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DIREITO CIVIL

Prof. Pablo Stolze


Intensivo II
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Terça-feira Aula 10/08/2010

SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO (JUDICIAIS) E A EC 66 de 2010

SEPARAÇÃO JUDICIAL:

A separação judicial, outrora denominada de desquite,


consiste na medida jurídica que poe fim à sociedade conjugal (Art. 1.571, inciso III, do
CC), mantendo-se o vínculo matrimonial. Vale dizer, com a separação, dissolvem-se
alguns deveres do casamento (fidelidade, coabitação), podendo, desde já, partilhar
bens (Art. 1.576, do CC), mas não se permite novo matrimônio.

Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:


I - pela morte de um dos cônjuges;
II - pela nulidade ou anulação do casamento;
III - pela separação judicial;
IV - pelo divórcio.

Art. 1.576. A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade
recíproca e ao regime de bens.

A separação era um instituto de eficácia limitada porque não rompia o


vínculo entre os cônjuges.
O Sistema Jurídico Brasileiro de separação judicial, mantendo a tradição do
Código anterior, apresentava uma complexidade incompatível com a necessidade de
reconstrução das vidas daquele casal cujo afeto desapareceu. Nesse contexto,
seguindo a doutrina de respeitáveis autores (Yussef Said Cahali, Pedro Sampaio),
podemos reconhecer no CC-2002 as seguintes espécies de separação judicial:
1) Separaç ão Consensual ou Amigável (Art. 1574 do CC) – é
aquela que se dá por acordo de vontade dos cônjuges, se forem casados há
mais de um ano e cujo procedimento está previsto nos artigos 1.120 e
seguintes do CPC;
Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos
cônjuges se forem casados por mais de um ano e o manifestarem perante o
juiz, sendo por ele devidamente homologada a convenção.
Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e não decretar a
separação judicial se apurar que a convenção não preserva suficientemente
os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges.

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2) Separação Litigiosa (Art. 1572 do CC):

2.1) Por causa objetiva (§§ 1° e 2° do Art. 1.572 do CC) - é aquela em


que não se discutia culpa. (a separação prevista no do § 2° era chamada
Separação remédio);

Obs.: Não posso confundir a previsão da separação judicial constante no §


2° do Art. 1.572 (doença mental manifestada após o casamento) com a
previsão em anulação do casamento por erro essencial em virtude de
doença mental anterior ao casamento desconhecida do outro cônjuge (Art.
1.557, IV, do CC)

Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:


I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse
erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em
comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza,
torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável,
ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de
pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que,
por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge
enganado.

2.2) Por causa subjetiva (caput do Art. 1.572 do CC) - é aquela em que
se discutia culpa. A regra geral do caput do Art. 1.572 exigia uma
imputação de causa culposa para efeito de se obter a separação litigiosa,
impondo-se ao culpado efeitos sancionatórios (a exemplo da perda do
direito ao nome ou dos alimentos), aferição esta de difícil – senão
impossível – realização pelo juiz.

OBS.: Esta é a razão pela qual respeitáveis autores, a exemplo de Paulo


Lobo e Leonardo Moreira Alves, defendiam e clamavam pelo fim da
discussão da culpa na separação judicial. Afinal, haveria um único
culpado?

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Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação


judicial, imputando ao outro qualquer ato que importe grave violação dos
deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum.
§ 1o A separação judicial pode também ser pedida se um dos cônjuges
provar ruptura da vida em comum há mais de um ano e a impossibilidade
de sua reconstituição.
§ 2o O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o outro
estiver acometido de doença mental grave, manifestada após o
casamento, que torne impossível a continuação da vida em comum,
desde que, após uma duração de dois anos, a enfermidade tenha sido
reconhecida de cura improvável. (Separação Remédio)
§ 3o No caso do parágrafo 2o, reverterão ao cônjuge enfermo, que não
houver pedido a separação judicial, os remanescentes dos bens que
levou para o casamento, e se o regime dos bens adotado o permitir, a
meação dos adquiridos na constância da sociedade conjugal.

Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a


ocorrência de algum dos seguintes motivos:
I - adultério;
II - tentativa de morte;
III - sevícia ou injúria grave;
IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;
V - condenação por crime infamante;
VI - conduta desonrosa.
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem
evidente a impossibilidade da vida em comum.

