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INTRODUÇÃO

1 PEDRO
Autoria
Desde os primórdios da Igreja, a autoria de 1 Pedro é atribuída ao apóstolo Pedro, como bem
indica o próprio prefácio da epístola (1.1). Os pais da igreja foram unânimes ao reconhecerem a
canonicidade do texto sagrado e a autoria de Pedro.
Por volta do ano 95 d.C., Primeiro Clemente revela ter bom conhecimento do conteúdo desta
epístola. Mais tarde, Irineu (140-203 d.C.), Tertuliano (150-222 d.C.), Clemente de Alexandria (155-
215 d.C.) e Orígenes (185-253 d.C.) confirmaram a aceitação universal dessa obra de Pedro, assim
como Policarpo, que fora discípulo do apóstolo João, já havia feito uso de 1 Pedro para produzir sua
missiva orientadora aos cristãos de Filipos, por volta do ano 140 d.C. O grande Eusébio demonstra
que o texto de 1 Pedro havia conquistado, por volta do século IV, completa aquiescência e respeito
canônico da Igreja em muitas partes do mundo civilizado da época.
A partir da Reforma, recrudesceram alguns questionamentos quanto à autoria de 1 Pedro. Alguns
críticos alegaram que a qualidade literária e gramatical do grego idiomático empregado nesta carta
excede em muito as capacidades naturais do apóstolo Pedro, um simples pescador, com baixo nível
de instrução formal, originário da Galiléia.
Contudo, temos que considerar que, na época de Pedro, a mesma da formação da Igreja, passou
a ser comum – no mundo mediterrâneo e palestino – se falar três idiomas, notadamente o aramaico,
o hebraico e o grego. O fato de não ser escriba de formação, certamente não o impediu de ter se
esmerado na língua grega, a fim de intensificar seu profícuo ministério. Além disso, Pedro nos informa
claramente que contou com a ajuda de Silvano (forma latinizada do nome aramaico Silas ou Saul).
No original grego, Pedro usa uma expressão que claramente comunica que Silvano não somente foi
o portador da carta, mas que o “ajudou” (literalmente: “por meio de”) a redigi-la (5.12). Assim como
Paulo e Pedro, era comum os mestres contarem com a competente colaboração de um amanuense,
especialista em gramática e caligrafia em grego (língua oficial para relações internacionais), para
uma boa redação dos seus livros, cartas e missivas, todos reconhecidos como documentos de
máxima importância na época (At 15.22-29).

Propósitos
O apóstolo Pedro define bem o tema central de sua breve carta aos cristãos judeus e gentílicos
dispersos (espalhados) por grande parte da Ásia Menor: “a verdadeira graça do Senhor sob a qual
os crentes devem viver firmes” (5.12). Algumas dessas pessoas estiveram com Pedro, em Jerusalém,
no dia do Pentecoste (At 2.9-11). Paulo também já havia pregado e discipulado em algumas dessas
províncias (At 16.6; 18.23; 19.10,26). Pedro, então, usa a situação de dispersão e temporalidade
social e política desses irmãos para falar da peregrinação cristã sobre a terra e alertar seus “filhos
na fé” para o fato de que os crentes em Cristo são verdadeiros cidadãos do céu e, assim, devem se
comportar enquanto durar sua jornada neste mundo (1Cr 29.15; Sl 39.12; Hb 13.14).
Mesmo considerando a brevidade desta santa missiva, somos contemplados com uma série de
princípios doutrinários e sábios conselhos práticos sobre a vida diária do cristão que permeiam
quase toda a carta (1.13 – 5.11).

Data da primeira publicação


É o próprio Pedro quem nos revela que estava na Babilônia quando produziu sua primeira carta
(5.13). Segundo os mais renomados biblistas, historiadores e arqueólogos, o apóstolo Pedro, assim
como João no Apocalipse e vários outros autores da época (Ap 17.9,10), usou um nome enigmático,
conhecido entre seus leitores, para identificar a cidade de Roma, centro político e militar do mundo
naquele momento histórico. A perseguição ideológica era absolutamente arbitrária, autoritária,
inescrupulosa e violenta. Ao menor sinal de crítica ou rebelião contra a figura divinizada do imperador
romano, ou em relação ao sistema vigente, os acusados eram sumariamente presos, torturados e,
muitas vezes, crucificados com requintes de crueldade.

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A tradição e a documentação histórica disponível, hoje, vincula o apóstolo Pedro, especialmente
na parte final de sua vida, à antiga e grande cidade de Roma, onde o apóstolo escreveu sua epístola
por volta do ano 65 d.C., levando em consideração as obras conhecidas de Paulo naquele momento,
especialmente a carta aos Romanos, bem como a epístola anônima aos Hebreus.

Esboço geral de 1 Pedro


1. Saudação apostólica de Pedro aos peregrinos em Cristo (1.1-2)
2. A Graça da segurança que o crente tem no Senhor (1.3-12)
A. Doxologia Trinitária (1.3-9)
B. A Lei, os Profetas e o Evangelho (1.10-12)
3. A Graça de viver sabiamente em Cristo (1.13 – 2.10)
A. Uma vida santificada (1.13-16)
B. Uma vida de profundo respeito a Deus (1.17-21)
C. Uma vida que expresse o amor divino (1.22-25)
D. Uma vida que amadurece espiritualmente (2.1-10)
4. A Graça de aprender a viver em submissão (2.11 – 3.12)
A. A Deus na pessoa de seu Filho Jesus Cristo (2.11-12)
B. Aos governos das nações (2.13-17)
C. Aos senhores e patrões (2.18-25)
D. Às esposas, aos maridos e ambos ao Senhor (3.1-12)
5. A Graça de passar por sofrimentos firmes na fé (3.13 – 4.19)
A. Coisas ruins também acontecem aos bons (3.13 – 4.6)
B. Como agir diante das crises e sofrimentos (4.7-19)
6. A Graça de servir a Deus, aos irmãos e ao mundo (5.1-11)
7. Reforço do tema e saudações finais (5.12-14)

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1 PEDRO
Preâmbulo e saudação 5 que sois protegidos pelo poder de Deus,

