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A Grécia Clássica

Conhecimentos relativos à Grécia Antiga, como as Olimpíadas, os heróis e os


deuses gregos, ou mesmo o fato de que é “o berço da democracia” tornaram-se
comuns. Já o conhecimento da formação e das transformações da sociedade grega na
Antiguidade, no que se refere a técnicas, formas de organização e valores, enfim, a
tudo o que constitui a história da Grécia, infelizmente, não é tão difundido quanto
deveria.

Essa memória da civilização que se desenvolveu na Grécia explica-se pelo fato de


povos que viveram em épocas posteriores, maravilhados com seus mitos, suas idéias
ou soluções políticas, terem incorporado a suas próprias culturas muito da cultura
grega.

O nosso propósito, neste trabalho, é ultrapassar a memória e contar um pouco da


história da Grécia Antiga, já tão estudada por arqueólogos e historiadores,
estabelecendo várias ralações entre os valores e a organização social e política dos
gregos, e mostrando o processo de desenvolvimento da cultura grega a que
chamamos clássica, e que se refere especificamente ao período compreendido entre
os séculos V a.C. e 111 a.C.

Creta: uma das suas importantes origens

Foram várias as populações que formaram o povo a que chamamos gregos,


segundo a denominação que lhe deram os latinos. Eles próprios chamavam-se
helenos. As pesquisas arqueológicas nos indicam que povos vindos do sul da Europa
e da Anatólia foram ocupando o sul da península Balcânica, a região de Tróia, do
outro lado do mar Egeu, as ilhas Cíclades e a ilha de Creta.

Em Creta desenvolveu-se uma civilização, do século XX a.C. ao século XVI a.C.,


que se expandiu por toda a bacia do Mediterrâneo oriental, e influenciou,
posteriormente, a cultura grega. Os cretenses desenvolveram requintados trabalhos
em cerâmica e vidro, tinham um comércio marítimo bem desenvolvido, mantendo
relações com o Egito e com as ilhas Cíclades, onde, em Melos e Naxos, exploravam a
obsidiara - rocha de aspecto vítreo com a qual confeccionavam instrumentos cortantes
- e o mármore.

As cidades cretenses formavam-se em torno de palácios, que funcionavam como


sede do governo e eram construídos de forma a abrigar a administração da cidade e
todas as atividades pelas quais o governante era responsável. Ao redor de um pátio
central e dispostos em um grande número de corredores intercomunicantes havia
depósitos para os cereais, o óleo e o vinho provenientes dos tributos recolhidos - que
entre outras coisas deviam constituir as reservas para ocasiões de crise - e também
locais próprios para os funcionários que administravam as rendas da cidade. Esses
funcionários usavam um sistema de escrita, que já foi identificado mas ainda não foi
decifrado, denominado linear A pelos arqueólogos.
Sobre a religião que praticavam, sabemos que possuíam uma divindade central
feminina, a deusa-mãe, ligada à fertilidade do solo. Essa divindade era representada
como uma mulher segurando uma cobra, que por ser animal rastejante era associado
à terra. Havia também um princípio masculino, representado pelo culto ao touro, o
qual, por ser um animal fertilizados, era relacionado às forças do céu.

As principais fontes documentais sobre Creta são os vestígios arqueológicos. A


escavação de palácios e dos objetos que continham permitiu-nos fazer uma idéia das
características arquitetônicas de suas construções e de seus conhecimentos técnicos,
bem como dos contatos culturais que mantinham com outros povos.

Civilização micênica e a invasão dos dórios

Os primeiros gregos

Nos séculos XVI a.C. e XV a.C., sucessivas levas de povos guerreiros vindos da
atual Rússia meridional, denominados aqueus, entraram pela Tessália e ocuparam a
Grécia central e o Peloponeso*, destruindo povoações, que depois reconstruíam,
segundo outro padrão cultural. Disso são exemplos as cidades de Micenas e Tirinto.
Trouxeram consigo o uso do cobre, e logo aprenderam a metalurgia do bronze.
Através da navegação, entraram em contato com a civilização da ilha de Creta, da
qual absorveram conhecimentos que levaram para a Grécia continental. Mais tarde,
fortaleceram-se militarmente e dominaram importantes cidades cretenses, como
Cnossos. Substituíram o sistema de escrita cretense por um sistema silábico, que os
lingüistas decifraram e concluíram ser um dialeto do grego arcaico, muito utilizado
para registros contábeis. Esse sistema de escrita foi denominado linear B.

O tipo de civilização que os aqueus desenvolveram chamou-se micênica e seus


vestígios foram encontrados em vários lugares: na Grécia continental, nas ilhas e até
na Ásia Menor, onde construíram cidades no alto de colinas, as cidades altas ou
acrópoles. Nessas cidades o edifício mais importante era a habitação do chefe
daquele domínio, o megaron. Era unia casa simples, diferente dos palácios cretenses,
construída em dois andares: embaixo, uma sala para o fogo, onde o chefe recebia
outros senhores e também as pessoas que dependiam dele e onde realizava reuniões
e fazia banquetes. No andar de cima ficavam os quartos das mulheres.

A partir do século XIII a.C., segundo a datação dos arqueólogos, essas cidades
passaram a ser fortificadas por muralhas altas e espessas. Esse fato coincide com
agressões e pilhagens dos aqueus nas costas da Anatólia meridional e de Chipre,
segundo registros de documentos escritos, entre os quais os relatos gregos da Ilíada,
que conservaram a memória de uma coligação micênica contra a cidade de Tróia,
mostrando o desenvolvimento do expansionismo militar de Micenas.

