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Índice

Os 20 Anos do Massacre da Praça da Paz Celestial na China.............................5

A Coreia do Norte e os Testes Nucleares.............................................................8

Cuba e a OEA........................................................................................................11

Gripe Suína............................................................................................................14

Crise Econômica....................................................................................................16

Os 80 Anos da Crise de 1929...............................................................................19

Os 20 Anos da Queda do Muro de Berlim..........................................................22

As Eleições no Irã..................................................................................................24

Outros Caminhos da Índia....................................................................................27

Os 30 Anos da Lei da Anistia................................................................................30

Norte-americanos Começam a Deixar o Iraque.................................................32

Exercícios ..............................................................................................................34

Propostas de Redação..........................................................................................57

Resumos Esquemáticos......................................................................................166
Os 20 Anos do Massacre da Praça

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da Paz Celestial na China

Em 4 de junho de 1989, o exército da China invadiu a Praça da Paz Celestial


(Tiananmen), em Pequim, e sufocou um protesto pró-democracia liderado
sobretudo por estudantes universitários. Ficou famosa a imagem de um jo-
vem que, sozinho, tentava barrar o avanço de uma fileira de tanques! A iden-
tidade do rapaz nunca foi descoberta, mas a cena foi uma das mais marcantes
do século XX e tornou-se um verdadeiro símbolo da luta pela liberdade.
Os protestos ocorriam na Praça há pelo menos três meses e o massacre
deixou o saldo de 212 mortos, segundo dados oficiais – fontes independen-
tes, porém, calculam em quase sete mil a quantidade de mortos. Muitos dos
líderes da revolta foram presos depois ou obrigados a exilar-se, fugindo da
perseguição do governo comunista chinês.
O assunto é um verdadeiro tabu no País. O regime comunista se esforça
em evitar que as novas gerações tomem conhecimento do massacre, cen-
surando professores, livros e os meios de comunicação. Ativistas políticos
de oposição e parentes das vítimas são espionados pelas autoridades, bem
como estrangeiros e jornalistas. Há todo um esforço para que o assunto não
seja debatido.

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\\ Um Colosso
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A China é uma das civilizações mais antigas do mundo, com mais de cinco
mil anos de história. É o país com o maior número de habitantes do mundo,
em cerca de 1,3 bilhão de pessoas, algo em torno de 20% da população do
planeta. Quando da expansão marítima europeia no século XIV, a China co-
nhecia tecnologias bem desenvolvidas em várias áreas – foram os chineses
que inventaram a bússola, a pólvora, o papel e a imprensa, por exemplo.
No século XIX, o gigantesco mercado consumidor representado pela po-
pulação chinesa tornou o país alvo da cobiça das potências imperialistas. A
China acabou sendo obrigada a se abrir e submeter-se às potencias capita-
listas.
No século XX, iniciam-se movimentos armados para expulsar as potên-
cias estrangeiras que dominavam a China, destacando-se os nacionalistas de
Chiang Kai-Shek e comunistas liderados por Mao Tsé-Tung. Em pouco tempo
começou uma guerra civil entre nacionalistas e comunistas. Nos anos 1930,
a China é atacada pelo Japão, já no contexto da II Guerra Mundial. Expulsos
os japoneses, a China volta a sofrer com a guerra civil, que os comunistas
vencem em 1949 (era a chamada Revolução Chinesa). Os nacionalistas fogem
para a Ilha de Formosa, onde criam a chamada China Nacionalista ou Taiwan,
capitalista (a China vermelha ainda hoje considera Taiwan uma província re-
belde).
A implantação do socialismo foi dramática – na tentativa de reconstruir
a sociedade, Mao Tsé lançou nos anos 1960 a chamada Revolução Cultural,
resultando na morte de milhões de chineses mortos de fome ou executados
pelo Estado autoritário, além de uma economia estagnada.
Em 1978, Deng Xiaoping assumiu o poder e iniciou um processo de refor-
mas econômicas, baseadas na abertura ao capital estrangeiro e na prática de
livre mercado na agricultura, indústria e comércio. Manteve, por outro lado, o
controle político com a “mão-de-ferro” do Partido Comunista.

\\ As Manifestações dos Estudantes


No final dos anos 1980, os regimes socialistas viviam grave crise econômi-
ca e política. Em poucos anos, teve-se a queda do Muro de Berlim, o fim da
União Soviética e a derrocada dos demais países comunistas do Leste Euro-
peu. Foi nessa conjuntura, que estudantes ocuparam a Praça da Paz Celestial
em abril de 1989. Os protestos iniciaram-se depois da morte do líder parti-
dário Hu Yaobang, um defensor de reformas políticas no país. As manifesta-
ções pacíficas pediam democracia, fim da corrupção no governo e condições
melhores de vida para os chineses – passeatas chegaram a ter mais de 300
mil pessoas!

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Em maio de 1989, durante uma reunião sino-soviética e da visita do então

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presidente da União Soviética Mikhail Gorbatchev, estudantes desfilaram pe-
las ruas de Pequim, chamando a atenção da comunidade internacional. A si-
tuação cada vez mais fugia ao controle e irritava o governo comunista chinês.
Entre as autoridades chinesas, travava-se dura luta interna sobre a forma
de tratar os protestos. Zhao Ziyang, então secretário-geral do Partido Comu-
nista e o segundo no comando do país, defendia um tom mais conciliador e
pacifista. Perdeu o cargo por isso. A 19 de maio, Ziyang chegou a se encontrar
com líderes dos estudantes, solicitando que deixassem a Praça, o que não foi
atendido pelos jovens. No dia seguinte, o governo decretou lei marcial.
Sentindo-se ameaçado pelo movimento (que poderia motivar novos pro-
testos e levar à queda dos burocratas dirigentes chineses), Deng Xiaoping
ordenou ao exército invadir e desocupar a praça. Ocorreu, então, um banho
de sangue, com estudantes sendo mortos à queima roupa ou esmagados por
tanques. Nas semanas seguintes, outros estudantes foram presos ou mortos.

\\ A China Hoje
Nos anos posteriores ao massacre, o modelo econômico de abertura e a
ditadura política continuaram.
Economicamente, o país conheceu, nos últimos anos, um extraordinário
crescimento, atraindo investimentos estrangeiros e exportando produtos de
baixo custo e quase sem concorrência no mercado internacional (os salários
pagos são baixos e quase não há direitos trabalhistas, e denúncias dão conta
da grande exploração dos operários chineses: trabalham seis a sete dias por
semana e 12 horas por dia).
O PIB (Produto Interno Bruto) da China é de US$ 3,5 trilhões, o que faz do
país a terceira maior economia do planeta, atrás apenas de Estados Unidos
e Japão. Perto de 400 milhões de pessoas saíram da pobreza absoluta nos
últimos anos, muitas delas vindas do campo e trabalhando nas fábricas das ci-
dades, onde produzem desde produtos piratas até componentes eletrônicos
sofisticados. Atualmente, a China apresenta uma excelente educação, com
pesquisas de ponta e analfabetismo de 4% (nos anos 1960, era de 60%).
A ditadura chinesa apresenta uma estreita relação comercial com os Es-
tados Unidos, numa das grandes contradições da política externa deste país,
que diz defender as “liberdades democráticas” no mundo.
A China continua com um regime político autoritário, burocrático, con-
trolado com punho firme pelo Partido Comunista e com apoio de uma nova
burguesia que surge no país em virtude da expansão econômica. Impera ain-
da a corrupção (apesar de o governo punir os casos até com pena de morte),
desrespeito ao meio ambiente e falta de liberdades civis. De certo modo,
a prosperidade econômica serviu para diminuir o descontentamento com a
falta de democracia.

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A Coreia do Norte e os Testes Nucleares
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Em maio de 2009, a mídia divulgou com estardalhaço os testes com lan-


çamentos de mísseis nucleares realizados pela Coreia do Norte. Teve-se um
teste nuclear subterrâneo e o lançamento de seis mísseis balísticos de curto
alcance. A tensão diplomática aumentou e começou-se a falar (com exage-
ros, é verdade) do risco de conflitos armados com a vizinha Coreia do Sul e
até com o Japão.
A Coreia do Norte é um dos países mais pobres da Ásia, com uma ditadu-
ra militarizada governada a mão de ferro por Kim Jong-il, cuja família controla
o poder há meio século. Possui cerca de 23,5 milhões de habitantes.
A corrida armamentista (que ainda continua, diga-se de passagem) foi
uma das características da Guerra Fria, quando Estados Unidos e União So-
viética disputavam a hegemonia mundial na segunda metade do século XX.
O regime comunista norte-coreano vê no uso de armas nucleares uma forma
de se preservar e, de certa forma, chantagear as potências mundiais e obter
vantagens comerciais, que alivie a grave crise econômica e social que passa.

\\ Um País Isolado e em Crise


A Coreia do Norte é um produto do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-
1945) e da Guerra Fria. Com a derrota do Eixo (aliança político-militar entre
japoneses, alemães e italianos), o Japão foi obrigado a deixar a península
Coreana, que acabou dividida em dois países, Coreia do Sul (sob a influência
dos Estados Unidos) e Coreia do Norte (aliada da União Soviética).
As duas Coreias entraram em guerra entre 1950 e 1953 (quando o Norte
tentou anexar o Sul). O confronto terminou com um frágil cessar fogo que
dura até hoje.

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Com a derrocada da União Soviética e a dos regimes comunistas no Leste

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Europeu, a Coreia do Norte passou a viver grave crise econômica – sem os
antigos parceiros comerciais socialistas, o país entrou num período de falta
de alimentos, situação agravada por vários desastres naturais. Estima-se que
a crise teria causado a morte de cerca de dois milhões de norte-coreanos na
década de 1990.