1 Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos


eleitos de Deus, peregrinos dispersos
nas regiões do Ponto, Galácia, Capadó-
por meio da fé, até a chegada da Salvação
prestes a ser plenamente revelada no fi-
nal dos tempos.4
cia, província da Ásia e na Bitínia,1 6 Portanto, nesta verdade, exultais! Mes-
2 escolhidos em conformidade com a mo considerando que agora, e por algum
presciência de Deus Pai, pela obra san- tempo ainda, tenhais que ser afligidos
tificadora do Espírito, para a obediência por toda espécie de provação.
e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, 7 Assim acontecerá para que a sincerida-
graça e paz vos sejam multiplicadas.2 de da vossa fé seja atestada, muito mais
preciosa que o ouro que se corrompe,
Glória a Deus pela Salvação ainda que refinado pelo fogo, resultando
3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso em louvor, glória e honra, quando Jesus
Senhor Jesus Cristo! Porque, de acordo Cristo for revelado.
com sua extraordinária misericórdia, 8 Pois, mesmo sem tê-lo visto, vós o
nos regenerou para uma viva esperança, amais; e ainda que não estejais podendo
por intermédio da ressurreição de Jesus contemplar seu corpo nesse momento,
Cristo dentre os mortos,3 creiais em sua pessoa e exultais com in-
4 para uma aliança que jamais se extin- descritível e glorioso júbilo.5
guirá, nem tampouco será desonrada ou 9 Porquanto, estais realizando o alvo da
perderá seu valor. Herança preservada vossa fé: a Salvação de todo o vosso ser!6
nos céus para vós, 10 Foi exatamente a respeito desta Salva-

1 A expressão “peregrinos” é aplicada aos cristãos como pessoas que residem temporariamente na terra, porém são cidadãos
do céu, onde têm assegurado seu lar eterno (1Cr 29.15; Sl 39.12; Hb 13.14). Pedro dirige sua carta aos crentes, especialmente,
“aos dispersos”: cristãos judeus e gentios espalhados por quase toda Ásia Menor. Muitos desses crentes estavam em Jerusalém
no Dia de Pentecostes (At 2.9-11). O apóstolo Paulo também anunciou o Evangelho em muitas dessas províncias (At 16.6; 18.23;
19.10,26).
2 Pedro demonstra como as três pessoas da Trindade participam do plano de salvação da humanidade (Rm 8.29). O Espírito
Santo é a pessoa que nos chama das trevas em que jaz toda a terra, para a maravilhosa luz e vida eterna em Cristo, segundo a
vontade (eleição, escolha) de Deus (1Co 7.14; 2Ts 2.13). O processo de santificação, através do qual o Espírito Santo nos conduz,
produz em nosso ser o verdadeiro e sincero arrependimento e uma nova mente espiritual: ensinável e obediente à Palavra de
Deus e à direção do Espírito. O sangue de Cristo é a purificação e o selo da nova aliança de Deus com seu povo (Nm 19.9; Hb
9.11-28; 12.24; Êx 24.3-8; Is 52.15; Jn 4.2; Jo 14.27; 20.19; Gl 1.3; Ef 1.2).
3 A esperança para o cristão sincero não é apenas um desejo ilusório ou expectativa idealista, mas a “absoluta convicção”
(fé) quanto à ação de Deus em sua vida pessoal e na história. O crente tem o privilégio de ter quantas audiências particulares
com Deus desejar (oração), e a qualquer momento ser ouvido atentamente pelo Senhor, sem que com isso o Criador deixe de
administrar todos os demais detalhes do Universo. Para os cristãos, o sofrimento é uma prova a essa fé inabalável gravada em
seus corações pelo Espírito de Cristo (vv.6,13,21; 2.12, 18-25; 3.5-18; 4.1,4,12-19; 5.1,7-10).
4 A Salvação tem três aspectos: a justificação, quando aceitamos a graça salvadora do sacrifício vicário de Cristo; a
santificação, o processo de nos tornarmos mais semelhantes ao nosso Senhor ao longo de nossa caminhada na terra, e,
finalmente, a glorificação: o encontro definitivo e eterno com nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo (2Tm 1.9; Tt 3.5; 1Co 1.18; Rm
8.23,30; 13.11). O verbo grego original phroureõ, que significa “protegidos” ou “guardados”, usado no tempo passivo, é uma clara
constatação do poder de Deus dirigido ao cuidado e à preservação dos santos (2Co 11.32; Gl 3.23; Fp 4.7).
5 O próprio Jesus, após sua ressurreição e na presença dos apóstolos, já havia congratulado as pessoas que no futuro, mesmo
sem conhecê-lo pessoalmente nem terem visto suas obras maravilhosas, pela fé, iriam crer em sua pessoa e Palavra, converten-
do-se de todo coração a Deus (Jo 20.29).
6 Pedro usa o termo grego original yuw§n (transliterado por psichon), que muitas versões traduzem apenas como “alma”, mas
cujo sentido amplo pode ser melhor compreendido pela expressão “pessoa”, ou seja, todo o nosso ser. Pedro não está excluindo
o corpo físico renovado do céu. Esse termo aparece seis vezes nesta carta (1.22; 2.11; 2.25; 3.20; 4.19).

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1 PEDRO 1 4

ção que os profetas indagaram e exami- vos será outorgada na plena revelação de
naram, os quais profetizaram acerca da Jesus Cristo.
graça a vós outros destinada, 14 Como filhos da obediência, não per-
11 buscando conhecer o tempo e as cir- mitais que o mundo vos amolde às pai-
cunstâncias mais oportunas, indicadas xões que tínheis outrora, quando vivíeis
pelo Espírito de Cristo, que neles estava, na ignorância.9
ao comunicar-lhes de antemão os so- 15 Porém, considerando a santidade
frimentos que Cristo haveria de passar daquele que vos convocou, tornai-vos,
e as glórias que se seguiriam àquelas da mesma maneira, santos em todas as
aflições.7 vossas atitudes.
12 A eles foi predito que estavam minis- 16 Porquanto, está escrito: “Sede santos,
trando não para si próprios, mas sim porque Eu Sou santo!”.10
para vós, quando profetizaram as verda- 17 Ora, se invocais como Pai aquele que
des que agora vos foram anunciadas por julga imparcialmente as obras de cada
intermédio daqueles que vos pregaram pessoa, procedei com sincero temor reve-
o Evangelho mediante o Espírito Santo rente durante a vossa jornada terrena.11
enviado dos céus, assuntos estes que até 18 Porquanto, estais cientes de que não
os anjos anseiam acompanhar minucio- foi mediante valores perecíveis como a
samente.8 prata e o ouro que fostes resgatados do
vosso modo de vida vazio e sem sentido,
Encorajamento a uma vida santa legado por vossos antepassados.12
13 Assim sendo, estejais com a mente pre- 19 Mas fostes resgatados pelo precioso
parada, prontos para agir; alertas, depo- sangue de Cristo, como de Cordeiro sem
sitai toda a vossa esperança na graça que mácula ou defeito algum,13

