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Parnasianismo

O parnasianismo é uma escola literária ou um movimento literário essencialmente poético,


contemporâneo do Realismo-Naturalismo. Um estilo de época que se desenvolveu na poesia a partir de
1850, na França.

• Preciosismo: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-se, daí as palavras raras e rimas
ricas.
• Objetividade e impessoalidade: O poeta apresenta o fato, a personagem, as coisas como são e
acontecem na realidade, sem deformá-los pela sua maneira pessoal de ver, sentir e pensar. Esta
posição combate o exagerado subjetivismo romântico.
• Arte Pela Arte: A poesia vale por si mesma, não tem nenhum tipo de compromisso, e se
justifica por sua beleza. Faz referências ao prosaico, e o texto mostra interesse a coisas
pertinentes a todos.
• Estética/Culto à forma: Como os poemas não assumem nenhum tipo de compromisso, a
estética é muito valorizada. O poeta parnasiano busca a perfeição formal a todo custo, e por
vezes, se mostra incapaz para tal.

Aspectos importantes para essa estética perfeita são:

• Rimas Ricas: São evitadas palavras da mesma classe gramatical. Há uma ênfase das rimas do
tipo ABAB para estrofes de quatro versos, porém também muito usada as rimas interpoladas.
• Valorização dos Sonetos: É dada preferência para os sonetos, composição dividida em duas
estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos. Revelando, no entanto, a "chave" do
texto no último verso.
• Metrificação Rigorosa: O número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cada verso,
preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze sílabas(versos alexandrinos), os mais
utilizados no período. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro verso de dez
sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis sílabas, etc.
• Descritivismo: Grande parte da poesia parnasiana é baseada em objetos inertes, sempre optando
pelos que exigem uma descrição bem detalhada como "A Estátua", "Vaso Chinês" e "Vaso
Grego" de Alberto de Oliveira.
• Temática Greco-Romana - A estética é muito valorizada no Parnasianismo, mas mesmo assim,
o texto precisa de um conteúdo. A temática abordada pelos parnasianos recupera temas da
Antiguidade Clássica, características de sua história e sua mitologia. É bem comum os textos
descreverem deuses, heróis, fatos lendários, personagens marcados na história e até mesmo
objetos.
• Cavalgamento ou encadeamento sintático (enjambement) - Ocorre quando o verso termina
quanto à métrica (pois chegou na décima sílaba), mas não terminou quanto à idéia, quanto ao
conteúdo, que se encerra no verso de baixo. O verso depende do contexto para ser entendido.
Tática para priorizar a métrica e o conjunto de rimas. Como exemplo, este verso de Olavo Bilac:

No Brasil
No Brasil, o parnasianismo dominou a poesia até a chegada do Modernismo brasileiro. A importância
deste movimento no país deve-se não só ao elevado número de poetas, mas também à extensão de sua
influência, uma vez que seus princípios estéticos dominaram por muito tempo a vida literária do país,
praticamente até o advento do Modernismo em 1922.

Na década de 1870, a poesia romântica deu mostras de cansaço, e mesmo em Castro Alves é possível
apontar elementos precursores de uma poesia realista. Assim, entre 1870 e 1880 assistiu-se no Brasil à
liquidação do Romantismo, submetido a uma crítica severa por parte das gerações emergentes,
insatisfeitas com sua estética e em busca de novas formas de arte, inspiradas nos ideais positivistas e
realistas do momento.

Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a socialista e a realista, primeiras
manifestações da reforma que acabou por se canalizar para o Parnasianismo. As influências iniciais
foram Gonçalves Crespo e Artur de Oliveira, este o principal propagandista do movimento a partir de
1877, quando chegou de uma estada em Paris. O Parnasianismo surgiu timidamente no Brasil nos versos
de Luís Guimarães Júnior (Sonetos e rimas. 1880) e Teófilo Dias (Fanfarras. 1882), e firmou-se
definitivamente com Raimundo Correia (Sinfonias. 1883), Alberto de Oliveira (Meridionais. 1884) e
Olavo Bilac (Relicário. 1888).

O Parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que recebeu do Parnasianismo francês, não é
uma exata reprodução dele, pois não obedece à mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e
de descrições realistas. Foge do sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo. Sua
preferência dominante é pelo verso alexandrino de tipo francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas,
em especial o soneto. Quanto ao assunto, caracteriza-se pela objetividade, o universalismo e o
esteticismo. Este último exige uma forma perfeita (formalismo) quanto à construção e à sintaxe. Os
poetas parnasianos vêem o homem preso à matéria, sem possibilidade de libertar-se do determinismo, e
tendem então para o pessimismo ou para o sensualismo.

Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que configuraram a chamada tríade
parnasiana, o movimento teve outros grandes poetas no Brasil, como Vicente de Carvalho, Machado de
Assis, Luís Delfino, Bernardino Lopes, Francisca Júlia, Guimarães Passos, Carlos Magalhães de
Azeredo, Goulart de Andrade, Artur Azevedo, Adelino Fontoura, Emílio de Meneses, Antônio Augusto
de Lima, Luís Murat e Mário de Lima.

A partir de 1890, o Simbolismo começou a superar o Parnasianismo. O realismo classicizante do


Parnasianismo teve grande aceitação no Brasil, graças certamente à facilidade oferecida por sua poética,
mais de técnica e forma que de inspiração e essência. Assim, ele foi muito além de seus limites
cronológicos e se manteve paralelo ao Simbolismo e mesmo ao Modernismo em sua primeira fase.

O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do século XIX, fez de seu movimento a escola oficial das
letras no país durante muito tempo. Os próprios poetas simbolistas foram excluídos da Academia
Brasileira de Letras, quando esta se constituiu, em 1896. Em contato com o Simbolismo, o
Parnasianismo deu lugar, nas duas primeiras décadas do século XX, a uma poesia sincretista e de
transição.

• Olavo Bilac
• Alberto de Oliveira
• Raimundo Correia
• Francisca Júlia
• Vicente de Carvalho
• Luís Delfino
• Mário de Lima
Parnasianismo
CONTEXTO HISTÓRICO
O Parnasianismo foi contemporâneo do Realismo-Naturalismo, estando, portanto, marcado pelos ideais cientificistas e
revolucionários do período.

