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CDU 869.0(81)
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Faltou Freio
Crônicas
(Fevereiro de 2001)
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Faltou Freio
Compay y nosotros
(Julho de 2003)
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Faltou Freio
Beletti é a mãe!
craque. Era uma alcunha que ele envergava com orgulho. Hoje,
definitivamente, não temos do que nos orgulhar. Os valores
individuais sofríveis têm um impacto risível no resultado da equipe
- futebol lembremos, é um esporte de equipe, o que significa que a
quantidade de embaixadas que Denilson consegue fazer não implica
em qualquer tipo de vantagem frente aos adversários.
Dá até pra imaginar a decepção, daqui a pouco tempo, do
garoto, todo animado, que volta correndo pra casa e conta ao pai o
que aconteceu lá na sua escolinha de futebol estabelecimento onde
se ensina a jogar bola que, pelo seu caráter de utilidade pública,
deveria receber subsídios governamentais no Brasil. Emocionado,
revela que já está sendo chamado de Beletti, e que seu professor
disse que Beletti havia sido um jogador da seleção.
Ao saber, da boca do seu próprio pai, dos grandes feitos do
tal Beletti o menino volta à escolinha, injuriado, gritando:
- Beletti é a mãe! Beletti é a mãe!
(Julho de 2001)
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Faltou Freio
Paixão nacional?
(Maio de 2001)
Faltou Freio
Fina prosódia
(hamburguer) com uma coca dieta (?) pra fazer uma hora feliz (happy
hour)? E pra evitar mais atraso a gente podia comprar o lanche no
passe-e-pegue?
(Agosto de 2002)
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Faltou Freio
(Setembro de 2001)
Faltou Freio
(Junho de 2001)
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Faltou Freio
O apagão WAP
(Junho de 2001) 45
Faltou Freio
Ême ci o quê?
O Soldado 6362
Há homens que lutam por um dia, e são
importantes. Há homens que lutam por
muitos dias, e são muito importantes. Mas
há aqueles homens que lutam por uma vida
inteira. Esses são os indispensáveis.
Berthold Brecht
Scolarrsson, Buensson,
Ronaldsson e outras frias
embora seja mais do que evidente. Basta olhar para os nomes dos
jogadores que fizeram os gols, por exemplo.
Edilsson, descendente direto da antiga família real islandesa,
enfrentou os temíveis defensores nórdicos com coragem de Hamlet.
Conseguiu driblar reiteradas vezes os eletricistas e pintores que com-
punham a zaga adversária, mostrando sua ótima fase.
Andersson Polgasson, mal-acostumado com os adversários
moscas-mortas que vem enfrentando, chutou as duas bolas mais
estranhas da sua vida. Deu sorte. Tinha pela frente o goleiro mais
estranho da sua vida. Resultado: os dois gols mais estranhos de sua
vida.
Klebersson mostrou contra a Bolívia e contra a Islândia ser
um homem de muita criatividade no meio do campo, muito embora
nessas situações duvido que o velho Val Pilar não mostrasse o mesmo
desempenho.
Gilbertsson Silva, com seu jeito mineiro-islandês, vai
conquistando o carinho do treinador, com um forte abraço a cada
gol. Se depender dos gols que Gilbertsson vai fazer contra França,
Argentina, Inglaterra, Itália ou Alemanha, o técnico Luis Felipsson
Scolarrsson tende a ficar cada vez mais carente.
Kakásson, previamente convocado para a Copa do Mundo
por Galvão Buensson para desempenhar o papel do mascote, do
58 garoto-que-ninguém-é-louco-de-botar-pra-jogar, também deixou a sua
marca. Vai lembrar com orgulho do dia em que conseguiu, após
hercúleo esforço, furar o bloqueio islandês.
Há os titulares absolutos, como Juansson, e os certamente
convocados, como Vampetsson que, na verdade, não deram muita
importância ao amistoso a não ser pelo fato de poder ir até Cuiabá,
dar um rolé com a camisa da seleção.
