Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
0.1 Préfacio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1 Grupos Topológicos 5
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 O Conceito de Grupo Topológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Homogeneidade de Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4 Bases e Vizinhanças da identidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.5 Axiomas de Separação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.6 Metrizabilidade em Grupos Topológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.7 Subgrupos Topológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.8 Grupos Quocientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.9 Conexidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.10 Compacidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4 A Medida de Haar 33
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.3 Existência de um funcional Invariante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4.4 Unicidade da Integral de Haar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.5 Grupos Unimodulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.6 Exemplos e Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4 SUMÁRIO
Referências Bibliográficas 47
0.1 Préfacio
Esta versão é parcial, e portanto poderá conter diversos erros.
Capı́tulo 1
Grupos Topológicos
1.1 Introdução
Espaços com estruturas álgebrico-topológicas sempre possuiram um papel central nos estudos
da matemática. O exemplo clássico disso está no corpo dos números reais ou no grupo multipli-
cativo formado por sua parte positiva, ambos munidos com a topologial habitual. Matemáticos
como Kronecker, Cauchy, Bolzano, Weierstrass, Cantor e Dedekind demonstraram profundo
interesse em estudar as diferenças entre as estruturas álgébricas e algébrico-topológicas de di-
versos conjuntos.
Somente com a definição mais abstrata de espaço topológico - com a qual trabalhamos
atualmente - foi que esses conceitos foram melhor entendidos, embora diversos resultados nessa
direção já tinham sido estabelecidos vinte anos antes dela ter aparecido.
Entretanto, a definição de espaço topológico foi tão bem sucedida, deixando claro as dife-
renças conceituais e as aplicações dessas estruturas, que tornou-se um problema nada trivial
dar uma boa definição relacionando conceitos algébricos, como o de grupo, com a estrutura
de espaço topológico. Tanto é verdade, que a maior motivação para a definição de grupo to-
pológico, na forma como conhecemos hoje, veio da Geometria, durante o estudo de grupos de
transformações.
Por esse motivo, Sophus Lie, é considerado um dos precursores da teoria de Grupos To-
pológicos, quando estudou o que chamamos hoje de grupos de transformações analı́ticos finitos
(que dependem de um número finito de parâmetros). Este são determinados por um sistema
de transformações deriváveis à valores complexos:
de Lie com a Analysis situs,1 e que na época representava um novo ramo da matemática.
A série de trabalhos desenvolvidos por Lie fez com que houvesse um interesse por um estudo
de grupos topológicos mais gerais. No que tangia a teoria axiomatica de Lie, David Hilbert
afirmou que a imposição das condições de diferenciabilidade não se justificava, pois além de
considerar a hipótese muito restritiva, tornava a argumentação mais complicada, de forma
oposta ao que acontece com a continuidade.
Durante o ano de 1900, a teoria dos grupos topológicos ganhou fundamental importância
no cenário da pesquisa matemática, quando Hilbert formulou o seu “quinto problema” relativo
a grupos topológicos localmente euclidianos. Ele colocou a questão do quão problemático
seria retirar a hipótese de diferenciabilidade dos Grupos Analı́ticos. Com a linguagem atual
o problema pode ser formulado da seguinte maneira: sob que condições um grupo localmente
euclidiano é um Grupo de Lie?
Esse problema foi resolvido em 1952, por Gleason, Montgomery e Zippin, afirmando que
todo grupo localmente euclidiano é um Grupo de Lie. Nos poucos mais de cinqüenta anos da
formulação do quinto problema, muito se desenvolveu na teoria de grupos topológicos. Uma
das conjecturas formuladas durante esse perı́odo foi a existência de uma integral invariante
sobre um grupo topológico. A existência de tal medida já era conhecida por Sophus Lie para
o caso de grupos analı́ticos. Hoje já conhecemos a Integral de Haar para grupos localmente
compactos.
Em 1933, Haar 2 considerou um grupo topológico métrico separável e localmente compacto.
Referindo-se a Schreire e E. Cartan, Haar definiu a continuidade em um grupo exigindo apenas
que se duas sequências formadas por elementos do grupo são convergentes, então o limite da
sequência formada pelo produto (operação de grupo) termo a termo é convergente, e converge
para o produto dos limites.
Entretanto, é von Neumann a quem se deve atribuir o mérito de abrir o horizonte para
diversos problemas na teoria de grupos de transformações, pois percebeu que não apenas, a
estrutura do grupo desempenhava um papel principal na teoria de grupos topológicos, mas
também a ação no mesmo. Ele abordou o quinto problema de Hilbert, examinando a ação de
um grupo de transformações G sobre uma variedade M, no caso particular em que G=M. von
Neumann considerava um grupo topológico como um grupo algébrico munido de uma topologia
Hausdorff na qual as operações de multiplicação e inversão de grupo eram contı́nuas.
Em 1934, Pontrjagin publicou seus primeiros resultados sobre a estrutura de grupos to-
pológicos abelianos 3 . Em 1938, Pontryjagin publicou 4 o primeiro livro a respeito da teoria de
grupos topológicos, deixando claro que para a investigação de numerosos problemas, não era
necessário considerar os grupos de transformações, mas apenas estudar a estrutura intrı́nseca
do grupos munidos de uma topologia que tornassem contı́nuas as operações fundamentais de
grupo.
1
Poincaré, Henri. Dernieres pensées. Flammarion, Paris, 1920
2
Haar, Der Massbegriff in der Theorie der Kontinuierlichen Gruppen Annals of Math. (1933)
3
Pontryjagin, L. Sur les groupes abéliens continus, C. R. Acad. Sci. Paris, 198, 328-330 (1934)
4
Pontrjagin, Topologische Gruppen.
1.2 O Conceito de Grupo Topológico 7
são contı́nuas.
É bem razoável esperar que a nossa definição de Grupo Topológico englobe o corpo dos
números reais munido da operação de adição com a topologia habitual e o grupo dos números
reais positivos munidos com a topologia habitual. A fim de tornar mais claro a definição acima,
observemos dois pontos: Ambos os espaços topológicos são metrizáveis - ou mais geralmente,
satisfazem o primeiro axioma de enurabilidade - e dessa forma podemos caracterizar a conti-
nuidade de funções nesses espaços por meio de sequências convergentes. Também é um fato
conhecido dos cursos de cálculo elementar as propriedades de que o limite do produto (da soma)
de sequências convergentes é o produto (a soma) dos limites.