Diz respeito, especialmente, à poesia da época, opondo-se ao subjetivismo e ao descuido com a forma do Romantismo. O
nome Parnaso diz respeito à figura mitológica que nomeia uma montanha na Grécia, morada de musas e do deus Apolo,
local de inspiração para os poetas. A escola adota uma linguagem mais trabalhada, empregando palavras sofisticadas e
incomuns, dispostas na construção de frases, atendendo às necessidades da métrica e ritmo regulares, que dificultam a
compreensão, mas que lhes são característicos. Para os parnasianos, a poesia deve pintar objetivamente as coisas sem
demonstrar emoção.

A nova tendência toma corpo a partir de 1878, quando nas colunas do Diário do Rio de Janeiro se tenta criar a "Guerra do
Parnaso", defendendo o emprego da ciência e da poesia social, sem visar modificar nada, recebendo a alcunha de Idéia
Nova. O poeta Alberto de Oliveira deseja o Realismo na poesia, enquanto em São Paulo, Raimundo Correia e alguns colegas
criam polêmicas sobre o novo movimento na Revista de Ciências e Letras. Surge a poesia diversificada: poesia científica,
socialista e realista. A científica é a única a manter certo rigor e exclusividade. As demais se libertam do Romantismo aos
poucos.

Segundo Alfredo Bosi, a obra de Teófilo Dias, Fanfarras (1882) pode ser considerada o primeiro livro parnasiano,
contrapondo-se a Alberto de Oliveira que destaca Sonetos e Rimas (1880) de Luís Guimarães Junior, como a primeira
manifestação. Contudo, são os poemas da "plêiade parnasiana": Alberto de Oliveira, com Meridionais (1884) e Sonetos e
Poemas (1886), Raimundo Correia, com Versos e Versões (1887) e Olavo Bilac, com a primeira edição de Poesias (1888),
que apresentam as marcas próprias do movimento, filiado ao Parnasianismo francês, assim denominado, devido à
coletânea Parnasse Contemporain, publicada em série (1866,1869 e 1876).

CARACTERÍSTICAS
Os poetas brasileiros tomam como fonte de inspiração os portugueses do século XVIII, destacando, sobretudo, o trabalho
de Bocage. Voltam-se, também, para Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antonio Gonzaga. Cultuam a
estética do Arcadismo, a correção da linguagem, propiciadora de originalidade e imortalidade, buscando objetividade e
impassibilidade diante do objeto, cultivando a forma para atingir a perfeição.

A sintaxe, sob a influência do século XVIII, prima pela devoção à clareza, à lógica e à sonoridade. Os parnasianos evitam as
aliterações, homofonias, hiatos, ecos e expressões arrebatadoras, mas apreciam a rima consoante, aplicada sob o jugo de
regras rígidas, privilegiando a rima paroxítona, abjurando a interna e exigindo a rima em todas as quadras. Dão ênfase às
alternâncias graves, aos versos de rimas paralelas ou intercaladas. Apreciam as metáforas derivadas das lendas e história da
Antigüidade Clássica, símbolo do ideal de beleza.

O soneto ressurge juntamente com o verso alexandrino, bem como o trabalho com a chave de ouro e a rima rica. A vida é
cantada em toda sua glória, sobressaindo-se a alegria, a sensualidade, o conhecimento do mal. A imaginação é sempre
dominada pela realidade objetiva.

O universalismo se sobrepõe ao nacionalismo. Entretanto, o Parnasianismo inicial, ligado à inspiração derivada dos temas
históricos de Roma e Grécia, vai se deslocando, aos poucos, para a paisagem brasileira, graças à ação do meio e das
tradições poéticas, tendendo à busca da simplicidade clássica. A recorrência ao arcadismo interno e ao português acaba
dando ao movimento uma configuração própria. O social perde a força do início, cedendo lugar ao princípio da Arte pela Arte,
postulado pelo poeta francês, Théophile Gautier, sem, entretanto, suprimir o subjetivismo. Por isso, os poetas não obedecem
com precisão o cientificismo e nem primam pela objetividade, mas se orientam pelo determinismo, pessimismo e
sensualidade, prevalecendo, com freqüência, a exigência de precisão, a riqueza de linguagem e a descrição.

Parnasianismo
O parnasianismo é uma estética literária de caráter exclusivamente poético, que reagiu contra os abusos sentimentais dos
românticos. A poesia parnasiana voltada para onde há o ideal da perfeição estética e a sublimação da "arte pela arte". Teve
como sua primeira obra Fanfarras(1882), de Teófilo Dias. Parnasse (em português, parnaso e daí parnasianismo): origina-se
de Parnassus, região montanhosa da Grécia. Segundo a lenda, ali moravam os poetas.
Alguns críticos chegaram a considerar o parnasianismo uma espécie de realismo na poesia. Tal aproximação é suspeita as
duas correntes apresentam visões de mundo distintas. O autor realista percebe a crise da ‘síntese burguesa’, já não acredita
em nenhum dos valores da classe dominante e a fustiga social e moralmente. Em compensação o autor parnasiano mantém
uma soberba indiferença frente aos dramas do cotidiano, isolando-se na "torre de marfim", onde elabora teorias formalistas
de acordo com a inconseqüência e o hedonismo das frações burguesas vitoriosas.

Contexto Histórico
Grandes acontecimentos históricos marcaram a geração dos parnasianos brasileiros.

A abolição da escravatura (1888) coincide com a estréia literária de Olavo Bilac. No ano seguinte houve a queda do regime
imperial com a Proclamação da República.

A transição do séculoXIX para o século XX representou para o Brasil: um período de consolidação das novas instituições
republicanas; fim do regime militar e desenvolvimento dos governos civis; restauração das finanças; impulso ao progresso
material. Depois das agitações do início da República, o Brasil atravessou um período de paz política e de prosperidade
econômica. Um ano após a proclamação da República, instalou-se a primeira Constituição e, em fins de 1891, Marechal
Deodoro dissolve o Congresso e renuncia ao poder, sendo substituído pelo "Marechal de Ferro", Floriano Peixoto.