Duas coisas, porém, permanecem inalteradas: a paixão filial
de Galvão Buensson, que assumiu de vez o cargo de auxiliar técnico,
perito médico e psicólogo da seleção, por Ronaldsson, e o fantasma
de Romárisson, também previamente convocado para o mundial
pela mais insuportável campanha global de que já se teve notícia,
Faltou Freio
(Maio de 2003)
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Faltou Freio
Falta argentinidade
Mulheres no shopping:
dicas práticas de sobrevivência
Parabéns!
Se o amigo está lendo estas mal-traçadas linhas é porque,
certamente, sobreviveu ao período das festas de fim de ano, o que
significa, em última análise, que já aprendeu muito bem a se virar
diante da situação inteiramente adversa de gerenciar a relação entre 69
mulheres e shopping centers, e que já é de qualquer forma um grande
vitorioso.
No entanto é preciso constantemente traçar estratégias de
sobrevivência mais eficientes para que mais os jovens ou os mais
desavisados possam encontrar diretrizes, referências e indicações de
onde possam partir para encarar os desafios e conviver com a dura
realidade da verdadeira história de amor que existe entre as mulheres
e os shopping centers.
Não se pretende, com as singelas considerações a seguir,
esgotar o assunto ou produzir um guia absoluto, conclusivo sobre
esta relação tão delicada, melindrosa e tenra.
Cláudio de Lucena Neto
mulher perceber que você está dando uma opinião apenas para se
livrar mais rápido da tortura, você estará definitivamente perdido.
Além de outra opinião, ela provavelmente passará a procurar por
outro homem.
Conduza mulheres com moderação
Engana-se redondamente quem pretende economizar
tempo e paz de espírito ao levar todas as suas mulheres ao shopping
de uma só vez. É um erro grosseiro, típico de principiantes, que tem
levado diversos homens ao cárcere privado, a crises histéricas e à
maníaco-depressão, durante vários dias.
Os mais experientes já perceberam que, em bandos, a
insegurança e a indecisão, acessórios naturais da mulher, não crescem
em progressão aritmética, mas geométrica elevadas à qüinqua-
gésima potência. Mulheres aparentemente independentes, decididas,
obstinadas e firmes, quando acompanhadas de outras mulheres,
mesmo que de temperamento igualmente desembaraçado, tendem
a ter acessos inesperados e súbitos de dúvidas, de incertezas e de
uma hesitação quimérica que podem lhe deixar encarcerado por
décadas a segui-las pelos infindáveis e entediantes labirintos das lojas.
Portanto, lembre-se: conduza uma e somente uma
mulher ao shopping center de cada vez. Primeiro a mulher, depois a
mãe, a sogra, a filha, a avó, tia, sobrinha, amiga e assim por diante,
desde que nunca mais de uma por vez. Desta forma, a chance de
você atolar ou engarrafar indefinidamente nos corredores será 71
significativamente reduzida.
Redobre a atenção com as cunhadas. Ao utilizar um
homem da família que não é o pai, o irmão ou o delas próprias, é
fácil verificar que elas sentem um prazer todo especial em testar o
seu controle emocional, adoram frustrar suas esperanças de sair vivo
daquele inferno e são praticamente imunes a qualquer tipo de
retaliação posterior.
Equipe-se
Do momento em que uma mulher diz que resolveu sair de
um shopping center até a hora em que você, efetivamente, põe os
Cláudio de Lucena Neto
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Faltou Freio
Ilíada trezeana
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Faltou Freio
Faltou freio
ser muito fácil de se esconder e através do qual ficou muito fácil ata-
car outros defeitos que inegavelmente existem e que o judiciário
vem procurando corrigir em sua estrutura. Mas este mito não resiste
à menor análise ou à menor observação, por menos criteriosa que
seja.
Há diversos mecanismos de controle e de monitoramento
da atividade jurisdicional previstos em lei, há os órgãos de corre-
gedoria, há os Conselhos de Magistratura, há o princípio da publi-
cidade, e nem é necessário um jurista de inteligência tão ilumi-nada
para compreender, invocar e fazer funcionar tais mecanismos.
