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EXMO SR DR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE

TERESÓPOLIS

CLAUDIO DE SOUZA MELLO, brasileiro,


casado, vereador, portador da carteira de identidade n07398804-2 expedido pelo IFP,
inscrito no CPF sob o n 893.631.407-68, residente e domiciliado a rua Olegário
Bernardes, n 264, Várzea, e NILTON WILSON SALOMÃO, brasileiro,
casado, deputado estadual, portador da Carteira de Identidade nº.
04129933-0-3 expedida pelo IFP/RJ, inscrito no CPF/MF sob o nº.
445.742.317-34, portador do Título de Eleitor nº. 037021560370,
zona 38, seção 109, domiciliado na Rua Dom Maunel, s/nº, na cidade
do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, vem, respeitosamente à sua
presença, com base no artigo 5º, LXXIII da CFRB, combinado com o artigo 1º da Lei
4.717/65, sem prejuízo do demais permissivos legais pertinentes, por seus advogados in
fine assinados, com escritório profissional à rua Fernando Martins, n 25, para fins do
Art. 39, I, CPC, propor, como efetivamente o faz

AÇÃO POPULAR

Com pedido de LIMINAR, contra ato ilegal, imoral e lesivo aos cofres públicos
praticado pelo senhor JORGE MÁRIO SEDLACEK, prefeito do Município de
Teresópolis, brasileiro, casada, médico, que pode ser citado na sede do executivo
municipal, na avenida Feliciano Sodré, 645, Centro, Teresópolis em litisconsórcio
passivo necessário com o MUNICÍPIO DE TERESÓPOLIS, pessoa jurídica de direito
público, representada pelo prefeito municipal, Sr. JOSE ALEXANDRE ALMEIDA,
secretário Municipal de Planejamento e gestor do gabinete de Crises Municipal, e
MIGUELANGELO PIMENTEL, Secretário Municipal Especial de Fiscalização de
Obras Públicas, que poderão ser encontrados no Gabinete do Prefeito, na Avenida Lúcio
Meira, 650 2º andar, neste município, e as empresas RW DE TERESÓPOLIS
CONSTRUTORA E CONSULTORIA LTDA-ME, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ sob o nº 10.214.426/0001-00, que pode ser citada no endereço Rua
Chaves de Faria, 221, APARTAMENTO 214, Várzea, Teresópolis/RJ, e VITAL
ENGENHARIA AMBIENTAL S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ sob o nº 02.536.066/0001-26, que pode ser citada no endereço Avenida Rio
Branco, 156, sala 1101, Centro, Rio de Janeiro/RJ, o que efetivamente o faz com base
nos seguintes fatos e fundamentos de direito:
DOS FATOS

1. Na noite de 11 de janeiro de 2011 e madrugada


de 12 de janeiro de 2011, uma forte chuva caiu sobre a cidade de Teresópolis,
provocando quedas de barreiras e enchentes em vários locais do município. Em virtude
das conseqüências desta chuva, o governo municipal decretou, em 12 de janeiro de 2011
Estado de Calamidade Pública.

2. No dia 27 de janeiro de 2011, valendo-se da


faculdade prevista no art. da lei 8.666/93, sob dispensa de licitação, contratou, ao valor
de R$3.539.488,43 (três milhões, quinhentos e trinta e nove mil, quatrocentos e
oitenta e oito reais, quarenta e três centavos), a empresa VITAL ENGENHARIA
AMBIENTAL S/A, e pelo valor de R$1.510.582,50 (hum milhão, quinhentos e
dez mil, quinhentos e oitenta e dois reais, cinqüenta centavos) a empresa RW DE
TERESÓPOLIS CONSTRUTORA E CONSULTORIA LTDA-ME, para
desobstrução e recomposição de acessos e vias atingidas pela ação de água pluviais
decorrentes das chuvas do dia 11/01/2011 no Município de Teresópolis/RJ.

Tais atos foram publicados sob os números,


respectivamente, Dispensa de Licitação nº 021/2011 e Dispensa de Licitação nº
022/2011.

É oportuno destacar que este valor será recebido


por um prazo de 45 dias de prestação de serviços — o que dá um valor de
R$112.223,80 por dia.

3. No entanto, tais contratações, ainda que feitas


sob a decretação de Estado de Calamidade Pública, são ilegais e lesivas ao patrimônio
Público. Foram desrespeitados princípios constitucionais, como a Moralidade e a
Publicidade Administrativa, comandos legais da própria lei 8.666/93, e princípios gerais
das licitações. Devem os atos que determinaram as contratações das referidas empresas
serem declarados nulos.