A Ilíada, escrita bem depois dessa época, já no século VIII a.C., conta como o rei de
Micenas e Argos, Agamêmnon, Os artesãos eram chamados demiurgos, o que em
grego significa "aquele que exerce um trabalho público". Diferentemente do que ocorre
em nossa sociedade, o domínio técnico de cada uma dessas atividades possuía um
caráter religioso. O conhecimento provinha de uma iniciação, relacionada com alguma
divindade - os construtores navais, por exemplo, eram inspirados por Atena -, e a
execução de um ofício incluía uma série de rituais, que conferiam poderes aos objetos
fabricados, ou seja, apenas um ferreiro iniciado poderia forjar armas realmente
eficazes.

Os demiurgos eram principalmente carpinteiros, ferreiros, adivinhos, aedos (poetas


trovadores), médicos, ceramistas, tocadores de flauta, acrobatas, cozinheiros (só eles
podiam preparar os assados para as cerimônias públicas).

Os produtos artesanais não eram comercializados; os demiurgos retiravam seu


sustento das terras que lhes eram doadas e que eram cultivadas por trabalhadores
comuns. Eventualmente, também recebiam presentes, forma muito comum de retribuir
favores, selar relações entre as pessoas e estabelecer contratos. Entre reis ou chefes
os presentes eram considerados tesouros. Costumeiramente, eram objetos feitos de
metal - bronze, ferro e ouro - e cavalos raros e úteis.

O comércio era escasso e se resumia a adquirir objetos não produzidos pela


comunidade através de um sistema no qual o gado era o valor de troca. Não havia
uma moeda e as trocas realizadas não continham em si a idéia do lucro, tão comum
às sociedades que vivem do comércio. O ganho sobre outra pessoa só era permitido
na guerra, quando se praticava o saque. As regras de repartição do botim (o produto
do saque) seguiam o princípio da igualdade entre os guerreiros, sorteando partes
iguais para cada um, embora privilegiassem o rei, que chefiava a expedição. Este
recebia duas partes, podendo escolhê-las previamente.

Essa sociedade foi se transformando, à medida que a população crescia e a


produção das comunidades se tornava insuficiente. As trocas comerciais
intensificaram-se, as antigas unidades auto-suficientes (um pouco oikos) deram lugar,
no século VIII a.C., às cidades, ou pólis. A expansão das cidades gerou, a partir do
século VI a.C., um movimento de migração para a Ásia Menor, o litoral da Sicília e o
norte da África, onde foram fundadas outras pólis. Essa etapa da história da Grécia é
conhecida como período arcaico, quando se configurou não só o espaço, mas as
instituições que tiveram seu pleno desenvolvimento no século V a.C., no período
clássico.

Pólis e colônias: o espaço deformação

Da cultura grega clássica

No início, a palavra pólis denominava apenas a acrópole situada no alto da colina: o


palácio do rei, local de reunião da comunidade e o santuário da divindade principal.
Porém, havia ainda uma parte baixa, por onde passavam as estradas. O rei, senhor
daqueles domínios, podia cobrar impostos dos estrangeiros que as utilizavam. Mais
tarde, com o crescimento da população e o desenvolvimento da agricultura e do
comércio, a parte baixa foi crescendo, e pólis, termo que traduzimos por cidade-
estado, passou a ser toda a região sob a autoridade de um chefe.

Nesse período, o poder dos reis entrou em declínio e aperfeiçoou-se a prática da


consulta às assembléias, ou conselhos, compostas por representantes escolhidos
entre as pessoas mais velhas das famílias mais importantes. Essas assembléias, que
já existiam com a função de auxiliar os reis, passaram a ter poder de decisão. A
monarquia foi substituída pela aristocracia, que queria dizer "governo dos melhores".
Evidentemente, esses "melhores" eram os poucos que controlavam a maior e melhor
parte das terras, faziam as leis e decidiam sobre a moeda. Essas famílias
consideravam-se herdeiras dos guerreiros do período anterior, formando uma
aristocracia de sangue, ou seja, hereditária, e sendo assim o poder permanecia nas
mesmas mãos.

Paralelamente ao desenvolvimento das pólis, os gregos foram fundando outras


cidades-estados, estendendo seu território original do mar Negro ao oceano Atlântico
(ver mapa 1, p. 18). Eram o que eles chamavam de apoikia, e que os historiadores
traduziram por colônias, embora essas cidades fossem comunidades política e
economicamente independentes. Essas colônias tinham com a metrópole, que
significa "cidade-mãe", vínculos principalmente sentimentais e religiosos, uma vez que,
para a mentalidade grega, o primordial para a construção de uma cidade era a
proteção dos deuses, o que incluía a escolha de um deus e dos sinais de sua
presença, como o fogo sagrado e os instrumentos através dos quais se comunicava
com os homens, os oráculos, que deveriam ser originários de um centro mais antigo.

Muitos historiadores contemporâneos dão como causa para esse movimento de


expansão e colonização dos gregos as necessidades comerciais e o grande
crescimento demográfico. Mas há discordância quanto aos motivos comerciais, pois
alguns estudiosos constataram que muitas das regiões colonizadas não tinham
nenhum atrativo comercial para os gregos - como foi o caso da Sicília, que só mais
tarde se tornou grande produtora de trigo e celeiro de Roma. Observaram também que
bons portos, excelentes pontos para o desenvolvimento da atividade comercial, não
foram ocupados por nenhuma colônia grega, indicando que nem sempre o objetivo
mercantil era o principal. Esses pesquisadores acreditam que o motivo da expansão
territorial tenha sido a busca de uma solução para a crise decorrente da explosão
populacional que, no século VIII a.C., acarretou o empobrecimento e o endividamento
dos pequenos proprietários. A região tinha um solo pouco fértil, pedregoso,
montanhoso, que não comportava tal crescimento. Esse estado crítico levou a conflitos
e movimentos por redistribuição de terras e pelo cancelamento das dívidas e foi causa
da dispersão das populações das cidades gregas e fonte de conflitos sociais.

