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JOSÉ DE OLIVEIRA MENDES

GESTÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA


DE
COOPERATIVA DE CRÉDITO

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Glossário

Activity Based Costing – Custo Baseado em Atividade.

Atividade econômica da cooperativa – É aquela suficientemente capaz de remunerar


seu próprio capital. Em verdade, a atividade econômica de uma cooperativa deve
remunerar seu capital e ainda superar acréscimo, como se despesa fosse, de valor
relativo ao Custo de Oportunidade, ou seja, da melhor remuneração que teria em outro
negócio, além cobrir os seus próprios custos operacionais.

Ativo Circulante – Parte do ativo que reúne valores suscetíveis de movimentação.


Trata-se, por conseguinte, das disponibilidades, dos direitos realizáveis no decorrer do
exercício social subseqüente e das aplicações de recursos em despesas do exercício
seguinte.

Ativo Não Circulante – Composto pelo realizável a longo prazo, investimentos,


imobilizado (imobilizações em curso; instalações, móveis e equipamentos) e intangível.

Balanço Patrimonial (BP) – Também denominado de Balanço Geral, é obtido à vista


das informações constantes do Balancete de Verificação. Dessa forma, para se obter um
Balanço Patrimonial, atribui-se aos componentes patrimoniais ativos, as contas
patrimoniais as contas com saldos devedores e aos componentes patrimoniais passivos,
as contas com saldos credores.
Define-se como Balanço Patrimonial à demonstração financeira que representa a
posição patrimonial e financeira de uma empresa em uma determinada data.

Break Even Point – Ponto de Equilíbrio.

Business Plan – Plano de Negócios.

Capital de Giro (CDG) – É a parcela de recursos próprios, disponíveis na empresa para


que esta efetue as aplicações necessárias ao seu desenvolvimento operacional.

Coeteris paribus – Expressão latina, utilizada pela Economia com o significado de “tudo
o mais permanece constante”, isto é, havendo uma variável, as expressões de valores
ou quantidades permanecem invariáveis.

Cut off – utilizada na contabilidade para referir-se a corte de inventário, ou seja, o dia a
que se refere o inventário, dentre outros eventos operacionais.

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) – Também chamada de


Demonstração de Lucros e Perdas. Essa demonstração inclui a apuração do resultado
bruto e do resultado líquido. Oferece um grande número de dados para análise.

Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPAc) – Trata-se de um peça


que acompanha as demonstrações do balanço do exercício e que visa evidenciar
ocorrências havidas com os resultados.
2
Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) – Instrumento contábil que demonstra o
resultado final de tesouraria, após os diversos estágios de fluxos de caixa, partindo do
lucro operacional, tais como: fluxo de caixa operacional, fluxo de caixa após o resultado
financeiro e imposto de renda, fluxo e caixa antes da decisão de investimento e fluxo de
caixa antes da decisão de distribuição, para posteriormente se chegar ao fluxo de
tesouraria.

Demonstrações financeiras - devem ser complementadas, para melhor esclarecimento


e compreensão do ocorrido durante o exercício social, com notas explicativas, quadros
analíticos, gráficos ou mesmo outras demonstrações contábeis necessárias para um
perfeito entendimento.

Depósitos - Decorrem da prática, dos associados, ou terceiros, de entregar valores ao


caixa da Cooperativa, registrando-os e formando, assim, os saldos de Conta Corrente
dos Associados (ou terceiros).

Despesas Antecipadas - Referem-se principalmente aos prêmios de seguros


necessários à operacionalização com o dinheiro.

Escrituração - Deve ser uma prática realizada em obediência à legislação vigente e aos
princípios de contabilidade geralmente aceitos, mantidos na empresa e em cuja prática
devem ser observados os métodos ou critérios contábeis uniformemente praticados ao
longo do tempo, objetivando registrar as mutações patrimoniais, segundo o regime de
competência.

Float – período de tempo em que um recurso passa na posse de uma instituição


financeira, antes de ser creditado a quem de direito.

Full Cost – Custeio Pleno.

Fundos Geradores de Operações – FGO - A origem de recursos podem, muitas vezes,


indicar a existência de custos financeiros a serem cobertos com a atividade operacional
da cooperativa. Não podemos esquecer que esses fundos ou recursos, entretanto, são
também necessários ao funcionamento da cooperativa.

Hardware – equipamentos/periféricos de informática.

In loco – expressão latina que significa no local.

Interest – Taxa de juros.

Lacto sensu – amplo sentido.

Link – Ligação.

Marketing – é uma tarefa de inserir o produto no mercado, quer seja criando,


promovendo ou fornecendo bens e serviços a clientes, pessoas físicas ou jurídicas.
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Markup – grandeza a ser definida e agregada ao preço do produto, de acordo com o
estágio do produto em seu ciclo de vida, seu papel estratégico no mercado e o lucro que
o empresário deseja obter.

Outros Créditos – Trata-se dos diversos adiantamentos e os devedores diversos.

Operações de Crédito – É originado da aplicação do dinheiro de depósito em


concessões de crédito pessoal, adiantamento a depositante e cheque especial,
deduzidas as devidas provisões para crédito de liquidação duvidosa.

Outros Valores e Bens - Envolve o material em estoque.

Outras Obrigações - (envolvendo obrigações por cobrança e arrecadação tributária,


obrigações sociais e estatutárias, obrigações fiscais e previdenciárias e provisões para
pagamentos)

Passivo –

Circulante – Também denominado de Passivo Exigível a Curto Prazo.


Representa o valor de todas as obrigações da empresa, inclusive financiamentos para
aquisição de diretos de ativo permanente, quando exigível no decorrer do exercício
subseqüente.

Não Circulante – Envolve as contas relativas ao Exigível a Longo Prazo e, por


sua vez, representam dívidas vencíveis em período maior que um ano e, geralmente,
referem-se a financiamentos.

Patrimônio Líquido (PL):

Capital – É uma conta do Passivo porque representa a Origem, ou ainda, de


onde surgiram os valores do Ativo (ou parte deles, quando há dívidas com terceiros).
Do ponto de vista qualitativo é um conjunto ou sistema de bens, créditos, débitos e
investimentos vários que se destinam à obtenção de novos bens, créditos, débitos e
investimentos vários que vêem a aumentar o referido sistema.
Do ponto de vista quantitativo é um fundo de valores aplicados para a obtenção do lucro.

Reservas de Capital – São reservas destinadas a aumento de capital, ágio


recebidos na colocação de ações ou debêntures, doação e subvenções, além de
correção monetária do capital.

Reserva de Reavaliação – Reserva que se originou de reavaliação dos valores


do ativo.

Reserva de Lucros – São as apropriações de lucros.

Return On investiment – Retorno sobre o Investimento.

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Permanente (Ativo) –

Investimentos – Pode-se definir como aplicação de valores. Conforme


terminologia legal, como investimentos classificam-se as participações permanentes em
outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificados no ativo
circulante e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou empresa.

Imobilizado – Aqui são classificados todos os direitos que tenham por objeto
bens destinados à manutenção das atividades da companhia ou exercidos com essa
finalidade, inclusive os de propriedade industriam ou comercial.

Diferido – Expressão que significa valores das aplicações em despesas que


participarão da formação do resultado de diversos exercícios, inclusive juros pagos ou
creditados a acionistas, durante o período de organização ou precedente às operações
sociais.

Realizável a longo prazo – Compreende os valores que só poderão ser convertidos em


moedas, após o exercício social corrente, ou seja, no exercício seguinte.

Sine qua non - expressão latina significando “sem a qual não”.

Spread – diferença entre uma taxa de um valor tomado a juros, junto ao Banco que dá
suporte à cooperativa, por exemplo, e os juros efetivamente cobrados do cooperado.

Stakeholders – são todos aqueles envolvidos com uma instituição (cooperativa), seus
empregados, diretoria, conselhos, associados, fornecedores e clientes externos.

Tesouraria – (T) – Trata-se dos bens patrimoniais representados pelo dinheiro existente
em caixa e bancos mais os elementos do capital circulante que rapidamente podem ser
transformados em numerário.

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA.............................................................................................................................................................10

PREFÁCIO.....................................................................................................................................................................11

CONSIDERAÇÕES INICIAIS....................................................................................................................................13

CAPÍTULO I – DE ONDE VEM O DINHEIRO DE UM SISTEMA ECONÔMICO ..........................................18

1. FLUXOS FINANCEIROS NO SISTEMA ECONÔMICO...................................................................................18


1.1 O ENFOQUE DA DETERMINAÇÃO DA RENDA NACIONAL.....................................................................................................18
1.2 O ENFOQUE DA APLICAÇÃO DA RENDA NACIONAL...........................................................................................................20
CAPÍTULO II – ANÁLISE ESTRUTURAL DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS..................................23

1. ATOS E FATOS REGISTRADOS NA CONTABILIDADE E INSTRUMENTOS DE REGISTRO...............23


1.1 BALANÇO PATRIMONIAL (BP) ....................................................................................................................................23
1.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) .................................................................................................24
1.3 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA E DO VALOR ADICIONADO. ...................................................................................24
CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO DA ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL/BALANCETE.. .25

1. INFORMAÇÕES MÍNIMAS PARA UM RELATÓRIO DE ANÁLISE.............................................................26


1.1 O ÍNDICE .................................................................................................................................................................27
1.2 OBJETIVO DA ANÁLISE ...............................................................................................................................................27
1.3 INFORMAÇÕES E DADOS BÁSICOS ................................................................................................................................27
1.4 INDICADORES SELECIONADOS ......................................................................................................................................27
1.5 PLANILHA DE INFORMAÇÕES/CONCLUSÕES ESPECÍFICAS ..................................................................................................27
1.6 CONCLUSÕES GERAIS .................................................................................................................................................28
1.7 ANEXOS ...................................................................................................................................................................28
2. A ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL/BALANCETE DE VERIFICAÇÃO.......................................28
2.1 ANÁLISE HORIZONTAL ...............................................................................................................................................28
2.2 ANÁLISE VERTICAL ...................................................................................................................................................28
3. EXERCITANDO A ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL .........................................................................29
3.1 ANÁLISE HORIZONTAL (AH) DAS DISPONIBILIDADES:......................................................................................................29
3.2 ANÁLISE VERTICAL (AV) DO ATIVO:...........................................................................................................................29
4. CÁLCULO DO VALOR DO PATRIMÔNIO DE REFERÊNCIA EXIGÍVEL ................................................30
4.1 TOTAL DE FATOR DE RISCO ........................................................................................................................................30
a) Disponibilidades ...............................................................................................................................................31
b) Relações Interfinanceiras e Interdependências.................................................................................................31
c) Operações de Crédito ........................................................................................................................................33
d) Provisão para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa.....................................................................33
e) Outros Créditos...................................................................................................................................................34
f) Outros Valores e Bens..........................................................................................................................................34
4.2 PATRIMÔNIO LÍQUIDO AJUSTADO (PLA) .....................................................................................................................35
4.3 ÍNDICE DO ATIVO PONDERADO PELO RISCO – APR, ATUAL (APURAÇÃO DO RISCO)...........................................................35
4.4 FATOR DO ATIVO PONDERADO PELO RISCO – APR........................................................................................................35
4.5 PATRIMÔNIO DE REFERÊNCIA EXIGIDO (PRE) ...............................................................................................................35
4.6 EXIGÊNCIA DE CAPITAL (EC) .....................................................................................................................................35
5. PRINCIPAIS ORIGENS DOS RECURSOS PARA OPERAÇÃO COM O CRÉDITO....................................36

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6. INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS.................................................................................................36
6.1 ÍNDICE QUE REFLETE O NÍVEL DO COMPROMETIMENTO DO CAPITAL PRÓPRIO DA COOPERATIVA, EM RELAÇÃO AO CAPITAL DE
TERCEIROS (ENDIVIDAMENTO):...........................................................................................................................................37
6.1.2 Participação do Capital de Terceiros – PCT. ...............................................................................................37
6.2 ÍNDICE QUE REFLETE O NÍVEL DAS IMOBILIZAÇÕES DA COOPERATIVA:..................................................................................37
6.2.1 Índice de Imobilizações – Im..........................................................................................................................37
6.3 ÍNDICES QUE REFLETEM A CAPACIDADE DA COOPERATIVA EM QUITAR SEUS COMPROMISSOS:....................................................38
6.3.1 Liquidez imediata – LI....................................................................................................................................38
6.3.2 Liquidez Corrente – LC.................................................................................................................................38
6.3.3 Liquidez Seca – LS.........................................................................................................................................39
6.4 ÍNDICES INDICATIVOS DE MARGENS:..............................................................................................................................39
6.4.1 Margem Operacional Bruta – MOB. .............................................................................................................39
6.4.3 Margem Operacional Líquida – MOL...........................................................................................................40
6.5 TAXAS DE RENTABILIDADE:.........................................................................................................................................40
6.5.1 Rentabilidade do Capital ..............................................................................................................................40
6.5.2 Lucro Líquido (LL) sobre o Patrimônio Líquido Ajustado (PLA) ................................................................43
6.5.3 Giro sobre o Ativo ........................................................................................................................................43
6.5.4 Retorno sobre o Ativo (RSA) – Também chamado de Retorno Sobre Investimento (RSI) ou de “Return On
Investiment” (ROI) .................................................................................................................................................44
7. CONTROLE E ADMINISTRAÇÃO DA CARTEIRA:........................................................................................44
7.1 PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE CRÉDITOS (PMRC) ...............................................................................................44
....................................................................................................................................................................................45
7.2 PRAZO MÉDIO DE PARTICIPAÇÃO DOS DEPÓSITOS (PMPD) ............................................................................................45
ESTUDO DE CASO – APLICAÇÃO DAS FÓRMULAS VISTAS E RELATIVAS AOS ÍNDICES
ECONÔMICO-FINANCEIROS. ................................................................................................................................46

COMPOSIÇÃO DOS INDICADORES.......................................................................................................................46

INTERPRETAÇÃO DOS INDICADORES................................................................................................................46

CAPÍTULO IV – O CAPITAL PRÓPRIO E O CAPITAL DE TERCEIROS – INSTRUMENTOS DE


ORIGEM DE RECURSOS...........................................................................................................................................50

1. FORMAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE........................................................................................................50


1.1 - O CAPITAL PRÓPRIO................................................................................................................................................50
1.1.1 Custo do Capital Próprio..............................................................................................................................50
1.2 O CAPITAL DE TERCEIROS. ...........................................................................................................................................51
a) Depósitos à vista.................................................................................................................................................51
b) Depósitos a prazo...............................................................................................................................................54
c) Empréstimos tomados para suprimento de caixa ou financiamentos................................................................55
2. CÁLCULO DA TAXA DE JUROS, INTERNA, DA COOPERATIVA..................................................................................................55
ESTUDO DE CASO – ANÁLISE DOS DEPÓSITOS EXISTENTES NA COOPERATIVA, OS ENCAIXES
EXISTENTES E A TAXA MÉDIA DE JUROS PRATICADA. ..............................................................................57

CAPÍTULO V – ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO (CDG), CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO


(CDGL) OU CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (CCL)......................................................................................59

1. APLICAÇÃO DE RECURSOS NO ATIVO CIRCULANTE...............................................................................60


....................................................................................................................................................................................60
1.1 - EM ESTOQUES..........................................................................................................................................................60
1.2 - EM CRÉDITOS..........................................................................................................................................................60
1.3 - RELAÇÕES INTERDEPENDENTES...................................................................................................................................60
1.4 - OUTRAS OBRIGAÇÕES...............................................................................................................................................61

7
2. FONTES OPERACIONAIS DE CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO.......................................................................63

ESTUDO DE CASO: A COOPERATIVA DE CRÉDITO “JUROS BAIXOS” APRESENTOU AO FINAL DE


UM PERÍODO OS SEGUINTES VALORES EM SEU BALANCETE PATRIMONIAL:...................................64

CAPÍTULO VI – ANÁLISE DAS NECESIDADES LÍQUIDAS DE CAPITAL DE GIRO..................................69

1. DIMENSIONAMENTO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO OU CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO....69

2. RECLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO (OU BALANCETE)...............................................................................70

3) CÁLCULO DA NECESSIDADE LÍQUIDA DE CAPITAL DE GIRO (NLCG):..............................................71

4) CÁLCULO DA TESOURARIA...............................................................................................................................73

5) CÁLCULO DO CAPITAL DE GIRO - CDG.........................................................................................................75

ESTUDO DE CASO – A COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS


HORTIFRUTIGRANJEIROS DO VALE DO RIO DAS HORTAS, APÓS UM DETERMINADO PERÍODO
DE FUNCIONAMENTO, APRESENTOU O SEGUINTE BALANCETE MENSAL:..........................................76

CAPÍTULO VII – UMA ANÁLISE DOS PRINCIPAIS PRODUTOS DA COOPERATIVA..............................90

1. CONSIDERAÇÕES GERAIS E NATUREZA DOS PRODUTOS.......................................................................90

2. O DETALHAMENTO DAS CONTAS DE RENDAS............................................................................................91

3. TRANSFORMAÇÃO DOS PRODUTOS EM UMA MESMA UNIDADE.........................................................93


3.1 O CÁLCULO DO PREÇO MÉDIO DOS PRODUTOS................................................................................................................95
3.2 O RETORNO DO PREÇO MÉDIO DOS PRODUTOS AO PREÇO UNITÁRIO INDIVIDUAL................................................................96
CAPÍTULO VIII - ANÁLISE DE CUSTOS E RESULTADOS E DE INDICADORES DO NÍVEL DE
EXPANSÃO DO NEGÓCIO........................................................................................................................................98

1. COMPETIÇÃO NOS NEGÓCIOS .........................................................................................................................98

2. MISSÃO A SER CUMPRIDA .................................................................................................................................99

3. OBTENÇÃO DE SOBRAS (LUCRO) ....................................................................................................................99


3.1 O LUCRO CONTÁBIL E O LUCRO ECONÔMICO..............................................................................................................100
4. CUSTO DE OPORTUNIDADE.............................................................................................................................100

5. GASTOS ..................................................................................................................................................................101
A) COM INVESTIMENTOS..................................................................................................................................................101
B) COM CONSUMO.........................................................................................................................................................101
C) CUSTOS DIRETOS.......................................................................................................................................................102
D) CUSTOS INDIRETOS.....................................................................................................................................................102

6. MÉTODOS DE CUSTEIO.....................................................................................................................................103
6.1 CUSTEIO POR ABSORÇÃO...........................................................................................................................................103
6.2 CUSTEIO DIRETO/VARIÁVEL, OU AINDA CUSTEIO PARCIAL,............................................................................................103
6.3 CUSTEIO PELO MÉTODO ABC (ACTIVITY BASED COSTING)..........................................................................................106
7. CONSTRUÇÃO DO MODELO ECONÔMICO DE ANÁLISE DE CUSTOS/RESULTADOS.....................106

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ESTUDO DE CASO – A COOPERATIVA DE CRÉDITO DO VALE DA PROMISSÃO APÓS O FINAL DE
EXERCÍCIO APRESENTOU OS SEGUINTES RESULTADOS..........................................................................111

CAPÍTULO IX – A REPRESENTATIVIDADE DAS RECEITAS E DAS SOBRAS..........................................122

1. DEMONSTRAÇÃO MATEMÁTICA...................................................................................................................122
A ELABORAÇÃO DA FÓRMULA DUPONT.............................................................................................................................122
CAPÍTULO X – OUTROS INDICADORES IMPORTANTES.............................................................................128

1. CONCEITOS...........................................................................................................................................................128
- PONTO DE EQUILÍBRIO (BREAK EVEN POINT);.................................................................................................................128
- MARGEM DE SEGURANÇA..............................................................................................................................................128
- ALAVANCAGEM OPERACIONAL........................................................................................................................................128
2. O CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO - PE (BREAK EVEN POINT – BEP) ....................................128

3. CÁLCULO DA MARGEM DE SEGURANÇA....................................................................................................129

4. CÁLCULO DA ALAVANCAGEM OPERACIONAL........................................................................................130

ESTUDO DE CASO – COOPERATIVA DE CRÉDITO MÚTUO DOS EMPREGADOS NA INDÚSTRIA


RECICLA TUDO LTDA............................................................................................................................................135

(-) CUSTO VARIÁVEL (CV) = 285.202,61 322.982,41 (=) MARGEM BRUTA OPERACIONAL (MBC) =
294.405,20 377.444,89.................................................................................................................................................136

MS = 0,5848 0,6333.....................................................................................................................................................138

OU,...............................................................................................................................................................................138

CAPÍTULO XI – PROCEDIMENTOS RELATIVOS À TRILOGIA: CUSTO – VOLUME – LUCRO, COM A


AMPLIAÇÃO DOS NEGÓCIOS DA COOPERATIVA DE CRÉDITO...............................................................140

1. AMPLIAÇÃO DE MERCADOS COM MEIOS PRÓPRIOS OU DE TERCEIROS.......................................140

2. COMPARAÇÃO DE CUSTOS ENTE UM PAC E UM COCOOP...................................................................142

3. OS CUSTOS RESULTANTES DA AMPLIAÇÃO DO VOLUME DE NEGÓCIOS.......................................143

4. O DRE COMO INSTRUMENTO DE ANÁLISE FINANCEIRA......................................................................144

5. O QUE DEVE ESTAR ESTABELECIDO NA MISSÃO DA COOPERATIVA..............................................145

6. AS SOBRAS (LUCRO) COMO OBJETIVO E OS CUSTOS COMO OBJETO DE CONTROLE...............146

7. UM REFORÇO SOBRE MÉTODOS DE CUSTEIO..........................................................................................147


7.1 CUSTEIO POR ABSORÇÃO:.........................................................................................................................................147
7.2 MÉTODO DO CUSTEIO DIRETO/VARIÁVEL....................................................................................................................148
7.3 CUSTEIO PELO MÉTODO ABC (ACTIVITY BASED COSTING)..........................................................................................154
ESTUTO DE CASO – A EXPANSÃO DA COOPERATIVA DE CRÉDITO MÚTUO DOS EMPREGADOS
DA EMPRESAS VITORIOSAS S.A..........................................................................................................................157

REFERÊNCIAS...........................................................................................................................................................165
LIVROS:....................................................................................................................................................................165

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FITAS DE VIDEO:...................................................................................................................................................165
APOSTILAS:.............................................................................................................................................................166
LEGISLAÇÃO:.........................................................................................................................................................166

DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado, primeiro à minha esposa, que muito tem
influenciado em minhas ações, através de incentivos continuadamente
dados a mim.
Dedico-o ainda aos meus filhos: Glauce e César Augusto
– Arquitetos – e Victor Hugo – Contador e Auditor
– como incentivo aos mesmos

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na produção de trabalhos técnico-científicos

PREFÁCIO

O capital cultural do autor o credencia para palmilhar pelos campos das ciências
econômicas, contábeis, matemáticas e administrativas. A sua formação universitária,
aliada às atividades didáticas, às práticas desenvolvidas no setor público municipal e
estadual, bem assim no segmento empresarial, máxime na área do cooperativismo,
juntamente com a atuação de Conselheiro Fiscal em organização privada e Conselheiro
do Conselho Regional de Economia de Mato Grosso, se completam nesse patrimônio de
conhecimentos.

Ao aglutinar numa obra estudos sobre o sistema cooperativo, a economia, a


contabilidade, as finanças e a administração o autor demonstra conhecer a teoria e a
prática da Gestão Econômica e Financeira de Cooperativa de Crédito, título da obra
voltado ao Cooperativismo de Crédito, cujo teor enriquece a bibliografia existente e se
transforma em riquíssimas aulas para servidores, supervisores, gestores, dirigentes,
conselheiros e diretores do segmento hoje tido como ‘banco’ no rol das instituições
integrantes do Sistema Financeiro Nacional.

Qualifica-se, então, as Cooperativas de Crédito como instituições financeiras


constituídas sob a legislação cooperativista. Elas objetivam a prestação de serviços
financeiros aos associados, tais como a captação de depósitos a vista e a prazo,
concessão de créditos, cheques, cobrança, custódia, pagamentos e recebimentos por
conta de terceiros, além de outras operações especificadas na legislação em vigor.
Funciona como um banco do cooperado.
Essa tipologia de entidade cooperativa já é centenária e trata-se de um importante
instrumento de desenvolvimento de muitas economias mundiais. Podem ser citadas: a
Alemanha, os Estados Unidos da América do Norte, países da União Européia, os quais
tiveram e tem oferecido suporte financeiro para os setores produtivos via desse
segmento. O Brasil se integra nesse quadro com a criação da primeira cooperativa de
crédito em Minas Gerais e a seguir no Rio Grande do Sul, onde se expandiu
sobremaneira, havendo hoje em todas as Unidades Federativas.

É a obra destinada a esse cooperativismo de crédito, com especificidade aos


fluxos financeiros no sistema econômico. Ao tratar da análise estrutural das

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demonstrações contábeis enfatiza forma da Contabilidade das Instituições Financeiras
preconizadas pelo Banco Central do Brasil. No desenvolvimento dos itens da Análise
das Demonstrações Contábeis, além do Balanço Patrimonial, evidencia o Balancete
como instrumento de trabalho para acompanhar e administrar mensalmente os negócios
da organização; demonstra como realizar a análise horizontal e a análise vertical;
registra as origens dos recursos para as operações de crédito e apresenta os
indicadores econômicos e financeiros para entendimento dos elementos qualitativos
divulgados na contabilidade.

A estrutura dos capitais complementa-se com a administração e análise das


necessidades do capital de giro. Especifica as rendas para obtenção do cálculo do preço
médio dos produtos oferecidos aos cooperados; com a análise dos custos e resultados
evidencia os níveis de expansão dos negócios, com vistas à administração da
cooperativa.

Os estudos de casos inseridos nos capítulos são peças demonstrativas dos


aspectos econômicos, contábeis, administrativos e financeiros para a gestão das
cooperativas de crédito.

Por fim, cabe recomendar a utilização do conteúdo da obra por diretores,


conselheiros, dirigentes, gestores, supervisores e servidores no quotidiano com vistas a
defender os interesses econômicos e proporcionar, em sua missão social, o bem estar e
a promoção social dos cooperados.

Professor e Contador MS. Ivan Echeverria


Titular Imortal da Cátedra nº. 175, da Academia Nacional de Economia.

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A germinação e o desenvolvimento do cooperativismo começaram desde o século


XVIII e, cem anos depois, em Rochdale, Inglaterra onde alguns artesãos se reuniram e
formaram uma cooperativa, formulando também os princípios que serviram de base para
a Doutrina Cooperativista atual.

Conforme preconizado pelos artesãos, o cooperativismo tem dois objetivos


fundamentais, quais sejam:

1º. – A Cooperativa deve sempre defender os interesses econômicos dos


cooperados. Desta forma pode-se esperar que dentre esses interesses está o de
crescimento da instituição, podendo proporcionar, aos associados, à medida do
crescimento, novas formas de benefícios.

2º. – A Cooperativa deve ter sempre uma Missão Social, procurando a promoção
social, para o bem estar dos cooperados. Isto passa por uma boa remuneração dos
investimentos em capital, gerando solidez necessária para o desenvolvimento dos
negócios, assim como a instituição de convênios e promoções sócio-culturais que
venham a favorecer tanto ao associado como à sua família.

Lembrando ainda a cooperativa de Rochdale e, dentro dos princípios acima


enunciados, diz-se ser a Cooperativa formada por um círculo de pessoas, reunidas em
torno de um mesmo objetivo e promovendo um esforço comum, ainda que esse
grupamento de pessoas possa tomar dimensões indefinidamente grandes pela adesão
de novos cooperados. Difere, portanto, a cooperativa das demais sociedades
empresariais tendo em vista ser pressuposto daquela, a cooperação e desta, a
competição.

A Cooperativa e a sociedade empresarial são, portanto, diametralmente opostas


em objetivos, não se correlacionando.

O sistema cooperativo evoluiu e passou a gerar também oportunidades de


trabalho, incrementar o sistema produtivo e, em conseqüência, aumentar a produção,
contribuindo, na praça em que atua e sob certas circunstâncias, no processo de
regulação dos preços no mercado. Com isso, a Cooperativa passou a influenciar
também na sociedade como um todo, a gerar novos produtos, a proporcionar um maior

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giro do dinheiro na economia, causando com suas atividades, reflexos na sociedade
aproximando cooperativismo e sociedade que antes apenas se tangenciavam.

Interessante se faz ressaltar os aspectos de Governança Empresarial na


Cooperativa de Crédito. Esta, em geral, é formada por associados que investem seus
recursos, às vezes parcos, mas de forma continuada passando a representar valores e
volumes de negócios crescentes ao longo do tempo com a junção de bons resultados
financeiros alcançados e de preferência de forma continuada.

O domínio de mercado de grandes empresas motivou a discussão sobre ética e o


papel social das organizações. Coloca-se então a seguinte indagação: As organizações
empresariais produtivas devem atender aos interesses de ganhos apenas dos acionistas
(ou associados) ou devem atender ainda aos interesses de grupos vinculados a elas, os
stakeholders, compostos pelos seus empregados, fornecedores, clientes em geral, a
sociedade da qual fazem parte, ao poder público e outros os quais, de alguma forma têm
relação de negócios.

Em outubro de 2003, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC


emitiu o seguinte conceito de Governança Corporativa, revisado:

Governança Corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas


e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas,
Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho
Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de
aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir
para a sua perenidade.

Já a Bolsa de Valores de São Paulo - Bovespa, em 2000, havia apresentado o


seguinte conceito:

Governança Corporativa é o nome dado ao sistema de gestão das relações


entre os acionistas, majoritários e minoritários, o Conselho de
Administração, os auditores externos independentes e a diretoria da
empresa.

A primeira conceituação preocupa-se, dentre outros stakeholders, com a


sociedade, o que não acontece com o segundo conceito no qual a única preocupação
com envolvidos externos é com os auditores independentes.

Quanto a Comissão de Valores Imobiliários - CVM emitiu o seguinte conceito:

O conjunto de práticas que têm por finalidade otimizar o desempenho de


uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como,
investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital. A
análise das práticas de governança corporativa aplicados ao mercado de
capitais envolve, principalmente: transparência, equidade de tratamento
dos acionistas e prestação de contas.

14
As Cooperativas de Crédito, no Brasil, ainda estão com áreas de atuação
bastante restritas, algumas já ensaiaram alguma expansão dentro do Estado onde se
localiza, mas tudo dependendo ainda de muitos fatores tais como estruturais, objetivos,
gerenciamento, orientação, estratégia e muitos outros fatores. Dessa forma, as fronteiras
organizacionais, apesar das restrições legais a que estão subjugadas, conseguem
sempre visualizar um meio de se conseguir alguma expansão.

Entretanto, situando-se em uma estrutura, a mais ideal possível, para atender aos
interesses dos nossos Cooperados, tem-se que, cooperativas grandes ou não devem
sempre atinar para um modelo de gestão que contempla o seguinte:

a) Não ter uma “escada” com muitos degraus em sua organização interna, ou
seja, ter em mente sempre a redução de barreiras verticais, que certamente ocorre, com
muita freqüência, quando se tem um nível hierárquico com muitas gerências
intermediárias;

b) Igualmente, o modelo funcional também cria barreiras horizontais, sendo ideal


a Gestão por Processos, devendo levar em consideração a formalização de cargos e
funções (para atender à legislação brasileira) com atribuições extensivas ao âmbito do
Processo;
c) A Cooperativa de Crédito, dentro dos padrões atuais de controle monetário,
fixados pelo Banco Central do Brasil – BCB (ou BACEN) deve ter sempre bons
relacionamentos com os bancos em geral. Entre outros relacionamentos necessários, a
cooperativa poderá vir a ter necessidade de abrir uma conta corrente em qualquer um
deles em localidades onde passe a efetuar recolhimento do dinheiro em caixa,
transferindo-o para outras localidades através de: Documento de Ordem de Crédito –
DOC (para valores inferiores a cinco mil reais) e Transferência Eletrônica Disponível –
TED (para valores superiores a R$ 4.999,99). Eventualmente, não se descarta a
possibilidade da Cooperativa fazer, com os bancos, algumas operações de crédito
rápido, para cobrir possíveis déficits de caixa ocasionados por motivos diversos. Essa
aproximação com a concorrência, se define como eliminação de barreiras externas.

d) Uma outra barreira a ser transposta é a geográfica e que ocorre no momento


em que a Cooperativa se expande para outras localidades.

Delimitada a abrangência geográfica, estabelecida a operacionalização por


processos e enxugada a estrutura da Cooperativa, fica patente um sistema de
Governança leve e eficaz, onde a Diretoria deve estar a par de todos os acontecimentos
e o Conselho de Administração muito bem informado, além de melhor facilidade de
atuação do Conselho Fiscal ante a rápida identificação, na estrutura, dos serviços e
locais onde se executam as tarefas que se pretender auditar.

“Nem tudo são flores”, em qualquer ramo de atividade e, portanto, no


cooperativismo também existem suas “situações problemas” a serem resolvidas.

Levemos em consideração ainda o que se constitui uma situação problema.


Se tivermos um carro estacionado na garagem, ótimo se este fato, em si,
não se constituir um problema; mas se o mesmo estiver parado quando
15
deveria estar funcionando, isto sim é um problema e requer solução, no
mínimo do envio desse carro a uma oficina. Paralelamente, as folhas de
outono, caídas das plantas não querem dizer nada, economicamente, a
não ser que esse fato esteja agregado a uma situação problema, localizada
em uma agropecuária e que venha a causar, em detrimento disso, queda
na produtividade agrícola.

Por outro lado, constitui-se ainda em problema, a falta de mercado para uma
economia com excesso de produção ou que esta seja insuficiente para o abastecimento
do interno, bem como o mau funcionamento de uma empresa com grandes montantes
de recursos disponíveis ou uma situação de inadimplemento de uma empresa
desprovida de Capital de Giro.

Analogamente, o fato de se ter conhecimento de tópico como: proposta de um


esquema para desenvolvimento metodológico de análise do balanço patrimonial de
Cooperativas de Crédito, estes não se constituem, por si só e efetivamente, em
Problema, mas ao serem desenvolvidos de forma metodológica passam a se
constituírem em um instrumento de análise. Disto resulta, portanto, um problema a ser
resolvido, qual seja, o desenvolvimento de forma metódica desses tópicos que vão, por
certo, se constituir em um grande benefício aos dirigentes de Cooperativas de Crédito.

Apesar da análise em questão poder ser empregada tanto para cooperativas (ou
empresas em geral), de grande, médio ou pequeno porte, para as que visam ou não
sobra (lucro), este trabalho analítico e de pesquisa visa um enfoque especial às
Cooperativas de Crédito.

Em cada capítulo deste livro foi procurado relatar experiências vividas dentro do
cooperativismo, bem como conhecimentos científicos obtidos em cursos de graduação
em Economia, pós-graduação lacto sensu, em Finanças de Empresas, Controladoria e
Auditoria; Organização, Sistemas e Métodos; MBA em Administração de Cooperativas,
bem com em curso de pós-graduação stricto sensu de Mestrado em Gestão Financeira
de Empresas.

O Capítulo I trata, portanto, do fluxo do dinheiro na economia e de como procede


seu ingresso na empresa.

O Capítulo II mostra as estruturas das principais demonstrações contábeis


utilizadas no presente trabalho e a indicação das mesmas como instrumento de análise.

O Capítulo III contém a forma de análise aplicada, com as demonstrações de


cálculo dos diversos índices trabalhados.

O Capítulo IV traz a indicação dos valores com os quais as cooperativas


trabalham, com origem no capital próprio e de terceiros, quer de contribuições
sucessivas efetuadas pelos associados quer na forma de empréstimos obtidos.

16
O Capítulo V enfoca as formas de aplicação dos recursos existentes no Ativo
Circulante e sistema de cálculo do Capital Circulante Líquido e do Capital de Giro, bem
como suas origens.

O Capítulo VI trata da obtenção de dados sobre as Necessidades Líquidas de


Capital de Giro existentes na cooperativa e do dimensionamento do Capital de Giro para
operacionalização do empreendimento.

O Capítulo VII empreende uma análise dos principais produtos trabalhados por
uma cooperativa de crédito, bem como a fórmula de cálculo do Preço Unitário para cada
um deles.

O Capítulo VIII dá uma visão geral de análise de custos em uma cooperativa e da


aplicação de índices que demonstrem o nível de expansão/retração do negócio.

O Capítulo IX apresenta métodos de determinação de índices relacionados com a


receita da cooperativa e sua representatividade ante o capital utilizado.

O Capítulo X faz uma demonstração de importantes índices de análise da


situação operacional da cooperativa, demonstrando o ponto de equilíbrio entre receitas e
despesas, o nível de afastamento, do equilíbrio, em que se está operando com o
resultado atual obtido, além do nível de alavancagem empreendido.

O Capítulo XI ressalta a trilogia Custo – Volume – Lucro, a possibilidade de


ampliação de mercado com atendimento a possíveis associados, a um baixo custo,
estabelecimento de Missão para a cooperativa, de obtenção de sobras como condição
sine qua non para a sobrevivência e um reforço sobre os métodos de custeios.

17
CAPÍTULO I – DE ONDE VEM O DINHEIRO DE UM SISTEMA ECONÔMICO

1. FLUXOS FINANCEIROS NO SISTEMA ECONÔMICO

Em um sistema econômico simplificado, onde só existissem dois setores da


economia, poder-se-ia, para efeito de observação do direcionamento dos fluxos de
dinheiro e de bens e serviços, enfocar os seguintes aspectos:

1) Nessa economia, as famílias, como as menores unidades orçamentárias da


sociedade, são as detentoras dos fatores de produção (terra, capital, força de
trabalho e capacidade gerencial) e, as mesmas, empregam esses fatores nos
processos produtivos, ou seja, nas empresas.

2) As empresas adquirem esses fatores de produção, produzem bens e serviços,


remuneram famílias pelos fatores de produção utilizados e vendem às famílias,
os bens e serviços produzidos.

As famílias, ante as condições acima, recebem remuneração pelos fatores de


produção cedidos às empresas e destinam parte dessa remuneração ao consumo de
bens e serviços e parte para poupança.

Com isso, toda a remuneração recebida, que podemos, no modelo, chamar de


renda nacional (Y), tem a seguinte destinação: parte para consumo de bens e serviços
finais (C) e parte para poupança nacional privada (S).

1.1 O enfoque da determinação da Renda Nacional

A equação que definirá, portanto, a renda nacional será expressa da seguinte


maneira:

Y=C+S

Por outro lado, os bens e serviços produzidos pelas empresas e ofertados no


mercado (Yo), constituem-se na demanda agregada desse mercado simplificado (Yd),
sendo que parte desses bens e serviços são destinados ao consumo final, ou seja,
consumo de famílias (C) e parte são destinados a investimentos (I). Dentro dos
investimentos e considerados como tal, econtram-se os estoques formados por falta de
demanda do total dos produtos (bens e serviços) ou devido a estratégia dos empresários
em formar estoques necessários para atender ao hiato de tempo existente entre o fluxo
continuado da demanda e o período necessário para elaboração do produto.

18
Com isso, a equação que exprime o fluxo de bens e serviços produzidos e
ofertados, nessa economia, fica assim expressa:

Yo = C + I

Levando-se em consideração que todos os bens e serviços produzidos nessa


economia são consumidos ou destinados a investimentos (Yd), tem-se que:

Yo = Yd e, também, Yd = C + I

Por outro lado se toda a renda gerada (Y) é aplicada, parte em consumo (C) e
parte em poupança (S), teremos aí verificado uma igualdade que poderá ser expressa,
matematicamente, pela seguinte equação:

Y = Yd

Ou, considerando:

Y=C+S e Yd = C + I,

Tem-se:

C+S=C+I

Ou ainda resolvendo essa equação resulta: S=I

Essa poupança formada, sendo igual aos investimentos efetuados nas empresas,
também chamado de investimento nacional privado, pode ser constatada no mercado
produtivo e financeiro, com certa facilidade, observando a natureza das origens dos
recursos que entram e são utilizados nas empresas e a origem do capital próprio que
forma o seu patrimônio líquido (PL).

Os recursos podem entrar nas empresas, tanto pelo exigível como pela formação
de capital e são oriundos, conforme legislação brasileira, tanto do mercado financeiro
como de outras empresas, formando holding (Sociedade Limitada ou Sociedade por
Ações, criada para participar de outras empresas como sócia ou acionista, passando a
controlá-la) ou coligada (de conformidade com o artigo 1097 do Código Civil Brasileiro,
consideram-se coligadas as sociedades que, em suas relações de capital são
controladas, filiadas, ou de simples participação no capital e ainda, conforme art. 1099
do mesmo Código, diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade
participa com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la), como também
podem ser formados por investimentos de pessoa física, a exemplo das cooperativas,
apesar destas também poder ser constituídas por pessoas jurídicas (cooperativas de
lojistas, por exemplo).

Considerando-se, para ilustração, uma economia sem governo, é possível


representar graficamente, conforme ilustração abaixo, todo o desenvolvimento

19
operacional desse mercado, considerando uma economia de livre concorrência, sem
governo.

Yd = C + I Yo = C + I
NEGOCIAÇÃO DE
PRODUTOS

FAMÍLIAS EMPRESAS

RECURSOS
PRODUTIVOS: Utilização dos
- Terra
No equilíbrio: Recursos
- Capital Yd = Yo = Y Produtivos no
- Trabalho Processo de
Produção
- Capacidade
Gerencial
Y=C+S
NEGOCIAÇÃO DE
FATO

Ilustração 1 - Representação gráfica do fluxo de produtos, recursos produtivos e do dinheiro.