4. Passa o Autor a expor os fatos e fundamentos de


direito pelos quais espera ver seu pedido atendido.

5. O Estado de Calamidade Pública é situação de


Exceção, onde o Executivo — seja ele Federal, Estadual ou Municipal — reconhece
que, em dada região, houve a incidência de fato inesperado, imprevisível e que o
próprio ente que o declara não deu causa que justifica uma mobilização extraordinária
para retomar sua situação de normalidade. Deve ter área delimitada e seu ato de
decretação deve dizer seu período de duração.
6. Durante esse período, sobre essa área, alguns
comandos legais tem sua aplicabilidade alterada, como é o caso de incidência de juros
em obrigações cujo cumprimento deva ser feito em áreas isoladas.

7. Outro comando legal alterado é a


inafastabilidade de licitações nessas áreas, e em situações diretamente ligadas a
decretação do Estado de Calamidade Pública. No entanto, essa permissão legislativa
não é um cheque em branco para que o administrador faça o que bem entender, e
deve ser aplicada dentro dos princípios constitucionais da administração pública,
dentro dos princípios gerais da lei de licitações, e atendendo as necessidades das
populações afetadas pelas tragédias que ensejaram o regime de exceção.

8. Os atos ora atacados, da forma como realizados,


não se enquadram nas situações de exceção. Vejamos.

9. As violações à lei recaem tanto sobre as pessoas


jurídicas contratadas, quanto sobre o próprio objeto da contratação.

10. A primeira ilegalidade patente refere-se a


contratação da RW DE TERESÓPOLIS CONSTRUTORA E CONSULTORIA
LTDA-ME. Como explicitado em seu nome, trata-se de uma micro-empresa, que pela
legislação específica — Lei Complementar 123 — não pode ter um faturamento anual
bruto superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais). No entanto, embora em
365 dias seu faturamento não possa exceder a R$ 240 mil, ela foi contratada para
receber, em 45 dias, o montante de R$1.510.582,50 (hum milhão, quinhentos e
dez mil, quinhentos e oitenta e dois reais, cinqüenta centavos).

11. Se por um lado a administração, em virtude da


decretação do estado de calamidade pública pode dispensar a licitação, não pode ela
contratar nenhuma pessoa jurídica que não atenda os requisitos exigidos para contratar
com a administração pública — entre eles, obviamente, sua regularidade fiscal.

12. Ademais, a empresa contratada deve dar


demonstração inequívoca de sua idoneidade técnico-financeira. Qual a certeza desta
idoneidade técnica, para gerir um serviço orçado em R$1.510.582,50 (hum
milhão, quinhentos e dez mil, quinhentos e oitenta e dois reais, cinqüenta centavos) teria
uma empresa que não pode ter um faturamento superior a R$ 240 mil anuais ?

13. Teria ela mão-de-obra especializada ? Teria ela


capacidade operacional para realizar tal serviço ? Equipamentos ? Tecnologia ?
Parece-nos muito claro que a resposta é negativa para todas essas indagações.

Façamos uma analogia. Imagine que fosse


necessário atender, com merenda, toda rede municipal de educação. Seria lícito, sob a
alegação genérica de estar sob a égide do Estado de Calamidade, contratar uma
carrocinha de cachorro quente para alimentar todos os alunos ?

É oportuno ainda lembrar que a pessoa jurídica


primeiro prestará o serviço, depois receberá. Terá ela equipamentos para prestar esse
serviço ?
Em sendo negativa a resposta, temos duas opções.
OU o serviço não será prestado da forma conveniente, e todo município será
prejudicado, ou o contratado foi terceirizar este serviço, e o município estará, na
verdade, contratando um atravessador. Em ambos os casos o interesse público estará
sendo prejudicado.

14. Outra coisa que nos chama atenção na


contratação desta pessoa jurídica é sua sede: rua Chaves Faria, nº 221, apto 214. Trata-
se de um endereço residencial. Ou seja: a empresa contratada sem licitação para gerir
uma verba de R$1.510.582,50 (hum milhão, quinhentos e dez mil, quinhentos e
oitenta e dois reais, cinqüenta centavos) não possui sede. Não possui um local onde
possa ser citada caso haja descumprimento do contrato, ou para ser eventualmente
encontrada em caso de responsabilização civil por algum tipo de falha no serviço
prestado.