Características
Arte pela arte: Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale por si própria. Ela não teria
nenhum valor utilitário, nenhum tipo de compromisso. Seria auto-suficiente. Justificada apenas por sua beleza formal.
Qualquer tipo de investigação do social, referência ao prosaico, interesse pelas coisas comuns a todos os homens seria
‘matéria impura’ a comprometer o texto. Restabelecem, portanto, um esteticismo de fundo conservador que já vigorava na
decadência romana. A arte passava apenas a ser um jogo frívolo de espíritos elegantes.

Culto da forma: O resultado imediato dessa visão seria o endeusamento dos processos formais do poema. A verdade de uma
obra residiria em sua beleza. E a beleza seria dada pela elaboração formal. Essa mitologia da perfeição formal e,
simultaneamente, a impotência dos poetas em alcançá-la de maneira definitiva são o tema do soneto de Olavo Bilac intitulado
"Perfeição".

Os parnasianos consideravam como forma a maneira do poema se apresentar, seus aspectos exteriores. A forma seria assim
a técnica de construção do poema. Isso constituía uma simplificação primária do fazer poético e do próprio conceito de forma
que passava a ser apenas uma fórmula resumida em alguns itens básicos:

• Metrificação rigorosa
• Rimas ricas
• Preferência pelo soneto
• Objetividade e impassibilidade
• Descritivismo

Em vários poemas, os parnasianos apresentam suas teorias de escrita e sua obsessão pela "Deusa Forma". "Profissão de
Fé", de Olavo Bilac, ilustra essa concepção formalista:

"Invejo ourives quando escrevo


Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.(...)
Por isso, corre por servir-me
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel(...)
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim
No verso de ouro engasta a rima
Como um rubim
(...)

Temática greco-romana: Apesar de todo o esforço, os parnasianos não conseguiram articular poemas sem conteúdos e
foram obrigados a encontrar um assunto desvinculado do mundo concreto para motivo de suas criações. Escolheram a
antigüidade clássica, sua historia e sua mitologia. Assistimos então a centenas de textos que falam de deuses, heróis,
personagens históricos, cortesãs, fatos lendários e até mesmo objetos: "
A sesta de Nero", de Olavo Bilac foi considerado, na época, um grande poema:

"Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,


O palácio imperial de pórfiro luzente
É marmor da Lacônia. O teto caprichoso
Mostra em prata incrustado, o nácar de Oriente.
Nero no trono ebúrneo estende-se indolente
Gemas em profusão no estágulo custoso
De ouro bordado vêem-se. O olhar deslumbra, ardente
Da púrpura da Trácia o brilho esplendoroso.
Formosa ancila canta. A aurilavrada lira
Em suas mãos soluça. Os ares perfumando,
Arde a mirra da Arábia em recendente pira.
Formas quebram, dançando, escravas em coréia.
E Nero dorme e sonha, a fronte reclinando
Nos alvos seios nus da lúbrica Pompéia."

Poetas do Parnasianismo
Olavo Bilac(1865-1918)
Nasceu no Rio de janeiro, numa família de classe média. Estudou Medicina e depois Direito, sem se formar em nenhum dos
cursos. Jornalista, funcionário Público, inspetor escolar, exerceu constantemente atividade nacionalista, realizando pregações
cívicas em todo o país. Paralelamente, teve certas veleidades boêmias e foi coroado como "Príncipe dos poetas brasileiros".
Obras: Poesia (l888); Tarde (1918). A exemplo de quase todos os parnasianos, Olavo Bilac escreveu poesias com grande
habilidade técnica sobre temas greco-romanos. Se jamais abandonou sua meticulosa precisão, acabou destruindo aquela
impassibilidade, exigida pela estética parnasiana. Fez numerosas descrições da natureza, ainda dentro do mito da
objetividade absoluta, porém os seus melhores textos estão permeados por conotações subjetivas, indicando uma herança
romântica. Bilac tratou do amor a parti de dois ângulos distintos: um platônico e outro sensual. A quase totalidade de seus
textos amorosos tendem à celebração dos prazeres corpóreos.

"Nua, de pé, solto o cabelo às costas,


Sorri. Na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um rio enorme
Profusamente a luz do meio-dia
Entra e se espalha, palpitante e viva (...)
Como uma vaga preguiçosa e lenta
Vem lhe beijar a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco
Sobe... Cinge-lhe a perna longamente;
Sobe ... e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril! - prossegue
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca (...)
E aos mornos beijos, às carícias ternas
Da luz, cerrando levemente os cílios
Satânica ... abre um curto sorriso de volúpia."

Em alguns poemas, contudo, o erotismo perde essa vulgaridade, adquirindo força e beleza com em "In extremis". Na hora de
uma morte imaginária, o poeta lamenta a perda das coisas concretas e sensuais da existência. Em um conjunto de sonetos
intitulado Via-láctea, Bilac nos apresenta uma concepção mais espiritualizada das relações amorosas. O mais recitado
desses sonetos acabou ficando conhecido com o nome do livro.

Identificado com o sistema, o autor de Tarde tornou-se um intelectual a serviço dos grupos dirigentes, oferecendo-lhes
composições laudatórias. Olavo Bilac sonegou o Brasil real e inventou um Brasil de heróis, transformando feroz bandeirante,
como Fernão Dias, em apóstolo da nacionalidade. O caçador de esmeraldas foi uma frustrada tentativa épica:

"Foi em março, ao findar das chuvas, quase à entrada


Do outono, quando a terra, em sede requeimada,
Bebera longamente as águas da estação,
Que, em bandeira, buscando esmeraldas e prata,
À frente dos peões filhos da rude mata,
Fernão Dias Paes Leme entrou pelo sertão.
Além disso, cantou os símbolos pátrios, a mata, as estrelas, a "última flor do Lácio", as crianças, os soldados, a bandeira, os
dias nacionais, etc.

Alberto de Oliveira (1857-1937)


Nasceu em Saquarema, Rio de Janeiro. Diploma-se em farmácia; inicia o curso de Medicina. Ao lado de Machado de Assis,
faz parte ativa na Fundação da Academia de Letras. Foi doutor honoris causa pela Universidade de Buenos Aires. Elegem-no
"príncipe dos poetas brasileiros" num concurso promovido pela revista Fon-Fon, para substituir o lugar deixado por Olavo
Bilac. Faleceu em Niterói, RJ, em 1937. Obras principais: Canções Românticas(1878); Meridionais(1884); Sonetos e
Poemas(1885); Versos e rimas(1895). Foi de todos os parnasianos o que mais permaneceu atado aos mais rigorosos
padrões do movimento. Manipulava os procedimentos técnicos de sua escola com precisão, mas essa técnica ressalta ainda
mais a pobreza temática, a frieza e a insipidez de uma poesia hoje ilegível.