Legenda:
= Fluxo de bens e serviços.
= Fluxo de dinheiro.

O fluxo de dinheiro nas empresas, conforme ilustração acima, tem origem tanto
pela remuneração dos produtos demandados pelas famílias (bens ou serviços
adquiridos), como pela injeção de recursos, na forma de capital, por aplicação da
poupança por parte de famílias, podendo ainda este ocorrer por financiamento da
atividade produtiva. É nesta última, que se depara com as instituições financeiras, onde
estão inclusas as cooperativas de crédito.

1.2 O enfoque da aplicação da Renda Nacional

Grandes expressões financeiras, dentro do cooperativismo, ainda são poucas,


mormente no Brasil, entretanto, as pequenas cooperativas, quando trabalham em
alinhamento (parceria) com empresas, estão propiciando a estas, pequenos
adiantamentos, pequenos financiamentos de curtíssimo prazo, além de serviços
inestimáveis de arrecadação de seus recebíveis, endosso em seus contratos de
empréstimos e de aquisição de bens e serviços em contratos de grande monta.

Essa parceria entre empresa e cooperativa e saudável e conveniente para ambas.


Uma boa contrapartida da empresa para com a cooperativa é o pagamento de seus
empregados através desta última. Entretanto, uma cooperativa, em relação a um Banco,

20
sente mais a saída da folha de pagamento de uma empresa, devido ao seu pequeno
volume de negócios (estudado no Capítulo XI), podendo ser causa de grandes
problemas com inadimplências dos cooperados.

Um fato não pode, verdadeiramente, sair da mente dos diretores administradores


dessas cooperativas: é que elas são exatamente de crédito e como tal devem ser
operacionalizadas, correndo os riscos necessários, os quais devem sempre ser
minimizados através de amarrações cabíveis, visando o retorno do dinheiro aplicado.

RENDA NACIONAL COOPERATIVA


Y=C+S DE CRÉDITO

PASSIVO
ASSOCIADOS

10 MERCADO 6 CIRCULANTE
FAMÍLIAS /

FINANCERIO E (Fontes de recursos)


DE CAPITAIS

PASSIVO NÃO
CIRCULANTE
1 2 4 7 8 9
10-A Exigível a Longo
Prazo
CONSUMO (C)

5
POUPANÇA (S)

12
6 5 PATRIMÔNIO
(11)
LÍQUIDO
OUTRAS
EMPRESAS /
(Capital Próprio)
3
COOPERATIVAS

11
Ilustração 2 – Representação gráfica da aplicação da poupança gerada na economia.
Fonte: Autor.

Legenda dos fluxos financeiros acima:

Código Descrição
1 Parcela de Consumo da renda.
2 Parte poupada (não consumida) da renda nacional.
3 Aplicação direta de famílias, no capital de uma empresa.
4 Aplicação no mercado financeiro, através de seus instrumentos
como caderneta de poupança, CDB, fundos, etc.
5 Aplicação poupança de famílias/ associados, em outras empresas.
6 Empréstimo de uma instituição financeira à empresa.
7 Subscrição de capital social de uma empresa por uma instituição
Financeira, onde se inclui as cooperativas de créditos.

21
8 Empréstimo ou subscrição de capital em outras empresas.
9 Aplicação de outras empresas no mercado financeiro.
10 Underwriting de capital: Um banco (ou cooperativa de crédito) capta
poupança no mercado para aplicá-la em créditos: bônus, títulos,
commercial papers, debêntures de empresas.
11 Subscrição de capital social da cooperativa, pelos associados.
12 Empréstimo entre empresas/cooperativas, através de contrato de
mútuo.

22
CAPÍTULO II – ANÁLISE ESTRUTURAL DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

1. Atos e fatos registrados na contabilidade e instrumentos de registro.

Para se efetuar uma análise de uma das demonstrações financeiras, necessário


se torna um razoável embasamento teórico-prático para que se possa tirar conclusões e
indicações dos melhores caminhos a serem palmilhados, na consecução dos objetivos
definidos para a empresa, mediante estratégias específicas para o seu crescimento e o
desenvolvimento econômico e financeiro.

De certa forma, todas as informações acumuladas e processadas, no decorrer do


exercício, pela contabilidade, são comunicadas aos usuários desta, por intermédio das
demonstrações financeiras.

A lei determina que ao cabo de um exercício fiscal (social), devem ser elaboradas
as demonstrações financeiras de forma a exprimir com clareza a situação patrimonial e
financeira da empresa, bem como as mutações ocorridas durante esse exercício.

Uma análise gerencial inicia-se pelos Atos e Fatos registrados pela Contabilidade
e as peças que condensam registros finais de cada período são, para efeito do presente
trabalho, as seguintes:

- O Balanço Patrimonial e Balancete de Verificação, um dos objetos do nosso


estudo.

- O Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE).

- Demonstração dos Fluxos de Caixa e (antes, Demonstrativo de Origem e


Aplicação de Recursos, alterado pela Lei 11.638/2007).

- Se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.

1.1 Balanço Patrimonial (BP)

– Também denominado de Balanço Geral, é obtido à vista das informações


constantes de Balancetes de Verificação. Dessa forma, para se obter um Balanço
Patrimonial, atribui-se aos componentes patrimoniais ativos, as contas patrimoniais as
contas com saldos devedores e aos componentes patrimoniais passivos, as contas com
saldos credores.

23
O Balanço Patrimonial, como peça exigida pela lei 6.404/76, é processada ao final
de cada exercício fiscal ou período pré-determinado por autoridade controladora
competente, como é o caso das Instituições Financeiras em que o Banco Central do
Brasil exige as demonstrações contábeis definam períodos de apuração de resultados,
de seis em seis meses. Esse instrumento, segundo Marion (1985: p. 43), “demonstra a
saúde financeira da empresa” e contém todas as contas patrimoniais em ordem
decrescente de liquidez.

O Balancete, também chamado de balancete de verificação, tem a mesma


estrutura de componentes do Balanço Patrimonial e é a forma de se demonstrar a saúde
da empresa, em períodos mais curtos, ou seja, mensalmente. Este instrumento é
igualmente exigido das instituições financeiras controladas pelo Banco Central do Brasil,
recebendo-os com data previamente agendada.

1.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

– Também chamada de Demonstração de Sobras (Lucros) e Prejuízos (Perdas).


Essa demonstração inclui a apuração do resultado bruto e do resultado líquido. Oferece
um maior número de dados para análise.

1.3 Demonstração do Fluxo de Caixa e do Valor Adicionado.

– De conformidade com a Lei 11.638/2007, que alterou, dentre outros, o art. 176
da Lei 6.404/1976, traz como novidade a extinção do Demonstrativo de Origem e
Aplicação de Recursos – DOAR e, em seu lugar, a exigência do que trata os incisos:

I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o


exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas
alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos:
a) das operações;
b) dos financiamentos; e
c) dos investimentos;

II – demonstração do valor adicionado – o valor da riqueza gerada pela


companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a
geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas,
governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída.

As demonstrações financeiras devem ser complementadas, para melhor


esclarecimento e compreensão do ocorrido durante o exercício social, com notas
explicativas, quadros analíticos, gráficos ou mesmo outras demonstrações contábeis
necessárias para um perfeito entendimento.

24
CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO DA ANÁLISE DO BALANÇO
PATRIMONIAL/BALANCETE.

Tem-se aqui uma preocupação definitiva em não se ater especificamente aos


indicadores econômico-financeiros calculados a partir do Balanço Patrimonial, mas sim,
em analisar a capacidade operacional da cooperativa (empresa) em gerar riquezas
suficientes e que lhe dê a rentabilidade esperada pelos seus Associados (ou quotistas e
acionistas).

Uma análise completa deve levar em conta, tanto as informações internas


oriundas da contabilidade, da área comercial, financeira e da área responsável pelo
planejamento estratégico dos negócios, que possivelmente será a Diretoria Executiva,
em conjunto com o Conselho de Administração, ouvido o Conselho Fiscal, de
preferência, mas também considerará fatores e informações externas, tais como
dimensões de sua área de atuação, possibilidades de ampliação do negócio, fontes de
obtenção de recursos, necessidades dos associados em termos de produtos e negócios,
concorrência de outras instituições financeiras como as do micro créditos, legislação,
normas e pareceres das instituições controladoras como o Banco Central do Brasil e a
própria Central a qual está vinculada a cooperativa.

Com relação às informações contidas no Balanço Patrimonial/Balancete de


verificação, podemos dizer que está composto de duas partes distintas. A primeira a
parte cujas informações estão colocadas do lado esquerdo, estão posicionadas todas as
Aplicações de Recursos efetuadas na cooperativa e a segunda, trata-se das
informações colocadas na direita da estrutura do Balanço/ Balancete e que demonstra a
estrutura das Origens dos Recursos veiculados dentro da instituição.

Abaixo, a estrutura de um Balanço Patrimonial/Balancete de Verificação, para se


iniciar uma demonstração de análise:

25
Janeiro/X1 Fevereiro/X1 Janeiro/X1 Fevereiro/X1
CONTAS CONTAS
Val. em R$ Val. em R$ Val. em R$ Val. em R$
ATIVO CIRCULANTE 9.864.394 11.755.205 PASSIVO CIRCULANTE 9.021.978 10.762.095
Disponibilidade 2.888.247 3.476.031 Depósitos 8.188.468 9.746.049
Caixa 888.144 855.055 Depósitos à Vista 7.961.236 9.522.092
Bancos 2.000.103 2.620.976 Depósitos à Prazo 224.225 220.950
Títulos e Valores Mobiliários 242.863 234.220 Outros Depósitos 3.007 3.007
Relações Interfinanceiras 3.263.982 4.103.646 Relações Interdependentes 252.716 256.920
Operações de Crédito 1.585.696 1.893.579 Obrigações por Empréstimos 182.664 165.494
(-) Oper. Cred. L. Duvidosa (126.856) (151.486) Outras Obrigações 398.130 593.632
Outros Créditos 1.920.061 2.134.694 Cobrança e Arrec. Tributos 3.577 3.178
Outros Valores e Bens 90.401 64.521 Sociais e Estatutárias 0 0
Bens não de uso próprio 0 0 Fiscais e Previdenciárias 53.007 90.171
Almoxarifado 50.811 41.718 Diversas 341.545 500.283
Despesas Antecipadas 39.589 22.803
SUBTOTAL 6.976.147 8.279.173 PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Exigível a Longo Prazo 0 0
ATIVO NÃO CIRCULANTE 690.392 654.232
Realizável a Longo Prazo 0 0 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.532.808 1.647.341
Capital Social 885.964 895.539
Investimentos 106.890 101.490 Reservas de Lucros 0 0
Imobilizado 583.502 552.742 Sobras não distribuídas 507.411 507.411
Imobilizações em Curso 260.000 260.000 Prejuízos Acumulados 0 0
Instalações, Móv., Eqpt. 206.863 175.690 Resultado do Exercício 139.433 244.391
Outros 116.640 117.052 Receitas 983.293 1.234.337
Intangível 0 0 Despesas 843.860 989.946
TOTAL DO ATIVO 10.554.786 12.409.436 TOTAL DO PASSIVO 10.554.786 12.409.436

Ilustração 3 – Balancete de Verificação dos meses de Janeiro e fevereiro de X1 – Desenvolvido nos


moldes da Lei 6.404/1976, alterada pela Lei 11.638/2007 e pela MP 449/2008.
Fonte das informações de valores: O Autor

Observa-se que a apresentação da Receita e Despesa, no Passivo Não


Circulante, é apenas uma maneira de facilitar as formas de análise, expondo mais
informações além das exigências oficiais de apresentação do Balanço.

Ao se analisar um demonstrativo contábil como o balanço (ou o balancete)


patrimonial, entende-se que essa análise deve ser suficientemente clara e evidenciar
dados confiáveis de uma contabilidade bem dirigida da qual o analista, através de
determinação de índices gerais, possa obter conhecimentos: em primeiro lugar, sobre a
real representatividade das informações apresentadas e depois sobre quais
acontecimentos internos e externos à cooperativa (empresa) contribuíram para os
resultados alcançados.

1. Informações mínimas para um relatório de análise.

Um relatório de análise econômico-financeira de uma cooperativa pode ser


estruturado da seguinte maneira:

– Índice;

26
– Objetivo da Análise;
– Informações e Dados Básicos;
– Indicadores Selecionados;
– Planilha de Informações - Conclusões Específicas;
– Conclusões Gerais;
– Anexos (Quadros, Tabelas, Gráficos, etc.)

1.1 O Índice

Para expressão de uma boa organização do trabalho, este deverá conter um


índice bem organizado onde qualquer pessoa à qual for dirigido o trabalho possa obter
informação da localização de cada assunto pelo qual interessar de imediato. Esse índice
deve ainda ressaltar títulos de assuntos em destaque ou que deverá chamar a atenção
em caso da necessidade de tomada rápida de decisão.

1.2 Objetivo da Análise

A análise deverá ser corriqueira, ou periódica, pois a evolução da cooperativa


deve ser acompanhada par e passo, assim como todas as vezes que surgir alguma
dúvida sobre o comportamento ou resultado das informações e/ou das pessoas
envolvidas no processo. Dessa forma pode-se classificar a análise, conforme acima
como periódica e especifica. De qualquer forma, essa classificação já serve para orientar
a enumeração dos objetivos a serem atingidos com a análise proposta.

1.3 Informações e Dados Básicos

Para dar idéia às pessoas para as quais se destinam o Relatório de Análise do


nível de aprofundamento da análise, necessário se torna informar o conteúdo do
caminho palmilhado na análise, a totalidade dos documentos analisados e todas as
informações extras conseguidas para composição desse trabalho de análise.

1.4 Indicadores Selecionados

Dependendo dos objetivos definidos para o trabalho, escolhe-se também os


indicadores a serem utilizados/calculados. Em caso de uma análise periódica, sugere-se
tornar praxe a utilização de uma quantidade maior possível de indicadores para que não
se tenha como conseqüência da relegação de alguns deles, a não observação de
ocorrências importantes dentro da cooperativa.

1.5 Planilha de Informações/Conclusões Específicas

Dentro de um trabalho de análise, o analista tem a priori, definido os seus


objetivos e, com isso, há necessidade de se priorizar as respostas aos questionamentos
27
implícitos naqueles, assim como algumas particularidades que julgar necessário fazer
detalhamento e ressalte no trabalho apresentado.

1.6 Conclusões Gerais

A opinião formal do analista financeiro é muito importante para as conclusões a


serem tomadas posteriormente pela Diretoria Executiva quer isoladamente, quer em
conjunto com o Conselho de Administração, dependendo das complexidades dos
acontecimentos.

1.7 Anexos

Todo relatório é composto de um relato descritivo bem como de demonstrações


numéricas, gráficas, fotos, etc. que complementam e demonstram a origem ou o porquê
das conclusões apresentadas, comprovando-as de certo modo.

2. A Análise do Balanço Patrimonial/Balancete de Verificação

Vale ressaltar que analisar resultados por intermédio de índices nos parece uma
preocupação com uma situação muito particular em determinado período. Com certeza
isto nos faz perceber a necessidade de uma visão mais globalizada, ou seja, a de indicar
como a cooperativa (empresa) evoluiu nesse período, bem como, quanto cada item de
controle analisado, representa no total geral ou parcial, conforme se pretende analisar.

Na análise do Balanço Patrimonial ou Balancete de Verificação, pode-se


relacionar as seguintes formas de análises: Análise Horizontal e Análise Vertical.

2.1 Análise Horizontal

A análise horizontal demonstra a tendência do índice analisado, ocorrida de um


período para outro, traduzindo dessa maneira o aspecto dinâmico da análise, o seu
comportamento no período em observação.

2.2 Análise Vertical

Esta análise é feita entre contas e o total das mesmas ou se uma seqüência,
informando, portanto o total de participação de cada uma delas, no contexto geral. Por
outro lado, comparando esses resultados, entre períodos, pode-se concluir pelas
tendências e evoluções dos elementos analisados.

Um Elenco de Contas compõe-se de contas e subcontas, daí a possibilidade de


se analisar também qual o nível ou percentual de participação de cada subconta no total
da conta. Essa análise se caracteriza como estática, uma vez que relaciona valores que
28
expressam apenas um momento; entretanto, é muito importante, por exemplo, saber
quanto o valor do aluguel pago representa no total das despesas administrativas.

3. Exercitando a Análise Horizontal e Vertical

3.1 Análise Horizontal (AH) das disponibilidades:

Período X0: R$ 2.000.000,00 Período X1: R$ 2.400.000,00

AH = [( 2.400.000,00 – 2.000.000,00) -1] = 0,2 ou 20 % se multiplicar por 100.


2.000.000,00

A Análise Vertical, dentro de cada demonstrativo contábil tem-se blocos de contas


e a Análise Vertical serve para mostrar a participação de cada componente
do bloco, no todo.

Como exemplo tem o Ativo, como um bloco de contas, que é composto de: Ativo
Circulante e o Ativo Não Circulante, este último composto por Realizável a Longo Prazo,
investimentos, imobilizado e intangível. Essa análise pode demonstrar qual a proporção
de cada um desses componentes, no total do Ativo, facilitando a análise, por exemplo,
do nível de imobilizações efetuadas entre todas as aplicações do Ativo.

3.2 Análise Vertical (AV) do Ativo:

Contas: Período X0 AV(%) Período X1 AV(%)


Ativo Circulante R$ 2.000.000,00 46,52 R$ 2.400.000,00 47,06
Ativo Não Circulante
Realizável a Longo Prazo R$ 1.500.000,00 34,88 R$ 1.820.000,00 35,69
Imobilizado R$ 800.000,00 18,60 R$ 880.000,00 17,25
TOTAL DO ATIVO R$ 4.300.000,00 100,00 R$ 5.100.000,00 100,00

O resultado da Analise Vertical acima é processado da seguinte maneira:


Considera-se 100% o total do Ativo que foi caracterizado como o grupo de contas a ser
analisado, após isto, relaciona-se cada conta a esse total e o resultado é multiplicado
por 100 para se ter o valor obtido, em percentual.

No caso em questão, o Ativo permanente representa apenas 17,25 % do total das


aplicações em ativos e, dependendo do tipo de negócios, esse resultado pode ser ótimo,
bom ou ruim. A princípio se observa que a cooperativa sendo uma instituição financeira,
cuja matéria prima de trabalho é o dinheiro líquido, quanto mais houver aplicações sem
retorno, significa que está havendo empate de capital, reduzindo o montante aplicado no
processo produtivo.

29
4. Cálculo do valor do Patrimônio de Referência Exigível

Consiste em verificar se a cooperativa tem, em seu Patrimônio Líquido Ajustado


(Patrimônio apurado com o Balancete de Verificação, representando o capital próprio),
um valor suficiente para cobrir o percentual definido pelo Banco Central como suficiente
para cobertura do risco que representa o Capital Circulante aplicado em contas do Ativo
e relativo à atividade operacional da cooperativa. Aponta-se na ilustração abaixo, os
elementos necessários e método de cálculo do Patrimônio de Referência Exigível.

4 - CÁLCULO PRE EEXIGÊNCIADECAPITAL Janeiro/X1 Fevereiro/X1


4.1 - Total de Fator de Risco 10.311.924 12.175.217
4.2 - Patrimônio Liquido Ajustado - PLA 1.532.808 1.647.341
4.3 - Indice do Ativo Ponderado pelo Risco - APR atual (4.1 / 4.2) 7 7
4.4 - Fator do Ativo Ponderado pelo Risco - APR 0,11 0,11
4.5 - Patrimônio de Referência Exigido - PRE(4.1 x 4.4) 1.134.312 1.339.274
4.6 - Exigência de Capital - EC (4.2 - 4.5) 398.497 308.067

Ilustração 4 – Cálculo do PRE – Patrimônio de Referência Exigido e da Exigência de Capital (EC).

Vale observar que o capital requerido, antes denominado de Patrimônio Líquido


Exigido – PLE, passou a ser dado como Patrimônio de Referência Exigido – PRE, por
força da Resolução nº. 3.490, de 29 de agosto de 2007, expedida pelo Banco Central do
Brasil - BCB. Esta Resolução aprimora a estrutura regulamentar do montante de capital
a ser mantido pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar
pelo próprio BCB.

Para as cooperativas de pequeno porte e que não possuam exposição cambial, é


facultada a apuração do PRE, apenas com base em Parcela referente às exposições
ponderadas por fator de ponderação de risco - O EPR, a elas atribuído e Parcelas
referentes ao risco operacional - POPR.

De qualquer forma, o administrador financeiro da cooperativa deve estar


familiarizado com a Circular 3.360, de 12.07.2007, expedida pelo Banco Central do
Brasil – BCB e as orientações que se sucederem para não deixar passar despercebidas
quaisquer possíveis alterações necessárias nos controles.

4.1 Total de Fator de Risco

Trata-se do volume de recursos do Ativo Circulante, expressos nas contas


relacionadas abaixo, das Instituições Financeiras, dentre elas as Cooperativas de
Crédito, o qual apresenta, por se tratarem de aplicações de recursos, risco das
operações que as envolvem.

30
Neste cálculo levamos em conta como fator de risco, todo o volume de recursos
de posse da Instituição Financeira (Cooperativa de Crédito) e retratado nas contas
abaixo, definidas pela Circular 1273, de 29 de dezembro de 1987, do Banco Central do
Brasil, a qual tornou obrigatória a adoção do Plano Contábil das Instituições do Sistema
Financeiro Nacional – COSIF, são elas:

a) - Disponibilidades;
b) - Relações Interfinanceiras;
c) - Operações de Crédito;
d) - Provisão para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa;
e) - Outros Créditos e
f) - Outros Valores e Bens.

a) Disponibilidades

Englobam todo o dinheiro existente em caixa, tesourarias e bancos. Considerando


que todo balanço/balancete é processado em uma data previamente definida para o “cut
off” (corte), em algumas cooperativas, dependendo da estrutura, poderão ou não ter a
figura da tesouraria. Caso tenha os dois, o Caixa Geral será a soma dos valores não
depositados existentes nessas estruturas. Muitas vezes os valores não depositados
poderão estar apenas nas tesourarias, outras vezes, além dos valores nas tesourarias,
poderão ter pequenos valores destinados a troco, nos caixas.

O administrador financeiro deve estar sempre atento caso seus caixas ou suas
tesourarias estiverem com crescentes estoques de valores. Há possibilidade de que
esses recursos estarem sendo desviados e, por conseqüência, não depositados e
utilizados fora do contexto da cooperativa, por apropriação indébita do tesoureiro
responsável pelo depósito desses valores.

Necessário se torna verificar a existência de ocorrências de registros das


dificuldades por ventura encontradas para efetuar depósitos. Pode acontecer de se ter,
um dia ou outro, problemas com transportes de valores, por questões principalmente de
horários da coleta destes, pode acontecer ainda ocorrer necessidade de maior volume
de dinheiro em caixa para fazer troco durante a operacionalização das atividades dos
caixas, ou outra justificativa plausível por não se ter efetuado os depósitos necessários.

Além disso, vale ainda ressaltar, por questão de segurança, não se deve ter nem
muito dinheiro em tesouraria, dentro ou fora do expediente, e muito menos em caixa
visto que os mesmos ficam à mercê da observação pública.

b) Relações Interfinanceiras e Interdependências

Retratam os valores de terceiros obtidos conforme relação de contas abaixo:

31
b.1 Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis – Trata-se dos
registros dos cheques e outros papéis compensáveis, enviados ou não alcançaram a
sessão de troca da Câmara de Compensação (Sistema de Liquidação), para tal fim.

b.2 Créditos Vinculados/Obrigações Vinculadas – Informa-se nesta conta todos os


depósitos centralizados (depósito na central de cooperativas/Banco ao qual a
cooperativa está vinculada), compulsórios ou vinculados a operações especiais, os quais
são registrados pelos seus respectivos valores e atualizados segundo sua
movimentação.

Neste caso, estamos considerando que a cooperativa não dispõe de valores em


moedas estrangeiras, depositados no Banco Central/Banco controlador, com
rendimentos periódicos.

b.3 Repasses Interfinanceiros – Nesta subseção de contas, são registrados os


créditos não repassados de instituições com as quais se mantém contrato de prestação
de serviços, devendo ser contabilizados por natureza dos recursos, conforme normas
contábeis em vigor e segundo as características de cada operação contratada.

b.4 Relações com Correspondentes – Os correspondentes cooperativos (ou


bancários), prestam serviços para a cooperativa e a movimentação financeira gera
depósitos ou saldos não depositados por restrição imputada pelo horário de atendimento
bancário.

b.5 Recursos em Trânsito de Terceiros – São recursos cujo processamento do


crédito correspondente a terceiros encontra-se em processamento interno, dentro das
diversas dependências da cooperativa, ou seja, não foi possível processar no mesmo
dia da solicitação. Estão inclusos nesta subseção:

b.5.1 Ordens de Pagamento – São documentos oriundos de outra


cooperativa de crédito ou de uma instituição bancária que geram valores a
serem creditados em contas correntes previamente autorizadas;

b.5.2 Cobranças de papéis de terceiros – Está relacionado aos boletos


emitidos por bancos conveniados com o banco ao qual a cooperativa está
vinculada ou papéis de convênios próprios.

b.5.3 Recebimentos, também de valores para terceiros – refere-se aos


valores, cujo recebimento tem a anuência de contrato ou outro documento
autorizativo.

b.5.4 Pagamentos por conta de terceiros – Assim como outras entidades


autorizam recebimentos, podem também fazê-lo pelos mesmos meios, as
autorizações de pagamentos.

b.6 Transferências Internas de Recursos – São movimentações internas de


recursos entre dependências e departamentos e que na ocasião da execução dos

32
lançamentos correspondentes não representem alterações nas posições de direitos ou
obrigações em relação a terceiros.

c) Operações de Crédito

– Compõe-se de valores aplicados no crédito em geral, tais como: Crédito


Pessoal, Cheque Especial, Descontos de Cheques, Adiantamentos a Depositantes,
Cartão de Crédito, Ordem de Crédito, e outras que a Direção da cooperativa instituir.

d) Provisão para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa

- Trata-se de provisionamento necessário para fazer face às inadimplências de


associados, quanto ao pagamento de seus débitos junto à cooperativa e esta provisão é
necessária para a reserva recursos destinados ao giro do negócio. Conforme Resolução
nº. 2682, do Banco Central do Brasil – BCB, artigo 6º incisos de I a VII, essa provisão
deve ser constituída mensalmente, não podendo ser inferior a soma decorrente da
aplicação dos percentuais listados abaixo e sem prejuízo ainda da responsabilidade dos
administradores das instituições pela constituição de provisão em montantes suficientes
para fazer face a perdas prováveis na realização dos créditos.
i) 0,5% (cinco décimos por cento) sobre o valor das operações classificadas como
de risco nível A;
ii) 1% (um por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco
nível B;
iv) 3% (três por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco
nível C;
v) 10% (dez por cento) sobre o valor das operações classificados como de risco
nível D;
vi) 30% (trinta por cento) sobre o valor das operações classificados como de risco
nível E;
vii) 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor das operações classificados como de
risco nível F;
viii) 70% (setenta por cento) sobre o valor das operações classificados como de
risco nível G;
ix) 100% (cem por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco
nível H.

Por se tratar de um item de elevada importância dentro do necessário controle


financeiro da cooperativa, ressalta-se ainda que a Provisão para Créditos de Liquidação
Duvidosa deve ser constituída sobre o valor contábil dos créditos mediante registro a
débito da conta de DESPESAS DE PROVISÕES OPERACIONAIS e a crédito da
adequada conta de provisão para operações de crédito. No caso de insuficiência,
reajusta-se o saldo das contas de provisão a débito da conta de despesa. No caso de
excesso, reajusta-se o saldo das contas de provisão a crédito da conta de despesa, para
os valores provisionados no período, ou a crédito de REVERSAO DE PROVISOES

33
OPERACIONAIS, se já transitados em balanço. Informação esta veiculada na Carta-
Circular 2.899, item 12 – III do Banco Central do Brasil.

e) Outros Créditos

- O subgrupo Outros Créditos deve registrar, nos subtítulos abaixo, por nome de devedores,
todos os valores dos créditos da cooperativa, junto a seus clientes, não enquadrados nas contas
descritas nos itens anteriores. Compõe-se dos seguintes desdobramentos, cujos títulos são auto-
explicativos:

e.1 Avais e Fianças Honrados;


e.2 Câmbio;
e.3 Rendas a Receber;
e.4 Negociação e Intermediação de Valores;
e.5 Créditos Específicos;
e.6 Operações Especiais;
e.7 Valores Específicos;
e.8 Diversos;
e.9 Provisão para Outros Créditos.

f) Outros Valores e Bens

- Este subgrupo de contas compõe-se do seguinte desdobramento de contas:


f.1 Participações Societárias - Aquisições de ações e cotas de capital de empresa
de interesse sócio-econômico da região.
f.2 Bens Não de Uso Próprio - Os bens não de uso próprio classificam-se no Ativo
Circulante e não se sujeitam a depreciação ou reavaliação.
f.3 Material em Estoque - Os materiais adquiridos para uso ou consumo corrente,
tais como: material de escritório em geral, peças de reposição e, também, bens de
consumo duráveis, até o limite permitido pela legislação fiscal, ou de vida útil inferior a
um ano, devem ser contabilizados em MATERIAL EM ESTOQUE, ou levados
diretamente a resultado a débito de DESPESAS DE MATERIAL.
f.4 Valores em Moedas Estrangeiras (caso as tiver) - As cédulas e moedas
estrangeiras de propriedade da cooperativa contabilizam-se em DISPONIBILIDADES DE
MOEDAS ESTRANGEIRAS e DISPONIBILIDADES DE MOEDAS ESTRANGEIRAS -
TAXAS FLUTUANTES.
f.5 Despesas Antecipadas - São classificadas como despesas antecipadas as
aplicações de recursos cujos benefícios ou prestação de serviços à cooperativa
ocorrerão em períodos seguintes.
f.6 Mercadorias - Conta Própria - Integram o subgrupo MERCADORIAS - CONTA
PRÓPRIA aquelas que forem adquiridas no mercado físico, em bolsas de mercadorias
ou futuros.

34
f.7 Provisão para Desvalorização de Outros Valores e Bens – Nesta conta, a
cooperativa deve proceder a avaliação dos valores e bens, observando definidos na
Circular 1273 do Banco Central do Brasil – BCB.

4.2 Patrimônio Líquido Ajustado (PLA)

– Os períodos para verificação da operacionalização da Cooperativa de Crédito


são encerrados ao final de cada mês, assim como o são também em outras empresas.
Dessa forma, são elaborados os balancetes de verificação em cada término de mês e
apurado o resultado. Quando esse resultado é imediatamente incluso no Patrimônio
Líquido do mês em referência, este passa a ser considerado como PLA, ou seja,
Patrimônio Líquido Ajustado.

4.3 Índice do Ativo Ponderado pelo Risco – APR, atual (Apuração do Risco).

– Trata-se do Total do Fator de Risco (soma do Ativo Ponderado pelo Risco)


dividido pelo Patrimônio Líquido Ajustado. Esse índice informa quantas vezes os valores
contidos nas rubricas constantes do Fator de Risco, representam do Patrimônio Líquido
Ajustado. Esse índice, nas cooperativas com patrimônio líquido negativo, ele será
também negativo.

4.4 Fator do Ativo Ponderado pelo Risco – APR.

– Esse é o fator que define o Patrimônio de Referência Exigido – PRE.


Atualmente, esse fator está prefixado em 0,11 e significa dizer que o mínimo exigido de
Patrimônio da Cooperativa, para desenvolver, normalmente, suas operações, é de 11 %
do Total de Fator do Ativo Ponderado pelo Risco, compreendendo às contas de -
Disponibilidades; Relações Interfinanceiras; Operações de Crédito; Provisão para
Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa; Outros Créditos e de Outros Valores e
Bens.

4.5 Patrimônio de Referência Exigido (PRE)

– Demonstra o nível do Patrimônio Líquido da cooperativa em relação ao mínimo


que a mesma precisa manter para fazer face às aplicações de curto prazo existentes.
Deve ser obtido tomando-se o Total do Fator de Risco, representado pelo Total do Ativo
Ponderado pelo Risco (ver item 4.1, desta seqüência), multiplicado por Fator do Ativo
ponderado pelo Risco – APR, atualmente definido em 0,11 pelo Banco Central do Brasil
– BCB.

4.6 Exigência de Capital (EC)

35
– Calcula-se esse valor, subtraindo o valor do Patrimônio Líquido Atualizado, do
Patrimônio de Referência Exigido. Se o resultado for negativo, significa que a
cooperativa necessita daquele valor para complementar seu Patrimônio de Referência
Exigido, se o resultado for positivo, significa que a cooperativa tem um Patrimônio
Líquido Atualizado maior que o Exigido.

5. Principais origens dos recursos para operação com o crédito

5.1 - Capital próprio (aquele registrado no Patrimônio Líquido, descontadas as


aplicações já efetuadas, quer em Ativo Permanente e em Realizável a Longo Prazo,
quer em centralização obrigatória de recursos como depósito compulsório ou outra
aplicação que restrinja seu uso, se necessário, em atividade operacional);

5.2 - Recursos de depósito a prazo (depósitos dos associados cuja análise das
condições contratuais para se tornarem líquidos, disponíveis, deve ser levada em
consideração para se ter uma idéia do quanto desse valor pode ser aplicado no crédito e
por quanto tempo);

5.3 - Recursos de outras instituições financeiras (oriundo de empréstimos por


intermédio da Central e Bancos do sistema, ou tomados de outros Bancos com os quais
a cooperativa mantém relações financeiras);

5.4 - Recursos de depósitos à vista que são todos os depósitos dos associados
da cooperativa que podem ser requeridos a qualquer momento. Trata-se de recursos
cuja utilização em crédito é muito perigosa dada a grande volatilidade do mesmo, deve-
se trabalhar a média dos dias de maiores requisições (saques) desses valores,
utilizando média diária desses dias e mesmo assim, utilizando apenas parcialmente essa
média, na razão de no máximo 80 % da referida média, ficando os outros 20 % como
margem de segurança.

A centralização de recursos, no percentual mínimo requerido, é uma necessidade


para garantia, em parte, da saúde financeira da cooperativa, além do que se trata de
fonte geradora de novos recursos, uma vez que é remunerada. Alguns administradores
têm criticado a centralização compulsória de recursos, por reduzir a capacidade de
realização de negócios, entretanto é um ‘mal necessário’, porque além da garantia
parcial que representa, ainda evita a possibilidade dos gestores ‘afoitos’ levarem a
cooperativa à falta de encaixes.

6. Indicadores Econômico-Financeiros

Dentro das contas evidenciadas no Balancete e/ou Balanço Patrimonial, podemos


efetuar diversas análises, através de cálculo de índices. Desses podemos destacar os
seguintes índices econômico-financeiros:

36
6.1 Índice que reflete o nível do comprometimento do Capital Próprio da
cooperativa, em relação ao Capital de Terceiros (endividamento):

6.1.2 Participação do Capital de Terceiros – PCT.

– É um índice que informa quanto do Patrimônio Líquido está comprometido com


endividamento da cooperativa (empresa).

Está representado pela fórmula:

PCT = CT x 100
PL

Legenda,

PCT = Participação do Capital de Terceiros;


CT = Capital de Terceiros;
PL = Patrimônio Líquido.

6.2 Índice que reflete o nível das imobilizações da cooperativa:

6.2.1 Índice de Imobilizações – Im.

– Esse índice retrata a participação do montante do Ativo Permanente no


Patrimônio Líquido, índice este cobrado mensalmente pelo Banco Central do Brasil –
BCB. Em uma instituição financeira, o principal fator de produção é o dinheiro, em
espécie e, desta forma, imobilizar não é um bom negócio, a não ser que se tratar de
minimização de risco (segurança), fazer parte de uma grande jogada de marketing,
demonstrando solidez e objetivando ampliar o Patrimônio Líquido via novas inversões de
capital, pelos associados já existentes ou novos.

O índice de imobilizações é assim calculado:

Im = ANC - RLP x 100


PL

Legenda,

Im = Índice de Imobilizações;
ANC = Ativo Não Circulante;
RLP = Realizável a Longo Prazo;

37
PL = Patrimônio Líquido.

6.3 Índices que refletem a capacidade da cooperativa em quitar seus


compromissos:

6.3.1 Liquidez imediata – LI.

– relaciona o valor do disponível com o passivo circulante, demonstrando a


capacidade de pagamento dos débitos de curto prazo com apenas as disponibilidades
da empresa (cooperativa).

Disponível
LI =
Passivo Circulante

Legenda,

LI = Liquidez Imediata
Disponível = Soma das disponibilidades da cooperativa, ou seja, o
que ela tem em tesourarias e bancos.
Passivo Circulante = Tomado do Balanço Patrimonial, no grupo de igual
denominação.

6.3.2 Liquidez Corrente – LC.

– Abarca todo o Ativo Circulante, relacionando-o com o Passivo Circulante. Sob o


ponto de vista analítico é importante analisar a capacidade da cooperativa em saldar
seus compromissos. Para isso, como já foi visto anteriormente, pode-se calcular o Índice
de Liquidez Corrente (LC), fazendo o seguinte cálculo:

LC = AC
PC

Legenda,

LC = Índice de Liquidez Corrente;


AC = Ativo Circulante;
PC = Passivo Circulante.

Isto nos remete a quanto do valor do Ativo Circulante temos para cobrir as
obrigações evidenciadas no Passivo Circulante.

38
6.3.3 Liquidez Seca – LS.

– Tem semelhança com o índice anterior, apenas com a retirada do Estoque, do


Ativo Circulante, Tendo em vista que nas cooperativas de crédito, os estoques não são
relevantes, este índice pode ser desprezado. Não é praxe da cooperativa formar
estoques internos de material, mas conta-se com a disponibilidade destes, na praça, a
qualquer momento cuja utilização se fizer necessária uma vez que a grande maioria do
consumo interno trata-se de material de escritório.

Abre-se aqui, ainda, um parênteses para dizer que a cooperativa (empresa) pode
contar com fornecimento de material (de expediente) de que precisa, bastando para
tanto celebrar contrato de fornecimento com um ou mais fornecedores, por tempo
determinado, depois de realizada tomada de preços na praça local ou fora dela, se for o
caso. Em vista disso não vislumbra nenhuma necessidade de se formar estoques,
empatando Capital de Giro muito importante para realização dos negócios.

O Índice de Liquidez Seca é representado pela fórmula:

LS = AC - E
PC

Legenda,

LS = Índice de Liquidez Seca;


AC = Ativo Circulante;
E = Estoque;
PC = Passivo Circulante.

6.4 Índices indicativos de Margens:

6.4.1 Margem Operacional Bruta – MOB.

– Indica a participação do Lucro Bruto, resultado da subtração do Custo dos


Produtos (Serviços) Vendidos da Receita Bruta, no método do Custeio por Absorção
(método oficial para o fisco) e, depois, dividindo-se o primeiro pelo último.

MOB = LB
Rec
Legenda,

MOB = Margem Operacional Bruta


LB = Lucro Bruto
Rec = Total das vendas de produtos da cooperativa, no período.

6.4.2 Margem Operacional – MO.

39
– Obtido relacionando o Lucro Operacional com as Receitas obtidas.

MO = LO
Receitas

Legenda,

LO = Lucro Operacional
Receitas = Total das vendas de produtos da cooperativa, no período.

6.4.3 Margem Operacional Líquida – MOL.

– Relaciona o Lucro Líquido com o total das Receitas. É um índice que mede,
sobremaneira, se a cooperativa (empresa) teve, no período (exercício), rentabilidade que
comparada com rentabilidade de outras cooperativas (empresas), ou na falta do
conhecimento da realidade de outras cooperativas (empresas), com a inflação
adicionada à taxa média dos juros praticada pelo mercado, adicionando-se ainda a
perspectiva de retorno esperada. O resultado obtido, mediante aspirações da Diretoria,
pode ser tido ou não como satisfatório.

MOL = LL
Receitas

Legenda,

MOL = Margem Operacional Líquida;


LL = Lucro Líquido;
Receitas = Total das vendas de produtos da cooperativa, no período.

6.5 Taxas de Rentabilidade:

6.5.1 Rentabilidade do Capital

– É observada relacionando o Lucro Líquido do período (exercício), com o Capital


Social da cooperativa (empresa).

Qualquer empreendimento no setor produtivo deve ter rentabilidade superior à


taxa de juros do mercado, com alguma compensação extra, justificada pelo emprego do
trabalho intelectual dos dirigentes (a Capacidade de Gerenciamento que, no entender de

40
vários autores, trata-se de mais um dos Fatores de Produção ou Recursos Produtivos) e
pela escolha e risco de participação no negócio.

Acima da taxa de juros, cada gerente financeiro pode avaliar, mediante o


conhecimento da capacidade do mercado em absorver margens operacionais mais
vantajosas, e pelo nível de preços dos produtos (bens e serviços), pelo volume possível
de negócios, pela capacidade de absorção da quantidade ofertada de produtos e pela
demanda existente no mercado.

A Rentabilidade do Capital não pode ser, portanto, abaixo da taxa de juros


praticada pelo mercado, nem como parte de uma estratégia temporária de marketing.
Neste caso, o produtor, ao invés de perder seu tempo com o setor produtivo deveria
aplicar o seu rico dinheirinho no mercado financeiro que estaria ganhando o equivalente
à taxa de juros do mercado, sem necessitar de fazer esforços com o trabalho,
“queimando fosfato”, por nada.

