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Lição 1 – A Sombra
Imagine que, quando nasce, o seu corpo e a sua alma são como um castelo.
Com muitos aposentos. Um aposento onde há amor. Outro onde há inveja.
Noutro ainda há ganância e noutro a bondade. Dezenas de aposentos, todos
eles importantes e úteis à sua maneira.
E você sente-se bem em todos eles. Passa um tempo num aposento, depois
visita outro, e assim vive. Feliz com todos os seus aposentos!
Todavia, estes aposentos continuam a existir, mas você atirou com a chave
para longe. Decidiu que são aposentos feios que ninguém gosta.
Estes aposentos que faz de conta que não existem irão tornar-se na sua
sombra, o seu lado negro.
A primeira pergunta que tem que se colocar, meu querido amigo, é esta:
prefere ser completo, ou prefere ser bom?
Já agora, como pode saber o que é o amor sem saber o que é o ódio? Ou a
bondade sem a ganância? Como pode saber o que é o bem sem o mal? Ou a
coragem sem a cobardia?
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Bill Spinoza disse-o de uma maneira magnífica: “aquilo que não és capaz de
ser, será capaz de não te deixar ser.”
Lembre-se que aquilo que não é capaz de aceitar como sendo uma parte de
si, irá dominar a sua vida. Aquilo a que resiste, persiste!
Foi Jung que afirmou “Uma pessoa não se torna iluminada a imaginar
figurinhas de luz. Uma pessoa torna-se iluminada ao tornar a escuridão
consciente”.
Que partes de si tem negado? Que partes de si é incapaz de ver? Que partes
de si são tão vergonhosas que nem se atreve a aceitar que existem?
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Lição 2 – Ir Ao Encontro Da Sombra
A nossa sombra usa uma série interminável de disfarces: gananciosa,
maldosa, manipulativa, egoísta, controladora, não merecedora, preguiçosa,
fraca, hostil, vingativa, destrutiva, etc.
Tudo aquilo que odiamos, resistimos ou afirmamos que não somos, toma
uma vida própria dentro de nós, destruindo qualquer sentimento de auto-
estima que tenhamos.
Mas são estes aspectos escondidos que mais atenção precisam de nós.
Temos que fazer as pazes com eles, aceitá-los na totalidade. São os nossos
tesouros escondidos.
Dois exemplos. Você poderá pensar que mentir é feio e os mentirosos são
pessoas indignas de ser amadas. É capaz de pensar numa situação em que
mentir possa ser útil a uma pessoa? Imagine uma criança de dez anos a
conversar, na internet, com um suposto ‘amigo’ que vem a descobrir tratar-se
de um pedófilo... Se a criança mentisse e dissesse ao agressor que na
verdade era um agente da Policia Judiciária? Não lhe parece que nesta
situação, mentir, fosse a diferença entre a liberdade e as garras de um
predador?
Começa a ver como a sombra, aqueles aspectos que negamos, podem ser
úteis?
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E quer você goste ou não, enquanto ser humano, possui uma sombra, um
lado negro.
Abraçar um aspecto do nosso ser significa amá-lo e aceitá-lo tal como é. Não
significa torná-lo mais do que é, nem menos do que é. Simplesmente aceitar
que é apenas mais um aspecto de nós.
Vivemos hoje sob a falsa pretensão de que para algo ser divino tem que ser
perfeito. Isto é um erro. De facto o oposto é que é verdade. Ser divino
significa ser-se completo. E ser-se completo significa ser tudo, o positivo e o
negativo, o bonito e o feio, o santo e o pecador.
Quantas vezes, enquanto crescíamos, nos foi dito para não nos portarmos
mal? Para não sermos preguiçosos? Para não dizer asneiras? Para não falar
alto? Para não sermos egoístas? A mensagem era sempre a mesma: Não
ser! Ensinaram-nos a “não ser”!
Você nunca soube o que era ser belo, porque passou a maior parte da
infância a esconder o feio! Você nunca soube o que era a verdadeira
bondade porque passou a maior parte do tempo a esconder a ganância! E
assim foi perdendo uma parte importante de si mesmo.
E como aprendeu tão bem a ‘não ser’, começou a desenvolver uma certa
impaciência por aqueles que eram. Os maus da fita. E os maus da fita tinham
que existir sempre, para lhe mostrar as partes de si que aos poucos ía
escondendo.
