projetos de infraestrutura e
desenvolvimento social, que continuam sob sua competência. De maneira análoga, uma
contração muito severa da economia nacional pode comprometer a poupança nacional e
eventualmente os recursos para investimento na execução do projeto de exploração do pré-
sal, o que pode ser contornado com a intervenção habitual do BNDES, a exemplo do que
ocorreu na recente crise financeira internacional. Na mesma linha lógica, um desenvolvi-
mento nacional nos cenários de crescimentos contidos, eleva o desequilíbrio social, com
todas as conseqüências decorrentes, o que se propaga e dissemina por toda a sociedade
gravando, por conseguinte, a situação do N-NO Fluminense.
A coincidência de movimentos positivos da Região N-NO e do país e do Estado, contribuem
para um clima de credibilidade e confiança que, num contexto de estabilidade econômica e
monetária, permitira a atração de investimentos diretos e a expansão das bases de negó-
cios, um estímulo e realimentação positiva para as cadeias produtivas de alto desempenho
da Região.
A questão agrária, uso do solo se desenvolve sobre bases de conhecimento voltadas para
as culturas regionais, e.g. a unidade de Bom Jesus de Itabapoana, que suportam o aumento
da produtividade, o ajustamento das questões fundiárias e o aproveitamento e reaproveita-
mento racionais do solo e produtos regionais com o conhecimento indicado.
Uma das condições essenciais do equilíbrio da qualidade ambiental diz respeito ao exercício
pelas Municipalidades da gestão pública do uso e ocupação dos solos urbanos, da obser-
vância rigorosa do código de obras e das inúmeras intervenções necessárias a se corrigir
situações anômalas, irregulares e de risco existentes, que se constituíram ao longo da histó-
ria das aglomerações urbanas. Vale lembrar que no caso das explosões demográficas as-
sociadas aos grandes empreendimentos, constata-se a ocupação de áreas de restinga ou
encostas, dependendo da localização, áreas tipicamente rurais para as quais não há legisla-
ção senão a do INCRA que não se aplica a esta destinação específica, o que no caso deste
Cenário implicou no desenvolvimento de regulação complementar que preserva a expansão
imobiliária e o crescimento urbano ordenado e harmônico, sobre bases técnico-legais co-
nhecidas.
Petróleo
O petróleo e gás extraídos, em 2010, na Bacia de Campos, respondem pela maior parte do
consumo nacional e as suas reservas definem a condição de auto-suficiência do país. Na
medida em que ocorram novas descobertas, se elas forem nesta Bacia, mantém-se o nível
de produção, ou se acontecer em outra bacia ocorrerá um deslocamento. Neste caso, a
produção de Campos deve ser reduzida para estender a sua vida útil, inclusive para se dar
tempo para sua expansão sem que se comprometam integralmente as reservas conhecidas
e dimensionadas (40 bilhões de barris). Já a novas descoberta anunciadas tanto na plata-
forma continental, por investidores privados, quanto da Petrobrás, no pré-sal.
Outra iniciativa deste Cenário envolve constituição de uma rede estratégica de polidutos
regionais, capazes de estimular um parque produtivo em alguns tipos de segmentos produti-
vos de alto valor agregado e intensivos em energia, particularmente o gás natural, viabili-
zando, por exemplo, o Pólo de Cerâmicas Avançadas, do eixo Campos dos Goytacazes -
Farol de São Tomé, ou um parque de indústrias base vidro, entre outras possibilidades.
Uma condição essencial deste Cenário é a regulação da utilização dos “royalties” do petró-
leo, destinando-os aos fundos de desenvolvimento sustentável, seja no âmbito municipal,
seja no ambiente das Municipalidades, com os recursos sendo usados mandatoriamente
para a promoção de investimentos que criem desde agora as bases e o desenvolvimento de
uma economia sucedânea ao petróleo, convivendo e dele usufruindo tudo o que puder, en-
quanto ele persistir (certamente atribuindo-lhe uma sobrevida).
Sistema Social
A coordenação entre os agentes públicos, privados e do terceiro setor na Região N-NO, no
período até 2035, crescente no tempo, promoverá uma distribuição de oportunidades de
desenvolvimento no seu território, baseada numa combinação de critérios técnico e políticos
e gerenciais, de modo que sejam rigorosamente respeitadas:
Este Cenário caracteriza-se, portanto, pela presença de uma Cultura Regional desenvolvi-
mentista que direciona o crescimento de sua economia aquiescência dos investidores para
um projeto de desenvolvimento, sustentável, tornando-a um exemplo de economia emergen-
te, que aprende a se auto-regular, que cria e implanta mecanismos próprios para o seu de-
senvolvimento, aplica os fundamentos de seu modo de pensar para constituir o modus ope-
randi de sua sociedade, privilegia as atividades da inteligência, da ciência e tecnologia, do
conhecimento e da educação, para a transformação de sua população atribuindo-lhe capa-
cidade para que ela participe e assuma papel crescente na condução da via de desenvolvi-
mento sustentável escolhida para a Região, em que o petróleo convive em harmonia com o
restante das atividades econômicas e a ela transfere parcela de seus resultados, como fun-
dos de investimento a partir dos “royalties”. A distributividade proporciona a dispersão e a
ascensão social das populações dos municípios, que passam a realizar regular e sistemati-
camente ações e programas coordenados. O macrossistema se realimenta positivamente e
34 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
capitaliza os benefícios do petróleo, em toda a sua existência, para a constituição de outro
padrão cultural e econômico para a sua população e para mover as suas relações como
nódulo da rede da economia global.
Observa-se um aumento expressivo do número de novas empresas no mercado da Região,
algumas atuando em áreas ocupadas tradicionalmente somente por grandes grupos empre-
sariais: orientações se voltam para prazos curtos, tecnologias e conhecimento em rede, efe-
tividade no núcleo das instituições e empreendimentos, com parcerias e negociações fre-
qüentes que atribuem novas lógicas e complexidade muito maior ao sistema N-NO.
Este Cenário surge da associação de uma consciência das lideranças direcionada para
constituir uma governança regional com autonomia para co-participar da decisão de cons-
trução de seu futuro e um crescimento econômico determinado por grandes grupos corpora-
tivos voltados para mercados com demanda externa, global ou nacional. Nesta circunstân-
cia, os interesses empresariais partem de centros externos à própria Região e não contem-
plam senão os pontos de vista dos investidores que desenvolvem uma ação eminentemente
extrativista e de comercialização de “commodities” e produtos primários. Como tal, os em-
preendimentos negociam posições que interessam à viabilização de sua realização regional,
exclusivamente para atender aos seus compromissos de mercado, que está e se mantém
fora e é regido pela competitividade internacional. Esta situação tende para uma dicotomia,
na qual se aprofunda a propensão para constituir uma polarização, com os grupos políticos,
empresariais e comunitários exercendo um força centrífuga, no sentido de promover a cons-
tituição de um sistema produtivo regional de alta efetividade que incorpore a existência dos
grandes empreendimentos usufruindo de suas sinergias e encadeamentos e, do outro lado,
os grandes grupos de fora, atuando centripetamente, buscando maximizar seus ganhos,
com o mínimo de responsabilidade social exigido, dialogando somente quando necessário,
com uma postura de que as suas contribuições para a sociedade regional, onde está tempo-
rariamente exercendo os seus negócios – seja porque ali estão os seus insumos ou as plan-
tas produtivas ou outra condição que lhe conferem condições competitivas vantajosas, seja
porque explora bens naturais, exauríveis, que ali existem por certo tempo, seja por uma ou-
tra razão qualquer, se concentram no pagamento dos impostos, tributos e encargos. Nesta
perspectiva, os grandes empreendimentos se encerram em si mesmos, como ilhas, que
promovem conexões com o ambiente regional principalmente através dos prestadores de
serviço locais, aqueles que não podem ser contratados ou exercerem suas atividades remo-
tamente, ou externamente à Região. Sempre que isto for possível, está será a opção esco-
lhida pelos grandes empreendimentos.
Em contrapartida, os grupos regionais se propõem a promover a constituição de um sistema
produtivo para a Região, que possa ter uma expressão socioeconômica, que expanda a
oferta de mão-de-obra, melhore o requisito e atendimento do acesso, utilize as vantagens
diferenciais existentes, e se alinhe à distributividade e sustentabilidade. Não se configura
ambiente para uma aliança entre os atores principais da economia regional e os represen-
tantes dos grandes empreendimentos, somente subsiste um estado de convivência adminis-
trando disputas e divergências. Os custos sociais e a adequação da infraestrutura para a-
tender aos empreendimentos, uma vez que integralmente alocados ao governo, em qual-
quer de suas esferas, se defronta frequentemente com a falta de recursos ou dotações, a-
trasos e deteriorações mais acentuadas pelas superposição de efeitos ou sobrecargas que
lhe são impostas, em geral provocam uma descapitalização acelerada. Se se somam a tais
demandas, as inerentes aos empreendimentos menores induzidos ou atraídos pela ação e
programas coordenados regionais, a situação se agrava ou os tempos se reduzem ainda
mais.
CULTURA HEGEMÔNICA
II (BASES DE CONHECIMENTO,
INCLUSÃO SOCIAL,
AUTO SUFICIÊNCIA)
Conciliaç
Conciliação
na Divergência
CRESCIMENTO DA ECONOMIA
(PRODUÇ
(PRODUÇÃO – EXPORTAÇ
EXPORTAÇÃO)
Entre tais processos específicos, um dos principais, diz respeito ao pessoal, que não exis-
tindo na quantidade e qualidade desejada, ensejam o estímulo à migração e importação de
pessoas. Esta solução, quase sempre, é a causa de grandes fluxos migratórios indesejá-
veis, da favelização, da formação de desequilíbrios estruturais que podem ser amenizados
pelas iniciativas regionais sendo, no entanto, praticamente impossível, preveni-los e/ou evi-
tá-los. Em outra abordagem dessa questão, os grandes empreendimentos, tendo em vista a
sua força de mercado, se comportam como referenciando na sua área de influência regio-
nal, fixam como condições vigentes o seu padrão de pessoal. Trata-se de uma condição que
resulta num contingenciamento do mercado de trabalho regional, pelo qual, por exemplo,
assume-se o plano de cargos e salários do conglomerado (e não o da Região), com o qual
absorve-se a parcela mais preparada e a remunera bem acima dos níveis praticados local e
regionalmente. Este procedimento dificulta ou, às vezes, impede a execução de movimentos
independentes paralelos que requerem operar em outras bases. Situação análoga se cons-
tata também no segmento compras e fornecedores, na qual se soma o poder de mercado do
empreendimento, em que resultam com freqüência situações de regime monopsônico.
Naturalmente, conhecimento e tecnologia vem de fora, compras de onde oferecerem menor
custo, ou seja, não há uma orientação para internalização salvo condições excepcionais e
raras.
No entanto, a maior influência dos grandes empreendimentos é exercida sobre as Municipa-
lidades dos municípios em que se localizam. Na medida em que estes grandes empreendi-
mentos contribuem com parcela, a mais substantiva para a receita orçamentária e/ou extra-
orçamentária, a relação de dependência se faz presente e observa-se, regra geral, uma
propensão à monopolização, não havendo ou progredindo as iniciativas de constituição de
alternativas próprias, sustentáveis, simultâneas. Indo além, do montante recebido pelas Mu-
36 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
nicipalidades parcela significativa dos recursos retorna para atender aos projetos sociais
decorrentes das necessidades criadas pelo grande empreendimento que lhe deu origem.
Cultura
A Cultura Regional se desenvolve na linha descrita para o Cenário anterior. No entanto, no
Cenário Desafio da Conciliação de Interesses, atual, os líderes regionais que despertaram e
se posicionaram para conduzir o seu futuro, se defrontam com os interesses dos grandes
empreendimentos, de investidores exógenos, grandes corporações, conglomerados ou as-
sociações, que coincidem no que se refere às propostas de crescimento econômico de que
são portadores, mas conflitam em fazê-las parte de um projeto maior, qual seja, o do desen-
volvimento sustentável da Região. Assim, a trajetória torna-se muito mais difícil, há um sem
número de condições conflitantes, pouca ou nenhuma co-operação no que se refere ao de-
senvolvimento que não se alinha ao grande empreendimento, resistência permanente à in-
ternalizações, salvo exceções menores, distanciamento do processo de decisão, ausência
de desenvolvimento do conhecimento que se restringe ao periférico, ao que está fora do
“core business”, com uma participação nos termos do que se lhe são exigidos pela respon-
sabilidade social pelos padrões de referência mínimos dos mercados de capitais ou bolsas
de valores. Essa situação que pode variar de uma baixa colaboração e participação a uma
posição de alta resistência ou mesmo de participação hostil, introduz uma dificuldade per-
manente, tanto na gestão situacional, quanto na alocação dos recursos gerados pelos gran-
des empreendimentos, cujas decisões se tornam mais complexas e questionáveis.
Em função da tradição de conformismo, as Regiões N-NO enfrentam dificuldades e os tem-
pos são mais longos para se produzir os resultados em direção à autonomia regional produ-
tiva e de sustentação almejada.
Para que o setor empresarial adote tal postura, as economias dos ambientes nacional e in-
ternacional crescem menos e, certamente, com mais dificuldades, o que acirra a concorrên-
cia, eleva o custo do dinheiro (financeiro), o que faz com que os novos empreendimentos,
particularmente os intensivos em capital, tenham que mostrar alto poder de competitividade
de mercado, exigindo estratégias de concentração que não lhe facultam qualquer desvio ou
concessão diante de margens menores e riscos mais acentuados. Num ambiente como es-
te, a incerteza aumenta e a tomada de decisão está sempre procurando fazer mais por me-
nos, com o mesmo ou menor risco.
Neste quadro, os tempos se alongam, os ajustes se tornam mais lentos e menos viabilizá-
veis, as disparidades e desequilíbrios persistem ou, às vezes se acentuam, entre outras
condições desfavoráveis que podem e estarão sendo contrabalançadas com posturas oti-
mistas de um empreendedorismo e regionalismo forte que tende ao acirramento, podendo
chegar a um estado de guerra. Para que isto ocorra, o aparato de ciência, tecnologia e ino-
vação é muito ampliado e priorizado pela ação empresarial e política regional, e haverá,
quase que inevitavelmente, uma propensão para priorizar o desenvolvimento regional volta-
do para a exportação, passando gradativamente, para as demais cadeias produtivas.
Economia
A economia da Região cresce e a sua intensidade depende muito mais do mercado externo
– internacional (principalmente, pela pauta de produtos dos grandes empreendimentos) e
nacional. Dada a sua dimensão e os tempos mais longos para a emergência do parque pro-
dutivo próprio, regional, e de seu porte, menor, a sua implantação se faz de maneira muito
mais seletiva, menos intensa, com o crescimento da sua contribuição mais lento. As dificul-
dades de captação de “funding” no mercado enfrentam burocracias maiores e concorrência
maior, limitações de crédito, com prioridades que não estão vinculadas aos grandes empre-
endimentos existentes, por conseguinte, menores. A atração de investidores privados se
intensifica em programas proativos de convencimento.
Meio Ambiente
Para equilibrar este tipo de crescimento competitivo, promove-se, pelos projetos de desen-
volvimento planejados e implantados, suportados pelas plataformas de conhecimento, o uso
sustentável e rentável da biodiversidade que reúne energia limpa, ecoturismo, uso racional
dos defensivos e agrotóxicos, a recomposição da cobertura vegetal, entre outras, em uma
vertente, o desenvolvimento da educação e responsabilidade social e ambiental, em outra, e
a aplicação intensiva em tecnologia, coleta, armazenamento, tratamento, reutilização e reci-
clagem dos resíduos e esgotamento urbanos e industriais, em quantitativos crescentes na
cobertura de todo o território, na terceira via.
Petróleo
Sistema Social
De uma maneira geral, neste Cenário, o comportamento do Sistema Social segue as linhas
do anterior com o aumento, no entanto, das dificuldades para realização de suas ações e
programas, o que afeta principalmente os tempos para se completar a inclusão social elimi-
40 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
nando-se a dependência de estratos da população - indigentes e miseráveis - dos progra-
mas de transferência de renda, com o aumento e aceitação/preenchimento de postos de
trabalho e de reeducação da expansão da oferta por ação integrada das Municipalidades e
Governo estadual e Federal, em todas as áreas do território, o que levará à substituição do
assistencialismo. O efeito colateral positivo desta condição diz respeito à contenção relativa
dos fluxos migratórios, não obstante o apelo, às vezes irresistível dos grandes empreendi-
mentos.
5.3 Cenário III: Repetência em História (“Um novo ciclo que não se aproveita”)
Neste Cenário, a Economia anteriormente caracterizada persiste e se apresenta associada
à preservação e aprofundamento da Cultura regional conservadora, com os empresários
voltados para os interesses individualizados, os políticos para os mandatos, os gestores
para a transitoriedade dos termos ou a sua dependência dos mandatários, os moradores
mais educados e informados transitam frequentemente para a capital do Estado e do país,
para as tomadas de decisão mais estratégicas, os excedentes de renda e a poupanças se
aplicam em bancos exógenos, os cultivares típicos regionais, reduzidos a ua amostra, lutam
para sobreviver, os problemas sociais se multiplicam com a violência alcançando posições
de liderança nacional, o que define um estado de desequilíbrio estrutural crônico, entre as
Regiões Norte e Noroeste Fluminense.
Numa súmula retrospectiva, a Região N-NO integrada, em 2010, revela desequilíbrios soci-
ais acentuados, grandes fluxos migratórios para as áreas urbanas onde se localizam os
grandes empreendimentos, baixo grau de escolaridade e falta de condição de acesso da
população economicamente ativa, entre vários outros aspectos. Diante desta situação, so-
mente no primeiro qüinqüênio do horizonte futuro, há um programa com alguns empreendi-
mentos, concentrados geograficamente, com um montante vultoso de investimentos, superi-
or a 50 bilhões de dólares, algo difícil de acomodar na compreensão. O PIB Regional deu
um salto a partir de 2003/2004, devido à exploração do petróleo, sendo que nos quase 30
anos anteriores gerou receitas moderadas ou pequenas. O crescimento da área urbana de
Macaé, exploração do petróleo, explodiu e programa-se algo maior para São João da Barra,
complexo portuário em Açu. Campos dos Goytacazes, com antecedentes longínquos, já é
uma das maiores cidades do interior brasileiro, com uma centralidade limitada geografica-
mente. As atividades agrícolas típicas da economia regional passam por dificuldades se não
estão desativadas. Pedras decorativas em Santo Antônio de Pádua em crescimento, como
indústria extrativa simplesmente. Exceções de êxito também acontecem o FUMDECAM,
com alguns projetos implantados, o Pólo de Confecções de Itaperuna, os conjuntos de pro-
gramas associativos econômico-culturais de São João da Barra e Quissamã, estrutura uni-
versitária de Campos dos Goytacazes. Sem internalizações na cadeia de petróleo e associ-
adas. Praticamente sem bases de conhecimento em ciência, tecnologia e inovação. As ci-
dades afluentes possuem receitas altas, proporcionadas pelos “royalties” da produção de
petróleo.