Observações:
(a) Usaremos a notação do produto para indicar a lei que associa cada dois elementos do
grupo. Entretanto, salvo menção em contrário, todos os resultados das próximas seções
serão válidos para grupos munidos das operações de adição, composição, etc. Além disso,
vamos frequentemnte omitir o sinal • e escrever simplesmente xy para indicar o resultado
da operação entre dois elementos do grupo.
(b) É fácil mostrar que as condições (i) e (ii) são satisfeitas se, e somente se, a operação
(x, y) ∈ G × G 7−→ x • y −1 é contı́nua.
(c) É claro que todo grupo algébrico munido com a topologia discreta é um grupo topológico,
pois esta torna todas as funções contı́nuas, em particular, as dadas pela definição acima.
Seja x ∈ H. Considere U vizinhança para x−1 . PorT(ii) temos que existe vizinhança V de
x tal que x−1 ∈ V −1 ⊂ U . Como x ∈ H, existe z ∈ H V . Logo, z −1 ∈ H ∩ U , e finalmente,
x−1 ∈ H.
Seja V um aberto contendo ax. Por (i) temos que existe U e W, vizinhanças de a e x,
respectivamente, tais que ax ∈ U W ⊂ V , e portanto, x 7−→ ax é contı́nua.
Antes de demonstrar este teorema convém observar que o grupo G não precisa ser abeliano,
logo AB = BA não se verifica em geral. Além disso, a hipótese de compacidade no item (iii) é
fundamental.
Considere o grupo (Z, +) munido da topologia de subespaço da reta real. Z é fechado, pois
é discreto. Como x ∈ G 7−→ ax ∈ G é homeomorfismo, fixado rinRQ temos que rZ também
é fechado. Entretanto, Z + rZ não é fechado, pois é um subconjunto próprio de R denso e
denso no mesmo.
Demonstração 1.3.2. (i) Fixe a ∈ A. Como B é, porShipótese, aberto e x7−→ ax é homeo-
morfismo, temos que aB é aberto. Note que: AB = a∈A aB. Como reunião de conjuntos
abertos é aberto, segue o resultado.
(ii) Note que a técnica da demonstração anterior não se aplica nesse caso, mesmo aB sendo
fechado para todo a ∈ A.
Considere A e B subconjuntos fechados de G. Observe que: AB é imagem direta da
aplicação (a, b) ∈ A × B 7−→ a • b ∈ G. Como o produto A × B é compacto e esta
aplicação é contı́nua, temos que AB é compacto.
(iii)
Demonstração 1.3.4. A proposição segue imediatamente do fato de que a função x 7−→ x−1
é um homeomorfismo.
Proposição 1.4.1. Sejam G um grupo topológico e β uma base de abertos para a identidade,
e ∈ G. Então as famı́lias {U x : x ∈ G} e {xU : x ∈ G} formam uma base de abertos para G.
Proposição 1.4.2. Seja G um grupo topológico. Então existe uma vizinhança V de e, tal que
U = U−1 , ou seja, simétrica.
Observe que pela demonstração anterior, dada uma vizinhança U da identidade, podemos
sempre supor, sem perda de generalidade, que esta é simétrica, pois se assim não o for, re-
alizamos argumentação análoga a apresentada acima e teremos uma vizinhança simétrica da
identidade. Ao longo desse texto, vamos realizar com frequência demonstrações considerando
vizinhanças simétricas da identidade. Em função do fato anterior, não há nenhuma perda de
generalidade nos resultados que serão obtidos.
Demonstração. Suponhamos x, y ∈ H = ∪∞ n
n=1 U . Então existem inteiros k e l tais que x ∈
k l k l
U ey ∈ U , e portanto, xy ∈ U U ⊂ U k+l
⇒ xy ∈ H. Dado x ∈ H = ∪∞ n=1 , existe inteiro
k tal que x ∈ U k . Como (U k )−1 = U k (vizinhança simétrica), temos que x−1 ∈ U k ⊂ H. O
subgrupo H é aberto, pois é reunião de conjuntos abertos. Pelo resultado anterior, este deverá
ser fechado.
1.4 Bases e Vizinhanças da identidade 11
n
\ n
\
x Vk = xVk (1.2)
k=1 k=1
n
\ n
\
−1
x Vk x = xVk x−1 (1.3)
k=1 k=1
n
\ n
\ n
\
y Vk = yVk ⊂ xUk
k=1 k=1 k=1
Então o conjunto formado pelos yW, onde W ∈ ℘ formam uma base de abertos para o
conjunto y, onde y é um elemento de G arbitrário.
Afirmo: x ∈
/ yQ.
Suponhamos que x ∈ yW ⇒ x−1 ∈ W y −1 (pois W é simétrica) então:
x−1 ∈ W y −1 ⊂ U y −1 ⊂ x−1 V y −1
mas isso implica:
e = xx−1 ∈ xW y −1 ⊂ xU y −1 ⊂ V y −1 ⇒ y ∈ V
que é uma contradição.
1.5 Axiomas de Separação 13
(ii) ⇒ (iii) Sejam x, y ∈ G distintos. Como estamos supondo G T1 , x é fechado, e portanto U = Gx
é uma vizinhança de y que não contém x. Logo, y −1 U é uma vizinhança da identidade.
Seja V uma vizinhança de e tal que V V −1 ⊂ y −1 U . Desse modo, yV é uma vizinhança
para y. Considere W = GyV .
T
Observe que W é aberto, e x ∈ W , pois caso contrário, x ∈ yV e então xV yV 6== ∅ (V
é vizinhança da identidade). Mas se isso ocorre mostra que T x ∈ yV V −1 ⊂ y(y −1 U = U ,
que é uma contradição pela definição de U. Claramente W yV = ∅. Assim y ∈ yV e
x ∈ W e yV e W são vizinhanças disjuntas.