A Rentabilidade do Capital é dada relacionando-se o Lucro Líquido auferido no


período (exercício), com Capital Social existente, de acordo com a fórmula que se
segue:

RC = LL
CS

Legenda,

RC = Rentabilidade do Capital;
LL = Lucro Líquido;
CS = Capital Social.

Observa-se que, para a contabilidade, parte do capital subscrito aplicado em


imóvel, por exemplo, não é exigida, previamente a remuneração do referido valor
aplicado. Em economia, além de se exigir remuneração particular para esse valor,
previamente, exige-se ainda uma lucratividade mínima necessária para a permanência
da empresa no mercado.

Conforme exemplos acima, o analista, após verificação do Resultado Líquido do


Exercício (ou Lucro Líquido), através do instrumento contábil denominado de
Demonstração do Resultado do Exercício – DRE deve acrescer, como se despesa
fossem, nessa peça contábil: a) os valores correspondentes à correção monetária do
capital próprio e b) a parcela de Lucro Necessário para destinação aos Fundos
Estatutários, para só então, apresentar o resultado final da lucratividade, denominado,
se positivo, de Lucros Extraordinários ou Lucros Econômicos.

Utilizando do método do Custo Variável efetua-se a seguinte formulação:

41
Cód. Conta Conta Contabil
RBT RECEITABRUTATOTAL
RECEITAS OPERACIONAIS
(-) CPF CUSTOS PROPORCIONAIS AOFATURAMENTO
DESPESAS DE CAPTACAO
DESPESAS PARAOBRIGAÇÕES POR EMPRÉSTIMOS E REPASSES
(=) RLT RECEITALÍQUIDATOTAL
(-) CFP CUSTOS DEFORMAÇÃODOPRODUTO
DESPESAS DE MATERIAIS
DESPESAS DE SERVIÇODOSISTEMAFINANCEIRO
DESP DE TRANSPORTE
DESP TRIBUTARIAS
APROVISIONAMENTOS E AJUSTES PATRIMONIAIS
DESPESAS DE PROVISOES OPERACIONAIS
(=) MBC MARGEMBRUTADECONTRIBUIÇÃO
(-) CFT CUSTOFIXOTOTAL
AGUAENERGIAE GAS
ALUGUEIS
COMUNICACAO
HONORARIOS
MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DE BENS
PESSOAL BENEFICIOS
PESSOAL - ENCARGOS SOCIAIS
PESSOAL - PROVENTOS
SERVICOS DE TERCEIROS
SERVICOS DE VIGILANCIA E SEGURANCA
SERVIÇO TECNICO ESPECIALIZADO
VIAGEM NO PAIS
OUTRAS DESPESAS ADMINISTRATIVAS
DEPRECIACAO
OUTRAS DESPESAS OPERACIONAIS
(=) LO LUCROOPERACIONAL
(+/-) RECEITAS / DESPESAS FINANCEIRAS
(=) LUCROANTES DOIMPOSTODERENDA
(-) IMPOSTODE RENDAPESSOAJURÍDICA
(=) LUCROLÍQUIDOADISTRIBUIR
(-) CORREÇÃOMONETÁRIADOCAPITAL PRÓPRIO
(-) VALORES DESTINADOS AOSFUNDOS ESTATUTÁRIOS
(=) LUCROECONÔMICO

42
6.5.2 Lucro Líquido (LL) sobre o Patrimônio Líquido Ajustado (PLA)

– Representa o quanto, cada unidade monetária do Patrimônio Líquido foi


responsável pela geração daquela fração do Lucro Líquido. Nos casos em que a
cooperativa (empresa) encontra-se em uma situação deficitária, com prejuízos
acumulados, o Patrimônio Líquido Ajustado poderá ser menor que o Capital Social
registrado e, neste caso, se a cooperativa volta a ter lucro, quanto maior for o percentual
deste sobre o patrimônio líquido ajustado, menor será o tempo de sua recuperação
financeira.

Em situação inversa, ou seja, quando a cooperativa tiver sobras acumuladas, o


percentual de Lucro líquido sobre o PLA deverá ser sempre maior que a taxa de juros do
mercado, para justificar a permanência no negócio. Caso contrário, a cooperativa
(empresa) deveria fechar as portas e seus associados efetuarem aplicações das suas
parcelas de capital, em outras instituições financeiras (bancos), tendo a mesma
rentabilidade e sem os riscos do negócio.

Assim se expressa a fórmula do enunciado acima:

LL s/PLA = LL x 100
PLA

Legenda,

LL = Lucro Líquido;

PLA = Patrimônio Líquido Ajustado.

6.5.3 Giro sobre o Ativo

– Indica quantas vezes o Ativo está contido no volume total das Receitas, de
forma que essa relação expressa, por conseguinte, em trocadilho, quantas vezes o valor
da Receita supera o valor do Ativo, dando, conseqüentemente, a quantidade de vezes
em que o Ativo girou, no período (exercício).

Podemos constatar esse giro com a seguinte fórmula:

GA = Receitas
AT

Legenda,

GA = Giro sobre o Ativo

43
Receitas = Total das vendas de produtos da cooperativa, no período.
AT = Ativo Total - Do Balanço Patrimonial/Balancete de Verificação.

6.5.4 Retorno sobre o Ativo (RSA) – Também chamado de Retorno Sobre


Investimento (RSI) ou de “Return On Investiment” (ROI)

– Resulta da multiplicação da Margem Operacional Líquida pelo Giro do Ativo.


Isso, deduzindo pelas fórmulas que compõem cada um dos componentes acima, implica
em dizer que o resultado obtido refere a proporção do Lucro Líquido, sobre o montante
dos Investimentos empregados no empreendimento (cooperativa) representado pelo
total do Ativo, resultando na seguinte fórmula:

RSA, RSI ou ROI = MOL x Giro do Ativo.

Essa fórmula, quando efetuada as devidas deduções, resulta na seguinte:

RSA, RSI OU ROI = LL x Receitas.


Receitas Ativo

Simplificando teremos,

RSA = LL
Ativo

7. Controle e administração da Carteira:

7.1 Prazo Médio de Recebimento de Créditos (PMRC)

– É um valioso índice a ser considerado, quer quando a disponibilidade se torna


reduzida, comprometendo a centralização de recursos (depósitos dos recursos líquidos),
quer pela iminência prevista de baixa do volume de recursos a serem transacionados
no(s) período(s) seguinte(s). Destaca-se ainda que ante a uma alta expectativa
inflacionária, as operações de crédito devem ser feitas com previsão de retorno em um
espaço de tempo mais curto.

Para tanto se utiliza da seguinte fórmula:

PMRC = Operações de Crédito x 30 dias


Receitas de Crédito

44
Legenda,

PMRC = Prazo Médio de Retorno de Créditos


Operações de Crédito = É a soma dos montantes contidos nas contas:
• Títulos e Valores Mobiliários
• Relações Interfinanceiras
• Operações de Crédito
• (-) Operações de Crédito de
Liquidação Duvidosa
• Outros Créditos
• Outros Valores e Bens

Receitas de Crédito = Total de receitas dos diversos tipos de créditos,


no período.

Principais Receitas de Crédito = Rendas de Crédito Pessoal,


Rendas de Financiamentos,
Rendas de Cheque Especial,
Rendas de Cartão de Crédito,
Rendas de Adiantamento a Depositante.

7.2 Prazo Médio de Participação dos Depósitos (PMPD)

– Este índice tem uma importância vital para se ter, em média o retorno do capital
exigido pelos depositantes e, conseqüentemente, a precaução de utilização de parte
desse valor em período pertinente à indicação do índice.

Sua fórmula de cálculo é a seguinte:

PMPD = Depósitos totais x 30 dias


Total de Operações
(Realizáveis a Curto Prazo)

Legenda,

PMPD = Prazo Médio de Participação dos Depósitos


Depósitos Totais = Somatório de todos os tipos de depósitos
Total de Operações= Trata-se da soma dos montantes contidos nas contas:
• Títulos e Valores Mobiliários
• Relações Interfinanceiras
• Operações de Crédito
• (-) Operações de Crédito de Liquidação
Duvidosa
• Outros Créditos
• Outros Valores e Bens

45
ESTUDO DE CASO – Aplicação das fórmulas vistas e relativas aos índices
Econômico-financeiros.

Composição dos Indicadores

Com base em informações contidas na Ilustração III – Balanço Patrimonial, o qual


informa os resultados alcançados em dois períodos consecutivos, da Cooperativa de
Economia e Crédito Mútuo dos Empregados Vinculados às Instituições “Dinheiro Sólido”,
calcular os índices econômico-financeiros da cooperativa em questão, nos dois períodos
demonstrados, esboçando uma análise simplificada dos mesmos.

Observa-se que os cálculos dos índices econômico-financeiros citados


anteriormente, podem ser apresentados em forma de tabela, conforme abaixo, contendo
sucintamente todos eles,

Índices: Jan./X1 Fev/X1


1) Particip. Capital Terceiros (Endividamento) = CT/PL x 100 (%) 588,59 653,30
2) Imobilizações = AP/PL x 100 (%) 45,04 39,71
3) Liquidez Corrente = AC/PC 1,09 1,09
4) Liquides Seca = (AC-E)/PC 1,09 1,09
5) Margem Operacional Líquida (Rentabilidade) = LL / RECEITAS (%) 14,18 19,80
6) Lucro sobre Patrimônio Líquido = LL / PL (%) 9,10 14,84
7) Giro sobre o Ativo = Receitas/Ativo 0,09 0,10
8) Retorno sobre o Ativo = MOL x Giro do Ativo 1,32 1,97
9) PMRV- Prazo Médio Receb to de Créditos = Operações de Crédito x 30 dias / Rec tas 48 46
10) PMPD - Prazo Médio Particip. Depósitos = Depósitos x 30 dias / Realizável A.C.P. 35 35

Ilustração 4 – Índices Econômico-financeiros.


Fonte dos dados: O Autor

Interpretação dos indicadores.

Analisando os dados acima, conclui-se, em poucas palavras, o seguinte:

1) - Participação do Capital de Terceiro (Endividamento) – a Cooperativa está


aumentando o seu nível de endividamento, ou seja, está aumentando a participação de
capital de terceiros na empresa. Esse índice não pode ser analisado isoladamente, pois
com capital de terceiros também se ganha dinheiro. Necessário se faz analisar, em
conjunto, o custo desse capital com a taxa de retorno obtida. Caso esta última seja
maior significa que o capital de terceiro é benéfico dentro da cooperativa.

46
Endividamento % = CT/PL x 100

Legenda,

CT = Capital de Terceiros
PL = Patrimônio Líquido

2) - Imobilizações – A administração da Cooperativa está reduzindo as suas


imobilizações. Diga-se de passagem, que o índice máximo permitido para imobilização
das cooperativas, pelo Banco Central do Brasil – BCB, é de 50 % do Patrimônio Líquido
Ajustado (PLA).

Imobilização % = (ANC – RLP)/PL x 100

Legenda,

ANP = Ativo Não Circulante


RLP = Realizável a Longo Prazo
PL = Patrimônio Líquido

3) - A Liquidez Corrente e Liquidez Seca têm por diferença entre si, o estoque.
Tendo em vista que este último, na Cooperativa, é formado apenas de material de
escritório e algumas peças de reposição para equipamentos de processamento de
dados (Hardware), os estoques não deverão ter valores elevados e caso isto aconteça,
fica patente algum procedimento incorreto. No caso em questão, os dois índices são
semelhantes, pois o valor dos estoques (conta Almoxarifado) deve ser irrisório.

Liquidez Corrente (LC) = AC/PC

Legenda,

AC = Ativo Circulante
PC = Passivo Circulante

Liquidez Seca (LS) = (AC – E)/PC

Legenda,

AC = Ativo Circulante
E = Estoque
PC = Passivo Circulante

4) - Margem Operacional Líquida (Rentabilidade) é calculada relacionando o


Lucro Líquido com a Receita Total, dado em percentual. No caso em análise, a
rentabilidade no primeiro período foi de 14,18 % e no segundo período foi de 19,80 %.
Essa rentabilidade, apesar de crescente de um período para o outro, é satisfatória?
Considerando um sistema inflacionário da Economia, da ordem de 6% a.a., a
47
rentabilidade nos dois períodos se sobrepôs à inflação em algo da ordem de 100 % a
pouco mais de 200 % desta. Com a rentabilidade nunca se deve estar contente com o
resultado obtido pois a melhor rentabilidade para os negócios econômico-financeiros é a
máxima possível de ser obtida (maximização de rendimentos - lucros).

Margem Operacional Líquida (MOL) % = LL/Receitas x 100

Legenda,

LL = Lucro Líquido

5) - Lucro Sobre o Patrimônio Líquido, cujo cálculo é efetuado dividindo o Lucro


Líquido pelo Patrimônio Líquido Ajustado. Sendo este último a expressão do Capital
Próprio empregado no empreendimento (na Cooperativa), aqui também se espera uma
rentabilidade possível, cada vez melhor, baseada nos objetivos traçados pelo
Planejamento Estratégico dos Negócios. Um capital, ao ser empregado no mercado
financeiro, tem uma rentabilidade mesmo sem o seu proprietário necessite fazer muito
esforço, entretanto, ao empregá-lo no processo produtivo (na constituição de um
empreendimento produtivo qualquer, podendo ser a própria cooperativa), esse capital
deve render mais do que no mercado financeiro tendo em vista uma série de fatores tais
como: risco da atividade, esforço empresarial empregado no processo, necessidade de
expansões futuras do negócio, dentre outros objetivos preconizados pela gestão do
negócio.

Lucro Líquido (LL) sobre Patrimônio Líquido (PL) % = LL/PL x 100

6) - Giro sobre o Ativo – GA, obtido através da relação entre a Receita Total – RT
e o Ativo Total – AT, mostra a proporção do volume de recursos retornados à
cooperativa, em relação ao total dos investimentos efetuados. O volume de recursos
também define a lucratividade uma vez que em um produto com demanda elástica, ou
seja, cuja quantidade negociada corresponde um percentual maior de variação que a
atratividade proporcionada, que pode ser uma redução de preço do mesmo, É sabido
que o preço do capital é o juro, portanto, uma pequena redução percentual na taxa deste
pode proporcionar um percentual maior na demanda do crédito, por exemplo.

GA = RT / AT

7) - Retorno sobre o Ativo – RSA, caracterizado pela relação entre a Margem


Operacional Líquida – MOL e o Giro sobre o Ativo – GA, isto vem a evidenciar a margem
de lucro sobre os investimentos efetuados que podem ser representados também em
percentual.

RSA = MOL / GA

8) - Prazo Médio de Recebimento de Crédito, calculado com a multiplicação do


montante das Operações de Crédito por 30 (trinta) dias, dividindo-se pelo montante das
Receitas (Receita Total – RT). Com isso obtemos, em média, por quanto tempo (em
dias) estamos emprestando o dinheiro da Cooperativa. Esse instrumento serve também
48
para analisar se não se está promovendo um longo prazo para retorno do Capital de
Giro da Cooperativa, correndo riscos de uma inadimplência coletiva causar sérios
problemas futuros. Essa inadimplência coletiva, na cooperativa, é muito fácil de
acontecer, pois ela geralmente opera com associados de uma mesma classe ou
categoria de trabalhadores e uma retirada do crédito da folha de pagamento, na
cooperativa, de forma brusca, sem um planejamento a longo prazo, causa, com certeza,
grandes transtornos nos recebimentos dos créditos dados aos associados. No caso em
análise, observamos que a cooperativa vem reduzindo seu prazo médio de recebimento
de créditos, proporcionando assim uma maior liquidez imediata.

Prazo Médio de Recebimento de Crédito (PMRC) = Operações de


Créditos x 30 dias/Receitas de Crédito

9) - Prazo Médio de Participação dos Depósitos (Curto Prazo – exercício fiscal),


cujo cálculo é feito tomando o montante dos depósitos, multiplicando-os por 30 (trinta)
dias e dividindo pelas contas Realizáveis em Curto Prazo, obtendo, em média, o tempo
em dias em que os depositantes vão requerer seus depósitos.

Prazo Médio de Participação dos Depósitos (PMPD) = Total dos Depósitos x


30 dias/Realizável a Curto Prazo

Observa-se ainda que esse cálculo possa ser feito com o total dos depósitos,
conforme acima ou particularmente com cada um dos diversos tipos de depósitos
existentes quando se pretende atentar para particularidades.

49
CAPÍTULO IV – O CAPITAL PRÓPRIO E O CAPITAL DE TERCEIROS –
INSTRUMENTOS DE ORIGEM DE RECURSOS

1. Formação do Capital Circulante

O Capital Circulante para proporcionar o giro dos negócios em uma instituição


financeira, tal como na Cooperativa de Crédito é fundamental para o desempenho de
suas finalidades, assim como em qualquer empresa.

Para a formação desse Capital Circulante, têm-se duas origens principais:

1.1 - O Capital Próprio

O Capital Próprio constitui do montante investido na empresa (cooperativa) pelos


seus sócios-proprietários (os cooperados) quando da formação da mesma ou em aporte
de recursos posteriores que no caso das cooperativas de crédito é feito através de uma
capitalização mensal fixa, definida previamente nos estatutos.

Trata-se de uma fonte de recursos mais barata para a cooperativa. Entretanto, a


contabilidade não adota critério de remuneração desses recursos e essa remuneração,
acaba por conta da cooperativa ter ou não lucro ao final do exercício e este ser ainda
destinado, conforme decidido em Assembléia Geral Ordinária – AGO, aos seus
associados, como remuneração do capital investido.

Economicamente, entretanto, essa remuneração deve ser feita mediante uma


definição do percentual requerido e cobrado do resultado líquido obtido, para só então
se pensar em lucro econômico. Esta colocação será objeto de estudos no capítulo
dedicado ao desenvolvimento do Modelo Econômico Descritivo (DRE Econômico).

1.1.1 Custo do Capital Próprio

Com relação ao Capital próprio, pensa erradamente quem julga que este não tem
custo. O seu custo se compõe do seguinte:

50
a) - Cobertura da inflação do período – todo dinheiro que não estiver aplicado em
algum processo que obtenha rendimentos, está perdendo, pelo menos para a inflação;

b) - Cobertura de rentabilidade com aplicações financeiras - caso esses recursos


fossem aplicados diretamente em outra instituição financeira, em poupança, prazo fixo
ou outra aplicação qualquer, sem a preocupação de aplicá-lo no processo produtivo,
como é o caso da aplicação de capital na constituição de uma cooperativa, esses
recursos estariam obtendo rendimentos sem que o seu proprietário tivesse nenhum
trabalho adicional. Veria trinta dias correr por mês, após o que buscaria seus
rendimentos.

c) - Cobertura de rentabilidade prometida, aos associados e constante dos


estatutos e/ou do regimento interno da cooperativa – é uma promessa feita aos
associados de que, anualmente suas aplicações renderão aquele percentual mínimo.

d) - Cobertura de um percentual destinado para formação de um fundo para


novos investimentos com os quais a cooperativa pode realizar seu crescimento
econômico – toda empresa, para objetivar o crescimento, tem que se preocupar com
recursos para tal.

Em todo negócio da iniciativa privada, deve-se pensar em procurar a


maximização de lucros, dentro dos parâmetros do mercado para negócios cooperativos.
Isto demonstra possibilidade de oferecer, além das remunerações acima referenciadas,
um patamar de retorno para o capital investido, mais elevado do que o prometido e/ou
oficializado, observando, contudo, os padrões de juros praticados pelas demais
cooperativas para esse retorno não se tornar um expoente indesejável.

A maximização de lucros, entretanto, deve ser trabalhada via redução de custos e


despesas, principalmente aplicando tecnologia (processo) com alto retorno garantido,
correspondentes cooperativos, os quais substituem uma agência formal, por exemplo.
Essas informações são ainda importantes para a formação da taxa de juros interna da
cooperativa.

1.2 O capital de terceiros.

a) Depósitos à vista

Em uma instituição financeira, os recursos líquidos (dinheiro) para incremento dos


negócios têm origem, em parte, nos depósitos à vista, voluntários, efetuados pelos
associados, constituindo-se em recursos de terceiros sem custo para a instituição e, pelo
contrário, esses depósitos, quando efetuados no Banco ao qual a cooperativa está
vinculada, através de sua Central, ele produz rendimentos importantes. Ressalta-se
ainda a existência dos depósitos a prazo que se distinguem do primeiro, por serem
remunerados de acordo com contrato entre a cooperativa e o cooperado, por um prazo
determinado e a juros pré ou pós-fixados.

51
Colocando o ponto de vista de que na cooperativa de crédito o seu principal
produto de negociação é o próprio dinheiro, advém daí a necessidade de se ter um
“Capital Líquido” (disponível) maior do que nas empresas de outros gêneros, uma vez
que a mercadoria a ser vendida na instituição financeira é o próprio dinheiro.

A instituição financeira tem, porém uma capacidade de aumentar seus volumes


de negócios, além dos valores existentes em caixa, quer de capital próprio, quer de
terceiros por depósitos a vista ou a prazo. Chamamos a isto de “criação de moeda”.

Os cooperados, ao fazerem seus depósitos à vista, esperam a devolução dos


mesmos, pela cooperativa, no momento em que necessitarem desses recursos. Essa
necessidade do saque dos depósitos efetuado, pelo cooperado, entretanto, ocorre
normalmente por intermédio da utilização de cheques e ainda de forma parcelada, São
os que retiram o dinheiro de uma vez. Dessa forma, havendo cooperados fazendo
depósitos e saques todos os dias, haverá sempre um valor médio de depósitos em
caixa, o qual, parcimoniosamente poderá ser utilizado ressalvado a garantia do sistema,
no percentual de 30 % dos valores movimentados a serem depositada
compulsoriamente, no Banco a cujo sistema a Cooperativa está vinculada.

Os depósitos a prazo também terão o mesmo tratamento. Com isso, conclui-se


pela necessidade de se estar sempre à procura de aumentar o número de associados,
quer para fomentar as operações de depósitos à vista ou a prazo objetivando ter um
volume maior de recursos disponíveis para aplicação, como também para possibilitar o
aumento das operações de crédito de várias naturezas como: empréstimos, pequenos
financiamentos e cheques especiais.

É importante ainda ressaltar que quando um cooperado faz um depósito, a


cooperativa, contabilmente pelo método das partidas dobradas, cria um encaixe, a
saber:

ATIVO PASSIVO
Encaixe 100 Depósitos 100

Deve-se sempre levar em conta a necessidade de se analisar e acompanhar, par


e passo, qual o percentual de exigência do dinheiro depositado, dia a dia para o caso
dos depósitos à vista, pois esse percentual, a cooperativa terá que manter em caixa
valor correspondente para atender à demanda de moeda para fins transacionais.

Considerando as exigências de saques diários serem de 20 % do valor dos


depósitos, por exemplo, (um percentual relativamente alto se o número de associados
for grande e baixo se o número de associados for pequeno), considerando ainda a
existência do encaixe acima, de R$100,00, mantidos pela cooperativa, significa dizer
que essa cooperativa tem condições de honrar os saques requeridos pelos seus
associados, em até 5 (cinco) vezes 20 % de R$100,00.

Ou ainda, para um total de depósitos de R$100,00, com exigência de saques de


apenas 20% desse valor, a cooperativa necessita manter em caixa, apenas o valor
líquido de R$20,00.
52
Valor do encaixe (disponibilidade) exigido = 0,20 x 100,00 = R$ 20,00

A disponibilidade acima será, portanto necessária para um volume de depósitos


igual a R$ 500,00, ou seja:

R$20,00 atende a um depósito de R$100,00,

ou seja

R$100,00 = 5 vezes (valor do depósito em relação ao encaixe)


R$20,00

Portanto, a exigência de R$ 100,00 em caixa (disponível) é para um Depósito


Total = 5 x R$ 100,00 = R$ 500,00.

Em vistas disso, a mesma cooperativa poderá emprestar, a vários associados,


depositando em suas respectivas contas correntes, até o valor de R$ 400,00, fazendo a
mesma promessa de pagar os depósitos sempre que os depositantes o exigir, tendo em
vista a disponibilidade mantida de 20 % do total de depósitos, ou seja, R$ 100,00 (0,20 x
R$ 500,00). Assim, a contabilização dessa afirmativa passa a ser expressa, através do
demonstrativo da movimentação abaixo, de contas do Ativo e do Passivo:

ATIVO PASSIVO

Encaixe 100
Depósito inicial 100

Empréstimo para Cooperado A 200


Depósito do Cooperado A 200

Empréstimo para Cooperado B 200 Depósito do Cooperado B 200

TOTAL ATIVO 500 TOTAL PASSIVO 500


Ilustração 5 – Exemplo de contas do Ativo e do Passivo, após Operações de Créditos.
Fonte: O Autor

Ressalta-se ainda a necessidade imprescindível de manutenção diária de


controle. Para tanto, a relação encaixes/depósitos (RED) deve estar sempre atualizada e
será sempre igual ao percentual dos depósitos requeridos para saques.

Exemplificando e, ao mesmo tampo, formalizando a forma de controle aventada


acima, podemos considerar como “RED” o percentual da relação encaixes/depósitos:

RED = Total dos encaixes (disponibilidades) x 100%

53
Total dos depósitos.

Com esta medida para se ter conhecimento das variações na mudança de


comportamento dos associados, quanto a exigência de liquidez dos seus depósitos, há
necessidade de se fazer, periodicamente, o cálculo para atualização das Exigências de
Saques, o qual exprime o Encaixe necessário a ser mantido, a saber:

Exigência de Saque = Saques Efetuados no Período x 100


(Encaixe a ser mantido) Total dos Depósitos

Importante é observar que como Total de Depósitos, das equações acima, deve-
se levar em conta, também, os vencimentos dos Depósitos à Prazo, citados a seguir. Em
se tratando do movimento global de uma cooperativa, todo valor arrecadado para
terceiros, após cumprimento do float, além de outros compromissos assumidos que
envolvam pagamentos, deverão ser acrescidos no Total dos Depósitos e, seus
repasses, como saques efetuados, ou simplesmente efetuar os cálculos de
disponibilidades para tal, em separado.

b) Depósitos a prazo

Em uma cooperativa de crédito, muitas vezes, para se concorrer com a taxa de


juros pagas pelos bancos, no depósito a prazo, há necessidade de se proporcionar
vantagens adicionais, atrativas para esses depósitos, pelo menos até que os associados
acostumem a essa prática. Tais vantagens podem ser escolhidas dentre as seguintes:

b.1 Depósitos premiados – Trata-se de sorteio de algum prêmio aos associados


que fizerem depósitos a prazo na cooperativa, estabelecendo o período mínimo para tal.
Dessa prática decorrerão suas variações, dependendo da criatividade da Diretoria da
cooperativa.

b.2 Remuneração extra, fixa – Trata-se de um valor extra, estipulado por faixa de
depósito efetuado, a saber: de R$ 500,00 a R$ 999,00 depositados, o associado terá
creditado ao final de cada mês de vigência do contrato por prazo determinado, além dos
juros contratados, o valor de R$ 2,50. Esse valor corresponde a 0,5 % do limite mínimo e
corresponde ainda a 0,25 % do valor máximo da faixa acima. Idêntico critério poderá ser
utilizado para faixas superiores de depósitos, além de se esperar a criatividade da
Diretoria e às condições de obtenção de “spread” compensatório para se efetuar as
variações possíveis dessa técnica para atração de recursos. Adotando-se uma
remuneração em percentual, o valor final crescerá e, portanto se tornará mais atraente à
medida que cresce o valor depositado.

b.3 Pagamento de taxa de juros maiores que as dos bancos – É mais uma prática
que pode ser adotada, entretanto tem o inconveniente do crescimento do custo do
dinheiro e a cooperativa, para ter uma maior eficiência econômica, deve primar por
reduzir outros custos internos, minimizando-os sem, contudo afetar a qualidade mínima
necessária ao bom atendimento aos associados.

54
c) Empréstimos tomados para suprimento de caixa ou financiamentos

A cooperativa deve inicialmente, procurar recursos internamente, por meio de


depósitos, à vista ou a prazo, sem deixar de lado a possibilidade de ampliação da
capitalização. Caso esse recurso não seja suficiente para atender ao Volume de
Negócios potencial, existente, esta pode se socorrer junto a Cooperativa Central à qual
estiver vinculada, promovendo operação de empréstimo junto ao Banco do sistema que
lhe dá suporte.

Todo empréstimo contraído, pela cooperativa, deve ser objeto de um


planejamento estratégico inicial, cuja aplicação é imediata. Não se deve tomar
empréstimo, via Central ou de qualquer outro modo, se não houver possibilidade de
aplicação imediata. Todo empréstimo contratado, começa a correr juros à partir do dia
em que houve o crédito e o intervalo entre a tomada e a aplicação, não há retorno
compensatório.

O “spread” para cada aplicação deve ser bem calculado para que todas as
operações venham a cobrir custos e as remunerações previstas como custos
econômicos.

2. Cálculo da taxa de juros, interna, da cooperativa.

2.1 Taxa de juros mensais (i) = taxa da inflação mensal (TIM) + taxa
correspondente ao Custo do Dinheiro (CD), que deverá ser sempre igual aos juros
pagos nos depósitos a prazo + rentabilidade prometida aos associados (RP) +
percentual para fundo de investimentos (FI) + “spread” relativo a taxa de lucratividade
(TL) aquela efetivamente possível, objetivando o beneficio aos associados com juros
finais abaixo do mercado (importante ressalte quando se trata de cooperativismo), mas
que vise a maximização de lucros (ML). Ante essa possibilidade, ou seja, a utilização e
prática de taxa de juros menores em relação ao mercado deve-se primar por uma
escolha de uma taxa não tão reduzida a ponto de começar uma avalanche de associado
para o crédito, endividando-se ao máximo ou mesmo alguns deles tomando
empréstimos para atender uma demanda, não sua, mas de familiares e parentes em
geral.

A taxa de juros da cooperativa deve estar, sempre e de preferência abaixo do


mercado para ocorrer a possibilidade de oferta de alguma vantagem competitiva para os
associados que são os proprietários da mesma, entretanto essas vantagens não devem
ser tão baixa a ponto de reduzir a capacidade da cooperativa de obter retorno
econômico.

Com esse conceito sob a formulação matemática, podemos afirmar que o fato de
se estar procurando dar vantagens financeiras com juros abaixo do ofertado pelo
mercado, não significa estabelecer uma taxa de juros em um patamar inconseqüente,
sem nenhum fundamento objetivo, mas sim, baixo o menos possível.
55
Ou seja,

i = TIM + CD + RP + FI + TL

Legenda,

i = Taxa de juros mensais (i de interest)


TIM = Taxa da Inflação Mensal
CD = Custo do Dinheiro, que deverá ser sempre igual aos juros pagos
nos depósitos a prazo
RP = Rentabilidade Prometida aos associados
FI = Percentual para Fundo de Investimentos
TL = “spread” relativo a Taxa de Lucratividade planejada

Na prática e utilizando dados mensais fictícios, pode-se obter o seguinte


resultado:

TIM = 0,6 %
CD = 1,2 %
RP = 0,5 %
FI = 0,5 %
TL = 1,0 %
SOMA = 3,8 %

Esse somatório pode parecer elevado à primeira vista, mas se for observado que
as taxas de juros da cooperativa poderão ser compostas da seguinte forma:

Crédito Pessoal = 2,0 %


Hot Money = 4,0 % (duas vezes o crédito pessoal)
Cheque especial = 7,0 % (Três vezes e meia o crédito pessoal)
Inadimplência = 12,0 % (Seis vezes o crédito pessoal)

Se fizermos uma ponderação para as taxas acima, pelo percentual que cada uma
representa na receita da cooperativa, em função de resultados obtidos pela cooperativa
utilizada aqui como exemplo, podemos obter taxas como as seguintes:

Origem da Receita Valor AV %


Crédito Pessoal 157.000 65
Hot Money 29.000 12
Cheque especial 42.000 17
Inadimplência 14.000 6
SOMA 242.000 100

Com os percentuais acima, obtidos pela Análise Vertical (AV), pode-se fazer a
ponderação necessária:

56
i = (2 x 65) + (4 x 12) + (7 x 17) + (12 x 6)
65 + 12 + 17 + 6
donde,

i = 130 + 48 + 119 + 72 = 369 = 3,7 %


65 + 12 + 17 + 6 100

Portanto a taxa de juros média praticada por essa cooperativa é ainda menor que
os 3,8 % da soma de taxas pretendidas feitas anteriormente, devendo, para alcançar o
objetivo proposto, reduzir o custo do dinheiro e/ou majorar as taxas de juros cobradas.

ESTUDO DE CASO – Análise dos depósitos existentes na cooperativa, os encaixes


existentes e a taxa média de juros praticada.

A Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos empregados na empresa Paga


Bem Ltda., ao final do período X1 realizou os seguintes valores de receitas, conforme
constam das contas abaixo:

Origem da Receita Valor


Crédito Pessoal 165.000
Hot Money 32.000
Cheque especial 44.000
Inadimplência 21.000

O planejamento para obtenção de cobertura da remuneração desejada dos


recursos empregados no crédito, obedece aos seguintes percentuais:

TIM = 0,55 %
CD = 1,05 %
RP = 0,50 %
FI = 0,60 %
TL = 0,80%

Necessita-se analisar o processo e verificar se há Lucro Econômico (lucro após


dedução de todas as destinações desejadas).

DESENVOLVIMENTO DO EXERCÍCIO:

Em primeiro lugar, deve-se fazer uma Análise Vertical (AV) das receitas obtidas
com crédito, da seguinte maneira:

57
Origem da Receita Valor AV (%)
Crédito Pessoal 165.000 62,98
Hot Money 32.000 12,21
Cheque especial 44.000 16,79
Inadimplência 21.000 8,02
SOMA 262.000 100,00

Em segundo lugar, deve-se tomar o critério de formação das taxas de juros para
os diversos tipos de créditos com os quais a cooperativa trabalha.

Crédito Pessoal = 2,0 %


Hot Money = 4,0 % (duas vezes o crédito pessoal)
Cheque especial = 7,0 % (Três vezes e meia o crédito pessoal)
Inadimplência = 12,0 % (Seis vezes o crédito pessoal)

Em terceiro lugar deve ser feita uma ponderação entre as taxas encontradas com
a Análise Vertical das receitas auferidas com créditos e as taxas praticadas com os
diversos tipos de crédito para encontrar a taxa de juros mensais.

i = TIM + CD + RP + FI + TL

ou seja,

i = (2 x 62,98) + (4 x 12,21) + (7 x 16,79) + (12 x 8,02)


62,98 + 23,66 + 16,79 + 8,02

i = 125,96 + 48,84 + 117,53 + 96,24


100,00

i = 388,57
100,00

i = 3,89%

Considerando que a taxa de juros esperada é a seguinte:

TIM = 0,55 %
CD = 1,05 %
RP = 0,50 %
FI = 0,60 %
TL = 0,80%
SOMA = 3,50 %

A cooperativa está operando com um “spread“ extra de 3,9 % - 3,50% = 0,34 %,


portanto maximizando lucro e obtendo Lucro Econômico (LE).

58
CAPÍTULO V – ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO (CDG), CAPITAL DE GIRO
LÍQUIDO (CDGL) ou CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (CCL)

A administração do Capital de Giro (CDG) diz respeito a um trabalho, a ser


exercido constantemente. Para uma instituição financeira é muito importante o não
exagero nas imobilizações, mantendo o mínimo indispensável em investimentos em
Ativo Permanente. Uma imobilização excessiva, em primeiro lugar, reduzirá o Patrimônio
Líquido Exigível, que tem um mínimo estabelecido pelo Banco Central do Brasil e, em
segundo lugar porque a imobilização requer aplicação de recursos os quais teriam
melhor rentabilidade se aplicado na atividade fim da cooperativa, ou seja, crédito. É
preciso sempre lembrar que a Matéria Prima de uma Instituição Financeira é o dinheiro
líquido. Há necessidade, portanto, de se trabalhar sempre com um bem elaborado
planejamento de aplicação de recursos, destinando estes às aplicações com
possibilidades reais de retorno.

Existem, entretanto, situações que às vezes fogem do planejado, pois dependem


de fatores externos como Conjuntura Econômica local, do estado, do país ou do mundo,
ou ainda de fatores como perdas de garantias dos créditos e um bom exemplo disso é a
resolução da empresa à qual cooperativa é vinculada, de retirar a folha de pagamento
de seus empregados da cooperativa.

Pode-se, portanto, os itens acima como os principais elementos a ser


considerados para se programar a manutenção de um volume adequado de Capital de
Giro.

Assim é estudado, fundamentalmente, o nível adequado de imobilização que,


conforme o Banco Central do Brasil, não deve ultrapassar 50% do Patrimônio Líquido
Ajustado, mês a mês.

Por outro lado, vale lembrar que o Capital de Giro ou Capital de Giro Próprio,
oriundo da capitalização dos associados, é apenas uma parte dos recursos empregados
na operacionalização dos produtos da cooperativa, tais como: crédito pessoal,
consignações e cheque especial. A outra parte refere-se aos recursos de associados
(depósitos à vista ou a prazo e outras aplicações); de terceiros (empréstimos obtidos
junto a Cooperativa Central/Banco à qual a cooperativa está vinculada, ou ainda
utilização de recursos de Relações Interdependentes, de conformidade com a média de
tempo em que os recursos de arrecadação ficam na posse de uma instituição financeira,
no caso, cooperativa de crédito, antes de serem repassados - float).
59
O Capital Circulante Líquido (CCL) é obtido subtraindo o Ativo Circulante do
Passivo Circulante. Para melhor entendimento vejamos as contas desses itens do
Balanço Patrimonial ou do Balancete de Verificação.

1. Aplicação de recursos no Ativo Circulante

1.1 - Em estoques

Quanto a esse aspecto, deve-se levar em conta que os estoques, nas


cooperativas, normalmente não são preocupantes visto que se tratam apenas de
material de expediente e, às vezes, algumas peças de reposição, principalmente de
equipamentos de informática (hardware);

1.2 - Em créditos

A carteira de crédito dado a cooperados, essa sim deve ser muito bem lastreada
por cadastros bem elaborados e completos, de forma que ao se efetuar uma operação
de crédito, esta deve ser calçada informações precisas de cadastro, além de
atualizadas. Além disto, necessário se faz o processo conter garantias reais tais como
garantias hipotecárias, notas promissórias com avais de associados com bons históricos
de movimentação financeira e cujo desconto em folha de pagamento não ultrapasse os
30% do rendimento total.

Deve-se também ter como preocupação a estrutura dos passivos correntes


dos quais se destacam os depósitos, em geral, que devem ter um tratamento
especial, conforme vimos no capítulo anterior, sempre com a preocupação de
que os créditos, por empréstimos, efetuados, não ultrapassem o valor do
encaixe, atualizado, cuja manutenção se faz extremamente necessária.

1.3 - Relações Interdependentes

Estas demonstram o quanto de dinheiro arrecadado de terceiros a


cooperativa tem em mãos e deve ser responsabilidade desta, gerar recursos
suficientes para manutenção do encaixe imprescindível para proporcionar o
retorno desses valores a seus proprietários. Para tanto, as Obrigações por
Empréstimos, cuja capacidade de pagamento já foi analisada pela
administração da cooperativa antes de serem tomados, devem ainda ser
objetos de avaliação periódica sobre a consecução real dessa capacidade de
pagamentos, na operação do dia a dia da cooperativa, nunca esquecendo dos
valores que deverão ser disponibilizados para honrar os pagamentos de suas
prestações.

60
1.4 - Outras Obrigações

Inclui-se em Outras Obrigações, a Cobrança e Arrecadação de Tributos


caracterizando-se como uma conta com a qual se deve preocupar muito visto
que nela estão inseridos os tributos em geral a serem recolhidos pela
cooperativa e uma boa administração de tributos devidos gera um palco de
despreocupações futuras.

As demais contas, Obrigações Sociais e Estatutárias, Fiscais e


Previdenciárias, Diversas, todas têm as suas peculiaridades e tratamentos já
dado normalmente pela contabilidade.

Dessa forma, a adequada administração dos recursos de curto prazo na


estrutura financeira das cooperativas torna-se de suma importância para
viabilizar financeiramente os negócios. Contribui para a formação do retorno
econômico do investimento realizado, por meio da geração de valores para os
associados, em primeiro lugar e para todos os demais stakeholders (todos
aqueles envolvidos com a cooperativa, seus empregados, associados,
fornecedores, clientes externos, e demais pessoas, de alguma forma,
envolvidas com a instituição.).

Uma administração inadequada do capital de giro resulta normalmente


em sérios problemas financeiros, com falta de recursos para empregar nas
operações de crédito, na garantia dos níveis de crédito pré-aprovados como
cheques especiais e nos repasses devidos às empresas para as quais se
presta serviços de arrecadação.