CULTURA DA ACEITAÇ
ACEITAÇÃO
(IMPORTAÇ
(IMPORTAÇÃO DO III
CONHECIMENTO,
EXCLUSÃO SOCIAL,
CONFORMISMO)
Repetência
em Histó
História
CRESCIMENTO DA ECONOMIA
(PRODUÇ
(PRODUÇÃO – EXPORTAÇ
EXPORTAÇÃO)
Num ambiente regional em que predomina uma Cultura de baixa efetividade, sem compro-
metimento, mais imediatista, sem estruturas regionais que planejem e decidam sobre a in-
ternalização da riqueza para que ela se multiplique – isto acontece agora, como mais de
uma vez no passado, fora do território da Região - instala-se um processo de estagnação e
empobrecimento de um lado, com uma extraordinária afluência, ou uma pseudo-riqueza, do
outro, tendo como duração o ciclo de extração do petróleo, na Bacia de Campos, e o do
minério de ferro, em Conceição do Mato Dentro, por exemplo. No primeiro caso, as novas
descobertas devem manter e ampliar os níveis de produção, sem uma previsão atual, mas
certamente em tempos superiores a 2035, no segundo a duração são 28 anos. A título de
avaliação de limites, sem novas descobertas, no horizonte 2035, a produção de petróleo na
Bacia de Campos estará exaurida e em 2040, o mineroduto não terá o minério do eixo Con-
ceição – Alvorada de Minas (naturalmente esta menção, como um exercício, somente se
presta a revelar a transitoriedade da indústria extrativa que, muitas vezes, é assumida como
perpetuidade, levando a graves erros, a maioria deles, a história mostra, destrutivos). Sem
Cultura de desenvolvimento, a Região passa a abrigar os grandes empreendimentos de
investidores exógenos que nela se implantam para usufruir de condições diferenciais para a
sua realização negocial, enquanto elas se mantiverem e lhes assegurarem a competitivida-
de de mercado necessária. O que acontece com a Região, em conformidade com este Ce-
nário, a eles interessa na medida em que interfira ou possa representar algum risco para o
empreendimento. Assim sendo, mesmo que as lideranças não se articulem para uma ação
integrada regional, nos dias de hoje e amanhã certamente, o compromisso e responsabili-
dade social das empresas que ali estão ou estarão, exigido pelo sistema de mercado a que
pertencem e estão filiadas, e o aumento da marginalidade e criminalidade decorrentes das
assimetrias em que se transformam os desequilíbrios socioeconômicos da Região N-NO
Desenvolvimento
Perdido
IV
CULTURA DA ACEITAÇ
ACEITAÇÃO
(IMPORTAÇ
(IMPORTAÇÃO DO
CONHECIMENTO,
EXCLUSÃO SOCIAL,
CONFORMISMO)
Cultura
O setor empresarial e as lideranças regionais se omitem e quando participam em negócios
escolhem os exógenos ou os ali tratados e decididos. Caracteriza-se a sua ausência ou a
sua falta de protagonismo ou, ainda, participações discretas, essencialmente capitalistas
(inclusive especulativas), em relação a uma abundância de oportunidades constituídas na
economia regional pelos setores produtivos, principalmente as originadas dos grandes em-
preendimentos. O ambiente regional e o seu capital humano regridem no tempo, fecham-se,
não compreendem ou rejeitam o novo papel, cultivando preconceitos e miopias. O individua-
lismo, presença sem comprometimento, ocupação orientada de fora, as pessoas do território
assistem ao que se passa. A burocracia reina como instrumento de garantia da imobilidade
do status quo, sob a alegação da falta de condições regionais, de apoio e recursos, risco de
dominação ou outra desculpa similar. Com o passar do tempo, a sociedade reconhece a
bipolaridade, que é descrita como proveniente da diferença entre nativos e forastei-
ros/estrangeiros (os que vieram ou vem de fora), enquanto os habitantes aumentam o con-
sumo e despendem sua riqueza. Emergem ilhas ou núcleos produtivos de alta densidade e
concentração desequilibrando ainda mais o processo distributivo no território. A participação
exógena se amplia nessas ilhas que, para manter sua unidade, evitam ou minimizam as
trocas com a sua circunvizinhança. Inúmeras oportunidades são transferidas para fora e
áreas/regiões contíguas se beneficiam e capturam estas transferências, que emulam trans-
bordamentos sem que sejam, de fato. Conhecimento e educação internos se mantém dis-
tantes do que se passa, voltados para outras linhas de atuação, perdendo a sua oportunida-
de melhor. A governança ou a não governança, neste Cenário, se mostra altamente crítica,
passível de ser acometida por patologias várias, na medida em que ignora e/ou rejeita a
orientação para o desenvolvimento que o sistema produtivo conduz. No limite, asfixiado,
este sistema produtivo regional em expansão se detém, redireciona suas estratégias e pro-
gramas, mantendo o essencial no território em que não se faz compreender e do qual não
recebe acolhida estimulante.
46 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Economia
A Economia que crescia, luta para prosseguir e se desenvolver. Sem o aval da Cultura regi-
onal, a sua alternativa é importar pessoas e assentá-las quando vantajoso ou imprescindí-
vel, ou distribuir oportunidades para outras áreas, exógenas. Naturalmente que subsistem
grupos dissidentes culturalmente, na Região, exceções que se associam e se aliam, o que
atribui viabilização à construção de alguns encadeamentos importantes. Dada a reação cul-
tural, a estratégia defensiva da produção os localiza nas grandes áreas dos grandes empre-
endimentos que assumem uma feição de aglomerações ou zonas de processamento produ-
tivo, sem uma inserção geofísica efetiva, distribuída, no Norte e Noroeste Fluminense. A
postura Cultural limita o desenvolvimento da Economia e o seu dinamismo, mas não impede
que aconteça. No entanto, a constituição de cadeias típicas regionais não ocorre, salvo em
algum caso raro. A administração pública, das Municipalidades, cede à pressão para manter
grandes quadros, perde receita e se torna cada vez mais ineficiente, os serviços e acesso
são limitados, inexistem parcerias e concessões, contínua perda de qualidade, vácuo de
resultados, o equilíbrio fiscal só encontra sua alternativa via aumento da carga tributária, ou
seja, arrecadar mais. A disparidade desta condição absolutamente vulnerável diante da efi-
ciência da administração federal, por exemplo, amplia a influência do poder exógeno no
quotidiano do viver das Municipalidades e a sua visibilidade percebida pelos seus muníci-
pes, torna a intervenção desejável pela população. Em segmento tradicionais, típicos, a e-
conomia da Região perde posições diante da concorrência nacional.
Regulação e Legislação
A postura conservadora e reativa não propõe e nem impõe regras, o sistema se move pelo
que regula o Estado do Rio de Janeiro e o país. Não há iniciativas de Regulação regional,
permitindo-se que o crescimento ocorra sem acompanhamento, com ineficácia crescente e,
por conseguinte, desprovido da orientações específicas requeridas para que possuam a
capacidade de disciplinar e ordenar em conformidade com as realidades e modos de pensar
da Região N-NO na sua busca pela sustentabilidade. As diferenças entre as condições apli-
cadas aos diversos empreendimentos criam um “imbróglio”, de equalização quase impossí-
vel. Os tratamentos desiguais geram conflitos que exigem ações de ajustamento. As legisla-
ções municipais, pouco adequadas assim continuam e não se antecipam mecanismos que
ampliem a viabilidade do processo de desenvolvimento em curso, com perdas constantes de
oportunidades.
Conhecimento
O notável ingresso de recursos externos na Região Norte e Noroeste Fluminense, no perío-
do, não resulta numa mudança de nível lógico e na melhora no desempenho do parque pro-
dutivo regional. Sem uma governança regional proativa e gestora determinada e com restri-
ção nos aportes de recursos internos, a educação, produção do conhecimento (ciência, tec-
nologia e inovação) ficam a mercê dos setores empresariais externos que direcionam suas
atenções e contratos/convênios para outras bases e plataformas que os atendem a longo
tempo, exógenas. A convocação da base de conhecimento regional, eventual, na permite às
instituições do conhecimento integrar e assumir qualquer papel executivo e definitivo – longo
prazo, depositárias – em relação ao parque produtivo regional. Os setores típicos e os inten-
sivos em conhecimento perdem produtividade e declinam ainda mais. Também não se con-
figura uma operação do desenvolvimento da inovação em Rede e, consequentemente, o
acesso ao conhecimento mais avançado se faz difícil quando possível, não se constata a
participação em trabalhos e projetos atualizados para co-experienciar desenvolvimentos.
Neste contexto, acentuam-se as disparidades do N-NO com outras regiões do Estado e do
país.
Desenvolvimento
Emergência
Perdido
IV I
CULTURA DA ACEITAÇ
ACEITAÇÃO CULTURA HEGEMÔNICA
(IMPORTAÇ
(IMPORTAÇÃO DO (BASES DE CONHECIMENTO,
III II
CONHECIMENTO, INCLUSÃO SOCIAL,
EXCLUSÃO SOCIAL, AUTO SUFICIÊNCIA)
CONFORMISMO)
Repetência Conciliaç
Conciliação
em Histó
História na Divergência
CRESCIMENTO DA ECONOMIA
(PRODUÇ
(PRODUÇÃO – EXPORTAÇ
EXPORTAÇÃO)
SCHWARTZ, Peter. A Arte da Visão de Longo Prazo. Editora Best Seller, São Paulo,
2000.
BALDOCK, Robert. Destination Z The History of the Future. John Wiley & SonsEngland,
1998.
POLÈSE, Mario.The Wealth and Poverty of Regions. The University of Chicago Press.
Chicago, 2009.
BOISIER, Sergio. Planning a System of Regions. Economic Commission for Latin America
(CEPAL), Santiago de Chile, 1981.
PIKKE, Andy et alii. Local and Regional Development. Routledge, London, 2006.
PEARSON, Ian. The MacMillan Atlas of the Future, New York, 1998.
in Histoire et Utopie
Cioran
Estratégia de
Desenvolvimento Regional
“Empreender se constitui pelo educar
para o sentido crítico, fazendo com
que os jovens descubram sua individualidade,
a desenvolvam ao máximo e che-
guem à liberdade de conduzir-se a si mesmos.”
1. DIGRESSÃO INTRODUTÓRIA.................................................................... 63
2. PRINCÍPIOS ................................................................................................ 67
3. METODOLOGIA .......................................................................................... 73
4. VISÃO DO NORTE E NOROESTE FLUMINENSE ...................................... 78
5. VETORES E ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO............................. 82
6. EIXOS DE DESENVOLVIMENTO.............................................................. 348
7. PROGRAMAS ESTRUTURANTES............................................................ 352
8. REFERÊNCIAS.......................................................................................... 356
ANEXO ....................................................................................................... 363
ANEXO I - METAS DO MILÊNIO, PNUD, ONU........................................... 364
FIGURAS
FOTOS
GRÁFICOS
TABELAS
Maturana, Humberto in
“ A sociedade em rede como sujeito
inteligente que desaprende”, 2002.
IMPULSO INICIAL
ATRAÇ
ATRAÇ ÃO DE NOVAS
EMPRESAS OU EXPANSÃO
DAS EMPRESAS EXISTENTES
CRESCE A ECONOMIA DA
CRESCEM TRABALHO E
AGLOMERAÇ
AGLOMERAÇ ÃO
POPULAÇ
POPULAÇÃO
REGIONAL, POLARIZAÇ
POLARIZAÇ ÃO
AMPLIA A BASE
CRESCEM AS DEMANDAS FINANCEIRA LOCAL E
POR BENS E SERVIÇ
SERVIÇOS REGIONAL E O PODER DE
DESPENDER
AMPLIAM-
AMPLIAM-SE AS BASES DE
EXPANDE O SETOR DE
SUPRIMENTO LOCAL E
SERVIÇ
SERVIÇOS E TECNOLOGIA
REGIONAL
CAPITAL
RELATIVO AOS
CUSTOS DE
TRABALHO CRESCIMENTO MUDANÇAS CRESCIMENTO
CAPACITAÇÃO CUSTOS DA
MÃO-DE-OBRA SOCIAIS POPULAÇÃO
CRESCIMENTO
DA RELAÇÃO
CAPITAL E
TRABALHO
MUDANÇAS NOS
RESULTADO DO CRESCIMENTO DA CRESCIMENTO
PREÇOS DAS
CRESCIMENTO PRODUTIVIDADE EXPORTAÇÕES
EXPORTAÇÕES
REGIONAL DO TRABALHO REGIONAIS
REGIONAIS
TAXA DE
MUDANÇA
TECNOLÓGICA
MUDANÇAS
PREÇOS PRODUTOS
DISPÊNDIOS EM SUBSTITUTOS
P&D&I
GIRANDO CONHECIMENTO
EMPRESAS GIRANDOAA CONHECIMENTO
&& FLUIR DA
REGULAÇ
REGULAÇÃO DO EMPRESAS ATIVIDADE
INCENTIVO LOCAIS/GLOBAIS
LOCAIS/GLOBAIS
ATIVIDADE CAPACITAÇ
CAPACITA ÇÃO
CAPACITAÇÃO INTELIGÊNCIA
ECONÔMICA
ECONÔMICA PROFISSIONAL
PROFISSIONAL
HARMONIZANDO
EMPRESAS E INFRAESTRUTURA
HARMONIZANDO HABILIDADES,
TRABALHO E INFRAESTRUTURA
INFRAESTRUTURA
INFRAESTRUTURA
&&
SERVIÇ
SERVI ÇOS
SERVIÇOS
RISCO RISCO
ACESSO PELOS
CONCORRENTES
John Friedmann
As sociedades tradicionais se constituíram principalmente como sociedades territoriais
que possuíam certa autonomia. Neste tipo de sociedade, se conferia às pessoas a sua
identidade, ou seja, as pessoas eram de alguma parte. Em consonância com esta li-
nha do pensar, não obstante não persistir mais a atribuição estrita da identidade, cada
território continua a operar como um sistema relativamente fechado, que busca em si
mesmo as suas fontes de autoprodução ou a sua autopoiesis. Para tal, necessitam de
uma regulação horizontal que não se aplica e nem responde à multifuncionalidade
introduzida pelos movimentos estruturais da produção associada às tecnologias e os
que lhe sucederam. Diante deste quadro, emergiu a regulação vertical e os conflitos
decorrentes da contraposição das relações de proximidade, típicas das sociedades
antecedentes à revolução industrial e o advento das gerações consecutivas de energi-
as e tecnologias a elas vinculadas, quando apareceram como predominantes as rela-
ções de racionalidades das lógicas que regem os ambientes empresariais complexos
da atualidade. O desenvolvimento regional foi a forma usual da reprodução social dos
tempos anteriores e voltou há algumas décadas, como uma proposta e resposta ao
crescimento desmesurado da complexidade dos estados, que não conseguiram mo-
dos e mecanismos de promover a distributividade da autoprodução social nos seus
territórios, nem da sociedade que não produziu flexibilidade e adaptabilidade capazes
de constituir soluções próprias para sua inserção e participação nos processo e de-
senvolvimentos nacionais. Assim, surgiram conceitos e formulações bastante elabora-
dos do que constitui o desenvolvimento regional no sentido de orientar os resultados
desejados pelas sociedades. Um dos mais simples e objetivo, de autoria de Sérgio
Buarque, diz que o desenvolvimento regional é um processo endógeno que se obser-
va em territórios delimitados e com agrupamentos humanos capazes de promover o
dinamismo de sua economia e a melhoria da qualidade de vida de sua população.
Apesar de constituir um movimento de forte conteúdo interno, o desenvolvimento regi-
onal sempre está inserido em uma realidade mais ampla e complexa, com a qual inte-
rage e da qual recebe influências e pressões positivas e negativas.” E este autor am-
plia e complementa o conceito ao afirmar que “o desenvolvimento regional, dentro da
globalização, é um resultante direta da capacidade dos agentes e da sociedade regio-
nais se estruturarem e se mobilizarem, com base nas suas potencialidades e na sua
matriz cultural, para definir e explorar suas prioridades e especificidades, buscando a
competitividade num contexto de rápidas e profundas transformações.”
De fato, o desenvolvimento regional consiste no desafio ou resposta às oportunidades
que se apresentam para os territórios regionais que assumem a sua condição de cen-
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 67
tro de inovação e de comércio em escala internacional, de centro de gestão do global
no sistema técnico econômico da atualidade em três aspectos: a produtividade e a
competitividade, a integração sócio-cultural e a representação e articulações políticas.
Os exercícios de desenvolvimento regional que se destacaram apontaram alguns fato-
res de sucesso comuns, quais foram o talento empresarial, a flexibilidade da organiza-
ção da produção e de integrar os recursos das empresas e do território, núcleos de
produção industrial distribuídos espacialmente no território e a existência de um agen-
te individual ou coletivo capaz de atuar como coordenador/catalizador para mobilizar e
direcionar os potenciais autônomos. Em decorrência da globalização, o crescimento
de uma região, na medida em que o seu recorte territorial se torna cada vez menor em
relação à matriz de agentes que controla os fatores de crescimento da sua economia
(acumulação de capital, acumulação do conhecimento, capital humano, macro políti-
cas econômicas e mercado externo), que se torna cada vez mais exógena, ocorre o
distanciamento cada vez maior do crescimento em relação à matriz social regional.
Com isto, o desenvolvimento endógeno se legitima ainda mais, devido à sua estreita
inter-relação com a cultura regional e com o marco de valores que dela emana. Fica
claro que o desenvolvimento endógeno se produz, portanto, como resultado de um
processo estruturado de articulação dos agentes regionais e das formas variadas de
capital intangível, em uma condição preferencial de um projeto político coletivo de de-
senvolvimento do território.
Com relação ao processo de desenvolvimento regional há dois aspectos complemen-
tares a se considerar: a descentralização e o modo ascensional de realização do de-
senvolvimento habitualmente conhecido como “de baixo para cima”, ou seja, constituí-
do a partir do envolvimento das pessoas que constituem as comunidades ou os grupos
representativos da população regional. Descentralizar sempre implica em uma redis-
tribuição do poder e em se ter instituições que o compartilham com o Estado ou com a
União, portadora de personalidade jurídica própria e independente, com recursos e
orçamentos próprios que sustentam as suas funções próprias. A descentralização a-
brange as dimensões funcional, territorial e política. A funcional leva à emergência de
organizações regionais com competências restritas, enquanto a territorial vale para
cada âmbito geográfico preestabelecido. Nos casos da descentralização política, no
entanto, emerge a figura de uma entidade de gestão regional, de sua governança, que
se estabelece vinculada a um processo democrático de eleição pública entre os pares,
para administrar com representatividade e legitimidade. A descentralização aumenta a
complexidade da Região e expande a condição de existência de um processo de de-
senvolvimento sustentável regional, na medida em que permite a tomada de decisões
quanto às opções de seu desenvolvimento, apropriando-se de parcelas dos exceden-
tes de sua economia, ou captando poupança exógena a fim de realimentar o que de-
seja vir a se implementar como via(s) de seu desenvolvimento.
Já o movimento de desenvolvimento de baixo para cima e para dentro (“bottom up in”)
se realiza diretamente junto aos ambientes histórico-culturais, socioambientais e /ou
institucionais, de modo que o desenvolvimento ocorra baseado na mobilização integral
das pessoas, dos recursos naturais e institucionais, e há diversas estratégias de equa-
lização efetiva e de desenvolvimento da consciência grupal reconhecidas para fazer
com esta integração dê resultados muito positivos.
