Sei sulla pagina 1di 3

235

Rio, 1951: o Primeiro Concerto Brasileiro para Violão e Orquestra


Luciano Chagas Lima

limaguitar@gmail.com
Palavras-Chave
Radamés Gnattali, Heitor Villa-Lobos, concerto, violão, 1951
Keywords
Radamés Gnattali, Heitor Villa-Lobos, concerto, guitar, 1951

identificá-lo com o círculo da música tida como séria. E um


RESUMO destes indicadores de estilo de maior impacto era justamente a
O ano de 1951 concentra o surgimento de duas obras fundamentais força da música orquestral.
na história do violão brasileiro, os concertos para violão de Heitor Na primeira metade do século XX as grandes obras para
Villa-Lobos (1887 – 1959) e Radamés Gnattali (1906 – 1988). Neste violão na Europa eram praticamente todas escritas para o
artigo será discutido em detalhe o contexto em que cada obra foi violonista espanhol Andrés Segovia que, nos idos dos anos
concebida bem como a inclusão do violão em dois outros concertos 1950, já gozava de uma sólida carreira internacional. No
de Gnattali. Relacionadas ao enfoque do estudo, serão também Brasil, entretanto, a situação do violão era mais delicada:
abordadas considerações sobre a posição do violão no cenário como os solistas mais expressivos da época tinham raízes na
musical da época. tradição da música popular, seria no mínimo um atrevimento
imaginá-los à frente de uma orquestra sinfônica. Ao mesmo
ABSTRACT tempo não poderia haver melhor oportunidade para se impor
The year of 1951 marks the appearance of two major works in the no contexto da música de concerto do que figurar como solista
history of Brazilian guitar, the guitar concertos of Heitor Villa-Lobos com uma orquestra. E foi exatamente desta forma que o
(1887 – 1959) and Radamés Gnattali (1906 – 1988). This essay will violão conseguiu transpor algumas das barreiras legadas pela
discuss the context in which each work was conceived as well as the pecha de instrumento marginal.
inclusion of the guitar in two other concertos by Gnattali. Related to
the focus of this study, considerations about the position of the guitar II. PRIMEIROS CONCERTOS PARA
in the musical scenario of the time will be examined.
VIOLÃO DO SÉCULO XX
De acordo com o pesquisador Matanya Ophee, o primeiro
I. INTRODUÇÃO concerto para violão e orquestra do século XX foi escrito em
“Para nós brasileiros o violão tinha que ser o instrumento 1930 pelo compositor mexicano Rafael Adame. Intitulado
nacional, racial” (BANDEIRA, 1966, p.94). Assim declarou o “Concierto Clásico” (sic), foi estreado pelo próprio
poeta Manuel Bandeira em um artigo de 1924. 1 Mas compositor no dia 19 de julho de 1930. A importância
dificilmente isto poderia se concretizar em uma época em que histórica desta obra é que ela precede por nove anos dois dos
o ambiente da música de concerto favorecia um gosto mais emblemáticos concertos para violão do século XX: o
essencialmente europeu e o piano naturalmente representava “Concerto em Ré Op.99” do compositor italiano Mario
um símbolo de status na elite brasileira. Durante muito tempo Castelnuovo-Tedesco escrito para Andrés Segovia, e o célebre
houve “uma certa prevenção contra o violão por carregar a “Concierto de Aranjuez” do compositor espanhol Joaquín
fama de instrumento refece, alcoviteiro e cúmplice da gandaia Rodrigo, dedicado ao seu compatriota Regino Sainz de la
em noitadas de sedução. Era, tipicamente, o instrumento Maza. Poucos anos depois outro compositor mexicano,
mauvais sujet” (BANDEIRA, 1966, p.94). Mas, assim como Manuel Maria Ponce, escreveria mais um concerto para violão,
podia ser encontrado nas ruas também estava presente nas o “Concierto del Sur”, composto em 1941 e também dedicado
casas de famílias respeitáveis. Segundo Reily, “a posição a Segovia.
intermediária do violão na hierarquia da sociedade brasileira o
colocou no centro de uma encruzilhada de tensões geradas por III. RIO, 1951
duas forças opostas de sincretismo e segregação” (REILY,
2001, p.158). Desde os guetos do choro e do samba onde Andrés Segovia e Heitor Villa-Lobos se conheceram no
representa o papel de instrumento acompanhador até o início da década de 1920 em Paris, e a colaboração que
universo do concertista, o violão torna-se um canal que mantiveram desde este encontro resultou em obras seminais
permite um acesso privilegiado a estas diferenças marcantes. que definiram o perfil do violão moderno. E foi a partir de um
Porém, o violão precisou ser “reabilitado” pela visita de pedido do violonista espanhol que Villa-Lobos compôs o
músicos estrangeiros, “os quais vieram revelar aos nossos “Concerto para Violão e Pequena Orquestra”, sua última obra
amadores todos os recursos e a verdadeira escola dos grandes para violão. Nesta época Villa-Lobos já estava de volta ao
virtuoses de Espanha” (BANDEIRA, 1966, p.95).2 Dentro do Brasil onde outro compositor começava a escrever um novo
mesmo espírito de reabilitação, o violão dependia capítulo na história do violão brasileiro, Radamés Gnattali.
invariavelmente de um referencial externo para conquistar a Ambos os concertos para violão de Villa-Lobos e Gnattali
aprovação local, seja pela presença de solistas de renome trazem a mesma inscrição na partitura: Rio, 1951. Além disso,
internacional ou através de parâmetros que pudessem