15. A inexistência de uma sede idônea, ainda,


corrobora nossa tese de que a idoneidade técnico-financeira não restou comprovada.
Concluindo: contratar sem licitação, nesse momento, é possível. Mas a contratada deve
ter capacidade técnica, financeira e operacional para realizar tal serviço. Parece-nos que
estas não estão comprovadas.

16. Deve, desta forma, ser anulada a contratação da


pessoa jurídica RW DE TERESÓPOLIS CONSTRUTORA E CONSULTORIA
LTDA-ME, por esta não atender aos ditames da Lei 8.666/93 para ser contratada pela
administração pública para gerir um contrato de prestação de serviços orçado em
R$1.510.582,50 (hum milhão, quinhentos e dez mil, quinhentos e oitenta e dois
reais, cinqüenta centavos).

17. Da mesma forma deve ser anulado o contrato


feito com a VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A. Explica-se: o mesmo é
totalmente atentatório ao princípio constitucional da Moralidade Administrativa.

18. Desde que assumiu o mandato, em janeiro de


2009, o atual prefeito tenta entregar è empresa Vital Engenharia a coleta de lixo sem
que seja feita licitação. Essa tentativa foi obstada na Justiça em Mandado de Segurança
à época proposto pelo presidente da Câmara Municipal, a saber, no processo judicial nº
0004086-11.2009.8.19.0061 (2009.061.004106-6). É oportuno esclarecer que, à época,
a Vital Engenharia receberia, por um período de 06 (seis) meses, o equivalente a R$
8.550.634,26 (oito milhões, quinhentos e cinqüenta mil, seiscentos e trinta e quatro reais
e vinte e seis centavos). E que a época o Governo Municipal também dispensou a
licitação sob o argumento que estaria o município vivendo um estado de calamidade
pública.

19. Neste momento de real calamidade pública


pelo qual passa o município, a administração contrata a empresa pelo valor de
R$3.539.488,43 (três milhões,quinhentos e trinta e nove mil, quatrocentos e
oitenta e oito reais, quarenta e três centavos). No entanto, no ato publicado de dispensa
de licitação não há qualquer menção de qual o parâmetro para especificação desse valor.
20. Não há delimitação das vias a serem
desobstruídas, dos equipamentos que serão disponibilizados, como será controlada ou
aferida a efetiva prestação do serviço. Não há como o munícipe acompanhar e fiscalizar
a efetiva prestação do serviço contratado.
Há entre as entidades que participaram voluntariamente dos primeiros esforços de
recuperação do município a sensação de que essas empresas estão sendo contratadas
para realizar um serviço que já foi feito.
O Poder Público, através do maquinário da Emater, da Emop, do Exército e diversas
outras entidades já desobstruiu as vias de acesso em praticamente todo município.

21. A contratação viola o princípio da moralidade,


eis que insiste em contratar uma pessoa jurídica que já teve obstada, na justiça, a entrega
do mesmo serviço sob outra dispensa de licitação. E viola o princípio da publicidade
uma vez que não esclarece ou especifica absolutamente nada sobre o ato. Apenas que a
contratada receberá 3,5 milhões para, num prazo de 45 dias, desobstruir vias.

22. É imoral, em um momento de calamidade,


contratar uma empresa que já teve sua contratação obstada pela Justiça. Enfatize-se que
o mesmo objeto pode ser realizado por diversas outras empresas. Não se trata de um
serviço especializado ao ponto de não haver no mercado empresas que se interessariam
por tal serviço.

23. E viola o princípio da publicidade fazer uma


contratação onde não há qualquer tipo de especificação do serviço contratado, nem
qualquer parâmetro para aferirmos como será mensurado o serviço prestado, e como foi
calculado esse valor. Apenas é jogado no ar o valor a ser pago.
E não há clareza no objeto. Quais vias seriam desobstruídas ? Tal questionamento é
pertinente. Na data de 31 de janeiro de 2011, varredores de rua com o colete da Vital
Engenharia faziam, por volta das 15 horas, a limpeza da rua Fernando Martins, em
frente ao escritório do subscritor da presente ação. No entanto, o Centro da cidade está
fora da área atingida pelo decreto de calamidade pública. E varrer suas não estaria,
exatamente, dentro do conceito de “desobstruir vias”. Para o Magistrado se localizar, tal
rua é a mesma onde hoje se localiza a Defensoria Pública. Não foi área atingida pelas
chuvas de 11 e 12 de janeiro.

24. Antes de finalizarmos, é oportuno fazermos


algumas considerações acerca do momento que o município atravessa, bem como acerca
das condutas dos Réus.