Em 05-12-2002, o STJ julgou o REsp 467.184 – SP, relator Ministro Rui Rosado de
Aguiar, assentando que, em sede de separação judicial, é suficiente o desamor
(insuportabilidade da vida em comum), independentemente de imputação de causa a
qualquer das partes. Este julgado inovador reforça a crítica do sistema da culpa na
separação judicial.
STJ – RESP 467.184 - SP
EMENTA
SEPARAÇÃO. Ação e reconvenção. Improcedência de ambos os pedidos.
Possibilidade da decretação da separação. Evidenciada a insuportabilidade da vida
em comum, e manifestado por ambos os cônjuges, pela ação e reconvenção, o
propósito de se separarem, o mais conveniente é reconhecer esse fato e decretar a
separação, sem imputação da causa a qualquer das partes.
Recurso conhecido e provido em parte.

Quanto ao uso do nome, o Art. 1.578 estabelece que, em regra, o culpado


perderá este direito.
Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o
direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo
cônjuge inocente e se a alteração não acarretar:

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I - evidente prejuízo para a sua identificação;


II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união
dissolvida;
III - dano grave reconhecido na decisão judicial.
§ 1o O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer
momento, ao direito de usar o sobrenome do outro.
§ 2o Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado.

Quanto aos alimentos, o art. 1.704 e Art. 1.702 do CC trazem a regra: o culpado
paga alimentos para o inocente.

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros
os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição
social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e
dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação
de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.

Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e


desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar,
obedecidos os critérios estabelecidos no art. 1.694.

Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de


alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz,
caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial.
Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e
não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro
cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à
sobrevivência.

Quanto ao regime de bens e a guarda de filhos, a culpa já não era critério de


mensuração.

DIVÓRCIO:

O Concílio de Trento (1545 a 1553) firmou a indissolubilidade do matrimônio.


O Brasil foi um dos poucos estados no mundo a consagrar a indissolubilidade do
matrimônio (desde a Constituição de 1934 até a redação original da Constituição de
1967). Em 1977 o Congresso Nacional aprovou a famosa Emenda Constitucional n° 9,
pondo fim à indissolubilidade do matrimônio, para admitir o divórcio no Brasil. Neste
mesmo ano fora aprovada a famosa “Lei do Divórcio” que regulou a matéria (Lei n°
6.515/77).

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O divórcio, ao lado da morte, ( §1° do Art. 1.571 do CC), além de dissolver a


sociedade conjugal, rompe o próprio vínculo matrimonial.

Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:


I - pela morte de um dos cônjuges;
II - pela nulidade ou anulação do casamento;
III - pela separação judicial;
IV - pelo divórcio.
§ 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo
divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.
§ 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá
manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a
sentença de separação judicial.

OBS.: Vale lembrar que quanto ao ausente, aberta a sua sucessão definitiva, é
considerado presumidamente morto e está dissolvido o vínculo matrimonial. O
ausente é declarado morto por presunção quando há a abertura da sucessão definitiva
(Art. 6° do CC).

Art. 6° A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta,


quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão
definitiva.

A CF-88 quando tratou da separação e do divórcio tratou o assunto de duas


formas: reconheceu-se o divórcio decorrente da separação e o divórcio direto. A EC 66
baniu a separação judicial do ordenamento jurídico e extinguiu com os prazos para se
requerer o divórcio.
A CF-88, no § 6°, do Art. 226, em sua redação original, fazia referência tanto á
separação judicial quanto ao divórcio (este último podendo ser direto ou indireto). A
nova emenda 66 de 2010, alterando profundamente o dispositivo constitucional, deixa
de fazer referência à separação judicial (banida do sistema segundo Maria Berenice
Dias, Paulo Lobo, Rodrigo da Cunha Pereira, etc. e segundo o próprio Deputado Sérgio
Barradas carneiro, principal responsável pela aprovação da emenda) bem como a
nova emenda suprime os prazos para o divórcio.

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Texto primitivo da CF/88 Texto alterado pela EC 66/2010


Art. 226. A família, base da [Redação inalterada]
sociedade, tem especial proteção do
Estado [...]
§ 6º - O casamento civil pode ser § 6º O casamento civil pode ser
dissolvido pelo divórcio, após prévia dissolvido pelo divórcio
separação judicial por mais de um
ano nos casos expressos em lei, ou
comprovada separação de fato por
mais de dois anos.