XIX Congresso da ANPPOM ÐCuritiba, Agosto de 2009 ÐDeArtes, UFPR


236

também compartilham de uma orquestração incrivelmente revista “Guitar and Lute”, há evidência de que Mercadal tocou
similar: este concerto pelo menos duas vezes: a estréia em 1953 e com
a Orquestra da Philadelphia em 1971 (IRVINE, 1982, p.26).
Villa-Lobos Gnattali Ainda em 1951 Gnattali começaria a escrever o seu
• Flauta • Flauta “Concertino n.2 para Violão e Orquestra”, dedicando-o ao seu
• Oboé • Oboé amigo e colega Annibal Agusto Sardinha, mais conhecido
• Clarinete • Clarinete como Garoto. A orquestração é praticamente a mesma do
• Fagote • Clarone “Concertino n.1”:
• Trompa • Fagote
• Flauta (piccolo)
• Trombone • Trompa
• Oboé
• Violino • Violino
• Clarinete
• Viola • Viola
• Clarone
• Violoncelo • Violoncelo
• Fagote
• Contrabaixo • Contrabaixo • Trompa
• Triângulo • Violino
• Tímpanos
• Viola
• Violoncelo
Apesar da manifesta coincidência e do fato que ambos os
• Contrabaixo
compositores residiam então na mesma cidade, o Rio de
• Tímpanos
Janeiro, segundo o maestro Alceo Bocchino aparentemente
eles não eram próximos o suficiente para trocar idéias sobre
Completado em fevereiro de 1952, conforme consta no
projetos profissionais.3
manuscrito, a primeira audição deu-se na Rádio Nacional
Originalmente intitulado “Fantasia Concertante para Violão
onde ambos Gnattali e Garoto trabalhavam na época, com
e Pequena Orquestra”, conforme consta no manuscrito, o
Garoto como solista e o compositor regendo a orquestra da
concerto de Villa-Lobos foi escrito em 1951 e dedicado a
rádio. Porém, a estréia oficial aconteceu no dia 31 de março
Segovia. No entanto, a “Fantasia” não venceu as expectativas de 1953 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com Garoto
de Segovia e sua insatisfação levou-o a uma insistente como solista e a Orquestra do Teatro Municipal sob a direção
campanha para convencer o compositor a acrescentar uma
de, mais uma vez, Eleazar de Carvalho. Curiosamente, o
cadência que, de acordo com o juízo de ambos, justificaria
“Concertino n.2” foi estreado exatamente dois meses antes do
então a mudança do título para “Concerto” (BÉHAGUE, 1994,
“Concertino n.1”, marcando a primeira audição de um
p.142). Exceto pela inserção desta cadência entre o segundo e
concerto para violão de um compositor brasileiro. O motivo
terceiro movimentos, Villa-Lobos em nada alterou a obra.
que deu vazão a esta obra foi bastante informal. Segundo
Finalmente a estréia deu-se no dia 6 de fevereiro de 1956 nos
Gnattali, um dia a esposa de Garoto lhe disse que o sonho de
Estados Unidos com Segovia como solista e o compositor
seu marido era tocar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
regendo a Orquestra Sinfônica de Houston.4 De acordo com
Vale lembrar que naquela época o Rio ainda era a capital do
os arquivos do Museu Villa-Lobos, o “Concerto para Violão e
país e o Municipal se instituía como uma espécie de santuário
Pequena Orquestra” foi tocado pela primeira vez no Brasil da música clássica. De acordo com os registros do teatro, até
cinco anos mais tarde, no dia 20 de novembro de 1961, tendo então somente três violonistas haviam se apresentado lá:
Maria Lívia São Marcos como solista e a Orquestra de
Regino Sainz de la Maza (1929); Andrés Segovia
Câmara da Rádio MEC sob a regência do maestro Alceo
(1937/1942/1947); e Olga Praguer Coelho
Bocchino. Este acontecimento foi parte de uma homenagem
(1938/1947/1952/1953). Assim, como prova da admiração de
aos dois anos da morte de Villa-Lobos e o programa incluía
Gnattali, o “Concertino n.2” foi de certa forma um convite
somente obras de sua autoria: “Suíte para Quinteto Duplo de
que permitia a Garoto o acesso ao palco do Municipal.
Cordas”; “Ciranda das Sete Notas”; “Bachianas n.9”; o
Conforme observado por Gennady Zalkowitsch:
“Concerto” para violão; e o “Prelúdio” da “Bachianas n.4”.
Quando Segovia estreou o concerto de Villa-Lobos, A aparente irreverência de Gnattali de colocar um violonista
Gnattali já tinha tido seus dois primeiros concertos para violão popular à frente de uma orquestra sinfônica no sagrado Teatro
Municipal no Rio foi simplesmente uma extensão de sua
executados no Brasil. O “Concertino n.1 para Violão e atitude com relação à música em geral: ou o músico era bom o
Orquestra” de Gnattali foi composto em 1951 e dedicado à suficiente para dar concertos ou não era.
Maria Teresa Teran e ao violonista cubano Juan Antonio
Mercadal.5 A estréia deu-se no dia 31 de maio de 1953 no Rio Um ano antes de escrever seu “Concertino n.1” Gnattali
de Janeiro, no Cine Teatro Rex, com Mercadal como solista e compõe uma obra de proporções audaciosas, o “Concerto
a Orquestra Sinfônica Brasileira dirigida por Eleazar de Carioca n.1 para Piano, Violão Elétrico e Orquestra”.6 Escrito
Carvalho. Este concerto fez parte de uma programação em 1950 e dedicado ao violonista Laurindo Almeida, este
chamada “Série Concertos para a Juventude Escolar”. O concerto traz em seus quatro movimentos (Marcha-Rancho,
programa incluía “Scheherazade”, de Rimsky-Korsakov; Canção, Valsa e Samba) uma mistura de elementos
“Concertino n.1” de Radamés Gnattali; e o “Prelúdio” do absolutamente distintos: uma orquestra sinfônica acrescida de
terceiro ato da ópera “Lohengrin”, de Wagner. Foi nesta uma seção de metais típica de uma big band e um
ocasião que pela primeira vez um violonista se apresentou instrumentário de percussão que normalmente só se encontra
junto à Orquestra Sinfônica Brasileira, um marco importante em uma bateria de escola de samba. É um exemplo de
para a história do violão no Brasil. Em uma entrevista na equilíbrio em uma formação instrumental inteiramente nova,