No entanto, não se pode negar o desenvolvimento do comércio marítimo. A partir do


século VIII a.C. tornaram-se comuns os comboios marítimos para o Cáucaso e para a
Etrúria, em busca de estanho, matéria-prima para o preparo do bronze, usado na
fabricação de armas, que eram exportadas para as novas colônias e para o Egito, que
na época lutava contra a dominação dos assírios, com tropas mercenárias equipadas
pelos gregos. Portanto, estreitamente ligadas ao comércio marítimo desenvolveram-se
as atividades metalúrgicas. Além delas também se desenvolveu a produção de vinho e
de azeite, que acabou por incrementar a fabricação da cerâmica, especialmente de
ânforas utilizadas para o armazenamento desses líquidos. Todas essas
transformações na economia provocaram modificações na organização social. Os
artesãos, por exemplo, tornaram-se fundamentais para a economia da pólis.
Enriqueceram e passaram a ter acesso ao exército - conquistaram pela riqueza a
participação em uma instituição que exercia muita influência na pólis, e da qual, até
então, faziam parte apenas os membros da aristocracia.

As tensões originárias das transformações sociais e das crises econômicas deram


origem a reformas sociais e a soluções políticas, que na Grécia Antiga se
apresentaram segundo dois modelos: o ateniense e o espartano. Trataremos primeiro
de Atenas, por ser o modelo adotado por muitas colônias e por outras cidades que se
desenvolveram comercialmente.

Atenas

A primeira forma de governo em Atenas foi uma monarquia na qual o rei, um chefe
militar, assumia toda a responsabilidade pelas decisões tomadas, acumulando as
funções de chefe militar, político e religioso. O rei podia consultar uma assembléia da
qual participavam outros guerreiros e pessoas comuns, mas a decisão final era sua.
Essa forma de governo foi substituída por outra na qual as decisões cabiam a um
pequeno grupo, ou seja, constituiu-se uma aristocracia, que quer dizer "governo dos
melhores".

A aristocracia funcionava da seguinte maneira: o rei (basileus) continuou a existir,


mas sua função era apenas a de presidir as cerimônias religiosas. O governo estava
nas mãos de um grupo de pessoas denominadas eupátridas (que quer dizer "os bem-
nascidos"), reunidas numa assembléia - o areópago. Para conduzir os assuntos da
justiça e do exército eram designadas duas pessoas. O responsável pela justiça era
denominado arconte, e o chefe militar, polemarco.

Porém, o abuso de poder da aristocracia provocou revoltas e reivindicações entre


os excluídos das decisões políticas: os artesãos e comerciantes enriquecidos e os
pequenos proprietários explorados. Essas reformas acabaram por transformar a forma
de governo aristocrático em uma democracia através do seguinte processo: Instalou-
se uma crise social, resolvida parcialmente por reformas que impediram a grande
exploração dos camponeses pelos eupátridas, a escravização por dívidas e a perda
das propriedades, o que ocorria devido à escassez de terras e à perda das colheitas.
Além disso, atendendo às reivindicações, houve uma distribuição de obrigações e
poder entre as várias classes sociais.

Essas mudanças, feitas pelo legislador Sólon, não eliminaras as diferenças entre as
classes sociais, mas distribuíram o poder de acordo com as riquezas, o dinheiro
substituiu a terra como fonte de poder. Sua reforma estabeleceu quatro classes de
cidadãos, de acordo com a renda: a primeira, os pentakosiomédimnoi (capazes de
possuir o equivalente a 500 medidas de grãos); a segunda, os hippeis, ou cavaleiros
(300 medidas); a terceira, os zeugîztai (200 medidas); e a quarta classe, os tetas, ou
thétes (sem rendimento, a não ser o salário).
No exército essa divisão se fazia sentir, pois só as duas primeiras classes
contribuíam com impostos específicos para despesas militares e participavam da
cavalaria, mantendo o próprio cavalo. A terceira classe (zeugîtai) pagava as
contribuições ordinárias e participava da infantaria pesada, dos hoplitas, com
armamento próprio. Os tetas estavam isentos de impostos, mas tinham o direito de
participar da infantaria ligeira, cujo equipamento podiam custear, e de ser remadores
na marinha.

Apesar das reformas promovidas por Sólon, as tensões persistiram, favorecendo o


aparecimento dos tiranos, tanto em Atenas como nas outras cidades. Os tiranos eram
aristocratas que tomavam o poder sustentados por forças militares mercenárias e com
o apoio das classes inferiores, às quais prometiam favorecer, diminuindo os privilégios
da aristocracia.

Depois do período das tiranias, surgiu um outro reformador, Clístenes, que atacou
diretamente o princípio do direito familiar, que Sólon deixara intocado, e redividiu o
território ateniense com o intuito de misturar pessoas de diferentes classes sociais.