Entre elas figuram:
• acesso regulado e planejado à terra e aos recursos naturais para alavancar o
primeiro estágio de desenvolvimento regional sustentável;
• regularização fundiária e da propriedade para a participação apreciada do territó-
rio no processo de desenvolvimento;
CENÁ
CENÁRIO
SITUACIONAL
ABERTURA INTERNA DESCENTRALIZAÇ
DESCENTRALIZAÇÃO
NOVA ORGANIZAÇ
ORGANIZAÇ ÃO REGIÕES--PÓLO
REGIÕES
TERRITORIAL ASSOCIATIVAS VIRTUAIS
CENÁ
CENÁRIO
ESTRATÉ
ESTRATÉGICO
NOVA GESTÃO QUASE ESTADOS
TERRITORIAL QUASE EMPRESAS
ESTADO
SOCIAL E TERRITORIALIDADE
MODERNO ATUAL
CENÁ
CENÁRIO
POLÍ
POLÍ TICO
GESTÃO DA INCLUSÃO, INDUÇ
INDUÇÃO
NOVAS FUN
FUNÇ
ÇÕES ECONOMIA, PARCERIZAÇ
PARCERIZAÇÃO,
GOVERNO & REGULAÇ
REGULAÇ ÃO DISTRIBUTIVIDADE, COMPARTILHAR
VETORES
ORDEM POLÍ
POLÍTICA ECONÔMICA MERCADOS
PROJETO NACIONAL &
POLÍ
POLÍTICA &
ORDENAMENTO NACIONAL & REGIONAL
CULTURAL DEMANDAS EXTERNAS
POLÍ
POLÍTICO-
TICO-TERRITORIAL
ECONÔMICA
GERENCIAMENTO
COM
TRANSFORMAÇ
TRANSFORMAÇÕES
PROATIVAS
VETORES CAPITAL
CONSTITUIÇ CAPITAL CAPITAL
CONSTITUIÇÃO CONHECIMENTO
RIQUEZA FINANCEIRO HUMANO
& TECNOLOGIA
cognitivo, simbó
simbólico, cultural, social,
cívico, etnográ
etnográfico, psicossocial,
humano, linguí
linguístico,
stico, institucional
ESTOQUE DE
GRAU DE
CAPITAIS
ENDOGENEIDADE
INTANGIVEIS
DESENVOLVIMENTO DO
SISTEMA TERRITORIAL
COM SINERGIAS
METODOLOGIA FORMULAÇ
FORMULAÇÃO ESTRATÉ
ESTRATÉGICA
AVALIAÇ
AVALIAÇÃO
SITUACIONAL
PROGRAMAS
ESTRUTURANTES
GOVERNANÇ
GOVERNANÇA
“FUNDING”
FUNDING” REGULAÇ
REGULAÇÃO
PLANO
ESTRATÉ
ESTRATÉGICO
Visão do Norte e
Noroeste Fluminense
miolo 4.agosto_Layout 1 30/08/10 19:41 Page 7
2010
2025
2035
Norte e Noroeste Fluminense a melhor região para se viver, trabalhar e investir, que aproveita
suas condições diferenciais entre as quais o maior acervo de capitais intangíveis do país,
para constituir e manter a mais diversificada economia regional sustentável brasileira, sem
exclusão social.
“...as organizações sociais, no transcorrer do século XXI, estão substituindo os seus fundamen-
tos da territorialidade, da presença e da proximidade entre as pessoas e o novo espaço social,
pelas inter-relações humanas reticulares, representacionais e que se produzem à distância.
Assim, sobrepassam as fronteiras geográficas e políticas constituindo um espaço social dester-
ritorializado, uma metástase do ego, que se caracteriza pela heterogeneidade, transnacionali-
dade, interdependência e consumo pelo entorno exógeno, que se sobrepõe aos povos e às
cidades, sem destruí-los fisicamente, na medida em que passam a operar nas sociedades do
conhecimento, como cidadãos do mundo .”
Edgar Morin,
Introdução ao Pensamento Complexo.
Barcelona, 2004.
Vetores e Estratégias
de Desenvolvimento
5. VETORES E ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO
A) MÓDULOS HISTÓRICO E ETNOGRÁFICO
Autora Coordenadora:
Elisiana Alves
1. INTRODUÇÃO
Foi o mundo da cultura que primeiro aceitou o desafio de mudar, de criar um outro Brasil;
sem pobreza e sem a arrogância dos ricos. Sem miséria definitivamente.
É pela brecha da cultura que poderemos dar o salto do reencontro do país com sua cara.
Um Brasil totalmente simples, mas radicalmente humano.
O que importa é alimentar gente, educar gente, empregar gente.
E descobrir e reinventar gente - é a grande obra da cultura.
Herbert de Souza
A leitura da história e da etnografia das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, consi-
derado integradas como uma unidade revela uma história da ocorrência, ao longo dos
últimos séculos, de consecutivos ciclos econômicos baseados na produção de “com-
modities” agrícolas, num primeiro momento, e energéticas, no segundo, caracterizan-
do uma condição persistente de interdependência com os mercados e bolsas de mer-
cadorias internacionais e com as condições de sustentação da economia nacional, na
medida em que os volumes ali produzidos constituíram, cada um à sua época, partici-
pações majoritárias no atendimento às demandas internas do país, em simultaneidade
com as exportações. Levando-se em conta a situação geográfica, a Região está inse-
rida no Estado da Federação que, em quase todo o período considerado, abrigou a
capital do Império e da República, metrópole que concentrou o poder político e de de-
cisão nacionais. Há acentuadas diferenças escalares entre a sua socioeconomia, mui-
to pequena, em relação à da Região Metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. Dian-
te destas e outras condições, o Norte-Noroeste vem convivendo com uma condição
político-cultural na qual as manifestações e intervenções exógenas tem predominado e
influenciado diretamente o sucesso e/ou insucesso de sua economia e a sua susten-
tabilidade e/ou provocado descontinuidades. Este estado, que perdura desde os idos
da Colônia, criou uma cultura regional com uma diversidade muito rica, mas que ainda
não produziu a sua emancipação, ou seja, ainda não há um sistema ativo e efetivo de
governança regional conduzindo programas e proposições quanto ao seu desenvolvi-
mento integrado. A análise inter e multidisciplinar da situação atual evidencia, então,
cinco vetores principais do domínio histórico-etnográfico, indispensáveis para a imple-
mentação do seu plano regional de desenvolvimento sustentável, no horizonte 2010-
2035, quais são: Cultura do Desenvolvimento; Cultura do Conhecimento e da Tecno-
logia; Valores Culturais, Capitais Intangíveis e Tangíveis; Binômio Cultura e Turismo.
Cultura e tecnologia possuem dois lados bem definidos sobre uma mesma plataforma.
Um lado que estabelece uma relação de força e trabalho, acreditando no desenvolvi-
mento humano e social pela e na tecnologia, identificando-a como novo ambiente de
emancipação político-cultural e de manifestação da vontade popular. E, de outro, en-
contra-se uma posição crítica voltada aos problemas que a sociedade dos “mass me-
dia” causa no âmbito social, cultural, econômico e político.
Na base deste processo, encontra-se uma enorme profusão de culturas que buscam
uma identidade em um mundo sem identidade definida. Como diria Vattimo (1992,
p.15) “[...] o mundo da comunicação generalizada explode como uma multiplicidade de
racionalidades ‘locais’ – minorias étnicas, sexuais, religiosas, culturais ou estéticas –
que tomam a palavra, finalmente já não silenciadas e reprimidas [...].” O indivíduo (in-
divíduo coletivo) na sociedade atual vive um turbilhão de sensações que se traduzem
em sensação nenhuma. Parafraseando Nietzsche, Vattimo (1992, p.13) diz que “[...]
no fim, o mundo verdadeiro transforma-se em fábula”.
1
Mestre em Direito pela Universidade Harvard
88 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
A experiência comprovada de processos de desenvolvimento regional mostra a super-
posição das orientações institucionais e socioeconômicas com os modos do conheci-
mento, tecnologia, inovação e aprendizagem para enfatizar a importância da participa-
ção intensa e proativa das instituições regionais na sua produção e no seu desenvol-
vimento, promovendo o ajuste e adequação das capacidades regionais às demandas
e mercados internos e, na medida do necessário e do possível, global. Estas institui-
ções, tanto formais como é o caso as universidades, centros educacionais e de pes-
quisa e inovação, escolas profissionalizantes e empresas, quanto informais, caso das
redes que proliferam como integrações de trabalhos usando sistemas virtuais, dis-
põem da condição de mobilização dos potenciais existentes, de reconhecer as condi-
ções que formatam as necessidades, individualizando-as na generalização, de integrar
agentes e recursos endógenos e exógenos, de estabelecer parcerias e alianças, ou
seja, contam com as melhores condições para oferecer as melhores respostas para a
sociedade regional. Além disto, pela proximidade e por terem as suas plataformas na
Região podem orientar suas iniciativas para as prioridades regionais no sentido de se
transformarem em depositárias dos conhecimentos associados aos sistemas produti-
vos atuais e futuros. Naturalmente que esta atuação tem suas limitações, ressaltando-
se que ela não concorre com os grandes centros e núcleos de alta especialização e-
xógenos que intervém e se fazem presentes nos processos regionais de tecnologia
avançada existentes nas regiões Norte e Noroeste Fluminense. Nestas situações, ob-
serva-se a complementaridade, ou a constituição de nichos ou as parcerias em rede
ou outra modalidade de convivência inclusiva. Diante do “Cenário Emergência” em que
se antecipam investimentos vultosos na Região, abrangendo um espectro diversificado
de bases de conhecimento e tecnologias que se estendem a atividades agrárias secu-
lares, o encorajamento dos experimentos, com uma interação mais próxima e sistemá-
tica entre os agentes econômicos em trabalhos – programas e projetos – comuns, em
parceria, internalizando a desenvolvendo a capacidade endógena de prover e compar-
tilhar soluções para os problemas regionais em toda a sua gama de existência, dos
mais simples aos mais desafiantes. As intervenções destas instituições de desenvol-
vimento cobrem a abordagem microeconômica focando-se no lado da demanda, dos
serviços e da infra-estrutura, assim como na atração de projetos coletivos de criação
do conhecimento, tecnologia aplicada e, também, particularmente, nos processos de
educação e aprendizagem, disseminação e atualização do conhecimento para os con-
tingentes de profissionais dos quadros especializados regionais. Para que isto aconte-
ça, esclarecendo que se trata de uma perspectiva relativamente recente ainda não
difundida no país, há que se estabelecer políticas regionais que viabilizem e incenti-
vem as participações efetivas das instituições. Uma das mais eficazes consiste na
identificação e estruturação das atividades produtivas regionais, reunindo os grupos
em arranjos, clusters, cadeias, pólos, ou equivalentes, o que cria massas críticas de
aglomerações econômicas e de promoção de externalidades que precisam se apropri-
ar do conhecimento, da tecnologia e da inovação para apresentarem desempenhos
capazes de sustentar posições nos mercados com efetividade, com o desenvolvimento
internalizado do conhecimento, a Região Norte-Noroeste estarão aumentando signifi-
cativamente sua complexidade, compensando as limitações de suas dimensões desde
que estará ampliando significativamente sua capacidade de assimilar a complexidade
exógena. Esta é uma condição que se desenvolveu em várias partes do planeta, trans-
formando regiões sem nenhum diferencial nem expressão particular, em referências
mundiais. Ressalta-se que para o Norte-Noroeste que dispõe de riquezas próprias
notáveis e que reunirá um montante de investimentos vultoso nos próximos a-
nos/décadas, existem, portanto, fatores favoráveis extraordinários, difíceis de serem
encontrados com tamanha intensidade e qualidade, o que faz da emergência de plata-
formas de conhecimento, tecnologia e inovação regionais uma condição que tem que
CADEIA DA PRODUTIVIDADE
INVESTIMENTO
CAPITAL PÚBLICO E PRIVADO
HUMANO NA EXECUÇÃO DE
EMPREENDORISMO
TECNOLOGIA
NOVO CAPITAL
RAZÃO EMBUTIDA NO POUPANÇA
DE
RECEITA/TRABALHO ESTOQUE DE REGIONAL
INVESTIMENTO
CAPITAL
RAZÃO
CAPITAL/ TRABLHO
Este número deve se elevar para pelo menos 10, até 2020, e 15 até 2025, alcançando
20 unidades, pelo menos, muito bem qualificadas e produzindo conhecimento endo-
genamente, até 2035. Estas unidades estarão alinhadas com a diversidade de ativida-
des de produção da economia regional e os mercados que ela atende, operando em
rede intra-região, por sua vez conectada à rede global como um dos seus nódulos.
Nada nos atrai tanto quanto o desejo de mudança, transformação, que faz com que
inovemos e reinventamos maneiras de ser e de fazer. Nada nos assusta tanto quanto
mudanças e transformações, que fazem com que nos apeguemos a padrões que po-
dem não fazer mais sentido. Mudar é difícil. Perceber que as coisas inexoravelmente
não são mais as mesmas, que é preciso criar novos padrões de pensar e fazer.
O tangível/material é finito, limitado, portanto gera disputa por sua posse, conduzindo
à competição como elemento central na política, economia e na vida cotidiana. Já o
intangível é ilimitado, e pode ser o caminho para novos modelos baseados em coope-
ração. Quando somado às tecnologias digitais (e bits também são infinitos) temos uma
infinitude de opções colaborativas e surge um novo termo: “economia da abundância”
que pode originar modelos mais solidários de viver...
Os bens culturais são formados por elementos tangíveis e intangíveis que não podem
ser separados. Uma escultura é um objeto físico e, como tal, é tangível. Mas o valor da
escultura depende da parte intangível.
80
60
Região Norte
40
Região Noroeste
20
0
2009 2015 2020 2025 2030 2035 2040
Desde os anos 1960, a arte (cultura)-educação foi incluída como atividade curricular
nas escolas brasileiras, mas avançou-se pouco nesta senda. É preciso que ela se es-
tenda para além de um serviço trivial de atendimento e mediação cultural. É necessá-
rio que ela penetre nas salas de aulas remodelando currículos, ao mesmo tempo em
que os institutos, teatros, museus, bibliotecas e equipamentos culturais tenham espa-
ços para um aprendizado consistente, que garanta a continuidade das descobertas e
das conquistas culturais em níveis cada vez mais complexos.
A educação formal brasileira ainda não proporciona aos usuários dos equipamentos
de ensino, o acesso de cada cidadão à diversidade cultural, à cultura universal e à
aquela que é singular de sua comunidade, de sua Região, Estado ou país. A ausência
da cultura como uma das dimensões estruturantes da educação prejudica os objetivos
de uma política educacional de qualidade e realmente transformadora dos modos e
das condições de existência.
Para que os indivíduos conheçam e se reconheçam em sua cultura local, e vejam nela
a possibilidade de acesso mais genuíno à cultura regional, nacional e universal, é pre-
ciso que o patrimônio cultural comum seja objeto de uma memória corrente, que cida-
des, espaços e ambientes passem a ter seus lugares de cultivo de tradições, saberes
e fantasias. È necessário que se estabeleça uma relação, por sob os arranjos institu-
cionais, entre saberes “fora da escola” e o ensino de modo geral, desde o ensino bási-
co até as universidades. A repercussão dos saberes culturais no sistema de saber
formal é uma novidade que pode repercutir imensamente na atratividade da escola, na
sua qualidade em produzir cidadãos conscientes da realidade local e universal. Pode
também dar instrumentos de poder às populações cujos conhecimentos tradicionais
são transmitidos apenas por seu próprio esforço informal.
A formação de profissionais e cidadãos mais inspirados e abertos à inovação criativa
deve ser uma idéia que não se reduza à qualificação da força de trabalho e à recicla-
gem de capacidades instrumentais. Deve-se pensar em homens e mulheres mais res-
peitosos e articulados com o patrimônio cultural e cognitivo e que só será possível
através dessa incorporação plena da cultura e das artes no processo educacional,
afirmação delas como atividades decisivas na formação de cada pessoa, de cada indi-
víduo e cidadão, para iluminar os processos educacionais com uma lucidez contempo-
rânea. Para isso, entende-se então que torna-se estratégico:
• Fomentar, por meio de editais públicos e parcerias com órgãos de educação e
pesquisa, a consolidação das atividades de grupos de estudos acadêmicos, ex-
perimentais e oriundos da sociedade civil organizada.
• Capacitar, por meio de projetos de educação à distância, educadores, bibliotecá-
rios e agentes do setor público e da sociedade civil para a atuação como media-
dores de leitura e reflexão cultural em escolas, bibliotecas, centros culturais e
espaços comunitários.
• Fomentar especialmente a reflexão e o debate público sobre questões de cida-
dania, pluralidade simbólica, economia da cultura e cultura do desenvolvimento.
• Reconhecer e divulgar ações bem-sucedidas de desenvolvimento e qualificação
dos hábitos de leitura.
4
BRASIL. Sustentabilidade sociocultural: princípio fundamental. MTur: Brasil, 2006
104 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
te a vivência da diversidade cultural. Disponibilizá-las como uma oferta regular, contí-
nua e sistematizada para a população local, regional e visitantes (turismo) é absoluta-
mente estratégico para o seu processo de desenvolvimento sustentável.
Gráfico 4 - Região Norte-Noroeste Fluminense, IDC – Calendário Cultural, 2009
Toda a existência humana decorre do binômio estômago e sexo. A fome e o amor governam o
mundo, afirmava Schiller.(...) O sexo pode ser adiado, transferido, sublimado noutras atividades
absorventes e compensadoras. O estômago não. É dominador, imperioso, inadiável. (...) A
fome faz cessar o amor, diziam os gregos. (Cascudo, 1983, p. 21).
Objetivos Específicos
• Reduzir a Fragmentação Florestal
A fragmentação florestal resultante das atividades antrópicas nas Regiões Norte e
Noroeste Fluminense implica em diversos efeitos sobre a fauna e a flora local. Estudos
indicam que várias espécies são sensíveis à fragmentação e que muitos processos
biológicos são alterados, sendo atribuído na maioria dos casos aos efeitos de borda.
Alguns dos efeitos de borda mais importantes são um aumento nos níveis de luz, tem-
peratura, umidade e vento. Uma vez que as espécies de plantas e de animais são fre-
quentemente adaptadas de forma precisa à certa temperatura, umidade e níveis de
luz, essas mudanças eliminarão muitas espécies dos fragmentos de floresta (Primack
et. al., 2001).
Os fragmentos florestais devem ser considerados estratégicos no planejamento de
conservação ambiental por desempenharem papel fundamental na manutenção da
biodiversidade local.
Como grande parte da vegetação remanescente, na área sob estudo, encontra-se em
fragmentos isolados, dificultando a reprodução e a sobrevivência das plantas e ani-
mais aí presentes, pretende-se estabelecer corredores ecológicos que interliguem es-
sas áreas isoladas, favorecendo o trânsito de animais e sementes, as trocas gênicas e
consequentemente a perpetuação dessas espécies.
Na Região Noroeste, as áreas onde predomina o relevo montanhoso, nos municípios
de Natividade, Porciúncula, Varre-Sai, Laje do Muriaé, Miracema e Cambuci, possuem
maior propensão à conectividade ecológica devido ao melhor estado de conservação e
maior proximidade entre os fragmentos.
Na Região Norte, os fragmentos situados em Macaé e Conceição do Macabu repre-
sentam a região com menor fragmentação florestal. A proteção desses fragmentos é
de grande importância na conservação regional, pois a conexão com outros remanes-
centes auxiliará ainda mais a redução da fragmentação florestal da Região.
Outra região com alto potencial para conexão está localizada no entorno do Parque
Estadual do Desengano. Como a fragmentação é reduzida e a distância entre os re-
manescentes pequena, a criação de corredores ecológicos nessa região é fundamen-
tal para a expansão da cobertura vegetal do Corredor da Serra do Mar e imediações.
• Regularização Ambiental das Propriedades Rurais
O desmatamento promovido por produtores rurais para implantação de pastagens,
plantações de cana, plantações de café, dentre outros, não poupou as áreas de pre-
servação permanente, protegidas desde a década de 60. A destinação de áreas de
25
19,6
20
16
15 N e NO RJ
11,5
10 8,95
0 Ano
2008 2020 2035
Objetivos x Metas
Objetivos Metas
Reduzir a fragmentação florestal
Viabilizar a restauração da
Regularização ambiental das propriedades rurais cobertura vegetal de 100.000
ha até o ano de 2035.
Recuperação de áreas degradadas com baixa aptidão agrícola;
Estratégias
• Implantação de corredores ecológicos;
• Mapeamento das áreas com baixa aptidão agrícola;
• Elaboração de Parcerias Público-Privadas envolvendo proprietários rurais, orga-
nizações não-governamentais, empresas privadas, prefeituras municipais e go-
verno estadual;
Objetivos Específicos
• Aumentar a Extensão de Áreas Protegidas
Atualmente, as Regiões Norte e Noroeste apresentam, somadas, 44.882 ha de áreas
ocupadas por unidades de conservação distribuídas por 1.413.000 ha, que represen-
tam aproximadamente 3,2% do território da Região integrada.
A título de comparação, o Estado do Rio de Janeiro possui segundo Bergallo et. al.
(2009) 270 unidades de conservação perfazendo uma área de 735.432,5 ha. Conside-
rando que o território do Estado abrange 4.386.430 ha, o índice estadual de ocupação
territorial das unidades de conservação é de 16,7%.
Dessa forma, é necessário que o Estado tenha uma política pública voltada para a
implantação de novas unidades de conservação nessas Regiões, de forma a perpetu-
ar a biodiversidade local.
