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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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Nº 70040342412
2010/CRIME

HABEAS CORPUS. ROUBO DUPLAMENTE


MAJORADO. CONCURSO DE AGENTES.
EMPREGO DE ARMA.
1. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO
CRIMINAL. Decreto de preventiva suficientemente
fundamentado em 2 dos requisitos constates do art.
312 do CPP, a garantia da ordem pública e
conveniência da instrução criminal. Fundamento da
preservação da ordem pública que se justifica, não só
pela gravidade ínsita ao delito – roubo majorado pelo
concurso de agentes e emprego de arma – mas,
especialmente, pelo modus operandi adotado.
Segundo consta da denúncia, o imputado teria
invadido 2 escolas para crianças – Escola de
Educação Infantil Doce Aconchego e Escola Infantil
Gasparzinho – na tarde do mesmo dia, utilizando-se
do mesmo estratagema, qual seja, uma mulher não
identificada, que se fazia passar por sua esposa,
ligava para os estabelecimentos, agendando uma
visita de um suposto pai interessado em matricular o
filho. Chegando aos locais, o denunciado, após
obtenção de várias informações acerca do
funcionamento dos educandários, anunciava o
assalto, com o uso de uma arma de fogo, subtraindo
vários objetos. A ação organizada mostrou-se
particularmente grave, não só pela própria articulação
dos roubadores, que adotaram estratégia bastante
ousada, mas pela escolha dos alvos, lugares
frequentados por crianças. Extrai-se dessas
circunstâncias, sem dúvidas, a periculosidade do
agente. Conquanto a gravidade do tipo in abstrato
não seja suficiente à constrição, na esteira do que
vem decidindo o E. STF e o STJ, ambas as Cortes
admitem, todavia, que as circunstâncias concretas do
crime, desde que evidenciem a periculosidade do
agente, são bastantes a demonstrar que a liberdade
pode impor perigo à sociedade ordeira. Periculum
libertatis evidenciado. Conclusão reforçada pelo fato
de tratar-se de indivíduo reincidente pelo delito de
apropriação indébita.
2. EXAME DA PROVA PRODUZIDA.
INVIABILIDADE. Não é o habeas corpus, por seu
âmbito restrito, a seara adequada para discussão que
demande incursão no material probatório colacionado,
característico do processo de conhecimento, de ampla
cognição; a menos que a inocência sobressaísse, de

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plano, o que não é a hipótese, em que as vítimas


reconheceram o paciente como o autor dos fatos.
3. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO. Princípio da
presunção de inocência. Inexistência de violação.
Impossibilidade de sobreposição de direito individual à
paz social, às garantias da coletividade e à segurança,
não infringindo a prisão provisória o princípio da
dignidade da pessoa humana, haja vista sua previsão
na Lei Maior.
ORDEM DENEGADA.

HABEAS CORPUS OITAVA CÂMARA CRIMINAL

Nº 70040342412 COMARCA DE CAXIAS DO SUL

IGOR BENDER FAGUNDES IMPETRANTE/PACIENTE

JUIZ DIREITO 2 V. CRIMINAL COATOR


COMARCA CAXIAS DO SUL

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Desembargadores integrantes da Oitava Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em DENEGAR A
ORDEM.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além da signatária (Presidente), os
eminentes Senhores DES. SYLVIO BAPTISTA NETO E DES.ª ISABEL DE
BORBA LUCAS.
Porto Alegre, 12 de janeiro de 2011.

DES.ª FABIANNE BRETON BAISCH,


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Relatora.

RELATÓRIO
DES.ª FABIANNE BRETON BAISCH (RELATORA):
IGOR BENDER FAGUNDES, por intermédio do advogado
ROBERTO CARLOS DOS SANTOS, impetrou, em favor próprio, a presente
ordem de habeas corpus, com pedido liminar, apontando como autoridade
coatora o MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Caxias do
Sul.
Alega estar o paciente sofrendo coação ilegal, porque teve
contra si decretada prisão preventiva, no ato do recebimento da denúncia,
que lhe imputou o delito de roubo duplamente majorado pelo concurso de
agentes e emprego de arma, sendo preso em flagrante por outro feito,
oportunidade em que comunicada a constrição cautelar, foi o pleito de
revogação indeferido, apesar de ausentes os pressupostos autorizadores da
medida cautelar previstos no 312 CPP. Aduz que o flagrante referente ao
outro delito foi forjado, sendo que, naquele, o magistrado concedeu
liberdade provisória ao paciente. Quanto ao processo-crime originário,
afirma não haver provas da autoria, apenas reconhecimento fotográfico
operado pelas vítimas, que se revela contraditório e incoerente. Cita o art.
5º, incisos LXVI, LIV e LVII da Magna Carta. O imputado apresenta
condições subjetivas que o favorecem – possui uma única condenação por
apropriação indébita datada do ano de 2007, tendo cumprido perfeitamente
sua pena no regime aberto, e não respondido a nenhum outro processo,
além de possuir residência fixa. Pediu, liminarmente, a concessão da ordem,
para que lhe seja oportunizado aguardar o desenrolar da ação penal em
liberdade (fl. 11).
A liminar foi indeferida (fls. 13/13v).