T
(iii) ⇒ (iv) Seja Λ um sistema fundamental de vizinhanças para e. Considere x ∈ U , x 6= e.
PorShipótese, o espaço é de Hausdorff, logo existe vizinhança W da identidade
T tal que
W U = ∅, ou seja, x 6= W , um absurdo pois contradiz o fato que x ∈ U ∈ ΛU .
Portanto x = e.
(iv) ⇒ (i) Considere dois pontos x e y de G, distintos. Desse modo xy −1 6== e e, então, por hipótese
existe uma vizinhança U do sistema fundamental de vizinhanças, tal que xy −1 6= U .
Portanto Uy é uma vizinhança de y tal que x 6= U y.
Desse modo, para que um grupo topológico separe pontos é necessário apenas supô-lo To .
A pergunta natural que surge é até quando um grupo topológico Hausdorff (equivalentemente,
T0 ) é completamente regular ou normal. A resposta da primeira pergunta não é tão simples
como as anteriores. O fato de um grupo T2 ser T3 21 será o primeiro grande teorema a ser
demonstrado. Quando a satisfazer ao axioma T4 , a afirmação nem sempre é verdadeira para
grupos topológicos Hausdorff.
Demonstrar que um grupo topológico é completamente regular está longe de ser uma tarefa
trivial, como foi para os outros axiomas de sepração. Por isso este será o primeiro resultado que
enunciaremos como um Teorema. A partir desse momento, trataremos de construir um conjunto
de vizinhanças especial, com o intuito de demonstrar que todo grupo topológico satisfazer ao
axioma T3 1 .
2
Seja G um grupo topológico. Considere o conjunto e: Wn n∈N . Podemos supor, sem perda
de generalidade, que os elementos do conjunto são vizinhanças são simétricas, pois se não o
forem, tomamos a intersecção destas com o conjunto inverso, e esses novos elementos formaram
um conjunto de vizinhanças simétricas contidos no inicial. Assim, aplicando indutivamente
a propriedade (i) do teorema das vizinhanças
da identidade, podemos obter uma sequência
de vizinhanças simétricas de e: Un n∈N tais que U0 = V0 , V0 vizinhança arbitrária de e, e
2
Un+1 ⊂ Un , ∀n ∈ N.
Nosso objetivo nas próximas linhas, será ”imergir”esse conjunto Un de vizinhanças em uma
outra famı́lia tendo uma propriedade especial. Com isso poderemos construir funções contı́nuas
em G, não constantes. A idéia por traz dessa contrução representa um papel importante na
teoria de grupos pois, como será possı́vel ver ao longo deste texto, serão realizadas construções
semelhantes, como por exemplo, para construir uma métrica para um grupo topológico T0 .
14 Grupos Topológicos
k
Para cada racional da forma r = 2n , n ∈ N e k ∈ 2k : k ≤ n nós definimos uma vizi-
nhança aberta Vr de e da seguinte forma:
(a) V 1n = Un , ∀n ∈ N.
2
Observe que a famı́lia de vizinhanças, conforme contruı́da acima, tem a seguinte propriedade:
V 1n V 2mn ⊂ V m+1
n
; m ≤ 2n − 1
2 2
V (2k+1) =V k
V 2kn
n 2 2n−1
V 1n V 2kn = V 1n V k
2 2 2 2n−1
V 1n V 2kn = V 1n V k = V 2k+1
n
2 2 2 2n−1 2
V 1n V 2mn = V 1n (V 1n V 2k+1
n
) = (V 21n )V 2kn ⊂ V 1 V k
2 2 2 2 2 2 2n−1 2n−1
V 1n V 2mn ⊂ V 1 V k = V 2n V k = V 2k+2
n
= V 2(k+1) =V k
2 2n−1 2n−1 2 2n−1 2 n 2 2n−1
Ou seja:
V 1n V 2mn ⊂ V k = V m+1
n
2 2n−1 2
Vr ⊂ Vr0 ; r < r0 ≤ 1.
Usaremos essa sequêcia especial no próximo teorema, devido a Pontrjagin.
1.5 Axiomas de Separação 15
Seja > 0 fixado, arbitrário. Escolha n ∈ N tal que 21n < . Suponha que f (x) < 1 para
algum ponto x ∈ G. Então existe um par de inteiros m e k tal que k < n (mesmo m acima!) e
m < 2k . Também temos a propriedade:
x ∈ V mk \V m−1
k
2 2
Considere y ∈ V 1k x. Então:
2
y ∈ V 1k V mk ⊂ V m+1
k
2 2 2
−1
Pela escolha de y, yx ∈ V 1k , o que implica, x ∈ V 1k y. Isto mostra que y não pode
2 2
pertencer a V m−2
k
. Portanto temos:
2
(m − 2) (m + 1)
k
≤ f (y)
2 2k
E também:
(m − 1) m
k
≤ f (x) ≤ k
2 2
Logo
2 1
|f (x) − f (y)| ≤
k
≤ k−1 <
2 2
Suponhamos agoar f(x) = 1, e escolhemos k > n como anteriormente. Seja y ∈ V 1k x.
2
Observe que y não pode pertencer a V m com m < 2k -2 pois implicaria f (x) < 1. Isto segue
2k
que:
2
1− ≤ f (y) ≤ 1
2k
Logo:
|f (x) − f (y)| ≤
E portanto f é contı́nua em todo o domı́nio de definição.
Repare que fomos redundantes na definição da função f, pois o caso 2) se reduz ao terceiro.
16 Grupos Topológicos
x ∈ (U ), x ∈ C =⇒ x ∈ U ∪ C
Então:
Sabemos que G é um grupo topológico, então a forma mais fácil de se obter uma topologia
para o quociente é “herdar” a topologia de G. Mais precisamente, considere a aplicação canônica
π : G −→ GH, que associa a cada elemento de G a sua classe de equivalência. Vamos definir
uma topologia em GH da seguinte maneira:
1.8 Grupos Quocientes 17
τGH = {Y ⊂ GH : π −1 (Y ) ∈ τ }
Ou seja, um aberto de GH é a imagem direta dos abertos de G pela aplicação canônica
do grupo. Chamamos essa topologia de topologia quociente. Note que com essa definição
“ganhamos” a continuidade da aplicação canônica, algo que será fundamental para os resultados
dessa seção.