\\ Jogo Perigoso
O projeto nuclear da Coreia do Norte seria parte de uma estratégia de
fortalecimento do regime comunista e de sobrevivência externa. Apesar dos
discursos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul de diálogo e coexistência
pacífica, a política externa neoconservadora norte-americana nos últimos
anos, especialmente no governo de George W. Bush, passou ao líder norte-
coreano Kim Jong-il a ideia de que os americanos queriam derrubar o regime
comunista de qualquer maneira. Lembremos que em 2002, George Bush in-
cluiu a Coreia do Norte no que chamou “eixo do mal”, ao lado do Irã e Iraque
– certamente não ajuda muito numa negociação associar um país ao “mal”...
Assim, investir em armas nucleares foi a maneira encontrada por Kim Jong-il
de frustrar qualquer plano ocidental de derrubá-lo. A Coreia do Norte apre-
senta o quarto maior exército do planeta, com aproximadamente 1, 2 milhão
de soldados, com um grande arsenal de armas.
A queda de Kim Jong-il, todavia, não interessaria à China. Esta, que faz
fronteira e é aliada da Coreia do Norte há décadas, é fundamental na reso-
lução do problema. Os chineses não desejam o aumento da influência dos
Estados Unidos na estratégica Península Coreana (o que se daria possivel-
mente, com o fim do regime norte-coreano) e nem querem que milhões de
pessoas famintas e desesperadas cruzem sua fronteira no caso do regime co-
munista entrar em colapso. Por outro lado, a China também não quer a Coreia
do Norte com armas nucleares, pois isso significaria maior independência e
poder de barganha de Kim Jong-il em relação a Pequim. Um jogo de xadrez.
Há também quem enxergue no programa nuclear da Coreia do Norte uma
maneira de forçar a abertura de negociações com os Estados Unidos e a nova
gestão de Barack Obama, visando por fim às sanções econômicas que o regi-
me comunista sofre há anos em virtude de seus testes com armas nucleares.

\\ Controle Nuclear
A partir do final dos anos de 1960, com uma forte pressão popular inter-
nacional contra o perigo das armas nucleares, os governos de vários países
passaram a assinar acordos para controlarem os arsenais do planeta. No fun-
do, era uma maneira desse “clube nuclear” se proteger de novos membros e
garantir seu poder bélico e interesses estratégicos.

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São consideradas potências nucleares atualmente: Rússia, Estados Uni-
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dos, Reino Unido, China, França, Israel, Índia e Paquistão. Coreia do Norte e
Irã já tem ou estão perto de terem armas nucleares também – daí a pressão e
os embargos para abortarem seus programas.
Os riscos, afora um confronto nuclear, são de que ocorram acidentes em
usinas, gerando danos ao meio ambiente e às populações e de que as armas
caiam nas mãos de grupos extremistas, a exemplo da Al-Qaeda.
O que parece, a Coreia do Norte ainda não é capaz de miniaturizar uma
ogiva nuclear (ou seja, não tem tecnologia para “colocar” uma ogiva num
míssil) e atingir alvos distantes, a exemplo da Europa e Estados Unidos.

De qualquer forma, os recentes testes nucleares norte-coreanos incomo-


daram os países vizinhos e inimigos de Kim Jong-il, Coreia do Sul e Japão.
A Coreia do Norte tem plenas condições de lançar mísseis de curto alcance,
através de submarinos e aviões. Teme-se que os governos japoneses e sul-
coreanos também desenvolvam armas nucleares, aumentando ainda mais a
tensão na área e o manuseio daqueles perigosos equipamentos bélicos.
Mesmo assim, aposta-se numa saída diplomática e pacífica. A ONU (Or-
ganização das Nações Unidas) estuda novas sanções à Coreia do Norte, em-
bora saiba-se que anteriormente essas medidas não provocaram efeitos. A
população do país teve seus problemas sociais agravados com os embargos
econômicos e comerciais e o regime de Kim Jong-il levou adiante o progra-
ma nuclear... De qualquer forma, com o fim da Guerra Fria e pela pobreza da
Coreia do Norte (que certamente não tem reservas petrolíferas!), Kim Jong-il
e Obama tendem mais para uma conciliação e uma solução diplomática, in-
termediada pela ONU.

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Cuba e a OEA

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A 3 de junho de 2009, no término da 39ª Assembleia Geral da Organiza-
ção dos Estados Americanos (OEA), realizada na cidade de San Pedro Sula,
Honduras, os países membros chegaram a um consenso e revogaram a re-
solução que expulsou Cuba da entidade. Tal expulsão ocorrera em 1962 por
pressão dos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria, quando Havana se
aproximava do bloco socialista soviético. Nas últimas décadas, porém, todos
os países do continente restabeleceram contato com a ilha socialista, à exce-
ção dos EUA.
A decisão estabelece um mecanismo para que Cuba seja reincorpora-
da caso manifeste vontade. Contudo, Cuba já declarou várias vezes não ter
interesse em retornar ao que considera “instrumento do imperialismo dos
Estados Unidos”.

\\ A Revolução Cubana
As relações entre Cuba e os Estados Unidos entraram em atrito a partir
da Revolução Cubana de 1959, quando Fidel Castro, Ernesto Che Guevara e
outros derrubaram a ditadura de Fulgêncio Batista. Este estava no poder há
25 anos e era um importante aliado dos Estados Unidos. Até então, Cuba era
uma espécie de “Las Vegas do Caribe”: grupos mafiosos americanos explora-
vam cassinos, bordéis e o turismo local, enquanto turistas norte-americanos
passavam férias na Ilha, deleitando-se com festas, jogatina e prostituição.
No comando do país, Fidel começou um programa de reformas sociais e
políticas que irritaram profundamente as elites cubanas e o governo dos Esta-
dos Unidos, a exemplo de uma reforma agrária e a nacionalização de empresas

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estrangeiras. Boa parte das elites cubanas migrou especialmente para Miami
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(EUA), onde ainda hoje faz cerrada campanha contra o regime castrista, e
os Estados Unidos adotaram várias medidas visando isolar e consequente-
mente fazer naufragar a revolução. Ante a pressão dos Estados Unidos, Cuba
cada vez mais se aproximou da União Soviética, declarando-se socialista.
Exemplo das retaliações norte-americanas a Cuba é o embargo econô-
mico, decretado em 1962, logo após o rompimento das relações diplomá-
ticas entre as duas nações. O embargo suspendeu todas as importações e
exportações entre os países (no governo Bill Clinton, em 1999, ampliou-se o
embargo, proibindo-se as filiais estrangeiras de companhias estadunidenses
de comercializar com Cuba, a valores superiores a 700 milhões de dólares
anuais).
A medida está em vigor até hoje e teve três efeitos: aumentou a antipatia
da América Latina em relação aos Estados Unidos, comprometeu a economia
de Cuba (que importa 80% do que consome) e serviu, ironicamente, para
fortalecer o regime de Fidel, ao unir a população contra um inimigo externo
e culpabilizar o embargo pelas mazelas do país.
Nessa mesma conjuntura, os Estados Unidos obtiveram que a OEA expul-
sasse Cuba da organização e a isolasse diplomaticamente. A decisão foi ado-
tada na 8ª Assembleia em Punta del Este, Uruguai, em 1962. Quatorze países
votaram pela suspensão, Cuba votou contra e seis países se abstiveram (Ar-
gentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador e México). As hostilidades entre Cuba
e Estados Unidos foram além do embargo econômico e o boicote político –
por várias vezes, a CIA (Agência Central de Inteligência, em inglês – o serviço
de informações e espionagem dos Estados Unidos) tentou assassinar Fidel.

\\ A Revolução Ilhada
Apesar das dificuldades econômicas, o regime comunista cubano conse-
guiu sustentar-se, contando com o apoio, é verdade, da antiga União Soviética.
Com a derrocada do socialismo real no Leste Europeu e na própria União So-
viética no final dos anos 1980 e início da década seguinte, a economia cubana
quase entrou em colapso, com constantes faltas de energia elétrica, combustí-
vel, racionamento de alimentos etc. Foram adotadas, então, algumas medidas
de abertura econômica, a exemplo de investimentos e estímulo ao turismo.
Com a saúde abalada, Fidel afastou-se do poder em 2006 e em fevereiro
de 2008, após 49 anos no cargo, entregou a presidência ao irmão, Raúl Cas-
tro. O novo governo adotou medidas para aumentar a produtividade das em-
presas estatais e permitiu aos cubanos a comprar computadores e celulares.
Cuba tem 11,4 milhões de habitantes e ocupa a 51ª posição no IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano – mede o grau de “desenvolvimento” dos paí-
ses) da ONU (o Brasil está em 72º lugar). O país também é lembrado pela exce-
lente qualidade da saúde e educação (a taxa de analfabetismo é quase zero).

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Os opositores cubanos, porém, sofrem perseguição política. Faltam di-

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reitos civis e liberdade de imprensa (até a internet é censurada) no país. Esti-
mam-se entre 15 mil e 18 mil as execuções políticas ocorridas em Cuba desde
a revolução de 1959. O número de presos políticos, até 2008, era de 205,
segundo a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional
(organização de oposição ao governo comunista).

\\ Aonde Vai Cuba?


A OEA foi criada em 1948, com sede em Washington (Estados Unidos). A
condição de membro da organização garante voz em discussões de diversos
acordos regionais, buscando soluções pacíficas para o desenvolvimento eco-
nômico, social e cultural. Nos últimos anos, com a eleição de vários governos
de esquerda na América Latina, houve uma preocupação em revigorar a enti-
dade e mesmo formar um grupo regional alternativo à OEA, sem a presença
dos EUA, cujos interesses e preocupações seriam distintos das demais na-
ções do continente.
Os EUA, com a nova administração de Barack Obama, porém, acredita
que as recentes medidas possam amenizar os ressentimentos na América
Latina com relação à longa política de isolamento de Cuba mantida pelos
sucessivos governos norte-americanos. Obama tem interesses políticos em
estreitar as relações com a América Latina. Também existem empresas mul-
tinacionais dos EUA que querem o término do embargo para estabelecer
contatos comerciais com Cuba (com a abertura econômica verificada na Ilha
nos últimos anos, muitas empresas europeias estão tendo bons lucros).
Apesar disso, os EUA desejam que Cuba apresente “avanços concretos”
no que toque à questão dos direitos humanos, abertura à imprensa e demo-
cracia. Outro elemento complicador da relação Cuba-EUA é a pressão da
comunidade de exilados cubanos em Miami, que o governo norte-americano
evita contrariar. Tal comunidade, quase uma “segunda Cuba”, forma uma im-
portante parcela do eleitorado da Flórida (decisiva nas eleições dos EUA e,
por exemplo, fundamental para a eleição de George Bush em 2000) e se mos-
tra radicalmente anticastrista.