Clístenes definiu três _tipos de divisão administrativa: as tribos*; as trítias e os


demos, que deveriam seguir o princípio da igualdade. Os demos eram a menor divisão
do território. Todos os atenienses deveriam estar registrados em algum deles. 0
conjunto de demos dava origem a agrupamentos maiores, as trítias, que eram trinta:
dez para a cidade, dez para o litoral e dez para o interior. As trítias, por sua vez, eram
agrupadas em dez tribos, da seguinte maneira: cada tribo compreendia todos os tipos
de trítia; assim, as tribos misturavam os cidadãos das várias regiões, reunindo
pessoas da cidade, do litoral e do interior, e com diferentes graus de riqueza. No ponto
central da cidade cada tribo era representada no bouleuthérion, sede de uma
assembléia composta por cinqüenta representantes de cada tribo, perfazendo um total
de quinhentos elementos, a boulé. Cada tribo exercia o poder durante uma pritania, ou
seja, uma das dez frações de tempo em que se dividia o ano, e que durava 35 ou 36
dias. Além disso, durante esse tempo, presidia uma outra assembléia, a ekklesía,
composta por todos os cidadãos com idade acima de vinte anos.

Para completar a função das assembléias, que discutiam todos os assuntos do


interesse da cidade, existiam os tribunais, alguns dos quais eram bem antigos, como o
areópago. Mas, apesar da existência desses tribunais, a maior parte das questões era
julgada pela heliaía, composta por seis mil jurados, sorteados entre os cidadãos
maiores de trinta anos.

Esparta

O modelo espartano era bem diferente, e se desenvolveu em situação diversa da


ateniense, uma vez que se constituiu a partir da dominação militar de um pequeno
grupo, o dos espartanos, ou espartíatas (dórios), sobre o povo da região da
Lacedemônia, ou Lacônia. Um legislador, Licurgo, a propósito de quem há muitas
informações contraditórias, teria estabelecido, nó século IX a.C., as regras da cidade-
estado de Esparta, que conservavam o poder nas mãos dos espartanos, uma
aristocracia militar que dominava os outros dois grupos que existiam: os periecos e os
hilotas.

Os periecos eram os antigos habitantes da região e formavam um grupo de homens


livres, porém sem direitos políticos, apesar de terem o dever de se alistar no exército e
pagar impostos. Viviam do que cultivavam nas terras que os espartanos lhes
concederam em regiões pouco férteis. Podiam também dedicar-se ao comércio. Os
hilotas estavam em pior condição: eram servos que moravam nas terras dos cidadãos
espartanos, as quais tinham o dever de cultivar, sendo obrigados ainda a pagar uma
taxa anual ao proprietário. Diferentemente do escravo, não podiam ser vendidos e
eram aceitos no exército, ainda que em posição inferior à do hoplita.

O governo e a participação política eram privilégios dos espartíatas. Licurgo


determinou que houvesse dois reis, um de cada uma das famílias importantes que se
diziam descendentes dos invasores. Os reis tinham a função de presidir uma
assembléia composta por 28 espartíatas com mais de sessenta anos, a gerúsia. Cada
um de seus trinta membros - os reis e os gerontes - dispunha do mesmo poder de
voto. A função da gerúsia era decidir sobre questões importantes, propor leis e julgar
os crimes. Além dessa assembléia, havia ainda outra, a apela, composta por todos os
espartíatas com mais de trinta anos, cuja função era indicar os membros da gerúsia e
os éforos, além de discutir algumas questões, quando fosse da vontade da gerúsia. Os
éforos eram cinco magistrados, eleitos todos os anos. Sua função consistia em
fiscalizar a cidade, os funcionários e os reis.

Do século V a.C. ao século IV a.C., essas duas cidades, Atenas e Esparta, tiveram
poder de liderança sobre as demais cidades-estados. Uniram-se para vencer os
persas, porém, uma vez vitoriosas, tornaram-se forças rivais. Esparta passou a se
impor às cidades do Peloponeso, formando uma liga que levou o nome de Liga do
Peloponeso; e Atenas impôs seu domínio liderando a Confederação de Delos, através
da qual se fortaleceu militar e culturalmente, atraindo muitos pensadores e artistas de
vários pontos da Grécia. As duas ligas enfrentaram-se mutuamente, enfraqueceram-se
e permitiram o surgimento de outras lideranças: a cidade de Tebas, por um curto
período, e depois o reino da Macedônia, situado ao norte da Grécia e que mantinha
com ela relações amigáveis.

No século IV a.C. o trono da Macedônia foi ocupado por Filipe, que tinha como
objetivo estender seus domínios para o sul, adotando para isso a estratégia de ocupar
as cidades gregas, a partir de um sistema de alianças, que tinham como justificativa
investir contra os persas. Muitas cidades gregas, porém, não se interessaram pela
proposta, uma vez que não havia real ameaça persa. Nos casos em que os acordos
não foram feitos, as pretensões de Filipe da Macedônia realizaram-se através de
conquistas militares, como ocorreu com Tebas e com a maioria das cidades gregas,
que passaram a constituir o Império Macedônico. Esse período é chamado de
helenístico.

Depois desse panorama inicial do passado grego, vamos, através de documentos,


examinar qual a relação dos grupos sociais na pólis, qual o lugar dos deuses, dos
mitos e dos heróis mitológicos nesse mundo, e como o poder dos grupos dominantes
se instituiu e foi se transformando devido às tensões sociais. Para isso utilizamo-nos
de fontes escritas: poesias, textos de pensadores, de legisladores, de historiadores e
de dramaturgos; fazemos uso também de documentos relativos à cultura material:
desenhos realizados pela missão arqueológica francesa, em fins do século passado, a
partir de vasos e baixos-relevos decorados com cenas do cotidiano e da mitologia
grega. Além dessas fontes, há plantas desenhadas a partir das reconstituições
arqueológicas.