Conforme já relatamos acima, os elementos de giro encontram-se no Ativo


Circulante e no Passivo Circulante e são assim formados:

O cálculo do Capital Circulante Líquido e Capital de Giro

Devemos alertar para o fato de que existem duas formas de calcular o Capital de
Giro, a saber:

a) Capital de Giro Líquido (CGL), também chamado de Capital Circulante Líquido


(CCL) que é a diferença entre o Ativo Circulante (AC) e o Passivo Circulante (PC), ou
matematicamente é igual à seguinte expressão:

CGL = CCL = AC – PC

61
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponibilidade Depósitos
Caixa Depósitos à Vista
Bancos Depósitos à Prazo
Títulos e Valores Mobiliários Outros Depósitos
Relações Interfinanceiras Relações Interdependentes
Operações de Crédito Obrigações por Empréstimos
(-) Oper. Cred. L. Duvidosa Outras Obrigações
Outros Créditos Cobrança e Arrec. Tributos
Outros Valores e Bens Sociais e Estatutárias
Bens não de uso próprio Fiscais e Previdenciárias
Almoxarifado Diversas
Despesas Antecipadas

Ilustração 6 - Contas envolvidas no cálculo do Capital de Giro Líquido

Com relação ao Capital de Giro Líquido (ou Capital Circulante Líquido), espera-se
ser o resultado da operação demonstrada anteriormente sempre positivo, mas em caso
de ser negativo, isto demonstra que a cooperativa tem compromissos com terceiros,
maiores do que os valores aplicados no Ativo Circulante.

b) Capital de Giro Próprio (CGP) ou simplesmente Capital de Giro (CDG) retrata a


diferença entre o Patrimônio Líquido Ajustado (PLA) e o Ativo Não Circulante (ANC),
deduzindo o Realizável a Longo Prazo (RLP). Com isto podemos dizer que o Capital de
Giro Próprio é exatamente o montante do capital próprio da cooperativa, não investido
em Imobilizações e não investido também em operações de longo prazo, mas
simplesmente reservado para as operações do Ativo Circulante.

Matematicamente o Capital de Giro Próprio é assim expresso:

CGP = CDG = PLA – (ANC – RLP)

Por dedução da fórmula acima, podemos dizer que se o resultado exprimir um


Capital de Giro negativo, isso pode representar necessidade da cooperativa se valer de
recursos de terceiros para bancar aplicações em imobilizações, pois esta absorveu todo
seu capital próprio e mais uma parcela de capital de terceiros e está em desacordo com
normas do Banco Central.

CONTAS CONTAS
Ativo não Circulante Patrimônio Líquido
Realizável a Longo Prazo Capital Social
Reservas de Lucros
Investimentos Sobras ou Perdas Acumuladas
Imobilizado Resultado do Exercício
Instalações, Móv., eqtos. Receitas
Outros Despesas
Intangível

Ilustração 7 – Contas envolvidas no cálculo do Capital de Giro

62
Observa-se que a diferença entre o Capital de Giro Próprio e o Capital Circulante
Líquido envolve o Realizável a Longo Prazo (parte do atual Ativo Não Circulante), se
houver. Caso este não exista, os dois se igualam (CDG = CCL).

2. Fontes operacionais de Capital de Giro Líquido

As fontes operacionais de Capital de Giro Líquido podem ou não ter custos


explícitos. Isto quer dizer que os depósitos à vista não são remunerados pela
cooperativa, só o são os depósitos a prazo, assim como também o capital próprio tem
sua remuneração expressa no estatuto da cooperativa em artigos onde se define o
quanto deverá ser remunerado o capital do associado ao cabo de cada exercício.

São, portanto, consideradas como fontes de Capital de Giro, todas as contas do


Passivo Circulante, além, é claro, das contas do Patrimônio Líquido. Entretanto, as
cooperativas, dependendo da demanda por crédito dos associados, podem não estarem
em condições de se financiarem apenas com as atividades operacionais e necessitam,
pois de Fontes Financeiras de Capital de Giro.

Estas fontes, em primeira instância e com uma taxa de juros sempre mais barata,
é representada pelos recursos disponibilizados pelo Banco ao qual a cooperativa está
vinculada e com a intermediação de sua Cooperativa Central. Esses recursos são
realmente mais acessíveis e com juros módicos para que a cooperativa se organize
financeiramente e também ofereça créditos a seus associados, além das condições
permitidas por seu Capital de Giro Próprio.

A necessidade de se tomar recursos para capital de giro deve ter uma avaliação
muito criteriosa e deve ainda ser objeto de um plano estratégico desenvolvido para cada
tipo de aplicação (dentro da mesma estratégia de créditos, ou seja, crédito objetivando
adiantamento do 13º salário aos empregados da empresa à qual a cooperativa está
vinculada; crédito para adiantamento de devolução de IRPF – Imposto de Renda Pessoa
Física; crédito para custeio de safra agrícola, dentre outras possibilidades a serem
exploradas pela Diretoria). Para tanto, um bom gerenciamento deve dar especial
enfoque e importância para as garantias de retorno desse dinheiro, pois ao tomá-lo
emprestado e utilizá-lo na aplicação definida, este poderá se tornar uma armadilha em
vez de solução, por conta de possíveis descasamentos entre os prazos de retorno e
pagamento.

Deve-se levar em consideração o prazo entre a tomada de empréstimo, junto ao


Banco e a efetiva oferta do crédito, o qual deve ser o menor possível. A melhor prática é
providenciar com antecedência os contratos e demais documentações necessárias ao
fornecimento de crédito, de forma que ao ser comunicada a liberação do empréstimo,
pela Cooperativa Central, a singular já faça imediatamente os créditos correspondentes,
nas conta de seus associados, cujos contratos já se encontram aprovados, a priori, pela
Comissão de Crédito.

63
ESTUDO DE CASO: A Cooperativa de Crédito “JUROS BAIXOS” apresentou ao
final de um período os seguintes valores em seu balancete patrimonial:
Balancete de Janeiro/X1 Balancete de Fevereiro/X1
CONTAS
Val. em R$ AV AH Val. em R$ AV AH
Ativo Circulante 9.864.394 93 100 11.755.205 95 19
Disponibilidade 2.888.247 27 100 3.476.031 28 20
Caixa 888.144 8 100 855.055 7 (4)
Bancos 2.000.103 19 100 2.620.976 21 31
Títulos e Valores Mobiliários 242.863 2 100 234.220 200 (4)
Relações Interfinanceiras 3.263.982 100 4.103.646 26
Operações de Crédito 1.585.696 15 100 1.893.579 15 19
(-) Oper. Cred. L. Duvidosa (126.856) (1) 100 (151.486) (1) 19
Outros Créditos 1.920.061 18 100 2.134.694 17 11
Outros Valores e Bens 90.401 1 100 64.521 1 (29)
Bens não de uso próprio 0 0 100 0 0
Almoxarifado 50.811 0 100 41.718 0 (18)
Despesas Antecipadas 39.589 0 100 22.803 0 (42)
SUBTOTAL 6.976.147 100 8.279.173 67 19

Ativo Não Circulante 690.392 654.231 (5)


Realizável a Longo Prazo
Investimentos 106.890 100 101.489 (5)
Imobilizado 583.503 6 100 552.742 4 (5)
Imobilizações em Curso 270.000 100 265.000 (2)
Instalações, Móv., Eqpt. 196.863 100 170.690 (13)
Outros 116.640 100 117.052 0
Intangível 0 100 0
TOTAL DO ATIVO 10.554.787 100 100 12.409.436 100 18

64
Balancete de Janeiro/X1 Balancete de Fevereiro/X1
CONTAS
Val. em R$ AV AH Val. em R$ AV AH
Passivo Circulante 9.021.978 85 100 10.762.095 87 19
Depósitos 8.188.468 78 100 9.746.049 79 19
Depósitos à Vista 7.961.236 75 100 9.522.092 77 20
Depósitos à Prazo 224.225 2 100 220.950 2 (1)
Outros Depósitos 3.007 3.007 0
Relações Interdependentes 252.716 2 100 256.920 2 2
Obrigações por Empréstimos 182.664 2 100 165.494 1 (9)
Outras Obrigações 398.130 4 100 593.632 5 49
Cobrança e Arrec. Tributos 3.577 0 100 3.178 0 (11)
Sociais e Estatutárias 0 0 100 0 0
Fiscais e Previdenciárias 53.007 1 100 90.171 1 70
Diversas 341.545 3 100 500.283 4 46
Passivo Não Circulante
Exigível a Longo Prazo 0 0 0 0 0 0

Patrimônio Líquido 1.532.808 15 100 1.647.341 13 7


Capital Social 885.964 8 100 895.539 7 1
Reservas de Lucros 0 0 100 0 0
Sobras/Prejuízos Acumulados 507.411 5 100 507.411 4 0
Resultado do Exercício 139.433 1 100 244.391 2 75
Receitas 983.293 9 100 1.234.337 10 26
Despesas 843.860 8 100 989.946 8 17
TOTALDO PASSIVO 10.554.787 100 100 12.409.436 100 18

Ilustração 8 – Exemplo de Balanço Patrimonial


Fonte dos dados informados: O Autor

NOTA: O Valor Principal dos Créditos, Retornados – VPCR no mês de janeiro/X1,


foi de R$ 326.107,00 (total das parcelas relativas ao principal, sem os juros) e no mês de
fevereiro/X1 e de R$ 389.425,00.

Com os valores encontrados através do balancete acima, pede-se:


1 – Calcular e analisar o Capital Circulante Líquido e o Capital de Giro Próprio;
2 – Informar se há alguma conta que pelo seu montante pode oferecer, no futuro,
algum problema ou risco.
3 – Considerando que a Diretoria da Cooperativa, em conjunto com o Conselho
de Administração resolveu adquirir um imóvel para sua sede própria, no valor de R$
880.000,00, quais as implicações daí decorrentes?

SOLUÇÃO PARA AS QUESTÕES APRESENTADAS:

Como primeira observação, denota-se que a cooperativa não tem nada registrado
no longo prazo. Dessa forma, vamos obter os seguintes resultados para o Capital de
Giro:

Respondendo à primeira questão têm-se os seguintes cálculos:

Cálculo do Capital de Giro Líquido ou Capital Circulante Líquido:

65
Mês de janeiro/X1:

CGL = CCL = AC – PC = 9.864.394 - 9.021.978 = 842.416

Mês de fevereiro/X1:

CGL = CCL= AC – PC = 11.755.205 – 10.762.095 = 993.110

Cálculo do Capital de Giro Próprio:

Mês de janeiro/X1:

CDG = PLA – (ANC – RLP) = 1.532.808 – 690.392 – 0 = 842.416

Mês de fevereiro/X1:

CDG = PLA – (ANC – RLP) = 1.647.341 – 654.231 – 0 = 993.110

Fica, portanto, patente que o CGL e o CDG são iguais tendo em vista a ausência
de atividades operacionais de longo prazo.

Respondendo à segunda questão e apenas com uma rápida olhada nas contas
do Ativo e do Passivo circulantes, tem-se o seguinte:

1 – Ao se efetuar a soma do Capital de Giro Próprio (calculado acima) com os


depósitos a prazo, do exercício de janeiro/X1 (da Ilustração VIII), tem-se um montante
de R$ 1.066.641. Este valor representa tão somente 13,40 % do total de depósitos a
vista (contidos na mesma Ilustração).

Todos os outros valores estão, portanto, comprometidos. Faz-se, então uma


análise bastante acurada da exigibilidade dos depósitos à vista, conforme tratado em
capítulo anterior, calculando o percentual da relação encaixes/depósitos. Com isso
torna-se possível verificar as condições de uso, ou não, de parte do montante do capital
de giro ainda existente.

Certamente o resultado desse cálculo vai demonstrar a impossibilidade da


cooperativa em continuar expondo sua carteira ao risco, pelo pressuposto de que possa
haver aumento de exigibilidade dos depósitos à vista. Decorrente disto, a cooperativa
não terá dinheiro suficiente para atender a uma demanda por liquidez (por moeda)
crescente.

Para obtenção dessa relação encaixe/depósitos, torna-se preciso calcular,


inicialmente, o valor do encaixe (disponibilidade) necessário, o qual é efetuado
multiplicando-se o percentual dos saques realizados, no período, pelo valor total dos
depósitos à vista existentes na ocasião em que se estiver efetuando o referido cálculo
(Ver Capítulo IV).

Encaixe (Disponível) necessário = % de saques x depósitos à vista.


66
A equação acima leva em conta que as demais exigências de disponibilidade
serão calculadas em separado e com a mesma formulação.

2 – Deve ser analisado o Prazo Médio de Retorno da carteira de créditos e a


manutenção deste, em uma média de tempo tido como relativamente curto,
proporcionará maior rotatividade para o Capital de Giro Líquido ou Capital Circulante
Líquido. Essa medida proporcionará ainda o aumento do giro dos créditos, ou seja, a
possibilidade de concessão de novos créditos com menor tempo de retorno (menores
prazos), a fim de poder atender a um número maior de aplicações nessa carteira. Com
essa prática, proporciona-se um risco menor com retorno mais rápido.

3 – A cooperativa está precisando estimular os depósitos a prazo com campanhas


internas de modo a ter disponibilidades de recursos com maiores prazos de retorno.

Quanto a terceira questão, fica demonstrado que ao imobilizar mais uma parte do
capital próprio, a Diretoria estará reduzindo ainda mais o seu Capital de Giro Próprio,
passando dos atuais R$ 993.110, para (R$ 993.110 – R$ 880.000,00 = R$ 113.110) um
valor muito pequeno para o porte da cooperativa e isto estará colocando em maior risco
ainda a possibilidade da cooperativa não ter como cumprir suas obrigações com a
demanda de moeda para fins transacionais, de seus cooperados.

Como a cooperativa tem mais de R$ 9 milhões em depósitos à vista, fica fácil de


imaginar o que ocorrerá na seqüência, caso esses depósitos venham ser exigidos por
alguma desconfiança.

Dessa forma, a Diretoria dever, em curto prazo, procurar formas de aporte de


recursos, preferencialmente próprios ou de terceiros caso seja tomado em longo prazo e
com alguma carência para se iniciar pagamento das parcelas, somente após essas
medidas poderá pensar em executar seus planos de imobilização, no curto prazo.

Para melhor embasamento, calcula-se, conforme exposto no capítulo III, o prazo


médio do retorno da carteira de crédito, da seguinte maneira:

Prazo Médio de Retorno do Crédito (PMRC) =


= Operações de Crédito x 30 dias/Receitas de Crédito

Ou seja,

Período janeiro/X1:

PMRC = (1.585.696 x 30)/ 260.037

= 47.570.880 / 260.037

= 183 dias

Transformando em meses = 183 / 30


67
= 6 meses e três dias.

Período fevereiro/X1:

PMRC = (1.893.579 X 30)/ 389.425 = 56.807.370/ 389.425

= 146 dias

Transformando em meses = 146/ 30

= 4 meses e 26 dias

Para ter uma idéia média de como fazer para se ter um valor médio de retorno por
período, faz-se o seguinte:

Período janeiro/X1:

Operações de Crédito / meses necessários para retorno do montante =

= 1.585.696 / 6 = 264.282,67 (valor médio do retorno por mês).

Ou seja, o retorno possível da carteira, no Período X1 é da ordem de R$ 264 mil


por mês.

Período fevereiro/X1:

Operações de Crédito / meses necessários para retorno do montante =

= 1.893.579 / 5 (semelhante a 4 meses e 26 dias)

= 378.515,80 (valor médio do retorno por mês).

Portanto, este último é o valor que a Diretoria pode contar como retorno médio por
mês, nas condições dos contratos atuais, salientando as medidas já tomadas para
redução do prazo de retorno.

Para redução ainda maior do retorno dos valores em carteira, há necessidade de


se continuar a oferecer contratos de menor tempo, 90 dias, por exemplo.

68
CAPÍTULO VI – ANÁLISE DAS NECESIDADES LÍQUIDAS DE CAPITAL DE GIRO

1. Dimensionamento do Capital Circulante Líquido ou Capital de Giro Líquido

Outra coisa muito importante a ser considerada é o dimensionamento do Capital


de Giro Líquido (CGL ou CCL), para o sucesso dos negócios uma vez que a tomada de
crédito de terceiros vai ainda influenciar diretamente na liquidez e na rentabilidade da
cooperativa.

O volume do Capital de Giro Líquido dimensionado deve ser determinado,


levando-se em consideração diversas variáveis, tais como:
- Montante da Carteira de Crédito,
- Prazos operacionais (retornos) inerentes ao principal negócio da cooperativa,
- Políticas de crédito bem definidas e ajustadas à classe econômica de
associados da cooperativa,
- Sazonalidades da demanda por créditos,

69
- Fatores cíclicos da economia,
- Políticas praticadas pela rede bancária,
- Outros fatores que possam influenciar no volume do Capital de Giro Líquido.

Dessa forma o melhor e mais eficiente indicador que permite de maneira mais
fácil conhecer e avaliar a estrutura financeira da cooperativa, no Curto Prazo, é mais
conhecido por Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLDCG).

Algumas considerações a serem feitas com relação ao Capital de Giro Líquido


(CGL) ou Capital Circulante Líquido (CCL):
Operações de aumento do CGL:
- Lucros apurados com a operação da cooperativa;
- Aumento do Capital por novos aportes dos associados;
- Empréstimos obtidos com melhores prazos de pagamento;
- Vendas de bens do Ativo Permanente;
- Transformação parte do Ativo não Circulante (Realizável a Longo Prazo) em
Ativo Circulante, ou seja, convertendo os resultados antes esperados para longo prazo,
em curto prazo.

Operações para redução do CGL :


- Distribuição de dividendos;
- Investimentos em ativos permanentes;
- Antecipação de pagamentos de longo prazo;
- Transformação do Passivo não Circulante (Exigível em longo prazo) em Passivo
Circulante, ou seja, em curto prazo.

2. Reclassificação do Balanço (ou Balancete)

Para obtermos uma análise mais conclusiva da capacidade operacional da


empresa, efetua-se uma separação das contas ligadas diretamente ao processo
produtivo da cooperativa (produção de serviços financeiros) das contas com
disponibilidade efetiva, no lado do Ativo e dos valores tomados de terceiros ou de
sócios, e aquelas que podemos chamá-las de “as Outras Contas”.

Com isso obteremos a seguinte Reclassificação do Balanço (ou do Balancete)


Patrimonial:

70
RECLASSIFICAÇÃODOATIVO março X 0 abril X 0

111 - Associados - Créditos a Receber 2.438.547 2.354.012 Contas ligadas


112 - (-) Provisão para Crédito de L. Duvidosa (24.292) (47.212) diretamente ao
113 - Outros Créditos 1.920.062 2.134.694
114 - Outros Valores e Bens: 90.400 64.521
processo
- Bens não de uso próprio 0 0 produtivo da
- Estoques 50.811 41.718 cooperativa.
- Despesas Antecipadas 39.589 22.803
110 - Aplic. De Capital de Giro (111 a 116) 4.424.717 4.506.015
121 - Disponibilidades 1.888.247 2.476.031
122 - Relações Interfinanceiras 1.137.126 2.057.685
123 - Títulos e Valores Mobiliários 242.863 234.220 Valores
120 - Outras Contas do Ativo Circulante 3.268.236 4.767.936 disponíveis
131 - Realizável a Longo Prazo
132 - Investimentos
133 - Imobilizado
134 - Intangível Outras contas
130 - Ativo Não Circulante 470.392 434.232
TOTALDOATIVO 8.163.345 9.708.183

RECASSIFICAÇÃODOPASSIVO março X 0 abril X 0

141- Depósitos 6.227.497 7.698.323


Contas ligadas
142- Relações Interdependentes 242.567 261.009
144- Outras Obrigações 401.674 696.368 diretamente ao
Cobranças e Arrecadação de Tributos 3.415 50.028 processo produtivo
Sociais e Estatutárias 0 0 cooperativa.
Fiscais e Previdenciárias 49.033 68.746
Diversas 349.226 577.594
140 - Fontes de CDG(141 a 145) 6.871.738 8.655.700
151- Adiantamento de Sócios 0 0
152- Obrigações por Empréstimos - Emprésti-
mos e demais contas a pagar (até 360 dias) 147.912 156.944 Outros Valores de
150 - Outras Contas doPassivoCirculante 147.912 156.944 terceiros
161- Exigível a Longo Prazo
160 - Passivo NãoCirculante 0 0
171- Sobras e Perda Acumuladas 201.164 199.534 Longo Prazo
172- Resultado do Exercício 56.567 150.083
175- Capital 885.964 895.539
170 - PatrimonioLíquido(Recursos Próprios) 1.143.695 1.245.156 Patrimônio
TOTALDOPASSIVO 8.163.345 9.708.183
Líquido
contas
Ilustração 9 – RECLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO (OU DO BALANCETE)
Fonte dos valores apontados: O Autor

Com essa reclassificação, podemos calcular, com maior facilidade, as variáveis-


chaves para análise financeira da cooperativa, a saber:

3) Cálculo da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG):

NLCG = Aplicações de Capital de Giro (-) Fontes de Capital de Giro (Terceiros)

71
Faz-se observar, no cálculo da Necessidade Líquida de Capital de Giro, a
indicação da necessidade de cobertura total de recursos de terceiros, pela geração de
novos recursos próprios através da atividade operacional, pelo incremento na
capitalização ou ainda pela obtenção de resultados positivos.

Por outro lado, há de se considerar que parte dos depósitos a prazo e à vista, é
utilizada na operação com créditos. Dessa forma, uma Necessidade Líquida (premente)
de Capital de Giro (NLCG), teria que descontar essa parcela.

Período março X0:

NLCG = 4.424.717 – 6.646.810 = -2.222.093

A cooperativa está trabalhando com uma Necessidade Líquida de Capital de Giro


– NLCG, da ordem de R$ 2,2 milhões. Observa-se que neste cálculo não se levou em
consideração o volume de recursos de depósitos, com os quais se está trabalhando.

Fatores positivos:

- Aplicações em Capital de Giro e parte dos depostos utilizados na


operacionalização da atividade fim da cooperativa.

Fatores negativos:

- Fontes de Capital de Giro, as quais devem ser cobertas visto que se referem a
capital de terceiros na cooperativa e uma possível corrida, dos associados, para se obter
liquidez dos seus depósitos.

Período abril X0:

NLCG = 4.506.015 – 8.288.777 = -3.782.762

A cooperativa está trabalhando com uma Necessidade Líquida de Capital de Giro


– NLCG, da ordem de R$ 3,8 milhões. Nesse contexto, não se considerou a parcela dos
depósitos disponíveis para utilização na atividade fim da cooperativa.

Essa necessidade de capital de giro se deve como pode ser observado, pela
composição da formulação, ao aumento do capital de terceiro e utilização do mesmo.
Não é uma coisa ruim, pois o capital de terceiro ao qual não se paga juros
(exemplificando: depósitos à vista e arrecadação de valores, com float para pagamento),
constitui-se em uma fonte de recurso barato, necessitando, entretanto, de muito
controle.

Fatores positivos:

72
- Aplicações em Capital de Giro com aumento do volume de depósitos indicando
grande confiança dos cooperados em sua cooperativa.

Fatores negativos:

- Fontes de Capital de Giro aumentadas requerendo mais controle e mais


dedicação dos gestores à observação do comportamento de seus associados, buscando
a todo momento, manter essa credibilidade existente.

Com o resultado do exercício acima (abril X 0), observa-se a utilização, pela


cooperativa, cada vez mais, de recursos oriundos de terceiros. Com a pequena redução
do Ativo Não Circulante, implica a existência de algum controle sobre o mesmo, pela
Diretoria. O que realmente vem aumentando é a participação do capital de terceiros, no
processo de oferta de créditos pela cooperativa. Por outro lado preocupa muito a
redução dos Recursos Próprios. Isto não é ainda de todo ruim se os valores utilizados
não tiverem incidência de juros, ou se pelo menos permitem um spread vantajoso.

Entretanto, há necessidade de se ter um bom controle sobre a exigência de


encaixes financeiros para fazer face a liquidez e honrar os pagamentos que se fizerem
necessários. Além disso, está na hora de se fazer nova chamada de capital e dar
continuidade à redução gradativa das concessões efetuadas a título de Outros Créditos.

4) Cálculo da Tesouraria.

Utilizando ainda as informações do Balancete (ou do Balanço) reclassificado,


podemos calcular como estão os recursos existentes em Tesouraria:

T (Tesouraria) = Outras Contas do Ativo Circulante (-) Outras Contas do Passivo


Circulante

Ou seja,

Período março X0:

T = 3.268.236 – 182.664 = 3.085.572

Período abril X0:


T = 4.767.936 – 165.494,00 = 4.602.442

A princípio, a tesouraria cobre tranquilamente a necessidade de capital de giro,


cobrindo ainda a disponibilidade de valores para atender outros compromissos como,
folha de pagamento, pequenas compras de material de escritório necessárias para o dia
a dia, pequenas manutenções de máquinas e equipamento, dentre outras necessidades
de liquidez.

Os valores líquidos apresentados em Tesouraria não dão margem a se conceder


financiamentos ou empréstimos de grandes valores e a muitos cooperados devido à

73
formação da Tesouraria ter como componente maior a Conta Relações Interfinanceiras,
indicando um pequeno descompasso de liquidez, devendo ser regularizado.

Em uma análise mais acurada da Tesouraria (T), observa-se o seguinte:

Aos valores acima, subtrai-se o montante das “Relações Interfinanceiras”, para se


ter idéia do montante de recursos de terceiros, empregados em empréstimos /
financiamentos e que podem ser cobertos, de imediato.

“T” para Cobertura de recursos de terceiros = Tesouraria – Relações


Interfinanceiras

Período março X0:

“T” para Cobertura de recursos de terceiros = 3.085.572 – 1.137.126 = 1.948.446

Período abril (X0):

“T” para Cobertura de recursos de terceiros = 4.602.442 – 2.057.685 = 2.544.757

Dessa forma a Tesouraria tem mantido, para fazer face a outras necessidades de
liquidez exigida para diversas obrigações, os recursos acima, apresentados a seguir em
percentuais:

“T” para Cobertura de recursos de terceiros (em %) = “T”


Fontes de CDG
Período março (X0):

“T” para Cobertura de recursos de terceiros (em %) = 1.948.446,00 =


6.622.049,00
= 0,2942 ou, 29,42%.

Período abril X0:

“T” para Cobertura de recursos de terceiros (em %) = 2.544.757,00 =


8.288.777,00
= 0,3070 ou 30,7%

Essa cooperativa está mantendo uma situação de Tesouraria não muito


confortável com apenas cerca de 30 % de recursos para fazer face à necessidade de
liquidez imediata de depósitos, por exemplo. Na verdade, é possível trabalhar dessa
maneira, um tanto apertado em relação a controles, pois o administrador está contando
que deverá ter sempre em volume de depósitos o montante de recursos necessários
para atender à liquidez requerida no mês.

O pequeno aumento de percentual experimentado é resultante de boas medidas


tomadas pela Diretoria. Essa relação, entretanto, deve ser monitorada e aumentada até
um percentual no qual não se vislumbra instância de risco.
74
5) Cálculo do Capital de Giro - CDG.

O cálculo do Capital de Giro (CDG) representa o quanto do capital próprio supera


o valor aplicado em imobilizações e o volume de negócios a serem liquidados no Longo
Prazo. Ressaltando-se, mais uma vez que o Banco Central do Brasil – BCB delimita uma
aplicação máxima de 50 % do Patrimônio Líquido Ajustado – PLA. Esta recomendação
de limite para as imobilizações é plenamente justificável visto ser a mercadoria ou
produto de venda de uma instituição financeira ser o dinheiro líquido e não em aquisição
de bens. Desta forma, quanto mais se imobiliza, menos dinheiro se tem para aplicar em
créditos.

Há ainda a possibilidade de a instituição estar trabalhando com um volume muito


grande de capital de terceiros a ponto de comprometimento do Ativo Circulante e todo
ou parte do Ativo Permanente. Nesse ponto, a instituição já deverá estar notificada pelo
Banco Central pelo não cumprimento da relação PL/AP.

A seguir, gráfico que representa a relação normal que define o Capital de Giro.

ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE

PASSIVO NÃO
CIRCULANTE

Capital de Giro

ATIVO NÃO PATRIMÔNIO


CIRCULANTE LÍQUIDO
Real. a L. Prazo
Investimentos
Imobilizado
Intangível

Ilustração 10 – DEMONSTRAÇÃO GRÁFICA DO BALANÇO PATRIMONIAL


Fonte: Alterações propostas pela Lei 11.638/07 e MP 449/08 à Lei 6.404/76.

CDG = Patrimônio Líquido (PL) – Ativo Não Circulante (ANC) – Realizável a


Longo Prazo (RLP).

O Capital de Giro Próprio é um valor que a cooperativa, ou qualquer empresa


deve ter para fazer face às operações do dia a dia. Caso não o tenha, ou o que tem é
insuficiente à demanda por dinheiro, deve apelar para financiamentos de Capital de Giro,
de forma que, não tendo o capital de giro próprio, tenha pelo menos o Capital de
Circulante Liquido ou Capital de Giro Líquido.
75
Considerando os dados da Ilustração IX – Reclassificação do Balanço (ou do
Balancete), pode-se calcular o valor do Capital de Giro, nessa cooperativa, nos dois
períodos evidenciados.

Período março X0:

CDG = 1.358.632,00 – 470.392,00 – 0 = 888.240,00

% que o CGD representa do PLA = CDG x 100


PLA

% do ANC sem o RLP, em relação ao PLA = 888.240,00 x 100 = 0,6538 x 100 =


1.358.632,00

= 65,38 %.

Período abril X0:

CDG = 1.253.912,00 – 434.232,00 – 0 = 819.680,00

% que o CDG representa do PLA = CDG x 100


PLA

% do ANC sem o RLP, em relação ao PLA = 819.680,00 x 100 = 0,6537 x 100 =


1.253.912,00

= 65,37 %.

Esta cooperativa está mantendo um percentual muito bom de Capital de Giro


Próprio, implicando dizer que não está imobilizando em excesso.

ESTUDO DE CASO – A Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos


Hortifrutigranjeiros do Vale do Rio das Hortas, após um determinado período
de funcionamento, apresentou o seguinte Balancete mensal:

ATIVO

76
Balancete de março de X0 Balancete de abril de X1
CONTAS
Val. em R$ AV AH Val. em R$ AV AH
Ativo Circulante 7.292.953 94 100 8.873.951 95 22
Disponibilidade 1.888.247 25 100 2.476.031 27 31
Caixa 888.144 12 100 855.055 9 (4)
Bancos 1.000.103 13 100 1.620.976 17 62
Títulos e Valores Mobiliários 242.863 3 100 234.220 200 (4)
Relações Interfinanceiras 1.137.126 100 2.057.685 81
Operações de Crédito 2.038.547 27 100 1.954.012 21 (4)
(-) Oper. Cred. L. Duvidosa (24.292) (0) 100 (47.212) (1) 94
Outros Créditos 1.920.061 25 100 2.134.694 23 11
Outros Valores e Bens 90.401 1 100 64.521 1 (29)
Bens não de uso próprio 0 0 100 0 0
Almoxarifado 50.811 1 100 41.718 0 (18)
Despesas Antecipadas 39.589 1 100 22.803 0 (42)
SUBTOTAL 5.404.706 100 6.397.920 69 18

Ativo Não Circulante 470.392 434.232


Realizável a Longo Prazo 0 0
Investimentos 191.458 100 148.459 (22)
Imobilizado 278.934 4 100 285.773 3 2
Imobilizações em Curso 0 100 0
Instalações, Móv., Eqpt. 162.295 100 168.721 4
Outros 116.640 100 117.052 0
Intangível 0 100 0
TOTAL DO ATIVO 7.763.346 101 100 9.308.183 100 20

Ilustração 11 – Balancete patrimonial em dois períodos seguidos.


Fonte dos valores utilizados: O Autor

PASSIVO

77
Balancete de março de X0 Balancete de abril de X1
CONTAS
Val. em R$ AV AH Val. em R$ AV AH
Passivo Circulante 6.619.650 85 100 8.063.027 87 22
Depósitos 5.786.140 75 100 7.046.981 76 22
Depósitos à Vista 5.558.909 72 100 6.823.024 73 23
Depósitos à Prazo 224.225 3 100 220.950 2 (1)
Outros Depósitos 3.007 100 3.007 0
Relações Interdependentes 252.716 3 100 256.920 3 2
Obrigações por Empréstimos 182.664 2 100 165.494 2 (9)
Outras Obrigações 398.130 5 100 593.632 6 49
Cobrança e Arrec. Tributos 3.577 0 100 3.178 0 (11)
Sociais e Estatutárias 0 0 100 0 0
Fiscais e Previdenciárias 53.007 1 100 90.171 1 70
Diversas 341.545 4 100 500.283 5 46

Passivo Não Circulante 0 0 0 0 0 (100)


Exigível a Longo Prazo 0 0 0 0 0 (100)

Patrimônio Líquido 1.143.695 15 100 1.245.155 13 9


Capital Social 885.964 11 100 895.539 10 1
Reservas de Lucros 0 0 100 0 0
Ajuste de Avaliação Patrimonial 201.164 3 100 199.534 2 (1)
Resultado do Exercício 56.567 1 100 150.083 2 165
Receitas 900.427 12 100 1.524.937 16 69
Despesas 843.860 11 100 1.374.854 15 63
TOTALDO PASSIVO 7.763.346 100 100 9.308.183 100 20

Ilustração 11 - A – Balancete patrimonial em dois períodos seguidos.


Fonte dos valores utilizados: O Autor

Com os dados do Balancete acima, pede-se um breve comentário sobre a


situação atual da cooperativa e suas condições para dar continuidade às suas
atividades, mediante os cálculos abaixo:
1) Calcular o Patrimônio Líquido Exigível para essa cooperativa;
2) Levantar os Índices Econômicos;
3) Fazer a Análise Vertical e Horizontal das contas;
4) Elaborar a análise das Necessidades de Capital de Giro, efetuando a
reclassificação do Balancete;
5) Analisar a disponibilidade de Capital de Giro.

DESENVOLVIMENTO:

1) Com relação a questão 1, vale ressaltar quais as contas que compõem o fator
de risco:
- Disponibilidades;
- Relações Interfinanceiras;
- Operações de Crédito;
- Provisão para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa;
- Outros Créditos e
- Outros Valores e Bens.

78
Sabe-se também, conforme informado anteriormente que o Fator de APR é
definido pelo Banco Central do Brasil em 11 %.

Dessa forma já temos as informações necessárias para os cálculos que


sintetizaremos no quadro abaixo:

CÁLCULO PRE E EXIGÊNCIA DE CAPITAL Março X0 Abril Xo


1 - Total de Fator de Risco 7.292.953 8.873.951
2 - Patrimônio Liquido Ajustado - PLA 1.143.695 1.245.155
3 - Indice do Ativo Ponderado de Risco-APRatual (1 / 2) 6 7
4 - Fator do Ativo Ponderado de Risco - APR 0,11 0,11
5 - Patrimonio de Referêcia Exigido ( 1 X 4 ) 802.225 976.135
6 - Exigência de Capital - EC ( 2 - 5 ) 341.470 269.020
CÁLCULODA IMOBILIZAÇÃO
7 - Ativo Não Circulante (ANC) - Realizável a Longo
Prazo - RLP 470.392 434.232
7.1 - Participação (ANC-RLP)/PLA (%) 41 35

Ilustração 12 – Cálculo do PRE, da Exigência de Capital e das Imobilizações


Efetuadas (Capítulo III).

Comentários:

A cooperativa em questão tem um Patrimônio Líquido Ajustado – PLA maior do


que o Patrimônio de Referência Exigido – PRE em:

- Período março de X0;

PLA = 1.143.695 x 100 = 142,57%


PRE 802.225

- Período abril deX0;

PLA = 1.245.155 x 100 = 127,56%


PRE 976.135

Ou seja, o PLA excede o PRE em 42,57%, no primeiro período e 27,56% no


segundo período. O aumento do Patrimônio de Referência Exigido deve-se
sobremaneira ao aumento do volume dos depósitos à vista. O importante é que a
cooperativa tem um PRE positivo e está cobrindo grande parte do total de risco.

2) Para os cálculos dos indicadores econômicos, será feito uso das fórmulas
utilizadas, cujos resultados serão apresentados de forma sintetizada, no quadro abaixo:

79
Dentre os dados necessários para obtenção dos resultados, destaca-se a
necessidade de lembrar que a participação de capital de terceiro se localiza no Passivo
Circulante. A cooperativa não tendo valores de Longo Prazo, a nossa análise se
restringe ao Curto Prazo.

Índices: FÓRMULAS Março X 0 Abril X 0


1) Participação do Capital de Terceiros - =
Endividamento - Curto Prazo = CT/PLx100 (%) 578,80 647,55
2) Imobilizações = (ANC-RLP)/PLx100 (%) 41,13 34,87
3) Liquidez Corrente = AC/PC 1,10 1,10
4) Liquides Seca = (AC-E)/PC 1,09 1,10
5) MargemOperac. Líquida - MOL = LL/ RECEITAS (%) 6,28 9,84
6) Lucro sobre Patrimônio Líquido = LL/ PL(%) 4,95 12,05
7) Giro sobre o Ativo = Receitas/Ativo 0,12 0,16
8) Retorno sobre o Ativo = MOLxGiro do Ativo 0,73 1,61
9) PMRV-Prazo Médio Recebimento = Operações de Crédito x30 dias /
de Créditos = / Receitas 68 38
10) PMPC-Prazo Médio dos Depósitos = Depósitos x30 dias / Contas
= Realizáveis a Curto Prazo 32 33

Ilustração 13 – Indicadores Econômicos e Financeiros

Legenda da Ilustração acima:

CT = Capital de Terceiros
PL = Patrimônio Líquido
ANC-RLP = Ativo Não Circulante menos Realizável a Longo Prazo
AC = Ativo Circulante
PC = Passivo Circulante
AC-E = Ativo Circulante menos Estoque
LL = Lucro Líquido
MOL = Margem Operacional Líquida

Comentários:

- Com relação ao Capital de Terceiros, ou seja, o endividamento da cooperativa


vale ressaltar que os depósitos, apesar de serem efetuados por associados, tratam-se
de obrigações da cooperativa para com estes e isto caracteriza, portanto, a existência de
operacionalização com capital de terceiro, da ordem de 600% em relação aos recursos
próprios existentes.

Esse percentual indica também grande confiança depositada pelos cooperados,


na sua cooperativa e em sua administração o que pesa ainda mais a responsabilidade
de seus dirigentes em manter essa relação em estrito controle.

- Quanto às imobilizações, a cooperativa vem mantendo-se dentro do índice


desejado, inferior a 50% do Patrimônio Líquido Ajustado.

80
- O Índice de Liquidez Corrente aponta que a cooperativa tem R$ 1,10 para cada
R$ 1,00 de obrigações com terceiros no Curto Prazo.

- O Índice de Liquidez Seca, por se tratar de uma instituição financeira, o valor do


Estoque pouco representa, pois é composto, quase que exclusivamente, de material
para escritório. Em vistas disso, não difere muito do Índice de Liquidez Corrente.

- Considerando o trabalho com um balancete, refletir a análise do resultado de um


mês, considera-se razoável a Margem Operacional Líquida e Lucro sobre o Patrimônio
Líquido, uma vez que do período “Março de X0” para o período “Abril de X0”, houve a
preocupação da administração da cooperativa com a maximização da lucratividade, cujo
resultado de Margem obtida, foi bastante eficiente.

- A combinação da Margem Operacional Líquida com o Giro sobre o Ativo,


produzindo o Retorno sobre o Ativo - RSA, este último também chamado de Retorno
sobre Investimentos (RSI) ou Return on Investiment (ROI), demonstra que a cooperativa
está no caminho certo. Para tanto basta observar a obtenção, no último período, de um
retorno sobre os investimentos efetuados, de 1,61% do valor das Aplicações de
Recursos efetuadas até então.

- Os créditos tiveram retornos reduzidos da média de 68 dias para 38 dias,


aumentando giro do negócio.

- Os compromissos no Curto Prazo, tiveram uma variação de 32 para 33 dias e


podem ser melhorados incentivando aos cooperados efetuarem depósitos com prazos
maiores, bastando para isto a apresentação de um plano com incentivos para essa
prática.

3) Análise Horizontal e Vertical do Balancete.

Esta análise é feita considerando o período inicial como base e calculando,


percentualmente, quanto foi a variação em relação ao período seguinte, a saber,
conforme ilustração abaixo:

Análise:

3.1 – Vertical – Maiores variações obtidas:

Conta % em março X0 % em abril X0 Diferença


Operações de Crédito 26 21 -5
Disponibilidades 24 27 +3
Outros Créditos 25 23 -2
Relações Interfinanceiras 15 22 +7

Essa análise mostra que as maiores concentrações aplicados de recursos estão


no ativo circulante, e isto é o realmente esperado. Esses recursos estão ainda muito
bem distribuídos e trabalhados, uma vez que, de um período para outro, fica patente
certa constância nas aplicações. Entretanto, de forma um pouco preocupante, vê-se que
81
a principal atividade rentável da cooperativa está em redução e a disponibilidade em
aumento, portanto, tornar líquido o dinheiro será uma coisa boa apenas se a
administração se contentar com o rendimento da centralização do dinheiro, pois a
maximização dos lucros só ocorrerá com aplicação de recursos em atividades
operacionais.

Há, no entanto, necessidade de verificar se a redução do montante das


operações de créditos foi uma atividade programada ou se se trata de redução da
demanda por crédito. Pela análise se depara com recursos em disponibilidades que
podem ser aproveitados para as atividades de créditos, mas é necessário saber se a
Diretoria não lhe está reservando outra destinação.

3.2 – Horizontal – Variações obtidas:

Conta % de Variação de março p/abril Xo


Operações de Crédito c/Liquidação Duvidosa +94
Relações Interfinanceiras +81
Bancos +62
Intangível -44
Despesas Antecipadas -42

Das contas acima, a única variação não muito bem vinda é o crescimento do valor
da conta de provisionamento para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa.
Com o crescimento da carteira é de se esperar que isto aconteça em valor absoluto,
mas não é interessante o crescimento em percentual.