Meta
Implantar 125.000 ha de áreas protegidas até o ano de 2035.
6,0%
4,0% 3,2%
2,0%
0,0% A no
2010 2020 2035
12000
10000
10000
2000
332
0 Ano
2010 2020 2035
Estratégias
Atualmente, alguns dos principais Comitês de Bacia das Regiões encontram-se incipi-
entes, em processo de implantação ou recentemente instalados, com pouca represen-
tatividade (o Comitê de Bacia do Paraíba do Sul constitui uma exceção, e vem avan-
çando de modo significativo ainda que bastante recente). As Municipalidades apresen-
tam corpos técnicos reduzidos nas áreas de saneamento e meio ambiente, o que difi-
culta a elaboração de projetos qualificados que venham a melhorar as condições am-
bientais desses municípios. A participação comunitária se mostra pequena e com fre-
qüência pouco regular, regra geral.
Objetivos Específicos
Metas
Aumentar a arrecadação dos Comitês do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana (porção
Fluminense da bacia), a partir de parcerias e convênios, em 400% até 2020 e 1000%
até 2035, com as devidas correções monetárias.
• Fortalecer o Corpo Técnico das Áreas de Saneamento e Meio Ambiente das
Municipalidades (Prefeituras Municipais)
Objetivos x Metas
Objetivos Metas
Estratégias
• Mobilização social para a gestão participativa por intermédio da comunicação
social, mobilização participativa, capacitação em gestão de recursos hídricos,
etc.;
• Desenvolvimento de instrumentos de gestão da bacia;
• Atrair recursos financeiros provenientes da iniciativa privada para aplicação em
projetos da bacia;
• Contratação e capacitação do corpo técnico das áreas de saneamento e meio
ambiente das Municipalidades da Região;
Recuperação dos Canais da Baixada Campista
O Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), com o objetivo de drenar
as áreas da baixada, construiu um sistema de canais interligados, de aproximadamen-
te 1.300 km de extensão. A partir do final da década de 1970, intensificaram-se os
usos dos canais para a irrigação das lavouras de cana-de-açúcar. Esta intrincada rede
de canais se constitui num complexo e frágil sistema hidráulico, devido às grandes
dimensões dos canais e baixas declividades (Mendonça et. al., 2007), e seu controle e
manutenção ficaram comprometidos desde a extinção do DNOS, em 1990.
A gestão inadequada desse sistema hídrico causa sérios transtornos à população rural
e urbana da região. Segundo Oliveira et. al. (2007), segmentos sociais ligados ao setor
agroindustrial emitiram uma nota à imprensa apresentando os danos causados pelas
enchentes no setor agrícola de Campos nos últimos anos. No ano agrícola 2000/2001,
as perdas estimadas alcançaram entre 40% e 45% na produção dos setores da agro-
indústria canavieira e pecuária leiteira, respectivamente. Em 2005, foram esmagadas
5.478.440 t. de cana-de-açúcar. Com a enchente de janeiro de 2007, a região, com
cerca 100.000 ha de cana-de-açúcar plantada, teve pelo menos 50% desta área atin-
gida.
Além de problemas relacionados a inundações, o abandono do sistema de canais gera
conflitos por uso da água na região.
A COPPE/UFRJ foi contratada pelo INEA e elaborou um projeto apresentando solu-
ções estruturais definitivas para a recuperação do sistema de canais da Baixada Cam-
pista e solucionar os problemas relacionados às enchentes. O projeto da COPPE con-
templa os três subsistemas existentes na baixada, sendo estes: subsistema Vigário,
subsistema São Bento e subsistema Campos dos Goytacazes-Macaé.
As obras do sub-sistema São Bento foram iniciadas em 2010. Entretanto, ainda não há
previsão para o início das obras nos outros sub-sistemas.
Estratégias
• Realização de uma operação de Parceria Público-Privada para execução, manu-
tenção e operação nos três subsistemas segundo os estudos e projetos desen-
volvidos pela COPPE.
Com o inicio da operação dos grandes empreendimentos nas regiões Norte e Noroes-
te Fluminense tem-se a previsão inicial de um fluxo de cerca de 50 mil pessoas traba-
lhando direta ou indiretamente no Complexo Industrial do Porto de Açu – Barra do Fu-
rado em complementação ao Complexo do Porto de Imbetiba. De maneira análoga
outros grandes empreendimentos terão desempenho equivalente ainda que com nú-
meros menores mas, não menos impactantes em função dos locais onde ocorrerão.
Para evitar choques de movimentações entre esses dois tipos de fluxos, os contornos
ou anéis rodo ferroviários são requisitados nos grandes centros urbanos, permitindo
escoamentos diretos de cargas para os portos próximos.
O cenário econômico brasileiro traçado nesse Plano até 2023 aponta que os valores
de produção do agronegócio e da mineração (VBP) praticamente dobram no período,
registrando taxas de crescimento de, respectivamente, 2,76% a.a. e 3,51% a.a., fa-
zendo supor a duplicação de volumes transportados. As taxas de crescimento desses
setores “in natura”, que exigem transporte de grandes volumes, são altas, especial-
mente nos minérios, com cerca de 8% a.a. Também a exportação “in natura” amplia
sua participação tanto no agronegócio – de 6,9% para 8,6% - como na mineração – de
57,0% para 61,4%.
Diante deste cenário, uma das metas estabelecidas para este vetor é a implantação
dos arcos viários de Campos dos Goytacazes e Macaé e Itaperuna, do corredor mul-
timodal Porto de Açu a BR101, bem como a duplicação das BR101, BR356 e RJ216,
entre outras, e a implantação do ramal ferroviário do Porto de Açu à Ferrovia Centro
138 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Atlântica, FCA, em Campos dos Goytacazes, num primeiro momento, todas elas priori-
tárias para ao atendimento de projetos em execução com datas para operação pro-
gramadas.
Uma questão central que certamente emergirá da nova dinâmica econômica regional é
a dificuldade de interligação entre os três portos: Imbetiba, Barra do Furado e Açu.
Assim, propõe-se a realização de estudos visando a adequação das RJ 106, 178 e
196, na forma de rodovias de grande capacidade de carga, organizada em pista dupla,
canteiro central, três pistas de rolamento, otimizando a integração entre Macaé e Barra
do Furado e para a interligação entre os Portos de Barra do Furado e Açu.
Diante deste cenário, uma das metas estabelecidas para este vetor é a implantação de
um sistema metrô ou Veículos Leves sobre Trilho, VLT, a fim de reduzir o fluxo de veí-
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 139
culos no sistema viário, a redução do custo de deslocamento, bem como reduzir a
emissão de gases causadores do efeito estufa, além de distribuir as populações fixan-
do-as nos locais que possuem capacidade para abrigá-las em estratos e não de modo
concentrado.
Fonte: Estudos de Tráfego UTE - EBX - 2007 (Nível E - Nível Crítico de Saturação Viária)
Além disto, cabe ressaltar a demanda brasileira por instalações portuárias competen-
tes para promover o comercio internacional, particularmente as exportações, conside-
rando que as existentes encontram-se esgotada e com baixa produtividade e altos
custos, o que faz com que novas instalações portuárias se habilitem a prover tais ser-
viços ao restante do país, particularmente as regiões circunvizinhas ou que possam
estabelecer conexões para acesso em condições competitivas. Isto torna a malha fer-
roviária de acesso aos portos do Norte Fluminense particularmente significativo para
permitir a sua integração ao sistema de escoamento de fluxos produtivos interestadual
e nacional
Porto do Açu
Barra do Furado
Porto de Imbetiba
É certo que, mesmo contando com arrecadações de royalties e das futuras receitas de
tributos derivadas da concretização dos grandes empreendimentos, bem como de su-
as implicações para os orçamentos municipais, que as colocam em situação melhor
que a maioria das prefeituras do país, as municipalidades não terão condições de ar-
car sozinhas com os encargos que a magnitude dos problemas deverão exigir.
• Sistema Político-Administrativo
Foco na eficácia da gestão dos recursos hídricos como fator indispensável para o al-
cance do desenvolvimento sustentável, a partir do fortalecimento institucional das enti-
dades gestoras, garantindo a qualidade e quantidade de água, a prevenção contra
inundações e a eliminação de conflitos por uso da água.
Objetivos Metas
Abastecimento de Água Potável e • Elaboração de plano diretor de abastecimento de
Disponibilidade Hídrica água regional, com a finalidade de oferecer as alter-
nativas que garantam o fornecimento de água potá-
vel para uso residencial, comercial e industrial na
Região Norte-Noroeste, visando o atendimento da
demanda atual e futura programadas para até o ano
de 2014 e planejadas para 2035.
• Elaboração de estudo de disponibilidade hídrica na
Região Norte-Noroeste até o ano de 2035.
• Garantir o abastecimento de água em quantidade e
qualidade para 100 % da população até ano de 2020.
Esgotamento Sanitário • Elaboração de plano diretor de esgotamento sanitário
regional, com a finalidade de traçar as diretrizes e
opções para a coleta e o tratamento de esgoto nas
Regiões até o ano de 2035.
• Garantir a coleta e tratamento de esgoto para 60 %
da população até ano de 2020.
• Garantir a coleta e tratamento de esgoto para 80 %
da população até ano de 2035.
Coleta e Destinação Final de Resí- • Elaboração de plano diretor de gestão integrada de
duos Sólidos resíduos sólidos regional, com a finalidade de propi-
ciar melhorias no sistema de coleta e alternativas pa-
ra o tratamento dos resíduos sólidos, urbanos e in-
dustriais, com a opção de implantação de consórcios
intermunicipais para o tratamento destes resíduos,
nas Regiões até o ano 2014.
5
A CEDAE, Companhia Estadual de Saneamento do Estado do Rio de Janeiro tem feito obras de melho-
5
rias operacionais nos sistemas de abastecimento de água operados pela mesma, com intervenções nas
ares de captação, adução, tratamento, rede de distribuição e ligações domiciliares, o que de certa forma
contribui para uma melhoria relativa do quadro geral.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 149
(continuação)
Esgotamento Sanitário
Na Região Norte e Noroeste, os sistemas de esgotamento sanitário estão sob a res-
ponsabilidade majoritária das Municipalidades conforme a Tabela seguinte.
Tabela 8 - Região Norte-Noroeste Fluminense, Agentes Públicos dos Serviços de Esgoto,
2009
Com estas inclusões Campos dos Goytacazes terá uma significativa melhoria no de-
sempenho de seu esgotamento sanitário, estimando-se que de 85 % do esgoto produ-
zido no Município será tratado.
No entanto, este esgotamento sanitário, hoje, somente cobre 45% dos usuários de sua
aglomeração urbana.
Com relação ao esgoto originado na zona rural, o Estado do Rio de Janeiro, através
da Secretaria Estadual de Agricultura está implantando o programa Rio Rural, que
envolve a construção de um número expressivo de unidades de tratamento de esgoto
doméstico, na modalidade fossa séptica.
Diante de uma situação como esta, a contaminação das águas dos rios na Região
ainda é elevada, acrescendo-se aos contaminantes recebidos a jusante ou pelos
grandes rios afluentes, conforme indicam os estudos de demanda bioquímica de oxi-
gênio, dbo, e contaminação por coliformes fecais, com resultados que constantes nos
Mapas a seguir.
Analisando estes dados, verifica-se que a situação do tratamento dos resíduos sólidos
coletados avança para soluções com qualificação substantiva, o que se deve princi-
palmente à atuação do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), que tem mobilizado os
municípios para a resolução deste problema sanitário e ambiental na Região
Uma questão, ainda não equacionada, diz respeito à biorremediação dos lixões anti-
gos existentes até então (vazadouros a céu aberto) na Região, cujo passivo ambiental
é muito grande.
ICMS Ecológico
O Governo do Estado do Rio de Janeiro estabeleceu um importante instrumento de
incentivo às ações de saneamento ambiental, através do ICMS Ecológico, sendo que
o Índice Final de Conservação Ambiental (IFCA), que indica o percentual do ICMS
Ecológico que cabe a cada município, é composto por 6 subíndices temáticos com
pesos diferenciados:
• Tratamento de Esgoto (ITE): 20%
• Destinação de Lixo (IDL): 20%
• Remediação de Vazadouros (IRV): 5%
• Mananciais de Abastecimento (IrMA): 10%
• Áreas Protegidas - todas as UC (IAP): 36%
• Áreas Protegidas Municipais - apenas as UCs Municipais (IAPM): 9%
Cada subíndice temático possui fórmula que pondera e/ou soma indicadores. Após o
cálculo do valor individualizado, o subíndice temático do município é comparado ao
dos demais municípios, sendo transformado em subíndice temático relativo através da
divisão do valor encontrado para o município pela soma dos índices de todos os muni-
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 157
cípios do Estado, à exceção do índice de mananciais de abastecimento, cuja fórmula
já indica o valor relativo.
Após a obtenção dos subíndices temáticos relativos ao município, estes são inseridos
na fórmula seguinte, gerando o Índice Final de Conservação Ambiental do Município,
que indica o percentual do ICMS Ecológico que cabe ao município:
IFCA (%) = (10 x IrMA) + (20 x IrTE) + (20 x IrDL) + (5 x IrRV) + (36 x IrAP) + (9 x
IrAPM)
O Quadro que se segue, do ICMS Ecológico do Estado do Rio de Janeiro, mostra a
pontuação obtida pelos municípios da Região Norte e Noroeste, sendo que o Índice
Final de Conservação Ambiental (IFCA), que indica o percentual do ICMS Ecológico
que cabe ao município, no caso, ficou em zero, em 2009, para dez dos municípios da
Região, a saber, Bom Jesus de Itabapoana, Italva, Laje do Muriaé, Varre Sai, Aperibé,
Cambuci, Itaocara, Santo Antônio de Pádua, São José de Ubá e São João da Barra.
Quadro 1 – Rio de Janeiro, ICMS Ecológico e IPM
Na Região Norte- Noroeste Fluminense aconteceu um forte êxodo rural, com as pes-
soas migrando primeiramente para cidades como Itaperuna, Santo Antônio de Pádua,
Macaé, Campos e, mais recentemente também, Bom Jesus do Itabapoana. Nestas
cidades, parcela delas ocupou áreas de risco na expectativa de que um dia consigam
um posto de trabalho para, então, se posicionarem com moradia adequada.
(1)
Tabela 11 – Região Norte-Noroeste Fluminense, Déficit Habitacional, 2009
Estimativa Déficit
Déficit Habitacional Habitacional:
FJP: Municípios Municípios com
Nome da Microrregião Acima de 20 mil População Abaixo de
Município
Geográfica Habitantes em Área 20 mil Habitantes em
Urbana Área Urbana
(ano base: IBGE, (ano base: FJP/ IBGE,
2000) 2000)*
Aperibé Santo Antônio de Pádua 250
Bom Jesus do Itabapoana Itaperuna 580 -
Cambuci Santo Antônio de Pádua 407
Campos dos Goytacazes Campos dos Goytacazes 11.822 -
Carapebus Macaé 217
Cardoso Moreira Campos dos Goytacazes 257
Conceição de Macabu Macaé 396
Italva Itaperuna 315
Itaocara Santo Antônio de Pádua 625
Itaperuna Itaperuna 1.879 -
Laje do Muriaé Itaperuna 180
Macaé Macaé 2.932 -
Miracema Santo Antônio de Pádua 942 -
Natividade Itaperuna 345
Porciúncula Itaperuna 397
Quissamã Macaé 353
Santo Antônio de Pádua Santo Antônio de Pádua 971 -
São Fidélis Campos dos Goytacazes 789
São Francisco de Itabapoana Campos dos Goytacazes 938
São João da Barra Campos dos Goytacazes 608
São José de Ubá Santo Antônio de Pádua 193
Varre-Sai Itaperuna 192
Região Norte-Noroeste 22 municípios 19.126 6.462
(1)
valores corrigidos e publicados em 10 de agosto de 2009.
Fonte: Ministério das Cidades, Brasília.
Assentamentos Precários
A Região padece de um grave problema que são os assentamentos precários, con-
forme o relatório de “Assentamentos Precários do Brasil”, elaborado e publicado pelo
Ministério das Cidades em dezembro de 2007, que fez um amplo diagnóstico da situa-
ção, com as áreas mais preocupantes retratadas em vermelho no extrato da Figura
seguinte.
Figura 10 - Região Norte-Noroeste Fluminense, Assentamentos Precários, 2007
No interior do distrito sede, outros setores classificados como precários dizem respeito
a núcleos urbanos isolados, junto a unidades fabris.
Vale destacar que, em Macaé, existe a ocupação irregular da região denominada No-
va Esperança, com cerca de 10.000 famílias em ocupação irregular.
Numa visão geral, a situação das Regiões Norte e Noroeste Fluminense tende a se
agravar com o forte crescimento programado para os próximos anos. Torna-se, então,
estratégico para mitigar e disciplinar as questões e desvios mencionados, que se ob-
serve o que se indica a seguir.
• Com a Lei n.o 10.257, Estatuto da Cidade, de 10 de julho de 2001, foram regula-
mentados os artigos 182 e 183 da Constituição federal, estabelecendo alguns
instrumentos potencialmente capazes de dar ao poder público melhores condi-
ções para regular a produção e apropriação do espaço urbano com critérios so-
cialmente mais justos e introduziu o princípio da chamada “função social da pro-
priedade urbana”. A utilização desses instrumentos permite aos municípios ad-
ministrar e intervir nos espaços urbanos no sentido de estabelecer o seu orde-
namento e a correção de comportamentos inadequados incorridos.
F) MÓDULO ECONOMIA
Autora Coordenadora:
Nildred Martins
Vetor: Economia do Conhecimento
O desenvolvimento de uma região está diretamente ligado às vantagens comparativas
apresentadas por esta, em relação às demais regiões. Tais vantagens podem ser de
natureza estática ou ricardiana, baseada em recursos naturais, ou de natureza cons-
truída e criada, baseada na capacidade diferenciada de cada região gerar, permanen-
temente, conhecimento e inovação.
Na era da sociedade do conhecimento, marcada pelas tecnologias de informação e
comunicação, o desenvolvimento está ligado às condições locais, e a capacidade local
de gerar novo conhecimento constitui o elemento central no processo de produção,
competição e crescimento.
As informações apresentadas na Avaliação Situacional (Etapa 1) sugerem que as Re-
giões Noroeste e Norte Fluminense possuem um sistema de inovação imaturo com
uma infraestrutura científica e tecnológica bastante limitada. Desta forma, estas Regi-
ões apresentam grande fragilidade e pouca possibilidade para responder a desafios
econômicos e sociais que demandem mais intensamente a geração e emprego de
conhecimento científico e tecnológico.
Além disso, este cenário torna tais Regiões menos habilitadas a receber atividades
que exigem um conteúdo cientifico e tecnológico maior, capazes de gerar maior valor
agregado e concorrer em mercados mais competitivos.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 163
A análise da estrutura científica e tecnológica das regiões passa pela observação de
cinco pontos principais: a) capacidade para formação de recursos humanos de nível
superior; b) capacidade de formar e fixar pesquisadores; c) produção e diversificação
do conhecimento gerado; d) geração de tecnologia; e) setores envolvidos na geração
de tecnologia.
Neste sentido, a implantação e disseminacão de universidades, faculdades, institutos
de pesquisa, incubadoras, dentre outros, estrategicamente localizados, alinhados com
o sistema produtivo em resposta às demandas regionais, e a disseminação de uma
cultura apropriada ao processo de desenvolvimento, com apoio do governo lo-
cal/regional como interação entre os diversos agentes, constitui-se em um ótimo cami-
nho para se conduzir o sistema ao cenário emergência regional.
Para tanto, devemos considerar que está se partindo de uma situação ainda bastante
incipiente, o que dificulta o estabelecimento de metas mais focais, neste momento,
uma vez que qualquer aumento pode representar um crescimento infinito.
Assim, as metas passam a ser uma função da capacidade de investimento e dos tem-
pos mínimos de resposta. Como se trata de uma realidade extremamente complexa, é
preciso acompanhar qual a capacidade de resposta das Regiões (ou seus munícipios)
aos investimentos, em cada dimensão, para, em seguida, fixar e ajustar metas.