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Gripe Suína
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Começou no México e em pouco propagou-se por outros países, dei-


xando mortes e medo. A gripe suína, uma doença respiratória, deixou em
alerta as autoridades de vários países no primeiro semestre de 2009, a ponto
da OMS (Organização Mundial da Saúde, ligada à ONU) declará-la como a
primeira pandemia do século 21.
Uma Pandemia acontece quando há uma contaminação global por uma
doença. No caso de uma gripe, ocorre quando aparece um novo tipo de vírus
para o qual os humanos não apresentam defesas imunológicas e nem existe
uma vacina específica contra o mesmo. Isso está ocorrendo com a gripe suí-
na, cujo vírus é uma combinação de genes de porcos, aves e humanos, para
qual o corpo humano não tem defesa.
A gripe suína se transmite de pessoa a pessoa, pelo contato com secre-
ções de pacientes infectados e o período de incubação é pequeno, espalha-
se rapidamente, sobretudo numa época como a nossa, em que há constante
deslocamento de pessoas pelo planeta. Seus sintomas são parecidos com os
da gripe comum, a exemplo de febre alta, tosse, dor de cabeça intensa, dores
musculares e articulações, irritação dos olhos e fluxo nasal.

\\ Outras Pandemias
Ao longo do século XX, aconteceram três pandemias no planeta. A pri-
meira deu-se em 1918, ficando conhecida como gripe espanhola ou gripe
pneumônica – foi tida como uma das mais mortíferas doenças de todos os
tempos. Estima-se tenha matado entre 20 e 100 milhões de pessoas por todo
o mundo. A doença teve o primeiro caso nos Estados Unidos, em março de
1918. Em pouco espalhou-se pela Europa e outros lugares (era a época da I
Guerra Mundial e muitas tropas estavam sendo deslocadas). A designação
“gripe espanhola” talvez se deva ao fato de a imprensa na Espanha, não par-
ticipando na guerra, haver noticiado livremente que civis em muitos lugares
do mundo estavam adoecendo e morrendo em grandes proporções.

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Em 1957, teve-se o que ficou conhecida como gripe asiática. Iniciou-se na

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China e em apenas dois meses a doença se propagou por todo o Oriente,
atingindo depois, em dez meses, África, Europa e América. A doença es-
palhou-se rapidamente em virtude da facilidade das viagens internacionais.
Conforme a OMS, a gripe asiática pode ter contaminado até 80% da popula-
ção do planeta, com dois milhões de vítimas.
Em 1968, aconteceu a denominada Gripe de Hong Kong, surgida naquela
região da Ásia. A gripe demorou em atingir outras áreas do planeta (embora
cerca de meio milhão de pessoas tenha morrido) mostrando um relativo su-
cesso da estratégia de isolar as vítimas e a evolução dos antibióticos.
Apesar da pandemia de gripe suína ser a primeira deste século, nos úl-
timos anos algumas doenças assustaram a humanidade, a exemplo da Sras
(síndrome respiratória aguda grave), em 2003, e a gripe aviária (H5N1), em
2005. Vale ressaltar que a gripe não é transmitida através da ingestão de
carne de porco.

\\ Ondas de Contágio e Economia


Conforme os especialistas, as pandemias apresentam “ondas de contá-
gio” que podem durar de seis a oito semanas. Quando da “gripe espanhola”
no início do século, por exemplo, a primeira onda foi “suave”, enquanto a se-
gunda, terrivelmente mortal. Espera-se que a atual pandemia seja considera-
da leve, embora a quantidade de vítimas dependa de eventuais mutações do
vírus da gripe suína e da continuidade da transmissão de pessoa a pessoa.
Afora a quantidade de infectados e de mortos, a gripe suína apresen-
ta efeitos e prejuízos na economia, especialmente num momento em que a
economia global vive uma grave crise. Redução das viagens, impacto no tu-
rismo, paralisação de fábricas e comércio em virtude do temor de contágio
etc. podem ser algumas consequências. No México, país em que ocorreram
as primeiras morte em abril de 2009, escolas e comércio foram fechados e os
eventos públicos, cancelados, na tentativa de assim conter-se o avanço do
vírus.
A indústria de produtos suínos também apresenta perdas, apesar das au-
toridades de saúde terem descartado qualquer possibilidade de contamina-
ção pelo consumo de carne (o cozimento mata qualquer tipo de vírus) ou de
produtos que contenham carne suína.
Há quem relacione a crise suína (e outras, a exemplo da gripe aviária), à
busca incessante de lucros da poderosa indústria pecuarista. Para aumentar
a produtividade, as empresas cada vez mais usam poderosos antibióticos nas
fábricas porcinas, criando vírus cada vez mais resistentes que em combina-
ções genéticas, tornam-se letais para os seres humanos.

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Crise Econômica
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No momento em que se completam os 80 anos da maior crise mundial do


capitalismo, a de 1929, a economia do mundo vive outro período turbulento.
A presente crise financeira internacional, que já levou poderosas empresas à
falência (a exemplo de bancos e até da poderosa General Motors, fabricante
de carros) começou com uma crise imobiliária nos EUA e em pouco espalhou-
se, como uma onda, pelo resto do planeta.

\\ A Crise Imobiliária dos Estados Unidos


Em 2001, com os juros norte-americanos reduzidos, os bancos passaram
a oferecer grande quantidade de crédito imobiliário (ou seja, empréstimos
para comprar casa, reformar etc.), especialmente para uma categoria de pes-
soas classificadas como “subprime”, ou seja, pessoas que tem menor poder
aquisitivo e mesmo dificuldades de comprovar renda. Isso acabou aquecen-
do o setor imobiliário e a construção civil nos Estados Unidos.
Tal crescimento gerou, por outro lado, especulações. Com a facilidade de
obter crédito imobiliário, cresceu imensamente a procura por casas e aparta-
mentos, o que levou a um aumento do preço dos imóveis (é a velha “lei da ofer-
ta e da procura”: se a demanda é grande, os preços sobem). Para se ter ideia,
casas que originalmente valiam US$80 mil passaram a ser vendidas por US$200
mil! Adquirir uma casa (ou mais de uma!) virou um bom negócio, na expecta-
tiva de que a venda futura dos imóveis, que se valorizavam, desse bons lucros.
Muita gente hipotecava também as casas, para pagar dívidas ou gastar mais.

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A partir de 2004, porém, os juros nos EUA começaram a subir (foi uma

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maneira do governo Bush combater a inflação). Em decorrência, o valor das
prestações dos empréstimos imobiliários igualmente subiram, gerando enor-
mes dificuldades para as pessoas honrarem os compromissos assumidos.
Assim, com os sucessivos empréstimos que faziam e com os altos juros
cobrados pelos bancos, não poucos clientes ficaram inadimplentes. Sem re-
ceber o que haviam emprestado, por mais que continuassem a cobrar juros e
mesmo a retomar os imóveis (o que gerou cenas dramáticas de famílias sendo
despejadas pelo país), os bancos ficaram no prejuízo, quando não faliam – foi
aliás, a quebra do Lehman Brothers, quarto maior banco de investimento dos
EUA, em 15 de setembro de 2008, o estopim para a crise. O setor imobiliário
e a construção civil praticamente paralisaram suas atividades e milhões de
pessoas começaram a viver o drama de perder suas casas e empregos.
Diante dos prejuízos, os bancos passaram cada vez menos a oferecer cré-
ditos para outros setores econômicos, de modo que a economia toda entrou
em crise. Ou seja, a crise que era do setor imobiliário gerou uma crise mais
ampla, no mercado de crédito de modo geral. Com menos liquidez (dinheiro
disponível), menos se comprava, menos as empresas lucravam e menos pes-
soas eram contratadas.

\\ Crise Global
No mundo da globalização financeira, a crise americana logo propagou-
se, fosse pelo pessimismo do mercado (é a chamada “crise de confiança” –
numa época de incertezas, o dinheiro para de circular: quem possui recursos
sobrando não empresta, quem precisa de dinheiro para cobrir falta de caixa
não encontra quem forneça...), fosse pela diminuição do comércio com os
EUA. Empresas passaram a cortar seus investimentos ou a fecharem as por-
tas, aumentando o desemprego e o achatamento de salários.
Para evitar um caos ainda maior, os governos de vários países passaram a
injetar trilhões de dólares visando socorrer empresas em dificuldades – uma
prática, por sinal, totalmente contrária aos princípios do chamado neolibera-
lismo, de que não deve o Estado intervir no mercado. Por tal razão, há quem
afirme que a presente crise foi a pá de cal no neoliberalismo. Há um silêncio
constrangedor atualmente entre os antigos defensores do Estado mínimo...
Além de emprestar dinheiro a empresas, os governos adotaram outras
medidas, a exemplo de estatizar empresas com risco de falência (outra medi-
da totalmente contrária aos ideais do neoliberalismo) e a garantir os depósitos
feitos pelos clientes nos bancos (para evitar uma corrida das pessoas às agên-
cias bancárias, temendo que estas quebrassem e não lhes reembolsassem).