Tinha como características principais da sua poesia a objetividade, a impassibilidade e correção técnica, a excessiva
preocupação formal, sintaxe rebuscada e a fuga ao sentimental e ao piegas. Na poesia de Alberto de Oliveira, portanto,
encontramos poemas que reproduzem mecanicamente a natureza e objetos descritivos. Uma poesia sobre coisas
inanimadas.

Uma poesia tão morta como os objetos descritos, como vemos no poema Vaso Grego:

Esta, de áureos relevos, trabalhada


De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de os deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvaziada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas há de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se de antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.

Raimundo Correia (1859-1911)


Poeta e diplomata brasileiro, foi considerado um dos inovadores da poesia brasileira.

Quando secretário da delegação diplomática brasileira em Portugal, publica aí uma coletânea de seus livros na obra
Poesia(1898).

De volta ao Brasil, assume a direção do Ginásio Fluminense de Petrópolis. Com a saúde bastante abalada, retorna à
Europa, vindo a falecer em Paris. Obras Principais: Primeiros Sonhos(1879) Sinfonias(1883) Versos e Versões(1887)
Aleluias(1891)A exemplo dos demais componentes da tríade, Raimundo Correia foi um consumado artesão do verso,
dominando com perfeição as técnicas de montagem e construção do poema.

Tinha como características pessoais o pessimismo, o predomínio da simulação, percepção aguda da transitoriedade da
ilusão humana, profundo se das virtualidades vocabulares. O gelo descritivista da escola seria quebrado por uma emoção
genuína que humanizava a paisagem.

Parnasianismo

CONTEXTO
Na década de 1870, quando o Parnasianismo começou a ser difundido como nova estética literária no Brasil, o país
atravessava uma série de crises políticas e sociais que assinalariam o colapso do governo imperial e do regime escravocrata,
culminando na abolição da escravatura, em 1888, e na proclamação da República, em 1889. O desenvolvimento econômico,
que até meados do século XIX se concentrara no Nordeste, a partir dos anos de 1870 passou a deslocar-se para o Centro-
Sul, onde a cultura do café começava a expandir-se. O único grande centro urbano do Brasil, ainda essencialmente agrícola,
era o Rio de Janeiro, onde se concentrava a vida política e cultural do país. Mas foram intelectuais de Recife ligados à
Faculdade de Direito, entre eles Silvio Romero e Tobias Barreto, os primeiros a divulgar as novas idéias literárias, filosóficas e
políticas que passariam a influenciar o pensamento dos escritores nacionais.

A elite brasileira recebia, principalmente através da França, as idéias republicanas, positivistas e evolucionistas que agitavam
os meios intelectuais europeus, além das descobertas de novas ciências como a física, a lingüística e a biologia. O grande
veículo de difusão das novas teorias, inclusive literárias, eram os inúmeros periódicos surgidos com o desenvolvimento da
imprensa nacional. Foi nas páginas do jornal Diário do Rio de Janeiro que, no final da década de 1870, travou-se a Batalha
do Parnaso, polêmica entre os adeptos do Romantismo, de um lado, e os seguidores do Realismo e do Parnasianismo, de
outro, que serviu para tornar mais conhecidas as novas tendências literárias.

Os jornais e revistas eram importantes veículos para a divulgação de obras e movimentos literários e consolidação de
autores.

Muitos escritores da época, além de publicarem poemas e folhetins, atuaram como cronistas em periódicos, contribuindo
inclusive para a profissionalização do escritor brasileiro. Entre eles destaca-se Machado de Assis, um dos principais autores
brasileiros do Realismo e poeta parnasiano que, como cronista da Gazeta de Notícias (RJ), exerceu forte influência crítica.

O sucessor de Machado na Gazeta de Notícias, Olavo Bilac, como bom parnasiano, permaneceu distante, no âmbito da
poesia, dos acontecimentos sociais e políticos de seu tempo - ainda que tenha escrito eventuais poemas satíricos, alguns
deles dedicados a Floriano Peixoto; produziu também poemas infantis e é o autor do Hino à Bandeira. Como cronista, desceu
da "torre de marfim" e abordou alguns dos grandes temas de seu tempo, como a libertação dos escravos, em A Escravidão, e
a reurbanização da capital nacional, em O Rio Convalesce.

Assim, os escritores brasileiros, que nesse período já constituíam um grupo numeroso, produtor de obras inseridas em uma
tradição nacional, tinham garantida a circulação de seus textos por meio de periódicos ou de algumas editoras, como a
francesa Garnier, instalada no Rio de Janeiro. No entanto, o público leitor era bastante restrito, já que a maioria da população
brasileira - 80%, segundo o censo de 1872 - era analfabeta. Os poetas parnasianos dirigiam suas obras, portanto, a uma
reduzida e letrada camada da população, que prestigiava seus poemas repletos de preciosismos lingüísticos e de referências
à Antigüidade Clássica.

CARACTERÍSTICAS GERAIS
Nas últimas décadas do século XIX, várias correntes literárias inovadoras, entre elas o Parnasianismo, apresentaram
parâmetros de criação artística que se contrapunham aos então já desgastados valores românticos. Enquanto na prosa o
Realismo e o Naturalismo apresentavam novas maneiras de produzir ficção, calcadas na análise objetiva da realidade social
e humana, no âmbito da poesia o movimento parnasiano voltava-se principalmente para o culto da forma, afastando-se dos
problemas sociais do período.

O termo parnasianismo surgiu na França, para nomear os poetas reunidos nas antologias de poesia intituladas Le Parnasse
Contemporain, publicadas a partir de 1866. Entre os poetas mais importantes do movimento francês estava Théophile
Gautier, principal divulgador do princípio da "arte pela arte" - a arte voltada para si mesma, sem intenções políticas, morais,
didáticas ou de qualquer outro tipo, princípio que sintetizava os objetivos do movimento. A nova escola rapidamente penetrou
no Brasil e, nos decênios de 1880 e 1890, conquistou número progressivo de adeptos. Poetas parnasianos portugueses,
como Gongalves Crespo (brasileiro de nascimento), Antero de Quental e Teófilo Braga também exerceram influência, ainda
que em menor escala, sobre os autores brasileiros.

