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Apresentação

A situação de moradia no Brasil longe de ser um exemplo sobre a igualdade entre as pessoas, na
verdade é uma prova expressa dos problemas que a concentração de renda causa. Entre milhões de
habitantes brasileiros, vêem-se claramente as diferenças de moradias, quando em casos mais graves o
que se encontra é a ausência delas. Enquanto uma pequena porcentagem da população vive em grandes
casas, possuindo vários imóveis, muitos sem nenhuma funcionalidade social; o povo pobre brasileiro
paga aluguéis absurdos, se aglomera em favelas, em locais com altos riscos ambientais, e ocupam
calçadas em busca de um direito humano básico que é a habitação.

Apesar da miséria e opressão que é submetido cotidianamente, o povo luta e resiste de diversas
formas. As ocupações urbanas hoje são provas reais de que o povo não assiste sua miséria quieto e calado.
A luta por moradia levou a articulação de diversos movimentos e organizações Sem Teto. Em Feira de
Santana, o déficit habitacional beira o impressionante número de 50 mil famílias sem casa para morar,
que moram péssimas condições ou que todo mês tem que escolher pagar o aluguel ou comprar comida,
contudo, a luta por moradia se expressa na resistência de suas ocupações urbanas que crescem a cada
ano, exemplificados na Ocupação Araçá Mirim, na Ocupação Caju Mirim e outras.

Dentro desse contexto, torna-se importante buscar estratégias de luta na organização das ocupações,
e na resistência àqueles que se acham os donos dos terrenos e àqueles que invés de fazer a segurança do
povo, auxilia somente a particulares, como a polícia. Cremos que uma possibilidade estratégica se dá
através da educação popular e a criação de espaços de discussão dentro das comunidades.

O Coletivo Quilombo nasceu em 2007, como uma organização de militantes sociais que tem por
definição ser uma coordenação solidária de lutadores e lutadoras do povo que atuam em diversas frentes
de luta. É uma organização de luta pelos direitos da juventude, do povo pobre e da classe trabalhadora,
que tem como objetivo fortalecer, desde uma perspectiva combativa, a organização dos oprimidos.
Firmando cada vez mais os laços de solidariedade de classe e consolidando espaços de Poder Popular
desde baixo.

A maneira que o coletivo inicialmente encontrou de apoiar a luta por moradia em Feira foi através da
construção de um projeto de educação popular. Somos contra uma educação que retira a autonomia dos
sujeitos nos seus processos de aprendizagem, retirar sua autonomia é secundarizar a educação, é torná-
la vazia e sem sentido. Nossa intenção em pensar uma educação construída pelo e para o povo é trocar
experiências através de um processo educativo conjunto, onde os conhecimentos produzidos no
cotidiano pelos sujeitos sem teto possam ser refletidos e sistematizados. Sabemos que alguns indivíduos
não são considerados alfabetizados, por não dominarem convencionalmente os processos de leitura e
escrita, e sabemos também da importância que, enquanto sujeitos em luta, eles possuem em ampliar as
possibilidades de se expressarem.

Além do nosso projeto próprio apresentado neste documento, o Coletivo vê no TOPA, programa do
governo estadual, uma forma de certificar as pessoas participantes do espaço da sala, além do usufruto
dos serviços oferecidos pelo programa, tais quais: materiais escolares, merenda escolar, consultas
oftalmológicas.
Objetivos

O objetivo geral deste projeto é de discutir as aprendizagens construídas no cotidiano pelos moradores
de uma ocupação urbana, e os objetivos específicos são de possibilitar a formação leitora e escritora dos
sujeitos e de apoiar a luta por moradia, construindo coletivamente espaços de discussão e lutas sobre o
tema.

Fundamentação teórica

Para contribuir para a formação leitora e escritora buscamos fundamentar nosso projeto nos escritores
dos educadores Paulo Freire e Emilia Ferreiro.