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\\ A Crise e o Brasil
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Se de início o Brasil não foi atingido pela crise, a médio prazo, porém, foi
inevitável o “contágio”, em virtude da interligação da economia capitalista
globalizada. Vários setores nacionais passaram a sentir a redução da oferta de
crédito por parte dos bancos (grandes empresas que dependiam de financia-
mento externo passaram a encontrar menos linhas de créditos disponíveis) e,
em seguida, pela queda das exportações e importações (são os EUA ainda o
nosso principal parceiro comercial), e da própria demanda interna (com a cri-
se, houve uma redução do consumo das pessoas), que foi o grande propulsor
do crescimento brasileiro nos últimos anos. Em decorrência, houve o avanço
do desemprego e uma expectativa de desaceleração no crescimento econô-
mico do País – ainda que se espere que no Brasil a situação fique melhor que
na maioria dos países desenvolvidos e emergentes.
Os setores econômicos que mais sentiram a queda da demanda no Brasil
(e igualmente no resto do mundo) são o automotivo, o imobiliário e o de bens
de capital (ligado aos investimentos). Isso deu-se porque tais segmentos ven-
dem produtos que dependem diretamente de financiamentos, cada vez mais
reduzidos.
Nessa conjuntura, o governo federal tomou algumas medidas para ten-
tar reforçar as vendas e estancar as demissões. Entre tais medidas, teve-se a
redução temporária das alíquotas do IPI (Imposto sobre Produtos Industriali-
zados) sobre automóveis e eletrodomésticos da “linha branca” e a injeção de
R$100 bilhões no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social) para realizar empréstimos.
O reflexo da crise se espelhará no desempenho do PIB (Produto Interno
Bruto) brasileiro, cujo crescimento este ano talvez não chegue a 1%, bem
diferente dos 4% esperados antes da crise.
A crise provocou um efeito dominó. Com a bancarrota do setor imobiliário, os
especuladores internacionais procuraram outras áreas para aplicar seus capitais
e obter lucros – no caso, a bola da vez foi o setor de alimentos (ou seja, passa-
ram a investir em empresas que negociavam commodities, isto é, negociavam
soja, milho, trigo etc.). A procura por esse setor levou a um aumento do preço
internacional dos grãos (de novo a “lei da oferta e da procura”). Por essa razão,
entende-se a crise alimentar do início de 2008, que atingiu vários países pobres
os quais não tinham como pagar pelo aumento da cotação dos grãos. Ao con-
trário do que foi propagado a época por certas revistas semanais, não era a falta
de alimentos em si que provocava o aumento dos preços dos alimentos, mas
um ataque especulativo. Depois, com o próprio evoluir da crise internacional, os
preços dos alimentos voltaram a cair...
Outra consequência da crise, e que teve particular repercussão no Brasil,
foi a forte queda nos mercados acionários. Com medo da crise financeira
aumentar, os investidores/especuladores tiraram o dinheiro das Bolsas, con-
sideradas investimentos de risco. Dessa forma, escasseiam recursos para as
empresas investirem e a crise aumenta, o que faz os investidores/especula-
dores novamente tirarem mais dinheiro. Para manter aquele dinheiro em suas
fronteiras, os governos mantêm elevadas as taxas de juros.

18
Os 80 Anos da Crise de 1929

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Após a I Guerra Mundial (1914-18), os EUA conhecerem um período de
grande expansão econômica, o que durou por quase todos os anos 1920. Tal
prosperidade, contudo, abruptamente interrompeu-se em 1929, com a que-
bra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Iniciou-se, então, para os EUA e boa
parte do mundo uma grande depressão (ou seja, uma recessão profunda – a
economia deixou de crescer).

\\ O Fim de uma Era


Para muitas nações europeias, a I Primeira Guerra Mundial significou mor-
te e destruição. Países chegaram a perder 10% da sua população ativa e por
todo o continente houve perda de grande parte do parque industrial, afora
a destruição de rodovias, ferrovias, hidrelétricas etc. A inflação e o desem-
prego dispararam no pós-guerra, com grande agitação social, verificando-se
o crescimento das correntes socialistas (muito influenciadas pela Revolução
Russa de 1917) e de movimentos de extrema-direita, financiados pela grande
burguesia e com simpatia das classes médias, a exemplo do fascismo da Itá-
lia. Um cenário de desolação.
Enquanto a Europa vivia o caos, o pós-Guerra e a década de 1920 foram
de grande expansão econômica para os Estados Unidos. O país, que já vinha
se consolidando como uma das mais poderosas nações industriais do mun-
do, conheceu enorme prosperidade, em grande parte devido aos lucros que
obtinha financiando a reconstrução europeia.
Entretanto, tal prosperidade apresentava contradições. Uma delas estava
na enorme concentração da renda. Com o aperfeiçoamento tecnológico, mi-
lhares de norte-americanos foram demitidos ou tiveram os salários reduzidos.

19
Assim, as camadas mais pobres do país não foram beneficiadas com a pros-
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peridade. A renda se concentrou nas mãos dos grandes industriais, banquei-


ros e negociantes. Também houve grande surto especulativo. Boa parte das
elites e classes médias investiam em ações e especulavam nas Bolsas de Valo-
res. Os preços das ações não paravam de subir – mas aquelas expectativas de
lucros eram irreais, não tinham correspondente na realidade da economia.
Quando isso foi finalmente percebido, as ações despencaram e com ela
parte do capitalismo liberal. No dia 24 de outubro de 1929, que ficou conheci-
do como a “quinta-feira negra”, os investidores começaram a vender as suas
ações de forma desenfreada, tentando evitar prejuízos. Acontece que quanto
mais vendiam, mais o preço das ações caía – para se ter ideia, cotações de
ações chegaram a sofrer uma queda de 90%! Em pouquíssimo tempo, as
fortunas de quem tinha aplicado em ações evaporou-se.
Afora a especulação, uma das razões principais da crise foi a superpro-
dução industrial e agrícola capitalista. Como a renda ficou nas mãos de uma
minoria, o grosso da população não tinha como comprar o que as fábricas
cada vez mais produziam. O mercado consumidor para a produção dos Esta-
dos Unidos reduzia-se mais ainda com a recuperação da economia europeia
na segunda metade dos anos 1920. Dessa forma, com a redução do consumo,
as fábricas viram-se obrigadas a parar/reduzir a produção, gerando mais de-
semprego. Com mais desemprego, menos pessoas consumiam, mais fábricas
paravam e assim sucessivamente!
O crack da Bolsa de Nova Iorque marcou o início da Grande Depres-
são. Milhões de pessoas ficaram na miséria. Milhares de fábricas fecharam
as portas e despediram os trabalhadores. O desemprego atingiu milhões de
pessoas e agravou ainda mais a situação das empresas que sobreviveram,
afinal, o mercado se restringiu. A fome passou a imperar na nação mais rica
do mundo. As filas para conseguir comida, distribuída gratuitamente pelo
governo, tornaram-se comuns nos grandes centros.
Como os países capitalistas apresentavam ligações econômicas entre si, a
crise dos EUA logo espalhou-se por outras nações – à exceção da União So-
viética, que fora mantida, até certo ponto, isolada, pelo temor da burguesia
ocidental de uma expansão do socialismo. A América Latina, que vendia mui-
to para os EUA, teve sério abalo em suas exportações. Capitais americanos
foram retirados do continente europeu – de novo no caos econômico e social,
e com o crescente crescimento das esquerdas, boa parte da elite passou a
financiar movimentos políticos de extrema-direita, a exemplo do Nazista, na
Alemanha. Os mercados se fecharam para debelar a crise. A disputa por mer-
cados levaria à II Guerra Mundial (1939-45).

\\ Saídas para a Crise


Para muitos analistas, a crise de 1929 marcou o fim do capitalismo liberal,
em que prevalecia o livre mercado, sem a intervenção do Estado na econo-
mia. O controle estatal sobre a economia passou a predominar no mundo –
exemplo foi o Nazismo na Alemanha, que priorizaram a indústria bélica.

20
Mesmo nos EUA, país construído sob o ideal liberal, o Estado passou a

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ter uma papel fundamental na recuperação da economia. Nas eleições de
1932, os estadunidenses elegeram para presidente o oposicionista e repre-
sentante do Partido Democrata, Franklin Roosevelt, com a promessa de fazer
a economia voltar a crescer. Roosevelt lançou um plano que ficou conhecido
como New Deal. Esse programa implicou uma maior intervenção do Estado
na economia – controlava-se a emissão de valores monetários, o investimento
em setores básicos da indústria e a criação de políticas de emprego.
Para dar emprego a milhões de desempregados, o governo mandou
construir estradas, barragens, usinas hidrelétricas, reflorestar áreas etc. Hou-
ve a concessão de subsídios e crédito agrícola a pequenos produtores fami-
liares e criou-se a Previdência Social, que estipulou um salário mínimo, além
de garantias a idosos, desempregados e inválidos. Dessa forma, com alguma
renda, a população aumentou o consumo, de modo que as indústrias, o co-
mércio e os bancos retomaram lentamente suas atividades.
Na verdade, com o New Deal, criaram-se as bases do que foi chamado
após a II Guerra de welfare State (Estado do bem-estar social), que perdurou
basicamente até o final dos anos 1970 e 80, quando com o neoliberalismo, os
princípios do livre mercado voltaram a ganhar espaço.
Bom ressaltar que muitos historiadores afirmam que a razão para a eco-
nomia americana voltar a crescer no final dos anos 30 não foi apenas o New
Deal, mas, sobretudo, a demanda gerada pela II Guerra Mundial.

\\ Crise de Ontem e de Hoje


Diante do cenário atual de crise, é inevitável a comparação com a Crise de
1929. Há, porém, grandes diferenças. Para começar, por mais que nos últimos
anos tenha prevalecido o neoliberalismo, o Estado continua ainda presen-
te na economia, nacional ou internacionalmente – por exemplo, organismos
como o Fundo Monetário Internacional estão preparados para atuar em situ-
ações de emergência, o que não existia nos anos 1930.
Depois, nos Estados Unidos de 1929, o governo do presidente republica-
no Herbert Hoover, seguindo o liberalismo, não agiu, deixando que o merca-
do “resolvesse seus problemas”, sem qualquer intervenção do Estado. Com
isso, a quebradeira foi generalizada e a depressão econômica aumentou...
Hoje, o governo norte-americano e outros já gastaram vultosos recursos
para evitar a quebra ou falência de instituições financeiras. Isso contraria fron-
talmente os princípios do pensamento econômico neoliberal e sucinta severas
críticas: as riquezas são individualizadas, mas os prejuízos são coletivizados...
Há ainda outros países que continuam em ritmo de crescimento e com re-
servas financeiras para emprestar aos países em dificuldade. Pode-se citar a Ale-
manha, o Japão, a Arábia Saudita e a China. A situação dos chamados “países
emergentes”, a exemplo de Rússia, Índia e Brasil igualmente podem contribuir
para a atividade econômica mundial não sofrer uma contração tão grande.

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Os 20 Anos da Queda do Muro de Berlim
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Muita festa aconteceu a 9 de novembro de 1989 em Berlim, quando uma


multidão derrubou um dos maiores símbolos políticos do século XX e iniciou
uma nova etapa na história da Alemanha. A queda do Muro de Berlim assina-
lou o fim da Guerra Fria e o começo de uma “Nova Ordem Mundial”.