7 Pedro se refere ao Espírito Santo como Espírito de Cristo porque Cristo o enviou (Jo 16.7) e realizou sua obra na terra por
meio dele (Lc 4.14,18). Os sofrimentos e aflições vivenciados por Jesus Cristo em sua peregrinação pela terra são uma ilustração
viva dos nossos desafios e provações. Contudo, todos os crentes sinceros, ligados à Videira, são beneficiados com a companhia
diuturna de Deus e todas as glórias reservadas aos seus filhos, assim como Jesus já vive na glória do Pai. O sofrimento passageiro
e a glória eterna fazem o tema central desta carta (vv.18-21; 3.8,17-22; 4.12-16; 5.1,5,9,10).
8 Pedro estabelece um paralelo entre os vv.11 e 12, entre a geração dos profetas do AT e da Igreja no NT. O Espírito e a
Mensagem são os mesmos; no AT, como “promessa”, e no NT, como “cumprimento”. O Evangelho engloba a mensagem
profética junto com sua realização histórica. Todo esse processo é tão impressionante que Pedro usa a expressão grega
original epithymusin para descrever o sentimento de “grande ansiedade” dos anjos que, conforme o termo original seguinte
parakypsai (perscrutar), agem como “alguém que, observando os fatos do alto de uma sacada, encurva-se para mais atentamente
acompanhar o desenrolar dos acontecimentos”. Os anjos nos contemplam na expectativa de nossa perseverança, e glória na fé
em Cristo, diante dos sofrimentos e os desafios de um mundo que se afasta de Deus (5.12).
9 Os cristãos sinceros são filhos do Pai celestial, adotados na família de Deus e herdeiros, com Cristo (o Primogênito), de toda a
glória eterna e bênçãos celestiais reservadas para o povo do Senhor de todos os tempos, etnias e culturas (vv.17,23). Os cristãos
são os únicos que recebem a autoridade filial e podem orar: “Pai nosso, que estás nos céus!” (Mt 6.9; Rm 8.15).
10 Deus é santo, quer dizer, absolutamente separado de qualquer aparência do mal. Essa característica do divino, de profunda
aversão à perversidade, deve inspirar seus filhos a persistirem em seu processo diário de santificação, afastando-se da impureza
e do pecado (Hc 1.13).
11 A expressão grega aqui traduzida por “temor reverente” tem, de fato, esse sentido de um respeito absoluto a um Pai que é
grandioso em amor e poder, e ao mesmo tempo, severo e intransigente quanto ao que é saudável, bom e correto (Pv 1.7; 8.13;
16.6).
12 Nas Escrituras, o termo “resgatar” significa livrar alguém da escravidão ou de alguma condenação, mediante o pagamento
de alta multa ou fiança (Êx 21.30 com Êx 13.13). No mundo grego, os escravos podiam ser redimidos por fiança ou substituição
por outra pessoa com características físicas e intelectuais semelhantes. É assim que Jesus Cristo redime os crentes da
condenação da Lei (Gl 3.13), bem como de toda a maldade que tanto assedia o ser humano em sua jornada sobre a terra (Tt
2.14). Não há moeda ou bem suficientes para o pagamento deste resgate, somente o sangue do Cordeiro é capaz de substituir
nossa condenação à morte (afastamento eterno de Deus) por uma vida sem fim em sua presença (v.19; Ef 1.7; Ap 5.9; Mt 20.28;
Mc 10.45; Hb 9.15; Gl 3.13; Cl 1.14; Rm 3.24).
13 Os sacrifícios de sangue oferecidos a Deus no AT constituem-se em prefigurações do sacrifício vicário de Jesus Cristo, o
derradeiro e eficaz, única ação legal e libertadora capaz de satisfazer completamente a Lei instituída pelo próprio Deus. Portanto,

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5 1 PEDRO 1, 2

20 conhecido, de fato, antes da criação do Devemos viver como Pedras Vivas


mundo, porém revelado nestes últimos
tempos em vosso favor.14
21 Por intermédio dele credes em Deus,
2 Portanto, livrando-vos de toda malig-
nidade e de todo engano, hipocrisia,
inveja e toda espécie de maledicência,
que o ressuscitou dentre os mortos e o 2 desejai o puro leite espiritual, como
glorificou, de modo que a vossa fé e a crianças recém-nascidas, a fim de cres-
esperança estão firmadas em Deus. cerdes, por intermédio desse alimento
para a Salvação,
O exercício do amor cristão 3 se é que já provastes que o Senhor é
22 Considerando, pois, que tendes a vossa bom.1
vida purificada pela obediência à Verdade
que leva ao amor fraternal não fingido, Povo gerado pela Pedra Viva
amai uns aos outros de todo o coração.15 4 Achegando-vos a Ele, a Pedra Viva,
23 Fostes regenerados não a partir de rejeitada pela humanidade, mas eleita e
uma semente perecível, mas imperecível, preciosa para Deus,2
por meio da Palavra de Deus, a qual é 5 vós também, como pedras vivas, sois
viva e operosa por toda a eternidade.16 edificados como Casa espiritual, com
24 Porquanto: “todo ser humano é como o propósito de serdes sacerdócio santo,
a relva e toda a sua glória, como a flor da oferecendo sacrifícios espirituais aceitá-
relva; a relva murcha e cai a sua flor,17 veis a Deus, por meio de Jesus Cristo.3
25 mas a Palavra do Senhor permanece 6 Porquanto, assim está registrado na
para sempre”. E essa é a Palavra que vos Escritura: “Eis que ponho em Sião uma
foi evangelizada. pedra angular, escolhida e preciosa, e