Proposição 1.8.1. Seja G um grupo topológico e H um subgrupo de G. Seja GH o espaço
quociente, munido com a topologia quociente, e π a aplicação canônica. Então:
(i) π é sobrejetora
(ii) π é contı́nua
(iii) π é aberta
(iv) A topologia quociente é a topologia mais fina para a qual π é contı́nua.
Demonstração. Os itens (i) e (ii) são imediatos.
Considere um aberto U de G. Queremos mostrar que π(U ) é aberto em GH, ou seja, que
−1
π (π(U )) é aberta (definição de topologia quociente). Observe que:
π −1 (π(U )) = {x : x ∈ uH, u ∈ U } = U H
E UH é aberto, pois é reunião dos abertos Uh, com h ∈ H.
Quanto a última afirmação. Suponhamos que existe ν topologia de GH tal que a aplicação
canônica seja contı́nua. Queremos mostrar que todo aberto dessa topologia também é aberto
da topologia quociente, ou seja, que ν ⊂ τGH .
Seja Vν um aberto em ν. Como a aplicação canônica é contı́nua, π −1 (Vν ) = Vν H é aberto em
G. Pela definição de topologia quociente, Vν é aberto na topologia quociente. Sendoo Vν um
aberto em ν arbitrário, segue-se o resultado.
1.9 Conexidade
Proposição 1.9.1. Seja G um grupo topológico e C a componente da identidade de em G.
Então GC é um subgrupo totalmene desconexo e Hausdorff.
Demonstração.
Proposição 1.9.2. Seja G um subgrupo conexo. Se H é um subgrupo fechado, então GH é
um subgrupo conexo.
Demonstração. Basta notar que GH é imagem direta de G pela aplicação canônica π. Como
a aplicação π é contı́nua, temos que GH é conexo.
Proposição 1.9.3. Seja G um grupo topológico e H um subgrupo de G. Se H e GH são
conexos então G é conexo.
Demonstração. Suponha que existam U e V subconjuntos de G abertos, não-vazios e disjuntos,
tais que G = U ∪ V . Como H é conexo, cada xH ∈ GH pertence a imagem inversa da
aplicação canônica pelo aberto U ou pelo aberto V. Dessa forma, GH = π[U ] ∪ π[V ], e π[U ]
, π[V ] são abertos disjuntos (π é aberta), um absurdo, pois contradiz a hipótese da conexidade
de GH. Portanto, devemos ter que G é conexo.
1.10 Compacidade
Proposição 1.10.1. Seja G um grupo topológico e U uma vizinhança compacta da identidade
e. Então U contem um subgrupo H de que é compacto, aberto e fechado.
Demonstração.
Proposição 1.10.2. Sejam G um grupo topológico compacto e H um subgrupo fechado de G.
Então GH é compacto.
Demonstração. Basta observar que GN é imagem direta do conjunto G pela aplicação canônica
- imagem direta de subconjuntos compactos por uma aplicação contı́nua é compacto.
Proposição 1.10.3. Sejam G um grupo topológico compacto, U uma vizinhança de e arbitrária
e K um subconjunto compacto de G. Então existe uma vizinhança V de e tal que xV x−1 ⊂
U ∀x ∈ K.
Demonstração. Seja W uma vizinhança simétrica da identidade e tal que W 3 ⊂ U . Como
K ⊂ ∪x∈K W x e K é compacto, existe um número n finito de xi ∈ K com 1 ≤ i ≤ n tal que
K ⊂ ∪ni=1 W xi .
No fundo, essa proposição nos diz que a propriedade para uma base de abertos f:
pode ser generalizada para grupos compactos. Este fato será importante para a demons-
tração de outros resultados da teoria.
Demonstração. Para cada x ∈ K, existe uma vizinhança Wx da identidade tal que xWx ⊂ U e
uma vizinhança Vx de e tal que Vx ⊂ Wx (propriedade da base de abertos do grupo topológico
G). Como K ⊂ ∪x∈F xVx e K é compacto, existe um número n ∈ N tal que xi , 1 ≤ i ≤ n e
K ⊂ ∪ni=1 xi Vxi . Defina V = ∩ni=1 Vxk . Então:
f (x) = f (y) ←→ x − y ∈ Z ←→ x v y
Aplicando a Proposição AINDA A SER DEFINIDA, temos que existe uma função contı́nua
ϕ : R −→ S 1 tal que
f = ϕ : R −→ S 1 ◦ π
22 Alguns Grupos Especiais
Resta-nos mostrar que ϕ−1 é contı́nua. Notemos que a função f não é inversı́vel, entretanto,
podemos considerá-la em em determinamos subconjuntos de R e nestes ela possuirá inversas
locais.
\
Ω1 = S 1 {(x, y) ∈ R2 : x > 0}
\
Ω2 = S 1 {(x, y) ∈ R2 : y > 0}
\
Ω3 = S 1 {(x, y) ∈ R2 : x < 0}
\
Ω4 = S 1 {(x, y) ∈ R2 : y < 0}
e a função:
ψi : Ωi −→ R
Temos que:
f ◦ ψi = (x, y)
Vamos mostrar que ψ1 é inversı́vel, os cálculos para as outras funções são análogos e serão
deixadas para o leitor.
A função ψ1 quando restrita ao invervalo aberto (- 41 , 14 ) é injetora, já que π2 ◦ f o é, pois a
função seno restrita a esse intervalo é injetora. Como a derivada do seno (função cosseno) não
se anula no intervalo (- 14 , 14 ) podemos aplicar o Teorema da Função Inversa.
Observe que a demonstração anterior mostou que a função g é mais do que um homeomor-
fismo, ela também é um difeomorfismo. Na verdade, acabamos de mostrar que o espaço RZ
é uma variedade diferenciável.