E foi assim que você caiu na ratoeira do “se apenas”. Se apenas as pessoas
fossem mais simpáticas.. Se apenas as pessoas fossem mais generosas...
Se apenas eu tivesse uma relação mais amorosa... Se apenas eu tivesse
mais dinheiro...
Querido amigo, vai precisar de algum tempo para sentir amor por quem é na
totalidade.
Já reparou que a maior parte das pessoas com problemas sérios de saúde
são pessoas que nunca mostram raiva, nem se queixam, colocam sempre os
outros em primeiro lugar. E depois têm doenças graves e nem sabem porquê.
Escondido nos seus corpos há toda a raiva, sonhos, desejos, tristezas que
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A nossa sombra existe para nos mostrar que somos incompletos. Existe para
nos ensinar o amor, a compaixão e o perdão. Não só em relação aos outros
mas, acima de tudo, em relação a nós mesmos. E quando abraçamos a
nossa sombra, tem início a cura da nossa alma. É que a nossa sombra só é
sombra porque permanece escondida. Quando trazemos a nossa sombra à
presença da luz, quando descobrimos o presente da nossa sombra, ela
transforma-nos. Liberta-nos.
Já é perfeito.
Lição 3 – O Mundo Está Dentro De Si
Nós não estamos no mundo, o mundo está em nós.
Isto significa apenas uma coisa: dentro de cada um de nós estão todos os
atributos do comportamento humano. Para além da superfície de cada ser
humano encontram-se todas as emoções, comportamentos, qualidades e
defeitos de toda a humanidade.
Isto pode parecer, a uma primeira vista, algo poético e sem qualquer
significado. Se foi isso o que pensou, aconselho-o a voltar a ler. E mais uma
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vez.
Quando conseguir sentir que contém em si tudo aquilo que vê nos outros,
todo o seu mundo irá ser alterado. Por isso o objectivo deste curso é
descobrir tudo aquilo que ama e odeia nos outros. Quando aceitarmos estes
aspectos em nós abrimos a porta para o universo dentro de nós. Quando
fizermos as pazes connosco seremos capazes de fazer as pazes com o
mundo.
A chave encontra-se em sentir que não há nada que consigamos ver nos
outros que não esteja já em nós. Se não possuirmos determinada qualidade
ser-nos-á impossível vê-la noutro. Se, por exemplo, você se sente inspirado
pela coragem de alguém, essa coragem é um reflexo da coragem que está
dentro de si. Se você se sente incomodado pelo egoísmo de alguém, pode
ter a certeza que é capaz de mostrar o mesmo nível de egoísmo noutras
alturas.
Sendo cada um de nós uma parte deste universo holográfico, somos tudo
aquilo que vemos, julgamos e admiramos nos outros.
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Mas se quer mesmo mudar a direcção da sua vida terá que voltar ao seu
castelo e abrir as portas de cada aposento. Tem que estar preparado para
explorar o seu universo interior e aceitar tudo aquilo que deserdou de si
mesmo. Só na presença do seu Eu Completo será capaz de dar apreço à
magnificência de quem é e desfrutar da totalidade da sua vida.
Quando vê, por exemplo, um homem zangado e a discutir na rua. Você tem o
potencial para se zangar e discutir. Consegue aceitar isto? Os outros são
sempre uma projecção do que está já latente em nós.
As pessoas que você mais julga são aquelas que lhe mostram os aspectos
de si que mais odeia e nega. Lembre-se, se a sua vida tivesse sido diferente,
que tipo de comportamentos seria capaz de mostrar ao mundo?
Será capaz de abraçar a possibilidade de ser qualquer uma das pessoas que
julga e critica?
Há um ditado inglês muito interessante que diz “nunca julgues outro ser
humano antes de caminhares nos seus sapatos”. É isto o que é pedido de si
antes de julgar outro.
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O universo irá sempre levar até nós as pessoas com os ‘defeitos’ que não
somos capazes de reconhecer em nós. É a forma de o universo nos conduzir
de volta à totalidade de quem somos. Por isso é que da mesma maneira que
nós somos, assim é o mundo que nos rodeia (uma boa altura para desistir de
ver os noticiários na televisão!).