Os dados apurados indicam ainda uma redução na conta Operações de Crédito e


uma redução concomitante do volume de recursos aplicados na conta Outros Créditos o
que pode significar medidas tomadas pela Diretoria para conter o aumento exacerbado
da conta de Provisão para Operações de Crédito com Liquidação Duvidosa.

Esse fato requer uma demanda de pesquisas acerca de acontecimentos que


estão motivando o aumento da inadimplência dos associados e esta deve ser trabalhada
com urgência, no sentido da recuperação dos créditos em inadimplemento.

Direcionando agora o enfoque para a Análise Vertical e Horizontal do Passivo:

82
Balancete de março de X0 Balancete de abril de X0
CONTAS
Val. em R$ AV AH Val. em R$ AV AH
Passivo Circulante 6.619.651 85 100 8.063.027 87 22
Depósitos 5.786.140 75 100 7.046.981 76 22
Depósitos à Vista 5.558.909 72 100 6.823.024 73 23
Depósitos à Prazo 224.225 3 100 220.950 2 (1)
Outros Depósitos 3.007 100 3.007 0
Relações Interdependentes 252.716 3 100 256.920 3 2
Obrigações por Empréstimos 182.664 2 100 165.494 2 (9)
Outras Obrigações 398.130 5 100 593.632 6 49
Cobrança e Arrec. Tributos 3.577 0 100 3.178 0 (11)
Sociais e Estatutárias 0 0 100 0 0
Fiscais e Previdenciárias 53.007 1 100 90.171 1 70
Diversas 341.546 4 100 500.283 5 46

Passivo Não Exigível 0 0 0 0 0 0


Exigível a Longo Prazo 0 0 0 0 0 0

Patrimônio Líquido 1.143.695 15 100 1.245.155 13 9


Capital Social 885.964 11 100 895.539 10 1
Reservas de Lucros 0 0 100 0 0
Sobras Acumuladas 201.164 3 100 199.534 2 (1)
Resultado do Exercício 56.567 1 100 150.083 2 165
Receitas 900.427 12 100 1.524.937 16 69
Despesas 843.860 11 100 1.374.854 15 63
TOTALDO PASSIVO 7.763.346 100 100 9.308.183 100 20

Ilustração 11 – A – Balancete – Parte Passivo (REPETIÇÃO DA ILUSTRAÇÃO)


Fonte dos valores utilizados: O Autor

3.3 – Análise Vertical – Maiores variações obtidas:

Conta % em março X0 % em abril X1 Diferença


Depósitos à Vista 72 73 +1
Capital Social 11 10 -1

Apresentamos aqui, duas contas com resultados relevantes. A análise destas,


mostra ser o montante dos depósitos à vista bastante expressivo, denotando ainda uma
grande segurança no empreendimento por parte dos associados. Necessidade há de se
efetuar um estudo para verificação da possibilidade de reversão de uma parte, pelo
menos, desses depósitos à vista em depósitos a prazo, objetivando oferecer uma maior
tranqüilidade operacional desse montante de recursos aplicados no Ativo Circulante, sob
diversas formas. Por outro lado, apesar do risco de trabalhar com um volume expressivo
de depósitos à vista, a rentabilidade também é maior por se tratar de aplicação de
recursos sem nenhum custo, em atividade rentável como o crédito.

Mesmo nas boas condições com que se depara a cooperativa, nunca se deve
esquecer da necessidade de se ficar amiúde, calculando e observando as tendências da
demanda de recursos líquidos para fins transacionais, por parte dos associados.

83
O Capital Social teve um aumento inferior ao dos Depósitos à vista e isto motivou
uma redução de sua representatividade, no contexto geral do Passivo.

Um aumento crescente dos Depósitos à vista demonstra a existência de recursos


sem aplicação ainda definida, na posse dos associados e, nesse caso, recomenda-se a
utilização de programas de capitalização voluntária, objetivando a aplicação desses
recursos líquidos em mais longo prazo, pela capitalização.

3.4 – Análise Horizontal – Variações obtidas:

Conta % de Variação de março/X0 p/abril/X0


Resultado do Exercício +165
Fiscais e Previdenciárias +70
Diversas +46
Cobrança e Arrecadação de Tributos -11
Obrigações por Empréstimos -9

Um bom destaque, não observado na Análise Vertical, tendo em vista o aumento


quase que proporcional do Passivo Total, foi o Resultado do Exercício com um
crescimento de 165 %, no período.

Seguem-se as contas de Obrigações Fiscais e Previdenciárias bem como as


Obrigações Diversas, que pela própria aglutinação de outras contas em seu bojo, deve-
se verificar seus detalhamentos e causas dessas variações, com a Contabilidade da
cooperativa e/ou em seu Departamento de Pessoal. A princípio suspeita-se de aumento
do quadro de empregados e, para tanto, recomenda-se uma análise da estrutura da
cooperativa, pela reclassificação do Custeio pelo Método ABC, a ser tratado em capítulo
posterior a este.

Boas informações são obtidas ainda com a análise das contas Cobrança e
Arrecadação de Tributos e de Obrigações por Empréstimos, ambas com redução do seu
montante, significando que a cooperativa vem cumprindo suas obrigações, no sentido de
pagar as parcelas vencidas, reduzindo o montante dessas contas as quais também
representam parcelas de recursos de terceiros na empresa.

4 – Análise das Necessidades de Capital de Giro, efetuando a reclassificação do


Balancete;

Essa informação demonstra o quanto se a cooperativa está necessitando ou não


de incremento do seu capital de giro.

Para se obter essa informação, necessário se faz elaborar uma Reclassificação


do Balanço ou Balancete, como se segue:

84
RECLASSIFICAÇÃODOATIVO março X 0 abril X 0

111 - Associados - Créditos a Receber 2.038.547 1.954.012


112 - (-) Provisão para Crédito de L. Duvidosa (24.292) (47.212)
113 - Outros Créditos 1.920.062 2.134.694
114 - Outros Valores e Bens: 90.400 64.521
- Bens não de uso próprio 0 0
- Estoques 50.811 41.718
- Despesas Antecipadas 39.589 22.803
115 - Aplicações de Longo Prazo
110 - Aplicação de Capital de Giro (111 a 114) 4.024.717 4.106.015
121 - Disponibilidades 1.888.247 2.476.031
123 - Títulos e Valores Mobiliários 242.863 234.220
124 - Relações Interfinanceiras 1.137.126 2.057.685
120 - Outras Contas do Ativo Circulante 3.268.236 4.767.936
132 - Investimentos 191.458 148.459
133 - Imobilizado 8.934 285.773
134 - Intagível 0 0
130 - Ativo Não Circulante (-) Longo Prazo 470.392 434.232
TOTALDOATIVO 7.763.345 9.308.183

RECLASSIFICAÇÃO DO PASSIVO março X 0 abril X 0

141 - Depósitos 5.786.140 7.046.981


142 - Relações Interdependentes 252.716 256.920
144 - Outras Obrigações 398.130 593.632
Cobranças e Arrecadação de Tributos 3.577 3.178
Sociais e Estatutárias 0 0
Fiscais e Previdenciárias 53.007 90.171
Diversas 341.546 500.283
140 - Fontes de Capital de Giro (146 a 147) 6.436.986 7.897.533
151 - Adiantamento de Sócios 0 0
152 - Obrigações por Empréstimos - Emprésti-
mos e demais contas a pagar (até 360 dias) 182.664 165.494
150 - Outras contas do Passivo Circulante 182.664 165.494
161 - Exigível a Longo Prazo 0 0
160 - Passivo Não Circulante 0 0
161 - Sobras e Perda Acumuladas 201.164 199.534
162 - Resultado do Exercício 56.567 150.083
165 - Capital 885.964 895.539
160 - Patrimônio Líquido (Recursos Próprios) 1.143.695 1.245.156
TOTALDOPASSIVO 7.763.345 9.308.183

Ilustração 14 – A e B – Reclassificação de Balancetes


Fonte das informações: O Autor

85
4.1 – Com os dados do Balancete acima, reclassificado, pode-se efetuar o cálculo
da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG), utilizando a fórmula para tal:

NLCG = Aplicações de Capital de Giro (-) Fontes de Capital de Giro Líquido

Período março X0:

NLCG = 4.024.717 – 6.436.986 = -2.412.269

O resultado apresentado demonstra que nesse período a Necessidade Líquida de


Capital de Giro dessa Cooperativa ultrapassa o valor de R$ 2,4 milhões e que os
recursos de terceiros estão financiando, sobremaneira, as aplicações, em particular os
recursos dos Associados captados como Depósitos à Vista. Este recurso, faz a diferença
e faz com que a cooperativa tenha Capital de Giro suficiente para os seus negócios.

Período abril X0:

NLCG = 4.106.015 – 7.897.533 = -3.791.518

Também neste período, a cooperativa tem Capital de Giro suficiente para a


operacionalização de seus negócios, com uma vantagem de mais de R$ 3,7 milhões de
recursos para garantia de riscos.

Considerando ainda o grande incremento havido na conta de Depósitos, vale


analisar, quanto desse aumento, em percentual, foi destinado à Aplicação de Capital de
Giro – Atividades Produtivas -, ou seja, na atividade fim da cooperativa. Para tanto,
calcula-se o que se denomina de Proporção de uso de recursos, calculados como se
segue.

Proporção de uso de recursos = Variação das Aplicações de Capital de Giro Líquido


Variação das Fontes de Capital de Giro Líquido

Proporção de uso de recursos = 4.106.015 – 4.024.717 = 81.898 =


7.897.533 – 6.436.986 1.460.547

= 0,0561 ou 5,61 %

O resultado apresentado indica a utilização apenas de 5,61% da variação dos


recursos de Depósitos, em Aplicação de Capital de Giro. Esse resultado pode ser
decorrente de medida da Diretoria da cooperativa em não entrar muito na conta de
depósitos, mantendo encaixe maior, situação esta que pode ser comprovada ao
analisarmos o grande aumento de Outras Contas do Ativo Circulante.

4.2 – Cálculo da Tesouraria.

Utilizando as informações do Balancete reclassificado, calcula-se como estão os


recursos existentes em Tesouraria:

86
Fórmula:
T (Tesouraria) = Outras Contas do Ativo Circulante (-) Outras Contas do Passivo
Circulante

Período março X0:


T = 3.268.236 – 182.664 = 3.085.572

Período abril Xo
T = 4.767.936 – 165.494 = 4.602.442

Comparando os resultados dessa T (Tesouraria), obtidos, verifica-se que a


Necessidade Líquida de Capital de Giro para fazer face ao resultado obtido apenas com
as contas vinculadas diretamente com o processo produtivo, está sendo garantida com
boa margem de segurança, através do montante que a cooperativa mantém em
disponibilidades. Entretanto, vale ainda observar o resultado reservado por uma análise
mais acurada da Tesouraria, como se segue.

Os valores acima contêm recursos da conta “Relações Interfinanceiras (RI)”, que


dependem do processamento da câmara de compensação, portanto apurado com um
prazo de um dia. Além disso, a cooperativa fica à mercê do volume de cheques
devolvidos, não compensados, caracterizando-se como um recurso cujo total não é
muito confiável e disponível de imediato.

Retirando esses valores da Tesouraria (T) tem-se:

T (Tesouraria)- Relações Interfinanceiras (RI) = T – RI

Período março X0:

T – RI = 3.085.572 – 1.137.126 = 1.948.446

Período abril X0:

T – RI = 4.602.442 – 2.057.685 = 2.544.757

Mesmo assim, a cooperativa ainda se encontra com uma Tesouraria saudável,


sem necessidade de se preocupar, de momento com Capital de Giro, podendo a
Diretoria, preocupar-se com outros assuntos, não esquecendo, entretanto, do
acompanhamento necessário da liquidez requerida pelos associados depositantes,
através de análise periódica do volume de saques.

Outra preocupação constante da Diretoria da cooperativa deve estar sempre


enfocada para os depósitos oriundos de arrecadação de valores. Estes têm período de
float – período de tempo que o dinheiro arrecadado fica em depósito na cooperativa, até
que seja repassado - muitas vezes pequeno (dois ou três dias) e precisa ter controle da
dos valores a serem disponibilizados para os repasses efetuados diariamente, após o
cumprimento do período em depósito. Essa situação deve ser bem analisada pela
87
Diretoria da Cooperativa, no sentido de que os avanços na utilização de valores da conta
de Depósitos sejam contidos ao ponto de manter em disponibilidade, recursos de
repasses mais um limite do máximo valor histórico de saques diários dos associados, de
preferência com um acréscimo de segurança em torno de 20 %.

A utilização desses valores relativos ao “float” de arrecadações, é uma estratégia


de alto risco e que deve ser monitorada diariamente.

Riscos à parte, a Tesouraria da cooperativa em análise, tem mantido encaixes


suficientes para fazer face a uma possível necessidade de liquidez dos depósitos (como
obrigações de maior vulto) e outras obrigações. Abaixo a situação de Tesouraria,
apresentada em percentuais.

“T” para Cobertura de recursos de terceiros (em %) = “T” x 100


Fontes de CDG

Período março (X0):

“T” para Cobertura de recursos de terceiros (em %) = 3.085.572,00 =


6.436.986,00
= 0,4794 ou 47,94%

Período abril X0:

“T” para Cobertura de recursos de terceiros (em %) = 4.602.442,00 =


7.897.533,00
= 0,5828 ou 58,28 %.

Essa cooperativa está mantendo uma situação de Tesouraria bastante confortável


porquanto, no período março/X0 tem 47,94% e no período abril/X0, 58,28% de recursos
para fazer face, de imediato, a necessidade de liquidez de depósitos, por exemplo.

Observa-se que no período de abril/X0 houve um aumento dos encaixes de


Tesouraria e isto tem proporcionado uma situação confortável perante os depósitos,
quer de associados, quer de arrecadação.

5 – Análise da disponibilidade de Capital de Giro.

Para essa análise, é pertinente se começar pelo cálculo do Capital de Giro


Líquido (CGL) ou Capital Circulante Líquido (CCL).

CGL = CCL = AC – PC

Período março de X0:

88
CGL = 7.292.953 – 6.619.650 = 673.303

Período abril de X0:

CGL = 8.873.981 – 8.063.027 = 810.954

Conforme outras análises anteriores, conclui-se que o aumento do Capital de Giro


Líquido (CGL) ou Capital Circulante Líquido (CCL), do período março de X0 para o
período abril de X0, deve-se principalmente ao aumento do volume dos depósitos à
vista.

Tendo e vista a não existência de recursos de longo prazo, o Capital de Giro


Líquido é igual ao Capital de Giro Próprio.

Ante ao montante das Necessidades Líquidas de Capital de Giro (NLCDG), fica


patente, notório e axiomático, que a cooperativa como qualquer outra instituição
financeira, tem seus negócios, produtos calcados em financiamentos de capital de
terceiros. Com nenhum custo como o caso dos depósitos em que o associado paga até
a manutenção da conta corrente ou com baixo custo como o caso dos depósitos a
prazo, cuja diferença entre a remuneração deste e sua aplicação, deve gerar um
“spread” com vantagem suficiente para cobrir custos operacionais, custos econômicos e
“markup” desejado, conforme capítulo seguinte.

89
CAPÍTULO VII – UMA ANÁLISE DOS PRINCIPAIS PRODUTOS DA COOPERATIVA

1. Considerações gerais e natureza dos produtos

Uma cooperativa de crédito não é uma instituição financeira bancária, no sentido


amplo, entretanto, produz em sua atividade operacional, vários produtos similares aos
dos bancos, para atender, principalmente, à grande família de cooperados.

Certos produtos que, nos bancos são criados para atendimento ao público em
geral, na cooperativa são exclusivamente para atendimento ao cooperado. Desses
destaca-se a abertura de conta corrente e qualquer atividade de crédito. Existe ainda a
possibilidade de a cooperativa celebrar convênio com a empresa à qual os seus
cooperados encontram-se vinculados e prestar esse mesmo serviço específico,
extensivos a outro público, devendo, para tanto, fazer distinção no tratamento contábil
dessas operações, o que for operacionalizado com os cooperados não é tributado, os
demais, sim.

Cita-se ainda como possibilidade de receitas, a arrecadação de faturas de energia


elétrica, de água, de telefone, etc., cujos convênios são celebrados pelo banco que dá
suporte ao sistema cooperativo e, como deve haver uma cooperação intrínseca no
relacionamento intercooperativo, esses convênios são estendidos a todas as
cooperativas filiadas e controladas pela Cooperativa Central. O tratamento contábil
deverá ser feito conforme citado anteriormente.

Dentre as naturezas de produtos retro citados, cabe ressaltar os seguintes:

- Adiantamento a Depositantes
- Aplicação em Fundos de Investimentos
- Aplicações Financeiras
- Crédito Pessoal
- Depósitos Bancários
- Descontos de Títulos
- Financiamentos
- Ingressos de Depósitos
- Rendas de Cobrança
- Rendas de Outros Serviços
- Rendas de Receitas Operacionais

Como é de se notar, cada um desses produtos tem a sua unidade (quantidade


unitária) própria, ficando um tanto difícil trabalhar com todas elas, concomitantemente,
visto que o resultado não teria uma expressão monetária definida, considerando tratar-
se de unidades diversas.

90
Ante a essa diversidade de unidades de produtos (ressaltando que ao citar a
expressão “produtos” sempre estaremos nos referindo a bens e serviços), há
necessidade de se efetuar uma simplificação necessária e, portanto, a unidade mais
adequada nessa hora é trabalhar com a quantidade de itens desses produtos.

2. O detalhamento das contas de Rendas

De posse de um relatório em que estão expressas as receitas por item de


produto, podemos ainda observar, em cada um deles, a quantidade de unidade obtida
com a operacionalização dos trabalhos do dia a dia, conforme demonstra a tabela
abaixo.

Vale ressaltar ainda que, quer em seu montante total, quer no total por item, ou no
total por unidade de produto, esses valores indicam quais os principais produtos
trabalhados na cooperativa, principalmente se os ordenarmos por ordem decrescente de
valores, demonstrando dessa maneira, quais produtos são os expoentes na formação da
receita total da instituição.

Valor
DISCRIMINAÇÃO VALOR Quantidade Unidades
Unitário
Rendas de Adto a Depositante 2.692,00 22.492 R$ 0,120
Rendas de Empréstimos 57.345,00 142.826 R$ 0,402
Rendas de Financiamento 750,00 16.667 R$ 0,045
Rendas de Aplicação Fundos de Investimentos 2.691,00 179.400 R$ 0,015
Rendas de Cobranças * 223.576,00 279.470 UN. 0,800
Rendas de Outros Serviços 9.512,05 5.734 UN. 1,659
Rendas de Receitas Operacionais 10.291,36 1.723 UN. 5,973
Ingressos de Depósitos 53.167,00 4.431 R$ 12,000
RECEITAOPERACIONAL BRUTA(SOMA) 360.024,41

Ilustração 15 – Principais rendas de uma cooperativa


Fonte dos valores: O Autor

NOTA: * - As quantidades relativas às Rendas de Cobranças, Rendas de Outros


Serviços e Rendas de Receitas Operacionais, são descritas em unidades de serviços
executados e cobrados/arrecadados (papéis, n.º de operações, por exemplo: para cada
conta corrente, ao final do mês é cobrada uma taxa de manutenção, somando tantas
operações quanto for o n.º de contas correntes, em seguida, multiplicando-se esse total
pelo valor unitário cobrado, deduz-se a receita), as demais quantidades referem-se aos
valores em moeda corrente aplicados e a quantidade de operações necessárias para
produzi-los.

91
Assim sendo, o preço unitário do dinheiro é o percentual relativo à taxa de juros (i)
cobrada e a renda daí resultante decorre da aplicação de fórmula específica de
capitalização composta.

Custo do dinheiro = Capital emprestado x (1 + i)n

Reiterando que ‘i’ é a taxa de juros e ‘n’ é o número de meses que o capital
permanecerá emprestado. Obviamente que os empréstimos tomados, normalmente têm
sistema de amortização mensal e, dessa forma tem também sua fórmula específica, mas
não cabe aqui fazer demonstrações de matemática financeira, apesar de o autor ser
Tutor, dentre outras, da disciplina de Gestão Financeira do Curso de MBA –
Manegement Business Administration da UFMT-INEPAD.

Para outras rubricas como: “Rendas de Cobranças”, “Rendas de Outros Serviços”


e “Rendas de Receitas Operacionais”, a unidade, conforme já relatado acima, refere-se
à quantidade de serviços utilizados no processo de obtenção da receita, a saber:

- A quantidade relativa à “Rendas de Cobranças” é exposta em unidades de


documentos arrecadados/cobrados;
- A quantidade relativa a “Rendas de Outros Serviços” refere-se à quantidade de
operações realizadas nessa rubrica e

- A quantidade relacionada com as “Rendas de Receitas Operacionais” refere-se


também a quantidade de serviços executados na operacionalização destes.

Os ingressos acima são desdobrados nas seguintes receitas (foram excluídos os


ressarcimentos e contas de natureza semelhante):

RENDAS DE ADIANTAMENTO A DEPOSITANTES


- Rendas de Adiantamento a Depositantes
EMPRÉSTIMOS
- Empréstimos em Cheque Especial
- Empréstimo por C.A.C.
- Rendas de Empréstimos em inadimplência.
FINANCIAMENTOS
- Rendas de Financiamentos em Crédito Rotativo – Carteira de Crédito
APLICAÇÕES EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS
- Rendas de Aplicações em F.A.F.
RENDAS DE COBRANÇAS/ARRECADAÇÃO
- Rendas de Tarifas de Arrecadação
- Rendas de Cobranças – Fichas de Compensação
RENDAS DE OUTROS SERVIÇOS
- Rendas sobre Convênios
- Taxa de Ficha de COMPE
- Taxa Serviços C/C
- Taxa Cheque Menor (R$ 20,00)
RENDAS DE OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
- Taxa Devolução de Cheque
92
- Taxa de Manutenção de Contas
- Taxa de Emissão de DOC
- Taxa de Emissão TED/SPB
- Receita de Anuidade de Cartão de Crédito
- Receita de Anuidade de Cartão de Débito
- Receita de Intercâmbio de Cartão de Crédito
INGRESSOS DE DEPÓSITOS
- Ingressos de Depósitos Intercooperativos

O trabalho com informações de unidades em R$, em % e em unidades de


serviços, efetuado apenas com unidade de itens não dificulta a análise do resultado,
apenas simplifica a operação, uma vez que se tenha uma noção de rendimento quer por
R$ 1,00 aplicado, quer por 1 (uma) unidade de conta arrecadada.

O resultado do trabalho relativo ao presente capítulo é de se chegar ao lucro


econômico quer por R$ 1,00 aplicado, quer por unidade de serviço executado ou de
cobrança efetuada ou ainda por taxa de juros aplicada a um montante que resulte em
rendimento para a instituição (receita bruta), conforme fica patente na demonstração do
item que se segue.

3. Transformação dos produtos em uma mesma unidade

Há ainda a possibilidade de se detalhar ainda mais os rendimentos, dentro do


Plano de Contas das Instituições do Sistema Financeiro Nacional - COSIF, da forma
como efetuada abaixo, onde se expressa a unidade de operacionalização do produto
pela quantidade de operações realizadas para obtenção de cada um deles.

93
Unidades de
operacionali- Preço
Item RUBRICAS Rendimentos
zação do Unitário
Produto (q)

RENDAS DE ADIANTAMENTO A DEPOSITANTES 2.692,00 22.492 0,120


01 - Rendas de Adiantamento a Depositantes 2.692,00 22.492 0,120

EMPRÉSTIMOS 57.345,00 1.428.126 0,040


02 - Empréstimos em Cheque Especial 3.096,63 41.288 0,075
03 - Empréstimo por C.A.C. 28.557,81 815.937 0,035
04 - Rendas de Empréstimos em inadimplência. 25.690,56 570.901 0,045

FINANCIAMENTOS 750,00 16.667 0,045


05 - Rendas de Financiamentos em Crédito Rotativo 750,00 16.667 0,045

APLICAÇÕES EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS 2.691,00 179.400 0,015


06 - Rendas de Aplicações em F.A.F. 2.691,00 179.400 0,015

RENDAS DE COBRANÇAS/ARRECADAÇÃO 223.576,00 279.470 0,800


07 - Rendas de Tarifas de Arrecadação 191.940,00 239.925 0,800
08 - Rendas de Cobranças 31.636,00 39.545 0,800

RENDAS DE OUTROS SERVIÇOS 9.512,05 5.734 1,659


10 - Rendas sobre Convênios 665,00 133 5,000
11 - Taxa de Ficha de COMPE 6.603,60 5.503 1,200
12 - Taxa Serviços C/C 1.818,45 81 22,450
13 - Taxa Cheque Menor (R$ 20,00) 425,00 17 25,000

RENDAS DE OUTRAS RECEITAS OPER. 10.291,36 1.723 5,973


14 - Taxa Devolução de Cheque 1.450,00 58 25,000
15 - Taxa de Manutenção de Contas 6.380,00 1.160 5,500
16 - Taxa de Emissão de DOC 234,00 45 5,200
17 - Taxa de Emissão TED/SPB 1.056,00 352 3,000
18 - Receita de Anuidade de Cartão de Crédito 630,00 40 15,750
19 - Receita de Anuidade de Cartão de Débito 490,00 56 8,750
20 - Receita de Intercâmbio de Cartão de Crédito 51,36 12 4,280

INGRESSOS DE DEPÓSITOS 53.167,00 4.431 12,000


21 - Ingressos de Depósitos Intercooperativos 53.167,00 4.431 12,000
SOMA.............................................................. 360.024,41 1.938.043 0,186

Ilustração 16 – Principais produtos de uma cooperativa


Fonte dos valores: O Autor

A quantidade por produto é pois calculada dividindo-se a Receita correspondente


pelo seu preço unitário. Dessa forma, a quantidade de produto fica em uma mesma
unidade para todos, ou seja, Reais divididos por Reais, o resultado é uma unidade
denominada de quantidade (q).

O Preço Unitário, da tabela acima está apresentado por item de produto.


.

94
3.1 O cálculo do Preço Médio dos produtos

Para definição do Preço Médio por item toma-se as grandezas de valores


correspondentes às receitas, totalizando-as e dividindo pelo número de itens de receita
existente, assim:

Pm = ∑ RT
∑q

Donde que,

Pm = Preço Médio dos Produtos.


RT = Receita Total proporcionada por todos os itens operacionalizados.
q = Quantidade Total das Operações efetuadas

Considerando ainda que P x q = Receita Total (RT), sendo “q” a quantidade de


operações efetuadas, podemos escrever a equação acima como:

Pm = ∑Pxq
∑q

Donde que,

Pm = Preço Médio dos Produtos.


P = Preço unitário de cada produto.
q = Quantidade de operações efetuadas na obtenção do produto.

Observa-se ainda que a RT = RT1 + RT2 + RT3 + ... + RTn

Ou seja,

Pm = 2.692 + 57.345 + 750 + 2.691 + 223.576 + 9.512,05 + 10.291,36 + 53.160


22.492 + 1.428.126 +16.667 + 179.400 + 279.470 + 5.734 + 1.723 + 4.431

Pm = 360.024,41 = R$ 0,19
1.938.043

Obs.: Essa transformação ganha importância maior quando utilizada em programação


de aplicativos (programas de computador) por promover uma simplificação de lógica de
programação.

O resultado acima se refere a receita média, por unidade de operação efetuada


no sentido de obtenção da receita, ou melhor, em média, quanto a cooperativa recebe
por uma unidade de serviço prestado e/ou na venda de cada produto.

95
A transformação dos montantes de receitas de diversos produtos em um preço
unitário único (receita por unidade produzida) é de muito proveito para simplificação da
elaboração de um Planejamento Estratégico de Longo Prazo. As cooperativas de
créditos, fundamentadas em possibilidades de crescimento da demanda por produtos,
dada a capacidade embrionária do mercado desta e apesar de suas limitações de
atuação, terão sempre um espaço a mais a ser explorado e conquistado.

Além disso, este trabalho demonstra com grande enfoque, as possibilidades de se


manipular um Custo Médio de Longo Prazo (CMeLP) para grandes quantidades de itens
de produtos trabalhados, tornando os cálculos e, portanto, reduzindo as probabilidades
de erros.

Entretanto a análise que se vem demonstrando em termos de receitas médias por


item (ou preço unitário) se completa com a análise elaborada no capítulo seguinte
(análise de custos), cujo processo de cálculo aqui utilizado, deverá ser observado
naquela oportunidade.

3.2 O retorno do Preço Médio dos Produtos ao Preço Unitário Individual

Ao executar cálculos que resultem em variação do preço unitário, para calcular o


correspondente preço de cada produto, basta utilizar o critério de proporcionalidade
dessa variação, por exemplo:

Caso o preço unitário encontrado (Preço Médio dos Produtos – Pm) se altere de
R$ 0,19 para R$ 0,25, a variação foi de:

R$ 0,25 – R$ 0,19 = 0,3158 ou 31,58 %


R$ 0,19

Conforme se observa, basta aplicar nos preços originais o acréscimo do


percentual acima para a obtenção do novo preço corrigido, como se os cálculos
tivessem sido elaborados com cada um dos itens, individualmente, daí a vantagem
enorme desta simplificação.

Caso se queira imputar a alteração verificada no preço médio de Rendas de


Cobranças/Arrecadação (R$ 0,80), basta usar de razões e proporções, obtendo-se
idêntico valor com a utilização do critério de proporcionalidade como se segue:

R$ 0,19 = R$ 0,80
R$ 0,25 R$ X,00

Logo,

R$ X,00 = R$ 0,25 x R$ 0,80 = R$ 1,05


R$ 0,19

96
A mesma correção pode ser obtida por intermédio da aplicação pura e simples do
percentual de 31,58 % ao preço de R$ 0,80, a saber:

R$ 0,80 x 1,3158 = R$ 1,05

Observação: Para trabalhar com o percentual de 31,58 %, este foi dividido por
100, transformando-o um número índice e acrescentado 1 (um) inteiro. Esta unidade
dada de acréscimo representa o valor original ou 100% deste. A parte decimal do índice
representa, portanto, o quanto será acrescido ao valor tomado inicialmente, no caso R$
0,80, ou melhor dizendo, o quanto representa a sua variação.

Será apresentado um estudo de caso, no próximo capítulo, envolvendo os


assuntos deste e do próximo capítulo.

97
CAPÍTULO VIII - ANÁLISE DE CUSTOS E RESULTADOS E DE INDICADORES DO
NÍVEL DE EXPANSÃO DO NEGÓCIO.

As cooperativas de crédito, assim como qualquer empresa, convivem em um


ambiente empresarial e, esse ambiente é sempre marcado por:

1. Competição nos negócios

– Provavelmente alguém poderá dizer que a cooperativa tem uma característica


de atendimento a apenas um grupo específico de pessoas pertencentes a um único
seguimento de trabalho ou de uma atividade qualquer e, portanto não tem concorrência.
Ledo engano, pois a mesma sofre concorrência de outras instituições financeiras, de
forma mais veemente na medida em que ela começa a crescer e monopolizar os
serviços financeiros daquele seguimento representados por empresas do grupo de
atividades o qual é abrangido pela cooperativa e, principalmente se esse grupo tem
tamanho representativo em termos de negócios.

Uma das formas de concorrência direta dos bancos para com as cooperativas é
exigindo das empresas o depósito dos salários de seu quadro de pessoal, naquele
banco, Essa medida torna, de forma impositiva, os cooperados correntistas do banco,
este lhes proporciona, de início, as vantagens de créditos mais fáceis, obtidos até por
terminais de pronto atendimento.

As novas contas cooperados, garantidas pelos salários nelas depositados, tiram


qualquer risco de inadimplência para os bancos restando à cooperativa amargar com os
inadimplementos de cooperado mais afoitos por créditos.

Essa medida tem feito algumas cooperativas amargarem grandes volumes de


inadimplências de seus próprios associados quando estes, ao receberem seus salários
pelos bancos e com a facilidade para obtenção de créditos oferecidas, não retornam
nenhuma parcela desses salários para a sua cooperativa. Esta, portanto, fica com
prejuízos constantes, com altos provisionamentos na conta “Provisão de Crédito de
Liquidação Duvidosa”, cujas taxas têm um crescimento quase geométrico enquanto o
banco logra ficar com a garantia absoluta de retorno dos créditos efetuados aos
funcionários da empresa, associados da cooperativa, por meio do desconto direto em
conta corrente, no dia do crédito do salário.

Uma forma de atenuar essa concorrência seria permitir que a empresa também
fosse associada da cooperativa, podendo efetuar suas transações financeiras de
pequeno e/médio porte, de conformidade com o capital de giro da cooperativa.

98
Nesse ambiente competitivo há necessidade de que a cooperativa haja de forma
profissional, pois a sua sobrevivência depende de boa eficácia no desenvolvimento de
suas atividades.

2. Missão a ser cumprida

– Neste caso, por se tratar de cooperativas de crédito, pode-se ainda pensar que
suas missões se restringem ao bem estar econômico e financeiro do associado. Mais
uma vez incorre em erro quem assim pensa, pois a cooperativa como uma empresa,
deverá ainda estender essa satisfação de forma bem mais ampla, ou seja, para os
stakeholders (todos aqueles que têm alguma relação direta com a cooperativa), quais
sejam seus cooperados, cooperativários (empregados associados), seus dirigentes,
fornecedores e clientes de arrecadação de boletos, não cooperados mas que procuram
a cooperativa para efetuar seus pagamentos, quer por proximidade do trabalho, da
residência ou por conhecimento com algum dos associados ou cooperativários. Por
certo, todos, uníssonos, devem estar satisfeitos com a cooperativa e com as realizações
alcançadas por esta.

Além disso, a cooperativa precisa gerar sobras (lucros) necessárias não só para a
remuneração do capital dos associados, fator este incluso nos estatutos, como também
como condição “sine qua non” para os reinvestimentos necessários, ao se objetivar
continuidade do negócio.

Observa-se que tanto sob o aspecto conceitual como sob o aspecto da prática
contábil, a sobra (o lucro) é o resultado entre o que se obteve de receita, subtraindo-se
desta os custos praticados.

Dessa forma:

LT = RT - CT

Ou seja,

Lucro Total (LT) é igual à Receita Total menos o Custo Total. Dessa forma
podemos, portanto, conceituar o Lucro como realmente o que sobrou da receita depois
de retirado o valor do custo. O Lucro é, portanto, a realização de uma Sobra.

3. Obtenção de sobras (lucro)

– Obtém-se a sobra (lucro), conforme acima, subtraindo da receita total os gastos


efetuados no período. O lucro torna-se, por conseguinte, um resultado, uma sobra ou um
resíduo.

Após a análise do comportamento operacional da cooperativa no período em


questão, constatando a lucratividade e sendo esse resultado distribuído aos cooperados,

99
estes se tornam um consumidor em potencial do mercado que o cerca, injetando através
do consumo efetuado nesse mercado, o valor correspondente à sua Propensão Marginal
a Consumir (PMC).

A cooperativa, com os lucros retidos, terá possibilidades de reinvestimentos, quer


na aquisição de bens de capital, ampliando seu mercado, estendendo suas atividades
para captar maior número de associados, ou melhorando as instalações existentes ou
ainda investindo em capital de giro, proporcionando capacidade de realização de maior
volume de negócios entre seus associados.

3.1 O Lucro Contábil e o Lucro Econômico

Distingue-se o Lucro Contábil (ou Lucro Líquido), como a sobra encontrada no


Demonstrativo de Resultado do Exercício, uma das peças das demonstrações
contábeis, inserido logo após o lançamento da dedução do imposto de renda.

Dizemos ser Lucro Econômico àquele que a cooperativa obterá, ao suplantar as


deduções estatutárias, a remuneração para os administradores (participação específica
para gestores, nos lucros) e a melhor alternativa de investimento que encontraria no
mercado, para o total do capital próprio empregado, caso não escolhesse fundar a
cooperativa. Pode-se ainda verificar com isso, ser a primeira sobra (lucro) maior que a
segunda, pois, a desta última, foi subtraído também, como se despesa fosse, um valor
equivalente à melhor remuneração dos recursos próprios aplicados na cooperativa, com
rentabilidade tal ou mais do que o administrador poderia obter se empregasse esses
recursos em outro setor da atividade econômica.

O Lucro (sobra) encontrado após fechamento de um período, com esse nível de


remuneração, é um valor denominado de “Lucro Puro” ou “Lucro Econômico”. Um lucro
com essa composição, torna-se fácil verificar que a parte a ser distribuída é aquela
relativa à melhor remuneração possível para o capital próprio, ou mais cautelosamente,
parte dela. O restante das sobras é de bom alvitre ser destinado à formação de fundos
legais e também alguns fundos instituídos pela cooperativa, bem como para os
reinvestimentos necessários ao aumento do volume de recursos transacionados com
consequente aumento da quantidade de negócios realizados entre os cooperados.

4. Custo de Oportunidade

Estabelecidas as diversas alternativas de destinação das sobras, a cooperativa


carece de um planejamento estratégico de longo prazo de suas atividades, objetivando
realizar a melhor alternativa de aplicação dessas sobras por ela geradas, de forma a
distinguir também a melhor alternativa para de Custo de Oportunidades.

As alternativas escolhidas para aplicação de recursos não podem servir apenas


de um instrumento que redunde em algum contentamento extemporâneo dos
cooperados e cooperativários por uma distribuição polpuda de sobra. Essas sobras ou
parte delas se reaplicadas na atividade produtiva poderiam gerar maior volume de
100
recursos ainda (crescendo o Bolo), e os cooperados optando por essa reaplicação de
recursos na cooperativa, estão promovendo um Custo de Oportunidade, na busca de
melhores rendimentos futuros (um Bolo maior pode ser cortado em fatias maiores).

Os associados que investiram suas economias na capitalização da cooperativa,


têm, portanto, nesse valor, um Custo de Oportunidade relativo à decisão tomada em
aplicar na entidade um valor que poderia estar proporcionando um rendimento diverso
caso o tivesse aplicado em outra alternativa de negócio, talvez até mais segura.

Por Custo de Oportunidade devemos entender, portanto, ao custo de se abrir mão


de destinar certo valor para Manutenção de Capital de Giro – CDG ou para ampliação da
Carteira de Crédito ou ainda para uma outra aplicação qualquer, empregando-o em um
novo empreendimento, objeto de reformas no planejamento estratégico de ações.

5. Gastos

Todas as empresas, em geral, têm uma preocupação de grande importância que


é aquela com seus gastos. Como gastos subentendem-se a todos os dispêndios de
recursos realizados em compra, em geral de bens e/ou serviços. Dessa forma
distinguem-se dois tipos de gastos:

a) Com Investimentos

Referindo-se a aquisição de Bens de Capital, ou seja, aqueles Bens de Consumo


Duráveis que aplicados no processo produtivo da instituição, ou seja, são os “bens de
produção produzidos”.

b) Com Consumo

Compreende as aquisições de Bens ou Serviços a serrem consumidos durante o


processo de produção (atividade operacional) quer com sua utilização imediata quer por
incorporação do mesmo ao(s) produto(s), gerando, em conseqüência, despesas e
custos.

De qualquer forma, essa classificação é feita para o que chamamos de Curto


Prazo, vez que a Longo Prazo, todos os bens em geral, são consumidos, portanto, no
longo prazo todo produto (bem ou serviço) é consumido e, portanto todo o gasto é
consumo.

Ressalta-se, ainda, que dentro de qualquer processo produtivo (empresa), tem-se


dois tipos de gastos:

b.1) na implantação (instalação) do processo (aqui podemos definir processo


como a atividade empresarial/produtiva) e

101
b.2) os gastos posteriores com o desenvolvimento desse processo.

No primeiro caso, quando se está instalando o processo, ou seja, quando se está


implantando a empresa, uma cooperativa de crédito, por exemplo, todos os gastos,
indistintamente, efetuados nessa instalação são considerados investimento e,
posteriormente, quando da operação do processo instalado (cooperativa montada) os
gastos efetuados dentro do processo tem duas conotações:

c) Custos Diretos

São gastos efetuados com fatores produtivos empregados diretamente no


processo de produção, quer com aqueles que se incorporam ao produto ou modifica o
seu estado ou com aqueles que estão à disposição direta do processo produtivo,
executam o processo, mas não são responsáveis diretos pela quantidade produzida.

São, portanto fatores de duas naturezas:

c.1) Aqueles possíveis de serem identificados com a quantidade do produto, ou


seja, a utilização desses fatores é zero se nada for produzido e crescerá
proporcionalmente ao volume da produção alcançada, sendo, portanto também
chamados de Custos Variáveis. Como exemplo pode-se citar o volume de recursos
disponíveis no capital de giro que se caracteriza como um fator variável, pois à medida
que se disponibiliza maior volume de recursos, há possibilidade de se realizar um
volume também maior de negócios, a exemplo do crédito pessoal;

c.2) Aqueles que executam o processo, mas não são responsáveis diretos pela
quantidade produzida, são as máquinas, equipamentos, iluminação do espaço físico,
refrigeração do ambiente, segurança das instalações de produção, etc., estes são
chamados de custos fixos diretos.

d) Custos indiretos

São aqueles que se relacionam ao apoio e gerenciamento dado ao processo


produtivo e demais atividades concernentes ao relacionamento da instituição com os
“stakeholders”. Esses custos, na apuração do resultado, são rateados ao produto tendo
em vista que não têm relação direta com ele e são denominados de custos e despesas
fixas gerais e administrativas.

Custos? Despesas?
Que confusão!