A obra Fanfarras (1882), de Teófilo Dias, costuma ser identificada como o marco inicial do Parnasianismo no Brasil, onde o
movimento perdurou até os primeiros decênios do século XX, coexistindo com o Simbolismo e mesmo com o início do
Modernismo. O prolongamento da estética, por poetas conhecidos como Neoparnasianos, "é fenômeno particular da literatura
brasileira", segundo Otto Maria Carpeaux. Para o crítico, "aqui e só aqui fracassou o Simbolismo; e, por isso, o movimento
poético precedente sobreviveu, quando já estava extinto em toda parte no mundo".

Já para Alfredo Bosi, "o Parnasianismo é o estilo das camadas dirigentes, da burocracia culta e semiculta, das profissões
liberais habituadas a conceber a poesia como ‘linguagem ornada’, segundo padrões já consagrados que garantam o bom
gosto da imitação". O fato de a Academia Brasileira de Letras (1897) apresentar adeptos do Parnasianismo entre a maioria
de seus fundadores pode também ter colaborado, segundo vários críticos, para a "oficialização" e para a extensão
cronológica da escola, cujo prestígio enfraqueceu apenas depois dos duros ataques desferidos pelos poetas modernistas.
Hoje, porém, as críticas de autores e pensadores ligados ao Modernismo estão sendo revistas, e o maior distanciamento
permite avaliar, talvez com mais imparcialidade, as qualidades e os problemas do Parnasianismo.
Parnaso é um monte localizado na Grécia central, onde, segundo a mitologia, residiam o deus Apolo e as Musas, divindades
inspiradoras das artes. Já no nome da escola se revela, por conseguinte, seu tributo à Antigüidade Clássica, que influenciou
os temas e a concepção de arte dos adeptos do Parnasianismo. Incidentes da história ou da mitologia greco-latina foram
grande fonte de termas para os parnasianos, como se pode observar no poema "Afrodite", de Alberto de Oliveira. Formas
poéticas antigas ou em desuso, como o soneto, principalmente, voltaram a ser cultivadas. Aliás o soneto, que havia quase
desaparecido com os românticos, tornou-se marca distintiva dos parnasianos, assim como a famosa "chave de ouro" - o
acabamento feliz, de belo efeito, de um poema.

A busca da objetividade temática e o culto da forma são as mais importantes características do Parnasianismo.

Os poetas parnasianos opunham-se ao individualismo, ao sentimentalismo e ao subjetivismo românticos, e procuraram voltar


sua poesia para temas que consideravam mais universais, como a natureza, a história, o amor, os objetos inanimados, além
da própria poesia. Essa poética da impessoalidade era reforçada pelo gosto da descrição e do rigor formal. O ideal da "arte
pela arte" resultou em acentuada preocupação com a versificação e a metrificação, pois acreditava-se que a Beleza residia
também na forma. O trabalho do poeta foi, inclusive, comparado ao do escultor, do ourives, do artesão, já que seu esforço
concentrava-se em dar forma perfeita a um objeto artístico. O poema de Raimundo Correia A um Artista, dedicado a Olavo
Bilac, é modelar nesse sentido. Essa comparação levou à criação de poemas que tematizam esculturas, pinturas, jóias,
objetos artísticos - como em Vaso Grego, de Alberto de Oliveira - transformando muitas vezes o princípio da "arte pela arte"
em "arte sobre a arte".

Os versos brancos do Romantismo foram abandonados e retomou-se o uso dos versos de 10 sílabas e das rimas ricas e
raras, num movimento de aproximação da tradição clássica. A procura da expressão perfeita e original de determinada idéia
ou sentimento levou à valorização do conhecimento da língua, necessário para fugir das imagens gastas e vulgarizadas da
estética romântica. A utilização de vocabulário culto, como tentativa de renovação da linguagem poética, é, desse modo,
outro traço característico do Parnasianismo. Olavo Bilac, em Língua Portuguesa, expressa o amor parnasiano ao idioma
nacional. O apego dos parnasianos ao rigor gramatical e ao rebuscamento da linguagem teria contribuído, segundo Antonio
Candido, "para lhes dar voga e credibilidade, pois facilitava o entrosamento com as aspirações dominantes da cultura oficial".

Já a impassibilidade pretendida pela escola, necessária para o registro objetivo da realidade, se foi tematizada em poemas
como Musa Impassível, de Francisca Júlia, não chegou a ser plenamente alcançada, e nem poderia ser. Afinal, como afirma
Benjamin Abdala Junior, "o poeta só pode construir o poema selecionando situações, palavras, imagens, a partir de sua
própria perspectiva", o que torna a objetividade de certa forma um mito. Além disso, a impassibilidade e outros princípios do
Parnasianismo foram muitas vezes alterados pelos autores nacionais, pois no Brasil os fundamentos da nova estética
repousaram "na tradição literária interna, suficiente para assimilar e reformular as sugestões externas", como observou José
Aderaldo Castello.

A tradição brasileira permitiu, assim, que o mesmo Olavo Bilac que professa os ideiais parnasianos em Profissão de Fé e A
um Poeta - em cujos versos o culto à forma, o tributo à Antiguidade Clássica, o amor à língua e a fidelidade ao princípio da
"arte pela arte" são enfaticamente expostos - expressasse um lirismo apaixonado em tantos sonetos, como no antológico Ora
(Direis) Ouvir Estrelas. É preciso lembrar ainda que o sistema literário brasileiro, se no período já estava consolidado por uma
tradição local, englobava várias correntes literárias de origem estrangeira que aqui se misturavam e se recriavam, como o
Romantismo e o Simbolismo, movimentos que influenciaram em menor ou maior grau a obra dos poetas parnasianos.