Lição 4 – Conhece A Tua Sombra, Conhecete A Ti Mesmo
Dentro de cada um de nós existe um verdadeiro tesouro. Este tesouro é o
nosso espírito, puro e magnificente, livre e brilhante! Mas este tesouro foi
escondido por uma camada espessa de preconceitos. Estes
preconceitos têm a sua origem nos nossos medos. É a nossa máscara
social: a cara que mostramos ao mundo. Revelar a nossa sombra é
colocar a descoberto a nossa máscara. Temos que olhar para esta
máscara com amor e compaixão, pois há um enorme tesouro à nossa
espera quando compreendemos porque motivo nos escondemos por
detrás dela.
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Da mesma maneira que este Buda, o nosso aspecto exterior serve para
nos proteger do mundo exterior. O nosso verdadeiro tesouro esconde-se
por debaixo! Nós escondemos, inconscientemente, o nosso tesouro. A
maneira mais fácil de descobrir este tesouro é arranhando e quebrando a
nossa estrutura superficial.
Nós temos que olhar para além das nossas máscaras sociais para poder
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A mudança que tem que ocorrer é perceptual. Você tem que ver as suas
camadas exteriores como estando a servir uma função protectora, e não
apenas como algo que o/a impede de viver os seus sonhos. As suas
camadas exteriores foram concebidas de maneira divina para o/a ajudar
no seu processo espiritual. Ao visitar e explorar cada acidente, emoção e
experiência que o/a levou a construir as suas camadas exteriores, será
conduzido de volta a casa para que possa abraçar a totalidade do seu ser.
As nossas camadas exteriores são o mapa do nosso desenvolvimento
pessoal. Contêm tudo o que somos, e tudo o que não queremos ser.
Independentemente do quão doloroso tenha sido o seu passado, se olhar
para si mesmo com total honestidade e utilizar a informação guardada nas
suas camadas exteriores como um guia, irá encontrar o caminho de volta
à iluminação.
Comece por desafiar a pessoa que pensa que é para poder revelar a
pessoa que é capaz de se tornar.
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A maioria das pessoas tem receio de ouvir aquilo que mais as aterroriza.
A isto chama-se ‘negação’. Nós só temos medo se, a um outro nível,
soubermos que temos andado a enganar-nos a nós mesmos. Se você
pensar, do mais fundo do seu ser, que aquilo que outros pensam de si
não é verdade, não irá dar qualquer significado ao que é dito.
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Depois, numa folha de papel, faça uma lista de todas as qualidades que
admira nas primeiras três pessoas e no outro lado da folha as
características que não suporta nas últimas três pessoas.
Estas listas são uma boa maneira de descobrir as partes de nós que não
aceitamos. Aconselho-o a começar pelas características negativas. De
início poderá ter alguma dificuldade em reconhecer em si as
características que odeia. Não deve ser fácil descobrir em nós
características do Hitler. É importante decifrar qualquer palavra mais
abrangente, como por exemplo ‘assassino’. A pergunta que tem que se
fazer é “que tipo de pessoa cometeria estes actos?”. Seguindo o exemplo
do assassino, poderia ser uma pessoa egoísta, enraivecida, que não
valoriza a vida humana. Se lhe surgir a expressão “não valoriza a vida
humana”, pergunte-se que tipo de pessoa é que não valoriza a vida
humana? Poderá surgir-lhe, como resposta, um narcisista, uma pessoa
doente, demente. A parte importante deste processo é tornar a linguagem
simples até chegar a uma palavra específica ou uma característica que
gosta ou desgosta. Descubra as características que possuem, para si,
uma carga emocional.
Depois faça ainda o exercício que se segue. Vou dar-lhe duas semanas
para completar esta série. É importante que faça tudo o que é pedido por
forma a poder continuar na sua caminhada!
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Lição 5 – Eu Sou Isso
Uma vez que sejamos capazes de ver as partes de nós que andámos a
negar, estamos prontos a avançar para a próxima etapa deste processo.
Iremos aceitar cada um destes aspectos negados. Aceitar significa
reconhecer que determinada característica lhe pertence. Podemos assim
começar a aceitar a responsabilidade pelo todo que somos. Neste momento
não tem que gostar de cada parte de si, tem apenas quer estar preparado
para reconhecer cada uma delas em si e nos outros. Há três questões que
lhe poderão ser úteis nesta etapa: alguma vez demonstrei este
comportamento no passado? Ando a demonstrar este comportamento agora?
Sob circunstâncias diferentes, seria capaz de demonstrar este
comportamento? Uma vez que responda "sim" a qualquer destas questões
terá dado início ao processo de aceitação de qualquer comportamento.