25. Não se trata de repetir um chavão, mas


passamos pela maior tragédia da história da cidade. Ainda não podemos contabilizar o
total de pessoas mortas, nem mensurar qual será o impacto, na economia do município,
de tudo que ocorreu. Nesse momento, qualquer atitude deve ser tomada com o máximo
de respeito aos que sofrem as conseqüências desta tragédia: as pessoas mortas, os que
perderam seus entes próximos, aqueles que tiveram perdas patrimoniais.

26. Esse respeito deve nortear também o


administrador público no momento de empenhar as verbas recebidas. O país inteiro se
levantou em solidariedade ao ocorrido. Cabe-nos honrar essa solidariedade.
27. Todos desejam as vias desobstruídas —
inclusive os Autores da presente ação. Mas desejam, com muito mais firmeza, que os
valores recebidos sejam aplicados de forma idônea, proba, correta, sempre revertido ao
bem estar da população.

Não pode pairar qualquer desconfiança acerca da


aplicação do dinheiro encaminhado a Teresópolis, que deve ser revertido em benefício
das populações atingidas.

Com respeito que entendemos ser devido a todos


que sofrem com a tragédia ocorrida nos dias 11 e 12 de janeiro pedimos sejam anuladas
as dispensas de licitação nº 021/2011 e 022/2011.

DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Presentes os requisitos autorizadores da


concessão da antecipação de tutela, a saber, o fumus boni iuris e o periculum in
mora, é a presente para requerer a SUSPENSÃO, até decisão final, dos atos Dispensa
de Licitação nº 021/2011 e Dispensa de licitação nº 022/2011, consubstanciados na
contratação da pessoa jurídica RW DE TERESÓPOLIS CONSTRUTORA E
CONSULTORIA LTDA-ME, por esta não atender aos ditames da Lei 8.666/93 para
ser contratada pela administração pública para gerir um contrato de prestação de
serviços orçado em R$1.510.582,50 (hum milhão, quinhentos e dez mil,
quinhentos e oitenta e dois reais, cinqüenta centavos), bem como a suspensão do
contrato feito com a VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S/A em virtude de
afronta ao princípio constitucional da Moralidade Administrativa e Publicidade.

DO PEDIDO

Ante o exposto, é a presente para requerer a V.Exª:

a. A concessão de ANTECIPAÇÃO DA TUTELA,


inaudita altera parte, para o fim de suspender o atos Dispensa de Licitação nº 021/2011
e Dispensa de licitação nº 022/2011, consubstanciados na contratação da pessoa jurídica
RW DE TERESÓPOLIS CONSTRUTORA E CONSULTORIA LTDA-ME, por
esta não atender aos ditames da Lei 8.666/93 para ser contratada pela administração
pública para gerir um contrato de prestação de serviços orçado em
R$1.510.582,50 (hum milhão, quinhentos e dez mil, quinhentos e oitenta e dois
reais, cinqüenta centavos), bem como a suspensão do contrato feito com a VITAL
ENGENHARIA AMBIENTAL S/A em virtude de afronta ao princípio constitucional
da Moralidade Administrativa, eis que presentes os requisitos para tanto, o fumus boni
iuris e o periculum in mora.

b. A notificação dos Réus para cumprimento da


Antecipação de Tutela, bem como a Citação, de todos os Réus para, querendo,
contestarem o feito no prazo legal, sob pena de revelia e confissão.

Seja o Município de Teresópolis intimado a apresentar, em Juízo, os processos de


dispensa de licitação 021/2011 e 022/2011, bem como os respectivos contratos
administrativos decorrentes.

c. A Intimação do digno representante do Ministério


Público, consoante regras estabelecidas pela legislação específica.

d. O deferimento da isenção de custas previstas na


Constituição Federal.

e. Julgue ao final procedente o presente pedido,


confirmando em todos os seus termos a antecipação de tutela pleiteada para ANULAR
os atos Dispensa de Licitação nº 021/2011 e Dispensa de licitação nº 022/2011, nos
termos expostos na presente Ação Popular.

f. A condenação dos Réus nas custas judiciais e honorários


advocatícios.

g. Protesta o Autor por todas as provas em direito


admitidas, em especial por provas testemunhais, documentais, documentais
superveniente, pericial, requerendo desde já o depoimento pessoal dos Réus.

Dá à causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais)

Teresópolis, 31 de janeiro de 2011.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Michel Salonikio
OAB/RJ 102.215

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