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RESUMO
O presente trabalho apresenta uma discussão conceitual sobre as etapas preliminares de projetos de
capital (mega empreendimentos). Especial atenção é dada à metodologia do Front End Loading, e sua
possível interação com princípios e ferramentas do pensamento enxuto (Lean Thinking).
Apresenta-se uma revisão da literatura e uma análise das práticas de planejamento de projetos de
capital em grandes empresas. Aponta-se para algumas diretrizes que potencializam a introdução de
ferramentas do pensamento enxuto nas etapas iniciais de concepção de um projeto.
Verifica-se que o método do Front End Loading guarda importantes semelhanças com o Lean Delivery
Production System, de forma a ser possível estabelecer uma sinergia entre os métodos.
1 INTRODUÇÃO
Resumidamente, a etapa inicial (FEL1) implica na definição dos objetivos do negócio / projeto,
alinhando esses objetivos com as estratégias empresariais. A etapa intermediária (FEL2)
implica na seleção da melhor alternativa conceitual apresentada na etapa anterior, chegando-
se a uma melhor definição do escopo e dos critérios e restrições para o desenvolvimento do
projeto (design). A fase final da etapa de pré-planejamento (FEL3) refina os parâmetros de
design e alternativas de engenharia definidas nas etapas anteriores, preparando o projeto para
sua aprovação com relação ao escopo, custos, prazos e parâmetros associados à rentabilidade.
Uma representação esquemática do método é apresentada na figura 1 (Vale, 2007).
Na fase de FEL2, após as oportunidades terem sido selecionadas no portão FEL1, tem-se como
objetivo o estudo do conjunto das alternativas e seleção da alternativa a ser desenvolvida na
etapa seguinte (FEL3). É nessa segunda etapa que se inicia, na prática, o desenvolvimento dos
projetos selecionados. São estudados e observados os seguintes aspectos para a escolha da
alternativa a ser detalhada na próxima fase (FEL 3): estruturação da equipe, estudo completo
das alternativas, inclusive avaliação econômica, projeto conceitual de engenharia, estrutura
analítica de projeto (EAP), cronograma “master”, e o detalhamento e impactos da alternativa
selecionada. Também são selecionadas técnicas específicas para desenvolvimento dos
projetos, tais como simulação de riscos, análise de construtibilidade, análise de valor,
modelagem da confiabilidade de processos, etc.
Na fase de FEL 3 tem-se como objetivo o desenvolvimento do projeto básico e o planejamento
da fase de execução, onde as atenções são voltadas para os estudos mais detalhados
relacionados á definição completa do escopo do empreendimento, a conclusão dos
levantamentos de engenharia (topografia, geotecnia, etc), bem como o desenvolvimento da
atividade projetual básica.
Figura 1 - Representação esquemática da metodologia Front End Loading. Adaptado da Vale,
2007.
Do ponto de vista conceitual, as fases de FEL 2 e FEL 3 adicionam valor ao projeto, com o
objetivo de manter-se este valor durante a fase de desenvolvimento da engenharia detalhada
e construção, para que durante a fase de operação e manutenção o projeto selecionado e
aprovado pelos portões produza o valor planejado (esperado) atendendo as expectativas dos
seus stakeholders.
O modelo de produção enxuta, e sua aplicação direta na indústria da construção têm sido
objeto de amplos estudos no meio acadêmico, e seus princípios foram bem explorados na
literatura recente. Para uma análise mais global desses princípios, veja-se, por exemplo,
Ballard e Howell (1999), Koskela et al (2007), Barros Neto e Alves (2007).
Os princípios da construção enxuta balizaram a proposição de um modelo para gerenciamento
de projetos denominado “Lean Delivery Production System” (LDPS) do Lean Construction
Institute. Por razões de brevidade, o modelo não será detalhadamente apresentado, e suas
características podem ser vistas nas referências (BALLARD, 2006 a,b; BALLARD e KIM, 2007).
Em princípio, o LPDS está orientado a gestão de empreendimentos (englobando análise
conceitual, desenvolvimento dos projetos, construção, start up e operação) de maneira a
reduzir desperdícios, otimizar as atividades de fluxo e agregar valor aos clientes, dentro das
propostas do lean thinking. Uma representação esquemática das etapas do LPDS é
apresentada na figura 3.