AUTORES
Os autores mais significativos do Parnasianismo foram Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Correia, considerados a
"tríade oficial" do movimento, além de Vicente de Carvalho e Francisca Júlia. A poesia de Alberto de Oliveira é considerada a
mais fiel aos valores do Parnasianismo; nela, a impessoalidade, o descritivismo, a tematização de objetos são elementos
bastante presentes - ainda que em poemas como Alma em Flor revele sentimentalidade que desmente sua fama de
impassível. Olavo Bilac, um dos mais populares poetas brasileiros, buscou e alcançou o rigor da forma, mas o lirismo e o
sensualismo de seus versos muitas vezes o afastaram dos princípios mais rígidos do Parnasianismo. Raimundo Correia
estreou como romântico, mas tornou-se parnasiano, intensamente influenciado por autores franceses e criador de uma
poesia filosófica, reflexiva, distinta pelo pessimismo.

Vicente de Carvalho, poeta também bastante popular, de obra impregnada de matizes românticas, foi o parnasiano que
melhor tematizou a natureza, principalmente o mar de sua terra natal, Santos SP. Finalmente, Francisca Júlia é autora de
sonetos que figuram entre os mais bem realizados do Parnasianismo e, ainda que alguns de seus últimos poemas
apresentem traços simbolistas, segue sendo considerada poeta das mais leais aos fundamentos parnasianos.

Parnasianismo
Movimento literário que representou na poesia o espírito positivista e científico da época. Surgido na França no século XIX,
em oposição ao romantismo.

Brasileira, literatura ; Francesa, literatura ; Literatura ; Portuguesa, literatura ; Realismo


v. tb. Heredia, José María de; Leconte de Lisle, Charles-Marie-René; Oliveira, Alberto de

Uma das maiores preocupações na composição poética dos parnasianos era a precisão das palavras. Esses poetas
chegaram ao ponto de criar verdadeiras línguas artificiais para obter o vocabulário adequado ao tema de cada poema.

Movimento literário surgido na França em meados do século XIX, em oposição ao romantismo, o parnasianismo representou
na poesia o espírito positivista e científico da época, correspondente ao realismo e ao naturalismo na prosa. O termo
parnasianismo deriva de uma antologia, Le Parnasse contemporain (O Parnaso contemporâneo), publicada em fascículos, de
março a junho de 1860, com os versos dos poetas Théophile Gautier, Théodore de Banville, Leconte de Lisle, Charles
Baudelaire, Paul Verlaine, Stéphane Mallarmé, François Coppée, o cubano de expressão francesa José Maria de Heredia e
Catulle Mendès, editor da revista. O Parnaso é um monte da Grécia central onde na antiguidade acreditava-se que habitariam
o deus Apolo e as musas.

Antecedentes
A partir de 1830, alguns poetas românticos se agruparam em torno de certas idéias estéticas, entre as quais a da arte pela
arte, originária daquele movimento. Duas tendências se defrontavam: a intimista (subjetiva) e a pitoresca (objetiva). O
romantismo triunfara em 1830, e de Victor Hugo provinham as grandes fontes poéticas, mas o lirismo intimista não mais
atraía os jovens poetas e escritores, que buscavam outros objetos além do eu.

A doutrina da arte pela arte encontrou seu apóstolo em Gautier, que foi o pioneiro do parnasianismo.

Nos prefácios de dois livros, Poésies (1832) e Jeune France (1833; Jovem França), Gautier expôs o código de princípios
segundo o qual a arte não existe para a humanidade, para a sociedade ou para a moral, mas para si mesma. Ele aplicou
essa teoria ao romance Mademoiselle de Maupin (1836), que provocou acirradas polêmicas nos círculos literários por
desprezar a moral convencional e enfatizar a soberania da beleza. Mais tarde publicou Emaux et camées (1852; Esmaltes e
camafeus), que serviu de ponto de partida para outros escritores de apurado senso estético, como Banville e Leconte. Este
último publicou, em 1852, os Poèmes antiques (Poemas antigos), livro em que reuniu todos os elementos formais e temáticos
da nova escola. Ao lado de Poèmes barbares (1862; Poemas bárbaros), essa obra deu ao autor um imenso prestígio e a
liderança do movimento, de 1865 a 1895. Em torno dele reuniram-se Mendès, Sully Prudhomme, Heredia, Verlaine e
Coppée.

Outros precursores, como Banville e Baudelaire, pregaram o culto da arte da versificação e da perfeição clássica. À época,
eram muito valorizados e vistos com curiosidade os estudos arqueológicos e filológicos, a mitologia, as religiões primitivas e
as línguas mortas. Os dois livros de Leconte iniciaram uma corrente pagã de poesia, inspirada nesses estudos orientais,
místicos, primitivos, "bárbaros", no sentido de estranhos ao helenismo, que ele procurava ressuscitar com traduções de
Homero.

Características
O movimento estendeu-se por aproximadamente quatro décadas, sem que se possa indicar limite preciso entre ele e o
romantismo, de um lado, e o simbolismo, do outro. Uma de suas linhas de força, o culto da beleza, uniu parnasianos e
simbolistas. No entanto, pode-se distinguir alguns traços peculiares a cada movimento: a poesia parnasiana é objetiva,
impessoal, contida, e nisso se opõe à poesia romântica. Limita-se às descrições da natureza, de maneira estática e
impassível, freqüentemente com elemento exótico, evocações históricas e arqueológicas, teorias filosóficas pessimistas e
positivistas. Seus princípios básicos resumem-se nos seguintes: o poeta não deve expor o próprio eu, nem fiar-se da
inspiração; as liberdades técnicas são proibidas; o ritmo é da maior importância; a forma deve ser trabalhada com rigor; a
antiguidade grega ou oriental fornece modelos de beleza impassível; a ciência, guiada pela razão, abre à imaginação um
vasto campo, superior ao dos sentimentos; a poesia deve ser descritiva, com exatidão e economia de imagens e metáforas,
em forma clássica e perfeita.

Dessa maneira, o parnasianismo retomou as regras neoclássicas introduzidas por François de Malherbe, poeta e teórico
francês que no início do século XVII preconizou a forma estrita e contida e acentuou o predomínio da técnica sobre a
inspiração. Dessa forma, o parnasianismo foi herdeiro do neoclassicismo, do qual se fez imitador. Seu amor ao pitoresco, ao
colorido, ao típico, estabelece a diferença entre os dois estilos e o torna um movimento representativo do século XIX.