XIX Congresso da ANPPOM ÐCuritiba, Agosto de 2009 ÐDeArtes, UFPR


237

subvertendo um modelo tradicional de concerto com a fusão


de uma multiplicidade de contrastes. Apesar de naquela época
o termo “violão elétrico” se confundir com o que hoje é
conhecido como “guitarra elétrica”, a escrita de Gnattali é
NOTAS
1
indiscutivelmente violonística. Portanto, este concerto duplo Escrito para Ariel – Revista de Cultura Musical foi posteriormente
vem a ser a primeira composição brasileira a integrar o violão publicado como “Literatura de Violão” em “Os Reis Vagabundos e
em um contexto orquestral. A estréia do “Concerto Carioca Mais 50 Crônicas”.
2
n.1”, entretanto, teve que esperar até 1965, quinze anos após Bandeira referia-se ao virtuose paraguaio Agustín Barrios e à
violonista espanhola Josefina Robledo, nomes que transformaram a
sua composição, ano em que também foi gravado por Gnattali,
visão que se tinha do instrumento até então.
José Menezes e a Orquestra Sinfônica Continental sob a 3
Informação obtida em uma entrevista feita em agosto de 2005 com
regência de Henrique Morelenbaum.
o maestro Alceo Bocchino que era amigo e colega de Villa-Lobos e
Gnattali.
4
IV. CONCLUSÃO Não há evidência de que Segovia tenha tocado este concerto outra
vez.
Com relação a um concerto idealizado exclusivamente para 5
Maria Teresa Teran era a esposa do pianista espanhol Tomás Teran
violão solo, seria difícil precisar qual foi o primeiro, se foi o a quem Gnattali dedicou o seu “Concertino n.1 para Piano, Flauta e
de Villa-Lobos ou o de Gnattali, já que ambos datam do Orquestra de Cordas” escrito em 1942.
mesmo ano. Mas, por tecnicalidade, a “Fantasia” de 6
O “n.1” após o título foi incluído posteriormente por motivos
Villa-Lobos só passou a ter a forma acabada do “Concerto” editoriais.
que conhecemos hoje após a adição da cadência. Infelizmente, 7
Trecho extraído do programa “Violão com Fábio Zanon”
não há um registro exato da data de composição da cadência, transmitido pela Rádio Cultura FM de São Paulo em 5 de abril de
mas como observa Ricardo Mello em seu artigo “Concerto 2006.
para violão e pequena orquestra de Heitor Villa-Lobos:
questões de articulação, expressão e dinâmica”, a esposa de REFERÊNCIAS
Villa-Lobos, Mindinha, após assistir a uma apresentação do BANDEIRA, Manuel. Os Reis Vagabundos e Mais 50 Crônicas. Rio
“Concerto para Harpa” de seu marido em 1953, convenceu-se de Janeiro: Editora do Autor, 1966.
de que o violão também merecia uma cadência e teria BARBOSA, Valdinha e Anne Marie Devos. Radamés Gnattali: O
cumprido um importante papel intermediando os insistentes Eterno Experimentador. Rio de Janeiro: Funarte, 1984.
pedidos de Segovia. Com base no exposto, supõe-se que a BÉHAGUE, Gerard. Heitor Villa-Lobos: The Search for Brazil's
cadência tenha sido escrita após esta data. Adicionalmente, o Musical Soul. Austin: University of Texas at Austin, 1994.
primeiro registro atestando a existência da cadência aparece CORREA, Marcio Guedes. Concerto Carioca n.1 de Radamés