102
Ilustração 17 – Preocupação com Custos
Fonte: Apostila de Gestão Financeira do Curso de Desenvolvimento Regional
Sustentável (DRS) – UFMT/INEPAD.

6. Métodos de Custeio

6.1 Método do Custeio por Absorção;


6.2 Método do Custeio Direto/Variável e
6.3 Método ABC – Activity Based Costing ou Custo Baseado em Atividade.

6.1 Custeio por Absorção

O Método de Custeio por Absorção imputa ao produto todos os custos diretos de


fabricação, sejam eles de qualquer natureza, fixos ou variáveis, igualmente assacados
ao produto sob a forma de rateio.

Trata-se do método adotado oficialmente e o único aceito pela legislação


tributária, tendo em vista ser adotado pela regras contábeis societárias em vigor.

Para efeito do presente trabalho, será feito enfoque maior e mais detalhado
acerca dos dois outros métodos de custeios, pois serão apenas esses os objetos de
estudo deste trabalho de gestão.

6.2 Custeio Direto/Variável, ou ainda Custeio Parcial,

Para melhor conceituação e entendimento de custos fixos e variáveis, demonstra-


se abaixo um sistema base para o setor produtivo, ou seja, um processo produtivo de
uma empresa qualquer e em particular no caso deste livro, uma cooperativa de crédito.

103
Entradas Processo Saídas

Matéria Prima Processamento do Produto


Produto

Custo Variável Custos Fixos Custo Variável


(Custo Proporcional ao Faturamento)
Ilustração 18 – O Processo Produtivo
Fonte: O Autor

Com a ilustração acima, fica patente serem os custos obtidos dentro do processo
produtivo conforme evidenciado, custos diretos e têm as seguintes classificações;

a) Custo Fixo Direto – tratando-se daqueles que advêm do uso de fatores de


produção empregados na estrutura do negócio (instalações, móveis máquinas e
equipamentos, etc.) e, portanto são fixos, pois independente da quantidade produzida,
ou de produzir, haverá necessidade de se dar manutenção a esses fatores empregados.
Isto significa dizer ainda que ao se montar (estruturar) qualquer negócio,
independentemente de se iniciar o processo produtivo, os custos fixos já existem.

b) Custo Variável – esse custo retrata do montante de gastos com todos os


fatores produtivos ligados diretamente ao produto, quer em seu processo produtivo, quer
no sistema de vendas empregado. Dessa forma, podemos classificar esses custos em
duas outras classes distintas:
• Custo de Formação do Produto (CFP), a exemplo da matéria prima que irá
compô-lo ou participar dessa composição em proporções iguais à quantidade
produzida, a mão-de-obra envolvida diretamente na produção, bem como todos
os insumos utilizados na composição montagem e formação do produto (bens
ou serviços) e,
• Custo Proporcional ao Faturamento da empresa/cooperativa (CPF) a exemplo
dos impostos sobre o faturamento, fretes para entregas do produto, seguros
efetuados sobre o transporte de valores, embalagens, etc., influenciando,
estes, no custo do produto, de forma proporcional à quantidade produzida, ou
seja, quanto mais se produz mais se aumenta esses custos.

Ficam, portanto, os Custos Variáveis divididos em: Custos de Formação do


Produto (CFP), ocorrendo por ocasião do processo produtivo e Custos Proporcionais ao
Faturamento (CPF), ocorrendo após a realização desse processo.

A fórmula matemática para esse conceito será expressa da seguinte maneira:

CV = CFP + CPF

104
Já os Custos Fixos que podem ser denominados de:

a) Diretos são representados pelos gastos com a manutenção de toda a


estrutura responsável pelo processo de produção da empresa (um Posto
de Atendimento ao Cooperado – PAC é uma estrutura de produção) e
b) Gerais que são aqueles representados pela manutenção da
administração da instituição (cooperativa), sendo que neste último custo
pode também ser denominado de Despesas Fixas Gerais e
Administrativas.

Apenas por questão de generalização da terminologia “custos” é que se diz


Custos Fixos Gerais para os custos que compreendem as despesas administrativas e
Custos Fixos Diretos para os custos fixos do processo produtivo.

Dessa forma, para melhor esclarecimento das particularidades dos custos e


despesas enfocadas acima, evidencia-se novamente a reclassificação como se segue:

a) dos Custos Fixos que no processo de produção são chamados de Custos Fixos
Diretos (CFD) e

b) na Administração Central são chamados de Despesas Fixas Gerais (DFG).

Existem, na cooperativa (empresa), conotações, conforme entendimentos


diversos de custos e das despesas, em todo o processo produtivo e, portanto, para
satisfazer aos conceitos em geral, emanados sobre o assunto, será feito neste trabalho
a citação freqüente de custos e despesas variáveis, custos e despesas fixas.

Diz-se ainda que uma cooperativa de crédito tem ‘suas agências’ (filiais)
denominadas de PAC’s (Postos de Atendimento aos Cooperados). Dessa forma, para
efeito de controle e apuração de resultado, no geral e nas partes (cooperativa, como um
todo e os PAC’s, no particular), considera-se, portanto, a existência destas agências,
como processos produtivos participantes de outro mercado (bairros ou cidades
diferentes).

Assim, considera-se a cooperativa com sua unidade de produção que é o


atendimento ao crédito e aos demais serviços de balcão, seus PAC’s e também seus
caixas eletrônicos como unidades de atendimento, conforme ilustração seguinte:

105
Agência Mercado I
Central

PAC 1 Mercado II
Cooperativa
(Adm. Central)
PAC 2 Mercado
III

Caixa Mercado
Eletrônico IV

Ilustração 19 – Demonstração de agências e mercados da cooperativa.


Fonte: O Autor

Consideramos, portanto, a existência de uma estrutura de Administração Central,


uma estrutura de processamento dos produtos que é a Agência Central, Diversas
estruturas de PAC’s, bem como diversas estruturas de Caixas Eletrônicos.

6.3 Custeio pelo Método ABC (Activity Based Costing)

O Método de Custeio ABC, reporta as despesas a cada atividade, dentro da


empresa, geradora de gastos, necessários para desenvolvimento/apoio do processo de
produção. Para melhor enfoque e especificidade, este método terá um detalhamento de
estudos, no Capítulo XI.

7. Construção do Modelo Econômico de análise de custos/resultados

Considerando uma Cooperativa de Crédito com apenas uma Agência Central de


Atendimento, um PAC e um Caixa Eletrônico (CE), podemos assim montar a estrutura
de custos/resultados:

Central PAC CE
RTB RTB RTB
( -) CPF* ( -) CPF ( -) CPF
(=) RTL (=) RTL (=) RTL
(-) CFP* (-) CFP (-) CFP
(=) MBC (=) MBC (=) MBC

* Reitera-se que Custo Variável (CV) = Custo de Formação do Produto (CFP) +


Custo Proporcional ao Faturamento (CPF).

106
Este é o primeiro estágio da apuração do resultado, para no qual se destaca a
seguinte legenda:

RTB = Receita Total Bruta


CPF = Custo Proporcional ao Faturamento
RTL = Receita Total Líquida
CFP = Custo de Formação do Produto
MBC = Margem Bruta de Contribuição

Obtém assim, o primeiro resultado a ser considerado e analisado, o qual pode ser
trabalhado pela economia de escala: aprimoramento de técnicas de trabalho, motivação
de pessoal, obtenção de material necessário ao processo a um custo menor e aumento
da quantidade de cada produto, tornando os custos fixos unitários minimizados (isto
pode ser conseguido simplesmente com a apresentação de um trabalho eficiente e
regular ou, com persistência, redundando em aumento do quadro de associados).

As Margens Brutas de Contribuições – MBC’s apresentadas logo acima mostram


o resultado obtido após o desconto dos Custos Proporcionais ao Faturamento e dos
demais Custos Variáveis, em cada processo produtivo evidenciado.

Será efetuada uma demonstração numérica no Estudo de Caso que se segue.

Por outro lado, observa-se pelo seu comportamento que tanto os Custos
Diretamente Proporcionais ao Faturamento (CPF) como os Custos de Formação do
Produto (CFP), são todos, na verdade, simplesmente Custos Variáveis (CV) e a
expressão do demonstrativo de resultado poder-se-ia ser representada da seguinte
forma:

RT – CV = MBC,

ou seja,

Receita Total menos os Custos Variáveis demonstrariam o primeiro estágio do


resultado alcançado pela cooperativa, denominado de Margem Bruta de Contribuição.

Dando seqüência à análise de resultados retiramos os Custos Fixos Diretos,


obtendo assim um resultado relativo a cada processo produtivo, como se segue:

Cooperativa
Agência Central PAC CE
(=) MBC (=) MBC (=) MBC
(- ) CFD (- ) CFD (- ) CFD
(=) MSBC (=) MSBC (=) MSBC

Legenda,

MBC = Margem Bruta de Contribuição

107
CFD = Custos Fixos Diretos (ligados ao processo de produção de
serviços financeiros – que é o produto da cooperativa)
MSBC = Margem Semi-Bruta de Contribuição

Neste estágio, deduzimos os Custos Fixos Diretos (CFD) para obter outro estágio
de resultados que é denominado de Margem Semi-Bruta de Contribuição (MSBC).

Muitas vezes os fatores de produção que geram os Custos Fixos Diretos (CFD)
são utilizados de forma conjunta, por exemplo, a segurança e a iluminação de um PAC e
a do Caixa Eletrônico (CE) nele existente, pois ambos estão instalados em um único
local. Dessa forma, os custos oriundos desses fatores empregados conjuntamente
poderão ser calculados por rateio do total de cada um deles, proporcional ao volume de
negócios em cada unidade produtiva (PAC ou CE).

Em se tratando de uma cooperativa com um PAC e um CE, com utilização de


fatores comuns, conforme relatado acima, a MSBC poderá ser obtida também somando-
se as MBC’s de cada um dessas unidades produtivas e subtraindo o total de CFD’s,
obtendo a MSBC que se refere ao conjunto das unidades analisadas.

Com esse resultado teremos descontado da receita total de todos os custos do


processo de produção, ou seja, podemos definir quanto nos está custando manter cada
processo (Agência Central, Posto de Atendimento aos Cooperados (PAC), Caixa
Eletrônico (CE), Correspondente, etc.) e o resultado que cada um está apresentando,
em termos de resultado, para a cooperativa.

Em se tratando de Custos Fixos Diretos (CFD) perfeitamente separados por


processo produtivo, pode-se obter o resultado seguinte que é a Margem Semi-Bruta de
Contribuição, da seguinte maneira:

Cooperativa
Agência Central PAC CE
(=) MSBC (=) MSBC (=) MSBC
(-) CFD (-) CFD (-) CFD
(=) MSBC (=) MSBC (=) MSBC

Ou,

Cooperativa
Agência Central PAC CE
(=) MSBC + (=) MSBC + (=) MSBC
(=) MSBC Total
(-) CFD Total
(=) MSBC

Este último para o caso de não se operar com rateio do CFD e preferir trabalhar
com esse custo, pelo seu total.

108
Obtém-se com isto a margem oferecida por cada unidade produtiva após o
período considerado, podendo daí se ter uma análise da performance de cada uma
delas.

Passo seguinte será a obtenção do Lucro Operacional, deduzindo do último


resultado, ou seja, da Margem Semi-Bruta de Contribuição (MSBC), os Custos Fixos
Gerais ou Despesas Gerais Administrativas.

Para a consecução desse objetivo, deve-se inicialmente somar os valores


correspondentes às MSBC’s, do qual se fará a subtração supra mencionada:

Cooperativa
Agência Central PAC CE
(=) MSBC + (=) MSBC + (=) MSBC
(=) MSBC total
(-) DFG
(=) Lucro Operacional (LO)

Obs.: MSBC total = Soma das Margens Semi Brutas de Contribuição, da


Agência Central, do PAC e do CE.

Deduzidos os Custos Fixos Gerais - aqueles realizados na Administração Central


– obterem-se o resultado operacional da cooperativa de crédito. Caso a cooperativa não
tenha Receitas ou Despesas não operacionais e não tenha atividade não cooperativa
que a predispõe ao pagamento do IRPJ – Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, esse
será, portanto, o resultado esperado de forma contábil. Entretanto, economicamente, há
necessidade de se subtrair desse resultado o seguinte:

Cooperativa
(=) Lucro Operacional (LO)
(-) Custo de oportunidade oferecida pelas aplicações no mercado (CO).
(=) Lucro Econômico (LE).

Como Custo de Oportunidade entende-se o lucro normal esperado com o


planejamento estratégico de longo prazo, dentro do processo produtivo, “Cooperativa de
Crédito” e a melhor aplicação que se poderia obter, no mercado. A diferença obtida se
configura em Lucro Econômico.

A contabilidade não remunera os bens de capital, em qualquer empresa, tão


somente desconta a depreciação, objetivando que a empresa possa substituir-los após
desgaste. Caso seja colocado em aluguel um determinado bem de capital, próprio
(instalações, máquinas, etc.), destes se obtém remuneração dada pelo valor de aluguel
no qual, e certamente, estará incluso a depreciação do mesmo mais a remuneração
desejada. Se o bem for próprio da empresa, a contabilidade não reconhece aluguel, mas
tão somente a depreciação.

Estrategicamente não se deve pensar apenas em adquirir um bem de capital e


simplesmente reservar recursos para substituí-lo no futuro, mas se deve também pensar
109
em fazer rendas, à parte, sobre esse capital próprio, pois ele teria uma remuneração em
qualquer outra aplicação alternativa em que fosse empregado. A isso também se chama
de “Custo de Oportunidade”.

Por outro lado, a cooperativa pode estar operando com lucro contábil e o Banco
Central estar satisfeito, mas ao término do exercício, do ano fiscal, os associados
poderão não estar satisfeitos visto que o empreendimento poderá não atender ao anseio
pela distribuição de sobras (lucros) em nível das determinações estatutárias e, ainda,
manter recursos para novos investimentos.

Então esse aluguel deverá constar como despesa econômica e ser também
subtraído do Lucro Líquido contábil para compor um fundo de reinvestimento.

O Lucro Econômico, portanto, como valor remanescente após a composição dos


fundos estatutários e de reinvestimentos, deverá ser o objetivo principal de todo
empreendimento.

No caso específico da cooperativa, deverão ser incluídas no custo econômico as


remunerações estatutárias previstas, de forma que uma eventual sobra ou Lucro
Econômico seja totalmente revertido ao processo, ou seja, à própria cooperativa.

110
Estudo de caso – A Cooperativa de Crédito do Vale da Promissão após o final de
exercício apresentou os seguintes resultados.

Operações =
Serviços Análise
Preço
RUBRICAS Rendimentos Executados / Vertical
Unitário
Contas (AV -%)
Arrecadadas
RENDAS DE ADIANTAMENTO A DEPOSITANTES 3.473,35 28.945 0,120 0,6906
- Rendas de Adiantamento a Depositantes 3.473,35 28.945 0,120 0,6906

EMPRÉSTIMOS 62.646,39 1.704.388 0,037 0,211


- Empréstimos em Cheque Especial 3.382,88 45.105 0,075 0,249
- Empréstimo por C.A.C. 31.197,92 891.369 0,035 0,209
- Rendas de Empréstimos em inadimplência. 28.065,60 623.680 0,045 0,219

FINANCIAMENTOS 819,35 18.208 0,045 0,219


- Rendas de Financiamentos em Crédito Rotativo 819,35 18.208 0,045 0,219

APLICAÇÕES EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS 2.939,78 195.985 0,015 0,189


- Rendas de Aplicações em F.A.F. 2.939,78 195.985 0,015 0,189

RENDAS DE COBRANÇAS/ARRECADAÇÃO 244.245,25 305.307 0,800 0,974


- Rendas de Tarifas de Arrecadação 209.684,55 262.106 0,800 0,974
- Rendas de Cobranças 34.560,70 43.201 0,800 0,974

RENDAS DE OUTROS SERVIÇOS 10.391,42 6.843 1,519 1,692


- Rendas sobre Convênios 726,48 145 5,000 5,174
- Taxa de Ficha de COMPE 7.214,09 6.012 1,200 1,374
- Taxa Serviços C/C 1.986,56 88 22,450 22,624
- Taxa Cheque Menor (R$ 20,00) 464,29 19 25,000 25,174

RENDAS DE OUTRAS RECEITAS OPER. 11.242,39 2.056 5,467 5,641


- Taxa Devolução de Cheque 1.584,05 63 25,000 25,174
- Taxa de Manutenção de Contas 6.969,82 1.267 5,500 5,674
- Taxa de Emissão de DOC 255,63 49 5,200 5,374
- Taxa de Emissão TED/SPB 1.153,63 385 3,000 3,174
- Receita de Anuidade de Cartão de Crédito 688,24 44 15,750 15,924
- Receita de Anuidade de Cartão de Débito 535,30 61 8,750 8,924
- Receita de Intercâmbio de Cartão de Crédito 55,71 13 4,250 4,424

INGRESSOS DE DEPÓSITOS 58.074,56 4.840 12,000 12,174


- Ingressos de Depósitos Intercooperativos 58.074,56 4.840 12,000 12,174
TOTAL 393.832,49 2.266.571 0,174

Ilustração 20 – Receita da Agência Central


Fonte dos valores: O Autor

111
Operações =
Serviços Análise
Preço
RUBRICAS Rendimentos Executados / Vertical
Unitário
Contas (AV -%)
Arrecadadas
RENDAS DE ADIANTAMENTO A DEPOSITANTES 2.605,02 21.708 0,120 0,6906
- Rendas de Adiantamento a Depositantes 2.605,02 21.708 0,120 0,6906

EMPRÉSTIMOS 46.984,79 1.278.291 0,037 0,211


- Empréstimos em Cheque Especial 2.537,16 33.829 0,075 0,249
- Empréstimo por C.A.C. 23.398,44 668.527 0,035 0,209
- Rendas de Empréstimos em inadimplência. 21.049,20 467.760 0,045 0,219

FINANCIAMENTOS 614,51 13.656 0,045 0,219


- Rendas de Financiamentos em Crédito Rotativo 614,51 13.656 0,045 0,219

APLICAÇÕES EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS 2.204,83 146.989 0,015 0,189


- Rendas de Aplicações em F.A.F. 2.204,83 146.989 0,015 0,189

RENDAS DE COBRANÇAS/ARRECADAÇÃO 183.183,93 228.980 0,800 0,974


- Rendas de Tarifas de Arrecadação 157.263,41 196.579 0,800 0,974
- Rendas de Cobranças 25.920,52 32.401 0,800 0,974

RENDAS DE OUTROS SERVIÇOS 7.793,57 5.132 1,519 1,692


- Rendas sobre Convênios 544,86 109 5,000 5,174
- Taxa de Ficha de COMPE 5.410,57 4.509 1,200 1,374
- Taxa Serviços C/C 1.489,92 66 22,450 22,624
- Taxa Cheque Menor (R$ 20,00) 348,22 14 25,000 25,174

RENDAS DE OUTRAS RECEITAS OPER. 8.431,79 1.542 5,467 5,641


- Taxa Devolução de Cheque 1.188,04 48 25,000 25,174
- Taxa de Manutenção de Contas 5.227,37 950 5,500 5,674
- Taxa de Emissão de DOC 191,72 37 5,200 5,374
- Taxa de Emissão TED/SPB 865,22 288 3,000 3,174
- Receita de Anuidade de Cartão de Crédito 516,18 33 15,750 15,924
- Receita de Anuidade de Cartão de Débito 401,47 46 8,750 8,924
- Receita de Intercâmbio de Cartão de Crédito 41,79 10 4,250 4,424

INGRESSOS DE DEPÓSITOS 43.555,92 3.630 12,000 12,174


- Ingressos de Depósitos Intercooperativos 43.555,92 3.630 12,000 12,174
295.374,37 1.699.928 0,174

Ilustração 21 – Receita do Posto de Atendimento ao Cooperado I – PAC I


Fonte dos valores: O Autor

112
Operações =
Serviços Análise
Preço
RUBRICAS Rendimentos Executados / Vertical
Unitário
Contas (AV -%)
Arrecadadas
RENDAS DE ADIANTAMENTO A DEPOSITANTES 1.573,66 13.114 0,120 0,6892
- Rendas de Adiantamento a Depositantes 1.573,66 13.114 0,120 0,6892

EMPRÉSTIMOS 33.434,69 909.640 0,037 0,211


- Empréstimos em Cheque Especial 1.805,46 24.073 0,075 0,249
- Empréstimo por C.A.C. 16.650,48 475.728 0,035 0,209
- Rendas de Empréstimos em inadimplência. 14.978,75 332.861 0,045 0,219

FINANCIAMENTOS 437,29 9.718 0,045 0,219


- Rendas de Financiamentos em Crédito Rotativo 437,29 9.718 0,045 0,219

APLICAÇÕES EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS 1.568,97 104.598 0,015 0,189


- Rendas de Aplicações em F.A.F. 1.568,97 104.598 0,015 0,189

RENDAS DE COBRANÇAS/ARRECADAÇÃO 130.354,91 162.944 0,800 0,974


- Rendas de Tarifas de Arrecadação 111.909,69 139.887 0,800 0,974
- Rendas de Cobranças 18.445,22 23.057 0,800 0,974

RENDAS DE OUTROS SERVIÇOS 5.545,95 1.949 2,845 3,019


- Rendas sobre Convênios 387,73 78 5,000 5,174
- Taxa de Ficha de COMPE 3.850,20 3.208 1,200 1,374
- Taxa Serviços C/C 1.060,24 47 22,450 22,624
- Taxa Cheque Menor (R$ 20,00) 247,79 10 25,000 25,174

RENDAS DE OUTRAS RECEITAS OPER. 6.000,12 1.097 5,467 5,641


- Taxa Devolução de Cheque 845,42 34 25,000 25,174
- Taxa de Manutenção de Contas 3.719,83 676 5,500 5,674
- Taxa de Emissão de DOC 136,43 26 5,200 5,374
- Taxa de Emissão TED/SPB 615,70 205 3,000 3,174
- Receita de Anuidade de Cartão de Crédito 367,32 23 15,750 15,924
- Receita de Anuidade de Cartão de Débito 285,69 33 8,750 8,924
- Receita de Intercâmbio de Cartão de Crédito 29,74 7 4,250 4,424

INGRESSOS DE DEPÓSITOS 30.994,68 2.583 12,000 12,174


- Ingressos de Depósitos Intercooperativos 30.994,68 2.583 12,000 12,174
TOTAL 209.910,28 1.205.643 0,174

Ilustração 22 – Receita do Posto de Atendimento ao Cooperado II – PAC II


Fonte dos Valores: O Autor

A Análise Vertical indica qual o percentual que cada produto individualizado,


representa do custo médio total.

113
Essa informação servirá para quando se desenvolver um planejamento
estratégico, fazendo a adequação dos custos à receita total, com os percentuais obtidos
na Análise Vertical pode-se calcular os ajustes necessários em cada item, em termos de
custos, bastando para tanto aplicar o percentual de variação do Custo Total, em cada
item. Caso os custos forem trabalhados por item, utiliza-se o percentual de expansão ou
retração destes, para se obter a variação correspondente, no Custo Total.

Resumo dos totais de Receitas das Unidades Operacionais:


Agência Central = 393.832,49

PAC I = 295.374,37

PAC II = 209.910,28

TOTAL = 899.117,14

O Preço Unitário Único, ou seja, o preço médio unitário calculado por item de
produto trabalhado pela cooperativa, demonstrados nos quadros de Receitas anteriores
e conforme capítulo anterior fica sendo tão somente o resultado do quociente entre a
Receita Total proporcionada em cada unidade de atendimento, pelo total de itens
trabalhados pela cooperativa (Operações realizadas), como se segue:

Unidades Preço Unitário


Operacionais Único
Agência Central 0,174
PAC I 0,174
PAC II 0,174
SOMA 0,522

Ilustração 23 – Cálculo do Preço Total (unitário)


Fonte: O Autor

A soma dos preços unitários acima passa a se constituir em Receita Total por
unidade produzida, em todas as dependências da cooperativa.

O quadro acima é o resumo do cálculo já efetuado em cada quadro de Receita da


Agência Central e dos Postos de Atendimento aos Cooperados I e II, constituindo-se na
divisão do Total dos Rendimentos pelo Total das Operações.

Os custos e despesas (valores estes informados e que na contabilidade da


cooperativa devem ser obtidos do Demonstrativo de Resultado de Exercício, pela
classificação deles) comportaram-se conforme o quadro seguinte:

114
Custos e Agência PAC I PAC II
Despesas Central
CPF 42.476,40 26.298,00 19.828,80
CFP 223.001,10 138.064,50 104.101,20
CFD 37.166,85 23.010,75 17.350,20
CFG 35.715,60
SOMA 338.359,95 187.373,25 141.280,20

Ilustração 24 – Demonstração de Custos por setor operacional


Fonte: O Autor

Legenda,
CPF = Custos Proporcionais ao Faturamento
CFP = Custos de Formação do Produto
CFD = Custo Fixo Direto
CFG = Custos Fixos Gerais

Relembrando sempre que Custo Variável é composto pelos Custos Proporcionais


ao Faturamento – CPF somados aos Custos de Formação do Produto – CFP.

Outras informações:
Capital social da cooperativa = R$ 1.286.435,80
Remuneração anual prevista em estatuto = 12% ao ano.
Remuneração no mercado financeiro (valor acima de R$ 500.000,00) = 1,8 % ao
mês, valor estipulado para efeito deste exercício.

Desenvolvimento,

Primeiramente deve-se procurar montar o Modelo Econômico de demonstração


dos resultados.

Demonstrativo de Resultado de Exercício – DRE (Período X0)

115
Operações AC PAC I PAC II TOTAL
RTB = 393.832,49 295.374,37 209.910,28 899.117,14
(-)CPF = 42.476,40 26.298,00 19.828,80 88.603,20
(=)RTL = 351.356,09 269.076,37 190.081,48 810.513,94
(-)CFP = 223.001,10 138.064,50 104.101,20 465.166,80
(=)MBC = 128.354,99 131.011,87 85.980,28 345.347,14
(- ) CFD = 37.166,85 23.010,75 17.350,20 77.527,80
(=) MSBC = 91.188,14 108.001,12 68.630,08 267.819,34
(=) MSBC total = 267.819,34 267.819,34
(-) CFG = 35.715,60 35.715,60
(=) LO = 232.103,74 232.103,74
(-) RCP = 154.372,30 Calculados dentro dos 154.372,30
(-) CO = 23.155,84 %informados. 23.155,84
(=) LE = 54.575,60 54.575,60

Ilustração 25 – Demonstrativo de Resultado Econômico do Exercício (DREE).


Fonte: O Autor

Observa-se que a cooperativa em questão não tem empréstimos/financiamentos


de terceiros e sua atividade operacional é estritamente com seus associados, não
havendo exigência de tributação do resultado.

Legenda:
RTB = Receita Total Bruta
CPF = Custos Proporcionais ao Faturamento
RTL = Receita Total Líquida
CFP = Custo de Formação do Produto
MBC = Margem Bruta de Contribuição
CFD = Custo Fixo Direto
MSBC= Margem Semi-Bruta de Contribuição
CFG = Custos Fixo Gerais (Administração)
LO = Lucro Operacional
RCP = Remuneração do Capital Próprio
CO = Custo de Oportunidade
LE = Lucro Econômico

Obs.: A Remuneração do Capital Próprio – RCP, no valor de R$ 154.372,30 foi


obtido calculando-se a remuneração devida aos associados, pelo estatuto, de 12 %
sobre o capital de R$ 1.286.435,80 e o Custo de Oportunidade – CO, no valor de R$
23.155,84 foi calculado também sobre capital com o percentual de 1,8 %, como a melhor
remuneração a ser obtida fora do processo produtivo.

O resultado econômico é, portanto, de apenas R$ 54.575,60. Com esse valor e


com o total das Receitas apuradas anteriormente e compostas pela soma dos

116
rendimentos dos quadros de Receitas apresentados, totalizando R$ 899.117,14, pode-
se calcular o Retorno Efetivo.

% Lucro Econômico sobre Receitas = 54.575,60 = 0,0607 ou 6,07%.


899.117,14

Onde,

LE = Rentabilidade Econômica do Empreendimento (Cooperativa)


RTB

Observa-se que contabilmente o Lucro Operacional foi de:

% Lucro Operacional sobre vendas =

= 232.103,74 = 0,2581 ou 25,81%.


899.117,14

Existe, portanto, uma grande diferença entre ter lucros e maximizá-los,


procurando cobrir com os resultados obtidos, todas as opções de aplicação que por
ventura surgirem.

Cálculo do retorno por item de produto trabalhado.

Em primeiro lugar tomam-se os custos unitários médios, dos itens trabalhados


pela cooperativa de crédito, conforme calculado anteriormente, listando-os abaixo,
juntamente com os totais das Operações verificadas nos quadros de Receitas.

Unidades Preço Unitário


Operacionais Único Quantidades
Agência Central 0,174 2.266.571
PAC I 0,174 1.699.928
PAC II 0,174 1.205.643
SOMA 0,522 5.172.142

Ilustração 26 – Cálculo do Preço Total do Produto e da Quantidade Total.


Fonte: O Autor

Tomam-se ainda os valores dos custos informados,


Custos e Agência PAC I PAC II
Despesas Central
CPF 42.476,40 26.298,00 19.828,80
CFP 223.001,10 138.064,50 104.101,20
CFD 37.166,85 23.010,75 17.350,20
CFG 35.715,60
SOMA 338.359,95 187.373,25 141.280,20

Ilustração 27 – Total dos Custos por setor operacional


Fonte: O Autor

117
Divide-se as informações do quadro de custos, logo acima, pelo total das
quantidades do primeiro (R$ 5.172.142,00), resultando;

Custos Unitários dos produtos


Custos e Agência PAC I PAC II
Despesas Central
CPF 0,025 0,015 0,012
CFP 0,129 0,080 0,060
CFD 0,022 0,013 0,010
CFG 0,021
SOMA 0,196 0,109 0,082
Total Custos 0,387

Ilustração 28 – Custos Unitários por setor operacional


Fonte: O Autor

Obs.: Os custos da Agência Central são divididos pelo total das Operações
efetuadas pela cooperativa, com objetivo de se ter um custo unitário único com o qual
pode-se elaborar projeções de preços, por exemplo, podendo se ter a qualquer
momento uma correspondência desses preços projetados, bastando para tal utilizar do
critério de proporcionalidade. Em elaboração de aplicativos para Sistemas, isto facilita,
sobremaneira a montagem de programas.

Desenvolvendo o modelo econômico conforme já demonstrado, tem-se:

Demonstrativo de Resultado do Exercício – Por Unidade média produzida.

Operações AC PAC I PAC II


RTB = 0,174 0,174 0,174
(-)CPF = 0,025 0,015 0,012
(=)RTL = 0,149 0,159 0,162
(-)CFP = 0,129 0,08 0,06
(=)MBC = 0,02 0,079 0,102
(- ) CFD = 0,022 0,013 0,01
(=) MSBC = -0,002 0,066 0,092
(=) MSBC total = 0,156
(-) CFG = 0,021
(=) LO = 0,135
(-) RCP = 0,090 Calculado conforme
(-) CO = 0,013 %informado.
(=) LE = 0,032

Ilustração 29 – Demonstrativo de Resultado Econômico do Exercício, por unidade.


Fonte: O Autor

118
A participação dos custos econômicos denominados de Retorno sobre o Capital
Próprio – RCP e Custo de Oportunidade – CO, deve ser calculada a partir do quociente
entre os valores de cada uma dessas rubricas e o total das operações efetuadas,
conforme apuração dos demais custos unitários, a saber:

Obtém-se, da seguinte forma:

Retorno sobre o Capital Próprio - RCP x 3 = RCP p/Unidade


Operações (Quantidades de Produtos)

154.372,30 x 3 = 0,090 = RCP p/un.


2.266.571 + 1699.928 + 1.205.643

Custo de Oportunidade - CO x 3 = CO p/ Unidade


Operações (Quantidades de Produtos)

23.155,84 x 3 = 0,01343 = CO p/un.


2.266.571 + 1699.928 + 1.205.643

O resultado econômico (LE = Lucro Econômico), por unidade é, portanto, de R$


0,032, para cada R$ 1,00 aplicado ou ainda R$ 0,032 para cada conta cobrada ou
serviço executado. Isto em termos de percentual da receita representa:

LE (%) = % Lucro Econômico sobre Receitas = 0,032 x 100 = 6,13%.


RT 0,522

Observa-se que contabilmente o Lucro Operacional foi de:

LO (%) = % Lucro Operacional sobre vendas = 0,135 x 100 = 25,86%.


RT (=vendas) 0,522

O resultado acima apresenta uma pequena diferença daquele obtido com os


valores totais (0,06% no retorno do Lucro Econômico e de 0,05% no retorno do Lucro
Operacional), devido à parte centesimal trabalhada com aproximação. Indica ainda o
lucro econômico e operacional, médio unitário para cada item de produto trabalhado pela
cooperativa, isto é, por unidade de produto.

Ao se trabalhar com Planilhas de Cálculos, deve-se utilizar os valores


encontrados, sem aproximação e com, pelo menos, seis casas após a vírgula, para se
obter semelhanças nos resultados finais.

Na aplicação dos dados obtidos no Planejamento Estratégico de Longo Prazo,


com um único produto ponderado, temos:

Lucro Econômico = R$ 0,032 de Lucro Econômico, por unidade de


produto.

119
Receita Bruta Total = R$ 0,522 de Receita Total obtida por unidade de
produto.

Custo Econômico Total = R$ 0,103 custo econômico por unidade.

Custo Total Contábil (Custo Operacional) = R$ 0,387 custo contábil por


unidade.

Dessa forma, os custos a serem trabalhados, no sentido de se procurar reduzí-


los, serão os custos contábeis. Os custos econômicos aconselham-se apenas seguir os
preços de mercado para o dinheiro e os custos da remuneração da Capacidade
Empresarial dos Administradores (participação extra nos resultados), além dos custos
econômicos já definidos nos estatutos (como provisões para constituição de fundos e
custo de remuneração do capital aplicado na cooperativa).

Além das medidas de minimização dos custos, deve-se ter sempre em mente as
perspectivas de ampliação das receitas, através de lançamento de novos produtos;
ampliação de mercado, instalando novos PAC’s ou ainda em locais onde se encontrem
cooperados em potencial com dificuldades de acesso à cooperativa, contratando
correspondentes; campanhas para atrair novos associados bem como campanhas de
premiação pela utilização dos produtos da cooperativa.

Coloca-se ainda em questão, no presente trabalho, a sugestão de


“DISTRIBUIÇÃO DAS SOBRAS”, ou como comumente se usa a distribuição de lucros,
após a apuração dos resultados. A Remuneração do Capital Próprio (RCP) deduzida na
apuração do Lucro Econômico não quer dizer que será o valor a ser distribuído para os
associados, mas sim quanto se convencionou ser a melhor remuneração esperada para
o capital aplicado.

O resultado a ser distribuído, na verdade, deverá ser o Lucro Econômico ou parte


deste, depois de provido todos os fundos legais e outros fundos constituídos em
Assembléia Geral.

Os recursos que, no DRE acima, constituem “Custos Econômicos”, deverão


permanecer na cooperativa e reaplicados sob a forma de reinvestimentos, quer em
projetos de expansão como também na criação de um fundo de reserva de
contingências para quaisquer eventualidades em caso de exercícios pouco favoráveis e
decorrentes de diversos fatores tais como: causas fortuitas, quer de origem interna como
inadimplência em grande escala quer de origem externa como problemas com outras
cooperativas do setor, uma vez que a cooperativa ao fazer parte de um sistema
cooperativo, está sujeita à participação financeira para cobrir rombos e/ou falências de
congêneres do mesmo sistema, até que se apure, juridicamente as responsabilidades.

Ao Conselho de Administração e à Diretoria Executiva caberá tomar a decisão


que julgar mais acertada.

120
Vale aqui ressaltar, diante da situação enfocada no segundo parágrafo anterior,
que a direção da cooperativa deve sempre estar cobrando posicionamento de sua
Central, quanto a situação econômico-financeira das cooperativas que fazem parte do
mesmo grupo, objetivando não ser pego de surpresa com desajuste financeiro de
qualquer uma delas.

121
CAPÍTULO IX – A REPRESENTATIVIDADE DAS RECEITAS E DAS SOBRAS

1. Demonstração matemática

Uma forma de se obter um nível de representatividade, das receitas é mediante


cálculo muito simples como o cálculo de percentuais que a receita de cada item
representa da Receita Total (Análise Vertical – AV de uma tabela de receitas).

Os cálculos em questão poderão ser demonstrados da seguinte maneira:

PRIx = RTx
RT

Legenda,

PRIx = Participação da Receita Individual do item “x”;


RTx = Receita Total do item “x”;
RT = Receita Total (soma das receitas de todos os itens).

A elaboração da Fórmula Dupont

Um critério para apresentação da representatividade das sobras foi desenvolvido


pela “fórmula Dupont” (Contabilidad de Gestión, Professor Osmar Coronado, curso
Máster Universitário em Administración de Empresas Y Finanzas – Universidad de
Extremadura – ES, abril/2001) que define o Retorno Sobre o Investimento – RSI, do
inglês Return On Investiment – ROI” ou ainda, Retorno Sobre o Ativo, a qual, à partir da
Margem Líquida define a representatividade do resultado, em relação à Receita Total e
do Giro Sobre o Ativo, representando o coeficiente entre a Receita Total e o Ativo Total.
Os valores para esse cálculo são retirados do Balanço Patrimonial e do Demonstrativo
de Resultado de Exercício – DRE, elaborados pela contabilidade, conforme se segue:

122
CONTAS Valor em R$ AV CONTAS Valor em R$ AV
Ativo Circulante 12.363.998,60 96,3 Passivo Circulante 11.480.129,01 89,5
Disponibilidade 4.241.192,79 33 Depósitos 10.671.721,22 83,2
Caixa 817.691,73 6,37 Depósitos à Vista 9.831.571,94 76,6
Bancos 3.423.501,06 26,7 Depósitos à Prazo 836.492,71 6,5
Títulos e Valores Mobiliários 212.062,84 1,65 Outros Depósitos 3.656,57 0,03
Relações Interfinanceiras 3.759.820,53 Relações Interdependentes 206.199,93 1,6
Operações de Crédito 2.000.061,44 15,6 Obrigações por Empréstimos 182.664,32 1,4
(-) Oper. Cred. L. Duvidosa (30.566,01) -0,2 Outras Obrigações 419.543,54 3,3
Outros Créditos 2.080.575,07 16,2 Cobrança e Arrec. Tributos 7.998,51 0,1
Outros Valores e Bens 100.851,94 0,79 Sociais e Estatutárias 0,00 0,0
Bens não de uso próprio 0,00 0 Fiscais e Previdenciárias 50.964,12 0,4
Almoxarifado 48.517,35 0,38 Diversas 360.580,91 2,8
Despesas Antecipadas 52.334,59 0,41
SUBTOTAL 8.122.805,81 Passivo Não Circulante 1.353.904,80 10,5
Ativo Não Circulante 470.035,21 3,66 Exigível a Longo Prazo 0,00 0,0
Realizável a Longo Prazo 0,00
Investimentos 190.075,93 1,48 Patrimônio Líquido 0,00 0,0
Imobilizado 279.959,28 2,18 Capital Social 874.317,74 6,8
Imobilizações em Curso 0,00 Reservas de Lucros 0,00 0,0
Instalações, Móv., Eqpt. 164.194,27 1,28 Sobras/Prejuízos Acumulados 307.411,25 2,4
Outros 115.765,01 0,9 Resultado do Exercício 172.175,81 1,3
Diferido 0,00 0
TOTAL DO ATIVO 12.834.033,81 100 TOTAL DOPASSIVO 12.834.033,81 100

Ilustração 30 – Balanço Patrimonial do Exercício de 200X.


Fonte dos Valores: O Autor

123
DEMONSTRATIVO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ( Custeio por absorção)

DESCRIÇÃO DAS CONTAS VALORES AV


RECEITA OPERACIONAL BRUTA 579.607,81 100
Rendas de Adto a Depositante 2.691,50 0,5
Rendas de Empréstimos 357.345,19 61,7
Rendas de Títulos Descontados 0,00 0,0
Rendas de Financiamento 749,92 0,1
Rendas de Aplicação em Fundos de Invest. 2.691,07 0,5
Renda de Aplicações Financeiras 0,00 0,0
Recibo de Depósitos Bancários 0,00
Rendas de Cobranças 123.577,37 21,3
Rendas de Outros Serviços 9.268,75 1,6
Rendas de Receitas Operacionais 116,89 0,0
Ingressos de Depósitos 83.167,12 14,3
DEDUÇÕES DA REC. OPER. BRUTA
DESPESA OPERACIONAL 407.432,30 70,3
Despesa de Depósito a Prazo 3.143,25 0,5
Despesa por Obrig. p/ Emprest. e Repasses 127,02 0,0
Despesa Administrativas 360.014,37 62,1
Despesas de água, enrgia elétrica e gás 7.457,81 1,3
Aluguéis 5.575,87 1,0
Comunicação 21.494,34 3,7
Honorários 13.176,00 2,3
Manutenção e Conservação de Bens 3.986,53 0,7
Materiais 11.702,20 2,0
Pessoal - Benefícios 30.285,08 5,2
Pessoal - Encargos Sociais 37.261,51 6,4
Pessoal - Proventos 111.458,57 19,2
Pessoal - Treinamento 378,00 0,1
Processamento de Dados 5.497,49 0,9
Promoção e Relações Públicas 6.158,88 1,1
Propaganda e Publicidade 0,00 0,0
Publicações 0,00 0,0
Seguros 28.604,08 4,9
Serviços do Sistema Financeiro 11.536,99 2,0
Serviços de Terceiros 11.945,07 2,1
Vigilantes 5.085,08 0,9
Serviços Técnicos Especializados 2.190,00 0,4
Transporte 23.845,14 4,1
Tributárias 4.095,80 0,7
Viagens no País 602,77 0,1
Outras Despesas Administrativas 17.677,16 3,0
Depreciação 9.265,59 1,6
Provisão p/ Créditos de Liquidação Duvidosa 30.566,01 5,3
Outras Despesas Operacionais 4.316,06 0,7
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 172.175,51 29,7

Ilustração 31 – Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE) – Custeio por


Absorção
Fonte dos Valores: O Autor

124
O DRE, acima, é o modelo elaborado pela contabilidade e, obviamente, pelo
Método do Custeio por Absorção que é o método admitido pela Receita Federal.