Mas é preciso, no mínimo, ler e entendê-los. Não é respon-
sável criticar indiscriminadamente sem a exata noção de como funcio-
nam esses dispositivos. Alguém tem que fazer isso e instruir as
lideranças antes de permitir que uma declaração exclusivamente
política sem a mais elementar fundamentação técnico-jurídica cause
o estrago que vem causando.
Se o objetivo da ONU é harmonizar e proporcionar o aperfei-
çoamento das instituições democráticas e das condições econômicas,
sociais, culturais e humanitárias de todos os seus 191 atuais membros,
por que não agendar um programa global de estudo, diagnóstico e
debate destes problemas e das soluções possíveis, que envolva todos
os poderes, de todos os países-membros, que é na verdade o que um
verdadeiro estadista teria sugerido?
Sim, porque, o Brasil está longe de ser o lugar onde os pro- 81
blemas institucionais são os mais graves. Não devemos, é claro, chegar
ao vácuo mental de negar a existência de falhas, de morosidade, de
tortura, de crime organizado no país. Mas também é preciso saber o
que vai ocorrer e que instituições vão controlar a economia iraquiana.
Ainda não se esclareceram satisfatoriamente as condições em que
morreu o Dr. David Kelly, que estava envolvido, na Inglaterra, na
elaboração de um relatório cujas conclusões poderiam ter evitado o
conflito do Iraque. Há criminosos em série por toda a Europa, violên-
cia gratuita e surpreendente vinda de jovens de classe média, emissão
de poluentes e irregularidades fiscais e contábeis em grandes empresas
nos Estados Unidos, ou seja, a rigor, a ONU tem muito trabalho a
fazer para atingir seus objetivos em muitos dos países-membros.
Cláudio de Lucena Neto
O risco da democracia
O mestre encena
Fz o q, neh?
Sem merchan
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Faltou Freio
O apagão da natalidade
Agora que está tudo mais claro - Deus sabe que não quero
fazer nenhum trocadilho - a respeito da crise de recursos energéticos
que o nosso imenso país atravessa, talvez seja a hora de alertar a
nossa população, ainda sob o efeito dos sedativos administrados para
engolir sem dor os cortes e as multas que vêm por aí, e que foram a
melhor saída que o Ministério do Apagão conseguiu encontrar, para
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alguns dos outros problemas decorrentes, dos quais o que posso
vislumbrar com mais nitidez é a desestabilização do controle da
natalidade.
O corte até que poderia ser uma boa saída para continuar a
controlar a natalidade, mas não da forma proposta pelo governo, que
98 propõe o corte somente após os apagões. Corte depois do apagão
consumado... nas palavras do nordestófilo Falcão, é mermo que nada!
(Maio de 2001)
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Faltou Freio
O Império contra-ataca?
Só ele sorri
Para que não pareça que não falo das flores há uma face
deste grupo de atletas que me apraz soberbamente: o sorriso de um
garotocuja inocência, irreverência, dadas as agruras pelas quais
certamente passará, irão se desvanecer dentro em pouco, que Deus
me permita estar errado.
Ainda que assim seja, não importa! Estará lá, imortalizada,
a imagem de um menino em cuja fisionomia é possível ler os
obstáculos que já ultrapassou. Que talvez por isso mesmo, tem no
rosto o prazer de viver. Que sai de suas dificuldades com extrema
criatividade. Que teve a imensa sorte, ao mesmo tempo, de escapar
das ruas e de encontrar a fortuna honesta. Que tem um impressionante
senso de companheirismo e de equipe, incansável em seu ofício, que
conhece como ninguém.
Ele é forte, rico, famoso, sortudo, habilidoso, talentoso,
saudável, disciplinado, criativo, exatamente como todos os seus
colegas de equipe, embora haja entre eles uma diferença vital: ele
sorri! Sorri por razões que todos os outros teriam para sorrir. Mas é
somente ele quem sorri. Não que eles não sintam prazer no que
fazem, mas somente ele sorri com esse prazer. Também não vou
cometer o disparate de supor que eles não tenham orgulho em
defender a pátria, mas esse orgulho só vira sorriso, um sorriso sincero,
franco, no rosto do menino. Embora a fisiologia explique que o
esforço para sorrir é bem menor que o empreendido para chorar, só
ele sorri. Só ele sorri...