Esteja preparado para aceitar que "é" aquilo que menos desejaria ser. Esteja
preparado para ver com novos olhos, para além dos mecanismos de defesa,
tudo aquilo que lhe diz "eu não sou isso". Olhe, com olhos que digam "eu sou
isso. Em que situações sou eu assim?". E resista à tentação de se julgar.
Não crie decisões repentinas e pense que é uma pessoa má, se descobrir
que é invejoso ou egoísta. Todos nós possuímos essas características, bem
como os seus pólos opostos. Fazem parte da nossa humanidade. Todas
estas características existem para nos guiar e ajudar. Pode ser que neste
momento esteja céptico, mas dê a si mesmo a oportunidade de descobrir
todas as características que o tornam completo. Prometo-lhe que no final irá
descobrir o tesouro que sempre esteve dentro de si.
Já alguma vez pensou porque motivo atrai o tipo de pessoa que não gosta
mesmo nada? Não é por acaso.
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tentar provar a nós mesmos e aos outros que não somos isso. Confesse, se
olhar para si com bastante atenção, consegue ver a parte de si que é
aborrecida? E a parte de si que é estúpida? Consegue ainda ver a parte de si
capaz de mentir ou de atraiçoar? Permita-se gritar quando descobrir estes
aspectos em si. Aceite-os e liberte-se do seu peso. Se formos honestos, e
não estamos a demonstrar estes aspectos no presente, então teremos que
identificar um tempo em que fomos aborrecidos e estúpidos e mentimos e
atraiçoamos.
Exercício:
1. Volte à lista de palavras do último exercício (sim, aquele que diz "eu sou isto
e aquilo" – e nem uma palavra simpática para agradar!). Sente-se em frente a
um espelho e diga cada uma das expressões em voz alta uma vez, duas,
três, quatro... Diga-o até que a energia à volta da palavra se dissolva. Vai ver
que funciona. Se houver uma característica que mexa demasiado consigo,
que o deixe com raiva ou medo, ou se fica chateado com essa característica,
retire-se e escreva uma carta de ódio a essa característica. Demonstrar ódio
desta maneira é muito saudável (como irá descobrir). Estas cartas são só
para si, uma forma de se libertar de tensão acumulada. Se não souber o que
dizer comece por "Eu estou chateado contigo (por exemplo 'eu sou puta')
porque nunca na vida... E depois escreva tão depressa quanto for capaz,
sem sequer pensar no que escreve. Escreva tudo o que lhe vier à cabeça.
Não se preocupe com a gramática ou erros ortográficos. Foque a sua
atenção na libertação de velhas tensões. Este exercício é uma maneira de
libertar emoções tóxicas que intoxicam o nosso corpo. Se novos sentimentos
surgirem durante o processo, sinta-os. Irá descobrir que tem uma dificuldade
especial com aquelas características que julgou mais violentamente. Mesmo
que comece a chorar, mantenha todo o processo. Irá surgir uma altura em
que sentirá toda a carga emocional a dissipar-se espontaneamente.
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Lição 6 – Abraçar A Nossa Sombra
A maioria das pessoas tem um desejo inato de sentir paz. Mas só
conseguiremos essa paz quando formos capazes de abraçar a totalidade de
quem somos. Descobrir as qualidades dos nossos aspectos mais negativos é
um processo criativo que necessita apenas de um desejo profundo de ouvir e
aprender, uma vontade de deixar partir juízos de valor disfuncionais e
crenças limitadoras, e a intenção de querer sentirmo-nos melhor. O seu Eu
verdadeiro não cria juízos de valor. Apenas o nosso ego, conduzido pelo
medo, cria juízos de valor com o intuito de nos proteger – protecção essa
que, ironicamente, nos impede de uma realização pessoal plena.
Para poder ultrapassar o ego e as suas defesas tem que procurar o silêncio,
ser corajoso, e ouvir as vozes dentro da sua cabeça. Por detrás das nossas
máscaras sociais existem milhares de faces. Cada face possui uma
personalidade. Cada personalidade possui características específicas. Ao
conseguir dialogar com cada uma destas subpersonalidades irá transformar
os seus preconceitos egoístas em tesouros valiosos. Quando for capaz de
abraçar cada aspecto da sua sombra irá buscar o poder que deu a outros, irá
criar uma ligação verdadeira com o seu Eu autêntico.
Para mim foi uma experiência única o descobrir algumas das minhas
subpersonalidades. Descobri partes de mim que, acreditava, nunca tinha
sequer rejeitado porque nem sabia que existiam!
Imagine que está numa paragem de autocarro. Pode ser numa cidade, no
campo, até, porque não, numa auto-estrada (a sua imaginação decide os
seus limites)! Imagine que ao longe se aproxima um autocarro cheio de
gente. Haverá nele pessoas novas e velhas, miúdos e graúdos, gente magra
e gorda, bonita e feia, inteligente e estúpida. Todo o tipo de pessoas! Só que
você ainda não sabe que pessoas estão dentro do autocarro!
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ela para fora. Fora do autocarro, apenas os dois, sentem-se num banco e
converse com essa pessoa. Como se chama? O que pretende? Qual a sua
prenda para si? Como lhe pode ser útil? Quando tiver terminado a conversa
agradeça-lhe a sua presença. Abrace-a se sentir que é apropriado, ou dê-lhe
um aperto de mão.
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anos, negando a sua existência! Disse-me que o querer ter razão é um jogo
do ego. O ter razão força-nos a aceitar que somos vítimas de uma maneira
perniciosa. Quando quis saber qual a sua prenda, informou-me, a sorrir, que
muitas vezes a minha intuição me tentava empurrar numa direcção mas,
seguindo a lógica do ego, eu ía no sentido oposto! E como não aceitava que
era teimoso, o Tomás aparecia de vez enquando, em conversas internas que
alimentavam o corpo de dor! Tinha que aceitar que muitas vezes me tornava
teimoso em situações mesquinhas quando deveria fazê-lo nos momentos em
que estava em jogo o meu desenvolvimento pessoal. Achei curioso quando o
Tomás Teimoso me disse que teríamos que voltar a encontrar-nos, ainda era
cedo para me dizer tudo o que tinha a dizer... Apertámos as mãos, mais
como sinal de respeito mútuo.
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A confiança absoluta é algo que tem que existir antes de darmos início a
qualquer diálogo interior. Isto porque haverá alturas em que poderá estar a
falar com uma das suas subpersonalidades e alturas em que estará a ouvir a
vozinha interior (ego) que nunca tem nada de bom para dizer. Como
distinguir as duas? A vozinha que está sempre a deitar abaixo nunca terá
algo de positivo para lhe dizer, nunca haverá uma prenda ou algo a aprender.
À medida que for abraçando as partes de si que nunca aceitou, é uma óptima
ideia tentar descobrir onde é que essa subpersonalidade teve início. O que o
levou a acreditar que determinada característica era má e indesejada.
Se estiver preparado para ouvir, irá descobrir que a grande maioria das suas
subpersonalidades são engraçadas, divertidas, cheias de recursos, honestas
e capazes de perdoar tudo e todos. Na verdade cada uma das suas
subpersonalidades é uma das pessoas mais sábias em todo o Universo (o
seu Universo). Isto porque lhe dão respostas que vêm de si, do mais
profundo do seu ser. Na verdade você pode ter acesso a qualquer pessoa
indo bem dentro de si. Tudo o que tem a fazer é encontrar o silêncio interior e
chamar a pessoa à sua presença. Lembre-se, se essa pessoa não tem nada
de bom para lhe dizer, é a sua vozinha interna, parte do ego, que mais uma
vez tem a oportunidade de vitimizar.
As suas subpersonalidades estão à sua espera. Elas não querem mais nada
a não ser a sua atenção e aceitação. São as vozes do seu futuro e nunca do
seu passado. Quando conseguir ligar-se ao Todo que sempre foi nunca mais
se sentirá só, ser-lhe-á impossível. Temos que procurar o Universo dentro de
nós. Honrá-lo, amá-lo e aceitá-lo. Só então seremos capazes de aceitar a
magnificência que somos. Temos que parar de julgar a caminhada da nossa
alma, confiar no processo da nossa humanidade e abraçar a nossa bondade
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eterna.
Lição 7 – Aquilo Que Resiste, Persiste
Se tem efectuado todos os exercícios dedicados à descoberta da Sombra, é
muito provável que comece a observar alterações significativas nos seus
relacionamentos.
1. O seu Corpo de Dor irá sempre atraí-lo para relacionamentos íntimos com as
pessoas capazes de alimentar a dor. Os relacionamentos irão causar-lhe
sofrimento, quer queira ou não, para que você possa despertar;
O processo da Sombra não é fácil nem para qualquer pessoa. Ao iniciar este
processo irá mergulhar no que muitos mestres chamam de "Noite Escura da
Alma". A fase inicial deste processo é dolorosa e todo o sofrimento enterrado
ao longo dos anos irá surgir para que você o possa abraçar e abençoar,
vendo nele os presentes que encerra.
Não pode parar este processo. Não pode simplesmente dizer "já chega, já
sofri o suficiente, quero é viver a minha vida!". Se o fizer, pode ter a certeza
que voltará a passar pelo mesmo sofrimento vezes sem conta. Tem que se
permitir continuar.
Qualquer que tenha sido a experiência que o tenha marcado, a lição que
aprendeu foi qualquer coisa como:
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- Se mostrar o que sinto outros irão rir-se de mim e/ou aproveitar-se das
minhas fraquezas;
Se os pais não foram capazes de mostrar carinho, afecto, a lição foi ainda
mais dura. Apreendeu coisas como "Não sou digno de ser amado", "Ninguém
gosta verdadeiramente de mim", "Não sou importante"...
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mesmas)?
Todavia, como se isto não bastasse, vamos fazer algo ainda mais absurdo do
que o comportamento que os adultos à nossa volta nos mostraram! Vamos
mostrar-lhes que não tinham razão, que erraram! E como vamos fazer isso?
Repetindo situações em que, inconscientemente, lhes mostramos que o que
fizeram estava errado e nós é que temos razão!
A Mariana, aos sete anos de idade, foi entregue a uma família porque os
pais, ambos alcoólicos, eram incapazes de cuidar dela. Hoje a Mariana é
directora de recursos humanos numa empresa que prima pela atenção e
cuidados prestados aos funcionários.
O pai do João disse-lhe, inúmeras vezes, enquanto criança, que não sabia
fazer nada e nunca lhe demonstrou carinho. Hoje o João é um juiz num
tribunal de família onde é conhecido pelo afecto com que trata vítimas de
maus tratos.
A Gabriela foi violada por um tio até aos nove anos de idade. Andou metida
no munda da droga e prostituição. Hoje está à frente de uma organização
que cuida de mulheres em situações precárias.
E de que maneira é que a sua história da infância lhe está a ser benéfica?
Qual a característica que demonstra devido a uma situação dramática da sua
infância? Talvez lhe tenham dito que nunca faria nada bem feito e hoje é um
homem de negócios de sucesso. Ou talvez lhe tenham dito que não era digna
de ser amada, e hoje, é-lhe fácil sentir compaixão por outros e ser-lhes útil.
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Não sei se começa a ver o desenlace da sua sombra. Por um lado irá
manifestar-se numa área da sua vida, como a parte de si que não é capaz de
aceitar. Por outro lado, irá manifestar-se como o seu oposto numa outra área
da sua vida!
E quando for capaz de ver e aceitar ambas, ser-lhe-á fácil descobrir o seu
Dom – o motivo divino pelo qual mais ninguém no mundo poderia ocupar o
seu lugar.
Para terminar, permita-se descobrir o que precisa de fazer para deixar partir a
situação dramática. Qual o ritual de limpeza necessário. Respire fundo
durante dois ou três minutos. Vá dentro de si e aguarde a resposta. Pode ser
que o que a sua alma necessite é um pedido de desculpa por parte da
pessoa que o/a magoou. Pode ser que seja suficiente ir até à praia e gritar a
plenos pulmões. Pode ainda ser que precise de acender meia dúzia de velas
e dançar com os braços no ar. Não há um ritual certo ou errado – faça o que
sentir ser mais apropriado para si.
Lição 8 – Reinterpretar O Seu Eu
Se deixarmos o passado sem o curar, ele irá destruir as nossas vidas. O
passado esconde o nosso dom, a nossa criatividade e os nossos talentos.
Fomos ensinados que é difícil ir atrás dos nossos sonhos. E não nos
disseram que é ainda mais difícil viver cada dia sabendo que não estamos a
viver os nossos sonhos.
O poder para fazer as pazes com o passado está já dentro de si, mas só irá
surgir quando você estiver preparado e desejoso de fazer as mudanças na
sua vida. Quando o desejo de mudar for mais forte que o desejo de querer
manter tudo como está. Claro que é sempre mais fácil culpar os outros pela
situação que estamos a viver agora, neste momento.