A evolução da poesia parnasiana descreveu, resumidamente, um percurso que se iniciou no romantismo, em 1830, com
Gautier; conquistou com Banville a inspiração antiga; atingiu a plenitude com Leconte de Lisle; e chegou à perfeição com
Heredia em Les Trophées (1893; Os troféus). Heredia, que chamou a França de "pátria de meu coração e mente", foi um
brilhante mestre do soneto e grande amigo de Leconte de Lisle. Ele reuniu as duas tendências principais do parnasianismo
-- a inspiração épica e o amor à arte-- e procurou sintetizar quadros históricos em sonetos perfeitos, com rimas ricas e raras.
Heredia foi a expressão derradeira do movimento, e sua importância é fundamental na história da poesia moderna.

O parnasianismo foi substituído mas não destruído pelo simbolismo. A maioria dos poetas simbolistas na verdade começou
fazendo versos parnasianos. Fato dos mais curiosos na história da poesia foi Le Parnasse contemporain ter servido de ponto
de partida tanto do parnasianismo quanto do simbolismo, ao reunir poetas de ambas as escolas, como Gautier e Leconte,
Baudelaire e Mallarmé.

Da França, o parnasianismo difundiu-se especialmente pelos países de línguas românicas. Em Portugal, seus expoentes
foram Gonçalves Crespo, João Penha e Antônio Feijó. O movimento alcançou êxito principalmente na América espanhola,
com o nicaragüense Rubén Darío, o argentino Leopoldo Lugones, o peruano Santos Chocano, o colombiano Guillermo
Valencia e o uruguaio Herrera y Reissig.

Brasil
O movimento parnasiano teve grande importância no Brasil, não apenas pelo elevado número de poetas, mas também pela
extensão de sua influência. Seus princípios doutrinários dominaram por muito tempo a vida literária do país. Na década de
1870, a poesia romântica deu mostras de cansaço, e mesmo em Castro Alves é possível apontar elementos precursores de
uma poesia realista. Assim, entre 1870 e 1880 assistiu-se no Brasil à liquidação do romantismo, submetido a uma crítica
severa por parte das gerações emergentes, insatisfeitas com sua estética e em busca de novas formas de arte, inspiradas
nos ideais positivistas e realistas do momento.

Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a socialista e a realista, primeiras manifestações da
reforma que acabou por se canalizar para o parnasianismo. As influências iniciais foram Gonçalves Crespo e Artur de
Oliveira, este o principal propagandista do movimento a partir de 1877, quando chegou de uma estada em Paris. O
parnasianismo surgiu timidamente no Brasil nos versos de Luís Guimarães Júnior (1880; Sonetos e rimas) e Teófilo Dias
(1882; Fanfarras), e firmou-se definitivamente com Raimundo Correia (1883; Sinfonias), Alberto de Oliveira (Meridionais) e
Olavo Bilac (1888; Poesias).

O parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que recebeu do parnasianismo francês, não é uma exata
reprodução dele, pois não obedece à mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e de descrições realistas. Foge
do sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo. Sua preferência dominante é pelo verso alexandrino de tipo
francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas, em especial o soneto. Quanto ao assunto, caracteriza-se pelo realismo, o
universalismo e o esteticismo. Este último exige uma forma perfeita quanto à construção e à sintaxe. Os poetas parnasianos
vêem o homem preso à matéria, sem possibilidade de libertar-se do determinismo, e tendem então para o pessimismo ou
para o sensualismo.

Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que configuraram a trindade parnasiana, o movimento teve
outros grandes poetas no Brasil, como Vicente de Carvalho, Machado de Assis, Luís Delfino, Bernardino da Costa Lopes,
Francisca Júlia, Guimarães Passos, Carlos Magalhães de Azeredo, Goulart de Andrade, Artur Azevedo, Adelino Fontoura,
Emílio de Meneses, Augusto de Lima e Luís Murat.

A partir de 1890, o simbolismo começou a superar o parnasianismo. O realismo classicizante do parnasianismo teve grande
aceitação no Brasil, graças certamente à facilidade oferecida por sua poética, mais de técnica e forma que de inspiração e
essência. Assim, ele foi muito além de seus limites cronológicos e se manteve paralelo ao simbolismo e mesmo ao
modernismo.

O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do século XIX, fez de seu movimento a escola oficial das letras no país durante
muito tempo. Os próprios poetas simbolistas foram excluídos da Academia Brasileira de Letras, quando esta se constituiu, em
1896. Em contato com o simbolismo, o parnasianismo deu lugar, nas duas primeiras décadas do século XX, a uma poesia
sincretista e de transição.

Características do Parnasianismo
Objetividade e descritivismo
Reagindo contra o sentimentalismo e o subjetivismo românticos, a poesia parnasiana era comedida , objetiva: fugiadas
manifestações sentimentais. Buscando esta impassibilidade( frieza), empenhava-se em descrever minúcias, na fixação de
cenas, personagens históricos e figuras mitológicas.

Rigor formal
Opondo-se à simplicidade formal romântica, que de certa forma popularizou a poesia os parnasianos eram rigorosos quanto à
métrica em rimas e também quanto à riqueza e raridade do vocabulário. É por isso que são freqüentes, nos textos
parnasianos, os hipérbatos( ordem indireta), as palavras eruditas e difíceis, as rimas forçadas.
Retorno ao Classicismo
Abordando temas mitológicos e da antigüidade greco-latina, os poetas parnasianos valorizavam as normas e técnicas de
composição e, regra geral, exploravam o soneto (poema de forma fixa).

Arte pela arte


Na busca da objetividade e da impassibilidade, o Parnasianismo foi uma época em que alguns poetas defendiam a "arte
pela arte". Esta expressão sugere que a poesia não tomava partido, que não se comprometia composições políticas.

Principais Autores
• Olavo Bilac
• Raimundo Correia
• Alberto de Oliveira

Parnasianismo
Escola literária que se desenvolve na poesia a partir de 1850. Nasce na França e precede em algumas décadas o
Simbolismo. O nome do movimento vem de Parnaso, região mitológica grega onde moravam os poetas. O estilo caracteriza-
se pelo respeito às regras de versificação, pela riqueza da rima e pela preferência por estruturas fixas, como os sonetos.
Valoriza a descrição objetiva, a escolha de palavras precisas e as frases invertidas. O emprego da linguagem figurada é
reduzido e valorizam-se o exotismo e a mitologia. Os principais temas são os fatos históricos, os objetos e as paisagens.

