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Outrossim, sabemos que o papel das instituições de justiça, isto é, o objetivo das
pessoas que trabalham com a justiça, como advogados, promotores e juízes, em suma, o
judiciário, é fazer com que a justiça seja feita: que todos os fatos possam ser apurados
para que o julgamento possa ser o mais justo possível. Se os fatos e as evidências não
puderem, por alguma razão, vir à tona para serem analisadas e julgadas, a justiça poderá
errar.
Entretanto, para que os fatos sejam apurados com rigor, é necessário que a verdade seja
exposta. A verdade seria composta pelo conjunto de fatos e evidências que são
relevantes para o caso que será julgado.
Sabemos, contudo, que não há um comprometimento formal, nem legal, dos advogados
em mostrar todas as evidências que venham a possuir quando do contacto com seus
clientes, principalmente se estas evidências, ou fatos, vão contra o objetivo de seus
clientes. Atualmente, não existe comprometimento formal para com a justiça que
obrigue os advogados a mostrarem os fatos e as evidências que saibam, ou venham a
saber, e que possam incriminar seus clientes, mesmo se estes fatos e evidências forem
cruciais para a sentença judicial. Nenhum advogado vai ser responsabilizado
criminalmente se omitir provas que poderiam incriminar seu cliente. Tal possibilidade
existe e é, atualmente, amparada pela justiça: nenhum advogado pode ser incriminado
por defender um réu de quem ele tem provas e sabe que poderiam incriminá-lo.
Este erro ético e judiciário, essa falha da justiça, precisa ser corrigida, pois além de
impedir que a justiça possa obter todos os dados para um julgamento justo, promove a
criminalidade, pois aumenta a possibilidade de que criminosos, por falta de evidências
ou provas conscientemente omitidas, sejam absolvidos.
Se houver uma mudança nas leis, de forma a obrigar os advogados a expor todos os
dados e evidências que ele conhece, mesmo que contra seus clientes, e desde que sejam
relevantes ao julgamento, para que sejam apreciadas pelo jurado e pelo juiz, teremos um
processo mais transparente, mais justo e também mais ético, já que por este princípio, é
necessário que todos, principalmente os advogados de defesa, sejam obrigados a expor a
verdade mesmo que essa verdade possa, eventualmente, ir contra seus clientes. Essa
alteração na justiça também evitaria que os advogados trabalhassem contra sua índole
de justiça, pois não seriam mais obrigados a defender a qualquer custo, mesmo com
prejuízo moral e emocional, seus clientes criminosos. Dessa forma, os advogados, não
sendo mais obrigados a, eventualmente, tornarem-se “semi-cúmplices” de seus clientes
criminosos, ficariam em paz com suas consciências, saberiam que seu principal dever é
com a justiça, e só depois dela, seus clientes.
Claro que, da mesma forma, a promotoria, o ministério público e a polícia, também
teriam a obrigação legal de mostrar, caso tenham conhecimento, as evidências que
poderiam inocentar o réu. Não é porque a função da promotoria seja incriminar o réu
que ela poderia omitir provas e evidências que inocentem o réu. Não se trata de um
jogo cujo objetivo é ganhar, e sim se fazer justiça, e nessa empreitada todos deveriam
estar empenhados, inclusive a própria justiça, alterando as leis que forem necessárias
visando este objetivo.
Desde o advento da “Ciência Expandida” [2] sabemos que é impossível até mesmo
refutar uma teoria como pensava Popper. Então tudo indicava para uma visão mais
abrangente e menos incerta do universo, tal incerteza deve abranger nossas observações.
Baseado nestas conclusões eu irei propor um princípio, que eu chamei de “Princípio da
Incerteza Filosófico”, ou simplesmente PIF, que estabelece o seguinte:
Provavelmente muitos já tiveram esta mesma idéia, mas não a formalizaram, pois desde
o advento do conceito de “Solipsismo” [3], sabemos que é impossível provar que
qualquer coisa que seja possa ser, de fato, realidade. E pior do que isso, até mesmo o
próprio Solipsismo pode ser uma ilusão, uma vez que o “eu” que percebe pode também
não ser real como foi mostrado em “Penso, logo existe!” [4]. Ou seja, o próprio “ser”,
que observa, pensa, e sente pode não existir fora de outro nível de interpretação.
Além disso, e o mais importante, é que mesmo que tomemos a nossa própria realidade
como sendo real, isto é, que existe independentemente de qualquer interpretação de um
nível superior, como é suposto pela ciência, ainda assim teremos problemas: Ainda
assim não poderemos tomar nenhuma observação como sendo real. Para entendermos
isso, vamos roubar o exemplo da “caixa de sapatos” do ensaio sobre “Ciência
Expandida” [2]:
Suponha que estamos andando pela rua e observamos uma caixa de sapatos com um
tijolo dentro dela. Podemos concluir de nossa observação que o que vemos é uma caixa
de sapatos com um tijolo? Infelizmente a resposta é não, pois em princípio, poderia
ocorrer uma das seguintes situações - de infinitas possíveis - quando se observa um
tijolo sendo que não é um tijolo: