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Palavras-Chave
Radamés Gnattali, Heitor Villa-Lobos, concerto, violão, 1951
Keywords
Radamés Gnattali, Heitor Villa-Lobos, concerto, guitar, 1951
também compartilham de uma orquestração incrivelmente revista “Guitar and Lute”, há evidência de que Mercadal tocou
similar: este concerto pelo menos duas vezes: a estréia em 1953 e com
a Orquestra da Philadelphia em 1971 (IRVINE, 1982, p.26).
Villa-Lobos Gnattali Ainda em 1951 Gnattali começaria a escrever o seu
• Flauta • Flauta “Concertino n.2 para Violão e Orquestra”, dedicando-o ao seu
• Oboé • Oboé amigo e colega Annibal Agusto Sardinha, mais conhecido
• Clarinete • Clarinete como Garoto. A orquestração é praticamente a mesma do
• Fagote • Clarone “Concertino n.1”:
• Trompa • Fagote
• Flauta (piccolo)
• Trombone • Trompa
• Oboé
• Violino • Violino
• Clarinete
• Viola • Viola
• Clarone
• Violoncelo • Violoncelo
• Fagote
• Contrabaixo • Contrabaixo • Trompa
• Triângulo • Violino
• Tímpanos
• Viola
• Violoncelo
Apesar da manifesta coincidência e do fato que ambos os
• Contrabaixo
compositores residiam então na mesma cidade, o Rio de
• Tímpanos
Janeiro, segundo o maestro Alceo Bocchino aparentemente
eles não eram próximos o suficiente para trocar idéias sobre
Completado em fevereiro de 1952, conforme consta no
projetos profissionais.3
manuscrito, a primeira audição deu-se na Rádio Nacional
Originalmente intitulado “Fantasia Concertante para Violão
onde ambos Gnattali e Garoto trabalhavam na época, com
e Pequena Orquestra”, conforme consta no manuscrito, o
Garoto como solista e o compositor regendo a orquestra da
concerto de Villa-Lobos foi escrito em 1951 e dedicado a
rádio. Porém, a estréia oficial aconteceu no dia 31 de março
Segovia. No entanto, a “Fantasia” não venceu as expectativas de 1953 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com Garoto
de Segovia e sua insatisfação levou-o a uma insistente como solista e a Orquestra do Teatro Municipal sob a direção
campanha para convencer o compositor a acrescentar uma
de, mais uma vez, Eleazar de Carvalho. Curiosamente, o
cadência que, de acordo com o juízo de ambos, justificaria
“Concertino n.2” foi estreado exatamente dois meses antes do
então a mudança do título para “Concerto” (BÉHAGUE, 1994,
“Concertino n.1”, marcando a primeira audição de um
p.142). Exceto pela inserção desta cadência entre o segundo e
concerto para violão de um compositor brasileiro. O motivo
terceiro movimentos, Villa-Lobos em nada alterou a obra.
que deu vazão a esta obra foi bastante informal. Segundo
Finalmente a estréia deu-se no dia 6 de fevereiro de 1956 nos
Gnattali, um dia a esposa de Garoto lhe disse que o sonho de
Estados Unidos com Segovia como solista e o compositor
seu marido era tocar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
regendo a Orquestra Sinfônica de Houston.4 De acordo com
Vale lembrar que naquela época o Rio ainda era a capital do
os arquivos do Museu Villa-Lobos, o “Concerto para Violão e
país e o Municipal se instituía como uma espécie de santuário
Pequena Orquestra” foi tocado pela primeira vez no Brasil da música clássica. De acordo com os registros do teatro, até
cinco anos mais tarde, no dia 20 de novembro de 1961, tendo então somente três violonistas haviam se apresentado lá:
Maria Lívia São Marcos como solista e a Orquestra de
Regino Sainz de la Maza (1929); Andrés Segovia
Câmara da Rádio MEC sob a regência do maestro Alceo
(1937/1942/1947); e Olga Praguer Coelho
Bocchino. Este acontecimento foi parte de uma homenagem
(1938/1947/1952/1953). Assim, como prova da admiração de
aos dois anos da morte de Villa-Lobos e o programa incluía
Gnattali, o “Concertino n.2” foi de certa forma um convite
somente obras de sua autoria: “Suíte para Quinteto Duplo de
que permitia a Garoto o acesso ao palco do Municipal.
Cordas”; “Ciranda das Sete Notas”; “Bachianas n.9”; o
Conforme observado por Gennady Zalkowitsch:
“Concerto” para violão; e o “Prelúdio” da “Bachianas n.4”.
Quando Segovia estreou o concerto de Villa-Lobos, A aparente irreverência de Gnattali de colocar um violonista
Gnattali já tinha tido seus dois primeiros concertos para violão popular à frente de uma orquestra sinfônica no sagrado Teatro
Municipal no Rio foi simplesmente uma extensão de sua
executados no Brasil. O “Concertino n.1 para Violão e atitude com relação à música em geral: ou o músico era bom o
Orquestra” de Gnattali foi composto em 1951 e dedicado à suficiente para dar concertos ou não era.
Maria Teresa Teran e ao violonista cubano Juan Antonio
Mercadal.5 A estréia deu-se no dia 31 de maio de 1953 no Rio Um ano antes de escrever seu “Concertino n.1” Gnattali
de Janeiro, no Cine Teatro Rex, com Mercadal como solista e compõe uma obra de proporções audaciosas, o “Concerto
a Orquestra Sinfônica Brasileira dirigida por Eleazar de Carioca n.1 para Piano, Violão Elétrico e Orquestra”.6 Escrito
Carvalho. Este concerto fez parte de uma programação em 1950 e dedicado ao violonista Laurindo Almeida, este
chamada “Série Concertos para a Juventude Escolar”. O concerto traz em seus quatro movimentos (Marcha-Rancho,
programa incluía “Scheherazade”, de Rimsky-Korsakov; Canção, Valsa e Samba) uma mistura de elementos
“Concertino n.1” de Radamés Gnattali; e o “Prelúdio” do absolutamente distintos: uma orquestra sinfônica acrescida de
terceiro ato da ópera “Lohengrin”, de Wagner. Foi nesta uma seção de metais típica de uma big band e um
ocasião que pela primeira vez um violonista se apresentou instrumentário de percussão que normalmente só se encontra
junto à Orquestra Sinfônica Brasileira, um marco importante em uma bateria de escola de samba. É um exemplo de
para a história do violão no Brasil. Em uma entrevista na equilíbrio em uma formação instrumental inteiramente nova,