\\ A Construção do Muro
Com o fim da Segunda Guerra, a Alemanha nazista e sua capital Berlim
foram divididas em quatro zonas de ocupação entre URSS, EUA, Reino Unido
e França. Em 1949, com a radicalização da Guerra Fria, o país acabou sendo
dividido em dois, as repúblicas Federal da Alemanha (Ocidental - capitalista)
e Democrática Alemã (Oriental - socialista). O mesmo aconteceu com a cida-
de de Berlim, dividida em Berlim Ocidental (capitalista) e Berlim Oriental (so-
cialista) – havia, porém, um sério problema: Berlim Ocidental ficava dentro da
Alemanha Oriental, ou seja, havia uma cidade capitalista no lado socialista!
Berlim Ocidental recebeu milhões de dólares e se tornou uma joia de pro-
paganda do capitalismo dentro do bloco comunista. Era também um local
por onde os EUA e seus aliados ocidentais infiltravam espiões para vigiar o
inimigo socialista.
A expansão econômica de Berlim Ocidental e o autoritarismo reinante na
Alemanha Oriental levavam milhares de pessoas a migrar/fugir para o lado
capitalista. Assim, para conter tais fugas, em 1961 a União Soviética ergueu
o Muro de Berlim. Chamado pelo Ocidente de “Muro da Vergonha”, o Muro
de Berlim tornou-se o maior símbolo da Guerra Fria, representando a divisão
do mundo em dois modelos sócio-econômico-ideológicos. Para os alemães,
afora a divisão de seu país (separando famílias e territórios), era uma lem-
brança viva da II Guerra Mundial e das consequências desta.

22
\\ A Queda

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No início dos anos 80, perante a estagnação da economia, crescente bu-
rocratização e autoritarismo, Mikhail Gorbatchev assumiu a presidência da
União Soviética. Adotou, então, duas políticas para salvar o país: a glasnost
(transparência política) e a perestroika (reestruturação econômica). Ambas
fracassaram, levando ao fim da União Soviética, do Bloco Socialista e da pró-
pria Guerra Fria.
O fim do Bloco Socialista deu-se de várias maneiras. Negociações entre
as autoridades e oposição na Polônia, Bulgária e Hungria; revoltas populares
violentas na Romênia e manifestações em massa pela democracia na Alema-
nha Oriental e Tchecoslováquia (Revolução de Veludo).
Na Albânia, pressões populares levaram a reformas. Na Iugoslávia, explo-
diram velhas rivalidades étnicas, religiosas e nacionalistas, gerando brutais e
sanguinárias guerras civis e a fragmentação do país.
O Muro de Berlim “começou a ruir” quando em 1989 a Hungria, liberali-
zando seu regime socialista, abriu as fronteiras com a Áustria, permitindo o
livre acesso ao mundo capitalista. Milhares de alemães orientais passaram a
migrar para o lado ocidental, enquanto as manifestações populares contra o
governo aumentavam, especialmente em Berlim Oriental.
Pressionado, o governo comunista alemão abriu as fronteiras com a Ale-
manha Ocidental e Berlim Ocidental. A massa, efusiva, passou a destruir o
muro, em festivas celebrações com danças, músicas, bebidas e fogos de ar-
tifício.
Com a Guerra Fria acabando, houve a reunificação da Alemanha, em ne-
gociações chanceladas por Gorbatchev e George Bush (o pai) e com o con-
vencimento da Inglaterra e França, rivais históricos da Alemanha, que temiam
o regresso da “potência central” que tanto lhes incomodava, a exemplo dos
tempos de Bismarck e de Hitler.
Helmut Kohl, primeiro-ministro da Alemanha Ocidental, articulou a incor-
poração da Alemanha Oriental, primeiro com uma união monetária e depois
com a unidade política. Em outubro de 1990, a Alemanha voltou a ser uma
só, capitalista.
País mais rico, populoso e influente da Europa, a Alemanha ainda hoje
convive com as consequências da divisão e da reunificação: disparidades so-
cioeconômicas entre oeste e leste, diferenças políticas, preconceitos contra
os habitantes da parte oriental, frustração dos antigos moradores da Alema-
nha Oriental com as contradições do capitalismo e o crescimento do neona-
zismo.

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As Eleições no Irã
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Com o anúncio da reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, a 12


de junho de 2009, multidões invadiram as ruas de Teerã, a capital do Irã, pro-
movendo os maiores protestos contra o governo nas últimas três décadas. As
manifestações puseram em cheque a citada reeleição e evidenciaram divi-
sões na sociedade daquele país pelos aiatolás.

\\ O País dos Aiatolás


O Irã apresenta uma população de 65,8 milhões de habitantes, sendo o
quinto maior exportador de petróleo no mundo, o que desperta a atenção
e a cobiça de potências como os Estados Unidos. Irã e Estados Unidos têm
relações hostis desde a Revolução Iraniana de 1979, quando os xiitas (grupo
religioso islâmico) derrubaram o governo pró-Ocidental do Xá Reza Pahlevi –
na verdade, uma das mais sanguinárias ditaduras da região.
Com isso, mudou-se completamente a geopolítica do Oriente Médio. O
comando do Irã passou para o aiatolá Ruhollah Khomeini (1900-1989), entran-
do em rota de atrito com os EUA, pela questão do petróleo e por não aceitar
a cultura ocidental laicizante. Para tentar derrubar o regime islâmico xiita,
os EUA apoiaram e financiaram o governo do iraquiano Saddam Hussein na
Guerra Irã-Iraque (1980-88), cujo pretexto foi uma disputa fronteiriça. O con-
flito terminou com mais de 1 milhão de mortos e com as mesmas fronteiras
de antes da guerra...

24
Pressionado pelo Ocidente, o Irã passou a desenvolver um programa nu-

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clear, condenado pela ONU e temido pelos EUA. Se os iranianos construírem
a bomba atômica, o jogo geopolítico muda radicalmente no Oriente Médio,
sobretudo em relação a Israel, que recusa-se a aceitar um Estado palesti-
no e promove verdadeiros massacres dos árabes, os quais respondem com
ataques terroristas, matando judeus inocentes, numa escalada infindável de
violência. Israel tem armas nucleares e conta com apoio dos EUA. Com o Irã,
aliado dos árabes, tendo armas nucleares, a postura política e o próprio Esta-
do de Israel estariam seriamente ameaçados...

\\ Teocracia e Eleições
Ao contrário do Ocidente, onde prevalecem regimes laicos (ou seja, se-
paração entre Estado e religião), o Irã é uma república teocrática, estando o
poder político e religioso nas mãos do Líder Supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
É este que controla as Forças Armadas, a Justiça e a imprensa estatal (rá-
dio e TV), além de indicar quem pode concorrer aos cargos eletivos do país.
Abaixo do Líder Supremo, está o Conselho dos Guardiães, órgão legislativo
formado por seis clérigos e seis juristas.
Na recente eleição, houve uma polarização entre o atual presidente Mah-
moud Ahmadinejad e o oposicionista tido como moderado Mir-Hossein Mou-
savi. Setores ocidentais veem com ressalvas Ahmadinejad, por suas posições
tidas como radicais, a exemplo de defender a destruição do Estado judeu de
Israel e a continuidade do programa nuclear iraniano (neste caso, visando mos-
trar força e defender o regime contra seus não poucos inimigos). Mousavi, por
sua vez, apresenta o apoio das mulheres (oprimidas pelo machismo iraniano,
que usa o islamismo para justificar a submissão feminina), dos estudantes e da
classe média reformista que desejam maior aproximação como o Ocidente.
A campanha eleitoral foi até calma, ocorrendo um recorde de 84% de
comparecimento às urnas (o voto não é obrigatório no Irã). Ahmadinejad foi
reeleito com 24,5 milhões de votos, 62,7%, contra 33,7% de Mousavi. A opo-
sição, de imediato, alegou que houve fraude nas eleições.
As suspeitas deram-se em virtude do anúncio da reeleição de Ahmadi-
nejad duas horas após o fechamento das urnas (normalmente, a contagem
de mais de 40 milhões de votos em cédulas de papel, escritas à mão, leva
mais tempo). Além disso, pesquisas apontavam ao menos uma disputa mais
apertada entre os candidatos, não uma vitória do presidente com tamanha
vantagem de votos no primeiro turno.
Passaram, então, a ocorrer protestos com milhares de pessoas pelas ruas
de Teerã. Aconteceram mesmo algumas mortes e dezenas de pessoas saíram
feridas em confronto com a polícia e a temida Guarda Revolucionária, agru-
pamento militar de elite.

25
O governo tacha os manifestantes de “baderneiros” e acusa agentes de
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EUA, França e Inglaterra de estarem incitando os protestos. O Líder Supre-


mo, que raramente realiza pronunciamentos públicos, chegou a determinar
a recontagem parcial de votos e investigação das acusações de fraudes pelo
Conselho dos Guardiões. A oposição deseja a anulação do pleito e a realiza-
ção de nova eleição.

\\ Uma Sociedade Dividida


Segundo muitos analistas, porém, mesmo uma recontagem de votos dificil-
mente modificaria o resultado – Ahmadinejad conta com grande apoio da so-
ciedade, seja pela melhoria de vida possibilitada aos mais pobres do país, seja
pelo afinco religioso da população e mesmo pelo sentimento de medo e anti-
patia de não poucos iranianos em relação ao Ocidente (certamente ver seu país
ser acusado de “fanatismo, terrorista e de ser uma ameaça à paz mundial” não
deve agradar a muita gente...). No fundo, os protestos evidenciam uma divisão
da sociedade iraniana, em que uma parcela minoritária não aceita a teocracia
e os rígidos valores morais e comportamentais aplicados pelos clérigos islâmi-
cos, defendendo uma aproximação com as práticas secularizantes ocidentais.

O governo determinou a repressão às manifestações oposicionistas. Lí-


deres reformistas foram presos, bloqueou-se a internet e a telefonia celular,
fecharam-se universidades, proibiram-se comícios e reuniões públicas, cen-
surou-se a imprensa, inclusive os correspondentes estrangeiros.
Os EUA unidos e as potências ocidentais, a exemplo de França e Inglater-
ra, apesar da condenação das possíveis fraudes, agem com cautela – o Irã faz
fronteira com o Afeganistão, país invadido pelo EUA no início do século (não
por acaso, com importantes reservas de petróleo e gás) e onde há uma dura
resistência armada. A desestabilização política e confrontos gerais na região
não interessariam ao Ocidente.