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Requisitadas as informações de praxe, prestou-as a autoridade


apontada coatora (fl. 16), noticiando:

“(..)
O ora paciente restou denunciados(sic), pela prática do delitos(sic) de
roubo majorados(sic), sendo que a peça incoativa recebida em 08/10/2010,
tendo sido, na mesma ocasião, decretada sua prisão preventiva. Recolhido por
força de prisão em flagrante por outro feito, restou cientificado, em 08.11.2010,
quanto à constrição cautelar decretada nestes autos, sendo que o feito
aguarda o oferecimento de resposta à acusação pela defesa constituída, para
análise quanto ao seu prosseguimento.
(...)”
.

A resposta oficial veio acompanhada de cópias de peças do


processo (fls. 17/32)
O Procurador de Justiça, Dr. José Carlos dos Santos Machado,
em parecer exarado às fls. 34/38, opinou pela denegação da ordem.
É o relatório.

VOTOS
DES.ª FABIANNE BRETON BAISCH (RELATORA)
Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado
por Igor Bender Fagundes, através de advogado, em favor próprio, preso
preventivamente, pela prática, em tese, do delito de roubo duplamente
majorado.
Quando do exame do pleito liminar, assim me manifestei,
fundamentos que integro como razões de decidir:
“IGOR BENDER FAGUNDES, ingressou com o presente habeas
corpus em favor próprio, através de advogado, pugnando pela
concessão de liminar, sustentando a ausência de justa causa para a
segregação cautelar.
A necessidade da custódia provisória foi fundamentada, conforme
se depreende do conteúdo da decisão encartada aos autos, na garantia

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da ordem pública e na conveniência da instrução criminal, requisitos


constantes do art. 312 do CPP.
Ao dispor sobre o “jus libertatis” do paciente, o magistrado
singular destacou os indícios suficientes de autoria e materialidade do
delito, consistentes nos depoimentos prestados na fase policial pelas
vítimas, que inclusive efetuaram o reconhecimento fotográfico do
paciente. Registrou ainda, a gravidade do delito- tendo em vista as
circunstâncias e o local em que praticado o fato delituoso- “escolas
infantis, locais em que permanecem bebês e crianças de tenra
idade, colocadas em risco com as ações delitivas perpetradas”.
Os fundamentos judiciais, sem dúvida, dão conta do periculum
libertatis. Inegável, pelo perfil de periculosidade do agente, que, pelo
“modus operandi” empregado demonstra total desrespeito e ousadia
perante a sociedade, o que justifica a custódia cautelar.
Dentro deste contexto, não transparece, de plano,
constrangimento ilegal que esteja a submeter o paciente, a ponto de
viabilizar a concessão da liminar.”
Acresço.
Iniludível, a imprescindibilidade da prisão justifica-se pela
necessidade de preservação da ordem pública, francamente ameaçada não
só pela gravidade do crime, em si, que releva – roubo duplamente majorado
pelo concurso de agentes e emprego de arma –, mas principalmente pelo
modus operandi adotado.
Segundo consta, o imputado teria invadido 2 escolas para
crianças – Escola de Educação Infantil Doce Aconchego e Escola Infantil
Gasparzinho – na tarde do mesmo dia, utilizando-se do mesmo
estratagema, qual seja, uma mulher não identificada, que se fazia passar por
sua esposa, ligava para os estabelecimentos, agendando uma visita de um
suposto pai interessado em matricular o filho.

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Chegando aos locais, o denunciado, após obtenção de várias


informações acerca do funcionamento dos educandários, anunciava o
assalto, com o uso de uma arma de fogo, subtraindo vários objetos.
A ação organizada mostrou-se particularmente grave, não só
pela própria articulação dos roubadores, que adotaram estratégia bastante
ousada, mas pela escolha dos alvos, lugares frequentados por crianças.
Extrai-se dessas circunstâncias, sem dúvidas, a periculosidade
do agente.
Conquanto a gravidade do tipo in abstrato não seja suficiente
à constrição, na esteira do que vem decidindo o E. STF e o STJ, ambas as
Cortes admitem, todavia, que as circunstâncias concretas do crime, desde
que evidenciem a periculosidade do delinquente, são bastantes a
demonstrar que a liberdade pode gerar risco à ordem pública, fundamento
que reconhecem como válido a sustentar a prisão cautelar.
Ilustrando esse entendimento, os seguintes precedentes da
Corte Maior:

“HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL


PENAL. A presença de condições subjetivas favoráveis ao
paciente não obsta a segregação cautelar. Alegação de
ausência de fundamentos concretos que justifiquem a
decretação da prisão cautelar do paciente. Não ocorrência.
Fundamentação idônea (art. 312 do CPP). Precedentes. 1.
A presença de condições subjetivas favoráveis ao paciente
não obsta a segregação cautelar, desde que presentes nos
autos elementos concretos a recomendar sua manutenção,
como se verifica no caso presente. 2. O decreto de prisão
preventiva, no caso, está devidamente fundamentado, nos
termos do art. 312 do Código de Processo Penal, sendo
certo que não cabe, na via estreita do habeas corpus,
adentrar no mérito da ação penal para analisar questões
controvertidas sobre a possível inocência do paciente nos
fatos a ele imputados. 3. Como bem destacado no voto
do eminente Ministro Felix Fisher, Relator do habeas
no Superior Tribunal de Justiça, a "decretação de
prisão preventiva demonstra que a liberdade do
paciente acarreta risco à ordem pública. Isto porque,
segundo o que consta dos autos, a periculosidade
daquele resta evidenciada, não somente em razão da

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gravidade do crime, mas principalmente em virtude do


modus operandi pelo qual a conduta, em tese
delituosa, foi praticada, que extrapola o convencional.
O paciente é acusado de integrar uma organização
criminosa, de grande vulto, responsável pelo tráfico
internacional de substâncias entorpecentes, notadamente
tendo como destino principal a África do Sul" (fl. 140). 4.
Habeas corpus denegado.” (HC 94465, Relator(a): Min.
MENEZES DIREITO, Primeira Turma, julgado em
14/04/2009, DJe-089 DIVULG 14-05-2009 PUBLIC 15-05-
2009 EMENT VOL-02360-02 PP-00402)

“HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA


DA ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA
INSTRUÇÃO CRIMINAL. RÉU CONDENADO POR
HOMICÍDIO QUALIFICADO A DEZESSETE ANOS DE
RECLUSÃO. RECURSO DE APELAÇÃO DEFENSIVO.
MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. DECISÃO
EMBASADA EM FATOS CONCRETOS. ORDEM
DENEGADA. 1. O fundamento da garantia da ordem
pública é suficiente, no caso, para sustentar o decreto de
prisão preventiva do paciente. Decreto, afinal, mantido pela
sentença condenatória recorrida, com o reconhecimento de
que permanecem incólumes os fundamentos da preventiva.
Não há como refugar a aplicabilidade do conceito de ordem
pública se a concreta situação dos autos evidencia a
necessidade de acautelamento do meio social. 2. Quando
da maneira de execução do delito sobressair a extrema
periculosidade do agente, abre-se ao decreto de prisão
a possibilidade de estabelecer um vínculo funcional
entre o modus operandi do suposto crime e a
garantia da ordem pública. 3. Não há que se falar em
inidoneidade do decreto de prisão, se este embasa a
custódia cautelar a partir do contexto empírico da
causa. Contexto, esse, revelador da gravidade concreta
da conduta (de violência incomum, aliada ao motivo fútil) e
da periculosidade do paciente; sem contar a notícia de fuga
do acusado e a dificuldade da respectiva citação. 4. Ordem
denegada.” (HC 92459, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO,
Primeira Turma, julgado em 10/03/2009, DJe-071 DIVULG
16-04-2009 PUBLIC 17-04-2009 EMENT VOL-02356-03
PP-00544)

“PENAL – PROCESSO PENAL – HABEAS CORPUS –


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO
AGRAVO REGIMENTAL – PRISÃO PREVENTIVA –
LIBERDADE PROVISÓRIA – ROUBO QUALIFICADO –
QUADRILHA ARMADA – ORDEM PÚBLICA – MODUS
OPERANDI DA AÇÃO CRIMINOSA – PRINCÍPIOS
VERSUS GARANTIAS – DIMENSÃO OBJETIVA DOS

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DIREITOS FUNDAMENTAIS – PROPORCIONALIDADE


OBSERVADA – EMBARGOS NÃO CONHECIDOS –
CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL NEGADA –
DESCABIMENTO – I. Manutenção da custódia
preventiva fundamentada na garantia da ordem pública
e, em especial, diante do modus operandi da ação
criminosa. II. Necessidade da segregação demonstrada
e que, no âmbito cognitivo do recurso apresentado, não
se demonstra ilegal. III. Princípios garantidores contra o
arbítrio coexistem com princípios de proteção penal
eficiente. IV. Embargos não conhecidos. V. Conversão em
agravo regimental negada por falta de previsão legal.
Precedentes.” (STF – HC-ED 90138 – PR – 1ª T. – Rel. Min.
Ricardo Lewandowski – DJU 13.04.2007 – p. 101). (grifei)