AS ORIGENS DA CIVILIZAÇÃO GREGA

PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA GREGA

A divisão da história da Grécia, abaixo, embora muito rígida e esquemática,


permite destacar no tempo as principais etapas da formação e transformação da
sociedade grega:

· época homérica: entre os anos 1100 e 800 a.C.; período em que os poemas
Ilíada e Odisséia , atribuídos ao poeta Homero, teriam aparecido;

· época arcaica: entre os anos 800 e 500 a.C.; período de formação da cidade-
Estado grega, a pólis;

·época clássica: entre os séculos V e IV a.C.; período de consolidação da


cidade-Estado (polis) e do apogeu da cultura grega;

· época helenística: entre os anos 336 e 146 a.C.; período de decadência da


pó/is grega, que inclui os domínios macedônio e romano sobre a Grécia.

LOCALIZAÇÃO E POVOAMENTO DA GRÉCIA

O Mundo Grego Antigo, ou Hélade, como era chamado pelos próprios gregos
(Grécia é uma nomenclatura romana), ocupava a parte sul da península
balcânica, as ilhas do mar Egeu, as costas da Ásia Menor e o sul da Itália. A
Grécia setentrional (norte) tinha três importantes regiões: Tessália, Fócida e
Etólia (ou Epiro). Na Grécia peninsular, ligada à central pela faixa de terra
chamada Corinto, estavam a Lacônia e a Messênia. Na Grécia central,
encontravam-se a Beócia e a Atica. Fora do continente, havia a Grécia insular.

Ao final do período Neolítico, a região já era habitada por povos sedentários de


língua não grega, chamados pelasgos. A partir de 2000 a.C., aproximadamente,
povos de origem indo-européia, chamados helenos, começaram a chegar à
região. Os primeiros helenos a alcançar a Grécia foram os aqueus (1950 a.C.,
originários das estepes russas, que, em busca de melhores pastagens para seus
rebanhos, espalharam-se por quase toda a Grécia, parte da Ásia Menor e pelo
sul da Itália. O contato dos aqueus com os cretenses deu origem à civilização
micênica. A seguir, chegaram os jônios e os eólios (1500 a.C.), que se
estabeleceram na Ática e na Ásia Menor. A última leva foi a dos dórios (1200
a.C., que se estabeleceram no Peloponeso, destruindo parte da civilização
micênica. A invasão dórica não chegou a atingir a região da Ática.

AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-GREGAS:
CRETENSES E MICENICOS
Entre 2500 e 1400 a.C., desenvolveu-se no Mediterrâneo uma cultura bastante
importante para a História, cujo principal centro era a ilha de Creta. Essa
civilização expandiu-se, chegando à costa da Ásia Menor, às ilhas do mar Egeu
e parte da península balcânica (Grécia).
A civilização cretense distinguiu-se por sua intensa produção artesanal, de
caráter luxuoso, o que indica que já dominava técnicas de fabricação mais
sofisticadas. Essa produção era comercializada através de estradas que ligavam
suas cidades-palácios e também era exportada ao Oriente Médio.
Na civilização cretense, as cidades-palácios que mais se destacaram foram
Cnossos e Faestos, que eram governadas por reis e funcionavam como se
fossem pequenos Estados independentes.
Como vimos anteriormente, foi do contato dos aqueus com os cretenses que
surgiu a civilização micênica. Os aqueus estabeleceram-se em pequenos
Estados independentes, govemados por príncipes ou chefes militares religiosos.
Esses governantes tinham suas "cortes" de nobres guerreiros e eram
sustentados pelo trabalho dos camponeses servis.
Construíram castelos fortificados em locais bastante altos, para facilitar a defesa.
Eram as acrópoles, isto é, cidades altas". As mais famosas dessas cidades
foram Tirinto e Micenas, esta quase inacessível.
Por volta de 1400 a.C., os micênicos invadiram Creta e destruíram Cnossos.
Micenas passou a ocupar o lugar de Creta no comércio e na produção artesanal.
A civilização micênica tinha várias características da civilização grega: sua
língua era semelhante ao grego, por exemplo. No entanto, a existência de uma
forte burocracia e de um poder central que controlava a economia dava à
civilização micênica características das civilizações orientais.
A religião micênica era uma fusão de deuses indo-europeus com deuses
cretenses. Alguns transformaram-se em deuses gregos. Zeus e Posêidon são
dois exemplos.
Mesmo com o desaparecimento da civilização micênica, notamos que os gregos
preservaram várias raízes dessa cultura: a língua, os principais deuses e a
herança dos feitos históricos da Guerra de Tróia.

O PERÍODO HOMÉRICO

A importância das obras de Homero

A principal fonte histórica para o estudo da Grécia nos períodos anterior e


posterior à invasão dórica têm sido os poemas épicos Ilíada e Odisséia, ambos
atribuídos a Homero. As duas obras parecem ter sido produzidas em épocas
diferentes, pois na Odisséia há muitas menções a armas, ferramentas e
instrumentos de ferro, enquanto na filada não se faz referência a esse material.
Isso indica que Odisséia é mais recente que Ilíada.
A Ilíada descreve a Guerra de Tróia, cidade que representava parte de uma
civilização pré-helênica que entrou em choque com os aqueus (chamados
gregos). Já a Odisséia descreve as peripécias de Ulisses. nobre grego, cm suas
viagens de volta para Itaca, na Grécia. através do Mediterrâneo. Foi o estudo da
Odisséia que forneceu as mais ricas informações para a compreensão da
sociedade e da economia da Grécia do período homérico.

A formação da civilização
grega no Período Homérico

Com a invasão dos dórios, a ascendente civilização micênica sofreu violento


impacto. Seguiu-se um período de acentuado declínio da produção material e
intelectual que ficou conhecido como a Idade Média Grega ou Idade das Trevas.

