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Argumento católico:
Por que foi então Roma a corrigir os coríntios e não o apóstolo João?
Teríamos que perguntar a João. Entretanto, há que notar que um
facto inexplicado e se se quiser intrigante dificilmente serve como
evidência de alguma coisa. Neste caso particular foi a Igreja de Roma
a que se encarregou da correcção. Demonstra isto que era superior a
Corinto? No meu entender, não mais do que a carta que Ireneu
dirigiu a Vítor demonstra que o bispo das Gálias era superior ao de
Roma. Ao não existir uma estrutura acima das igrejas locais, nada
impedia que uma Igreja se dirigisse a outra, ou um bispo
repreendesse outro. O que demonstra isto? Simplesmente que é pura
fantasia ou wishful thinking imaginar-se que a hierarquia que Roma
estabeleceu, para o ocidente, na Idade Média, existisse em séculos
anteriores.
Argumento católico:
2. Embora não haja dúvida razoável de que Clemente foi o seu autor,
há que notar que isto o sabemos por evidência externa, a saber, o
testemunho unânime da tradição. De facto, o nome de Clemente
não aparece na carta. Isto, desde logo, apresenta um notável
contraste com as epístolas de Paulo e de Pedro. A longa epístola é
dirigida de "A Igreja de Deus que habita como forasteira em Roma, à
Igreja de Deus que habita como forasteira em Corinto: Aos chamados
e santificados na vontade de Deus por nosso Senhor Jesus Cristo".
Contra o que costumam afirmar os católicos, o cabeçalho não é o de
um superior para um subordinado, mas de uma irmã para outra.
Isto o reconhecem até aqueles que sustentam tenazmente a doutrina
do primado romano, como Johannes Quasten, que escreveu:
De igual modo, Daniel Ruiz Bueno (o.c., p. 118), que como católico
também considera a epístola como evidência do suposto primado,
afirma categoricamente:
Notas
[2] A Igreja de Roma ensina que o papa não perde a sua autoridade
por ser simoníaco, nepotista ou moralmente dissoluto. Nisto se vê
que não "obedecem" a Clemente.
[3] Quando fala da "vossa carta" indica, a dos Romanos, escrita por
meio do seu bispo Sotero. É um agradecimento à comunidade de
Roma no seu conjunto, não ao seu bispo em particular.
[4] Por que interveio então a Igreja de Roma e não a de Éfeso ou a
de Tessalónica ou qualquer das igrejas muito mais próximas de
Corinto que Roma?
Além disso, se o bispo de Roma tivesse tido numa época tão primitiva
pretensões de papa universal, não resultaria fácil explicar por que
razão, sendo as seitas gnósticas iniciadas na mesmíssima Roma por
Valentim e por Cerdão (antecessor de Marcião) não foram postos no
seu lugar pelos próprios bispos locais (Higino, Pio e Aniceto) mas por
outros como Ireneu, bispo de Lyon, e Justino, que não era bispo
(Eusébio, História Eclesiástica IV, 11).