Note nesse momomento que T ⊂ R3 . Vamos definir uma relação de equivalência em [0, 1] ×
[0, 1], e mostrar que esta é homemorfa toro conforme definimos anteriormente. Seja v a relação
de equivalência definida em [0, 1] × [0, 1] da seguinte maneira:
x, y ∈ [0, 1] × [0, 1] ←→ x − y ∈ Z2
Vamos denotar esse espaço quociente por: [0, 1]2 Z2 .
Considere ψ : (r, s) ∈ [0, 1]2 −→ (x, y, z) ∈ T , onde:
ψ(r, s) = ψ(r0 , s0 ) ←→ (r − r0 , s − s0 ) ∈ Z2
ψ é uma função contı́nua pois cada coordenada é uma função contı́nua. Podemos aplicar a
proposição ?? que nos garante a existência de uma função g : R2 Z2 7−→ T 2 contı́nua tal que:
ψ = g ◦ π.
Precisamos mostrar que a inversa da função g é contı́nua, e portanto a função g será um
homemorfismo entre o toro T 2 e [0, 1]2 Z2 . Infelizmente esta proposição garante apenas a
existência de uma função g o que torna impossı́vel o cálculo explı́cito da sua inversa. Por outro
lado, temos a sorte de estar em um espaço topológico Hausdorff (subespaço do espaço métrico
R2 ), e portanto, se mostrarmos que [0, 1]2 Z2 é compacto, podemos lançar mão de um teorema
clássico de topologia, e garantir que g é um homeomorfismo. De fato, [0, 1]2 Z2 é compacto,
pois:
Para o caso geral do toro n dimensional, podemos definir uma relação de equivalência em
[0, 1]n , n ∈ N, de forma análoga a realizada no caso bidimensional, ou seja:
x, y ∈ [0, 1]n ←→ x − y ∈ Zn
e mostrar que T n é homeomorfo à ni=1 S 1 .
Q
24 Alguns Grupos Especiais
Capı́tulo 3
Definição 3.0.1. Dizemos que um Grupo Topológico G é localmente compacto se este possui
um sistema fundamental de vizinhanças compactos para o elemento neutro e ∈ G.
Lema 3.3.1. ?? Toda função real contı́nua definida em um subconjunto compacto X é unifor-
memente contı́nua.
Demonstração. Pela hipótese de continuidade de f, para cada x ∈ X existe uma vizinhança Ux
de x e uma vizinhança Vx de e tais que |f (y) − f (yv)| ≤ para todo y ∈ Ux e v ∈ Vx .
Note que X ⊂ ∪x∈X Ux . Como X é compacto, existe um número finito de xi tal que: X ⊂
∪ni=1 Uxi . Defina V = ∩ni=1 Vxi . Temos que se x ∈ X e v ∈ V então: |f (x) − f (xv)| ≤ .
Proposição 3.3.1. Toda função real contı́nua de suporte compacto definida em um grupo
localmente compacto G é uniformemente contı́nua
Demonstração. Considere K o suporte compacto de f. Indiquemos por W uma vizinhança com-
pacta de e. Desse modo, X = KW −1 é compacto, pois é produto de dois compactos. Pelo lema
anterior, dado > 0, podemos determinar uma vizinhança V de e tal que se x ∈ X e v ∈ V
então: |f (x)−f (xv)| ≤ . Podemos supor, sem perda de generalidade, que V está contido em W.
(i) Como toda bola aberta de Rn é homeomorfa a este último, dizer que para todo x ∈
X existe uma vizinhança U = U (x) homeomorfa a Rn é equivalente a dizer que U é
homeomorfa a alguma bola aberta de Rn .
(ii) A definição mais geral de espaços localmente euclianos permite a existência de vizinhanças
U e V de pontos x, y ∈ X homeomorfas a Rn e Rm , respectivamente, com m 6= n.
Lembramos também que com métodos de topologia algébrica pode-se demostrar que dois
abertos U,V de Rn e Rm (m 6= n), respectivamente, não são homeomorfos. Para os nossos
propósitos, vamos considerar sempre que todos as vizinhanças de pontos do espaço X são
homeomorfas ao Rn para o mesmo n.
Definição 3.5.3. Uma variedade G que também é um grupo é chamado de Grupo de Lie se as
aplicações:
Considere X,Y dois espaços topológicos. Denotaremos por C(X, Y ) o conjuntos de todas
as funções contı́nuas de X em Y. Considere F um subconjunto de C(X, Y ), K um subconjunto
compacto de X e seja ω um subconjunto aberto de Y. Defina:
W (K, ω) = {f ∈ F |f (K) ⊂ ω}
Os subconjunto da forma W (K, ω) formam uma base de abertos para o conjunto F. Dizemos
que essa topologia é a topologia compacta-aberta em F.
Lema 3.6.1. Sejam X, Y e Z espaços topológicos e F ⊂ C(Y, Z). Para uma função f : X −→
F , nós definimos uma aplicação f 0 : X × Y −→ Z por:
f 0 (x, y) = f (x)(y)
Neste caso, se f 0 é contı́nua então f é contı́nua. Além disso, a recı́proca é verdadeira se
supusermos Y um espaço topológico localmente compacto e Hausdorff.
f 0 (Uy × Vy ) ⊂ Ω
Observe que indexamos por y a vizinhança de U y de x
So , pois xo está fixado, e esta depende
do ponto y que está variando. Note também que: K ⊂ Sy∈K Vy . Em função da compacidade
de K, existe um subconjunto finito J ⊂ K tal que: K ⊂ y∈J Vy . Defina:
n
\
U= Uyi
i=1
n
[
V = Vyi
i=1
f 0 (x0 , y 0 ) ∈ f 0 (Uw × Vw ) ⊂ Ω
[ [
f 0 (x0 , y 0 ) ∈ f 0 (Uw × Vw ) ⊂ Ω
(x0 ,y 0 )∈U ×V w∈J
f 0 (U × K) ⊂ f 0 (U × V ) ⊂ Ω
e portanto:
f (U ) ⊂ W (K, Ω)
. logo f é contı́nua.