Tem que estar preparado para abraçar o passado se quiser fazer verdadeiras
mudanças no seu presente. O nosso passado é o que dá forma ao que
vemos, ao que dizemos e à maneira como vivemos.
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Muitas pessoas decidiram já que não seriam como os seus pais! Mas temos
que ter sempre presente que passamos os anos mais importantes da nossa
aprendizagem a absorver os conhecimentos e comportamentos dos nossos
pais. Todas as suas qualidades e defeitos.
Saiba que todos os eventos negativos da sua vida são na verdade bênçãos
disfarçadas de problemas. A dor tem um propósito. Ensina-nos e guia-nos a
níveis mais elevados de consciência.
Não há ninguém neste mundo que diga o que eu digo da maneira que o digo.
Ninguém neste mundo faz as coisas que eu faço na forma exacta em que as
faço. Eu sou eu e tu és tu. Cada um de nós é único e cada um de nós tem um
caminho especial a percorrer.
Por forma a ganhar sabedoria e liberdade do seu passado, tem que aceitar
total responsabilidade por todos os eventos que ocorreram na sua vida.
Aceitar a responsabilidade significa afirmar: “Fui eu quem fez aquilo.” Há uma
grande diferença entre o mundo fazer-lhe coisas a si e você fazer coisas a si
mesmo. Quando aceita a responsabilidade pelos eventos na sua vida, e pela
sua interpretação desses eventos, sai do mundo da criança e entra no mundo
do adulto. Ao aceitar a responsabilidade pelas suas acções e inacções , você
desiste da sua história pessoal (que é sempre qualquer coisa à volta de
“Porquê eu?”) e transforma-a em “Isto aconteceu-me porque eu precisava de
aprender uma lição. Isto faz parte da minha caminhada”.
A nossa dor pode ser o nosso melhor mestre. Irá levar-nos a lugares que
nunca teríamos a coragem de ir de outra maneira. Quantas pessoas estariam
dispostas a sofrer durante 20 ou 40 anos só para descobrir a vontade da sua
alma?
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Enquanto não for capaz de olhar o seu passado olhos nos olhos, ele estará
sempre por perto, trazendo-lhe mais experiências em tudo iguais ás do
passado. Mas tudo o que precisa é de uma mudança na sua perspectiva.
Cada palavra, incidente e pessoa em relação à qual ainda sente existir uma
carga emocional tem que ser estudada, olhada na cara, reconstruída, re-
perspectivada e abraçada. Temos que caminhar até à origem da nossa dor. E
tomamos as rédeas da nossa vida ao escolhermos as nossas interpretações.
Cada um de nós tem que tomar uma decisão consciente de alterar o nosso
mundo, alterando as nossas percepções. Mude a percepção, a interpretação,
de uma palavra ‘má’ apenas, e irá descobrir que não só a palavra perde a
sua carga emocional, como esta carga lhe é devolvida com poder.
Vou deixar-lhe um exercício simples para integrar este conceito. Irei pegar
numa palavra que, para mim, ainda tem alguma carga emocional. Uma
palavra que ainda hoje eu não suporto que me chamem: coitadinho. Eu recuo
no tempo para descobrir um incidente na minha vida que me causou dor e
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A interpretação negativa:
A nova interpretação:
1. Eu sou poderoso, o que deixava a minha mãe nervosa. A única forma que ela
tinha de lidar com este nervosismo era chamar-me nomes que considerava
apropriados;
3. A minha mãe gostava tanto de mim que me queria preparar para o mundo
duro e cruel que ela imaginava, tentando assim impedir que eu caísse na
preguiça.
É por este motivo que é tão importante escrever tudo e olhar para os eventos
sob tantos ângulos quantos lhe for possível. Só o simples acto de escrever as
coisas obriga a que as palavras e os incidentes comecem a perder uma parte
do domínio que detêm sobre si.
E por outro lado, temos receio que o nosso brilho, o nosso poder, nos isole
da sociedade. Porque a sociedade que vemos à nossa volta é medíocre a
todos os níveis.