Objetivos e Metas
Objetivos Metas
Formação de recursos humanos de • Escolas técnicas, faculdades e univer-sidades
nível técnico e superior nas áreas defi- formando profissionais para atuarem nos setores
nidas conforme vocação e oportunida- definidos como vocação regional.
des regionais. • Ter, pelo menos, 50% da PEA regional, cursando
ou tendo concluído o ensino técnico e/ou superior
em 2035.
Constituição e Implementação do • Acompanhar os melhores padrões nacionais na
Sistema de Conhecimento e Inovação formação e fixação de pesquisadores nas áreas
Regional definidas conforme direcionamento necessários e
as oportunidades regionais;
• Interação entre universidades/institutos de pes-
quisas e empresas;
• Pelo menos 10 centros de pesquisa e pós-
graduação, disseminados pelo espaço regional
Norte e Noroeste, direcionados às engenharias e
às agrociências.
Disseminação do Conhecimento e da • Formar redes entre escolas técnicas, faculdades,
Tecnologia Gerados para a População universidades, incubadoras, centros de pesquisa
e Sistema Empresarial e empresas.
• Aderir imediata e irrestritamente ao Plano Nacio-
nal de Banda Larga (PNBL), com resultados aci-
ma da média nacional;
• Ter 50% da população com acesso a banda larga
mínima de 1MB até 2012;
• Ter uma taxa de crescimento de acesso à banda
larga de pelo menos 10% ao ano;
• Ter 100% da população atendida com banda
larga mínima de acordo com o PNBL até 2020;
• Ter 50% da população com acesso a banda larga
de pelo menos o dobro da mínima determinada
no PNBL até 2035.
Metas
• Estruturar uma rede regional de escolas técnicas, faculdades e universidades,
disseminadas pelo espaço do território, participando de modo co-operativo da
formação de profissionais para atuarem nos setores definidos como vocação ou
diferencial e/ou potencialidades regionais.
• Contar com 50% da PEA regional, cursando ou tendo concluído o ensino técnico
e/ou superior em 2035.
A partir de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq no ano de 2008, ob-
serva-se a ausência de grupos de pesquisa localizados na Região Noroeste e cadas-
trados na base de dados do CNPq. Desta forma, entende-se que, pelo menos no que
este indicador é capaz de captar, as atividades de pesquisa nesta Região são bastan-
te limitadas, chegando praticamente a ausência.
A situação mostra-se, ao menos em parte, diferente para a Região Norte. Neste caso,
existem 117 gurpos cadastrados junto ao CNPq, porém, concentrados em apenas três
instituições.
Além disso, estes grupos contam com 872 pesquisadores, 983 estudantes e 235 téc-
nicos atuando em 490 linhas de pesquisa diferentes. Chama atenção o número de
estudantes (de graduação ou pós-graduação) envolvidos em pesquisa. Isto sugere
certa capacidade da Região em dar continuidade à formação de pessoal orientado
para a geração de conhecimento.
Estes dados conferem à Região Norte uma condição melhor para sustentar uma infra-
estrutura científica em comparação à Região Noroeste, embora tal estrutura seja bas-
tante pequena em comparação com a capital, Rio de Janeiro.
Tabela 13 - Estatísticas do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq no Censo 2008
Linhas de
Região Cidade Instituição Grupos Pesquisadores Estudantes Técnicos
Pesquisa
Campos dos
Região Goytacazes 2 98 434 757 922 216
Norte Macaé 1 19 56 115 61 19
Total 3 117 490 872 983 235
Rio de Janeiro 47 2.178 8.291 15.185 15.143 2.960
Niterói 2 398 1.477 2.487 2.631 254
Petrópolis 1 46 95 136 221 37
Nova Iguaçu 2 37 137 231 158 12
Maricá 1 28 76 158 100 5
Outras
Vassouras 1 28 76 158 100 5
Duque de
Caxias 1 19 56 115 61 19
Volta Redonda 1 8 33 130 248 5
Arraial do Cabo 1 6 26 20 5 12
Total Geral 60 2.865 10.757 19.492 19.650 3.544
Desta forma, a Tabela na página seguinte, traz a produção dos Grupos de Pesquisa
do CNPq por tipo de produção e por área do conhecimento. Dois pontos são importan-
tes destacar para a Região Norte, em Campos dos Goytacazes em Macaé. Primeiro é
a presença de produção científica em todas as grandes áreas do conhecimento, o que
evidencia a diversidade das pesquisas e do conhecimento produzido. Em segundo,
vale observar a concentração desta produção em ciências agrárias (em primeiro lugar)
e em ciências biológicas (na sequência), em geral, pouco relacionadas à especializa-
ção produtiva da região.
Não obstante esta concentração, deve-se apontar a pesquisa em produção nas ciên-
cias da terra e engenharias, estas sim, mais próximas às características industriais
presentes na região. Vale lembrar, neste caso, na atualidade, a superioridade do mu-
nicípio de Campos dos Goytacazes em relação à baixa produção de Macaé.
Percebe-se que, embora não seja captado pela base de dados do CNPq, existe na
Região Noroeste alguma estrutura capaz de gerar conhecimento.
Por sua vez, a ocorrência de uma produção científica de nível internacional nos muni-
cípios de Itaperuna e Miracema é muito importante como constatação da existência de
alguma estrutura científica e de pesquisa na Região Noroeste.
Tipo PF PJ NA Total
Modelo de Utilidade – Região N 2 2 1 5
Patente de Invenção – Região N 2 3 2 7
Modelo de Utilidade – Região NO 2 0 0 2
Patente de Invenção – Região NO 1 1 1 3
Modelo de Utilidade - Estado RJ 269 255 245 769
Patente de Invenção – Estado RJ 272 1.096 316 1.684
Modelo de Utilidade – Estado RJ 273 257 246 776
Patente de Invenção – Estado RJ 275 1.100 319 1.694
Metas
• Formar as redes entre escolas técnicas, faculdades, universidades, incubadoras,
centros de pesquisa e empresas;
• Implantar um centro de tecnologia para cada APL regional em adição a outros
centros não vinculados;
• Aderir imediata e irrestritamente ao Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), com
resultados acima da média nacional;
• Prover 50% da população com acesso à banda larga mínima de 1MB até 2012;
• Crescer a uma taxa de pelo menos 10% ao ano no que se refere ao acesso à
banda larga;
• Atender a 100% da população com banda larga mínima de acordo com o PNBL
até 2020;
• Prover 50% da população com acesso à banda larga com, pelo menos, o dobro
da mínima determinada no PNBL, até 2035.
Estratégias
• Definição das áreas a serem desenvolvidas conforme vocação e oportunidades
regionais;
172 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
• Implantação e direcionamento de cursos técnicos e universitários para as áreas
de desenvolvimento escolhidas;
• Implantação de centros de pesquisa e desenvolvimento voltados para as áreas
escolhidas;
• Criação de centros de transferência tecnológica (facilitar o processo de transfe-
rência de tecnologia para pequenas e médias empresas);
• Centros de incubação em número suficiente para fazer a ponte entre universida-
des e empresas;
• Criação de agência de fomento a inovação tecnológica junto às universidades
(transferência, pesquisas de produção, captação de recursos);
• Apoio à ampliação das universidades e ofertas de cursos superiores e técnicos
(especialmente no Noroeste), aumentando as possibilidades de qualificação da
população, a partir de estudos das demandas não atendidas dos mercados regi-
onais;
• Implantação do Consórcio intermunicipal/interregional de Educação Superior,
consolidando entre outras ações, o Programa Auxílio Universitário com a distribu-
ição de bolsas de estudo para a graduação superior em faculdades e universida-
des regionais, e linhas de transporte interregional, facilitando as condições de es-
tudo de alunos, principalmente daqueles residentes em municípios desprovidos
de instituições de Ensino Superior;
• Parcerias público/privado empresas para implantação de Centros de Pesquisas
em diferentes áreas do conhecimento, voltadas principalmente para os investi-
mentos tecnológicos, o desenvolvimento da tecnologia social e o reconhecimento
do contexto Regional;
• Convênios entre poder público /universidades para qualificação profissional, a-
poio às incubadoras e fomento à empresas jovens;
• Desenvolvimento / investimento em tecnologia social que compreende produtos,
técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comu-
nidade e que representem efetivas soluções de transformação social;
• Realização de pesquisas voltadas para a compreensão de inúmeras questões
regionais, especialmente do Noroeste Fluminense;
• Mapeamento das principais demandas do mercado produtivo em termos de ca-
pacitação, bem como as principais ofertas de capacitação já existentes, para a-
dequação demanda-oferta de profissionalização;
• Implementação de uma cultura empreendedora desde a Educação Básica até o
Ensino Superior e também para os empresários e dirigentes públicos e demais
integrantes da liderança regional;
• Formação de convênios e redes entre as instituições de ensino e pesquisa tecno-
lógicas com o setor empresarial/industrial e o poder público;
• Convênios poder público /universidades para qualificação profissional e efetiva-
ção de pesquisas e trabalhos junto às Administrações Municipais.
• Concessão de bolsas de estudo, para o ensino técnico e superior, para os estra-
tos sociais que não tem capacidade de pagamento, condicionados a uma classi-
ficação de mérito com mecanismos de investimento e/ou financiamento para os
alunos dependendo de sua renda familiar, condicionados ao desempenho esco-
lar.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 173
Vetor: Ajustamento Estrutural da Atividade Agropecuária
Este vetor tem como objetivo principal a promoção do desenvolvimento do setor agro-
pecuário, da silvicultura e da atividade pesqueira, com ênfase na inclusão competitiva
do pequeno produtor rural e na consolidação destas atividades como vocações regio-
nais capazes de gerar trabalho e renda para a população local.
De uma maneira geral, a atividade agropecuária e a agroindústria nas Regiões Norte e
Noroeste Fluminense são atividades produtivas caracterizadas pelo predomínio de
pequenas propriedade e pequenos estabelecimentos, onde se desenvolvem atividades
ainda bastante artesanais, em sua maioria de caráter informal e que utilizam a mão-
de-obra familiar.
Obtêm baixos rendimentos, são ainda pouco profissionalizadas e bastante instáveis.
São pouco competitivas no mercado e os principais problemas enfrentados relacio-
nam-se a: tamanho, baixa capacidade gerencial, assistência técnica insuficiente, difi-
culdades de acesso ao crédito, comercialização e localização – especialmente as a-
groindústrias rurais. O problema da localização reflete-se, essencialmente, na restrição
ao tipo e quantidade de produto comercializado e ao difícil acesso à informação, finan-
ciamento e apoio institucional.
O fraco desempenho do setor associado às melhores condições de trabalho e infra-
estrutura social nas cidades têm incentivado o êxodo rural, principalmente dos mais
jovens.
Sob pena de se excluir cada vez mais produtores da atividade agropecuária, faz-se
necessário a implantação de um programa de ajustamento estrutural da atividade a-
gropecuária, que incorpore a adoção de novas tecnologias ao processo produtivo.
Na era da informação, da tecnologia e do conhecimento torna-se imperativo a adoção
de práticas de cultivo, administrativas e gerenciais compatíveis com as exigências do
mercado, avançadas tecnologicamente e capazes de aumentar a produtividade, redu-
zir os custos e elevar a competitividade dos estabelecimentos rurais.
Associada a esta política de mudança estrutural, deve-se considerar um programa de
agregação de valor à produção, com o desenvolvimento da atividade agroindustrial
(verticalização). E também a criação de um programa de comercialização da produção
(na modalidade do Programa de Aquisição de Alimentos, PAA, plataformas móveis
tipo das usadas nos CEASAs, ou equivalente), visto que este tem se revelado como
um dos principais desafios para o pequeno produtor rural.
E por fim, como a Análise Situacional mostrou que ambas as Regiões são caracteriza-
das pelo predomínio dos pequenos estabelecimentos rurais, o que torna necessário a
adoção do associativismo e do cooperativismo como aparato institucional capaz de
introduzir as mudanças estruturais necessárias para garantir o crescimento e desen-
volvimento das atividades produtivas de pequeno e médio porte com estabilidade e
sustentabilidade. Além das vantagens da economia de escala para compra de insu-
mos e comercialização do produto final, as associações e cooperativas devem ser
capazes de promover capacitação, profissionalização e integração produtiva de seus
associados e cooperados, viabilizar novos sistemas de comercialização, acesso a no-
vos mercados e incentivar o aprimoramento e diferenciação constante dos produtos,
através da implantação de um rígido sistema de certificação de origem.
Com vistas a melhor suportar o processo de planejamento do desenvolvimento susten-
tável do setor agropecuário das regiões Norte e Noroeste Fluminenses, foi realizada
na etapa da análise uma avaliação macro ambiental, na qual se enumeram as oportu-
nidades, ameaças, fortalezas e fraquezas do setor as quais foram consideradas para
fins da formulação estratégica da economia regional
174 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Assim sendo, são propostos os seguintes objetivos, metas e estratégias para que se
construa um caminho do Norte–Noroeste para o desenvolvimento sustentável integra-
do regional.
Objetivos e Metas
Objetivos Metas
Adoção de práticas de produção • Proprietários e trabalhadores rurais capacitados para
tecnicamente compatíveis com as atuarem de forma competitiva tanto no processo pro-
exigências do mercado. dutivo, como no gerenciamento de suas atividades;
• Patrulha rural disponível para todos os produtores
rurais;
• Tanques de resfriamento do leite em número e quanti-
dade suficiente para atender aos produtores locais;
• 100% dos produtores rurais com acesso à crédito e
financiamento;
• Assistência técnica e extensão rural para todas as
propriedades rurais.
Desenvolvimento, fortalecimento e • Implantar centros de pesquisa para atender às cadeias
consolidação das cadeias produti- produtivas do café, arroz, cana-de-açúcar, fruticultura,
vas reveladas como vocação regi- agricultura orgânica, bovinocultura leiteira, silvicultura
onal. e pesca fluvial e marítima;
• Aumentar a produtividade dos produtos das cadeias
produtivas selecionadas para níveis acima da média
nacional até 2020 e para níveis de referência nacional
até 2035.
• Implantar, no mínimo, uma unidade de processamen-
to e agregação de valor para cada cadeia produtiva
selecionada, com exceção da agricultura orgânica.
• Reaproveitar com florestas comerciais plantadas, di-
versificadas com pelo menos três diferentes espécies
direcionadas para viabilizar três diferentes cadeias
produtivas, pelo menos 50% do total de terras impro-
dutivas ou devolutas de acordo com o zoneamento
econômico-ecológico (CIDE), até 2025 e 70% até
2035, reservando pelo menos 25% dos montantes adi-
cionalmente para a recomposição florestal nativa e a
formação de corredores.
Sistema de comercialização da • Pelo menos uma central de comercialização da produ-
produção que atenda as necessi- ção agropecuária e agroindustrial local em cada muni-
dades do pequeno produtor rural e cípio ou consórcio de municípios;
da expansão das cadeias produti- • Pelo menos duas plataformas de comercialização e
vas regionais distribuição da produção regional com vistas ao mer-
cado interno e externo;
• Adesão de todos os municípios ao Programa de Aqui-
sição de Alimentos (PAA) do Governo Federal.
Possuíam ensino fundamen- 47,57% dos dirigentes dos 48,84% dos dirigentes dos
tal incompleto estabelecimentos rurais estabelecimentos rurais
Não sabiam ler e escrever 6,08% dos dirigentes dos 8,41% dos dirigentes dos
estabelecimentos rurais estabelecimentos rurais
Possuíam curso superior em 0,66% dos dirigentes dos 0,36% dos dirigentes dos
área relacionada estabelecimentos rurais estabelecimentos rurais
Metas
Metas
• Implantar programas de modernização das cadeias produtivas com o suporte de
centros de pesquisa regionais para atender às cadeias produtivas do café, arroz,
cana-de-açúcar, fruticultura, agricultura orgânica, bovinocultura leiteira, silvicultu-
ra e pesca fluvial e marítima;
• Aumentar a produtividade dos produtos das cadeias produtivas selecionadas
para níveis acima da média nacional até 2020 e para níveis de referência nacio-
nal até 2035.
• Implantar, no mínimo, uma unidade de processamento e agregação de valor para
cada cadeia produtiva selecionada, exceção da agricultura orgânica que deve es-
tar disseminada em todo o território.
• Implantar projeto de florestas plantadas comerciais para pelo menos três cadeias
produtivas de grande extensão abrangendo as áreas identificadas como indica-
das ao reaproveitamento comercial, mantendo a biodiversidade e a preservação
e resgate da mata original com a constituição de conectividades no horizonte
2025, usando dos mecanismos de desenvolvimento limpo, ou créditos de carbo-
no, como integrante da viabilidade econômico-financeira e ambiental. Para 2035,
estas atividades adquirem os níveis de maturidade e expansão projetados de
maior agregação de valor de suas cadeias incluindo potenciais diversificações
mais elaboradas.
Região Norte
Oportunidades:
• Todo volume de investimentos derivados do pré-sal que podem levar à diversifi-
cação da indústria, internalização e adensamento da cadeia produtiva, desenvol-
vimento científico e tecnológico;
• Volume de empreendimentos previstos em energia, transporte (naval, em parti-
cular) e logística com igualdade de oportunidades em relação à cadeia do petró-
leo e gás, representada por sua internalização e adensamento;
• Desenvolvimento social a partir do projeto de desenvolvimento dos setores in-
dustriais que constituirão plataformas de alta complexidade na Região;
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 187
Ameaças:
• Aprofundamento da especialização produtiva na extração e produção de petróleo
e gás natural em função de:
Ritmo inadequado de investimento e exploração do petróleo/pré-sal;
Inadequação do marco regulatório para o petróleo/pré-sal retirando a capa-
cidade de planejamento e controle da União sobre os rumos do setor e os
recursos das Municipalidades efetivamente afetadas pelo processo de ex-
ploração produtiva;
• Insuficiência dos investimentos em logística e transporte, em quantidade e tem-
po, para atender ao crescimento da demanda da produção atual e em expansão;
• Crescimento lento da base científica, tecnológica e da formação de mão de obra
altamente especializada levando ao não atendimento da demanda crescente e
das oportunidades abertas;
• Possibilidade de sofrer da “maldição do petróleo, caso não encontre um caminho
coordenado para o desenvolvimento da sua estrutura produtiva”alternativa e de
substituição, de forma planejada e cadenciada;
Fortalezas:
• Estrutura produtiva (industrial) especializada em setores de crescimento mais
rápido;
• Especialização na cadeia de petróleo e gás, configurando vantagens para o novo
período de expansão do setor no Brasil;
• Predominância de unidades produtivas de grande porte, o que confere maiores
possibilidades de gerar encadeamentos por toda base produtiva;
Fraquezas:
• Base produtiva (industrial) com pouca diversificação;
• Infraestrutura científica e tecnológica não consegue transpor os seus limites e
assumir como depositária das bases de conhecimento e tecnologia do parque
produtivo regional;
• Concentração da especialização produtiva em parcela no centro da cadeia de
petróleo e gás, caracterizando lacunas importantes em elos anteriores e posterio-
res;
Objetivos e Metas
Objetivos Metas
Criação de um organismo – instituto ou comitê • Montagem de equipe multidisciplinar enxu-
ou fundação - dedicado à gestão e acompa- ta em 2010;
nhamento do planejamento do desenvolvi- • Montar a estrutura de governança em
mento sustentável da Região Norte-Noroeste 2010;
integrada.
• Ampliar a equipe para trabalhar já em
2011;
• Montagem de infraestrutura central e de
representações locais em 2010.