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Outros Caminhos da Índia

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Mostrando a imensa capacidade de influência da televisão, em virtude de
uma novela, a Índia tornou-se mais conhecida por parte da população. Ape-
sar disso, a visão televisiva é cheia de estereótipos e não aprofunda a diversi-
dade cultural do país, nem suas grandes contradições sociais e políticas.

\\ Uma Antiga Civilização


A antiga civilização indiana estava num território maior que a área do atual
país chamado Índia – correspondia, na verdade, aos atuais Índia, Paquistão,
Bangladesh e Sri Lanka.
A Índia foi povoada por vários e sucessivos povos. Por volta de 2500 a.C.,
um povo de pele escura e origem desconhecida, chamado drávida, ocupou o
norte do território indiano, desenvolvendo uma primeira civilização.
Cerca de 1500 a.C., os arianos ou ários, povo indo-europeu de pele clara,
invadiram a Índia, usando cavalos e armas de ferro e conquistaram os drávi-
das. Os arianos, contudo, absorveram muito da cultura drávida, nascendo daí
a civilização indiana propriamente dita.
Os arianos, por serem uma população minoritária, demoraram mais de
mil anos para dominar toda a Índia. O território, porém, não estava centrali-
zado, ou seja, não tinha um único governante. Estava dividido, sim, em vários
principados, que eram como se fossem países pequenos, governados pelos
chamados rajás ou marajás (príncipes), que ficaram famosos por vida de far-
tura e riqueza.

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Os arianos dividiram a sociedade da Índia em castas, ou seja, em grupos
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sociais fechados e hierarquizados, em que a posição de uma pessoa estava


definida desde o nascimento e não havia possibilidade de alteração. Tinham
castas superiores, para os ricos (uma minoria, lógico, de origem ariana) e cas-
tas inferiores, para os pobres (muitos, de origem drávida). Acreditavam em
reencarnação.
Dessa forma, conforme a casta, uma pessoa devia morar em certa área,
saber com quem casar-se, no que trabalhar e até o que iria se vestir e comer!
E mais, de jeito nenhum era permitido que as castas se misturassem – em
alguns casos, até o toque de uma pessoa de uma casta inferior era tido como
uma desgraça! Esse sistema de castas se fundamentava na religião hindu.
No século IV a.C., a Índia é unificada, com a formação do Império Máuria,
do rei Asoka que se converteu ao budismo. No século X, os indianos caíram
sob o domínio dos árabes muçulmanos. O islamismo, que pregava a igualda-
de de todos diante de Deus (Alá, em árabe), obteve grande penetração entre
as camadas pobres da população (era uma forma de escapar da discrimina-
ção do sistema de castas) e irritou profundamente as elites indianas (teme-
rosas de perder seus privilégios garantidos pelas castas). Daí os confrontos
entre islâmicos e hindus que duram até hoje.

\\ A Independência
No século XVII e XVIII, após séculos negociando as famosas especiarias
orientais com a Europa, a Índia caiu sobre o domínio do imperialismo inglês.
No século XIX, várias revoltas anticoloniais ocorreram na região, sendo dura-
mente sufocadas pelos britânicos.
As lutas nacionalistas contra os ingleses eram inicialmente lideradas pelo
Partido do Congresso (ou Congresso Nacional Indiano), fundado em 1885 e
que representava a população hindu, e pela Liga Muçulmana, fundada em
1906, que representava, obviamente, os muçulmanos. Hindus e islâmicos,
mesmo com suas diferenças, aliaram-se contra o Império Britânico. A oposi-
ção ao imperialismo contou com luta armada, greves, sabotagens, atentados
e até a resistência pacífica, liderada por Mahatma Gandhi, na década de 20.
Gandhi se tornou, então, o grande líder do movimento pela libertação do
país. Os ingleses, buscando evitar uma confrontação radical, adotaram a es-
tratégia de libertação gradual da Índia, para preservar, pelo menos, sua influ-
ência econômica, e estimularam as rivalidades entre hindus e muçulmanos. A
Liga Muçulmana passou a defender não só a independência, mas a criação de
um Estado islâmico separado da Índia hindu.
Após a II Guerra Mundial, a decadente Inglaterra aceitou a independência
da região. Não se manteve, porém, a unidade política da região. Surgiram a
Índia propriamente (com uma população majoritariamente hindu), Paquistão
(população de maioria islâmica), que por sua vez foi dividido em Paquistão
Ocidental e Paquistão Oriental, e o Siri Lanka, na ilha do Ceilão, de maioria
budista.

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Milhões de pessoas tiveram que se deslocar em direções opostas e estou-

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raram guerras com milhares de mortos em virtude de divergências e disputas
fronteiriças (especialmente da Caxemira, região do norte indiano com uma po-
pulação de maioria muçulmana que deseja se anexar ao Paquistão). Em 1948,
em meio aos confrontos e rivalidades, Gandhi foi assassinado. Daí em diante,
Índia e Paquistão manteriam tensas relações, inclusive desenvolvendo armas
nucleares e recorrentes ameaças – em 1989, houve novo confronto armado,
com mais de 38 mil mortos. Para complicar ainda mais, durante a Guerra Fria, a
Índia era aliada da União Soviética e o Paquistão dos Estados Unidos.
Em 1971, após sanguinária guerra civil, o Paquistão Oriental proclamou-se
independente, constituindo a República da Bangladesh, mais recentemente
chamada de República Popular de Bengala.
Em toda região, a independência política não pôs fim à miséria da popu-
lação, estando aqueles países neste início do século XXI entre os mais pobres
do mundo. Persistem, por outro lado, e agravando ainda mais a situação, vio-
lentos conflitos étnicos, religiosos e políticos, desembocando em luta arma-
da e atentados terroristas de grupos separatistas.

\\ Crescimento Econômico
A partir do início dos anos 1980, a Índia passou a apresentar algumas ca-
racterísticas marcantes que despertaram crescente atenção dos analistas in-
ternacionais, como taxas elevadas e sustentáveis de crescimento econômico,
da renda per capita e das exportações de bens e serviços. Integra o que é
chamado de BRIC (acrônimo de Brasil, Rússia, Índia e China), países de eco-
nomia capitalista emergente.
A economia da Índia tornou-se a 12ª maior do mundo. O PIB do país,
em 2007, chegou à casa dos U$900 bilhões, com um crescimento de 8% em
relação ao ano anterior. O setor de serviços, em particular, tem sido o motor
dinâmico do crescimento indiano desde o início dos anos 1990. A indústria
igualmente prospera, destacando-se a produção de aço, equipamentos e
máquinas, cimento, alumínio, fertilizantes, têxteis, juta, biotecnologia, produ-
tos químicos, softwares e medicamentos.
Isso se deu especialmente com uma política de liberalização econômica
(privatizações, quebra de monopólios, diminuição das barreiras alfandegá-
rias etc.), atraindo investimentos estrangeiros – afora as vantagens oferecidas
pelo governo, a mão-de-obra na Índia é das mais baratas e exploradas do
mundo.
Apesar de milhões de pessoas terem saído da pobreza, o crescimento
econômico beneficiou apenas uma parcela da população, ou seja, a pros-
peridade econômica não desconcentrou renda. Da população de quase um
bilhão e 200 mil pessoas, cerca de 40% (algo em torno de 455 milhões) man-
têm-se na linha de pobreza.
A Índia busca maior participação das decisões internacional, integrando
o G-4, ao lado de Brasil, Japão e Alemanha, desejando, inclusive, um lugar
permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

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Os 30 Anos da Lei da Anistia
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No final dos anos 1970, a Ditadura Militar vivia profunda crise política e
econômica. Instalados no poder com o Golpe de 64, o qual contara com am-
plo apoio de setores conservadores, os governos dos militares eram atingi-
dos pela inflação, endividamento externo, crise mundial do petróleo, pressão
do governo Jimmy Carter dos EUA pela democratização da América Latina,
greves e manifestações cada vez maiores da oposição, reunida em torno do
MDB (Movimento Democrático Brasileiro).

Os generais, porém, insistiam numa “abertura democrática” controlada do


regime, para que não acontecessem mudanças na estrutura socioeconômica
do País e se evitassem perseguições aos militares que tinham “cometido ex-
cessos” – por exemplo, as torturas e eliminação dos opositores de esquerda.
Na segunda metade da década de 1970 e num contexto de forte pres-
são popular (sindicalistas, igreja, estudantes, donas de casa, movimentos de
bairros, índios, negros, homossexuais etc.), a defesa da anistia (“perdão”) era
uma das bandeiras mais levantadas pelas oposições. Nos atos públicos, pas-
seatas e comícios, a bela canção “O Bêbado e o Equilibrista”, de João Bosco
e Aldir Blanc, interpretada por Elis Regina, virou um símbolo da defesa da
anistia: “... Meu Brasil/ Que sonha/ com a volta do irmão do Henfil/ Com tanta
gente que partiu/ num rabo de foguete/ Chora/ A nossa pátria-mãe gentil/
Choram Marias e Clarisses/ No solo do Brasil...”.

30
As oposições falavam em uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, ou seja,

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que todos os presos políticos mantidos pela Ditadura fossem libertos, que
os exilados pudessem regressar ao Brasil e que todas as pessoas que haviam
sido perseguidas e cassadas fossem reabilitadas. Além disso, exigiam que se
investigassem os casos dos “desaparecidos políticos” da Ditadura e aconte-
cesse a punição dos torturadores.
Essa anistia “ampla, geral e irrestrita” assustava os conservadores, inclu-
sive os do MDB, que temiam a reação dos militares da Linha Dura contra
a “abertura democrática” e que as punições atingissem certos segmentos
sociais de direita que agora se posicionavam contra o regime, embora no
passado tivessem colaborado para a repressão e eliminação física de militan-
tes de esquerda.
Assim, para evitar tais “radicalismos” o próprio governo militar fez aprovar
em agosto de 1979 no Congresso Nacional uma Lei de Anistia que não era
nem “ampla ou irrestrita” como desejavam as esquerdas. Os envolvidos na
luta armada e em “ações terroristas” não foram beneficiados – tiveram ape-
nas as penas reduzidas. Os torturadores acabaram perdoados e a questão
dos “desaparecidos políticos” ficou sem solução...
Apesar disso, a Lei de Anistia foi importante na ampliação das liberdades
públicas. Centenas de políticos foram libertos das cadeias, milhares de exi-
lados puderam, enfim, voltar ao País (recepcionados euforicamente nos ae-
roportos), inclusive velhos inimigos dos militares, como Leonel Brizola e Luis
Carlos Prestes. Os militares nacionalistas e de esquerda, perseguidos pela Di-
tadura, foram igualmente anistiados e passados para a reserva (aposentados).