A mantença da separação judicial é uma agressão ao Princípio da


Vedação do Retrocesso de Canotilho.

Obs.: A proposta de emenda constitucional do divórcio, em sua redação original,


previa que o casamento poderia ser dissolvido pelo divórcio, “n forma da lei”.
Posteriormente, para impedir um indevido avanço legislativo das normas ordinárias,
regulando-se o que a emenda não admitiu (como a separação), tal expressão foi
retirada, de maneira que, a emenda aprovada apenas refere que o divórcio dissolverá
o casamento.

OBJETO DA EMENDA

1) Suprime a Separação Judicial;


2) Suprime a exigência da separação de fato para o divórcio direto (não há mais
prazo para o divórcio no Brasil).

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Com a nova emenda, não se fala mais em divórcio direto e indireto (por
conversão), de maneira que, dentre vários artigos revogados, destaca-se o Art. 1.580
do CC:

Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver


decretado a separação judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de
separação de corpos, qualquer das partes poderá requerer sua conversão em
divórcio.
§ 1o A conversão em divórcio da separação judicial dos cônjuges será decretada por
sentença, da qual não constará referência à causa que a determinou. (Divórcio
Indireto)
§ 2o O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no caso de
comprovada separação de fato por mais de dois anos. (Divórcio Direto)

A partir da nova emenda, o Brasil, na perspectiva do Princípio da Intervenção


Mínima do Direito de Família, torna-se um dos estados mais avançados do mundo
( até mesmo se comparado ao Sistema Alemão) na medida em que, suprime os prazos
para obtenção do divórcio judicial ou administrativo: O DIVÓRCIO PASSA A SER
SIMPLESMENTE UM DIREITO POSTESTATIVO NÃO SUBORDINADO À CAUSA
CULPOSA OU CRITÉRIO TEMPORAL (consagra-se assim mais do que nunca o
Princípio da Desarticulação do Afeto).
A nova redação do § 6º do art. 226 da Constituição Federal reforçou o princípio
pelo qual ninguém está obrigado a permanecer unido a outrem se esta não for a sua
vontade, como já estava bem delineado no art. 5º, XX, do Texto Maior. De fato, o
Constituinte vinculou o divórcio potestativo exclusivamente à vontade do
interessado, sem a necessidade do preenchimento de qualquer outra condição ou
prazo.
Caso o divórcio seja amigável, não havendo filhos menores ou incapazes, poderá
o ato ser lavrado pela forma administrativa, em qualquer tabelionato do país.

O que é divórcio eletrônico?


R – O divórcio eletrônico é objeto do Projeto de Lei do Senado n° 464 de 2008
que visa a permitir a solicitação da medida de divórcio pela via eletrônica, não
havendo filhos menores ou incapazes. Trata-se de matéria polêmica na medida em
que, além de se afigurar importante a presença do advogado, exigir-se-ia um segundo
sistema de comunicação eletrônica para a efetivação do ato e inclusive o contato
entre o Tabelionato e o próprio Cartório de Registro Civil.

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PLS - PROJETO DE LEI DO SENADO, Nº 464 de 2008

Autor: SENADOR - Patrícia Saboya


Ementa: Acrescenta o art. 1.124-B à Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973
(Código de Processo Civil), para autorizar pedidos de separação e divórcio
por meio eletrônico.
Data de
02/12/2008
apresentação:
Situação atual: Local:
25/09/2009 - SECRETARIA DE EXPEDIENTE

Situação:
25/09/2009 - REMETIDA À CÂMARA DOS DEPUTADOS

Aula 2 24-08-2010

EC 66-2010 E SEPARAÇÃO DE CORPOS:

Vale lembrar que a separação de corpos é medida judicial que visa a suspender o
dever de coabitação, determinando a saída de um dos cônjuges ou autorizando a
saída do requerente (é medida ambivalente).
Não houve, a partir da promulgação da EC 66-2010, alteração na conjuntura
jurídica que justificasse a supressão da separação de corpos em nosso sistema.
Os deveres matrimoniais não foram revogados.
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;(dever de coabitação)
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.

