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VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações
sindicais;
Liberdade Sindical
Histórico
A liberdade sindical é um dos postulados básicos da OIT, como se pode
perceber, já que desde a Constituição da OIT de 1919 já havia previsão deste princípio.
Desde 1927 sentia-se falta da elaboração de um texto com regras gerais sobre a
liberdade sindical. Contudo, naquela época, era impossível se chegar à liberdade
sindical, o que só foi possível após a Segunda Guerra Mundial em 1948.
Foi na Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, ocorrida
em 09/07/1948, na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos, que se criou a
Convenção de nº 87, denominada de Convenção sobre Liberdade Sindical e a Proteção
do Direito Sindical. A citada norma internacional traça os parâmetros principais acerca
da liberdade sindical, contudo, infelizmente, não foi ratificada pelo Brasil, em razão da
atual Constituição apresentar posições incompatíveis com ela, como a contribuição
sindical determinada por lei e a existência de um sindicato único.
O direito a liberdade sindical é presente na Declaração Universal dos Direitos do
Homem, no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais de 1966,
além de estar elencando no rol dos direitos humanos.
Conceito
O princípio da Liberdade Sindical é a espinha dorsal do Direito Coletivo
representado por um Estado Social e democrático de direito. É um direito subjetivo
público que veda a intervenção do Estado na criação ou funcionamento do sindicato. É
o direito de os trabalhadores e empregadores se organizarem e constituírem livremente
as agremiações que desejarem, no número por eles idealizado, sem que sofram qualquer
interferência ou intervenção do Estado, nem uns em relação aos outros, visando a
promoção de seus interesses ou dos grupos que irão representar. Essa liberdade sindical
também engloba o direito de ingressar e retirar-se dos sindicatos.
Segundo Amauri Mascaro Nascimento, a expressão liberdade sindical como
conceito se desdobra em liberdade de organização e liberdade de atuação. Na esfera
conceitual, a liberdade sindical expressa os níveis através dos quais se concretiza a
liberdade coletiva, que é a dos grupos formalizados ou informalizados, a liberdade
individual, que é a das pessoas e o seu direito de filiar-se ou se desfiliar de um sindicato,
e a relacional, no sentido de uma liberdade exercida perante o Estado, o empregador e,
até mesmo, outras entidades sindicais.
Refere-se também à liberdade interna de auto-organização sindical que leva à
autonomia da sua administração. Significa, ainda, a liberdade conferida a cada pessoa
de ingressar num sindicato ou dele sair, sem discriminações injustificáveis. Por fim,
corresponde ao livre exercício dos direitos sindicais no tocante à posição do Estado
perante o sindicalismo.
GARANTIAS
CLASSIFICAÇÃO
A liberdade sindical possui duas faces: a individual e a coletiva.
A liberdade individual deve ser positiva ou negativa. A liberdade individual
positiva corresponde a liberdade de se filiar ao sindicato, já a negativa é a liberdade de
não se filiar ao sindicato, incluindo também a desfiliação.
A liberdade coletiva é a liberdade de o grupo constituir o sindicato de sua
escolha, com a estrutura e funcionamento que desejar, com ampla autonomia.
Segundo Sérgio Pinto Martins, são três os sistemas relativos à liberdade sindical.
O primeiro é o intervencionista, no qual o Estado ordena as relações relativas ao
sindicato. O sistema intervencionista é destacado nos países que adotavam o regime
corporativo, como na Itália, de Mussolini; na Espanha, de Franco; em Portugal, de
Salazar, e até hoje no Brasil. O segundo é o desregulamentado, em que o Estado se
abstém de regular a atividade sindical, como no Uruguai, em que não há lei sindical,
nem para tratar da organização sindical, muito menos da atividade sindical, tendo o país
ratificado a Convenção nº 87 da OIT, cumprindo seus dispositivos; o sindicato adquire
personalidade gremial com seu registro, como o de qualquer pessoa jurídica. O terceiro
sistema é o intervencionista socialista, em que o Estado ordena e regula a atividade do
sindicato, segundo as metas estabelecidas pelo primeiro, como ocorre em Cuba.
Liberdade sindical, quer dizer, contudo, autonomia sindical, não se confundindo
com soberania; esta é inerente ao Estado, decorrente de seu poder de império. Tem,
pois, o Estado um poder superior aos demais. O mesmo não ocorre com o sindicato,
com sua autonomia sindical, dependente inclusive do que determina a legislação
baixada pelo Estado. A soberania é um dos fundamentos da República Federativa do
Brasil (art. 1º, I, da CF). A liberdade sindical não impõe qualquer determinação de
vontade à pessoa de se associar ou não ao sindicato, favorecendo seu desenvolvimento
espontâneo. É o sistema que mais se adapta às regras da OIT.