Nesse período, a sociedade retrocedeu para um tipo de organização política e


econômica relativamente simples. Formaram-se os clãs ougénos:
grupos de parentes consanguíneos. descendentes de um mesmo antepassado.
Formavam uma aristocracia que controlava os meios de produção (as melhores
terras, escravos e ferramentas).

Toda a produção era fruto do trabalho dos escravos e dos servidores. No


entanto, esses escravos gozavam da proteção de seus senhores e não eram
submetidos a maus-tratos. Também os membros do génos trabalhavam junto a
seus escravos.
Havia também, nessa sociedade, homens extremamente pobres (thétas), que
viviam sob muitos aspectos em piores condições que os escravos, pois não
gozavam da proteção de um senhor. Outro elemento do génos era o artesão
livre, que fazia armas, instrumentos para a agricultura e objetos em geral: era o
demiurgo.
O poder se concentrava nas mãos do patriarca e sua família. Esse poder era de
caráter político e religioso e seu detentor (o patriarca) recebia o nome de basileu.
Havia ainda uma aristocracia que auxiliava o basileu.
Em determinadas ocasiões, osgénos se uniam, formando uma frâtria e. em face
do perigo, as frátrias se uniam formando uma tribo, liderada pelo filo-basi leu (um
rei supremo). A escolha desse rei não se baseava na hereditariedade; ele era
escolhido pelos aristocratas, entre os mais hábeis e fortes guerreiros.
Essas monarquias primitivas e familiares dos génos sofreram transformações
profundas, das quais surgiram as chamadas cidades-Estados gregas.

O PERÍODO ARCAICO

A Grécia antiga não era um "país" centralizado e unificado como o de hoje. Era
formada por um grande número de pequenos Estados independentes entre si,
que ficaram conhecidos com o nome de cidades-Estados ou, em grego, pólis.

O nascimento da pólis

Depois da invasão dos dórios, a Grécia foi aos poucos se transformando.


Surgiram construções no alto dos morros para melhor defesa de possíveis
ataques. As casas e templos se aglomeravam e formaram o que ficou conhecido
comopóiis, que pode ser grosseiramente traduzida por cidade.
Na parte mais alta, habitava a aristocracia liderada pelo basileu, espécie de rei-
sacerdote. Nas partes mais baixas, localizava-se o mercado e nelas moravam os
comerciantes, artesãos e trabalhadores em geral.
A acrópole era a parte da pólis onde ficavam as fortificações militares e os
templos religiosos. Um exemplo famoso desse tipo de construção é a Acrópole
de Atenas.

As transformações da sociedade grega

A consolidação da cidade-Estado iniciou-se no século VIlI. Mas a sociedade


grega já apresentava problemas: o aumento da população, a escassez de terras
férteis e o monopólio das maiores e melhores terras pela aristocracia, que
enriquecia sempre mais.
O pequeno camponês tinha que recorrer ao grande proprietário para obter
empréstimos de se-mentes e alimentos que sua propriedade não produzia (por
ser pequena); em troca, tinha que dar uma parte do que produzisse ao rico
proprietário. Nessa relação, o camponês era conhecido como hectemoro e o
grande proprietário era chamado eupátrida. Quando o hectemoro não conseguia
pagar suas dívidas ao eupâtrida, tinha suas terras confiscadas por este e, na
maioria das vezes, o próprio camponês era vendido como escravo.

Não havia terras para todos e os alimentos eram escassos para uma população
crescente. As melhores terras ficavam em mãos de poucos, que também eram
os donos do poder político.
Entre os séculos VIII e VII a.C.. os gregos saíram em busca de terras fora da
Grécia. Ocuparam várias regiões do Mediterrâneo, como o sul da Itália e a
Sicília. A organização dessas colônias era semelhante à das cidades-Estados,
com as quais mantinham estreitos vínculos culturais e religiosos.
A colonização ajudou a diminuir um pouco as tensões na Grécia, mas não
resolveu as questões principais.

A queda da monarquia e as
transformações econômicas e sociais

As transformações econômicas e sociais da Grécia foram acompanhadas por


transformações políticas. A aristocracia passou a ocupar o lugar dos reis. O
governo era exercido por um órgão executivo, o arcontado; os arcontes exerciam
diversas funções nas áreas judicial. militar e religiosa. Assim, o governo era
monopólio exclusivo da nobreza.
Para suprir o problema da falta de alimentos, foram criadas colônias nas regiões
férteis do mar Negro, que produziam o trigo. Para pagar a importação,
desenvolveu-se na Grécia a cultura da uva e da oliveira para produzir vinho e
azeite, que. por sua vez, eram trocados pelo trigo. Para o armazenamento e
transporte desses produtos, eram utilizados potes e vasos produzidos por uma
dinâmica manufatura de cerâmica.
Surgiu então uma nova camada na sociedade grega: a dos proprietários de terra
que produziam e comerciavam o azeite e o vinho. Essa nova camada social,
embora rapidamente enriquecida, era impedida de qualquer participação política.
A situação dos camponeses pobres continuava a mesma, enquanto a
aristocracia mantinha seus privilégios e aumentava suas propriedades,
oprimindo os pobres. O descontentamento era geral e crescente.

O PERÍODO CLÁSSICO:
A POLIS DE ATENAS

A região da Ática havia sido pouco atingida pelas invasões dóricas. Isso
contribuiu para que as pequenas aldeias que formavam essa região se
agrupassem pacificamente sob a hegemonia de uma delas: Atenas. A esse
processo de união das aldeias deu-se o nome de sinecismo. E foi desse
fenômeno que se formou a cidade-Estado de Atenas.