Metas
• Manter uma taxa de investimentos, visando o fortalecimento das cadeias produti-
vas regionais, acima da média do Estado, sempre tendo como patamar mínimo
11% da receita e uma poupança regional mínima de 15% do PIB;
• Internalizar nas Regiões a oferta de serviços, de insumos e intermediários para
estes empreendimentos em pelo menos 80% dos montantes totais consumidos,
até 2035;
• Estimular as inversões e reinversões privadas na Região mediante programa de
incentivos associados a oferta de condições diferenciadas diferenciadas, preve-
nindo-se quaisquer renúncias fiscais, doações e equivalentes, e sempre vincu-
lando as vantagens e benefícios a resultados e tempos que assegurem a susten-
tabilidade;
• Ter pelo menos 50% desta oferta de bens e serviços intermediários proveniente
de micro e pequenas empresas;
Objetivos e Metas
Objetivos Metas para 2035
Criação e fortalecimentos de Polí-
• 100% dos municípios das Regiões Norte e Noroeste
ticas Públicas voltadas para o de-
com estrutura institucional local voltada para o turis-
senvolvimento do Turismo nas
mo.
Regiões Norte e Noroeste
Ampliação dos investimentos do • 90% dos municípios das Regiões Norte e Noroeste
setor público em infraestrutura com infraestrutura básica e de apoio ao turismo (ae-
básica e de apoio ao turismo ródromos, autoestradas troncais, ferrovias, sanea-
mento, etc.).
Melhoria e qualificação dos servi- • Pelo menos 30% da população das Região Norte-
ços turísticos Noroes-te qualificada e mobilizada em relação à im-
portância do turismo local e regional, constituição de
um número adicional de atrações maior do que 50%
do que existe na atualidade na Região.
Promoção e comercialização dos • 80% dos municípios da Região Norte-Noroeste com
produtos turísticos instrumentos de divulgação e comercialização do tu-
rismo local.
Estratégias de Desenvolvimento
• Criação de estruturas de gestão voltadas para o turismo nos municípios das Re-
giões Norte e Noroeste;
• Inclusão do turismo no sistema de governança regional;
• Fortalecimento de colegiados nos municípios e constituição do Conselho Regio-
nal de Turismo da Região Norte-Noroeste Fluminense que tenha por objetivo o
desenvolvimento do turismo regional e local e a participação na Copa e Olimpía-
das;
• Desenvolvimento dos Planos Diretores Regional e Municipais de Desenvolvimen-
to do Turismo;
• Elaboração e administração do Inventário da oferta turística em todos os municí-
pios da Região Norte-Noroeste;
• Criação da coleta seletiva em todos os municípios da Região, até 2014;
• Melhoria nas vias de acessos dos municípios aos seus distritos e aos sítios e
locais turísticos;
• Saneamento básico em todos os municípios da Região Norte-Noroeste;
• Construção/ampliação de hospitais e serviços qualificados para o turismo em
municípios chave;
• Instalação de sinalização turística oficial nos atrativos turísticos de toda a Região;
G) MÓDULO SOCIAL
Autoras Coordenadoras:
Karen Menezes e
Samantha Nery
Introdução
No contexto das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, com baixos índices de desen-
volvimento humano e grande parte da população vivendo em um cenário social desfa-
vorecido em diversos aspectos, o desenvolvimento das políticas sociais devem ser
integradas, construindo um sistema que priorize as ações de proteção e promoção das
Educação
Em 2000, a média de anos de estudo no Norte variou entre 6,2 em Campos e 3,3 em
São Francisco do Itabapoana, ambas abaixo da média estadual de 7,2.
No Noroeste também não se verificaram bons resultados, com a média de anos estu-
dados variando entre 3,8, em São José de Ubá, e 6,2, em Miracema.
Portanto, outra meta importante estabelecida para este Vetor é a elevação da escola-
ridade média, passando de 5 para 9 anos de estudo em 2020, o que é um pouco aci-
ma dos anos despendidos no Ensino Fundamental, e 12 anos em 2035, correspon-
dendo a conclusão do Ensino Médio.
Observa-se no Mapa a seguir que, mais uma vez, quatro municípios se encontravam
bem distantes desta meta: São José de Ubá, Cardoso Moreira, Varre-Sai e São Fran-
cisco de Itabapoana, apresentando em 2000, média de menos de 4 anos de estudo.
Saúde
Vetor de Desenvolvimento: Melhoria da Qualidade e do Atendimento na Saúde
A Saúde é uma das áreas essenciais para o bem estar dos habitantes e possui abor-
dagens curativas e preventivas, ambas muito importantes e complementares.
A Constituição de 1988 assegurou o acesso universal e equânime a serviços e ações
de promoção, proteção e recuperação da saúde. Destacam-se na viabilização plena
deste direito as Leis Orgânicas da Saúde, nº 8.080/90 e nº 8.142/90 e as Normas Ope-
racionais Básicas – NOB.
O Sistema Único de Saúde – SUS opera nas esferas federal, estadual e municipal. Em
fevereiro de 2002, foi publicada a Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS-
SUS 01/2002, que ampliou as responsabilidades dos municípios na Atenção Básica,
estabeleceu o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos ser-
viços de saúde e de busca de maior eqüidade, criou mecanismos para o fortalecimen-
to da capacidade de gestão do Sistema Único de Saúde e procede à atualização dos
critérios de habilitação de estados e municípios.
Recentemente, o Ministério e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde desen-
cadearam diversas atividades de planejamento e adequação de seus modelos assis-
tenciais e de gestão, ponderando avanços e desafios que estas novas diretrizes orga-
nizacionais trouxeram à sua realidade.
Visando reverter o panorama geral de desigualdades regionais existente no Estado do
Rio de Janeiro e facilitar o acesso dos habitantes aos serviços do SUS, inclusive os de
maior complexidade, algumas estratégias e instrumentos foram concebidos e executa-
218 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
dos: a plena adoção da Programação Pactuada e Integrada - PPI da assistência am-
bulatorial e hospitalar, via implantação de centrais de regulação para ordenar a oferta
de serviços e agilizar o atendimento aos pacientes; assessoria às pactuações intermu-
nicipais de serviços referenciados, por intermédio de apoio direto aos gestores munici-
pais e apoio à consolidação de fóruns regionais permanentes de negociação.
Para contemplar a perspectiva de redistribuição geográfica de recursos tecnológicos e
humanos, foi elaborado o Plano Diretor de Regionalização que, no Estado do Rio de
Janeiro dividiu o Território da Saúde em 10 regiões, em alguns casos diferentes da
divisão administrativa. A diferença encontrada no Norte e Noroeste Fluminense é que
o município de Cardoso Moreira, ao invés de ser integrante da Norte, faz parte da re-
gião Noroeste.
Figura 14 - Região Norte-Noroeste Fluminense, Divisão Regional da Saúde, 2009
6
O Pacto pela Saúde traz como eixo principal a necessidade de instituir uma regionalização de base
cooperativa, respeitando a autonomia dos entes federados. Entre 2004 para 2009 houve no Brasil um
grande aumento de adesão municipal ao Programa, passando de 681 municípios habilitados para 2.753.
Outro indicador que reflete amplitude da cobertura dos serviços de saúde é o número
de leitos existente em cada município e na Região como um todo. No Estado, em de-
zembro de 2008 havia um total de 24.341 leitos gerais destinados ao SUS (excluídos
leitos psiquiátricos, leitos de crônicos e hospital-dia), numa razão 1,5 leitos/ 1000 hab.
No Norte, São Fidelis apresentou, em 2000, mais leitos por 1.000 habitantes, 5,5, sen-
do 4,6 destes do SUS, seguido por Campos, 4,3 leitos/1000 hab., com 3,3 destes sen-
do do SUS. Os municípios com menos oferta de leitos/1.000 hab. foram São João da
Barra com 2,2 (sendo 1,7 do SUS) e São Francisco do Itabapoana com 0,9 lei-
tos/1.000 hab. (todos do SUS).
Sendo assim, apenas 3 de seus municípios atingiram o parâmetro: São Fidélis, 4,2
leitos, Conceição do Macabu, 3,5 leitos e Quissamã, 2,5 leitos/1.000 hab.
Carapebus possui atualmente convênio com Quissamã, para que seus habitantes te-
nham acesso a exames, cirurgias e intervenções no Hospital Municipal Mariana Maria
de Jesus, que tem 160 leitos, incluindo obstetrícia, ortopedia, otorrinolaringologia, of-
talmologia e exames de média e alta complexidade. Antes tinham convênio com a Ir-
mandade São João Batista, em Macaé, mas que foi cancelado pelo problema da su-
perlotação.
Gráfico 15 – Região Norte-Noroeste Fluminense, Metas para Leitos do SUS, 2020 – 2035
7
A Assembléia Geral das Nações Unidas estabeleceu as Metas do Milênio para implementar a
Declaração do Milênio, adotada por unanimidade pelos países-membros da ONU, em 2000.
Para a mortalidade infantil, os países se comprometeram a reduzir suas taxas em 2/3 até 2015,
adotando 1990 como ano de referência. (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – Brasil,
2008, p. 256, 257), (ver anexo I).
Neste caso, as metas para o número de óbitos foi de 5/1.000 habitantes em 2035, si-
milar aos valores atuais do México e do Equador.
O Caderno da Saúde (2009) apontou que o percentual de mães de 10 -19 anos foi
bastante alto em todos os municípios, que apresentaram taxa acima de 20%, à exce-
ção de Campos e São Fidelis.
Neste ano, o menor índice foi o de São Francisco do Itabapoana, com 48,4% de cesá-
reas, ainda bastante elevado.
Esta conjuntura de dados aponta para a gravidez “precoce” como uma questão regio-
nal preocupante, que precisará ser melhor trabalhada nas políticas públicas de saúde.
No Noroeste estes problemas persistem, pois todos seus municípios tiveram um per-
centual de mães de 10 -19 anos elevado, com uma média de 20% de gravidez nesta
faixa etária, sendo melhor em Miracema e Natividade, ambos com 16,9% de gravidez
e maior em Varre-Sai, 25,1% e São José de Ubá, 24,2%.
Percentual de Mães de 10 a 14 Anos e de 10 a 19 Anos dos Municípios da Região Norte Fluminense- 2006
% de mães
30
27,2 27,2
24,9
25 23,9
22,5
20,7 21,3 21,5
20
14,3
15
10
5
1,0 1,1 1,3 0,6 1,3 0,8
- 0,3 -
0
Campos dos Carapebus Cardoso Moreira Conceição de Macabu Macaé Quissamã São Fidélis São Francisco de São João da Barra
Goytacazes Itabapoana
Municípios
Percentual de Mães com 10 a 14 Anos e com 10 a 19 Anos dos Municípios da Região Noroeste Fluminense - 2006
% de Mães
30
25,1
23,7 23,9 24,2
25
21,4 21,7
20,0 20,0 19,1
20 18,9
18,0
16,9 16,9
15
10
5
1,9 1,7
0,6 0,6 0,7 0,7 0,5 0,5 0,5 0,8 0,9
- -
0
Aperibé Bom Jesus do Cambuci Italva Itaocara Itaperuna Laje do Muriaé Miracema Natividade Porciúncula Santo Antônio São José de Varre-Sai
Itabapoana de Pádua Ubá
Municípios
A Saúde Bucal vem sendo crescentemente reconhecida como fator essencial para a
saúde global de um paciente, resultando em reforço à saúde ou agravamento de do-
enças, dependendo de sua qualidade.
Os dados de porcentagem da Saúde Bucal de 2008 apontam que os valores mais bai-
xos de cobertura a até 25% da população, ocorreram em Italva e Itaocara localizados
no Noroeste Fluminense e em Cardoso Moreira, localizado no Norte, onde os demais
municípios apontam para uma cobertura de mais de 25% de sua população. Quissamã
e Campos apresentaram as maiores coberturas da Saúde Bucal, entre 75 a 100%.
Na Região Noroeste também houve outros atendimentos com alta cobertura, entre 75
a 100%, assim como identificado anteriormente na cobertura do PSF, demonstrando
uma estrutura mais completa que a Região Norte.
Eixo de Desenvolvimento
Vetor de Desenvolvimento: Diminuição da Desigualdade Social
Portanto, a meta é que a média do índice GINI das Regiões diminua em 2020 para
0,36 e em 2035 para 0,30, sendo que Campos, Santo Antônio de Pádua e Miracema
correspondem aos municípios que, em 2000, se encontravam mais distantes destes
resultados.
Outra meta relevante é a diminuição da razão de renda das Regiões, que foi muito
elevada.
No Estado do Rio, a Região Metropolitana foi a mais desigual, com razão de renda
superior a 28 e a menor desigualdade ocorreu no Noroeste Fluminense, o que, infe-
lizmente, tem um significado negativo, uma vez que este dado não traduz que há me-
nos desigualdade na Região Noroeste, o que é fato mas coincide em haver muito me-
nos riqueza sendo distribuída para a população, de uma maneira geral, ou seja, me-
nos riqueza está disponível para gerar uma desigualdade menor. (Caderno de Saúde,
2009, p.12).
8
As informações utilizadas para a elaboração deste indicador foram produzidas pelo IBGE,
relativas à população de 10 anos ou mais de idade e seus rendimentos mensais de todas as
fontes, oriundas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD.
Média 20% Mais 40% Mais 60% Mais 80% Mais 20% Mais
Pobres Pobres Pobres Pobres Ricos
Região Norte 3,3 10,9 22,7 41,9 58,1
Ressalta-se que a proposta não é diminuir a riqueza produzida pelos mais ricos e sim
mantê-la e aumentar-se a riqueza produzida pelos grupos mais pobres, elevando-se a
geração de renda preferencialmente em todos os grupos, o que representa tanto um
“empoderamento” dos menos favorecidos, como a elevação do nível de riqueza geral.
9
O salário mínimo de referência em 2000 correspondia a R$151,00 (cento e cinqüenta e um
reais)
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 249
Tabela 23 – Região Norte-Noroeste Fluminense, Metas para Elevação da Renda Per
Capita Média - 2000 – 2035
Renda Previsão
% do Salário
Per Capta Média de 2010 Meta
Região Média de
Mínimo em
- 1,5 Salários
Meta 2020
2035
2000
2000 (R$) Mínimos
No Mapa a seguir, com dados atualizados de 2009, fica visível que a proporção de
pobres mais elevada, de cor marrom escura, predominou no Norte e no Noroeste em
comparação com as outras Regiões do Rio de Janeiro, sendo que o Noroeste apre-
senta uma situação de pobreza ainda mais acentuada, a pior de todo o Estado.
O grupo mais empobrecido, no intervalo entre 31,33% a 50,19% foi formado por Varre-
Sai, Porciúncula, Natividade, Laje de Muriaé, Miracema, São José de Ubá e Cambuci,
ou seja, a maioria dos municípios desta Região foi classificada com os piores níveis de
pobreza estaduais, uma situação alarmante.
Nos municípios do Norte a situação foi pouco melhor, mas não menos preocupante.
Macaé apresentou o menor índice de pobreza de ambas as Regiões, seguido por Ca-
rapebus, com o nível de pobreza entre 4,18% a 21,43%.
No outro grupo, com pobreza de 21,44% a 26,94% estão Campos dos Goytacazes e
São Fidélis. Os demais municípios se encontram no grupo com maior índice de pobre-
za, de 31,33% a 50,19%: em Cardoso Moreira, São Francisco de Itabapoana, São
João da Barra e Quissamã.
Apenas seis municípios, todos do Noroeste, estão próximos à meta: Cambuci, Itaoca-
ra, Aperibé, Pádua, Bom Jesus do Itabapoana e Natividade.
Nota: *Considerando a composição familiar com uma média de 4 membros por família, foi realizado a
partir da população total, o calculo do número de famílias residentes nos municípios no ano de 2009.
Outro objetivo deste vetor ampliação da oferta dos serviços públicos à população, ob-
servando-se as demandas das diferentes faixas etárias e o próprio aumento gradativo
do grupo de população acima dos 60 anos.
A Proteção Social Básica tem um caráter mais preventivo e de fortalecimento dos vín-
culos familiares e sociais, destinando-se à população que vive em situação de vulne-
rabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo
acesso aos serviços públicos, dentre outros) e/ ou fragilização de vínculos afetivos −
relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou
por deficiências, dentre outras).
No âmbito da Proteção Social Básica já foi discutido a meta de diminuição das famílias
que necessitam receber o Bolsa Família. Outra meta é a ampliação do número de
CRAS existentes em cada município, que são os equipamentos de referência da Pro-
teção Social Básica, como unidades públicas estatais integrante do SUAS, de base
territorial, localizadas em áreas de maior vulnerabilidade e risco social. São a porta de
entrada dos usuários para os serviços e programas da Política de Proteção Básica e,
para tanto, tem como atribuições essenciais executar serviços da proteção básica e
organizar a rede prestadora de serviços sócio assistenciais do SUAS no seu território
de abrangência.
Com base nestas orientações, a meta para as Região Norte- Noroeste inicia-se com o
levantamento adequado das demandas dos territórios de alta vulnerabilidade em cada
município e a capacidade de atendimento de cada um deles, ou seja, a porcentagem
da população de fato coberta pelos serviços. Com este subsídio, espera-se que em
cada cidade se adéqüe às orientações, implantando o número de CRAS suficiente
para o atendimento de toda a demanda territorial.
O IFDM considera, com igual ponderação dados de Emprego & Renda, Educação e
Saúde, possuindo igual peso no cálculo para avaliação dos municípios brasileiros. A
leitura dos resultados – por áreas de desenvolvimento ou do índice final - varia entre 0
e 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior o nível de desenvolvimento da locali-
dade.
Neste sentido, municípios com IFDM entre 0 e 0,4 são considerados de baixo estágio
de desenvolvimento; entre 0,4 e 0,6, de desenvolvimento regular; entre 0,6 e 0,8, de
desenvolvimento moderado; e entre 0,8 e 1,0, de alto desenvolvimento. (IFDM, 2009).
Para a Região Norte, o IDH-M em 2000 foi mais elevado em Macaé, 0,790,15o estadu-
al, e Campos, 0,752, 55o estadual e mais baixo em Cardoso Moreira, 0,706, 89o esta-
dual e São João da Barra, 0,723-79o estadual.
Uma das metas para este objetivo corresponde ao aumento do IDH alcançando em
2035 a média de 0,850 em ambas as Regiões.
As áreas vazias e ocupadas no espaço urbano podem ser delimitadas como ZEIS. A
recomendação para os municípios do Norte e Noroeste Fluminense é que os assen-
tamentos precários do tipo favelas, loteamentos irregulares e cortiços sejam delimita-
dos como ZEIS, para possibilitar a sua regularização fundiária.
Deste modo, pois, nos assentamentos precários delimitados como ZEIS, são permiti-
das a adoção de padrões urbanísticos especiais e procedimentos específicos de licen-
ciamento, além de contribuir para o reconhecimento da posse de seus ocupantes.
Deve-se destacar também que nas ZEIS vazias nem todo o terreno precisa ser reser-
vado para habitação de interesse social; parte da área pode receber habitação de
mercado e usos não residenciais diversos, o que deve funcionar como estímulo à pro-
dução de interesse social.
10
Destaca-se aqui que nenhum município depende da inclusão desses instrumentos no Plano Diretor
para a sua aplicação. Constar estes instrumentos no Plano Diretor, é uma forma de reforçar o que está
presente na Constituição Federal e no Estatuto da Cidade.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 273
Sendo adotado este instrumento, o controle social sobre os recursos são de suma
importância, uma vez que os mesmos devem ser destinados ao Fundo Municipal de
Habitação ou Fundo de Desenvolvimento Urbano, que normalmente são geridos por
conselhos plurais, democráticos.
Fonte: www.panoramio.com
Fonte: www.italva.com.br
11
As contagens populacionais utilizadas no Mapa tem como referência os dados do IBGE.
280 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
do que em 2005 dobrou-se o número de registros, perfazendo uma média de homicí-
dios de 30,6/100.000 hab..
Em Santo Antônio de Pádua, que tem a metade dos habitantes de Itaperuna e é tam-
bém o segundo município mais populoso do Noroeste, sua média de homicídios foi de
15,6/100.000hab., exatamente a metade do valor de Itaperuna e menos elevado do
que outros municípios da Região.