Cristo é o Cordeiro pascal dos crentes (1Co 5.7). Ele é o único que tira o pecado do mundo (Jo 1.29), o qual é sem qualquer
mancha ou imperfeição (Hb 9.14).
14 O apóstolo Pedro afirma que Cristo estava com Deus desde a fundação do Universo, aguardando o desenrolar da história e
o momento mais oportuno para revelar seu Filho, como única possibilidade de salvação da humanidade (At 2.17; 1Tm 4.1; 2Tm
3.1; Hb 1.1; 1Jo 2.18).
15 Eco de uma ordem expressa de Jesus (Jo 13.34,35; 1Ts 4.9,10).
16 O novo nascimento (a regeneração) é um milagre promovido pelo Espírito Santo de Deus nas vidas das pessoas que
recebem com gratidão e sinceridade esse dom de Deus (Tt 3.5; Jo 1.13; 3.5). A Palavra de Deus é o anúncio do Evangelho (a
própria pessoa do Cristo) e conclama o pecador ao arrependimento e à salvação (v.25; Tg 1.18). Neste contexto, “a semente” é
a eterna Palavra de Deus, que uma vez pregada, jamais volta vazia (Is 55.11); que é incorruptível (não passa nem se desvanece
pela ação do tempo ou qualquer intempérie), viva, eficaz e perene.
17 Pedro usa a palavra grega original doxa “glória”, para revelar poeticamente o estado frágil, temporário, e passageiro de tudo
aquilo que uma pessoa possa ostentar e se orgulhar (Is 40.6-8). Entretanto, aqueles que confiam na Palavra do Senhor conhecem
seus limites e a graça de Deus que os sustenta todos os dias, como os lírios do campo (Mt 6.28,29). Os crentes são como as
mais belas e perfumadas flores: quanto mais esmagados pelo mundo e provados, mais exalam o bom perfume de Cristo (2Co
2.15). A Palavra que deu origem a tudo, que é a própria pessoa do Cristo (Jo 1.1-3), também jamais se desvanecerá ou ofuscará
sua glória excelsa (Mt 24.35).
Capítulo 2
1 A fome incontida de um bebê recém-nascido é uma ilustração viva do tipo de vontade santa e irresistível que impulsiona um novo
e sincero convertido para adorar a Deus e se alimentar dia a dia da Palavra do Senhor (v.25; Sl 34.8; Ef 4.22; Cl 3.8; Hb 1.21).
2 O mundo incrédulo rejeita o verdadeiro Deus e a seu Filho desde a antigüidade (At 2.22-36; 3.13-15; 4.10,11; 10.39-42),
esculpindo e cultuando objetos em forma de deuses inanimados. Aos crentes, entretanto, Deus revelou seu Filho como a “Pedra”
que vive e tem o poder de doar a vida a todos quantos o recebem como Senhor (vv.6,8; Mt 21.42; Mc 12.10,11; Lc 20.17; At 4.11;
Rm 9.33). A pessoa de Cristo, o Filho de Deus, é a Pedra Viva; a Palavra, o Evangelho, a Água Viva, o Pão Vivo, o Caminho (Jo
1.1-4; 4.10-14; 5.26; 6.51; 7.38; Hb 10.20).
3 Os crentes também são pessoas geradas pela Pedra Viva, e, portanto, possuem as características da matriz. Somos os
sacerdotes da nova humanidade, do novo Templo vivo do Senhor (expressão que tem a ver com o Tabernáculo, a Casa de Deus).
Pedro usa o termo grego original hierateuma para designar o “sacerdócio” não mais como uma atividade profissional, exclusiva
e isolada, mas como a obra da coletividade dos adoradores de Deus, movidos por seu Espírito, em função do sacrifício remidor
de Cristo. Cada pedra é uma metáfora da matéria inanimada que, ao receber o Espírito Santo, mediante a fé na Pedra Viva, se
transforma em sacerdote da graça e em templo do Espírito de Deus. Portanto, a responsabilidade de usar essa liberdade e poder
segundo a orientação de Cristo, a Pedra principal e que edifica todo o conjunto da grande construção (1Co 15.45; At 2.33; Jo

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1 PEDRO 2 6

aquele que nela deposita sua confiança 12 Seja exemplar o vosso comportamen-
jamais será envergonhado”.4 to entre os gentios, para que naquilo que
7 Assim sendo, para vós, os que credes, falam mal de vós, como se fôsseis pessoas
ela é preciosa, mas para os que não que vivem praticando o que é mau, ao
crêem, “a pedra que os construtores re- observarem as vossas boas obras, glori-
jeitaram tornou-se a principal, a pedra fiquem a Deus no dia em que receberem
angular”, a sua revelação.
8 e, “pedra de tropeço e rocha que causa 13 Por causa do Senhor, submetei-vos
a queda”; porquanto, aqueles que não a toda autoridade constituída entre os
crêem tropeçam na Palavra, por serem povos; seja ao rei, como principal mo-
desobedientes, todavia, para isso tam- narca,
bém foram destinados. 14 seja aos governantes, como por ele en-
9 Porém, vós sois geração eleita, sacerdó- viados, para punir os praticantes do mal
cio real, nação santa, povo de proprie- e honrar os que fazem o bem.6
dade exclusiva de Deus, cujo propósito 15 Porque a vontade de Deus é que pra-
é proclamar as grandezas daquele que ticando o bem, caleis a ignorância dos
vos convocou das trevas para sua mara- insensatos.
vilhosa luz. 16 Considerando que sois livres, não
10 Vós, sim, que antes não éreis sequer useis a liberdade como pretexto para
povo; mas agora, sois o Povo de Deus; fazer o que é mal, mas vivei como servos
não tínheis recebido a misericórdia, con- de Deus.7
tudo agora a recebestes.5 17 Tratai todas as pessoas com a devida
reverência: amai os irmãos, temei a Deus
Deveres do Povo de Deus e honrai ao rei.
11 Amados, exorto-vos como a peregri- 18 Escravos, sujeitai-vos a vossos senho-
nos e estrangeiros a vos absterdes das res com todo o respeito, não apenas
paixões da carne, que batalham contra aos bons e sensatos, mas também aos
a alma. perversos.8

2.19; 1Co 3.16; Ef 2.19-22; Hb 7.26; 10.10; 13.15,16; Rm 21.1; Fp 4.18; Jo 14.6). Essas referências às pedras são, uma vez mais,
ecos das poderosas palavras de Cristo (Mt 16.18).
4 Pedro deixa claro que a pedra (angular), que determina todo o projeto, bem como a orientação do desenvolvimento da
construção não é ele, nem qualquer outro líder religioso, mas, sim, a pessoa de Jesus Cristo: a Pedra Viva (Is 8.14,15; 28.16; Sl
118.22; Mt 21.42; Mc 12.10; Lc 20.17; At 4.11). Há, no entanto, dois tipos de atitudes das pessoas em relação à essa explanação
de Pedro: os que crêem e assumem seu sacerdócio ao lado de Cristo; e os que rejeitam a Pedra Viva e, conseqüentemente,
tropeçam e caem para sempre (vv.7,8).
5 Israel foi considerado o povo escolhido de Deus no AT (Is 8.14,15; 43.10,20; 44.12; Ef 1.4). Contudo, durante séculos foram
insinceros, desobedientes e incrédulos. Com a vinda e o sacrifício vicário de Cristo, o Senhor chama para si, e adota como filhos
povos de todas as etnias, tribos e nações, mediante a fé sincera de cada uma dessas pessoas na pessoa e obra redentora do seu
Filho. Assim, os gentios (todos os não-judeus) de todo mundo, que não tinham recebido a misericórdia de terem sido alcançados
por Deus, agora, em Cristo, são todos bem-vindos ao Reino Eterno como co-herdeiros e tabernáculos (habitação) vivos de Deus
(Êx 19.5-6; Dt 4.20; 7.6; 14.2; 28.9; Is 43.21; Ml 3.17). Em Oséias, Israel foi “desfavorecida” por causa da sua incredulidade. Em
Romanos, Paulo aplica esse princípio aos gentios; em Pedro, todos os incrédulos, judeus ou não, precisam individualmente
acolher a graça da salvação em Cristo, a fim de saírem das trevas e da insignificância para a maravilhosa luz do Pai (Os 1.6,9;
2.1,22,23; Rm 9.19 – 10.9).
6 Quando Pedro escreveu esta carta, o imperador de Roma era Nero, monarca pagão, injusto e sanguinário, que reinou de 54
a 68 d.C. Toda a autoridade estabelecida nas diversas sociedades humanas depende de Deus para sua existência (Rm 13.1,2).
Contudo, a obediência a qualquer autoridade jamais deve caracterizar uma violação à Palavra de Deus (At 4.19; 5.29).
7 Os cristãos estão livres das amarras do pecado e das filosofias do sistema mundial para adorar a Deus de tal forma que seu
testemunho de vida impressione positivamente até o pior dos incrédulos, fazendo-os pensar melhor a respeito de se renderem
a Deus e à sua Palavra (Mt 5.16).
8 Apesar de os autores do NT não atacarem diretamente a escravatura como instituição, foi a Bíblia a base das idéias
democráticas, igualitárias e do homem livre. Os ensinos básicos neotestamentários podem ser também aplicados perfeitamente,
em nossos dias, aos relacionamentos entre patrões e empregados (Ef 6.5-8; Cl 3.22-25; 1Tm 6.1,2; Tt 2.9,10).