Evolução política e as reformas de Sólon

As transformações econômicas trouxeram também transformações sociais à


Grécia. Atenas tornou- se um dos principais centros exportadores de vinho e
azeite e grande produtora de cerâmica. As diferenças entre as classes sociais se
acentuavam. Com o surgimento de duas novas classes -a dos novos ricos,
proprietários que se beneficiavam da expansão econômica, e a dos escravos,
que aumentavam em número -' a situação tornou-se mais e mais tensa. Os
eupátridas oprimiam os camponeses pequenos proprietários, enquanto
aumentavam sua riqueza e monopolizavam o poder político. Era preciso
encontrar uma solução.
A aristocracia propôs, então, uma reforma na sociedade, que foi planejada
sucessivamente por dois legisladores: Drácon e Sólon.
Drácon limitou-se a escrever as leis, que até então eram orais, tirando a justiça
das mãos dos eupátridas e passando-a para o Estado. Mesmo assim, a situação
dos pobres era aflitiva.
Em 594 a.C., Sólon iniciou as seguintes reformas:
· nenhum cidadão grego poderia ser vendido como escravo; assim, os
hectemoros que haviam sido vendidos como escravos puderam voltar às suas
terras;

· realizou uma reforma social, dividindo a sociedade em quatro classes: as duas


primeiras eram as que tinham renda anual entre 300 e 500 medidas de trigo,
azeite ou vinho e participavam dos cargos mais importantes do governo; a
terceira era a dos guerreiros de infantaria (zeugitas), cuja renda tinha que ser
suficiente para a compra de um escudo e uma lança; a quarta classe era a dos
thétas, camponeses e artesãos pobres, que somente participavam da
assembléia popular;
· criou a eclésia, assembléia popular que opinava sobre os assuntos de interesse
geral; estabeleceu o bulé, conselho de 400 membros formado por 100
representantes de cada uma das quatro tribos que existiam na Atica; o poder
executivo estava nas mãos do Areópago, que era monopólio das duas camadas
mais ricas.
As reformas de Sólon foram importantes porque modificaram a constituição do
poder político - o critério era a riqueza, não o nascimento -e porque propiciaram
a volta dos camponeses escravizados. As medidas de Sólon também impediram
que as propriedades dos eupátridas continuassem a crescer.

As tiranias

As reformas de Sólon não puseram fim às tensões. Em 560 a.C., Pisístrato


tomou o poder. dando início às tiranias e centralizando o poder político nas mãos
de homens enriquecidos pela expansão econômica.
Pisístrato instituiu o crédito ao pequeno camponês e distribuiu as terras de
aristocratas que haviam fugido para o exterior.
Pisístrato morreu em 527 a.C.. sendo substituído por seus filhos Hípias e
Hiparco, que continuaram a política do pai. Hiparco foi assassinado em 524 a.C.
e Hípias iniciou um período de governo despótico e violento.
Os eupátridas, que se sentiam prejudicados pelo governo de tendência mais
popular das tiranias, aliaram-se a Esparta, cidade rival de Atenas, e, em 510
a.C., invadiram a Ática, tomando a cidade de Atenas. Mesmo assim, os
eupátridas não mantiveram o poder.

Clístenes, a democracia ateniense e seu significado

O governo da cidade ficou nas mãos da famflia dos Alcmeônidas, liderado por
Clístenes. Esse aristocrata organizou um governo baseado na isonomia, ou seja,
na igualdade dos cidadãos perante a lei.
Clístenes dividiu a população da Ática para evitar alianças entre famílias
eupátridas. Estabeleceu dez tribos, em lugar das quatro anteriores, tomando por
base o domicílio de cada cidadão. As tribos eram formadas pelos demos, a
menor unidade de divisão criada por Clístenes. O demo era a base do sistema,
daí o nome democracia. O poder executivo era exercido pelo bulé (Conselho dos
500), composto por 50 elementos de cada tribo.
Fortaleceu-se a assembléia popular, eclésia, e foi criado o ostracismo, ou seja, a
cassação dos direitos do cidadão que conspirasse contra o Estado; essa
cassação era votada pela eclésia.
A aristocracia (eupátridas) conservadora não admitia as reformas de Clístenes e
aliou-se a Esparta, invadindo Atenas novamente. A população inteira de Atenas
pegou em armas e defendeu sua cidade e sua democracia, derrotando
espartanos e aristocratas em 508 a.C.
A sociedade ateniense era então composta de três classes: os cidadãos, que
gozavam de completa liberdade e participavam das decisões políticas: os
metecos, estrangeiros que se dedicavam ao comércio e não gozavam de direitos
no sistema democrático grego; e os escravos, comprados ou conquistados nas
guerras, que também não tinham direitos. Vale ressaltar que também as
mulheres eram excluídas da democracia ateniense.

O PERÍODO CLÁSSICO:
A PÓUS DE ESPARTA

Esparta situava-se ao norte da planície da Lacônia, ao sul do Peloponeso.