Outro Método de Custeio:


RECEITA OPERACIONAL BRUTA 579.607,81
(-) Despesas Proporcionais ao Faturamento (DPF) 7.366,07
Despesa de Depósito a Prazo 3.143,25
Despesa por Obrig. p/ Emprest. e Repasses 127,02
Despesas Tributárias 4.095,80
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 572.241,74
(-) Custos Variáveis 111.127,42
Processamento de Dados 5.497,49
Promoção e Relações Públicas 6.158,88
Propaganda e Publicidade 0,00
Publicações 0,00
Seguros 28.604,08
Serviços do Sistema Financeiro 11.536,99
Transporte 23.845,14
Viagens no País 602,77
Provisão p/ Crédito de Liquidação Duvidosa 30.566,01
Outras Despesas Operacionais 4.316,06
(=) Margem Bruta de Contribuição 461.114,32
(-) Custos Fixos Diretos 249.074,36
Despesas de água, enrgia elétrica e gás 7.457,81
Aluguéis 5.575,87
Comunicação 21.494,34
Honorários 13.176,00
Manutenção e Conservação de Bens 3.986,53
Materiais 10.531,98
Pessoal - Benefícios 27.256,57
Pessoal - Encargos Sociais 33.535,36
Pessoal - Proventos 100.312,71
Pessoal - Treinamento 378,00
Serviços de Terceiros 11.945,07
Vigilantes 5.085,08
Depreciação 8.339,03
(=) Margem Semi Bruta de Contribuição 212.039,97
(-) Custos Fixos Gerais 39.864,46
Serviços Técnicos Especializados 2.190,00
Depreciação 926,56
Pessoal - Benefícios 3.028,51
Pessoal - Encargos Sociais 3.726,15
Pessoal - Proventos 11.145,86
Outras Despesas Administrativas 17.677,16
Materiais 1.170,22
(=) Lucro Operacional Líquido 172.175,51

Ilustração 32– Demonstrativo de Resultado do Exercício – Método do Custeio


Variável.
Fonte dos Valores: O Autor

Com as informações do DRE e do Balanço Patrimonial da Cooperativa, para esse


período pode-se construir a Fórmula Dupont, conforme demonstração a seguir:

125
Análise de Índices - Fórmula DuPont
Receitas
579.607,81

Lucro Líquido CDPF


172.175,50 (-) 7.366,07

Margem Líquida Custos Variáveis


29,71 (:) 111.127,42

Custos CF Diretos
407.432,31 249.074,36

Receitas Desp. Administr.


579.607,81 39.864,46

ROI (x ) Rec./Desp. Ñ Op.


1,34 0,00

IRPJ
0,00

Receitas
579.607,81
Giro do Ativo
0,05 (:) Caixa/Bancos
4.241.192,79

Ativo Total Estoques


12.834.033,81 48.517,35

Contas Receber
4.161.281,40

Outros AC
3.913.007,06

Ativo Permanente
470.035,21

Ilustração 33 – Fórmula DUPONT


Fonte: Apostila de Contabilidad de Gestión do Curso Máster Universitário em
Administración Y Finanzas – Universidad de Extremadura ES – abril de 2001.

Os resultados obtidos estão calculados em percentual.

O resultado apresentado indica, ao analisar inicialmente a Margem Líquida


(resultado da relação Lucro Operacional Líquido sobre Receitas) que esta apresentou
um percentual de 29,71%, retorno este bastante interessante se analisado

126
individualmente. Entretanto, verificando o Giro Sobre o Ativo (GSA), este aconteceu, no
exercício apenas 0,05 vezes (este cálculo não está em percentual, mas em quantidade
de rotações). Tendo em vista o Ativo Não Circulante ser muito pequeno e que a Receita
obtida representa apenas 5 % do Ativo Total, pode-se esperar que, com um revisão de
planejamento de gestão, conseguir-se-á melhores resultados pois o Ativo Circulante dá
condições para isso.

O Retorno Sobre Investimento – RSI de apenas 1,34 % pode ser alcançado com
aplicações no mercado financeiro, não necessitando de grandes esforços dentro do
processo produtivo, ou seja, a cooperativa está sendo, nesse momento, um negócio com
rentabilidade muito baixa, ante ao volume de aplicação de recursos apresentado.
Entretanto, por se tratar de cooperativa, a sua Diretoria deve com urgência fazer uma
análise dos objetivos desta, objetivando beneficiar os associados com produtos de
preços mais acessíveis, mas sem que isso implique em um baixo retorno de
rentabilidade.

De qualquer forma, deve-se elaborar um planejamento estratégico, revendo as


taxas cobradas, expansão do volume de negócios, os custos em geral e, enfim, repensar
o investimento.

127
CAPÍTULO X – OUTROS INDICADORES IMPORTANTES.

1. Conceitos

De singular importância para análise da situação operacional da cooperativa são


os indicadores abaixo discriminados:

- Ponto de Equilíbrio (Break Even Point);

Em qualquer ramo de negócio, a empresa tem um ponto de equilíbrio entre


Receita e Despesa. Nesse ponto elas se igualam, sendo, portanto um ponto crítico no
negócio, ou seja, acima dele se obtém lucro e abaixo dele se obtém prejuízo.

- Margem de Segurança

A Margem de Segurança mostra o quanto se está distante do Ponto de Equilíbrio.


O Gestor, por certo, estará com menores preocupações quanto ao volume de produção
e de negócios quanto mais distante, do Ponto de Equilíbrio, a entidade estiver
produzindo. Caso essa produção esteja na proximidade do mesmo, deve-se apressar
em trabalhar o marketing de forma a expandir os negócios, em primeira mão e, de
imediato, se iniciar a elaboração e execução de um Planejamento Estratégico de Longo
Prazo que priorize a expansão de mercado e de produtos e, com certeza, procurar obter
redução de custos.

- Alavancagem operacional

A Alavancagem Operacional é um processo que define estratégias para a


expansão dos negócios na cooperativa (empresa), direcionando os passos do
administrador para as medidas a serem tomadas e que proporcionam melhores
conseqüências e resultados.

2. O cálculo do Ponto de Equilíbrio - PE (Break Even Point – BEP)

O Ponto de equilíbrio refere-se à quantidade produzida exatamente no ponto em


que a Receita Total (RT) se iguala ao Custo Total (CT).

Para se calcular o PE ou BEP existem duas maneiras e há necessidade de se


obter, primeiramente o índice de participação da Margem Bruta de Contribuição (MBC),
na Receita Total Bruta (RTB). É necessário ainda se ter conhecimento do Custo Variável
Médio (CVM) constituindo-se da soma do Custo Proporcional ao Faturamento (CPF)

128
mais o Custo de Formação do Produto (CFP), dividido pelo total de produtos produzidos,
além de se ter conhecimento do Preço (P) desse produto, como se segue:

Índice do MBC = MBC


RTB

CVM = CPF + CFP


Operações (Total de Produtos)

Em seguida, calcula-se o BEP, da seguinte forma:

BEP = CFT
Índice do MBC

Caso se tenha a informação e queira utilizar, a outra fórmula é como se segue:

BEP = CFT
P – CVM

Lembrando que CFT é o Custo Fixo Total, P é o Preço do produto e CVM é o


custo variável médio, formado pela soma dos Custos Proporcionais ao Faturamento –
CPF e dos Custos de Formação do Produto – CFP, dividido pelo total das Operações
(quantidade total de produtos).

3. Cálculo da Margem de Segurança.

A Margem de Segurança é o índice calculado, em valor da receita total, em


termos de resultados alcançados ou ainda em quantidade produzida e que demonstra o
distanciamento que a produção alcançou do Ponto de Equilíbrio (PE). Com isso, esse
índice oferece um instrumento de grande importância para que a alta administração da
cooperativa observe a necessidade de implemento de medidas para aumento do volume
(quantidade) de operações (negócios) realizadas com os associados, no período
seguinte.

Essa margem é calculada da seguinte maneira:

MS = RTB - RTBe
RTB
Onde,

MS = Margem de Segurança
RTB = Receita Total Bruta
RTBe = Receita Total Bruta no ponto de equilíbrio.

Obs.: Após o cálculo do Ponto de Equilíbrio e este representando a quantidade de


equilíbrio, basta multiplicar esta pelo Preço Unitário Médio do Produto, obtido conforme

129
cálculo demonstrado no Capítulo anterior, uma vez que Receita Total (RT) é igual ao
Preço (P) multiplicado pela quantidade produzida (q).

Por outro lado, em termos de resultados, a margem de segurança pode ser assim
calculada.

MS = q x MBCunit – qe x MBCunit = MBC - CDF = RES


q x MBCunit MBC MBC

Onde,

MS = Margem se Segurança
q = Quantidade produzida
qe = Quantidade no ponto de equilíbrio
MBCunit = Margem Bruta de Contribuição Unitária
CFD = Custo Fixo Direto
RES = Resultado seguinte, no modelo econômico, ou seja, MSBC.

Para se calcular a Margem de Segurança à partir da quantidade produzida (no


caso da cooperativa, pela quantidade de Operações efetuadas – soma de todos os
serviços efetuados – saques, depósitos, recebimentos, manutenção de contas e
pagamentos em geral), utiliza-se a seguinte fórmula:

MS = q – qe
q

Donde que,

MS = Margem de Segurança
q = Quantidade produzida
qe = Quantidade produzida no ponto de equilíbrio (é a mesma utilizada no
cálculo anterior)

4. Cálculo da Alavancagem Operacional

Considera-se por Alavancagem Operacional à relação percentual entre a variação


do resultado obtido e o percentual de variação do Volume de Vendas (em R$), ou seja,
do Volume da Receita Total. Fazendo uma redução do resultado, em face ao do
conceito acima, podemos ainda dizer que Alavancagem Operacional indica qual o nível
de variação do resultado alcançado, em percentual, para cada 1% de variação da
Receita Total (Volume de Vendas).

Portanto, usando da engenhosidade da demonstração gráfica, o que facilita bem


mais a compreensão, podendo-se demonstrar o seguinte:

130
Apuração do Resultado de “Y” Apuração do Resultado de “Z”

MBC “Y” CDF “Y” MBC “Z” CFD “Z”

RES “Z”
RES “Y”
∆ MBC “Z”
∆ MBC “Y” ∆ RES “Y” ∆ MBC “Z” ∆ RES “Z”

Ilustração 34 – Demonstração do Resultado da Alavancagem Operacional.


Fonte: Brunstein, Israel – Economia de Empresas – pág. 144.

Legenda:
MBC = Margem Bruta de Contribuição.
CFD = Custo Fixo Direto,
RES = Resultado.
∆ = Variação

Observando o gráfico acima, pode-se verificar que um acréscimo qualquer da


MBC de cada um dos produtos, desde que Caeteris Paribus (expressão latina que em
economia indica a fixação de todos os outros fatores e ou valores, tornando-os
constantes) o CFD permaneça constante, o acréscimo na margem resulta em igual
acréscimo no resultado.

Exemplo:
MBC = R$ 2.000,00 + R$ 200,00 = R$ 2.200,00
CFD = R$ 1.000,00 = R$ 1.000,00
RES = R$ 1.000,00 + R$ 200,00 = R$ 1.200,00

Como foi demonstrado, no exemplo acima, o acréscimo no resultado ficou


exatamente igual ao acréscimo da margem bruta. Isto nos demonstra que um esforço de
vendas de maior quantidade de produto (expansão do crédito em geral, aumento de
algumas tarifas de serviços, etc.), a um Custo Fixo Constante resultará em um resultado
(margem) igual ao esforço pelo aumento da margem.

Em um Planejamento Estratégico, e a cooperativa possuindo ainda recursos


ociosos, maximizará seus rendimentos com a aplicação destes visto não ter aumento de
Custos Fixos Diretos. Isto quer dizer ainda, que a manutenção da estrutura de um Posto
de Atendimento ao Cooperado (PAC), já existente, já se encontram implícitos todos os
Custos Fixos Diretos (CFD) e um aumento da quantidade de operações do mesmo terá
influência, praticamente apenas nos Custos Variáveis.

131
Por outro lado, o gráfico logo acima, representa a variação do MBC dos dois
produtos, iguais, apesar dos resultados alcançados serem diferentes. Aquele produto
com menor resultado tem a relação MBC/RES, maior que a relação efetiva do outro.

Produto “Y”
RES = R$ 1.000,00
∆ RES = R$ 200,00
% ∆ RES = R$ 200,00 / R$ 1.000,00 = 0,20 ou 20 %

Produto “Z”
RES = R$ 500,00
∆ RES = R$ 200,00
% ∆ RES = R$ 200,00 / R$ 500,00 = 0,40 ou 40 %

Com efeito, menor resultado R$ 500,00 representa maior percentual de variação,


ou seja, 40%. Por outro lado, um produto com a mesma Margem Bruta de Contribuição
(MBC), apresentado Custo Fixos diferentes terão, por certo, resultados diferentes,
perfazendo um Resultado maior aquele que tiver um Custo Fixo menor. Dessa forma fica
patente a necessidade de muito controle sobre os Custos Fixos os quais representam
como o processo produtivo está montado, se com grande, médio ou pequeno aparato.
Aqueles mais pomposos em seus negócios terão tendências a instalarem processos
produtivos com maior Custo.

Verificando a variação percentual do resultado do Produto “Z”, verifica-se ser esta


exatamente o dobro da variação percentual do Produto “Y”. Em se tratando de MBC’s de
cooperativas diferentes, a administração desta última foi mais profícua no desempenho
operacional, fazendo o resultado apresentado, de um período para outro, apresentar
uma melhor performance. O mesmo pode ser dito caso essa análise se referir a dois
produtos da mesma cooperativa: a gestão na produção de um é melhor a do outro ou as
circunstâncias para se promover a expansão de um estão mais favoráveis que as do
outro.

Admite-se, conforme já evidenciado em capítulo anterior, que a variação positiva


do resultado, depende de:

- Aumento das Vendas (RT);


- Redução dos Custos Proporcionais ao Faturamento;
- Redução de Custos de Formação do Produto, os dois primeiros compondo o
Custo Variável;
- Redução dos Custos Fixos Gerais - Administrativos.

Dessa forma, se a cooperativa estiver trabalhando com capacidade ociosidade de


fatores de produção e experimentar um aumento da Receita Total, simplesmente por
aumento de Operações, podendo ser esta também por ampliação do quadro de
Associados, fará com que ocorra um aumento proporcional dos Custos Variáveis. Desde
que não ocorra o fator “economia de escala” e permanecendo todos os Custos Fixos
constantes, considerando ainda tanto o Custo Variável, como a Receita Total como
funções lineares, o resultado variará na mesma proporção da variação da receita total.
132
Se ocorrer do aumento do nível de produção, por alguma forma vir a proporcionar
economias de escala (com redução de Custos Variáveis), o resultado será maior que a
variação experimentada pela receita, indicando que houve redução de Custos Diretos.

Demonstração Gráfica.

Receita/
Custos RT

RES ∆ RES CT

RES

MBC
CV
CFT

CV
CF

CFT

0 qe q q + ∆q Quantidade (q)

Ilustração 35 – Demonstração gráfica do aumento do Resultado pela variação da


produção
Fonte: O Autor

Legenda,
q = Quantidade produzida
qe = Quantidade produzida no Ponto de Equilíbrio (PE)
∆q = Variação da quantidade produzida
CFT = Custo Fixo Total (Custo Fixo Direto - CFD mais Custos Fixo Gerais - CFG)
MBC = Margem Bruta de Contribuição
RES = Resultado apresentado
∆RES = Variação do Resultado
CT = Custo Total = Custo Variável (CV) + Custo Fixo Total (CFFT)
CV = Custo Variável = Custos Proporcionais ao Faturamento (CPF) + Custos
de Formação do Produto (CFP)

133
Considerando agora que o resultado do setor produtivo da cooperativa, excluindo-
se a administração geral, é igual à Margem Bruta de Contribuição menos o Custo Fixo
Direto, ou seja,

RES = MBC – CFT

Essa fórmula pode ainda ser escrita de outra maneira, como se segue:

RES = q x MBCunit – CFT

Devido ao Custo Fixo Total não ter variação, é certo que

∆RES = ∆q x MBCunit

Aplicando agora o conceito de Grau de Alavancagem Operacional (GAO), ou seja:

GAO = Variação % do resultado (%∆RES)


Variação % da quantidade produzida/vendida (%∆q)

Com a expressão acima, chega-se ao seguinte:


GAO = ∆RES /RES
∆q / q

∆q x MBCunit
q x MBCunit - CFD
GAO =
∆q
q

Na divisão de duas frações, resolve-se conservando a fração do numerador e


multiplicando esta pela fração do denominador, invertida, como se segue:

GAO = ∆q x MBCunit x q simplificando apenas o ∆q, tem-se,


q x MBCunit – CFD ∆q

GAO = q x MBCunit = MBC


q x MBCunit – CFD RES

Logo, a fórmula acima pode também ser escrita da seguinte forma:

GAO = MBC
RES

134
ESTUDO DE CASO – Cooperativa de Crédito Mútuo dos Empregados na Indústria
RECICLA TUDO Ltda.

A cooperativa obteve, em dois exercícios seguidos, os resultados abaixo


discriminados:

Exercício X0 Exercício X1
Receita Operacional Bruta 579.607,81 700.427,30
Custo Variável 285.202,61 322.982,41
Custo Fixo Direto 81.486,46 92.280,69
Custos Fixos Gerais 40.743,23 46.140,35
Custo Fixo Total 122.229,69 138.421,04
Custo Total 407.432,30 461.403,45
Sobras Líquidas 172.175,51 239.023,85

A Quantidade Total Produzida conforme calculada no Capítulo VII, representa a


soma das quantidades de cada produto obtidas pela divisão da Receita total pelo Preço
Unitário daquele e as quantidades informadas são:

q = 1.013.300 e 1.224.523, respectivamente

A Quantidade de Equilíbrio pode ser calculada, dividindo-se a Receita Total Bruta


de equilíbrio pelo Preço Médio - PM dos produtos, dessa forma obtém-se:

PM = RTB = 579.607,81 e 700.427,30


q 1.013.300 1.224.523

PM = 0,572 e 0,572, mantidos os preços nos dois exercícios.

Calculando o Ponto de Equilíbrio por um dos resultados do Modelo Econômico


(DRE com demonstração de Lucro Econômico ou Lucro Puro), a Margem Bruta de
Contribuição, a quantidade de equilíbrio terá que ser calculada também em função do
valor desta.

Com as informações acima, pede-se calcular:

1) O Ponto de Equilíbrio
2) A Margem de Segurança
3) O Grau de Alavancagem Operacional

DESENVOLVIMENTO

Para o cálculo do Ponto de Equilíbrio - PE (Break Even Point - BEP) há


necessidade de se encontrar primeiro resultado após a retirada dos Custos Variáveis,

135
que é a Margem Bruta de Contribuição - MBC. Assim sendo, utilizando as fórmulas
abaixo:

Índice do MBC = MBC


RTB
Onde,
MBC = Margem Bruta de Contribuição
RTB = Receita Total Bruta

Cálculo do Break Even Point - BEP pelo Índice do MBC:

BEP = CFT
Índice do MBC
Onde,
CFT = Custo Fixo Total

Cálculo do BEP pelo Preço e Custos Variável Médio:

BEP = CFT
P – CVM

Obtenção do MBC:
Exercício X0 Exercício X1
Receita Total Bruta (RTB) = 579.607,81 700.427,30

(-) Custo Variável (CV) = 285.202,61 322.982,41


(=) Margem Bruta Operacional (MBC) = 294.405,20 377.444,89

Obtenção do Índice da MBC:

Exercício X0 Exercício X1
Índice do MBC = MBC = 294.405,20 377.444,89
RTB = 579.607,81 700.427,30

Exercício X0 Exercício X1

Índice do MBC = 0,50794 0,53888

Cálculo da receita de equilíbrio que designa o Ponto de Equilíbrio ou Break Even


Point – BEP pelo Índice da Margem Bruta de Contribuição – Índice de MBC:

Exercício X0 Exercício X1
BEP = CFT = 122.229,69 138.421,04
Índice de MBC 0,50794 0,53888

Exercício X0 Exercício X1
BEP = 240.638,05 e 256.868,02
136
NOTA: O Ponto de Equilíbrio, representado pela Receita Total Bruta de
equilíbrio (RTBe) e pela quantidade de equilíbrio, se verifica no momento em que a
cooperativa está produzindo certa quantidade de produtos cuja Receita correspondente
se equipara, em valor, com o total dos Custos realizados até então.

O Ponto de Equilíbrio ou o Break Even Point, em termos de Receita, ocorreu, no


Exercício X0, com a Receita de R$ 240.638,05 e, no Exercício de X1, ocorreu com a
Receita de R$ 256.872,79. Nesse ponto, a Receita cobriu o Custo Fixo Total e o Custo
Variável até esse nível de produção. Estes resultados

Para cálculo da quantidade de equilíbrio (qe), à partir da Receita Total Bruta de


equilíbrio, basta dividir essa Receita pelo Preço Médio do produto, como se segue:

Em primeiro lugar tem-se:

RTB = Pxq

Logo,

q = RTB
q
Isto posto, considerando quantidade de equilíbrio = qe, tem-se:

qe = RTBe = 240.638,05 e 256.868,02


PM 0,572 0,572

Onde,

qe = 420.696 e 449.070

Cálculo da Margem de Segurança

Exercício X0 Exercício X1
MS = RTB – RTBe = 579.607,81 – 240.638,05 e 700.427,30 – 256.868,02
RTB 579.607,81 700.427,30

Onde,
MS = Margem de Segurança
RTB = Receita Total Bruta
RTBe = Receita Total Bruta no ponto de equilíbrio.

Exercício X0 Exercício X1
MS = 0,5848 e 0,6333

Ou,
Exercício X0 Exercício X1
MS = 58,48% e 63,33%
137
Esses percentuais indicam que a cooperativa está com boa Margem de
Segurança e de um Exercício para o outro ainda aumentou um pouco mais essa
margem.

Calculando a Margem de Segurança através da quantidade produzida, tem-se o


seguinte resultado:
Exercício X0 Exercício X1
MS = q – qe = 1.013.300 – 420.696 1.224.523 – 449.070
q 1.013.300 1.224.523

Donde que,

MS = Margem de Segurança
q = Quantidade produzida
qe = Quantidade produzida no ponto de equilíbrio

Exercício X0 Exercício X1

MS = 0,5848 0,6333

Ou,
Exercício X0 Exercício X1
MS = 58,48% 63,33%

Os dois resultados anteriores, da Margem de Segurança, indicam que a


cooperativa está operando bem além do Ponto de Equilíbrio, com um distanciamento de
58,48% no período X0 e de 63,33%, no período X1. Nota-se ainda que a cooperativa está
ampliando, a cada período a sua Margem de Segurança.

O cálculo do Grau de Alavancagem Operacional (GAO)

GAO = Variação % do resultado (RES)


Variação % da quantidade produzida/vendida (q)

Conforme desenvolvida no Capítulo X, a fórmula para cálculo do Grau de


Alavancagem Operacional (GAO), é a seguinte:

GAO = MBC
RES
Isto posto,

Exercício X0 Exercício X1
GAO = 294.405,20 = 377.444,89
172.175,51 239.023,85

138
GAO = 1,7099 ou 1,5791

Considerando as variações das Margens Brutas de Contribuição (MBC) do


período X1 para o período X2, esta foi de 28,21% (∆MBC/MBC x 100), enquanto a
variação do Resultado (∆RES/RES x 100) foi de 38,83%. Isto comprova que uma
variação no MBC, para maior ou para menor, gera uma variação do Resultado,
proporcionalmente maior (para mais ou para menos), considerando-se a não utilização
completa do potencial dos fatores de produção (recursos produtivos), fixos, ocorrida
normalmente – Desemprego de Fatores de Produção.

A Alavancagem Operacional informa o quanto de Margem Bruta de Contribuição a


cooperativa dispôs, no período, para fazer face ao Custo Fixo Total. Este pode-se
constatar, experimentou uma variação menor que a da Margem Bruta de Contribuição.

Cálculo do GAO – Grau de Alavancagem, pela MBC – Margem Bruta de


Contribuição e pelo RES – Resultado Operacional.

Cálculo da Margem Bruta de Contribuição:

Exercício X0 Exercício X1
Receita Operacional Bruta 579.607,81 700.427,30
(-) Custo Variável 285.202,61 322.982,41
(=) Margem Bruta de Contribuição 294.405,20 377.444,89

Cálculo do Grau de Alavancagem Operacional

Exercício X0 Exercício X1
GAO = MBC = 294.405,20 377.444,89
RES 172.175,51 239.023,85

Exercício X0 Exercício X1
GAO = 1,7099 1,5791

O Grau de Alavancagem acima, demonstra a Margem Bruta de Contribuição, no


primeiro período, representa 171% do Resultado obtido e no segundo período, essa
Margem de Contribuição cai para 158%. Esses números, em períodos subseqüentes,
indicam que a alavancagem da cooperativa está em ligeiro declínio.

139
CAPÍTULO XI – PROCEDIMENTOS RELATIVOS À TRILOGIA: CUSTO – VOLUME –
LUCRO, COM A AMPLIAÇÃO DOS NEGÓCIOS DA COOPERATIVA DE CRÉDITO.

1. Ampliação de mercados com meios próprios ou de terceiros

Uma cooperativa com um bom trabalho de gestão pode dispor de atendimento a


seus associados em diversas agências localizadas nos bairros da cidade, onde está
situada também a sua sede. Tais filiais podem se localizar também em outras cidades e
até com um número relativamente pequeno de empregados para os quais não
compensa a criação de um PAC – Posto de Atendimento ao Cooperado. Com um
Planejamento Estratégico bem elaborado e com muita perspicácia e certeza de mercado
pode a cooperativa realizar a ampliação sua produção, programando a abertura de:

- PAC’s;
- Caixas Eletrônicos (CE) e
- Terceirização de serviços – Correspondentes Cooperativos (COCOOP’s).

Com essas medidas ela estará promovendo um aumento do volume de negócios,


e ampliando com certa moderação, seus custos fixos.

A cooperativa deve, entretanto, dentro do Planejamento efetuado, pesquisar qual


o volume de negócios possível de alcançar e em qual tempo, de forma que a estimativa
da receita supere a estimativa das despesas, ou seja, a receita total estimada seja
superior àquela definida como a do Ponto de Equilíbrio (Break Even Point – EP).

A instalação de PAC’s, substitui plenamente uma agência convencional,


distinguindo-se desta última apenas pelo seu porte. O PAC é um tanto oneroso e para
justificar sua existência, deverá ter um movimento inicial que supere no mínimo, o Ponto
de Equilíbrio. Na verdade um PAC deve funcionar como uma agência normal e os
cooperados deverão estar cientes de sua existência (com trabalho de marketing, direto e
interno ao meio) e dos produtos oferecidos e passíveis de serem obtidos ali, de forma
que todos aqueles que desejem alguma coisa da cooperativa, para lá se dirijam.

Com isto, os Custos Fixos vão ser ampliados, mas devido ao aumento da Receita
Total, o PAC poderá ser perfeitamente viável, caso a quantidade de produtos
operacionalizada e o volume da Receita Total, ultrapasse o novo Ponto de Equilíbrio de
produção da Cooperativa.

A cooperativa também poderá optar por instalar Caixas Eletrônicos - CE. Como
fazer a opção entre PAC e CE? Não é tão simples assim porque para instalação de um
Caixa Eletrônico também há necessidade de se ter rentabilidade suficiente para cobrir
custos de manutenção da máquina (eletromecânica), das instalações onde vai ficar o CE
(aluguel, luz, segurança), do transporte de valores. Como podemos observar, não fica
muito barato. Entretanto, um Caixa Eletrônico deve ser instalado em locais onde se faz

140
necessário a operacionalização, pelos associados, em horários diferentes do expediente
bancário.

Observa-se que nas duas opções anteriores, a movimentação requerida deve


render receitas suficientes para cobrir custos elevados, tanto de manutenção de um PAC
como de um CE.

A Resolução n.º. 3.110, de 31 de julho de 2003, do CONSELHO MONETÁRIO


NACIONAL – (CMN), alterada pela Resolução 3.156, de 17 de dezembro de 2003, deu a
possibilidade de se obter redução dos custos, através da terceirização de serviços do ,
Sistema Financeiro Nacional, nesses instrumentos legais denominado de “contratação
de correspondentes no País”. Neste trabalho e em função dos bancos terem
denominado de “Correspondentes Bancários - COBAN”, reportando às cooperativas
utilizaremos a designação de Correspondentes Cooperativos ou COCOOP’s.

As grandes empresas empenhadas no fornecimento de produtos ou na prestação


de bons serviços em todos os rincões desta grande nação têm suas filiais, escritórios ou
serviços terceirizados nos mais longínquos recantos do País. Esses “braços” das
empresas não têm grande quantidade de funcionários para justificar a presença física de
uma nova cooperativa, cujos associados são funcionários daquelas ou de empresas que
lhes prestem serviços continuados. Implantar um PAC na localidade para atender a
esses cooperados em potencial, não se justifica quer pelo alto custo de manutenção do
mesmo, quer por não se prever retorno suficiente para fazer face a esses custos.

Desta forma, utilizando do disposto no art. 1º da Resolução 3.110, alterado pela


Resolução 3.156, fica autorizado às cooperativas de crédito como instituições
financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, a constituírem também
seus Correspondentes Cooperativos. Isto dá oportunidade às mesmas de associar e
atender a esses empregados residentes em pequenas localidades e operando em
pequenas filiais, escritórios de representação da empresa ou ainda em empresas
terceirizados.

Neste caso, a agregação de custos ao custo total da cooperativa, será mínima,


pois um correspondente bancário (ou correspondente cooperativo), por mais
improdutivo, representa um custo total mínimo se relacionado ao custo de um PAC.

A margem de lucro (sobra), para esse tipo de serviço terceirizado


(correspondentes cooperativos), é bem maior, e se a manutenção do software utilizado,
for paga para a empresa proprietária por unidade de serviço prestado, os custos daí
oriundos serão exclusivamente de software, bobina de papel e manutenção do
equipamento (esporádica).

Isto, na prática significa: se produzir tem custo senão não tem. Na verdade a
manutenção de máquina fica maior se tiver grande movimentação e aí, haverá,
certamente, rentabilidade necessária para mantê-la.

141
2. Comparação de custos ente um PAC e um COCOOP.

A título de exemplificação de custos, veremos os cálculos abaixo. Considerando


um PAC, operando com os seguintes custos:

CPF = R$ 17.485,00
CFP = R$ 102.270,00
CFT = R$ 17.045,00
SOMA= R$ 136.800,00

Legenda:
CPF = Custos Proporcionais ao Faturamento (Custos Variáveis não
realizadas juntamente com a produção – Tributos e Marketing premiado,
como exemplo).
CFP = Custo de Formação do Produto, aquele realizado com o processo de
produção dos produtos.
CFT = Custos Fixos Totais, estão relacionados à manutenção dos bens de
capital e a serviços, dentro das agências (local de produção) que não
fazem parte na composição do produto (Iluminação de fachada, corredores,
segurança, dentre outros), além de serviços de controle e gerenciamento
administrativos da administração central da cooperativa.

Considerando ainda que ao utilizar do sistema de média de quantidades


ponderadas, desenvolvida anteriormente, o custo unitário médio de cada produto do
PAC em questão, é de R$ 0,76 por unidade de produto (de reais aplicados, de serviços
executados ou de documentos cobrados), dada à média ponderada dos mesmos
totalizarem 180.000 unidades.

Quantidade de produtos/serviços= 136.800,00 = 180.000 unidades.


0,76

Considerando que o Custo Total de certa quantidade de Correspondentes


Cooperativos, necessários para se atingir a mesma quantidade de produto produzida
pelo PAC é de R$ 63.000,00 perfazendo um custo unitário por procedimento da ordem
de R$ 0,35, ou seja:

Custo médio unitário do produto, no COCOOP = 63.000,00 = R$ 0,35


180.000

Esse custo unitário tem a seguinte sugestão de proposta de composição:


- R$ 0,15 pagos ao COCOOP (pessoa jurídica contratada como correspondente).
- R$ 0,08 pagos, por autenticação, ao proprietário do software.
- R$ 0,12 pagos pela manutenção da máquina e pelo material utilizado.

Comparados com o custo anterior do PAC que é de R$ 0,76, conclui-se, neste


caso, que os correspondentes cooperativos representam um custo menos da metade do
custo do PAC. Uma vez que o correspondente representa serviços terceirizados, os

142
custos, na quase totalidade passam a ser variável, ou seja, os custos são proporcionais
ao faturamento do correspondente.

A diferença de custo é, portanto, notória e não se vê motivos para deixar de


atender associados de recantos longínquos ou mesmo de bairros mais distantes do
centro da cidade.

As instituições financeiras, em geral, inclusas as Cooperativas de Crédito,


conforme Art. 2 da Resolução 3.156, não podem contratar correspondentes cuja
atividade principal ou única seja a de prestação de serviços relativos aos incisos I e II da
Resolução 3.110, os correspondentes devem ter outra atividade principal (mercados,
lojas em geral, padarias, dentre outras).

O atendimento aos Associados implica em abertura de novas contas e suas


movimentações. Os serviços deverão, portanto, ser terceirizados para empresas
comerciais e/ou prestadoras de serviços, já estabelecidas. Para essas empresas, o
rendimento desse trabalho será apenas um “plus” a mais em sua receita que
compensará, no mínimo, o pagamento do salário do empregado lotado em seu caixa.

3. Os custos resultantes da ampliação do volume de negócios

As ampliações dos serviços, por qualquer um dos meios acima, em locais


diferentes da Sede, têm, portanto, um acréscimo de Custos Fixos. A contratação de
software específico para cada caso, eliminará ou não incluirá custo com a mão-de-obra
e, pelo volume de produção alcançada, em quantidade bem maior que aquela a ser
alcançada em um sistema manual ou em um sistema sem tivesse link (ligação) com a
Contabilidade e, portanto, processada manualmente.

P
RT
Novo CT

CT

Novo Custo Fixo


CV

Custo Variável
Custo Fixo

Novo Custo Fixo


Custo Variável
Custo
Fixo
0 qe0 qe1 q
143
Ilustração 36 – Demonstração gráfica de Inovação Tecnológica com aumento de custos.
Fonte: O Autor.

No gráfico acima, considerando os preços dos produtos sempre constantes,


observamos dois pontos de equilíbrio:

- O primeiro (qe0) é o equilíbrio da Receita Total e Custo Total, inicial, antes de se


desenvolver o Plano de ampliação dos negócios.

- O segundo (qe1) é o equilíbrio da Receita Total e Custo Total, após a ampliação


dos negócios.

Fica patente que a ampliação do Custo Fixo Total faz objetivando o aumento de
Lucros (Sobras), deve necessariamente trazer um aumento do volume de negócios
(associação de mais cooperados), traduzida em aumento da Receita Total, necessária
para cobrir esse acréscimo nos custos e a diferença entre eles, resulta em sobras
(lucro). Pode-se ganhar ampliando os negócios dessa maneira, entretanto, deverá ser
muito bem estudado o mercado a fim de que não se faça investimentos em um local sem
retorno suficiente para a cobertura de custos.

Para um Planejamento Estratégico bem elaborado e bem consistente, deve-se


levar em conta ainda que a ampliação de qualquer negócio significa alocar mais custos a
um determinado produto ou a uma linha destes, a determinadas atividades que
envolvem o sistema produtivo ou a um ou mais setores e/ou áreas da empresa.

4. O DRE como instrumento de análise financeira

Um instrumento do qual o analista financeiro se vale para avaliar resultados e


fazer estimativas, é sem dúvida o Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE.
Entretanto, há necessidade de se levar em consideração, para efeito dessa análise, o
seguinte:

a) Ambiente empresarial – A empresa competitiva vive sempre um ambiente de


concorrência, quer seja para obtenção da mão-de-obra melhor qualificada, quer para
melhorar também a qualidade do capital (capital tido como recursos de produção,
produzido) ou ainda na obtenção de matéria prima de melhor qualidade e mais barata.

Em geral, prima-se pela obtenção de recursos produtivos de qualidade e a um


menor custo. Deve-se ainda levar em consideração que a cooperativa também entra em
concorrência para obtenção de clientes (Cooperados) uma vez que estes são também
clientes em potencial dos bancos, assim como para obtenção de mais mercados, enfim
concorrência em todas as suas atividades.

b) Competição – Nesse ambiente de concorrência, a cooperativa tem que ser


competitiva, em todos os aspectos citados anteriormente. O marketing premiado tem
144
sido uma prática de atração de associados e demonstração de competitividade, quando
são oferecidas vantagens aos associados para efetuarem seus depósitos ou
capitalização, na cooperativa, ao invés de fazê-lo em outras instituições. A cooperativa
deve ser aguerrida nesse aspecto, utilizando de criatividade.

c) Missão – Deve estabelecer como missão o enfrentamento de toda a


adversidade encontrada e com competência, independente de não possuir grandes
quantidades de recursos disponíveis. Uma Missão bem definida serve de estímulo a
todos os stakeholders da cooperativa.

5. O que deve estar estabelecido na Missão da cooperativa

5.1 A geração de riquezas ocorridas no momento em que se adiciona valor aos


produtos;

5.2 A qualidade dos produtos que devem ser objeto de marketing necessário e
evidenciado em qualquer anotação e/ou comunicação feita aos cooperados e ao público
em geral;

5.3 Atendimento individualizado de cooperados subentendendo-se também o


slogan criado para diferenciação, no mercado, da cooperativa (distinção, ex.: “Aquela
com rentabilidade certa”) e aquele criado para fixar o chamamento para algum produto
diferenciado, por exemplo, ”O crédito mais acessível e no valor que você precisa”;

5.4 Geração de emprego e de renda, para todos os stakeholders envolvendo,


desta forma, a sociedade da qual faz parte;

5.5 O papel social é feito desde a satisfação dos cooperados com produtos que
atendam às suas necessidades mais prementes e com menores custos, dos
empregados (cooperativários) com remuneração equivalente àquela oferecida pelo
mercado e pelo conjunto dos “stakeholders” com convênios os quais beneficiam aos
associados, empregados e às próprias empresas conveniadas que também estão
ampliando seus negócios.

Estes aspectos enfocados, além de serem sociais são também constitucionais,


conforme artigo 170 da Constituição Federal de 1988, cuja redação é a seguinte:

“Art. 170. A ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na


livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
I – soberania nacional;
II – propriedade privada;
III – função social da propriedade;
IV – livre concorrência;
V – defesa do consumidor;
VI – defesa do meio ambiente;
VII – redução das desigualdades regionais e sociais;
145
VIII – busca do pleno emprego;
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob
as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.”

6. As sobras (lucro) como objetivo e os custos como objeto de controle

6.1 Sobras (Lucros) – Não só o sobra deve ser objetivado, mas também a sua
maximização, por intermédio de atividades que não vão sobrecarregar os associados
com custos de serviços muito elevados, relembrando ser a cooperativa uma empresa
como outra qualquer e como tal deve objetivar sobras mesmo porque terá, para sua
sobrevivência, necessidade de produzir recursos para reinvestimentos.

6.2 Custo de oportunidade – Dentre as diversas opções existentes para se efetuar


criação/supressão de produtos para atender às necessidades dos próprios associados,
deve-se escolher aquelas com menor custo de oportunidade, com melhor utilidade para
os associados e/ou maior rentabilidade.

Em face a essas considerações, é de suma importância o conceito de sobra,


refletindo a diferença entre os benefícios obtidos subtraídos dos recursos consumidos.
Com esse conceito, pode-se esperar que toda a atividade econômica tenha, por objetivo,
alguma rentabilidade pelos seguintes motivos:

a) As sobras (lucro) garantem a continuidade do negócio, por proporcionar a


possibilidade de reinvestimentos, tanto para ampliação do volume dos negócios como
para melhoria da tecnologia empregada nas diversas atividades exercidas.

b) Dar oportunidade de remuneração do capital investido, a níveis considerados


satisfatórios pelos associados.

c) A sobra (lucro) ainda é a remuneração do fator de produção chamado


Capacidade Gerencial e com isso, pode-se avaliar a gestão da Diretoria Executiva e do
Conselho de Administração.

Entretanto, para se obter o lucro, é necessário que sejam bem administrados os


custos e, para tanto, contamos com diferentes métodos de custeio, os quais serão vistos
a seguir, bem como as suas aplicações.

Os custos podem ser classificados em duas categorias: Custeio Parcial e Custeio


Pleno ou Full Cost.