Aperibé apresentou o segundo maior índice regional, com a média de 19,4 homicí-
dios/100.000 hab. Portanto, embora em números absolutos Pádua ocupe a segunda
posição, a média de Aperibé se apresentou mais elevada em proporção com sua po-
pulação. Assim, pela ordem decrescente, a maior média de homicídios/população total
foi de Itaperuna, Aperibé, Cambuci, Pádua, Italva e Laje do Muriaé. Os menores valo-
res foram encontrados em São José de Ubá, Bom Jesus do Itabapoana, com média
em torno de 5, Miracema e Natividade com média de 6 e Porciúncula com 7,9 homicí-
dios/100.000 habitantes.
Em Varre-Sai inexistem ocorrências de homicídios entre os anos analisados e em São
José de Ubá foi registrada apenas 1 ocorrência em 2004, municípios estes cujas popu-
lações também foram as menores da Região, juntamente com Laje do Muriaé que, por
sua vez, apresentou uma média de homicídios bem maior, 12,9/100.000 hab.
Salienta-se que, em 2004, ocorreu uma queda do número de homicídios em vários
municípios brasileiros – mas que não foi a tendência deste grupo de municípios - atri-
buído pelos pesquisadores do Mapa da Violência ao Programa de Desarmamento do
Governo Federal, deste ano.
Por sua vez, não houve uma tendência geral no número de homicídios/população to-
tal, havendo tanto aumento como diminuições de seu valor em cada um dos municí-
pios do Norte e do Noroeste, sendo que o maior aumento foi em Itaperuna, de 14 em
2002, para 30 homicídios em 2005 e a maior diminuição em Macaé, de 133 para 123
homicídios/pop. total, em 2006.
Considerando-se as médias regionais, observou-se que o número de homicídios no
Norte foi bem maior do que no Noroeste, entre 2002 e 2006, conforme representado
no Gráfico seguinte.
Este indicador é importante para avaliar-se a diminuição da violência de uma localida-
de. Neste sentido, espera-se que até 2035 ocorram reduções significativas nestes va-
lores, de forma que as médias regionais cheguem a 6 homicídios/100.000 habitantes.
Gráfico 29 - Região Norte-Noroeste Fluminense, Metas para Homicídio População Total,
2020 - 2035
Entre 2002-2006, na Região Norte, o município com o maior número absoluto de ho-
micídios juvenis12 foi Campos dos Goytacazes, variando seus valores e encerrando
2006 com 73 ocorrências, com média de 79,3 homicídios, 4o lugar regional.
O município com a maior média regional de homicídios juvenis foi Carapebus que, por
sua vez, é o município com menor população jovem regional. Em números absolutos,
em 2002, não houve registros de homicídios juvenis, chegando a 4, em 2006, perfa-
zendo a média de 158,7 homicídios/jovens/100.000 hab.
O segundo município com maior média deste crime foi Macaé. De 2002 a 2006, foi
possível observar uma ligeira queda no seu número absoluto de homicídios/jovens, de
54 para 44 registros, perfazendo a média de 152,7 homicídios/100.000 hab. Ao contrá-
rio, São João da Barra, Cardoso Moreira e São Fidélis não apresentam homicídio de
jovens, enquanto os outros municípios do Norte revelaram médias intermediárias, en-
tre 0,01 e 32,46.
No entanto, constatou-se grande variação nas médias, pelo fato de ocorrerem igual
variação no número de jovens nestes municípios. Seguem em ordem decrescente
Italva, com média de 41,1, São José de Ubá, 27 e Laje do Muriaé, 23,2 homicí-
dios/jovens/100.000 hab. Aperibé e Porciúncula apresentam médias similares, cerca
de 21 homicídios/jovens/100.000 hab., 5,5, em Bom Jesus do Itabapoana e 12,8 em
Cambuci.
12
O conceito de juventude utilizado no Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros (2008) é um conceito
sociológico e indica o processo de preparação enfrentado pelos indivíduos, para assumirem o papel de
adultos estendendo-se dos 15 aos 24 anos.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 283
Mapa 26 - Região Norte-Noroeste Fluminense – Homicídio População Jovem – 2000 – 2035
Estratégias de Desenvolvimento
• Implantar Programas de treinamento/qualificação dos profissionais da Segurança
Pública, incluindo aqueles que trabalham na gestão do sistema, preparando-os
para o melhor desempenho de suas funções;
• Criar Programas de Segurança Pública para os municípios, envolvendo a estru-
turação, expansão e modernização da logística e de seus quadros efetivos;
• Implantar o Sistema de Informações Gerenciais da Segurança Pública, que inte-
gre em um banco de dados as informações das Policias Civil e Militar, de segu-
rança do Governo Federal e outras entidades com fins semelhantes, ampliando o
conhecimento geral das informações e, consequentemente, gerando uma maior
efetividade no combate à criminalidade;
• Capacitar as unidades policiais para o uso destes recursos da tecnologia de in-
formação, criando e/ou aprimorando o disque denuncia nos municípios;
O esporte como uma política pública, sobretudo como uma política de educação e
desenvolvimento humano é direito básico dos indivíduos, principalmente das crianças
e dos adolescentes. Sua prática incorporada aos hábitos de vida contribui para uma
maior qualidade de vida, saúde e bem estar, criando espaços e regras de convivência
e fortalecendo as redes sociais entre os indivíduos e as comunidades.
São Fidélis 3
São Francisco de Itabapoana -
São João da Barra 1
Aperibé 1
Bom Jesus do Itabapoana 5
Cambuci 2
Italva 1
Itaocara 2
Itaperuna 6
Laje do Muriaé -
Miracema 2
Natividade 3
Porciúncula 1
Santo Antônio de Pádua 5
São José de Ubá 1
Varre-Sai -
Total da Região Norte 29
Total da Região Noroeste 29
-- = sem informação
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009
Vários esportes são praticados nas Regiões desde os mais tradicionais até os mais
radicais. Existem o futebol, o vôlei e a natação, a escalada, futsall, handball surf, jiu-
jtisu, beach soccer (futebol de areia), downhill nas montanhas (descida de bicicletas),
barco à vela, canoagem, cavalgada, moto cross e auto cross, prática de esportes náu-
ticos e outros.
Estratégias de Desenvolvimento
• Destinar e alocar recursos municipais orçamentários regulares para as práticas
desportivas;
• Melhorar continuamente a infraestrutura para as práticas desportivas, a partir de
pesquisas sobre os déficits existentes e interesses prioritários das populações,
incluindo a construção de novos espaços e a revitalização daqueles já existentes
e a aquisição contínua de materiais, tanto nos centros urbanos como nas áreas
rurais;
• Organizar programas municipais continuados de esportes, que incluam diversas
práticas desportivas para diferentes faixas etárias, gerando benefícios como a in-
ternalização de normas e valores, a melhoria da saúde, a convivência em grupo,
dentre outros;
• Apoiar e incentivar os projetos desportivos que já acontecem nos municípios,
favorecendo a ampliação dos núcleos existentes do Programa de Iniciação Es-
portiva, aumentando suas capacidades de atendimento e os resultados atingidos;
• Implementar um programa esportivo específico para crianças e adolescentes,
extra currículo escolar e gratuito, com uma equipe de professores que acompa-
nhe alunos em bairros, periferias e zonas rurais, semanalmente, em aulas de es-
portes, através de um sistema de rotatividade que abranja um grande número de
localidades municipais;
• Investir para que os municípios sediem jogos em seus espaços esportivos, inclu-
sive a partir de eventos intermunicipais, enfatizando o turismo desportivo que po-
derá alavancar melhorias infra-estruturais e movimentar a economia dos municí-
pios;
• Incentivar e apoiar a participação de times e desportistas locais em eventos es-
portivos intermunicipais e interregionais, em campeonatos e competições, bus-
Esta proposta reflete um dos eixos do Cenário “Emergência”, definido como aquele
desejado, onde se enfatiza a internalização e a implementação das cadeias produtivas
associadas a bases de conhecimento, como instrumento do desenvolvimento econô-
mico local.
Desde uma perspectiva social, constatou-se uma grande lacuna na qualificação da
mão-de-obra, gerando-se uma situação paradoxal, pois “importa-se” mão-de-obra em
quantidade significativa, enquanto o desemprego local se mantém elevado, ressaltan-
do-se ainda que os “estrangeiros” detém os melhores salários, compatíveis com a sua
melhor qualificação.
Além da baixa qualificação técnica e profissionalizante da maior parcela dos habitan-
tes, há um desajuste acentuado entre a oferta de profissionalização e as demandas do
mercado, que embora ainda não tenha sido devidamente mapeado, se constata à
partir das entrevistas e reuniões realizadas na Avaliação Situacional e trabalhos da
Rede Social que apontam para a busca de formação especializada no que o mercado
de trabalho vem demandando, com números de candidatos por vagas crescentes no
limitado número de cursos ofertados regionalmente, enquanto a presença expressiva
de profissionais vindos de fora, especialmente nos municípios de porte maior está se
ampliando.
Este tema é discutido com mais detalhes no Vetor Educação, ressaltando que a pri-
meira etapa do processo educacional – a Educação Básica – também apresentou de-
ficiências significativas, período onde se encontra a “raiz do problema”, pois desde o
letramento, a formação insuficiente repercute negativamente, limitando a inserção so-
cioeconômica dos habitantes.
Outra questão importante que afeta os processos de Geração de Trabalho e Renda
relaciona-se aos intensos fluxos migratórios interregionais ocorridos no Norte e no
Noroeste, representando a evasão de suas próprias residências em busca da oportu-
nidade de trabalho/emprego e melhores remunerações. Neste sentido, cabe lembrar
que este fluxo migratório nem sempre é bem sucedido, o que aumenta o número de
moradores periféricos ou em condições subnormais ou favelas no interior das maiores
aglomerações urbanas.
De maneira análoga, o êxodo rural se mantém elevado, junto ao aumento nas taxas de
urbanização, esvaziando-se as atividades produtivas agropecuárias (que não se mo-
dernizaram, nem mecanizaram), que possuem forte tradição em ambas as Regiões e
296 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
constituem um setor que, não obstante todas estas circunstâncias adversas, ainda
absorve grande parcela da força de trabalho local, respondendo pela distribuição de
renda mesmo que em níveis muito baixos. Estes fatores, somados, resultam em uma
situação de oportunidades de trabalho perdidas, fluxos migratórios indesejados e in-
tensificação da pobreza, da desigualdade e da exclusão social.
Em termos econômicos, as taxas de crescimento do emprego e da remuneração mos-
tram que o movimento geral é de aumento da demanda de trabalho para os níveis de
maior qualificação, que não encontra contrapartida da oferta, o que causa um aumento
maior da remuneração para estes trabalhadores mais qualificados. Como conseqüên-
cia, há uma inflação dos valores de remunerações o que onera os poderes públicos
que são pressionados a acompanhar os preços praticados pelos mercados lo-
cais/regional.
Portanto, constitui meta prioritária aumentar a qualificação dos trabalhadores para atu-
ar em todos os setores em que o mercado regional, atual e projetado, deles necessita.
Não é essencial que o emprego cresça em todos os setores. Na agropecuária, por
exemplo, há uma tendência de diminuição de demanda com a mecanização, que se
faz necessária para seu desenvolvimento, porém requerendo outro perfil e mais quali-
ficação de sua mão-de-obra.
De uma maneira geral, as políticas devem estar voltadas para a qualificação, a gera-
ção de conhecimento, pesquisa e inovação e para o incentivo constante à implantação
de novas unidades produtivas com a diversificação econômica, evitando-se ou preve-
nindo-se a situação monopsônica representada pelos grandes empreendimentos..
Portanto, o mercado de trabalho só irá se desenvolver se houver uma coordenação
entre a diversificação econômica e a educação e capacitação dos recursos humanos
para atuarem em áreas produtivas selecionadas, o que está refletido no cenário Emer-
gência, que associa os eixos do desenvolvimento da economia e a inclusão social com
base na produção de conhecimento, segundo uma orientação regional.
Objetivo: Geração de Novas Oportunidades de Trabalho
A geração de novos postos de trabalho pode ser verificada através da taxa de empre-
gabilidade ou da diminuição do índice de desemprego. Apesar do Estado do Rio de
Janeiro apresentar uma taxa de desemprego (17,1%) superior à brasileira (15,4%) e a
da Região Sudeste brasileira (16,4%), em 2000 o Noroeste Fluminense apresentou
melhor desempenho, com uma taxa de desemprego de 10,8%. Já o Norte mostrou
uma taxa superior ao Noroeste, ainda que aquém às demais, de 14,6%. A diminuição
destas taxas repercute em uma série de ganhos sócio-econômicos e, conforme discu-
tido, um conjunto de ações eficazes.
Fotos 21 e 22 - Empresas de Macaé e Comércio Local em Campos dos Goytacazes
,6
,0
58
54
55
56
56
60
40
20
0
2000 2020 2035 Ano
Média da Região Norte
Média da Região Noroeste
Rio de Janeiro
Região Sudeste do Brasil
Brasil
Regiões Norte e Noroeste Fluminense - Meta 2020
Regiões Norte e Noroeste Fluminense - Meta 2035
Noroeste Norte
Indicadores
2000 2007 2000 2007
População ocupada* 123.812 127461 264.744 288973
Número trabalhadores formais 30760 42213 98640 211573
Taxa de formalidade 24,84 33,12 37,26 73,22
Número trabalhadores informais** 93.052 85248 166.104 77400
Taxa de informalidade 75,16 66,88 62,74 26,78
*Para 2007, estimativa de população ocupada com base nos dados de 2000 e taxa de cresci-
mento da população no período 2000/2007. **Obtido pela diferença entre a população ocupada
e emprego formal.
Fonte: Elaboração de Nildred Martins a partir de dados do Censo 2000, RAIS 2000 e 2008.
13
Numa concepção mais abrangente, o setor informal compreende o emprego assalariado sem
carteira assinada e o trabalho por conta própria. Neste caso, devido à indisponibilidade de da-
dos recentes, foi usado como indicador de informalidade a diferença entre a população ocupa-
da, estimada com base na taxa de crescimento da população entre 2000-2007 e o número de
trabalhadores formais publicados pela RAIS para estes anos.
300 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Gráfico 35 – Região Norte-Noroeste Fluminense, Meta para a Elevação da Taxa de
Formalidade, 2020 - 2035
Fonte: Elaboração de Nildred Martins a partir de dados do Censo 2000, RAIS 2000 e 2008
No entanto, considerando-se as mudanças estruturais pelas quais o setor produtivo
vem passando e os impactos destas mudanças nas relações trabalhistas, deve ser
considerada esta nova condição para avaliar-se a qualidade do mercado de trabalho
além da taxa de formalidade.
Exemplo desse processo de reorganização da estrutura produtiva do setor produtivo
brasileiro é representado pela terceirização de atividades antes realizadas dentro das
empresas. Este fenômeno tem causado o deslocamento de trabalhadores mais qualifi-
cados para o setor informal, na condição de trabalhadores por conta própria, com ní-
veis elevados de remuneração.
Deste modo, classificar a qualidade do posto de trabalho com base apenas na questão
da formalidade ou não, torna-se insuficiente. Assim, foi analisado juntamente com o
indicador de informalidade um indicador de precariedade, que contempla igualmente o
rendimento dos trabalhadores.14
Quando comparados com os indicadores do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro, no-
ta-se que ambas as Regiões Norte e Noroeste apresentaram graus de informalidade e
precariedade superiores, enquanto o Estado do Rio apresentou menor grau de infor-
malidade, 45%, que o Brasil, 47,9%.
Tabela 29 - Região Norte-Noroeste Fluminense, Informalidade e Precariedade e
Remuneração Média dos Setores Formal e Informal - 2000
14
Para o cálculo dos indicadores de informalidade e de precariedade, o setor informal da eco-
nomia foi considerado como compreendendo o emprego assalariado sem carteira assinada e o
trabalho por conta própria. Já o indicador de precariedade foi medido pelo número de trabalha-
dores no trabalho informal que recebem menos de dois salários mínimos.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 301
Na Região Noroeste, 64,33% das pessoas de 10 anos ou mais ocupadas na semana
de referência e com rendimento de trabalho, recebiam até dois salários mínimos.
Esta proporção se mostrou maior que a apresentada pelo Brasil, 51,36%, pelo Estado
do Rio de Janeiro, 40,72% e pela região Norte, 56,05%.
Na Região Noroeste, 73,01% dos trabalhadores receberam em média até dois salários
mínimos, dos quais 51,18% receberam em média entre 1,01 e 1,50 salários mínimos.
Nas faixas entre 0,51 e 2 salários mínimos, a Região Noroeste apresentou percentuais
de pessoal ocupado superiores às demais localidades, enquanto os apresentados pelo
Norte foram inferiores. No entanto, esta situação se inverte nas faixas de remuneração
média superior a 2 salários mínimos, quando o Norte apresentou percentuais superio-
res às demais localidades, caracterizando um melhor desempenho desta região,
quando considerados os indicadores de remuneração média do trabalho formal.
Espera-se que estes indicadores sejam maiores que a média brasileira, considerando-
se o desenvolvimento com tecnologia e o conhecimento destas Regiões.
Gráfico 36 – Região Norte-Noroeste Fluminense, Grau de Precariedade e Metas,
2020 - 2035
Ranking Ranking Estadual dos Municípios da Região Norte Fluminense - IQM, 1998 e 2005
100 91 92
81 82
80 73 74
67 69
62
60 51 54
45 1998
36 2005
40
24
20
9 9
5 3
0
Macaé Campos dos Quissamã Conceição São João da São Fidélis Carapebus Cardoso São
Goytacazes de Macabu Barra Moreira Francisco de
Itabapoana
Municípios
Ranking Estadual dos Municípios da Região Noroeste Fluminense - IQM, 1998 e 2005
Ranking
100
89 89 88 90
77 79 80 80
80 76
70 72
57 60 58
60 56
50
43
36 37 34 31 35
40
26
21
17
20 10
0
Bom Jesus Santo Miracem a Itaperuna Itaocara Natividade Cam buci Italva Porciúncula Aperibé Laje do São José Varre-Sai Municípios
do Antônio de Muriaé de Ubá
Itabapoana Pádua
1998 2005
Autor Coordenador:
Eduardo Nery
15
Corresponde ao valor médio anual de investimentos realizados pelos municípios mais dinâmicos brasi-
leiros, de acordo com os trabalhos da Florenzano Marketing para a Gazeta Mercantil.
16
Investimentos produtivos são todos os que produzem trabalho e renda em condição persistente ou
ampliam o capital humano pela educação profissionalizante ou empreendedorismo ou o capital tecnológi-
co-cultural, seja por empresas novas ou incubação de empreendimentos.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 311
que seja a forma de sua organização, ela deve possuir pelo menos uma assembléia,
uma direção, um conselho técnico-consultivo, um conselho fiscal. A direção deve ser
constituída por profissionais habilitados e qualificados, em tempo integral e dedicação
exclusiva, com uma gestão centrada em resultados. Uma das modalidades usadas,
bem sucedidas são os comitês de desenvolvimento ou agências de desenvolvimento
regional (a diferença consiste na não remuneração ou remuneração de mercado dos
integrantes da direção em um caso ou no outro). Há algumas possibilidades importan-
tes de estruturação. São instituições de formato simples e objetos complexos, pouco
burocráticas, mas com elevadas eficiência e eficácia, que vivem nas relações e deci-
sões e não necessitam imobilizar ativos. Habitualmente, podem se constituir como
uma organização social sem fins lucrativos, organização social de interesse público,
fundação, inclusive podendo assumir, eventualmente, uma instituição existente, de
reconhecimento notório, reformulando-a ou ajustando-a para o que se pretende venha
a ser a sua atuação. . Neste caso, as limitações residem no grau de penetração, acei-
tação e neutralidade desta instituição nos ambientes endógeno e exógeno, além da
ausência da identidade regional específica, enquanto persistir tal situação. Qualquer
que seja a solução escolhida, ela deve ser uma instituição de direito privado, sem fins
lucrativos, a ser institucionalizada por lei estadual. Há também casos mais formais
politicamente, em que se elege um sistema de governança regional oficial, ou uma
espécie de parlamento regional, também regulado por lei estadual. Trata-se de uma
solução mais elaborada e política, indicada para um momento adiante, em que o sis-
tema a ser implantado para a governança regional do Norte-Noroeste já estiver em
funcionamento bem sucedido. Outra alternativa é a da formação de uma rede regional
em hipertexto, que não atende completamente ao espectro de requisitos e condição
que o Norte-Noroeste precisam como governança neste primeiro momento. Uma com-
binação de comitê regional de desenvolvimento com uma rede associada é certamen-
te a melhor composição estratégica, recomendada, para a situação presente. O impor-
tante é que neste ambiente convivam e participem ativamente agentes públicos – mu-
nicipais, estaduais e federais, privados, não governamentais regionais, podendo haver
convidados externos. Este comitê deve se organizar em grupos gestores permanentes
e específicos, constituídos como trabalho de cidadania, sem remuneração e nem cus-
tos para os que ali trabalharem. Antecedendo à criação do comitê, uma comissão es-
pecialmente indicada pelas duas Regiões deve preparar o seu estatuto e regulamen-
tação, num prazo máximo de noventa dias, por exemplo, de modo a que os participan-
tes já tenham documentos de referência que lhes permita filiar-se a participar com um
mecanismo regulador conhecido e capaz de prover os encaminhamentos devidos.