De outra banda, Amauri Mascaro Nascimento ensina que a liberdade sindical é
“método de conhecimento do direito sindical quando é ponto de partida para a
classificação dos sistemas, comparadas as características de cada ordenamento interno
nacional com as garantias que o princípio da liberdade sindical oferece, caso em que
esses sistemas podem ser classificados como de liberdade plena, relativa ou sem
liberdade sindical, podendo ser situado o brasileiro no segundo grupo”.
PRÁTICAS ANTI-SINDICAIS
Há práticas que desestimulam a sindicalização e causam desgaste à atuação dos
sindicatos, entrando em claro conflito com o princípio da liberdade sindical. São elas:
- yellow dog contracts (contratos de cães amarelos): o empregado compromete-
se a não se filiar a nenhum sindicato depois que for admitido pela empresa.
- company unions (“Sindicatos de Empresa” ou “Sindicatos Fantasmas”): o
próprio empregador estimula e controla – mesmo que indiretamente – o sindicato
profissional.
- Mise à l’index: Lista negra de não associados. As empresas divulgam os nomes
dos trabalhadores com atuação sindical significativa para excluí-los do mercado de
trabalho.
- open shop: a empresa fica aberta a não filiados.
Tais práticas são inválidas por agredirem o princípio da liberdade sindical,
constitucionalmente consagrado.
Categorias Profissionais
Prevê ainda a Consolidação das Leis do Trabalho, no § 3º, do aludido artigo 511,
que "categoria diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões
ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em
conseqüência de condições de vida singular".
Vê-se pela leitura dos dois dispositivos legais, a existência de duas espécies de
categorias profissionais, sendo que a primeira caracteriza-se pela similitude de
condições em situação de emprego na mesma atividade econômica, entendendo
Eduardo Gabriel Saad (3) que: "do exercício do mesmo ofício ou da mesma atividade
num ramo econômico surge a similitude de condições de vida. Temos, aí, as linhas
mestra de uma categoria profissional".
(4)
São os ensinamentos de Eduardo Gabriel Saad ¸ quanto as categorias
diferenciadas: "Categoria diferenciada é aquela cujos membros estão submetidos a
estatuto profissional próprio ou que realizam um trabalho que os distingue
completamente de todos os outros da mesma empresa".
A autonomia coletiva não é o mesmo que soberania, pois esta pertence ao Estado.
O termo traz a ideia de regras próprias. “Privada” porque não envolve o Estado,
não é de natureza pública, mas da própria categoria, do grupo, e coletiva porque não é
individual. Assim nos referimos à categoria. A categoria é o agrupamento de pessoas
que realiza atividades idênticas, similares ou conexas.
Pois bem. Essa autonomia privada coletiva é o que habilita a categoria a estruturar
o sindicato, definir a base territorial onde ele atuará, como se organizará, estabelecer o
estatuto... Se houver convenção coletiva, a autonomia privada coletiva habilita as partes
a transacionarem. Temos o direito mínimo, a transação e renúncia, que já vimos; fora
disso temos a autonomia privada coletiva.
Essa é uma visão importante a ser fixada para o entendimento dos conflitos
coletivos e formas de solução.
A ) PRINCÍPIOS
E ) natureza jurídica:
O sindicato, haja vista sua autonomia, é pessoa jurídica de direito privado. Para
a sua formação, faz-se necessária a realização da primeira Assembléia, a formalização
da sua ata e a criação do Estatuto do sindicato. Com tais documentos, pode-se fazer o
cadastro no Cartório de Pessoas Jurídicas, bem como o registro na Secretaria de
Relações do Trabalho ou no Ministério do Trabalho, para efeito de cadastro. O Cadastro
Nacional de Entidades Sindicais – CNES averigua a “unicidade sindical”.
1
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 2ª ed. São Paulo, Ltr, 2003, p. 1294.
2
DELGADO, Maurício Godinho, Introdução ao direito do trabalho. 3ª ed.: São Paulo: Ltr, 2001, p.
195.
A autonomia coletiva terá natureza pública nos regimes em que o Estado controla
totalmente o sindicato ou então este exerce atividade delegada de interesse público,
como os regimes corporativistas e, no Brasil, até a vigência da Emenda Constitucional
nº 1, de 1969.
Nos verdadeiros regimes democráticos e pluralistas, a autonomia coletiva é
privada.
No Brasil a autonomia coletiva também é privada a partir da Constituição de 1988,
pois o Estado não interfere ou intervém no sindicato e este não mais exerce atividade
estatal delegada de interesse público, embora ainda exista a unicidade sindical.”
A respeito, Maurício Godinho Delgado, ao discorrer sobre o tema, esclarece que o
princípio da autonomia sindical sempre sofreu graves restrições na história jurídica e
política brasileira, culminando por informar que somente a partir da Carta Magna de
1988 é que teria sentido sustentar-se que o princípio autonomista ganhou corpo na
ordem jurídica do País, já que a nova Constituição eliminou o controle político-
administrativo do Estado sobre a estrutura dos sindicatos, quer quanto à sua criação,
quer quanto à sua gestão (art. 8º, I), além de haver alargado as prerrogativas de atuação
dessas entidades, seja na negociação coletiva (art. 8º, VI, e 7º, XXVI), como também
pela amplitude assegurada pelo direito de greve (art. 9º).