Suponhamos que Y é um espaço localmente compacto e que f é uma função contı́nua. Vamos
mostrar que f 0 conforme definida acima também é contı́nua. Para cada subconjunto aberto Ω
em Z, fixe um ponto (x, y) ∈ f 0−1 (Ω). Observe que f 0 (x, y) = f (x)(y) ∈ Ω. Como f(x) é uma
função contı́nua de Y em Z (f (x) ∈ C(Y, Z)), existe uma vizinhança aberta V contendo y tal
que:
f (x)(V ) ⊂ Ω
Por hipótese, Y é um espaço topológico localmente compacto. Logo existe uma vizinhança
T ∗ vizinhança compacta de y tal que
y ∈ T∗ ⊂ V
30 Grupos Localmente Compactos
f (U ) ⊂ W (T ∗, Ω
e portanto, temos
f 0 (U × T ∗) ⊂ Ω
e isso implica que f’ é contı́nua.
Lema 3.6.2. Se Y é um espaço de Hausdorff, então C(X, Y ) é hausdorff. Então todo subespaço
de C(X, Y ) é também Hausdorff.
DEMONSTRAR
Considere X um espaço topológico. Denotaremos por Homeo(X) o conjunto formado por
todos os homeomorfismos de X nele mesmo. Sabemos que Homeo(X) é um grupo munido da
operação de composição de funções. Como Homeo(X) ⊂ C(X, Y ) nós vamos considerá-lo um
espaço topológico munido com a topologia induzida por C(X, Y ).
A Medidade de Haar
4.1 Introdução
4.2 Motivação
A idéia da demonstração da existência de uma medida invariante em um grupo não é muito
difı́cil. Tentaremos expô-la em linhas gerais, nos próximos parágrafos.
Consideremos, para fixar idéias, o grupo dos números reais aditivos (sabemos que é um
grupo topológico localmente compacto). Gostariamos de definir uma “medida” nesse grupo,
a qual assim como a medida de Lebegue, tenha propriedades “razoáveis”. Mais precisamente:
queremos investigar a existência de uma função m : P (R) −→ R ∪ {∞} que, para subconjuntos
X,Y da reta, os quais chamaremos de mensuráveis, valham as seguintes propriedades:
Suponha que 0 < m(Y ) < ∞. Desse modo, podemos escrever n ≥ m(X) m(Y )
. Definamos (X:Y)
como sendo o menor dos inteiros n satisfazendo a desigualdade anterior.
34 A Medida de Haar
(X : V )
mV (X) =
(O : V )
Por vim imaginando ser possı́vel
As idéias aqui expostas foram devidas a Haar. Entretanto, em seu trabalho, foi necessário
lançar mão do método da “Diagonal de Cantor” e por isso, Haar apenas conseguiu demonstrar
a existência de um funcional para Grupos Topológicos Localmente compactos e separáveis.
Trataremos nos próximos parágrafos de transformar essas idéias em teoremas matemáticos.
Veremos que o cerne das idéias de Haar ainda estão presentes, embora tenha sido necessários
utilizar caminhos diferentes a fim de enfraquecer a hipótese de separabilidade.
n
sup f X
(f : g) ≤ sup f ≤ g(ayi−1 x)
m i=1
n sup f
f (x) ≤ <∞
m
(ii) Como f, g 6= 0 e ambas são positivas e possuem suporte compacto, temos que supf, supg >
0. Como g tem suporte compacto, g é limitada, logo 0 ≤ supg < ∞. Assim, a expressão
n
X
f (x) ≤ ci g(x−1
i x)
i=1
implica:
supf
(f : g) ≥ >0
supg
(iii) Por definição, fa (x) = f (ax), portanto
n
X
f (x) ≤ ci g(x−1
i x)
i=1
n
X n
X
⇒ fa (x) = f (ax) ≤ ci g(x−1
i ax) = ci g((a−1 xi )−1 x)
i=1 i=1
(iv) Fixemos c ≥ 0.
n
X
cf (x) ≤ cci g(x−1
i x)
i=1
Pn Pn
Então: (cf : g) = inf i=1 cci g(x−1
i x) = cinf
−1
i=1 ci g(xi x) = c(f : g).
n
X
f (x) ≤ g(x) ≤ cgi h(x−1
i x)
i=1
(f : h) ≤ (g : h)
(vi) Seja:
n
X
f (x) ≤ ai h(x−1
i x)
i=1
n
X
g(x) ≤ bi h(x−1
i x)
i=1
Então:
n
X n
X
f (x) + g(x) ≤ ai h(x−1
i x) + bi h(x−1
i x)
i=1 i=1
(f + g, h) ≤ (f : h) + (g : h)
(vii) Se:
n
X
f (x) ≤ ai g(x−1
i x)
i=1
m
X
g(x) ≤ bj h(yj−1 x)
j=1
Então
4.3 Existência de um funcional Invariante 37
n m n,m
X X X
f (x) ≤ ai bj h(yi−1 x−1
i x) = ai bj h(yj−1 x−1
i x)
i=1 j=1 i,j=1
Logo:
n,m n m
X X X
(f : g) ≤ ai b j ≤ ( ai )( bj )
i,j=1 i=1 j=1
(f : g)
Ig (f ) =
(f0 : g)
Dessa forma, o número Ig (f ) nada mais é que uma medida relativa entre a medida de f e g
e f0 e g. Observe que (f0 : g) funciona como uma espécie de unidade da medida.
(i) Ig (f ) ≥ 0
(ii) Ig (f ) = 0 ⇐⇒ f = 0
(iii) Ig (fa ) = Ig (f )
Demonstração.
(i) Segue imediatamente da definição.
(ii) Se f = 0 então: Ig (f ) = (f(f0:g)
:g)
6 0 então,
= 0, pois (f : g) = 0. Suponha Ig (f ) = 0. Se f =
pelo item (ii) da proposição anterior (f : g) > 0. Como (f0 : g) > 0 temos que Ig (f ) > 0,
contradição.
(iii)
(fa : g) (f : g)
Ig (fa ) = = = Ig (f )
(f0 : g) (f0 : g)
38 A Medida de Haar
(iv) Fixe c ≥ 0.