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7 1 PEDRO 2, 3

19 Pois é louvável que, por causa da sua das, porém agora fostes convertidos ao
consciência para com Deus, alguém Pastor e Bispo de vossas almas.11
suporte constrangimentos e sofra injus-
tamente. Como deve viver a família cristã
20 Porquanto, que mérito há em ter que
suportar castigos recebidos por que ha-
veis praticado o mal? Entretanto, se su-
3 Da mesma maneira, cada uma de
vós esposas, sede submissas a vossos
próprios maridos, com o propósito de
portais sofrimento quando fazeis o bem, que, se alguns deles ainda são contra a
isso é digno de louvor diante de Deus. Palavra, sejam convertidos sem admoes-
21 Para essa obra fostes chamados, pois tações, mas pelo procedimento de sua
Cristo também sofreu por vós, legando- esposa,1
vos também este exemplo, a fim de que 2 testemunhando a vossa maneira de ser
sigais os seus passos. honesta e respeitosa.
22 “Ele não cometeu pecado algum, nem 3 Portanto, o que vos torna belas e admi-
qualquer engano foi encontrado em sua ráveis não devem ser os enfeites exterio-
boca.”9 res, como as tranças do cabelo, as finas
23 Quando insultado, não revidava; jóias de ouro ou o luxo dos vestidos.
quando sofria, não fazia ameaças, mas 4 Pelo contrário, esteja em vosso ser inte-
entregava-se Àquele que exerce plena rior, que não se desvanece, toda a beleza
justiça em seu juízo. que se revela mediante um espírito amá-
24 Ele levou pessoalmente todos os nos- vel e cordato, o que é de grande valor na
sos pecados em seu próprio corpo sobre presença de Deus.2
o madeiro, a fim de que morrêssemos 5 Porquanto, na antigüidade, era deste
para os pecados e, então, pudéssemos modo, que as santas mulheres que espe-
viver para a justiça; por intermédio das ravam em Deus costumavam se adornar.
suas feridas fostes curados.10 Elas eram dóceis cada qual para com seu
25 Afinal, vivíeis como ovelhas desgarra- próprio marido,

9 As Escrituras profetizam e atestam a absoluta impecabilidade de Jesus Cristo em todas as fases de sua vida (Is 53.9; At 3.14;
2Co 5.21; Hb 4.15; 7.26; 1Jo 3.5).
10 Em conseqüência do sacrifício vicário de Cristo na cruz do Calvário, e de sua ressurreição, os crentes estão posicionalmente
mortos para o poder do pecado, a fim de que tenham toda a liberdade para viverem vidas novas e se apresentarem a Deus per-
doados e purificados pelo sangue do Cordeiro, como instrumentos de justiça numa sociedade corrupta e corruptora (Is 53.5,12;
Mt 8.16,17; At 5.30; 10.39; 13.29; Rm 6.3-14; Gl 3.13).
11 Pedro usa a palavra “Pastor” ao nos levar a pensar nas “ovelhas desgarradas” citadas pelo profeta Isaías (Is 53) e referir-se à
pessoa e à obra de Cristo. A expressão “Bispo” (literalmente em grego episkopoi) tem uma conotação mais acadêmica, além das
capacidades de administração eclesiástica, ampliando o significado do ministério pastoral. Esses termos, quando aplicados aos
líderes espirituais da igreja, não indicam duas funções ou cargos diferentes. São usados para comunicar que alguns servos são
mais servos que outros, e devem zelar com amor fraternal pelo rebanho de Deus, como supervisores (presbíteros) do bem-estar
da comunidade (Sl 23.1; Jo 10.10-14; Hb 13.20; At 20.28; 1Pe 5.2-4).
Capítulo 3
1 Assim como todos os cristãos devem se sujeitar às autoridades governamentais instituídas, por amor e fé no Senhor (2.13-17), e
os escravos, ou empregados, a seus senhores e patrões (2.18-25), as esposas crentes devem a seus maridos a mesma submissão.
O verbo grego “sujeitar”, usado nessas orientações, tem a mesma raiz e, em sua forma imperativa Hypotagete significa “colocar-
se espontaneamente sob a missão ou a responsabilidade de outrem”. A missão aqui é a construção de um lar confortável para a
família. Até mesmo os maridos que “se opõem ao Evangelho” (esse é o sentido literal da expressão no origi-nal grego) poderão ser
“ganhos” (em grego kerdethesontai), termo técnico no NT, cujo sentido é o de “cooperar intensamente para levar alguém à presença
de Cristo”. No entanto, a esposa não deve pregar sistematicamente para seu marido renitente, mas demonstrar – mediante seu
procedimento diário – como vive uma pessoa salva, cuja fé e esperança estão plenamente depositadas no Senhor.
2 É natural e apreciável que as mulheres se arrumem de forma a valorizar sua personalidade, bem como seus dotes físicos
e estéticos. A ênfase da instrução bíblica não está tanto no tipo dos adornos. Entretanto, o exibicionismo em geral, como os
arranjos excêntricos para os cabelos, uso de roupas extravagantes ou luxuosas, jóias finas e exóticas e caros acessórios de
moda, não conseguem superar – especialmente no dia-a-dia – a beleza e elegância de uma mulher graciosa, gentil, delicada,
mansa, compreensiva e que não depende da sua capacidade de sedução e verbalização para realizar tudo o que deseja, pois
sabe esperar confiante no Senhor (1Sm 16.7; Rm 7.22).

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1 PEDRO 3 8

6 como Sara, que obedecia a Abraão e Senhor volta-se contra os que praticam
o chamava senhor. Dela sois filhas, se o mal”.
praticardes o bem sem qualquer espécie 13 Ora, quem vos fará mal se sois zelosos
de receio. do bem?
7 Exatamente, da mesma maneira, vós 14 Todavia, ainda que venhais a sofrer
maridos, vivei com vossas esposas a porque viveis em justiça, sereis felizes.
vida cotidiana do lar, com sabedoria, “Não vos atemorizeis, portanto, por
proporcionando honra à mulher como causa de ameaças, nem mesmo vos
parte mais frágil e co-herdeiras do dom alarmeis.”5
da graça da vida, de forma que não sejam 15 Antes, reverenciai a Cristo como Se-
interrompidas as vossas orações.3 nhor em vosso coração, estando sempre
preparados para responder a qualquer
O estilo de vida do cristão pessoa que vos questionar quanto à es-
8 Concluindo, tende todos vós o mesmo perança que há em vós.
modo de pensar, demonstrai compaixão 16 Contudo, fazei isso com humildade e
e amor fraternal, sede misericordiosos e respeito, conservando boa consciência,
humildes, de tal maneira que os que falam com
9 não retribuindo mal com mal, tampou- malignidade contra o vosso bom com-
co ofensa com ofensa; ao contrário, aben- portamento, pelo fato de viverdes em
çoai; porquanto, foi justamente para Cristo, fiquem envergonhados de suas
esse propósito que fostes convocados, próprias calúnias.6
a fim de também receber bênção como 17 Porque é melhor sofrer por praticar o
herança. bem, se for da vontade de Deus, do que
10 Portanto, “quem quiser amar a vida por fazer o mal.
e ver dias felizes, refreie a sua língua do 18 Pois Cristo também foi sacrificado
mal e os seus lábios da falsidade;4 uma única vez por nossos pecados, o
11 afaste-se do mal e pratique o bem; Justo pelos injustos, com o propósito de
busque a paz e nela persevere. conduzir-nos a Deus; morto, de fato, na
12 Porque os olhos do Senhor estão sobre carne, mas vivificado no Espírito,
os justos e seus ouvidos estão atentos 19 no qual igualmente foi e proclamou
às suas orações, entretanto, a face do aos espíritos em prisão,7

3 À medida que o tempo passa, a sociedade, em geral, se distancia mais e mais da verdadeira adoração a Deus, respeito
e obediência à sua Palavra. O fato de Sara tratar Abraão de “senhor” era um sinal de consideração e elevada estima para os
padrões do povo de Deus no Oriente daquela época. O princípio subjacente, entretanto, é que as atuais discípulas de Sara são
as crentes que buscam agradar a Deus em primeiro lugar, e, por isso, desenvolvem uma personalidade paciente, bondosa e
destemida, ou seja, não se deixam influenciar ou amedrontar por nada nem por ninguém (Pv 3.25-27). Ao homem cabe cuidar
com dignidade e carinho da mulher, como ser mais delicado e sensível. Entretanto, a mulher é igual ao homem quanto à graça
salvadora e às responsabilidades do discipulado cristão (Gl 3.28). A desobediência à Palavra de Deus prejudica tanto a comunhão
com Deus quanto a vida conjugal e o relacionamento com a Igreja (1Ts 4.1-12; 1Co 7.3-5).
4 As advertências de Pedro são ecos das palavras de Jesus, Paulo e Tiago (Mt 5.10,12,44; Lc 6.28; Rm 12.15-21; Fp 2.2-8; 1Co
12.26; 1Ts 4.9,10; Hb 13.1; Cl 3.12). Contudo, ele cita parte do Sl 34, a fim de encorajar todo cristão a praticar as virtudes ensina-
das nos vv.8,9; com a promessa de uma vida feliz, apesar das tribulações cotidianas, contando com as bênçãos dos vv.10-12.
5 É muito difícil que alguém venha a sofrer fazendo o que é certo, direito e altruísta. No entanto, mesmo que isso venha a
ocorrer, o cristão é encorajado a temer a Deus e nele confiar absolutamente (Is 8.13).
6 O cristão está sob as bênçãos de Deus e de posse da Verdade, portanto, não tem do que se envergonhar ou temer. Sua apo-
logética (defesa da fé) deve ser proclamada com mansidão, paciência e consideração à pessoa humana daqueles que se opõem,
pois todos nós fomos criados à imagem de Deus e carecemos da iluminação do Espírito Santo. Sempre que tratamos aqueles
que nos caluniam ou difamam com mansidão, compreensão e respeito (inclusive baixando o tom da nossa voz), demonstramos
que a amargura do oponente não faz sentido e entregamos a situação ao perfeito juízo de Deus (Mt 5.1-12; Lc 1.48). Não há nem
haverá mais qualquer sacrifício pelos pecados da humanidade (v.19; Hb 9.25-28; Mt 16.21-23; Fp 2.5-11).
7 Pedro usa propositalmente a expressão original grega kerussein “proclamar” ou “anunciar”, em vez de evanggelizen,
“evangelizar”, para deixar bem claro o tipo de pregação vitoriosa realizada por Jesus sobre o Inimigo e toda a malignidade do
universo (2Pe 2.4,5; Cl 2.15).

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9 1 PEDRO 3, 4

20 os quais, na antigüidade, foram re- gem, na sensualidade, nas bebedeiras, orgias


beldes, durante o tempo em que Deus, e farras, e nas idolatrias repulsivas.
pacientemente, aguardava a construção 4 Eles acham estranho que não vos juntais
da arca nos dias de Noé. Na arca, apenas a eles na mesma correria desenfreada de
algumas pessoas, a saber, oito, foram sal- licenciosidade, e, por isso, vos caluniam.
vas por meio das águas, 5 Todavia, eles terão de prestar contas
21 que, prefigurando o batismo, agora Àquele que está pronto para julgar os
também vos salva, o qual não é a remo- vivos e os mortos.
ção das impurezas do corpo humano, 6 Por esse motivo, o Evangelho foi prega-
mas sim o resultado de uma boa consci- do também a mortos, para que eles,
ência para com Deus, por intermédio da mesmo julgados no corpo conforme a
ressurreição de Cristo;8 humanidade, vivam mediante o Espírito
22 o qual, havendo subido ao céu, reina segundo Deus.2
à direita de Deus; e a Ele estão sujeitos
todos os anjos, autoridades e poderes. O relacionamento dos crentes
7 Ora, está muito próximo o fim de todas
O crente morre para o pecado as coisas; portanto, tende bom senso e
vigiai em oração.3
4 Ora, tendo Cristo padecido na carne,
armai-vos vós igualmente desse mes-
mo pensamento; pois aquele que sofreu
8 Antes de tudo, exercei profundo amor
fraternal uns para com os outros, por-
em seu corpo rompeu com o pecado,1 quanto o amor cobre uma multidão de
2 para que, no tempo que lhe resta, não pecados.4
viva mais para satisfazer os maus desejos 9 Sede hospitaleiros uns para com os ou-
humanos, mas sim para realizar a vonta- tros, sem vos queixar.
de de Deus. 10 Servi uns aos outros de acordo com o
3 No passado, já despendestes tempo além dom que cada um recebeu, como bons
do tolerável fazendo o que agrada aos pa- administradores da multiforme graça de
gãos. Naquela época, andáveis em libertina- Deus.5