Figura 3 - Representação esquemática do LPDS (Ballard e Kim, 2007).
http://www.leanconstruction.org/
Esse último aspecto (target costing) parece ser particularmente importante, já que a
introdução do conceito do custo como restrição do projeto ao longo do ciclo de planejamento
potencializa a utilização da metodologia FEL. De fato, originalmente a metodologia FEL foca a
definição inicial das variáveis do projeto de forma a garantir que a variação do custo de
implementação não exceda um valor previamente definido. Quando são empregadas as
melhores práticas, essa variação não excede a faixa de – 10% a + 10% dos valores projetados
na fase de FEL 3. No entanto, a metodologia LPDS dá um passo a mais, no sentido de definir
um custo mínimo “exigente” já antes de se iniciar a seleção das alternativas de engenharia, de
forma que esse custo passe a ser condição para o desenvolvimento do “conceito” do projeto.
Em outras palavras, utiliza-se a prática do “Design for Cost”.
Na metodologia FEL, são utilizadas algumas técnicas que garantem a geração de valor. No
jargão industrial, são conhecidas como “Value Improving Practices”, e têm sido estudadas na
literatura recente (veja-se, por exemplo, Pereira R. R., 2008). Ainda que não explicitamente
preconizadas, várias dessas técnicas estão implícitas na metodologia Lean, e portanto são
facilitadores da introdução dos conceitos “Iean” na etapa de pre planning.
A figura 5 abaixo ilustra a utilização dessas práticas na metodologia FEL, e o quadro seguinte
estabelece uma comparação do uso das mesmas na metodologia “lean”.
VIP´s – Value Improving Practices FEL 1 FEL 2 FEL 3 LPDS Sinergia
1.Seleção de Tecnologia
3.Minimização de Resíduos
4.Otimização Energética
5.Padrões e Especificações
7. Manutenção Preditiva
8.Dimensionamento da Capacidade
9.Simulação de Processo
10.Engenharia de Valor II
11. CAD – 3D
12.Revisão de Construtibilidade
Figura 5- Comparação das VIP´s - Sinergia entre o Front End Loading e o LPDS (Romero, 2008)
4 CONCLUSÃO
O presente trabalho mostrou que duas metodologias aplicáveis a essa etapa guardam
semelhanças: o Front End Loading (FEL) e o Lean Delivery System (LPDS), no âmbito do
pensamento enxuto.
Chamou-se a atenção para o fato de que ferramentas e princípios do LPDS podem ser
aplicáveis a metodologia FEL. Em especial, a introdução de custos-alvo como ferramentas de
concepção e planejamento desses empreendimentos. Além disso, os princípios do
pensamento enxuto priorizam os conceitos de Engenharia Simultânea e integração entre as
etapas de concepção e implementação, conceitos esses que podem otimizar a metodologia
FEL.
Obsevou-se ainda que essa sinergia entre os métodos implica não somente na utilização de
mais técnicas e ferramentas, mas envolve uma efetiva e gradual mudança cultural nas
organizações.
Como resultado, tem-se uma estrutura conceitual que garante o retorno dos investimentos no
projeto, como mostrado na Figura 7, que sintetiza os conceitos apresentados.
Figura 7- Adaptado do The IPA Institute – Advanced Project Knowledge (IPA, 2008)
http://www.ipaglobal.com
5 REFERÊNCIAS
BALLARD, G. “Lean Project Delivery System”.. White Paper #8, Lean Construction
Institute, setembro de 2006, 6 p.
GEORGE, R., BELL, L. E BACK, W.E. Critical Activities in the Front-End Planning
Process. Journal of Management in Engineering, volume 24, 2, pp 66-4, abril de 2008.
SOBRE OS AUTORES
Fernando ROMERO
Engenheiro, Mestre em Gestão de Empreendimentos do Programa de Pós-graduação em Construção Civil da UFMG
Paulo ANDERY
Professor, M.Sc., Dr, Programa de Pós-graduação em Construção Civil da UFMG