Reforça a conclusão do risco que a soltura do paciente


representa à sociedade ordeira, o fato de que se trata de indivíduo
reincidente pelo delito de apropriação indébita, conforme consta da certidão
de antecedentes acostada às fls. 58/59 dos autos apensos.
Assim que, ao menos pelo fundamento da garantia à ordem
pública, totalmente justificada a constrição cautelar.
No que tange à alegação de nulidade do flagrante, que teria
sido forjado, a questão levantada envolve outro feito, que não está aqui em
discussão, lembrando que a soltura do réu naquele processo, o foi por
concessão de liberdade provisória, por ter sido encontrada apenas munição
de arma de fogo em poder do flagrado, entendendo, o decisor, por isso,
desnecessária a contenção antecipada.
Quanto ao reconhecimento que teria sido protagonizado
pelas vítimas, as quais identificaram o paciente como o autor dos roubos
perpetrados, em princípio, não há qualquer mácula, pelo menos, à primeira
vista. Aliás, em relação a esta circunstância, inviável qualquer discussão,
porque demandaria incursão na seara probatória, âmbito estranho a esta
ação de cognição sumária.

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Outrossim, destaco, ainda que tivesse sido comprovado


possuir o paciente condições pessoais favoráveis, o que não foram,
porque é reincidente e não demonstrou a residência fixa alegada, já que o
documento de fl. 75 assim não o esclarece, porquanto cobertos o nome e o
endereço do titular da conta, tais características não elidem a possibilidade
de segregação provisória, desde que esta se mostre necessária, como
ocorre nesta situação, em que sob risco a ordem pública.
No que diz com o princípio constitucional da presunção de
inocência, não se mostra aplicável na espécie, em face do que estabelece o
art. 312 do CPP, cuja essência é a proteção da sociedade, objetivo
prioritário do Estado Democrático. O direito à liberdade individual do
cidadão, representado pela presunção de inocência, não se pode sobrepor à
paz social, tornando intangível a decisão que afastou o acusado do convívio
da sociedade, enfatizando o bem da coletividade e a tranquilidade social,
evitando-se a sensação de impunidade decorrente da inércia dos poderes
constituídos em face desse tipo de atividade criminosa.
Nesse sentido, vale transcrever o seguinte precedente do
Colendo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do HC 32.024/SP, pela
5ª Turma, Rel. Min. Gilson Dipp, publicado no DJ de 17.05.2004, in verbis:

“CRIMINAL. HC. ROUBO QUALIFICADO. QUADRILHA.


PRISÃO PREVENTIVA. PRESENÇA DOS REQUISITOS
AUTORIZADORES. GRAVIDADE DO CRIME.
PERICULOSIDADE DO AGENTE. RÉUS FORAGIDOS.
NECESSIDADE DA CUSTÓDIA DEMONSTRADA.
CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS.
APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA. IRRELEVÂNCIA.
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA
INOCÊNCIA. INOCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA.
I. Não se vislumbra ilegalidade na decisão que decretou a
custódia cautelar do paciente, ou no acórdão que a
confirmou, se demonstrada a necessidade da prisão,
atendendo-se aos termos do art. 312 do CPP e da
jurisprudência dominante.

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II. A gravidade do delito pode ser suficiente para motivar a


segregação provisória como garantia da ordem pública.
Precedentes.
(...)
IV. É imprópria a alegação de desnecessidade da custódia,
em virtude de os pacientes terem se apresentado
espontaneamente perante a Autoridade Policial, se o
encarceramento encontra respaldo em outros elementos
constantes dos autos.
V. A prisão preventiva pode ser decretada sempre que
necessário, e mesmo por cautela, não caracterizando
afronta ao princípio constitucional da inocência, se
devidamente motivado, hipótese evidenciada in casu.
VI. Eventuais condições pessoais favoráveis dos réus não
constituem direito subjetivo à revogação da prisão, desde
que amparada em outros aspectos justificadores.
VII. Ordem denegada.”
De resto, a prisão cautelar não viola qualquer preceito de
ordem constitucional, em especial, o citado art. 5º, incisos LXVI, LIV e LVII
da CF.
Para finalizar, ao que tudo indica, o feito aguarda, para ter
normal prosseguimento, a apresentação de resposta à acusação pela
defesa.
Em razão do exposto, VOTO no sentido de DENEGAR A
ORDEM.

INSIRA AQUI O RESULTADO DO JULGAMENTO.

DES.ª ISABEL DE BORBA LUCAS - De acordo com o(a) Relator(a).


DES. SYLVIO BAPTISTA NETO - De acordo com o(a) Relator(a).

DES.ª FABIANNE BRETON BAISCH - Presidente - Habeas Corpus nº


70040342412, Comarca de Caxias do Sul: "POR UNANIMIDADE
DENEGARAM A ORDEM"

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Julgador(a) de 1º Grau:

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