8 Nessa passagem, o dilúvio simboliza o batismo, e o batismo ilustra a própria salvação. No dilúvio, a água representou a
morte de todos os ímpios; o batismo evoca a morte redentora de Cristo e figura a morte do “velho homem” no crente. O batismo,
portanto, é o grande símbolo da salvação por ilustrar vividamente a morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo (nossa
Arca), e a nossa identificação com Ele nessas experiências (Rm 6.3,4). A responsabilidade do cristão é esforçar-se para que
todo o simbolismo do batismo se concretize em seu convívio prático e diário com o Espírito Santo. A salvação ocorre pelo poder
transcendente da ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de Deus (v.22; At 1.9-11; Ef 1.21; 6.12).
Capítulo 4
1 Pedro ressalta o exemplo de Cristo ao sofrer todo tipo de injustiça, vencendo tentações e provações mediante sua amo-
rosa submissão ao Pai e prática do bem. Sofrimentos graves por amor a Cristo promovem valioso crescimento espiritual e
santificação (Fp 2.5-11).
2 Assim que raiar o Dia do Juízo Final, todas as pessoas (vivos e mortos) comparecerão diante de Deus, o Supremo Juiz, que
delegará a seu Filho, Jesus Cristo, a condução do julgamento. A misericórdia de Deus, entretanto, manifesta no Evangelho,
garante a vida eterna no Espírito, mesmo aos que morrerem antes do glorioso retorno do Senhor (Jo 5.27; At 17.31; Rm 2.5,16;
Tg 4.12; Hb 4.13; 9.17). Pedro se refere à pregação feita no passado para pessoas que viviam naquela época, mas que já haviam
morrido quando essa carta foi escrita. O NT é claro no sentido de que não haverá qualquer oportunidade para salvação após a
morte (Hb 9.27).
3 Os cristãos devem esperar o glorioso retorno de Cristo expressando um caráter celestial na maneira fraterna com que se
relacionam com todas as pessoas e cooperam entre si (2Pe 3.11-14). Devem ser caracterizados pela maneira sábia como vivem
e tomam suas decisões diárias em função da sua maior prioridade que é adorar ao Senhor, amar as pessoas ao seu redor e vigiar
em oração (Lc 18.1; Gl 5.23; Tg 5.9; 1Co 7.5; Ef 6.18; 1Ts 5.17; 1Jo 5.14,15).
4 Novas expressões que soam como eco das palavras de Jesus. O amor fraternal entre os cristãos deve ser sincero e demonstra-
do no dia-a-dia mediante atitudes práticas (1Ts 4.9,10; 2Pe 1.7; 1Jo 4.7-11). Só o amor cristão é capaz de perdoar tudo e sempre que
necessário, assim como o Senhor fez em relação aos nossos erros e pecados (Pv 10.12; Mt 18.21,22; 1Co 13.5; Ef 4.32).
5 Os crentes em Cristo são abençoados com dons espirituais para servirem melhor uns aos outros (a Igreja) e testemunharem
ao mundo como vivem os cidadãos do Reino (Rm 12.4-13; 1Co 12.7-11; 1Tm 3.2; 5.10; Tt 1.8; 3Jo 5-8).

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1 PEDRO 4, 5 10

11 Se algum irmão prega, fale como quem gamento pela casa de Deus; e, se começa
comunica a Palavra de Deus; se alguém primeiro conosco, qual será o fim daque-
serve, sirva conforme a força que Deus les que não obedecem ao Evangelho de
provê, de maneira que em todas as atitudes Deus?7
Deus seja glorificado mediante Jesus Cris- 18 E, “se é com dificuldade que o justo é
to, a quem pertencem a glória e o pleno salvo, que será do ímpio, o pecador?”
domínio por toda a eternidade. Amém! 19 Portanto, aqueles que padecem de
acordo com a vontade de Deus devem
O privilégio de sofrer por Cristo confiar sua vida ao seu fiel Criador e
12 Amados, não vos assusteis com a seguir praticando o bem.
provação que surge entre vós, como
fogo ardente, com o objetivo de provar a O líder deve ser exemplo vivo
vossa fé. Não entendei isso como se algo
estranho vos estivesse acontecendo.
13 Contudo, alegrai-vos por serdes parti-
5 Suplico, portanto, aos presbíteros
que há entre vós, eu que sou também
presbítero como eles, testemunha ocular
cipantes dos sofrimentos de Cristo, para dos sofrimentos de Cristo e, certamente,
que também vos alegreis e exulteis na co-participante da glória que há de ser
revelação da sua glória. plenamente revelada:1
14 Se sois insultados por causa do nome 2 pastoreai o rebanho de Deus que está
de Cristo, bem-aventurados sois, por- sob vosso cuidado, não por constran-
quanto sobre vós repousa o Espírito da gimento, mas voluntariamente, como
glória, o Espírito de Deus. Deus quer; nem por sórdida ganância,
15 Mas nenhum de vós sofra como homi- mas de boa vontade;2
cida, ladrão, praticante do mal, ou como 3 nem como ditadores daqueles que vos
quem se intromete em negócios alheios. foram confiados, antes, tornando-vos
16 Entretanto, se sofrer como cristão, não exemplos do rebanho.
se envergonhe disso; antes, glorifique a 4 Ora, assim que o Supremo Pastor se
Deus por meio desse nome.6 manifestar, recebereis a imperecível co-
17 Pois chegou a hora de começar o jul- roa da glória!3