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Exercício
Depois volte a cerrar os olhos e imagine a primeira crença da sua lista. Faça
a si mesmo as seguintes questões (leve o seu tempo para ouvir as respostas
que virão do seu mais íntimo):
Lição 9 – Deixe Que A Sua Luz Brilhe
O nosso maior medo não é que sejamos insuficientes, ou que não
sejamos merecedores. O nosso maior medo é descobrir que temos um
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Se quer saber se está mesmo decidido a viver o seu sonho, a mudar algo na
sua vida, pergunte-se se tem um plano de acção. Se a resposta for “não”
volte atrás e verifique se tomou a decisão de viver o seu sonho. Um plano de
acção tem que estar escrito num papel, num local onde possa ser consultado
com frequência. Se o pano de acção estiver apenas presente na sua mente
não é mais que um sonho... um sonho acordado.
Conheço pessoas que se queixam de más relações, de falta de dinheiro, de
um trabalho precário, de uma saúde pobre. Quando lhes pergunto que planos
têm para alterar essas situações olham-me como se estivesse a falar num
idioma raro. Pensam que estou a brincar. Como se as mudanças fossem algo
que acontece por magia. Acreditam que os outros irão mudar as suas vidas,
ou então algo de inesperado irá acontecer.
Fazer um plano de acção é fácil. A parte mais difícil é mesmo encontrar o
tempo para o fazer. Sugiro-lhe escolher inicialmente um objectivo que há
muito deseja conseguir. O objectivo que lhe parecer mais realizável. Depois
divida-o em quatro partes. Um plano diário, um plano semanal, um plano
mensal e um plano anual. Pergunte-se: “O que posso fazer todas as
semanas para atingir o meu objectivo?” Faça um calendário com projectos
diferentes. Quando tiver construído o seu plano de acção indicou ao Universo
a sua disponibilidade para viver o seu sonho. Agora cumpra!
Qual é o seu dom? Qual a qualidade que se manifesta em si
espontaneamente? Para algumas pessoas é a aceitação. Para outras é a
compaixão. Outras ainda é o carinho. Para outras é a alegria. Qual é a sua
qualidade divina? Infelizmente não lhe posso ajudar muito aqui a descobrir o
seu dom. Este é um processo de várias horas (daí a existência de um
seminário). Mas uma vez que descubra o seu dom garanto-lhe que a sua vida
muda.
Mantenha a sua palavra. Isto é essencial para manifestar o seu sonho. Aquilo
que diz a si mesmo e aos outros conta! Se decidiu perder peso, dizer que um
pastel de nata não é nada é mentir a si mesmo! O que diz na verdade é que
não merece confiança. Se disser que quer um trabalho diferente do actual e
não começa a procurar, está a mentir a si mesmo. Envia uma mensagem que
diz “não contem comigo!” Faça aquilo que diz que vai fazer.
Se não vai ser capaz de o fazer, então não diga nada. Decida que a sua
palavra é a ferramenta mais importante que possui. Trate-a como se fosse de
ouro. Se tratar a sua palavra como se fosse ouro, ela irá trazer-lhe ouro. De
cada vez que fizer aquilo que disse que ía fazer está a treinar-se e a afirmar
ao Universo que pode contar consigo.
Quando mentimos a nós próprios continuamente é muito difícil acreditar em
nós. A sua palavra, se não for levada a sério, nada mais é que ruído. Mas a
sua palavra tem um presente muito maior para lhe dar. Pode ajudá-lo a criar
a sua vida. Pode dar-lhe o poder e a liberdade. Quando decide fazer algo por
si, ou por outro, e sabe que o irá fazer, estará a dar poder a quem é.
O seu dom pode ser ajudar os outros, ensinar os outros, descobrir a cura
para uma doença, interactuar com outros de maneiras criativas, educar
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minha mailing list. Obrigado por de alguma maneira fazer parte da minha
vida. Obrigado pelos e-mails enviados com dúvidas, esclarecimentos e
agradecimentos. Termino dizendo-lhe aquilo que uma pessoa que me é
querida teve a coragem de me dizer a mim: “Obrigado por existir!”
Emídio Carvalho
Este curso é uma adaptação do trabalho de Debbie Ford, inteiramente dedicado à
Sombra. Poderá ficar a saber mais em www.debbieford.com.
Caso esteja interessado em abraçar a totalidade de quem é, poderá fazê‐lo num
dos vários seminários que oferecemos, aplicando na prática todo o conhecimento
relacionado com a Sombra.
Lembre‐se que se não tratar da sua Sombra, mais cedo ou mais tarde, ela tratará
da sua vida.
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