OBS.: As medidas preventivas da Lei Maria da Penha, pela mesma razão, também não
foram atingidas pela Emenda do Divórcio.

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EC 66-2010 E GUARDA DE FILHOS:

A Emenda do Divórcio não alterou o sistema de guarda de filhos (Arts 1.583 e


1.584 do CC) que, no dizer de Perlingieri (Perfis de Direito Civil Constitucional), já
tomava em conta o interesse existencial dos filhos, e não a culpa, para efeito de
fixação da guarda.
Art. 1.583. No caso de dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal pela
separação judicial por mútuo consentimento ou pelo divórcio direto consensual,
observar-se-á o que os cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos.

Art. 1.584. Decretada a separação judicial ou o divórcio, sem que haja entre as
partes acordo quanto à guarda dos filhos, será ela atribuída a quem revelar
melhores condições para exercê-la.

Parágrafo único. Verificando que os filhos não devem permanecer sob a guarda do
pai ou da mãe, o juiz deferirá a sua guarda à pessoa que revele compatibilidade com
a natureza da medida, de preferência levando em conta o grau de parentesco e
relação de afinidade e afetividade, de acordo com o disposto na lei específica.

A guarda deve ser deferida observando-se as dimensões moral e psicológica de


cada um dos pais, sem necessária vinculação com a culpa pelo fim do casamento,
preferindo-se a modalidade de guarda compartilhada.

OBS.: Temos fundamentalmente 4 modalidade de guarda no Direito de Família:


1. Unilateral ou Exclusiva (haverá apenas um guardião a dirigir a vida do
menor, no que tange à sua condução diária e de decisões que não ofendam o
poder familiar, cabendo ao outro direito de visitas);
2. Alternada (os pais revezam períodos exclusivos de guarda, tocando ao
outro direito de visitas);
3. Nidação ou Aninhamento (o menor permanece no mesmo domicílio, na
mesma morada, revezando-se os pais no exercício da guarda )e
4. Compartilhada ou Conjunta (presente nos sistemas europeu e
norteamericano ,instituída pela recente lei 11.698/08, estabelece uma forma de
guarda bilateral ou simultânea: o pai e a mãe, conjuntamente, assumem o
papel de guardiões, sem prevalência de qualquer deles, corresponsabilizando-
se pelos destinos do seu filho)

EC 66 E SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL:

A partir da promulgação da EC 66, o divórcio torna-se mais facilitado no Brasil,


exigindo-se redobrada atenção quanto à SAP (Síndrome da Alienação Parental).
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A expressão Síndrome da Alienação Parental deve-se a Richard Gardner, que


publicou estudos sobre o tema em 1985: trata-se de um distúrbio da infância, que
frequentemente aparece nas disputas de custódia, em que um dos pais interfere
indevidamente na dimensão psíquica do filho para que repudie o outro.
Embora não exista ainda lei específica regulamentando e coibindo a prática, a
jurisprudência tem reagido (ver TJRS Agravo de Instrumento 7.002.327.6330).
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE FAZER. IMPOSIÇÃO À
MÃE/GUARDIÃ DE CONDUZIR O FILHO À VISITAÇÃO PATERNA, COMO ACORDADO, SOB
PENA DE MULTA DIÁRIA. INDÍCIOS DE SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL POR
PARTE DA GUARDIÃ QUE RESPALDA A PENA IMPOSTA. RECURSO CONHECIDO EM
PARTE E DESPROVIDO. (SEGREDO DE JUSTIÇA)...
DATA DE JULGAMENTO: 18/06/2008

Em alguns Estados do mundo, a exemplo da Noruega, (parágrafo 216 do Código


Penal Norueguês), o impedimento ao exercício do direito de visitas caracteriza crime.
O PL 4053-2008, já aprovado no Senado, (PL 20 de 2010), regulamenta a
matéria, estabelecendo sanções ao genitor alienador como advertência, multa ,
alteração da guarda, e até mesmo suspensão do poder familiar.
PL 20 de 2010
Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei nº 8.069, de 13 de julho
de 1990.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:


Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a alienação parental.
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos
assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou
com auxílio de terceiros:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da
paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a
criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra
avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a
convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou
com avós.
Art. 3º A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou
do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas
relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança
ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou
decorrentes de tutela ou guarda.
Art. 4º Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de ofício,
em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o

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processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido o


Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da
integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua
convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o
caso.
Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao genitor garantia
mínima de visitação assistida, ressalvados os casos em que há iminente risco de
prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou do adolescente, atestado
por profissional eventualmente designado pelo juiz para acompanhamento das
visitas.
Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma
ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou
biopsicossocial.
§ 1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial,
conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes,
exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da
separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e
exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual
acusação contra genitor.
§ 2º A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados,
exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou
acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental.
§ 3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de
alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo,
prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa
circunstanciada.
Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que
dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou
incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente
responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais
aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
VII - declarar a suspensão da autoridade parental.
Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou
obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar
para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das
alternâncias dos períodos de convivência familiar.
Art. 7º A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao genitor que
viabiliza a efetiva convivência da criança ou adolescente com o outro genitor nas
hipóteses em que seja inviável a guarda compartilhada.
Art. 8º A alteração de domicílio da criança ou adolescente é irrelevante para a
determinação da competência relacionada às ações fundadas em direito de
convivência familiar, salvo se decorrente de consenso entre os genitores ou de
decisão judicial.
Art. 9º As partes, por iniciativa própria ou sugestão do juiz, do Ministério Público ou
do Conselho Tutelar, poderão utilizar-se do procedimento da mediação para a
solução do litígio, antes ou no curso do processo judicial.
§ 1º O acordo que estabelecer a mediação indicará o prazo de eventual suspensão
do processo e o correspondente regime provisório para regular as questões
controvertidas, o qual não vinculará eventual decisão judicial superveniente.
§ 2º O mediador será livremente escolhido pelas partes, mas o juízo competente, o
Ministério Público e o Conselho Tutelar formarão cadastros de mediadores
habilitados a examinar questões relacionadas à alienação parental.

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§ 3º O termo que ajustar o procedimento de mediação ou o que dele resultar deverá


ser submetido ao exame do Ministério Público e à homologação judicial.
Art. 10. O art. 236 da Seção II do Capítulo I do Título VII da Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990 –Estatuto da Criança e do Adolescente, passa a vigorar acrescido do
seguinte parágrafo único:
“Art. 236.
...................................................
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem apresenta relato falso ao agente
indicado no caput ou a autoridade policial cujo teor possa ensejar restrição à
convivência de criança ou adolescente com genitor.”(NR)
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
CÂMARA DOS DEPUTADOS, de março de 2010.

EC 66 E USO DO NOME:

No sistema anterior, o uso do nome era regulado no artigo 1.578 do CC:


Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o
direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo
cônjuge inocente e se a alteração não acarretar:
I - evidente prejuízo para a sua identificação;
II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união
dissolvida;
III - dano grave reconhecido na decisão judicial.
§ 1o O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer
momento, ao direito de usar o sobrenome do outro.
§ 2o Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado.

A partir da EC 66, a regra natural é a perda do nome de casado a partir do


divórcio, salvo estipulação em contrário no acordo (divórcio consensual) ou se o juiz ,
em respeito aos direitos da personalidade e ao direito constitucional à identidade,
vislumbrar qualquer da hipóteses do Art. 1.578.

EC 66 E ALIMENTOS:

Por economia processual, não há óbice em se cumular o pedido de divórcio com


outros pedidos atinentes a efeitos colaterais do descasamento: alimentos, guarda de
filhos, uso do nome e partilha de bens. O que o moderno Direito de Família sustenta,
reforçado pela EC 66, é o banimento da discussão da culpa nesta seara. Em via
própria, outrossim, em sede de ação de responsabilidade civil, nada impede seja a
culpa discutida.

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Com a supressão da separação judicial, artigos do Código Civil que já sofriam


severa crítica doutrinária (Enunciado 133 da 1ª Jornada), devem ser revistos (Arts
1.702 e 1.704 do CC)
Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e
desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar,
obedecidos os critérios estabelecidos no art. 1.694.

Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de


alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz,
caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial.