No Custeio Parcial são alocados ao produto, apenas o custo a ele ligado


diretamente, quer sejam Custos Variáveis, quer sejam Custos Fixos. Por este motivo, o
método é denominado de Custo Direto.

No Custeio Pleno todos os custos são alocados ao produto, quer sejam diretos ou
indiretos. Este último entra no custo do produto através de um critério de rateio. Nesta

146
categoria de custeio encontram-se destacados, dentre outros, os métodos de Custeio
por Absorção e Custeio Baseado em Atividade (Custeio ABC).

7. Um reforço sobre Métodos de custeio

Os métodos de custeio acima, o Custeio Direto ou Custeio Variável é empregado


para usuários interno e muito eficaz para se tomar decisões de Curto Prazo. O método
do Custeio por Absorção é empregado para usuários externos e é o único aceito pela
Legislação Tributária. O método do Custeio Baseado em Atividades (Custeio ABC) é
empregado para usuários internos e serve para se tomar decisões de Longo Prazo.

7.1 Custeio por Absorção:

Utilizando o plano de contas referendado pelo Banco Central do Brasil, pode-se


elaborar o Demonstrativo de Resultado do Exercício sob o método do Custeio por
Absorção, o único método aceito pela legislação tributária brasileira e é, portanto o
método utilizado para as demonstrações de resultados oficial e fica assim constituído:

Receitas
(-) Custo dos Produtos Vendidos
Depósitos a prazo
Obrigações por empréstimos e repasses.
(=) Lucro bruto
(-) Despesas Administrativas
Água, energia elétrica e gás;
Aluguéis;
Comunicação;
Honorários;
Manutenção e conservação de Bens;
Materiais;
Pessoal – Benefícios;
Pessoal – Encargos sociais;
Pessoal – Proventos;
Pessoal – Treinamentos;
Processamento de dados;
Promoção e relações públicas;
Propaganda e publicidade;
Publicações;
Seguros;
Serviços do Sistema Financeiro;
Vigilantes;
Seguros;
Serviço do Sistema Financeiro;
Serviço de Terceiros;
Vigilantes;
Serviços técnicos especializados;
147
Transporte;
Tributárias;
Viagens no País;
Outras Despesas Administrativas:
Depreciação;
Provisão para crédito de liquidação duvidosa;
Outras despesas operacionais.
(=) Receita Operacional Líquida.
(+/-) Receita (Despesa) Financeira.
(=) Resultado Operacional.
(+/-) Receita (Despesa) não Operacional.
(=) Resultado antes do IR e da Contribuição Social.
(-) IR e contribuição Social.
(=) Resultado Líquido do Exercício.
(+-) Receitas/Despesas Financeiras
(=) Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR)
(-) Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ)
(=) Lucro Líquido a Disposição da AGO
(-) Montante de Juros e Correção Monetária que o Capital Próprio e de Terceiros
receberia em outra melhor aplicação do mercado.
(-) Reinvestimentos (Custo/Benefício).
(=) Lucro Puro ou Lucro Econômico (LE)

7.2 Método do Custeio Direto/Variável

Esse método de custeio prevê a atribuição de custos denominados de diretos e


variáveis uma vez que a quantidade dos recursos utilizados tem proporcionalidade com
a quantidade de produtos produzidos (ou serviços executados). Prevê também a
separação dos custos de fatores fixos utilizados diretamente no processo de produção,
daqueles custos e despesas administrativas, gerais, não ligadas diretamente com a
produção.

Além disso, na execução das atividades de crédito e outros serviços a


associados, essa operação é isenta de impostos.

Dessa forma, separam-se os Custos Variáveis em: Custos e Despesas


Proporcionais ao Faturamento (CPF) e empregados diretamente na comercialização de
cada produto criado na cooperativa ou Custo de Formação do Produto (CFP), tratando-
se daquele cujos elementos integrantes fazem parte da composição/formação do
produto, isto é quanto mais se produz mais se tem custo, forma pela qual essas duas
subdivisões de custos são denominadas de Custo Variável (CV).

No primeiro caso, a título de exemplos, pode-se enumerar as seguintes atividades


que geram Custos Proporcionais ao Faturamento (CPF):

a) Depósito a Prazo
b) Obrigações por empréstimos e repasses
148
c) Seguros de valores;
d) Promoção e relações públicas;
e) Propaganda e Publicidade;
f) Tributárias;

a) Depósito a Prazo – Ao efetuar um depósito a Prazo Fixo, o associado adquire o


direito a uma remuneração por aquele depósito, no período contratado. Trata-se de juros
e correção monetária a serem pagos pela cooperativa ao associado, pelo uso do
dinheiro naquele período em que o associado se compromete em não retirar o dinheiro
colocado em depósito, ou seja, este ficará à disposição da cooperativa.

b) Obrigações por empréstimos – relacionadas com os valores de taxas e juros


pagos pelo montante tomado de empréstimo, na central ou em outra instituição,
objetivando atender à demanda de recursos da carteira de empréstimos internos, por
insuficiência do Capital de Giro Próprio, da Cooperativa.

Essa prática de tomar empréstimos para reaplicação na carteira interna é salutar,


desde que esse processo se revista de estudo prévio da capacidade de endividamento
dos associados e, principalmente, se há garantias reais para o retorno do capital. Essas
garantias podem ser: o desconto em folha de pagamento dos associados, efetuado pela
empresa à qual a cooperativa esteja vinculada, ou o débito em conta no ato de creditar o
pagamento do associado, caso a cooperativa efetue o pagamento dos salários,
autorizado pela empresa bem como a hipoteca de bens.

Por outro lado justificamos a colocação desse item como DPF (Despesas
Proporcionais ao Faturamento), uma vez que o faturamento (juros cobrados na
aplicação do dinheiro) é efetuado em cima dos valores aplicados e os juros pagos são
também cobrados em cima do mesmo valor, tomados emprestado.

c) Seguro de Valores – O dinheiro, transportado no dia a dia, é o principal produto


comercializado pela cooperativa e o valor do seguro cobrado é proporcional ao montante
da circulação deste e seu depósito regular em um Banco ao qual a cooperativa está
vinculada (mantém conta corrente), auxilia ao Banco Central do Brasil no processo de
controle da moeda em circulação..

d) Promoção e Relações Públicas – Necessárias para se tonificar os negócios,


tornando a cooperativa conhecida e participativa em seu ambiente de atuação,
promovendo a real inclusão social da mesma no contexto de seus associados e da
sociedade em geral, permitindo assim a ampliação dos seus negócios.

Vale ressaltar que uma boa participação da cooperativa no contexto social, trará,
com certeza, aumento no volume de negócios, na proporção dessa participação.

e) Propaganda e Publicidade – envolve, juntamente com a Promoção e Relações


Públicas o trabalho de marketing necessário ao crescimento e desenvolvimento das
atividades da empresa. Para frisar a importância do marketing, apresentamos o seguinte
conceito sobre o assunto, de Philip Kotler: “O marketing é normalmente visto como a

149
tarefa de criar, promover e fornecer bens e serviços a clientes individuais e
empresariais”.

f) Tributárias – As operações com associados são isentas de impostos.


Entretanto, a cooperativa pode estar fortemente encontra-se inserida na sociedade e,
muitas vezes envolvida com empresas das quais os associados fazem parte, passando,
em conseqüência, a executar algumas tarefas para não cooperados, como arrecadação
de contas/boletos e isso, gerará impostos diretos no produto relativo a serviço de
arrecadação. Como exemplo de tributos os quais passam a ser devidos tem-se o ISSQN
pago pela arrecadação de faturas/boletos de terceiros, não associados, FINSOCIAL e
PIS, nas mesmas condições assim como é devido também o IRPJ para o lucro auferido
desses serviços.

Esses impostos estão, portanto, classificados como Custos Proporcionais ao


Faturamento – CPF e são deduzidos da Receita Bruta (RB) para obtenção da Receita
Líquida (RL).

Ou seja,

RL = RB – DPF

No Segundo caso, ou seja, com relação ao Custo de Formação do Produto –


CFP, este é formado por gastos considerados como custos diretos/variáveis e são
deduzidos da Receita Líquida para formar a Margem Bruta de Contribuição (MBC).

Abaixo, algumas exemplificações de contas pertencentes a este bloco de Custos


de Formação do Produto (CFP), tratando-se de Recursos Produtivos utilizados nas
áreas de atendimento ao cooperado:

i) Pessoal utilizado nos PAC’s e área comercial;


ii) Provisão para crédito de liquidação duvidosa;
iii) Comunicação;
iv) Manutenção e Conservação de Bens utilizados no processo produtivo;
v) Despesas de Publicação;
vi) Serviço do Sistema Financeiro;
vii) Material;
viii) Pessoal – Treinamento;
ix) Despesas de Depósitos a Prazo;

i) Pessoal utilizado nos PAC’s e área comercial – Os empregados utilizados


nessas áreas têm seu trabalho ligado diretamente à operacionalização da atividade
principal da cooperativa (área produtiva), ou seja, seu trabalho é responsável pela
produção da cooperativa e esta será tanto maior quanto for o esforço desse pessoal no
processo. Portanto, o volume do crédito, da arrecadação, dos produtos em geral
gerados no período depende da quantidade de trabalho descendida por esse pessoal.

150
ii) Provisão para crédito de liquidação duvidosa – tratando-se de uma garantia
patrimonial, refletida em ajuste financeiro do custo, com influência direta nos resultados,
que permitem a garantia de minimização dos efeitos nocivos do risco da carteira.

Conforme orientação do COSIF, os critérios padronizados para cálculo do valor a


ser lançado na conta Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa – PCLD são os
seguintes:

a) Pelo número de dias de atraso das parcelas:

Percentual Sobre o Valor da Carteira Vigente


Carteira Carteira
Nº Dias Atraso
Normal Renegociada
Sem Atraso 0% 10%
De 01 a 30 10% 50%
De 31 a 60 20% 60%
De 61 a 90 30% 75%
De 91 a 120 60% 75%
De 121 a 150 60% 75%
De 151 a 180 60% 75%
Maior que 180 100% 100%

Ilustração 37 – Percentuais incidentes sobre o Valor da Carteira Vigente.


Fonte: Site do Banco Central do Brasil, link de Cooperativas de Crédito.

b) Pelo valor da perda média dos últimos 24 meses:

PCLD = (VCVA * (VPM / VCVM))

Legenda:
VCVA = Valor da Carteira Vigente Atual
VPM = Valor da Perda Média dos últimos 24 meses
VCVM = Valor da Carteira Vigente Média dos últimos 24 meses

Para que se efetue o lançamento correspondente da perda na contabilidade, o


critério utilizado será o seguinte:

Toma-se o valor relativo a toda operação com uma ou mais parcelas vencidas a
mais de 180 dias, ou seja, todo saldo em aberto com esse prazo de inadimplência e o
mesmo deve ser lançado como perda e simultaneamente lançados também nas contas
respectivas contas de compensação, mesmo quando o empréstimo ainda tenha parcelas
não vencidas. Não deve haver qualquer tipo de correção em operações lançadas como
perdas nas contas de compensação.

iii) Comunicação – A operacionalização de cada PAC – Posto de Atendimento ao


Cooperado necessita de envio de documentos e/ou informações diversas, diariamente e

151
estas são feitas, normalmente por meios de comunicação convencionais a exemplo da
utilização dos serviços dos Correios.

iv) Serviço do Sistema Financeiro. – Neste item incluem-se todos os valores


(tarifas) cobrados pelas instituições financeiras que dão suporte ao serviço cooperativo
de crédito. Especialmente o Banco do Sistema Cooperativo (BANSICRED e BANCOOB),
ou outro no qual a cooperativa deposite seu dinheiro do movimento operacional do dia a
dia, a exemplo do Banco do Brasil que cobra tarifa pelos depósitos nele efetuados,
diariamente.

v) Material – Quanto a este item, deve-se levar em conta que se trata do material
de escritório utilizado diretamente pelos PAC’s e pela gerência comercial, onde acontece
o processo produtivo da cooperativa.

vi) Pessoal – Treinamento – Aprimoramento ou reciclagem de conhecimentos do


pessoal ligado diretamente aos Postos de Atendimento ao Cooperado e ligados à
gerência comercial. Seu resultado reflete diretamente na variação da produtividade da
cooperativa, também é colocado neste grupo de Custo Variável.

vii) Depósitos a Prazo – Essa parte dos custos é paga sobre o principal produto
de uma instituição financeira: o dinheiro. O aumento desse gasto subentende um maior
volume de dinheiro captado dos associados e empregado no sistema de crédito da
cooperativa, ou seja, implica em aumento do produto (dinheiro) operacionalizado dentro
do sistema.

Portanto,

RL – CV = MBC

Onde,
RL = Receita Líquida.
CV = Custo Variável (soma do Custo Proporcional do Faturamento e do Custo de
Formação do Produto).
MBC = Margem Bruta de Contribuição.

A Margem Bruta de Contribuição (MBC) é o primeiro resultado obtido e trabalhado


pelo analista financeiro e representa, portanto, quando voltado à individualidade do por
produto, o ganho com a produção e com a venda deste, na proporção ou volume exato
de sua obtenção.

Na seqüência, continuando a montagem do DRE – pelo método do Custo Variável


faz-se a dedução, da Margem Bruta de Contribuição, do Custo Fixo Direto, ou seja, do
custo de manutenção dos Bens, Móveis e Máquinas empregados diretamente como
suporte da produção, ou melhor, nas Agências, PAC’s, Caixas Eletrônicos (CE’s) ou em
postos Terceirizados, utilizando-se do seguinte processo:

MSBC = MBC - CFD

152
Legenda
MSBC = Margem Semi Bruta de Contribuição
MBC = Margem Bruta de Contribuição
CFD = Custo Fixo Direto

Como Custo Fixo Direto pode-se exemplificar as seguintes contas:

- Despesas de água, energia elétrica e gás.


- Aluguéis das instalações (Agências, PAC’s, CE’s ou Terceirizados)
- Comunicação
- Honorários da Diretoria
- Manutenção e Conservação de Bens
- Materiais
- Pessoal – Benefício
- Pessoal – Encargo Social
- Pessoal – Treinamento
- Serviços de Terceiros
- Serviços de Terceiros
- Vigilantes
- Depreciação

As contas acima, são auto explicativas, o que vale ressaltar aqui é apenas que os
gastos com essas contas devem se referir apenas àqueles efetuados na administração
dos locais considerados de produção (Agências, PAC’s, CE’s ou Terceirizados).

Obtidos esses custos, procede-se como se segue, subtraindo os CFD’s, do MBC,


para obtenção da MSBC:

MBC
(-) CFD
(=) MSBC

Legenda,
MBC = Margem Bruta de Contribuição
CFD = Custo Fixo Direto
MSBC= Margem Semi Bruta de Contribuição

Com isso, concluem-se os resultados apresentados por unidade produtiva dentro


de uma mesma cooperativa (Agências, PAC’s, CE’s ou Postos Terceirizados –
COOCOP’s).

Ato contínuo parte-se para o cálculo do resultado operacional da cooperativa,


deduzindo-se da Margem Semi Bruta de Contribuição (MSBC), Os Custos Fixos Gerais
(CFG), da Cooperativa.

MSBC
(-) CFG
(=) LO
153
Legenda,
MSBC = Margem Semi Bruta de Contribuição
CFG = Custos Fixos Gerais
LO = Lucro Operacional (LO) ou Resultado Operacional (RL) ou
ainda, Sobra Operacional (SO)

Com isso fica demonstrado o sistema de cálculo do DRE, pelo Método do Custeio
Direto/Variável. A complementação para se chegar ao Lucro Puro (LP) ou Lucro
Econômico (LE) basta seguir a orientação da forma esquemática abaixo:

Demonstrativo de Resultado do Exercício pelo Método do Custeio Direto/Variável:

RB = Receita Bruta
(-) CPF = Custo Proporcional ao Faturamento
(=) RL = Receita Líquida
(-) CFP = Custo de Formação do Produto
(=) MBC = Margem Bruta de Contribuição
(-) CFD = Custo Fixo Direto
(=) MSBC = Margem Semi Bruta de Contribuição
(-) CFG = Custo Fixo Geral
(=) LO = Lucro Operacional
(+-) R/D Financeiras = Receitas/Despesas Financeiras
(=) LAIR = Lucro Antes do Imposto de Renda
(-) IRPJ = Imposto de Renda Pessoa Jurídica
(=) LL = Lucro Líquido (Sobra Líquida)
(-) DE = Despesas Econômicas
(=) LE = Lucro Econômico ou Lucro Puro

7.3 Custeio pelo Método ABC (Activity Based Costing)

Trata-se de um processo de custeio que apura os custos indiretos da produção,


por intermédio da identificação das atividades geradoras desses custos. Tem como
objetivo principal, chegar aos detalhes mais precisos do custo unitário do produto. Seu
pressuposto é que os custos são antes discriminados dentro de cada atividade que os
gera, para depois serem alocados aos produtos, cujos processos produtivos são
desenvolvidos mediante a execução dessas atividades.

Normalmente não intervém nos custos diretos dos produtos, seu foco está na
distribuição dos custos indiretos pelas diversas atividades que os geram.

O criador do método, professor Robert Kaplan, diz ser falsa a premissa utilizada
pelo método do custeio por absorção, uma vez que os custos indiretos também têm
variação proporcional com o volume de produção e, de acordo com o efeito que esses
custos provocam nas atividades produtivas, Kaplan (ATKINSON e KAPLAN, 2000)
classificou-os em:

154
a) Custos Indiretos orientados a volume – Trata-se daqueles custos indiretos que
têm sua variação dentro de uma proporção da quantidade de produto elaborado, ou
seja, tem também proporcionalidade por unidade produzida.
b) Custos indiretos que variam por lote de produção e não por unidade de
produto. Pode-se dar exemplo da quantidade de formulários de Contratos e outros
papéis emitidos para cada grupo de financiamentos específicos, tais como,
adiantamento de 13º salário, adiantamento do Imposto de Renda, campanha de
capitalização, etc.
c) Custos indiretos que variam com o produto e não com o lote ou com a unidade
do mesmo. Trata-se de custos indiretos que existem porque se criou aquele produto, ou
seja, porque o produto existe ou ainda qualquer atividade que de criação e manutenção
específica dessa atividade pela existência do produto. Exemplo: Reunião de Diretores
e/ou Gerentes para criar um novo produto e as atividades posteriores para mantê-lo.
d) Custos indiretos voltados para o cliente – são aqueles gerados pelas atividades
para obter ou cativar os clientes, ou seja, atividades voltadas para o bom relacionamento
com o cooperado (cliente).
e) Custos indiretos para sustentação da organização – Inclui neste item aqueles
custos representados pela estrutura operacional e administrativa da cooperativa. Como
exemplo bem característico pode-se citar a Depreciação de Móveis, Máquinas e
Utensílios, parte dessa estrutura de produção de serviços financeiros e benefícios outros
aos cooperados, tais como alguns convênios que venham a facilitar a atividade sócio-
cultural desses.

O foco e o desmembramento do custo indireto têm importância cada vez mais


relevante porque os mesmos podem variar de 30 a 70% dos custos totais de produção.

A seguir é apresentado um esquema gráfico de alguns custos indiretos e suas


influência em um ou mais produtos:

APURAÇÃO DE CUSTOS INDIRETOS

Atividade 1
Comunicações
Produto “A”
Atividade 2
Manutenção Central
Produto “B’
Atividade 3
Combustível e Lubrificantes
Produto “C”
Mais “n” Atividades
“n” Produtos

Distribuição de valores dos custos indiretos de cada Atividade, para os produtos:

155
ATIVIDADE IDENTIFICADA PELO DISTRIBUIÇÃO DE CUSTOS DAS
MÉTODO “ABC” ATIVIDADES PARA OS PRODUTOS
(Activity Based Costing) Produto A Produto B Produto C
Atividade 1 – Comunicações 2.500 3.000 2.500
Atividade 2 – Manutenção Central 1.500 2.000
Atividade 3 – Combustível e Lubrificantes 1.000 1.500
TOTAL 5.000 5.000 4.000

Apuração dos Custos e Lucros Unitários

Itens Produto A Produto B Produto C


1 – Receita Bruta Total 19.000 25.000 19.000
2 – Custos Diretos ou Variáveis (CV) 9.000 10.000 11.000
3 – Margem Bruta de Contribuição (MBC) 10.000 15.000 8.000
3 – Custos Indiretos ou Custos Fixos Diretos
(CFD – identificados pelo ABC) 5.000 5.000 4.000
4 – Margem Semi Bruta de Contribuição
(MSBC). 5.000 10.000 4.000
5 – Custos Fixos Gerais
(CFG) 3.000 4.000 5.000
6 – Lucro Operacional (LO) ou Sobra 2.000 6.000 (1.000)

Cálculo do Lucro por Unidade de Produto:


7 – Custo Total de Produção
(CT = CV + CFD + CFG) 17.000 19.000 20.000
8 – Quantidade Produzida/Vendida (q) 10.000 15.200 12.500
9 – Custo Unitário dos Produtos (7/8) 1,70 1,25 1,60
10 – Lucro por Unidade de Produto (6/8) 0,20 0,39 (0,08)

No exemplo acima, o ‘Produto C’ está, de acordo com o método de custeio ABC,


dando prejuízo, pois sua Receita não cobre os Custos Diretos (Variáveis) e os Custos
Indiretos alocados a ele pelos custos que representam as Atividades vinculadas às
necessidades emanadas do seu processo de produção.

156
ESTUTO DE CASO – A expansão da Cooperativa de Crédito Mútuo dos
empregados da Empresas Vitoriosas S.A.

Pequeno Histórico

A Empresa Vitoriosa opera nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul e Rondônia. A Administração Central da empresa se localiza em Cuiabá-MT e
possui as filiais abaixo relacionadas:

Em Goiás:
- Goiânia
- Anápolis

Em Mato Grosso:
- Cuiabá,
- Primavera do Leste,
- Barra do Garças,
- Rondonópolis,
- Guiratinga,
- Cáceres,
- Tangará da Serra,
- Sinop
- Sorriso

Em Mato Grosso do Sul


- Campo Grande
- Corumbá
- Três Lagoas
- Aquidauana

Em Rondônia:
- Porto Velho
- Vilhena

A cooperativa possui sua sede em Cuiabá, onde, além do atendimento em sua


central possui mais quatro PAC’s – Postos de Atendimento ao Cooperado. Pelo
resultado alcançado no último trimestre tem-se a seguinte expectativa de investimentos:

157
Valor saldo no Valor saldo no Valor saldo no
Cód. Conta Conta Contabil mês X1 mês X2 mês X3
RBT RECEITA BRUTA TOTAL
RECEITAS OPERACIONAIS 581.410,01 679.557,00 695.675,50
(-) CPF CUSTOS PROPORCIONAIS AO FATURAMENTO 3.934,73 4.622,20 22.506,59
CAPTACAO DE RECURSOS 2.936,54 2.941,38 3.230,30
OBRIGAÇÕES POREMPRÉSTIMOS E REPASSES 0,00 399,48 0,00
TRIBUTARIAS 998,19 1.281,34 19.276,29
(=) RLT RECEITA LÍQUIDA TOTAL 577.475,28 674.934,80 673.168,91
(-) CFP CUSTOS DEFORMAÇÃO DO PRODUTO 155.744,95 199.201,73 170.425,58
MATERIAIS 12.177,59 11.702,32 13.563,84
SERVIÇO DO SISTEMA FINANCEIRO 11.520,82 13.372,17 12.946,31
TRANSPORTE DE VALORES 23.273,87 26.256,49 23.212,85
APROVISIONAMENTOS E AJUSTES PATRIMONIAIS 59.624,49 79.112,63 65.501,58
PROVISOES OPERACIONAIS 49.148,18 68.758,12 55.201,00
(=) MBC MARGEM BRUTA DE CONTRIBUIÇÃO 421.730,33 475.733,07 502.743,33
(-) CDF CUSTOS E DESPESAS FIXAS 342.710,75 365.928,95 416.400,82
DESPESAS DE AGUA ENERGIA E GAS 6.705,97 7.130,44 5.451,40
DESP. DE AGUA ENERGIA E GAS 6.705,97 7.130,44 5.451,40
DESPESAS DE ALUGUEIS 5.744,23 5.073,67 9.338,71
DESPESAS DE COMUNICACAO 23.245,22 30.996,42 32.912,12
DESPESAS DE HONORARIOS 6.588,00 6.588,00 6.588,00
DESPESA DE MAN. E CONS. DE BENS 3.139,55 4.083,98 5.380,94
DESPESAS DE PESSOAL BENEFICIOS 31.176,62 33.559,89 38.810,50
DESP. DE PESSOAL - ENCARGOS SOCIAIS 40.656,55 49.519,77 70.688,35
DESPESA DE PESSOAL - PROVENTOS 125.641,58 119.502,78 126.750,77
DESP. DE SERVICOS DE TERCEIROS 11.796,69 13.472,60 12.764,29
DESP. DE SERVICOS VIGILANCIA E SEGURANCA 4.096,85 3.053,37 5.151,87
DESP. DE SERV. TECNICO ESPECIALIZADO 2.490,00 2.190,00 2.198,40
DESP. DE VIAGEM NO PAIS 431,00 4.657,99 2.335,21
OUTRAS DESP. ADMINISTRATIVAS 59.471,91 64.265,43 77.948,12
DESP. DE DEPRECIACAO 10.476,31 10.354,51 10.300,58
OUTRAS DESP. OPERACIONAIS 4.344,30 4.349,66 4.330,16
(=) LO LUCRO OPERACIONAL 79.019,58 109.804,12 86.342,51
(-) DESP. NAO OPERACIONAIS 1.611,41 1.611,41 2.456,79
(=) LUCRO LÍUIDO 77.408,17 108.192,71 83.885,72
MÉDIA 77.408,17 92.800,44 84.698,11

Ilustração 38 – Demonstrativo de Resultado do Exercício – Método do Custo Variável


Fonte das Informações: O Autor.

Com as informações acima, elaborar um Plano Estratégico (sintético) de


Investimentos na expansão do negócio, procurando demonstrar sucintamente, quais
atos e fatos necessários para o estabelecimento do atendimento aos cooperados de
todas as localidades informadas anteriormente.

DESENVOLVIMENTO

Para se ter um trabalho de análise completo, necessário para tomada de decisões


quanto à expansão da Cooperativa em questão, há necessidade de se elaborar um

158
Plano de Trabalho que possibilite a visualização da “Situação Problema” ao “Resultado
Esperado”

Para tanto, far-se-á, em seguida, um esboço desse Plano de Trabalho.

Planejamento estratégico de ampliação de negócios

P L A N O D E N E G Ó C I O S (Business Plan) – Esboço/Resumo

Objetivo

Desenvolver estratégia de expansão da cooperativa, para atendimento a todos os


empregados da Cooperativa dos Empregados da Empresa Vitoriosa S.A., lotados nas
localidades anteriormente referidas.

Com base nos recursos disponíveis, estabelecer a melhor forma de fazê-lo, com
maior rapidez e menor custo.

Área de atuação

Estados de Mato Grosso (Cuiabá; Primavera do Leste; Barra do Garças;


Rondonópolis; Guiratinga; Cáceres; Tangará da Serra; Sinop; Sorriso), de Goiás
(Goiânia; Anápolis), em Mato Grosso do Sul (Campo Grande; Corumbá; Três Lagoas;
Aquidauana), em Rondônia (Porto Velho; Vilhena)

Resumo Executivo do Plano/Meios já avaliados

Foi elaborado, inicialmente, um estudo prévio acerca das várias alternativas de


implantação de estruturas com instalações que venham a atender, convenientemente
aos anseios dos funcionários da cooperativa. A proposta a ter analisados os custos de
implantação e de manutenção, com menor tempo para operacionalização, tendo em
vista o uso de estruturas já prontas, escolhida foi o sistema de Correspondente
Cooperativo – COCOOP. A vantagem prévia, estabelecida, recai, portanto, em utilização
de uma estrutura já existente do correspondente e sem ônus, pagando-lhe apenas pela
execução dos serviços, manutenção de máquinas, atendimento técnico operacional em
tempo integral (full time) e fornecimento de material necessário.

Visão e Missão da Cooperativa

VISÃO

A Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Empregados nas Empresas


Vitoriosas S.A. – COOPERVI será, em dois anos, a maior cooperativa de crédito do
Brasil, dispondo de todos os produtos permitidos para operacionalização em uma
cooperativa.

159
MISSÃO

A COOPERVI deverá atender a todos os empregados da empresa à qual está


vinculada, com produtos financeiros de toda ordem, juros bastante acessíveis com
presteza e qualidade, onde quer que os mesmos estejam sediados, fomentando ainda a
satisfação do associado por intermédio de bons resultados.

A Estratégica a ser adotada

As decisões estratégicas tomadas em estudos preliminares, conforme já foram


relatadas, culminaram pela escolha da estrutura de terceirização de serviços mediante a
utilização de Correspondentes Cooperativos.

As vantagens pré-definidas foram as seguintes:


- O Público alvo a ser assediado para contratação como Correspondentes, será
os mercadinhos, em geral, as panificadoras, as lojas de material para construção, de
eletrodomésticos, de roupas, etc., todas com estruturas operacionais já implantadas,
necessitando apenas de um “plus” de receita para ajudar em seu custeio, principalmente
do seu pessoal de caixa;
- Haverá necessidade de apenas um empregado, treinado para tal fim, para cada
região/estado, onde entrará em contato com o público alvo acima definido para
contratação. Essa premissa se prende ao fato da necessidade de não acelerar muito o
processo uma vez que poderá haver limitações financeiras;
- O Treinamento da equipe de assédio às empresas a serem terceirizadas, deverá
compor de disciplinas como:
a) Princípios do Cooperativismo de Crédito, com a qual terá informações de como
funciona uma cooperativa de crédito, suas limitações, abrangênicas e possibilidades
legais de atuação;
b) Relações Humanas, onde aprenderá, dentre outras coisas, as principais
técnicas de abordagens das pessoas, envolvendo conhecimentos e distinção do humor
das pessoas, dotando o empregado de capacidade de recuo quando o abordado
apresentar-se com algum transtorno de humor e retorno em horário mais propício;
c) Estratégias de Negócios, possibilitando a possibilidade de visualização
daqueles com capacidade ou não de desenvolver negócios para a cooperativa em que
nível, etc.;
- Devido aos gastos com investimentos em software, equipamentos, material, com
combustível, manutenção de veículos e diárias para as viagens dos empregados
encarregados de implantar os correspondentes cooperativos, há necessidade de se
definir, em função dos resultados mensais, o volume de gastos a serem realizados por
mês. Tal definição será visto no Plano Financeiro a ser abordado posteriormente;
- Os empregados encarregados da implantação dos correspondentes
cooperativos, terão em seus salários, uma parte fixa e uma parte relativa a gratificação
pela quantidade de correspondentes contratados, cuja documentação estiver completa e
as pesquisas sobre a idoneidade do correspondente for checada por empregado
destacado para essa finalidade;
- Além do contrato de prestação de serviços, o correspondente deverá emitir
ainda uma carta de fiança, com garantias reais, para o caso de surgir algum problema
de repasses de valores, total ou parcial, por parte do correspondente;
160
- Os empregados encarregados da implantação dos correspondentes
cooperativos receberão um celular, cada um, com o qual manterá contato freqüente com
o Diretor ou o Gerente encarregado da ampliação dos negócios.
Observa-se que as estratégias acima sugeridas, devem ser aplicadas, guardadas
as proporções das cooperativas interessadas. Há, no mínimo, uns cem números de
combinações de atividades para atender, com o custo mais adequado, às pequenas,
médias e grandes cooperativas.

Metodologia

- Será estudado, juntamente com a Central de Cooperativas à qual a COOPERVI


pertence, a interligação, ao sistema em operação, de um número previsto de terminais
de operação dos correspondentes.
- Serão adquiridas, após análises de potencialidades, no mercado nacional, as
máquinas receptor-transmissoras de dados e de registro (chancela) dessas operações
que operarão como um PAC para os associados da cooperativa.
- Os empregados responsáveis pela implantação dos correspondentes
cooperativos, serão inicialmente treinados e avaliados quanto ao desempenho esperado
de cada um.
- Concomitante ao treinamento do pessoal deverá ser processada a aquisição dos
veículos econômicos e adequados, necessários ao trabalho. A utilização de viaturas
próprias da cooperativa dará aos empregados maior mobilidade em suas atividades e
maior facilidade de acessos às localidades onde desenvolverão seus trabalhos. Caso o
tempo de realização dessas atividades possa ser mais elastecido, o acesso dos
empregados pode ser efetuado via transportes coletivos de passageiros, quer por via
terrestre quer por via aérea em localidades mais distantes.
- Será elaborado, na ocasião do início da implantação dos correspondentes, um
plano de direcionamento das atividades, dependendo, no momento, das necessidades
mais prementes.
- Os empregados ao abordar uma empresa “alvo”, deverão antes verificar com a
vizinhança/clientela da mesma, qual o comportamento/relacionamento do seu
proprietário com seus clientes, verificando ainda se a empresa não tem títulos
protestados e/ou nome inscrito no cadastro de inadimplentes – SERASA, CADIN, etc.
- Feita a verificação acima e havendo concordância do proprietário, emite-se o
contrato com as devidas assinaturas dos signatários e de duas testemunhas; elabora-se
a carta de fiança com a especificação das garantias reais (bens e direitos transferíveis);
cartão de assinatura para controle da cooperativa em documentos onde a assinatura do
correspondente se fizer necessária; especificação do Banco com o qual será
operacionalizada a transferência de valores entre ambas as partes, abertura da
respectiva conta corrente, pela cooperativa, caso não a tenha, devendo esta ser
mencionada no próprio contrato, com indicação do nome do Banco, nº. da agência e nº.
da conta.
- Instalação de máquinas e treinamento do correspondente cooperativo, na forma
de operacionalização do sistema. Observa-se que somente após a concretização dos
preceitos do item anterior é que as providências deste item poderão ser efetuadas.

161
O Planejamento Financeiro de Execução

Para a implantação do Projeto relativo a este Plano de Ações Estratégicas,


necessário se faz a obtenção dos seguintes recursos:

Recursos Humanos

- Quatro empregados com cursos de nível de terceiro grau, completos – custo


mensal:
o Salários R$ 1.200,00 x 4 empregados = R$ 4.800,00
o Gratificações R$ 100,00 x 80 correspondentes = R$ 8.000,00
o Diárias R$ 80,00 x 22 dias úteis = R$ 1.760,00
o TOTAL = R$ 14.560,00

Observa-se que a previsão de contratação de correspondentes é de 80 (oitenta),


por mês e a gratificação dada ao funcionário por cada correspondente contratado é de
R$ 100,00.

Recursos Materiais

- Serão necessários os seguintes materiais e equipamentos:


o Uma Linha Telefônica, sem custo para a cooperativa por se
tratar da linha utilizada pela empresa à qual está vinculada;
o Aquisição de software, sem valor inicial tendo em vista que o
pagamento será por unidade de procedimentos efetuados.
o Leitora óptica R$ 200,00 * 80 = R$ 1.600,00
o Transmissão/
Recepção dados R$ 1.200,00 x 80 = R$ 96.000,00
o Autenticadora R$ 1.800,00 x 80 = R$ 144.000,00
o Bobinas de papel R$ 2,50 x 80 = R$ 200,00
o TOTAL = R$ 240.200,00

Programação dos Recursos Financeiros

- Recursos para o investimento inicial


No primeiro mês:
o Pessoal (por mês) R$ 14.560,00
o Materiais e equipamentos (três parcelas) R$ 80.067,00
o SOMA R$ 94.627,00

No segundo mês:
o Pessoal (por mês) R$ 14.560,00
o Materiais e equipamentos (2ª parcela) R$ 80.067,00
o SOMA R$ 94.627,00

No terceiro mês

162
o Pessoal (por mês) R$ 14.560,00
o Materiais e equipamentos (3ª parcela) R$ 80.067,00
o SOMA R$ 94.627,00

- Recursos para manutenção do sistema

Observa-se que o Banco ao qual a cooperativa está vinculada


(BANSICRED OU BANCOOB), mantém convênios de arrecadação com as
maiores empresas nacionais e multinacionais, disponibilizando esses convênios
para as cooperativas operarem com seus associados, dependentes e
cooperativários. Além disso, a cooperativa pode fazer convênios de recebimentos
com outras empresas locais, o que se consistiria em um serviço a mais prestado
ao seu associado.

Por outro lado, a cooperativa estando presente em todos os locais de


atuação da empresa à qual está vinculada, poderá também efetuar um convênio
próprio com essa empresa, passando a ser seu arrecadador, com a vantagem de
proceder a baixa do respectivo boleto/conta, com maior rapidez, uma vez que sua
Diretoria e Conselhos são compostos por empregados daquela. Isto se constituirá
por certo, em um diferencial para o fomento da arrecadação da cooperativa.

Necessidades no primeiro mês


o Procedimentos e Receitas previstos (Média por corresp.).
1. Associados 80 a R$ 0,40 = R$ 32,00
2. Outros 400 a R$ 0,90 = R$ 360,00
3. SOMA = R$ 392,00
o Custo Total unitário, por procedimento R$ 0,40
o Total de custo, no mês: 480 x R$ 0,40 = R$ 192,00
o SOBRA DO MÊS R$ 200,00

Necessidades no segundo mês


o Procedimentos e Receitas previstos (Média por corresp.).
4. Associados 800 a R$ 0,40 = R$ 320,00
5. Outros 4.000 a R$ 0,90 = R$ 3.600,00
6. SOMA = R$ 3.920,00
o Custo Total unitário, por procedimento R$ 0,40
o Total de custo, no mês 4.800 x R$ 0,40 = R$ 1.920,00
o SOBRA DO MÊS R$ 2.000,00

Necessidades no terceiro mês


o Procedimentos e Receitas previstos (Média por corresp.).
7. Associados 1.800 a R$ 0,40 = R$ 720,00
8. Outros 10.200 a R$ 0,90 = R$ 9.180,00
9. SOMA = R$ 9.900,00
o Custo Total unitário, por procedimento R$ 0,40
o Total custo, no mês 12.000 x R$ 0,40 = R$ 4.800,00
163
o SOBRA DO MÊS R$ 4.380,00

Necessidades no quarto mês

o Procedimentos e Receitas previstos (Média por corresp.).


10. Associados 2.400 a R$ 0,40 = R$ 960,00
11. Outros 24.00 a R$ 0,90 = R$ 21.600,00
12. SOMA = R$ 22.560,00
o Custo Total unitário, por procedimento R$ 0,40
o Total custo, no mês 26.400 x R$ 0,40 = R$ 10.560,00
o SOBRA DO MÊS R$ 12.000,00

- Retorno mensal da cooperativa, antes do investimento.

Conforme quadro apresentado no início do estudo de caso, o retorno médio


mensal do trimestre apresentado ao final deste foi de R$ 84.698,11, razão pela qual a
cooperativa, com o resultado acumulado do trimestre pode perfeitamente se empenhar
nesta proposta de investimentos.

Observa-se ainda que à partir do quarto mês não mais há necessidade de cobrar
essa tarifa do associado, passando a cobrar apenas a taxa de manutenção de conta
normal.

Faz-se necessário observar ainda que em proporções menores também se pode


implantar os correspondentes cooperativos, bastando para tal, observar a
proporcionalidade dos custos pertinentes os quais deverão estar em um patamar bem
mais reduzido do que este apresentado no presente estudo de caso.

164
REFERÊNCIAS

LIVROS:

CORONADO, OSMAR, Controladoria no Atacado e Varejo – Logística Integrada e


Modelo de Gestão sob a Óptica da Gestão Econômica Logisticon. São Paulo, Atlas,
2001.

SCHARDONG, ADEMAR, Cooperativa de Crédito – Instrumento de Organização


Econômica da Sociedade. Rio Grande do Sul, Rigel, 2002.

HORNGREN, CHARLES, Introdução à Contabilidade Gerencial. Rio de Janeiro, LTC,


2000.

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PAULA, ISSO SZABP – Administração Financeira – Princípios, Fundamentos e
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FITAS DE VIDEO:

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Contribuição. São Paulo, www.suma.com.br.

SUMA ECONÔMICA – Curso de Finanças em Vídeo – Break-Even e Alavancagem, São


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SUMA ECONÔMICA – Estratégias de Preços – São Paulo, www.suma.com.br.

SUMA ECONÔMICA – Gestão Pelo Caixa – São Paulo, www.suma.com.br.

SUMA ECONÔMICA – Administração do Tempo – Para maior Produtividade


Gerencial e Pessoal - São Paulo, www.suma.com.br.

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APOSTILAS:

INEPAD – INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO / UNB –


UNIVERSIDADE NACIONAL DE BRASÍLIA – Gestão Financeira, Brasília 2007.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO


EMPRESARIAL DE COOPERATIVAS – MBA em Plano de Negócios (Business Plan),
2002.
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS – CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE
EMPRESARIAL DE COOPERATIVA – Contabilidade e Gestão de Custos em
Cooperativas – Rodrigues, José Antônio, 2002.

FAPESP – IPCA – FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO – Análisis de


Estados Financieros, Curitiba, 2001.

FAPESP – IPCA – FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO – Finanças


Sistemas y Productos Financieros, Curitiba, 2001.

LEGISLAÇÃO:

Resolução nº. 3.490, do Banco Central do Brasil – BCB, de 29 de agosto de 2007.


Resolução nº. 2682, do Banco Central do Brasil – BCB, artigo 6º incisos de I a VII.
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