6 Poucas são as vezes em que a expressão popular “cristão” (literalmente em grego: “pequenos cristos”) foi usada pelos
apóstolos para identificar os “crentes em Cristo” (At 11.26; 26.28).
7 As perseguições que os crentes sofriam na época de Pedro eram o início dos julgamentos enviados por Deus, com o objetivo
de purificar o seu povo. No final dos tempos, o juízo se intensificará a fim de que toda a Igreja seja purificada. Ao término desse
período escatológico, virá o terrível e definitivo julgamento de todos quantos se rebelaram (ímpios e pecadores) contra o Senhor e
sua Palavra eterna (Mc 13.20; Ap 6.15-17; Is 10.12; Jr 25.29; Ez 9.6; Ml 3.1-6). Se Deus não poupa seu próprio povo do julgamento,
quanto mais severo e punitivo será o juízo que infligirá aos incrédulos.
Capítulo 5
1 Pedro foi nomeado apóstolo pessoalmente por Jesus Cristo. Contudo, como pastor, ele se solidariza com os presbíteros das
igrejas cristãs, espalhadas por toda a Ásia Menor, com o propósito de animá-los na fé diante das graves provações pelas quais
estavam passando (At 20.17; 1Tm 3.1; 5.17; 2Jo 1; 3Jo 1). O texto grego original traz a expressão martys que, neste contexto,
significa “testemunha ocular”. Pedro seguia a Cristo desde os primeiros dias do seu ministério na terra, participou dos sofrimentos
mais terríveis impostos ao Senhor e contemplou sua glória (Mt 26.58; Mc 14.54; Lc 22.60-62; Jo 18.10-16). Por isso, tem toda
a autoridade para nos encorajar na difícil caminhada cristã, com a certeza de que passados esses tempos de provação, nós
também, vamos participar da glória eterna do Senhor (At 1.8; Jo 1.14. 2.11; Mt 16.27; 17.8).
2 Aqui, como em passagens anteriores, recebemos o maravilhoso eco das palavras de Jesus, as quais ficaram gravadas na
mente e no coração de Pedro (Jo 10.1-18; 21.15-17; Lc 15.3-7; 1Pe 2.25). Ao escrever esta carta de consolo e encorajamento, Pe-
dro está pastoreando os líderes da Igreja cristã de todas as épocas, em cumprimento às ordens do Senhor, a exemplo do que fez
Paulo diante dos presbíteros em Éfeso (At 20.28). O termo “pastor” é uma metáfora do AT e, juntamente, com as demais expres-
sões de liderança espiritual na Igreja (presbítero, supervisor, bispo, ancião), aplica-se ao cuidado amoroso, respeitoso e dedicado
de um servo do Senhor em favor de sua comunidade (rebanho) local (Ez 34.1-10; At 20.17,28; Fp 1.1; 1Tm 3.2; Tt 1.7).
3 Embora Pedro tivesse plena autoridade apostólica e fosse amigo íntimo de Cristo, os anos de caminhada com o Espírito
Santo lhe ensinaram a ser um verdadeiro cidadão do céu, onde o exaltado é o menor e o mais humilde. Pedro, uma das colunas
da Igreja, não se coloca diante dos líderes cristãos locais com despotismo ou qualquer arrogância. Antes, oferece seu ombro

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11 1 PEDRO 5

Conselhos, votos e bênção final convocou à sua eterna glória em Cristo


5 Do mesmo modo, jovens, sede submissos Jesus, logo depois de terdes sofrido por
aos mais velhos. E, todos vós, igualmente, um período curto de tempo, vos restau-
tratai com humildade uns aos outros, rará, confirmará, concederá forças e vos
porquanto, “Deus se opõe aos orgulhosos, estabelecerá sobre firmes alicerces.7
mas concede graça aos humildes”.4 11 A Ele, portanto, seja o pleno domínio
6 Sendo assim, humilhai-vos sob a pode- para todo o sempre. Amém!
rosa mão de Deus, para que Ele vos exalte 12 Com a cooperação de Silvano, a quem
no tempo certo,5 considero irmão fiel, eu vos escrevi resu-
7 lançando sobre Ele toda a vossa ansie- midamente, encorajando-vos e testemu-
dade, porque Ele tem cuidado de vós! nhando que esta é a verdadeira graça de
8 Sede sensatos e vigilantes. O Diabo, Deus. Nela, pois, permanecei firmes!8
vosso inimigo, anda ao redor como leão, 13 Aquela que está em Babilônia, igual-
rugindo e procurando a quem devorar.6 mente eleita convosco, vos saúda, assim
9 Resisti-lhe, permanecendo firmes na como Marcos, meu filho.9
fé, conscientes que os irmãos que tendes 14 Cumprimentai-vos uns aos outros
em todo o mundo estão atravessando os com o beijo de santo amor fraternal.
mesmos sofrimentos. Paz a todos vós que estais vivendo em
10 Ora, o Deus de toda a graça, que vos Cristo!10

amigo e suas orações sinceras, bem como seu “exemplo” (literalmente em grego “figura de Cristo”, “tipo” ou “modelo”), para
fortalecimento da fé dos irmãos. Pedro foi martirizado por ordem de Nero; no final da década de 60 d.C., por defender a genuína
fé cristã, todavia assegura a todos os pastores que, como ele, se submeterem à vontade do Senhor, receberão as mais preciosas
recompensas no Reino eterno de Deus (Mt 16.24-27; Mc 10.42-45; Fp 2.6-11; 2Ts 3.9).
4 Pedro trata sobre humildade e respeito de 2.13 a 3.6. Esta passagem, entretanto, é dirigida especialmente aos líderes espiri-
tuais da Igreja. Pedro, um rebelde quando jovem, agora, escolado pelo Espírito de Cristo e pela vida, evoca a atitude de Cristo ao
lavar os pés dos discípulos (Jo 13.6-9; Pv 3.34).
5 O socorro do Senhor nos alcançará no momento exato, mesmo que ao nosso ver já seja tarde (Lc 4.11; 18.14; Fp 6.4,7).
6 Pedro sabia muito bem o quanto é difícil ficarmos alertas e despertos durante toda a nossa peregrinação (1Ts 5.6,8; Mt 23.12;
26.36-46).
7 Os crentes não devem olhar somente para suas próprias vidas, famílias e igrejas locais, mas levantar os olhos e contemplar
a fraternidade evangélica em todo o mundo. Devemos nos solidarizar com os cristãos de todas as culturas sobre a terra. A graça
do Senhor é abundante, generosa e poderosa para nos guardar a todos (Gl 1.3; Ef 1.2).
8 O irmão Silvano, também conhecido como Silas, era amigo e escriba de Pedro, proporcionando uma correta redação aos
pensamentos do apóstolo (At 15.22,40).
9 No século I d.C., Babilônia era uma pequena cidade à beira do rio Eufrates (região onde hoje se situa o Iraque). Apesar de
alguns teólogos julgarem que Pedro esteja se referindo de forma enigmática à cidade de Roma, há fortes indícios de que ele
fala literalmente dos irmãos babilônicos, ribeirinhos ao Eufrates. O termo “Babilônia” , como figura de Roma, só vai aparecer nos
textos do Apocalipse, por volta do ano 95 d.C. Pedro tem tanta consideração por Marcos, como discípulo amado, que o chama
de “filho na fé” (1Tm 1.2; At 12.12,25; 13.13; 15.37,39; Cl 4.10; Fm 24).
10 O ósculo santo, ou “beijo fraternal”, era a forma tradicional como os orientais se saudavam, em sinal de submissão e
respeito, na época de Pedro (e até hoje em alguns países). Pedro termina esta carta enfatizando a profunda união dos crentes
com Cristo, conceito básico para a correta compreensão de todo o conteúdo da carta (1Co 16.20; Rm 16.16; Ef 6.23,24).

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