Na verdade, mais do que isso: direito de pleitear, administrativamente e
judicialmente, a observância dos direitos de seus associados. Esta liberdade sindical,
hoje conferida aos entes sindicais, é traduzida em autonomia privada, que pode ser
individual ou coletiva. A primeira (individual) se refere às regras jurídicas aplicadas às
próprias partes interessadas, como acontece no contrato de trabalho. A segunda
(coletiva) pode ser regida pelos contratos, convenções e acordos coletivos, que incidirão
sobre os contratos de trabalho, buscando, assim, o interesse do grupo, sendo o titular da
autonomia o sindicato.
Portanto, o direito do trabalho admite o chamado princípio da autonomia
coletiva, já que reconhece como legítimas as normas jurídicas elaboradas pelos
trabalhadores, empregadores e suas entidades sindicais. Normas, essas, que emanam das
negociações coletivas, em cujo fim é formalizado um documento escrito, chamado de
acordo coletivo de trabalho, em caso de empresa; ou convenção coletiva de trabalho, em
caso de categoria; ou contrato coletivo de trabalho, se for de âmbito nacional ou
interprofissional.
A restrição a estas normas se dará apenas quando as referidas convenções e
acordos coletivos contrariarem a Lei.
O sindicato, como se sabe, é pessoa jurídica de direito privado, possuindo, como
prerrogativas básicas, a representação da categoria, o desenvolvimento de negociação, a
arrecadação das contribuições, a prestação de assistência de natureza jurídica e a
possibilidade de demandar em juízo em nome de seus representados.
“Prevê o art. 444 da CLT que as relações contratuais de trabalho podem ser objeto
de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às
disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e
às decisões das autoridades competentes. Isso significa que existem limites à autonomia
privada individual na contratação, isto é, os ajustes entre empregado e empregador estão
limitados pela norma coletiva, pela autonomia privada coletiva.”
E, mais adiante:
“Na autonomia privada coletiva, o sindicato não vai criar direito estatal, mas
normas jurídicas decorrentes de sua autonomia, que dirão respeito, por exemplo, a
condições de trabalho aplicáveis à categoria de empregados e empregadores envolvida,
a normas previstas no estatuto regulando o funcionamento do sindicato e a conduta dos
associados.
Na maioria das vezes são criadas normas não previstas em lei, que acabam
complementando as segundas.
A autonomia privada coletiva tem dois aspectos: o objetivo e o subjetivo. Do
ponto de vista subjetivo, a autonomia privada coletiva diz respeito a uma coletividade
de pessoas, que têm um mesmo interesse a ser defendido. O aspecto objetivo da
autonomia privada coletiva é o próprio ordenamento sindical ou a particularidade desse
ordenamento, que começa com o estatuto do sindicato, que é um ordenamento
diferenciado em relação a outras entidades de fato, em que são fixadas as normas para a
vida associativa.”
Portanto, se determinada categoria pactuou, mediante instrumentos normativos,
sem a existência de lei que a proíba, não há como desconsiderar tal pacto.
Diz-nos a Carta Magna:
“Art. 7º. São direitos dos trabalhadores, urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
..........................................................................................................................................
VI – irredutibilidade de salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
..........................................................................................................................................
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo
ou convenção coletiva de trabalho;
..........................................................................................................................................
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de
revezamento,
salvo negociação coletiva;
.........................................................................................................................................
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho.”
Desse modo, vemos que são várias as hipóteses que dão prioridade à autonomia de
vontade, autorizando, assim, que, mediante instrumentos normativos, as partes
convenentes estabeleçam condições específicas de trabalho.
3
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. P. 16.
4
SANTOS, Ronaldo Limas dos. Teoria das normas coletivas. 2. ed. São Paulo: LTr, 2009. p. 144
estatais. Com o reconhecimento pelo Estado, a autonomia privada coletiva apenas
ganhou objetividade, como instituto jurídico, e maior expressão jurídico-formal”5.
Diante disso, resta coerente a concepção da autonomia privada não como um
poder derivado do Estado exercido por meio de um processo de delegação, mas a de um
poder originário, até mesmo antecedente ao Estado, que o reconhece e aos seus efeitos
jurídicos.
Destarte, entendida a autonomia privada coletiva como fato social que surge e se
desenvolve historicamente, até atingir o ponto de importância que motiva o seu
reconhecimento pelo Estado como a possibilidade de entidade social criar normas de
obediência obrigatória pelos membros dessa coletividade, cumpre então adentrar no
instrumento principal de concretização da autonomia privada coletiva, qual seja, a
Convenção Coletiva de Trabalho.