(cf : g) c(f : g)
Ig (cf ) = = = cIg (f )
(f0 : g) (f0 : g)
(v)
(f1 + f2 : g) (f1 : g) (f2 : g)
Ig (f1 + f2 ) = ≤ + = Ig (f1 ) + Ig (f2 )
(f0 : g) (f0 : g) (f0 : g)
(vi) Temos que:
(f : g) ≤ (f : f0 )(f0 : g)
(f0 : g) 1 (f : g)
(f0 : g) ≤ (f0 : f )(f : g) ⇒ ≤ (f : g) ⇒ ≤
(f0 : f ) (f0 : f ) (f0 : g)
Então:
1 (f : g)
≤ ≤ (f : f0 )
(f0 : f ) (f0 : g)
(vii) Se f1 ≤ f2 então:
(f1 : g) (f2 : g)
Ig (f1 ) = ≤ = Ig (f2 )
(f0 : g) (f0 : g)
Proposição 4.3.3. Sejam G um grupo topológico localmente compacto e f1 , f2 ∈ C0+ (G). Dado
> 0, existe uma vizinhança U de e ∈ G tal que para todo g ∈ C0+ (G) tendo suporte em U:
. fi (x)
hi (x) = { sef (x) 6= 0e0caso contrário
f (x)
para i = 1,2. Então:
f1 + f2
h1 + h2 = ≤1
f
Como hi ∈ C0+ (G) (é contı́nua e tem suporte compacto) sabemos que existe uma vizinhança
V de e, tal que para x, y ∈ G:
Seja g ∈ C0+ (G) com suporte em U. Como f, g ∈ C0+ (G) sabemos que (f : g) existe e é
finito, logo existem cj e xj tais que:
X
f (x) ≤ cj g(x−1
j x)
j
Se x−1
j é tal que g(x−1
j x) 6= 0 então x−1
j x ∈ U e, portanto:
Assim:
X
(fi : g) ≤ cj (hi (xj ) + η)
j
X X
(f1 : g) + (f2 : g) ≤ cj {h1 (xj ) + h2 (xj ) + 2η} ≤ (1 + 2η) cj
j j
Ig (f1 )+Ig (f 2) ≤ (Ig (f1 )+Ig (f2 )+δIg (f 0 ))(1+2η) ≤ Ig (f1 )+Ig (f2 )+δIg (f 0 )+2η{Ig (f1 )+Ig (f2 )+δIg (f 0 )}
Como Ig (f1 ), Ig (f2 ) e Ig (f 0 ) são finitos e η , δ são arbitrários, podemos escolhê-los de forma
que:
Teorema 4.3.1 (Weil). Seja G um grupo topológico localmente compacto e Hausdorff. Então
existe um funcional I ∈ Co+ (G), o qual é não trivial (não é identicamente nulo), não-negativo,
invariante à esquerda, positivamente homogêneo e aditivo.
Demonstração. Para cada f ∈ Co+ (G), defina Xf = [ (f01:f ) , (f : f0 )]. Pelo Teorema de Tycho-
Q
noff, X = f ∈Co+ (G) Xf é um espaço compacto. Além disso, X é Hausdorff, pois cada Xf o é.
Para cada g, não identicamente nulo, Ig = (Ig (f ))f ∈Co+ (G) ∈ X, já que Ig (f ) ∈ Xf pelo item
(iv) da propósição ??.
(ii) J(f ) = 0 ⇐⇒ f = 0
Como a famı́lia fi e g são arbitrários, temos que as mesmas propriedadea valem para J = I.
Desse modo, temos que I é uma função à valores reais não-trivial, invariante à esquerda, não
negativo, positivamente homogêneo e sub-aditiva. Resta-nos apenas mostrar que a desigual-
dade reversa vale em (iv):
Ou seja:
(ii) |f (xy) − f (x)| < 2
(iii) V C ∪ V C ⊂ U
Como todo espaço topológico localmente compacto e Hausdorff é normal, pelo Lema de
Urysohn existe uma função f ∗ ∈ Co+ (G) tal que f ∗ [U ] = 1 e f ∗ [GU ] = 0.
Em virtude de (iii) podemos escrever: f (xy) = f (xy)f ∗ (x) e f (yx) = f (yx)f ∗ (x), pois
f [GU ] ⊂ f [GC] = 0. Aplicando (i) e (ii) podemos obter, para todo x ∈ G e y ∈ V :
42 A Medida de Haar
|f (xy) − f (yx)| = |f (xy)f ∗ (x) − f (yx)f ∗ (x)| = |f ∗ (x)|{|f (xy) − f (x) + f (x) − f (yx)|}
|f (xy)−f (yx)| ≤ |f ∗ (x)|{|f (xy)−f (x)|+|f (x)−f (yx)|} ≤ |f ∗ (x)|{|f (xy)−f (x)|+|f (yx)−f (x)|}
|f (xy) − f (yx)| ≤ |f ∗ (x)|{ + } = h(x)
2 2
Seja ϕ ∈ Co (G) tal que o suporte de ϕ esteja contido em V e ϕ(x) = ϕ(x−1 ). Então:
+
O que implica:
J(f ) J(ψ)
=
I(f ) I(ψ)
J(ψ)
Se fixarmos ψ não nulo, então I(ψ)
= c > 0 e, portanto:
J(f ) = cI(f )
para todo f ∈ C0+ (G).
Lema 4.7.2. Considere G um grupo topológico e fi ∈ Co+ (G), 1 ≤ i ≤ n. Sejam > 0 e δ > 0
números reais fixados. Então existe uma vizinhança U da identidade e ∈ G tal que para todo
g ∈ Co+ (G) com suporte em U:
Xn n
X Xn
Ig ( λi fi ) ≤ λi Ig (fi ) ≤ Ig ( λi fi ) +
i=1 i=1 i=1
para todo 0 ≤ λi ≤ δ.
Teorema 4.7.1 (Aproximação). Consirede G um grupo topológico e f ∈ Co+ (G). Sejam > 0
e V uma vizinhança da identidade e ∈ G tal que (y −1 x ∈ V −→ |f (x) − f (y)| ≤ ∀x, y ∈ G).