Ah, aos outros falta a juventude. Esta, que faz com que
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todos os problemas pareçam distantes, deixando livre o caminho
para que ele possa sorrir, poderiam me dizer. Verdade. Esta poderia
ser a explicação. Pode ser que o tempo o deixe tão amargo quanto
seus companheiros. Mas pode ser também que para esse garoto,
somente para esse, o destino tenha reservado, realmente, o encantador
papel de sorrir. E se assim for, estamos vendo o surgimento de um
grande ídolo que, sorrindo, identifica-se com um povo criativo,
habilidoso, forte, irreverente, solícito, incansável e cheio de esperança.
Um povo que, apesar de tudo, sorri.
(Junho de 2001)
Faltou Freio
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Faltou Freio
O apagão da imoralidade
O Brasil do milhão
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Faltou Freio
Tomaram no Kursk
Vencendo a derrota
tanta simpatia por esse Brasilzão de meu Deus afora; a nova geração
de torcedores aquela que foi às lágrimas, na companhia de seus
pais, crescerá ainda mais apaixonada do que nós.
Triste, sim, mas ninguém sai frustrado, ninguém se sente
derrotado, vencido, abatido ou humilhado quando os seus guerreiros
combatem com coragem, com valentia e com raça, defendendo com
dignidade o time tão querido. São atletas que já estão nos nossos
corações, e ficarão na história do nosso glorioso Galo, para sempre.
No já lendário Amigão onde jogando pela Copa do Brasil é
praticamente invencível, o Galo jogou quatro vezes em 2005, ganhou
quatro vezes, marcou nove gols e sofreu apenas um.
De pênalti.
O time superou o vice-campeão gaúcho, o Campeão
Paulista, um Campeão Brasileiro, e até mesmo o grande Fluminense,
multi-campeão carioca, atual líder da primeira divisão do futebol
brasileiro, vindo de uma seqüência histórica de vitórias, teve-a
interrompida, suou, sofreu e precisou de 20 cobranças de penalidades,
fazendo sua torcida passar por um verdadeiro drama tendo estado,
por 4 vezes, a um pênalti da eliminação para conseguir a muito custo
desclassificar o Treze.
Depois do jogo, por toda a cidade, os torcedores ainda
agitavam bandeiras, confraternizavam, cantavam o orgulho de ser
124 trezeano em reconhecimento pelo grande feito que haviam pre-
senciado.
Não se surpreendam, caros amigos, se esta derrota tiver
sido mais importante do que muitas das grandes vitórias que tivemos.
Aliás, a língua portuguesa, com toda a sua riqueza,
certamente ainda não possui um termo adequado, preciso, para
descrever o sentimento que tomou conta dos torcedores do Treze
depois do último jogo da Copa do Brasil.
Não, meus amigos, tem que haver outra palavra para
descrever o que ocorreu e, se não houver, precisa ser criada.
Faltou Freio
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Faltou Freio
Não conseguir mais ter o mesmo pique para jogar bola por
causa da barriga é até aceitável. Ir à praia de camisa pólo, parecendo
um E.T. constrangido em expor a disforme protuberância abdominal
também é coisa que se supera sem precisar de análise. Dá pra suportar
o cansaço e a falta de ar que se segue a qualquer caminhadinha do
dia-a-dia. 127
Que minha irmã não consiga mais fechar os braços em torno
de mim já é um pouco mais preocupante. Mas presenciar minha
noiva e minha mãe tentando vestir um puff da sala com um abadá
da Timbalada, na esperança que depois disso e só depois disso a
maldita peça carnavalesca caiba em mim é fato que me faz reco-
nhecer que a inelutável hora de perder peso chegou, sob pena de que
cenas tão ou mais ridículas tornem-se um doloroso e caricato
espetáculo diário.
Deve parecer o cúmulo da insensibilidade e do pedantismo
falar em regime em meio a tantas campanhas oficiais e oficiosas
Cláudio de Lucena Neto