Gnattali: A Utilização da Guitarra Elétrica como Solista. 2007.
em uma carta datada de 1955 de Segovia para Villa-Lobos
Dissertação (Mestrado em Música) – Instituto de Artes, UNESP.
onde o violonista espanhol informa que estava preparando a DUDEQUE, Norton Eloy. História do Violão. Curitiba: Ed. UFPR,
“Fantasia com a Cadência”, para que tudo estivesse pronto 1994.
antes do outono. Desta forma, Gnattali pode ser considerado GNATTALI, Radamés. Concertino n. 1 in Three Movements for
então o autor do primeiro concerto brasileiro para violão solo Guitar and Orchestra. Partitura. Sherman Oaks: Brazilliance
e orquestra. Citando o violonista Fábio Zanon: Music Pub., 1951.
__________. Concertino n.2 para Violão e Orquestra. Partitura. Rio
Hoje pode até parecer corriqueiro, mas respeitemos o Gnattali
de Janeiro: manuscrito, 1951.
visionário. Não só é ele um pioneiro do crossover, por investir
IRVINE, Kip. Interview: Juan Mercadal. Guitar and Lute, January, p.
a forma do concerto com a linguagem e a atitude do violão
26-27, 1982.
popular, mas ele foi um pioneiro absoluto do concerto para
MELLO, Ricardo. Concerto para violão e pequena orquestra de
violão e orquestra no Brasil.7
Heitor Villa-Lobos: questões de articulação, expressão e dinâmica.
De seus quatro concertos para violão solo e orquestra, In: XVIII Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e
somente o primeiro Gnattali dedicou a um concertista Pós-Graduação. Salvador: ANPPOM, 2008, p. 280-285.
estrangeiro, sendo os outros três escritos para seus amigos e OPHEE, Matanya. Rafael Adame: Concierto Clásico for Guitar and
colegas da rádio no Rio de Janeiro: Garoto, José Menezes e Orchestra. Editions Orphée. Disponível em:
Laurindo Almeida. Segundo o próprio Gnattali, “eu sempre <http://www.orphee.com/chamber/adame.html> Acesso em 11
abril 2009.
escrevi música para os meus amigos. Quando eu compunha
PEREIRA, Marco. Heitor Villa-Lobos: sua obra para violão. Brasília:
uma peça para violoncelo, era para Iberê (Gomes Grosso) Ed. Musimed, 1984.
tocar. Ele tinha muita bossa, muito jeito para música REILY, Suzel Ana. Hybridity and Segregation in the Guitar Cultures
brasileira” (BARBOSA/DEVOS, 1984, p.65). Assim, por of Brazil. In: Andy Bennett and Kevin Dawe (ed.). Guitar
terem sido concebidos visando o perfil de músicos populares, Cultures. Oxford: Berg, 2001, p. 157-177.
estes concertos revelam um idioma que provém claramente da VILLA-LOBOS, Heitor. Concerto pour Guitare et Petit Orchestre.
tradição do violão solista brasileiro, em contraste com a Partitura. Paris: Max Eschig, 1971.
linhagem mais aristocrática representada por Segovia. ZANON, Fábio. Violão com Fábio Zanon n.14 Radamés Gnattali I.
Rádio Cultura FM de São Paulo: programa transmitido em 5 de
abril de 2006.
ZALKOWITSCH, Gennady Zalkowitsch. Radamés Gnattali, the
Eternal Experimenter. Classical Guitar, v.9, October, p. 18-22,
1990.

XIX Congresso da ANPPOM ÐCuritiba, Agosto de 2009 ÐDeArtes, UFPR

Potrebbero piacerti anche