31
Norte-americanos Começam a Deixar o Iraque
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Em junho de 2009, os Estados Unidos começaram a deixar o Iraque, no


primeiro passo para a retirada total das forças estrangeiras que ocupam o
país desde 2003. A retirada acontece seis anos e três meses depois que o
governo de George W. Bush invadira o país para depor Saddam Hussein, em
2003. Tal invasão ocorrera sem consentimento da ONU e contra boa parte
da opinião pública internacional. Bush alegava que o governo de controle de
Hussein apresentava armas de destruição em massa e apoiava o terrorismo,
acusações hoje tidas como mentirosas.

Em 2008, os EUA, ainda governados por Bush, haviam assinado com o


Iraque um acordo pelo qual, a partir de 30 de junho de 2008, os soldados
estadunidenses deixariam suas funções de segurança nas cidades iraquianas,
embora continuando nas bases militares que são mantidas no país. As tropas
americanas só voltarão a entrar em áreas urbanas se o governo iraquiano pe-
dir ajuda. O acordo estipulava ainda que a data limite para uma retirada total
das tropas americanas do Iraque seria 31 de dezembro de 2011.
A violência diminuiu significativamente no Iraque desde os grandes con-
frontos de 2006 e 2007, embora continuem a ocorrer ataques terroristas das
forças de resistência associada à Al Qaeda – uma prova de que o país não
está livre da violência dos últimos anos e que a estabilidade política não é
total.
Faltam dados oficiais ou precisos, mas estima-se que 4.316 soldados ame-
ricanos morreram no Iraque desde a invasão em 2003 e que mais de 100.000
civis iraquianos perderam a vida em meio à violência no país nesse período.

32
Para os EUA seria muito importante estabilizar de vez o Iraque, em virtude

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de outros problemas na região – a questão entre israelenses e palestinos e a
questão nuclear no Irã, principalmente.
Os caminhos para tanto, porém, são incertos. Além dos problemas de
segurança, o Iraque enfrenta outros empecilhos, a exemplo da reconciliação
nacional (em virtude das rivalidades entre as etnias xiitas, sunitas e curdos e
pela queda/execução de Saddam Hussein), do reestabelecimento dos servi-
ços básicos do país, do combate a corrupção e da forma de melhor explorar
o petróleo, importante fonte de riqueza para um país pobre.
Mas nem tudo é negativo. O Iraque conseguiu certa estabilidade política
e um índice de segurança impensável há alguns anos. O país tem um governo
constitucional eleito pelo povo em eleições livres, algo não muito comum
numa região de ditaduras e monarquias sanguinárias. Os serviços públicos
e as empresas começam lentamente a funcionar (graças ao retorno de refu-
giados que tinham abandonado o país quando da invasão americana e pela
violência política) e verifica-se a normalização das exportações de petróleo.
Na verdade, as maiores preocupações dos EUA agora estão direcionadas
para o Afeganistão, país também invadido pelos estadunidenses em 2001
para derrubar o grupo fundamentalista Taliban (acusado de esconder Osama
Bin Laden). Desde então, o Afeganistão está ocupado pelos EUA, tendo, po-
rém, que enfrentar uma forte resistência armada. O Taliban se rearticulou no
sul do país e realiza constantes ataques aos invasores.
A Questão Palestina igualmente incomoda os EUA. Desde 1948, quando
da criação do Estado judeu de Israel, os palestinos (árabes muçulmanos) lu-
tam para criação de seu país. Daí em diante ocorreram várias guerras, con-
frontos, ataques terroristas, massacres etc., sacudindo o Oriente Médio. Área
estratégica, pela posição geográfica e pelo petróleo, o Oriente Médio me-
rece grande atenção dos EUA de Barack Obama, que intensifica a busca de
uma solução negociada para pacificar a região, o que não é fácil, pelas estrei-
tas ligações entre estadunidenses e israelenses e as desconfianças que isso
provoca nos árabes.

33
Exercícios
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1. Acerca da China, é correto afirmar:


a) O regime comunista chinês conseguiu sobreviver à crise do socialismo
real dos anos 80, mantendo-se política e economicamente fechado.
b) A China, com os processos de Glasnost e Perestroika, viveu uma abertura
política e econômica, tendo números destacados de crescimento.
c) O regime chinês realizou uma abertura econômica, mantendo, porém,
um regime político autoritário e repressor.
d) A realização das Olimpíadas em Pequim em 2008 sofreu forte boicote
dos países Ocidentais, em represália ao autoritarismo da China.

2. Marque a opção correta:


a) Com o fim da Guerra Fria, a ameaça das armas nucleares também
extinguiu-se.
b) Afora as questões geoestratégicas, a produção de armas nucleares gera
medo de danos ao meio ambiente e/ou de ser usada por grupos extre-
mistas, a exemplo da Al-Qaeda.
c) O regime comunista norte-coreano vê no uso de armas nucleares uma
forma de se preservar e, de certa forma, chantagear as potências mundiais
para obter vantagens comerciais, que alivie a grave crise econômica e
social que passa desde os anos 1990.
d) A Coreia do Norte tem plenas condições de lançar mísseis de longo
alcance, a ponto de atingir China, Japão, Coreia do Sul e até a Europa.
Temem-se que haja uma nova corrida armamentista na Ásia, com conse-
quências imprevisíveis.

3. Marque a opção incorreta:


a) Em 2009, a Organização dos Estados Americanos (OEA) chegou a um
consenso e revogou a resolução que expulsara Cuba da entidade, de
1962.
b) As relações entre Cuba e os Estados Unidos entraram em atrito a partir da
Revolução Cubana de 1959, quando Fidel Castro, Ernesto Che Guevara
e outros derrubaram a ditadura de Fulgêncio Batista.
c) Cuba abriu-se politicamente economicamente nos últimos anos, cedendo
a pressão dos Estados Unidos.
d) Com a saúde abalada, Fidel afastou-se do poder em 2006 e em fevereiro
de 2008, após 49 anos no cargo, entregou a presidência ao irmão, Raúl
Castro.

4. Assinale o correto:
a) Tem-se que uma Pandemia acontece quando há uma contaminação global
por uma doença. Assim, os casos de gripe suína não caracterizam uma
pandemia.

34
b) Ao longo do século XX, aconteceram pandemias. A primeira deu-se em

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1918, ficando conhecida como gripe espanhola ou gripe pneumónica – foi
tida como uma das mais mortíferas doenças de todos os tempos. Estima-
se tenha matado entre 20 e 100 milhões de pessoas por todo o mundo.
c) Apesar de impactos econômicos imediatos, não acredita-se que a gripe
suína tenha maiores repercussões no mercado mundial, afinal as autori-
dades estão tomando todas as providências para combatê-la.
d) No Brasil, a gripe suína ainda não provocou nenhuma vítima.

5. Sobre as crises do capitalismo é falso:


a) A presente crise financeira internacional, que já levou poderosas empre-
sas à falência, começou com uma crise imobiliária nos EUA e em pouco
espalhou-se pelo mundo.
b) Para evitar um caos ainda maior, os governos de vários países se recusaram
a intervir na economia, numa postura, por sinal, totalmente contrária aos
princípios do chamado neoliberalismo.
c) Se de início o Brasil não foi atingido pela crise, a médio prazo, porém, foi
inevitável o “contágio”, em virtude da interligação da economia capitalista
globalizada.
d) Para muitos analistas, a crise de 1929 marcou o fim do capitalismo libe-
ral, em que prevalecia o livre mercado, sem a intervenção do Estado na
economia. O controle estatal sobre a economia passou a predominar
no mundo daí em diante, até, pelo menos os anos 80, com a difusão do
neoliberalismo.

6. Marque o item incorreto:


a) A queda do Muro de Berlim se deu na conjuntura da crise do socialismo
real, marcada pela estagnação da economia, crescente burocratização e
autoritarismo.
b) Com o anúncio da reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, mul-
tidões invadiram as ruas de Teerã, a capital do Irã, em 2009, promovendo
os maiores protestos contra o governo, em cenas que não se via desde
1979, quando da Revolução Iraniana.
c) Ao contrário do Ocidente, onde prevalecem regimes laicos, o Irã é uma
república teocrática, estando o poder político e religioso nas mãos do
Líder Supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
d) Os protestos de 2009 evidenciam uma divisão da sociedade iraniana, em
que uma parcela minoritária da população sai às ruas para defender a
teocracia e os rígidos valores morais e comportamentais aplicados pelos
clérigos islâmicos, recusando qualquer aproximação com as práticas
secularizantes ocidentais.

35
7. Sobre a Índia é correto:
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a) Há cerca de 1500 a.C., os arianos ou ários, povo indo-europeu de pele


clara, invadiram a Índia, mas foram derrotados pelos drávidas, havendo
por outro lado uma enorme fusão cultural, da qual nasceu a civilização
indiana propriamente dita.
b) No século IV a.C., a Índia é unificada, com a formação do Império Máuria,
do rei Asoka que se converteu ao budismo. No século X, os indianos caí-
ram sob o domínio dos árabes muçulmanos. O islamismo obteve grande
penetração entre as elites indianas, o que suscitou vários confrontos com
as camadas populares, apegadas às tradições hindus.
c) Após a II Guerra Mundial, houve violenta luta dos indianos contra a de-
cadente Inglaterra, o que culminou na independência do País, em 1947.
Não se manteve, porém, a unidade política da região. Surgiram a Índia
propriamente (com uma população majoritariamente hindu), Paquistão
(população de maioria islâmica), que por sua vez foi dividido em Paquis-
tão Ocidental e Paquistão Oriental, e o Siri Lanka, na ilha do Ceilão, de
maioria budista.
d) A partir do início dos anos 1990, a Índia passou a apresentar algumas
características marcantes que despertaram crescente atenção dos ana-
listas internacionais, como taxas elevadas e sustentáveis de crescimento
econômico, da renda per capita e das exportações de bens e serviços.