O primeiro grupo de parnasianos de língua francesa reúne poetas de diversas tendências, mas com um denominador
comum: a rejeição ao lirismo. Os principais expoentes são Théophile Gautier (1811-1872), Leconte de Lisle (1818-1894),
Théodore de Banville (1823-1891) e José Maria de Heredia (1842-1905), de origem cubana.

Distantes da preocupação com a realidade brasileira, mas muito identificados com a arte moderna e inspirados pelo Dadá,
estão os pintores Ismael Nery e Flávio de Carvalho (1899-1973). Na pintura merecem destaque ainda Regina Graz (1897-
1973), John Graz (1891-1980), Cícero Dias (1908-) e Vicente do Rego Monteiro (1899-1970).
Di Cavalcanti retrata a população brasileira, sobretudo as classes sociais menos favorecidas. Mescla elementos realistas,
cubistas e futuristas, como em Cinco Moças de Guaratinguetá. Outro artista modernista dedicado a representar o homem do
povo é Candido Portinari, que recebe influência do Expressionismo. Entre seus trabalhos importantes estão as telas Café e
Os Retirantes.

Os autores mais importantes são Oswald de Andrade e Mário de Andrade, os principais teóricos do movimento. Destacam-se
ainda Menotti del Picchia e Graça Aranha (1868-1931). Oswald de Andrade várias vezes mescla poesia e prosa, como em
Serafim Ponte Grande. Outra de suas grandes obras é Pau-Brasil. O primeiro trabalho modernista de Mário de Andrade é o
livro de poemas Paulicéia Desvairada. Sua obra-prima é o romance Macunaíma, que usa fragmentos de mitos de diferentes
culturas para compor uma imagem de unidade nacional. Embora muito ligada ao simbolismo, a poesia de Manuel Bandeira
também exibe traços modernistas, como em Libertinagem.

Heitor Villa-Lobos é o principal compositor no Brasil e consolida a linguagem musical nacionalista. Para dar às criações um
caráter brasileiro, busca inspiração no folclore e incorpora elementos das melodias populares e indígenas. O canto de
pássaros brasileiros aparece em Bachianas Nº 4 e Nº 7. Em O Trenzinho Caipira, Villa-Lobos reproduz a sonoridade de uma
maria-fumaça e, em Choros Nº 8, busca imitar o som de pessoas numa rua. Nos anos 30 e 40, sua estética serve de modelo
para compositores como Francisco Mignone (1897-1986), Lorenzo Fernandez (1897-1948), Radamés Gnattali (1906-1988) e
Camargo Guarnieri (1907-1993).

Ainda na década de 20 são fundadas as primeiras companhias de teatro no país, em torno de atores como Leopoldo Fróes
(1882-1932), Procópio Ferreira (1898-1979), Dulcina de Moraes (1908-1996) e Jaime Costa (1897-1967). Defendem uma
dicção brasileira para os atores, até então submetidos ao sotaque e à forma de falar de Portugal. Também inovam ao incluir
textos estrangeiros com maior ousadia psicológica e visão mais complexa do ser humano.
Poesias

Nunca entrarei jamais no teu recinto;


na sedução e no fulgor que exalas,
ficas vedada, num radiante cinto
de riquezas, de gozos e de galas*

* Torre de marfim
* Galas - pompas, enfeites luxuosos.

Em Inania verba (Fúteis palavras), Bilac vai mais longe, atribuindo o fracasso expressivo do escritor a
impossibilidade das idéias serem corretamente traduzidas pelas palavras, o pensamento se deformando na forma
fria:

Ah! quem há-de exprimir, alma impotente e escrava,


O que a boca não diz, o que a mão não escreve
-- Ardes, sangras, pregada à tua cruz e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...

O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:


A forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Idéia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo


Ai! quem há-de dizer as ânsias infinitas
Do sonho e o céu que foge à mão que se levanta

E a ira muda e o asco mudo e o desespero mudo


E as palavras de fé que nunca foram ditas
E as confissões de amor que morrem na garganta

Pátria, latejo em ti, no teu lenho*, por onde


Circulo! e sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!
E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,
E subo do teu cerne* ao céu de galho em galho!

Ou apresentar uma simetria constante, do tipo: primeiro verso de oito sílabas, segundo de quatro sílabas, terceiro de
oito sílabas, quarto com quatro sílabas, etc. O exemplo ainda é de Bilac:

Porque o escrever -- tanta perícia,


Tanta requer
Que ofício tal... nem há notícia
De outro qualquer. ;

O trecho abaixo pertence ao conhecido Vaso chinês, de Alberto de Oliveira:

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o


Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,


O palácio imperial de pórfiro luzente*
É marmor da Lacônia*. O teto caprichoso
Mostra em prata incrustrado, o nácar* de Oriente.
Nero no toro ebúrneo* estende-se indolente
Gemas em profusão no estrágulo* custoso
De ouro bordado vêem-se. O olhar deslumbra, ardente
Da púrpura da Trácia* o brilho esplendoroso.

Formosa ancila* canta. A aurilavrada lira


Em suas mãos soluça. Os ares perfumando,
Arde a mirra da Arábia em recendente pira.

Formas quebram, dançando, escravas em coréia*.


E Nero dorme e sonha, a fronte reclinando
Nos alvos seios nus da lúbrica* Pompéia.

Pórfiro luzente: mármore luminoso


Lacônia: Grécia.
Nácar: substância brilhante que se encontra no interior das conchas.
Estrágulo: tapete, tapeçaria.
Trácia: região da Europa oriental.
Ancila: escrava
Coréia: bailado
Lúbrica: sensual

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo


Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto


A via láctea , como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!


Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas."

*Decassílabos: versos de dez sílabas poéticas

Nua, de pé, solto o cabelo às costas,


Sorri. Na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um rio enorme,
Profusamente a luz do meio-dia
Entra e se espalha, palpitante e viva. (...)
Como uma vaga preguiçosa e lenta,
Vem lhe beijar a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco.

Sobe...Cinge-lhe a perna longamente;


Sobe... - e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril! - prossegue,
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca.(...)
E aos mornos beijos, às carícias ternas
Da luz, cerrando levemente os cílios,
Satânia os lábios úmidos encurva
E da boca na púrpura sangrenta
Abre um curto sorriso de volúpia...

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