Fixe h ∈ Co+ (G), h 6= 0, tal que h[GV ] = 0. Então para cada 0 > podemos obter uma
famı́lia {si } ⊂ G e números reais ci > 0 ta que para todo x ∈ G:
n
X
|f (x) − ci h(s−1
i x)| <
i=1
Vamos admitir que esse teorema é válido e tentemos mostrar porque ele é suficiente para
garantir a existência e unicidade de um funcional invariantes e com propriedades “boas”.
Embora não tenhamos utilizado tanto este fato, mas Ig(f ) também pode ser vista como uma
função que depende da função g. Fixemos uma função f ∈ C0+ . Dado > 0, gostarı́amos de
estabelecer a existência de uma vizinhança, digamos U, da identidade tal que se g, k ∈ C0+ (G)
e se g e k tem suporte em U, então
Desse modo observando que o conjunto {{g ∈ C0+ (G)|gtemsuporteemU } : U vizinhança de e satisfaz
é base para um filtro em g, temos garantida a existência do limite. Além do mais, todas as
propriedades, como aditividade e homogeneidade, são obtidas da mesma maneira que aquelas
demonstradas nos teoremas anteriores.
Vamos mostrar agora a existência da requerida vizinhança U.
Seja 0 > 0 fixado. Pelo teorema da aproximação, existe uma função h ∈ C0+ (G), si ∈ G (1 ≤
i ≤ n), ci > 0 tal que:
n
X
|f (x) − ci h(s−1
i x)| <
0
i=1
Pelo Lema 2, existe uma vizinhança U de e tal que para todo g ∈ C0+ com suporte em U,
n
X
0
Ig (f ) − ≤ ci Ig (f ) ≤ Ig (f ) + 0
i=1
Da mesma forma podemos obter as mesmas desigualdades para f0 ∈ C0+ (G) tal que Ig (f0 ) =
1 (para mesma g de f).
4.7 Demonstração da Existência e Unicidade da Integral de Haar segundo
Henri Cartan 45
Demonstração. Considere V e positivo, nas condições do enunciado. Para s ∈ G fixado, temos
que
(f : h∗ )δ < 0 −
Como o suporte de h é compacto, podemos considerar W, uma vizinhança da identidade tal
que para todo x, y ∈ G, y −1 x ∈ W implique |h(x) − h(y)| < δ 0 . Como o suporte de f , o qual
será denotado por K, é compacto, existe uma famı́lia finita {si }1≤i≤n ⊂ G tal que {si W }1≤i≤n
cobre o suporte de f.
Pelo Teorema de Partições da Unidade existe hi ∈ C0+ (G) (1 ≤ i ≤ n) tal que ni=1 hi (x) =
P
1 ∀x ∈ K e hi (x) = 0 se x ∈ Gsi W, ∀ 1 ≤ i ≤ n.
Dessa maneira, para j fixado
hi (s)f (s)[h(s−1 0 −1 −1 0
i ) − δ ] ≤ hi (s)f (s)h(s x) ≤ hi (s)f (s)[h(si x) + δ ]
m
X
[f (x) − ]h(s−1 x) − δ 0 f (s) ≤ hi (s)f (s)h(s−1 x) ≤ [f (x) + ]h(s−1 x) + δ 0 f (s)
i=1
Xn
−1 0
[f (x) − ]Ig (h(s x)) − δ Ig (f ) ≤ Ig [ hi (s)f (s)h(s−1 ∗ 0
i x)] ≤ [f (x) + ]Ig (h ) + δ Ig (f )
i=1
para algum β < 0 e onde f0 ∈ C0+ (G), f 6= 0 foi fixado na definição de Ig . Note que esta
desigualdade justifica a escolha do δ’ tomado inicialmente.
Desse modo
46 A Medida de Haar
n
X h(s−1i x)
(∗) f (x) − β ≤ Ig ( ∗
hi (s−1
i x)f (s)) ≤ f (x) + β
i=1
Ig (h )
h(s−1
i x)
Aplicando o Lemma 2 para fi = hi f, λi = Ig (h∗ )
, e δ = (f0 : h∗ )supg, sabemo que existe
uma vizinhança U de e ∈ G tal que:
n n n
X h(s−1i x)
X Ig (hi f ) −1
X h(s−1i x)
Ig ( ∗
hi f ) ≤ ∗
h(s i x) ≤ Ig ( ∗)
hi f ) + 0 − β
i=1
Ig (h ) i=1
Ig (h ) i=1
Ig (h
Ig (hi f )
Colocando ci = Ig (h∗ )
, por (*) tem-se que
n
X
0
f (x) − ≤ ci h(s−1
i x) ≤ f (x) +
0
i=1
Como querı́amos.
Referências Bibliográficas
[1] Hewitt, E. & Ross, S. Real and abstract analysis : a modern treatment of the theory of
functions of a real variable, Springer-Verlag (Graduate Texts in Mathematics) New York,
1965.
[3] Hussain, T., Introduction to Topological Groups, W.B. Saunders Company London, 1966.
[4] Pontrjagin, L., Topological groups, Russian monographs and texts on advanced mathe-
matics and physics New York, 1966.
[5] Alas, O. T., Notas de aula do curso de Topologia, Graduação, Instituto de Matemática e
Estatı́stica - Universidade de São Paulo, 1997.
[6] Alas, O. T., Notas de aula do curso de Topologia Geral, Pós-Graduação, Instituto de
Matemática e Estatı́stica - Universidade de São Paulo, 1997.
[9] Jech, Thomas J. & Hrbacek, K, Introduction to set theory, Springer New York, 2003.
[10] Halmos, P., Measure Theory, Springer-Verlag (Graduate Texts in Mathematics) New
York, 2000.
[12] Massey, W. S., A basic course in Algebraic Topology, Springer (Graduate Texts in Mathe-
matics) New York, 1991.
[13] Weil, A. L’intégration dans les groupes topologiques et ses applications, Hermann (re-
edição) Paris.
[14] Pier, J. L’apparition de la théorie des groupes topologiques, Cahiers du séminaire d’histoire
des mathématiques Paris, 1988.