133 - Proposição sobre o art. 1.702:


Proposta: Alterar o dispositivo para: "Na separação judicial, sendo um dos cônjuges
desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro pensão alimentícia nos termos do que
houverem acordado ou que vier a ser fixado judicialmente, obedecidos os critérios
do art. 1.694."

A partir do momento em que a culpa, que já vinha sendo desconsiderada em


decisões do TJRS, deixa de ser o vetor de fixação da pensão alimentícia, resta claro
que é o Princípio da Solidariedade Familiar alicerçado no binômio necessidade versus
capacidade que justifica e gradua a pensão alimentícia cabível.

EC 66 E REGIME DE BENS:

Para efeito de partilha, a culpa não é enfrentada, mas sim o regime de bens
adotado pelo casal. Trata-se de uma posição que já existia no próprio direito anterior.
Vale lembrar que, nos termos do Art. 1.581 do CC, a partilha de bens não é
conditio si ne qua non para o divórcio. Esta norma continua em vigor mesmo após a
EC-66.

Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.

O STJ já decidiu no Ag Rg no Ag 682.230 – SP, que não há sentido na


comunicabilidade de bens após a separação de fato do casal.
STJ Ag 682.230 – SP
EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA. DIVÓRCIO
DIRETO. SEPARAÇÃO DE FATO. PARTILHA DE BENS.

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1. O conjunto de bens adquiridos por um dos cônjuges, após a separação de fato,


não se comunica ao outro, não podendo, por isso, ser partilhado. Precedentes.
2. Agravo regimental não provido.

ASPECTOS PROCESSUAIS DA EC 66:

1. Competência: Art. 100, inciso I do CPC – domicílio da mulher


2. Legitimidade: o marido, a mulher. Nos termos do Art. 1.582 do CC, não
alterado pela EC-66, o pedido de divórcio somente competirá ao cônjuge,
mas se for incapaz, ao seu curador, ascendente ou irmão.
Art. 1.582. O pedido de divórcio somente competirá aos cônjuges.
Parágrafo único. Se o cônjuge for incapaz para propor a ação ou
defender-se, poderá fazê-lo o curador, o ascendente ou o irmão.
3. Documentos: a certidão de casamento, certidão de nascimento de
filhos, se houver e títulos de propriedade de bens.

A audiência de tentativa de reconciliação e julgamento continua valendo?


R – Para o Professor Pablo ele entende que é possível se designar a audiência de
tentativa de reconciliação e julgamento, dependendo da visão do magistrado.

OBS.: No divórcio litigioso a designação de audiência permanece necessária, mas, em


sendo o pedido conjunto e consensual, uma eventual audiência de tentativa de
reconciliação ficará a cargo do juiz.

Matéria de Defesa no Divórcio

No que tange apenas ao pedido de divórcio, depois da EC-66, como não há mais
a exigência de cumprimento de prazo, a matéria se reduziu para aspectos processuais
ou para aspectos que não sejam em relação ao divórcio (casamento nulo, por
exemplo).
Logo, em matéria de defesa, ressalvados efeitos colaterais (alimentos, guarda de
filhos, partilha de bens) a resistência ao pedido de divórcio litigioso, em termos de
mérito, é quase inexistente (nem o argumento do prazo da separação de fato existe
mais).

Duas perguntas importantes:

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1. Qual é o estado civil das pessoas separadas judicialmente a partir da


Emenda do Divórcio?
R- Maria Berenice Dias sustenta que, a partir da EC-66, com o fim da separação,
as pessoas separadas judicialmente estão automaticamente divorciadas.
Discorda desta tese Paulo Lobo, para quem, o pedido de divórcio é necessário,
já sem a contagem de prazo. Para o professor Pablo, melhor razão assiste à
Paulo Lobo por razões de segurança jurídica.

2. O que ocorre com os processos de separação que estão em curso?


R- O art. 264 do CPC determina que:
Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de
pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as
substituições permitidas por lei.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma
hipótese será permitida após o saneamento do processo. (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 1973)

É defensável a tese segundo a qual, para processos em curso, e por não se


tratar de simples alteração de pedido ou causa de pedir (Art. 264 do CPC), uma
vez que houve alteração do próprio Sistema Constitucional, o juiz abra prazo
para que o autor adapte o procedimento à nova EC, sob pena de extinção do
processo sem julgamento de mérito.

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