Originou-se da invasão dos dórios e, a partir daí, começou sua expansão. Sua
mais importante conquista foi a da Messênia, a oeste da Lacônia.
Com a conquista da Messênia, o território pertencente a Esparta foi dividido em
lotes (kleroi) e distribuído entre guerreiros espartanos. O trabalho nesses lotes
era executado pelos hilotas, escravos pertencentes ao Estado espartano e não a
um proprietário particular. Parte do campo era ocupada pelos periecos,
trabalhadores que não eram escravos mas que também não tinham direitos
políticos.
A partir do século VII a.C. a monarquia perdeu seu poder em Esparta, mas não
se extinguiu nem foi substituida por outras formas de governo:
era exercida por dois reis, que tinham funções militares e religiosas. As leis eram
elaboradas pela gerúsia, um conselho de aristocratas anciãos. A autoridade
máxima executiva era exercida pelo eforato, órgão composto por cinco
aristocratas (eleitos pela assembléia de todos os cidadãos guerreiros), que
concentrava todo o poder de Esparta.
A cidade-Estado de Esparta foi a primeira na história da Grécia a permitir a
participação política dos cidadãos por meio de uma assembléia. Havia uma
igualdade política, mas era usufruída, única e exclusivamente, por 8 ou 9.000
guerreiros. Esses guerreiros se autodenominavam hómoioi (os iguais).
A sociedade espartana era eminentemente guerreira. Os soldados espartanos
ficaram conhecidos por toda a Grécia como os mais disciplinados e melhores
guerreiros. A razão desse brilhantismo na guerra devia-se ao fato de poderem
tais soldados dedicar-se integralmente ao treinamento esportivo e militar,
enquanto uma grande massa de trabalhadores hilotas produzia o necessário
para seu sustento.
Os espartanos temiam uma revolta dos hilotas e, por essa razão, mantinham um
clima de terror sobre essa classe. Temiam, também, as transformações que
ocorriam em outras cidades-Estados, como Atenas, com sua democracia. Dessa
forma, Esparta aliou-se a outras cidades-Estados conservadoras, formando a
Liga do Peloponeso, que tinha por objetivo lutar contra as cidades que
ameaçassem a hegemonia espartana no Peloponeso. Esparta foi a mais
importante potência militar da Grécia, posição que manteve até sua decadência,
no século IV a. Período Helenístico
PERÍODO HELENÍSTICO

O Período helenístico normalmente é entendido como um momento de transição entre


o esplendor da cultura grega e o desenvolvimento da cultura romana. Tal concepção
está associada a uma visão eurocêntrica de cultura e portanto torna secundários os
elementos de origem oriental, persa e egípcia, apesar de ter esses elementos como
formadores da cultura helenística

Antecedentes

A Grécia viveu seu momento de maior esplendor cultural no século V a.C.,


particularmente a cidade de Atenas. Foi o Século de Ouro ou Século de Péricles.
Época de apogeu da democracia, a cidade combinou guerra e desenvolvimento.
Contraditoriamente esse século foi marcado por inúmeras guerras, que viram nascer e
ruir o imperialismo de Atenas, Esparta e Tebas sucessivamente, esse último já no
século IV a.C.
As constantes guerras que envolveram as cidades gregas foram responsáveis por
grande mortalidade, gastos e destruição, enfraquecendo o "mundo grego" e
conseqüentemente, facilitando as invasões estrangeiras. A conquista do território
grego pelos macedônios combinou a decadência grega e a ascensão do Reino de
Felipe II
A história não dá importância para o Reino da Macedônia. Formado a partir do século
VIII a.C. ocupou principalmente as regiões de planícies ao norte da Grécia, vivendo
principalmente da agricultura e pastoreio, uma vez que o controle ateniense das
regiões costeiras forçou os governantes macedônios a se concentrarem na unificação
dos planaltos e planícies da Macedônia, tarefa completada por Amintas III, que reinou
de 389 a 369 a.C. os dez anos seguintes foram marcados por crises internas, com a
rebelião da nobreza territorial contra o poder central.
Em 359 a.C., Filipe II sucedeu a Perdicas III no trono macedônio. Depois de
restabelecer e até ampliar as fronteiras do país, consolidou-as mediante o
estabelecimento de colônias e apoderou-se da região mineira de Pangeu, onde
conseguiu o ouro necessário para cunhar sua própria moeda. Dessa maneira atraiu a
nobreza e ao mesmo tempo organizou uma poderosa estrutura militar, responsável
pela conquista dos territórios gregos, com a vitória na Batalha de Queronéia em 338
a.C. Felipe II foi assassinado no ano seguinte e o sucedeu seu filho, Alexandre III.

Mapa IMP helenístico

Aspectos da cultura helenística

Da enciclopédia Barsa

Alexandria, no Egito, com 500.000 habitantes, tornou-se a metrópole da civilização


helenística. Foi um importante centro das artes e das letras, e a própria literatura grega
tem uma fase chamada "alexandrina". Lá existiram as mais importantes instituições
culturais da civilização helenística: o Museu, espécie de universidade de sábios,
dotado de jardim botânico, zoológico e observatório astronômico; e a biblioteca, com
200.000 volumes, salas de copistas e oficinas para preparo do papiro.
Do ponto de vista cultural, o período compreendido entre 280 e 160 a.C. foi
excepcional. Tiveram grande desenvolvimento a história, com Políbio; a matemática e
a física, com Euclides, Eratóstenes e Arquimedes; a astronomia, com Aristarco,
Hiparco, Seleuco e Heráclides; a geografia, com Posidônio; a medicina, com Herófilo e
Erasístrato; e a gramática, com Dionísio Trácio. Na literatura, surgiu um poeta
extraordinário, Teócrito, cujas poesias idílicas e bucólicas exerceram grande
influência. O pensamento filosófico evoluiu para o individualismo moralista de
epicuristas e estóicos, e as artes legaram à posteridade algumas das obras-primas da
antigüidade, como a Vênus de Milo, a Vitória de Samotrácia e o grupo do Laoconte. À
medida que o cristianismo avançava, a civilização helenística passou a representar o
espírito pagão que resistia à nova religião. O espírito grego não desapareceu com a
vitória dos valores cristãos; seria, doze séculos depois, uma das linhas de força do
Renascimento.

C.

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