Para que isto aconteça, há uma estratégia inicial, de base, que consiste em se firmar
um tratado estratégico regional, voltado para incremento regulado de trocas comerci-
ais e de conhecimento (tecnologia e inovação, fortalecimento e seqüenciamento ou
integração de cadeias produtivas, programação regional, que pode ser designado co-
mo Tratado do MercoNorte-Noroeste Fluminense, que regerá o disciplinamento e a
regulação dos processos político-cooperativos entre as Regiões.
Simultaneamente à unidade de governança, a integração regional deve avançar bas-
tante com a prática da associação das associações, das coordenações de coordena-
ções a prática de programas regionais e rodas de negócios sistemáticos, a ativação
dos circuitos e caminhos no núcleo da diversidade do turismo regional, as parcerias e
alianças bilaterais e multilaterais. Para viabilizar, naturalmente tais processos, a cons-
tituição e operação das aglomerações produtivas estruturadas, qualquer que seja a
sua configuração, representa um facilitador e elemento de convergência notável, baixo
custo e de alta efetividade.
Em qualquer alternativa, a governança regional será tanto maior, quanto maior for o
processo de descentralização estadual e federal, de organizações não governamen-
312 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
tais, particularmente dos setores de atividades regulares e necessárias da/na Região,
ou seja, uma estratégia inicial consiste em se aprofundar tal processo até o seu limite
admissível.
Outras iniciativas, mais elaboradas, dizem respeito ao aumento da complexidade regi-
onal em seus modos de atuação estratégicos, a saber:
• constituição de fundos regionais, em complementação à disseminação dos fun-
dos municipais17, todos eles na modalidade investimento, com regulações pró-
prias e conselhos gestores ativos fiscalizados por organismos independentes,
operando em uma rede regional e observando as orientações de distributividade
estrategicamente estabelecidas;
• indução da implantação regional dos agentes gestores de capitais de terceiros
vinculados às operações dos grandes empreendimentos e à administração dos
montantes de capital dos fundos regionais e municipais, que devem passar a o-
perar nas cidades pólo, trazendo consigo, numa vertente especial, as empresas
de capital semente e capital de risco, e os postos avançados de agências tipo e-
ximbanks, voltadas para as exportações e importações, escritórios de segurado-
ras e de outras operações financeiras associadas, inclusive agentes de bolsas de
mercadorias e futuros;
• constituição das plataformas regionais de conhecimento, tecnologia e inovação e
da rede regional de tecnologia e conhecimento, NORTEC, com toda uma estrutu-
ra múltipla voltada para as operações de produção, desenvolvimento, guarda e
preservação, multiplicação, formação e qualificação, nacionalização, entre ou-
tras. Esta estratégia envolve todas As instituições educacionais universitárias e
profissionalizantes, unidades de pesquisa e desenvolvimento, incubadoras e vi-
veiros, cvts integrados, laboratórios e instalações especializadas, centros de si-
mulação e treinamento avançados, unidades de controle e monitoramento ambi-
ental e climático, redes de participação coordenadas externamente, midiatecas
virtuais, sistemas de informação regionais, museus, centros culturais, academias
de arte e cultura, entre outros. Uma parcela dos recursos dos fundos deve ser
dedicada à manutenção deste sistema bem como devem ser promovidas parce-
rias com a FAPERJ, com os fundos setoriais do Ministério de Ciência e Tecnolo-
gia e do Ministério da Cultura e da Educação, além de organizações do terceiro
setor. Este sistema deve estar protegido por regulação própria que viabilize apor-
tes de projetos e programas no montante das responsabilidades sociais das em-
presas regionais e fundações específicas externas.
• implementação de um programa permanente regional de empreendedorismo,
cobrindo todas as faixas etárias desde a educação fundamental aos profissionais
com senioridade. No caso da educação institucional deve ser criada e implantada
uma disciplina de empreendedorismo e cidadania na educação municipal funda-
mental e no ensino médio e profissionalizante. Esta estratégia se complementa
com a implantação gradual das redes públicas municipais de acesso gratuito à
Internet, em que o Estado do Rio de Janeiro foi o pioneiro nacional, com excelen-
te resultado.
• acompanhamento e monitoramento regional da implementação do Plano de De-
senvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste, promovendo a sua integração
17
Fundos municipais ou regionais constituídos na modalidade investimento, capitalizados regularmente
com o aporte do valor integral ou majoritário dos “royalties” do petróleo e da CFEM, além de outras con-
tribuições públicas, regulados por lei, destinados a investimentos produtivos a título oneroso com custo
financeiro bem abaixo do custo de mercado ou, sem ônus, quando destinados à formação do conheci-
mento de pessoas ou empresas vivendo e instaladas na Região.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 313
com os planos diretores de desenvolvimento sustentável dos municípios e mi-
crorregiões e com outros planos e programas, uma atividade típica para ser e-
xercida pela unidade de governança regional, em parceria com a SEPLAG, SE-
DEIS, entre outros organismos estaduais.
• constituição da rede social regional em articulação com uma rede de mobiliza-
ção comunitária em todo o território, suportado por um sistema de comunicação
regional com televisões educativas, televisões e rádios comunitárias, jornais e
periódicos regulares incluindo um boletim mensal sobre o desenvolvimento regi-
onal a ser distribuído gratuitamente para toda a população em suas residências.
• constituição de uma fundação e/ou rede cultural regional integrando todos os
municípios, voltada à preservação dos valores, patrimônios, símbolos, produção
cultural, etc. respondendo pela formação e alimentação permanente da cultura
regional do desenvolvimento, a ser mantida por uma parcela de recursos dos
fundos regionais e contribuições regionais.
• organização de um núcleo de regulação e regulamentação regional, a partir da
elaboração inicial, de marcos institucionais-legais regionais que disciplinem e e-
qualizem (uniformizem) as meta orientações de interesse geral a todos os muni-
cípios, ao desenvolvimento da economia e à sociedade Norte-Noroeste. Este nú-
cleo apóia a governança nas questões exógenas, incluindo as internacionais, de-
tendo especialização nas matérias que definem a subsistência da economia re-
gional.
• elaboração de um projeto de lei estadual para que o Plano de Desenvolvimento
Sustentável do Norte e Noroeste se transforme em um instituto legal que regule
este processo no horizonte de sua aplicabilidade e validade, incluindo as disposi-
ções quanto à sua instrumentalização.
As metas são de que a governança regional se instale desde agora e se estruture num
horizonte máximo de dois anos, portanto, até 2011. No período até 2013, seguido de
2015, os gestores terão que articular e negociar a inserção da produção da Região
nos mercados da Copa do Mundo e das Olimpíadas, além de qualificar uma de suas
cidades como satélite, para hospedar uma das seleções que disputarão os seus jogos
na cidade do Rio de Janeiro. Esta inserção está correlacionada à expansão da infraes-
trutura e serviços com alguns empreendimentos já programados e outros a programar.
Esta iniciativa se superpõe à implantação dos empreendimentos do pólo de logística,
que pressupõe uma negociação para sua inserção regional coincidente ou, às vezes,
anterior, pelas oportunidades dos encadeamentos e dos canteiros, da expansão da
oferta de postos de trabalho, ocupação urbana, etc.. Assim, há que se estruturar uma
governança para uma operação de guerra, conjugando grupos qualificados de agentes
regionais para operações simultâneas nos vários projetos, coordenando essas coor-
denações numa central de inteligência de gestão estratégica e tática, de modo a cap-
turar e antecipar o maior número exequível de intervenções nas oportunidades prioritá-
rias, que fazem e farão a diferença na construção da sustentabilidade do processo de
desenvolvimento regional. Lembre-se que também neste período estarão se desenro-
lando as decisões executivas sobre a exploração do pré-sal. Outros movimentos po-
dem também acontecer, o que faz ressaltar a absoluta necessidade de se contar com
estratégias e prioridades que orientem as decisões e ações que devem ser seletivas,
enquanto se espera contar com marcos regulatórios que facilitem e respaldem a go-
vernança.
Dada a extraordinária complexidade destes primeiros anos da primeira década, é difícil
se antecipar os movimentos seguintes, tendo-se, no entanto, a certeza de que inevita-
velmente deve ocorrer o aumento substantivo da complexidade, o que aumenta a con-
314 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
dição de expansão da Região, com a redução de sua entropia, o que lhe assegura
poder prosseguir o processo de desenvolvimento em curso. Em outras palavras, o
período crítico está em vias de começar e os tempos serão extremamente exíguos
para as tomadas de decisão e intervenções, exigindo muita criatividade e inovação,
com grupos de empreendedores muito qualificados e com o domínio e conhecimento
da situação do momento e seguintes, no Cenário prevalente.
Autor Coordenador:
Rogério Coutinho
Introdução
O desenvolvimento regional está associado à constituição e aplicação de um conjunto
de institutos, marcos e outros instrumentos institucionais e legais que regulam e regu-
lamentam as condições necessárias para viabilizar a(s) via(s) de desenvolvimento
escolhida(s) por sua sociedade. Esta estrutura de desenvolvimento se posiciona em
um nível lógico meta município, coordenadamente, sem com eles concorrer, o mesmo
se passando em relação ao Governo estadual e/ou federal. Os princípios que regem a
constituição deste conjunto envolvem a promoção da cidadania participativa e da qua-
lidade do viver, a erradicação da pobreza (miséria) e marginalidade, a redução das
desigualdades e a melhoria substantiva da distributividade, elevando-se as rendas dos
estratos inferiores, entre várias outras medidas, para que seja construída, ao longo do
tempo, uma sociedade mais livre, justa e generosa, e solidária para a inclusão de to-
dos com educação.
Vetor de Desenvolvimento 1: Regulação para o Desenvolvimento Regional - In-
tegração e Conectividade
Objetivos Metas para 2020
Estruturação dos marcos le- • Constituir os marcos de regulação mínimos regionais
gais regionais e municipais numa perspectiva de integração das regiões Norte e No-
direcionados à regulação e roeste, com um nível lógico metamunicipal se detendo
regulamentação integrada nos interesses de modo comum, num prazo de 24 meses.
regional / municipal • Dotar todos os municípios de planos diretores de desen-
volvimento sustentável municipais integrados aos marcos
regionais que se distinguem pelo alinhamento e obser-
vância das orientações e diretrizes constantes e que via-
bilizem o Plano de Desenvolvimento Sustentável Regio-
nal Norte-Noroeste, em 36 meses.
• Constituir a governança regional a partir de um pacto
intermunicipal, estadual e empresariado/terceiro setor e
da implementação de redes regionais, no menor prazo
(em até 6 meses da aprovação desta proposta), com a fi-
nalidade de administrar o interesse comum da Região
Norte-Noroeste e articular a atuação integrada dos agen-
tes de sua sociedade endógena e exogenamente, em 6
meses.
• Realizar fori de debates e participação da sociedade regi-
onal, como a Conferência das Cidades, regular e periodi-
camente e disseminar a cultura de desenvolvimento na
Região, continuamente.
• Dotar todos os municípios de um arcabouço institucional
legal contendo, entre outros, Código de Obras, Leis de
Uso e Ocupação do Solo Urbano, Códigos Tributários,
Códigos de Posturas, Códigos Ambientais, conjugados
com os Planos Plurianuais e LOAs, buscando, uma regu-
lação equânime e igualitária que incorpore a cultura e pe-
culiaridades de cada ambiente municipal, como um insti-
tuto aderente à regulação regional, estadual e federal, em
48 meses.
Taxa de Percentual dos Municípios que Têm Esse Instrumento – Análise Feita a Partir
dos Dados Secundários Alcançados
Municípios da Região 2010 2020
Média da Região Norte 55,55
100%
Média da Região Noroeste 46,15
Média do Estado do Rio de Janeiro s/i s/i
• fortalecer o aparato ordenador e regulador dos Poderes Públicos locais com re-
lação à sua atuação sobre a ordem econômica, social, cultural e ambiental, sobre
o planejamento e ordenação territorial, bem como sobre a política de saneamen-
to, com vistas a que sua ação contribua para proporcionar o bem estar da popu-
lação e a sustentabilidade de sua economia, num universo interno e regional;
Art. 23 – É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios.
..........................................................................................................................................;
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direito de pesquisa e explo-
ração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.
Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
332 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pú-
blico e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1.º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
pios, bem como a órgãos da Administração Direta da União, participação no resultado
da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de
energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma con-
tinental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por
essa exploração.
Este modo de uso dos recursos naturais pode acarretar danos ao meio ambiente, afe-
tando sua disponibilidade para outros segmentos da sociedade e incorrendo em preju-
ízos ao uso comum dos bens públicos em questão.
Por outro lado, existem interesses que são expressões do caráter público do meio am-
biente e seus porta-vozes defendem a permanência e disponibilidade dos bens ambi-
entais coletivos. A sustentabilidade desses recursos, para garantir a sobrevivência e
qualidade de vida da sociedade, é um dos princípios básicos que vinculam-se a esta
corrente.
Pode-se afirmar que todos os problemas sócio-ambientais são formas de conflitos so-
ciais entre interesses individuais e coletivos, envolvendo a relação natureza –
sociedade. Assim, travam-se, em torno de problemas sócio-ambientais, confrontos
entre atores sociais que defendem diferentes lógicas para a gestão dos bens coletivos
de uso comum, seguindo lógicas próprias a cada um deles.
Estratégias de Desenvolvimento
• a criação e operacionalização de órgãos municipais e inter-municipais e regio-
nais de aconselhamento e colegiado, como instância governança, de tomada de
decisões e deliberações normativas. Nos ambientes municipais, eles se manifes-
tam sob vários grupos temático sob denominações tais como: Comitê de Plane-
jamento, Orçamento Participativo e Desempenho da Gestão; Conselho de De-
senvolvimento Social e Habitação; Conselho Defesa dos Direitos da Criança e do
Adolescente; Conselho Tutelar; Conselho de Defesa dos Direitos da Mu-
lher;Conselho do Idoso; Conselho do Esporte; Conselho Comunitário de Segu-
rança Pública; Conselho de Drogas; Conselho de Saúde e Vigilância Sanitária;
Conselho de Educação, Tecnologia e Empreendedorismo; Conselho de Alimen-
tação Escolar; Conselho de Defesa do Direito do Cidadão; Conselho da Cultura,
Artes e Turismo; Conselho de Meio Ambiente; Conselho de Desenvolvimento Ur-
bano e Territorial e Infraestrutura; Conselho de Transporte Coletivo e Sistema
Viário; Conselho do Desenvolvimento Econômico e Trabalho; Conselho de De-
senvolvimento Rural Sustentável; Defesa Civil, entre outros.
• a adoção de critérios de eficiência, racionalidade e agilidade na prestação de
serviços públicos, de modo a garantir aos seus usuários uma prestação de boa
qualidade a um menor custo;
• a descentralização e automação de serviços, visando o atendimento direto e i-
mediato à população regional, com redução de custos, eliminação de controles
superpostos e imposição de deslocamentos desnecessários;
• a flexibilização e eliminação de formalidades e procedimentos que retardem ou
dificultem o acesso e a obtenção da prestação pública de serviços;
• a adoção de mecanismos que favoreçam a articulação, integração e complemen-
taridade entre os setores públicos do próprio município, do Estado, da União, dos
outros municípios e o setor privado, bem como a construção de parcerias com a
sociedade nos seus diferentes segmentos e a cooperação com organismos in-
ternacionais e estrangeiros.
Estratégias de Desenvolvimento
Eixos de Desenvolvimento
6. EIXOS DE DESENVOLVIMENTO
B. Anderson, 1991.
Programas Estruturantes
7. PROGRAMAS ESTRUTURANTES
18
O capital social é a capacidade de uma comunidade de formular objetivos comuns de longo
prazo, de gerar coesão grupal em torno desses objetivos e de manter um propósito firme ao
longo do tempo. O capital social é um conceito, que no contexto do desenvolvimento sustentá-
vel, permite relacionar os conhecimentos e a educação com o uso dos recursos ambientais. A
sua existência sugere a necessidade de uma sociedade preparada e equipada para compreen-
der este paradigma da sustentabilidade. Neste sentido, a sociedade deve contar com profissio-
nais qualificados capazes de criarem produtos sociais, utilizando o mínimo de recursos, para
que as gerações futuras não herdem escassez maior de recursos naturais e/ou estados de
degradação. Para que isso aconteça, é necessário um novo enfoque educacional que forme
profissionais sobre valores e atitudes, em que o conceito de capital social vincule o valor cultu-
ral e o valor social com soluções sustentáveis de desenho para as cidades e para todos os
seus equipamentos estruturais, sejam eles edificações, vias e todos os espaços que determi-
nam o conviver humano.
O capital humano integra valores, atitudes, conhecimentos e habilidades, mitos e crenças que
permitem às pessoas de uma comunidade desenvolverem seu potencial, aproveitarem as opor-
tunidades que lhes são oferecidas ou que vislumbram e se inserirem produtivamente no mundo
pelo trabalho.
O capital ambiental compreende os recursos advindos do meio ambiente que resultam do seu
uso sustentável pelos seres humanos. Estes recursos devem promover uma integração entre o
legado recebido da natureza pelas gerações presentes e aquele que precisa ser assegurado às
gerações futuras. O capital ambiental é um termo utilizado para quantificar todos os recursos
da terra referindo-se aos habitats, espécies e ecossistemas. É todo sistema de base, de que
depende a vida humana. O desenvolvimento sustentável constitui um marco para a integração
desses sistemas de capital. Assim, entender qual é o papel que desempenham as edificações
e as cidades é fundamental para a realização do desenvolvimento sustentável.
(1) O termo habitus denota o conjunto de disposições introjetadas pelos indivíduos, orientando
suas ações e valores; tais disposições são assimiladas de acordo com as condições culturais e
históricas vividas.
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Acesso novembro a abril de 2009.
• Combater o HIV/Aids, a Malaria e Outras Doenças. Todos os dias 6,8 mil pes-
soas são infectadas pelo vírus HIV e 5.,7 mil morrem em conseqüência da Aids - a
maioria por falta de prevenção e tratamento. O número de novas infecções vem dimi-
nuindo, mas o número de pessoas que vivem com a doença continua a aumentar junto
com o aumento da população mundial e da maior expectativa de vida dos soropositi-
vos. Houve avanços importantes e o monitoramento progrediu. Mesmo assim, só 28%
do número estimado de pessoas que necessitam de tratamento o recebem. A malária
mata um milhão de pessoas por ano, principalmente na África. Dois milhões morrem
de tuberculose por ano em todo o mundo. O Brasil foi o primeiro país em desenvolvi-
mento a proporcionar acesso universal e gratuito para o tratamento de HIV/AIDS na
rede de saúde pública. Mais de 180 mil pessoas recebem tratamento com antiretrovi-
rais financiados pelo governo. A sólida parceria com a sociedade civil tem sido funda-
mental para a resposta à epidemia no país. De acordo com a UNAIDS, a prevalência
de HIV no Brasil é de 0,5% e há 620 mil pessoas infectadas.