Em Paulo Freire nos ligamos em sua compreensão de que os sujeitos, que vivenciam as contradições
entre ricos e pobres, sentem os malefícios dessas, podendo, portanto, através dessa percepção construir
processos de ações libertadoras. Isto é, conscientes da exploração e opressão que sofrem diariamente
devido a má distribuição de renda, os sujeitos podem refletir sobre a realidade que vivenciam, e através
dessa reflexão agir e transformar seu cotidiano. Paulo Freire chamou esse processo de reflexão e ação
sobre o cotidiano de práxis.

Se os indivíduos percebem a realidade ao seu redor, se sentem oprimidos e resistem a essa opressão, o
processo de aprendizagem da leitura e escrita deve estar associado à reflexão promovida pelos sujeitos.
A educação e o conhecimento que se produz só ganham importância, quando os educandos são capazes
de se reconhecerem naquilo que estudam. Para isso, segundo Freire, é necessário conhecer o povo,
aprender e estar próximo a ele; somente através das experiências e diálogos compartilhados entre
educadores e educandos que a educação se torna um instrumento para transformação.

Assim como Freire Emilia Ferreiro vê inteligência e lógica no povo. Todos sabem alguma coisa, mesmo
não dominando a escrita e leitura formal. Os estudos de Ferreiro centram na compreensão que os
sujeitos não alfabetizados possuem da leitura e da escrita, quer dizer, ela descobriu que os sujeitos
possuem questões sobre esses processos: o que é escrita? Como ela se organiza?

No processo de aprendizado, ao considerar a formação das palavras, o sujeito, que aprende, cria
hipóteses para entender como a escrita se organiza. Essas hipóteses são criadas no momento em que o
sujeito perante a escrita passa por conflitos e se questiona sobre como escrever ou ler algo.

Na associação dos estudos de Freire e Ferreiro, vemos assim uma necessidade de dar significado ao que
se aprende, por isso a importância de se considerar a realidade dos educandos; consideramos que todas
as pessoas sabem algo e que isso precisa ser explorado e compartilhado no processo; e que os conflitos
que queremos gerar levem os sujeitos que aprendem a refletir não só sobre a escrita, mas sobre o
cotidiano que possuem, e como construir possibilidades de transformá-lo.

Metodologia e Investigação

1° momento

Será apresentado esse projeto as ocupações, e definiremos o que seria a investigação e pra quê ela
serviria. Já que consideramos a realidade daqueles que aprendem como algo importante no processo de
alfabetização, é necessário que os responsáveis em viabilizar as aulas conheçam as pessoas com quem
irão trabalhar, e como elas vivem, trabalham, pensam.

O momento da investigação inicial seria feito através de visitas e conversas informais com as pessoas da
comunidade, dentro do tempo disponibilizado por elas. Nessas visitas serão observados momentos de
interação desses sujeitos com suas realidades através de reuniões, atividades de lazer, relações de
trabalho, relações entre os companheiros, responsáveis e crianças.

Membros da comunidade estarão livres para ajudar e participar desse processo investigativo,
demonstrando assim o que eles consideram mais significativo no seu espaço de vivência.

2° momento

Após o processo de investigação, os dados colhidos serão avaliados e considerados para que então um
retrato da realidade da comunidade possa ser feito, e através desse possa-se criar o programa de estudo,
do andamento das aulas, atos que se refletem nos passos seguintes.

3° momento

Codificação: Processo em que a realidade descoberta através do processo investigativo é questionada e


apresentada aos membros da comunidade.

4° momento

Decodificação: Quando diante da realidade conhecida, os sujeitos refletem sobre ela, descobrem se
sentem satisfeitos com a mesma, e chegam a conclusão sobre a necessidade de sua transformação ou não,
e o que podem fazer para tal. É o estágio onde, os indivíduos passam a analisar criticamente seu cotidiano.

5° momento

Organização e planejamento dos temas geradores: Depois de descobrir o que é importante para eles e
para a comunidade, as aulas passam a ser organizadas através dos temas geradores, que são temas
essenciais para a discussão crítica da realidade vivida que se quer transformar. Os processos de leitura e
escrita são intercalados e direcionados por esses temas geradores e, em menor grau, as palavras
geradoras.

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