8. Assinale a opção falsa:


a) O governo militar de João Figueiredo fez aprovar em agosto de 1979 uma
Lei de Anistia que não era nem “ampla ou irrestrita” como desejavam
boa parte das oposições. Os envolvidos na luta armada e em “ações
terroristas” não foram beneficiados – tiveram apenas as penas reduzidas.
Os torturadores acabaram perdoados e a questão dos “desaparecidos
políticos” ficou sem solução.
b) Em 2003, tropas dos Estados Unidos invadiram o Iraque para depor Sa-
ddam Hussein. Tal invasão ocorrera sem consentimento da ONU e contra
boa parte da opinião pública internacional. Bush alegava que o governo
de controle de Hussein apresentava armas de destruição em massa e
apoiava o território, o que se revelou verdadeiro.
c) Evo Morales foi o primeiro presidente indígena da Bolívia e iniciou seu
governo com medidas polêmicas, a exemplo da desapropriação de em-
presas estrangeiras que exploravam o gás natural.
d) Hugo Chávez chegou ao poder da Venezuela pelo voto em 1998, com
amplo apoio popular. Passou a sofrer forte oposição interna e críticas dos
Estados Unidos.

36
9. Em 2009, comemoram-se os 150 anos da publicação da obra A origem das

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espécies, de Charles Darwin.
Pode-se afirmar que a história da biologia evolutiva iniciou-se com Darwin,
porque ele:
a) foi o primeiro cientista a propor um sistema de classificação para os seres
vivos, que serviu de base para sua teoria evolutiva da sobrevivência dos
mais aptos.
b) provou, experimentalmente, que o ser humano descende dos macacos,
num processo de seleção que privilegia os mais bem adaptados.
c) propôs um mecanismo para explicar a evolução das espécies, em que a
variabilidade entre os indivíduos, relacionada à adaptação ao ambiente,
influi nas chances de eles deixarem descendentes.
d) demonstrou que mudanças no DNA, ou seja, mutações, são fonte da
variabilidade genética para a evolução das espécies por meio da seleção
natural.
e) foi o primeiro cientista a propor que as espécies não se extinguem, mas
se transformam ao longo do tempo.

10. Os meses de setembro e outubro de 2008 certamente permanecerão na


lembrança de milhões de pessoas em todo o mundo: falências de instituições
financeiras consideradas sólidas, interferências diretas de governos injetando
bilhões de dólares em bancos nos Estados Unidos e muitos milhões de euros
em bancos europeus, bolsas de valores em queda vertiginosa, empresas
iniciando corte de pessoal. Jornais e revistas lançaram mão de inúmeras
manchetes para chamar a atenção dos leitores. Assinale a alternativa que
indica uma manchete que pode sintetizar os fatos ocorridos.
a) Mundo dividido −países ricos sofrem mais com a globalização.
b) Crise global coloca neoliberalismo em xeque.
c) Após 100 anos de crescimento capitalismo sofre a primeira crise.
d) A crise financeira só afetará os países ricos.
e) Países mais ricos pedem ajuda ao fmi.

11. Segundo dados do IBGE (2006), o estado de São Paulo tem-se caracterizado
por um número maior de pessoas que dele saem. Segundo estudiosos, tal
fenômeno é relativamente novo e diz respeito, principalmente, à:
a) “migração de retorno” de estrangeiros radicados no Estado os quais, por
motivos de ordem econômica, estão voltando a seus países de origem,
cujas economias demonstram, na atualidade, maior dinamismo.
b) emigração de paulistas para os Estados Unidos, atraídos por melhores
condições de trabalho e de vida, bem como pela possibilidade de remeter
valores às suas famílias que aqui permanecem.
c) “migração de retorno” de brasileiros, sobretudo nordestinos, que, ao bus-
carem melhores condições de vida, e por não as encontrarem, retornam
a seus estados de origem.

37
d) migração de paulistas para outros estados do país, em busca de novas
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frentes de emprego e qualidade de vida, dada a estagnação do setor


terciário paulista.
e) emigração de um grande número de paulistas descendentes de japone-
ses, para o Japão (decasséguis), devido às excelentes condições de vida
a eles oferecidas naquele país.

12.
I. Durante a partilha da África, nos tratados da Conferência de Berlim, no
final do século XIX, essa região coube à Itália;
II. É uma região de tradicional rivalidade religiosa entre cristãos e muçulma-
nos;
III. Aproximadamente 45% da população dessa região vivem na miséria e
enfrentam secas e inundações recorrentes;
IV. É uma região estratégica, uma vez que é rota internacional de petróleo.

A sub-região do continente africano, a que se referem I, II, III e IV, está cor-
retamente assinalada em:

a) d)

b) e)

c)

38
13. A União Europeia viveu um grande dilema político quando realizou plebis-

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citos em seus países-membros, para decidir uma proposta de Constituição
para este bloco. Após a divulgação dos resultados dos plebiscitos, a União
Europeia:
a) superou a crise política após vitoriosa campanha do “Sim”, feita pelos
franceses para o projeto de integração regional.
b) tornou-se a primeira federação política do mundo, com vários estados
governados por um único poder centralizado.
c) promulgou a Constituição e obrigou os países europeus a adotarem o
Euro como moeda padrão, em substituição às moedas nacionais.
d) impôs nova Constituição aos países-membros, depois da fracassada
negociação para a definição de sua estrutura política.
e) não conseguiu unanimidade na aprovação da Constituição e vê divergên-
cias internas ameaçarem seu avanço.

14.
CENSURA POLÍTICA NA INTERNET

LÍBIA

CHINA
VENEZUELA

IRÃ VIETNÃ
PAQUISTÃO
ETIÓPIA
NOS PAÍSES MONITORADOS
Incisiva ou substancial
Suspeita de censura
Sem evidências
5690 km
NOS PAÍSES NÃO MONITORADOS
Sem dados

Adaptado de Folha de São Paulo, 30/05/07.

A censura política na internet está, em geral, associada à atitude de países


que pretendem:
I. proteger suas culturas e valores nacionais, inibindo o contato com culturas
de outras nações.
II. controlar o acesso a informações sobre a situação política interna e a
questão dos direitos humanos.
III. isolar suas economias dos efeitos perversos de um mercado globalizado.

Está correto o que se afirma em:


a) I, apenas. d) III, apenas.
b) II, apenas. e) I, II e III.
c) I e II, apenas.

39
15. “(...) Para os mais velhos, Mao é um constrangimento. É raro encontrar quem
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o defenda. Ao fim da viagem, quando eu já me conformava com o ritmo


lento e as respostas esquivas dos chineses, testemunhei a única reação direta,
quase intempestiva, de um professor de Economia da Universidade de Tsing-
Hua, Denggao Long. Ao indagar se as mudanças na China mostravam uma
verdadeira revolução de Deng, Long deu um pulo na cadeira e até arriscou
o inglês: ‘Revolução? Não! Reforma.’ Eu sorri, e ele continuou: ‘Revolução,
nunca mais na China. A Revolução Cultural foi uma tragédia, um erro (...)”
Revista Época, 06/2008

Que aspecto da Revolução Cultura Chinesa, ocorrida entre as décadas de


1960/1970, justificaria a afirmação destacada no trecho acima? Assinale a
alternativa que responde, corretamente, à questão.
a) A Revolução Cultural agiu em favor da burocratização do Estado Chinês
e da planificação excessivamente centralizada da economia.
b) No plano econômico, a Revolução Cultural atrasou o avanço tecnológico
do país, entre outros aspectos, devido às inúmeras perseguições a inte-
lectuais, cientistas e educadores.
c) Por meio da mudança de mentalidade, o governo maoísta pretendia
consolidar os ideais revolucionários burgueses, em detrimento da massa
camponesa.
d) A Revolução Cultural combateu, duramente, o isolamento tradicional
da cultura chinesa, valorizando o cosmopolitismo e a inovação criadora
trazida pelo Comunismo.
e) Defendendo uma revolução proletária urbana, nos moldes da Revolução
Russa, Mao Tse-Tung precisou usar de extrema violência para conter a
participação da massa camponesa, o que resultou em massacre.

16. Com base nesses gráficos sobre 15 cidades, pode-se concluir que, no ano
de 1995,

a) as três cidades com o menor número de habitantes, por hectare, são


aquelas que mais consomem gasolina no transporte particular de pas-
sageiros.
b) nas três cidades da América do Sul, vale a regra: maior população, por
hectare, acarreta maior consumo de gasolina no transporte particular de
passageiros.

40
c) as cidades mais populosas, por hectare, são aquelas que mais consomem

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gasolina no transporte particular de passageiros.
d) nas três cidades da América do Norte, vale a regra: maior população, por
hectare, acarreta maior consumo de gasolina no transporte particular de
passageiros.
e) as três cidades da Ásia mais populosas, por hectare, estão entre as quatro
com menor consumo de gasolina no transporte particular de passagei-
ros.

17. A respeito das recentes descobertas de jazidas petrolíferas no Brasil, con-


sidere as afirmações:
I. O pré-sal é uma camada de rochas-reservatório que se encontra abaixo de
uma extensa camada de sal, desde o litoral do Estado do Espírito Santo
até o litoral de Santa Catarina;
II. Tupi, Júpiter, Carioca, Pão-de-Açúcar, Iara, Guará, Bem-Te-Vi, Parati e
Marfim Sul são reservatórios em área do Pré-Sal, já licitados para explo-
ração;
III. A produção de petróleo nessas áreas, apesar de importante, não revela
uma possível autossuficiência brasileira no setor, devido à forte depen-
dência do consumo desse combustível no país.

Então,
a) apenas I e III estão corretas.
b) apenas I e II estão corretas.
c) apenas II e III estão corretas.
d) I, II e III estão corretas.
e) apenas III está correta.

18. A propósito da manchete: “Zona do euro já vive sua primeira recessão”


(In: Folha de S. PAULO,15/11/2008, p.B1),

É correto dizer que:


a) a zona do euro (ou área do euro) é constituída por todos os países da
União Europeia e pelas ex-colônias dos países membros dessa União.
b) a manchete se refere ao crescimento econômico que atinge toda a União
Europeia, mais alguns países que integram a zona do euro.
c) a manchete se refere aos efeitos da crise econômica e financeira atual na
parte da União Europeia, que usa o euro como moeda única.
d) se trata de chamar atenção para um efeito da crise econômica que atinge
todos os países que comercializam com a União Europeia em euros.
e) destaca a chegada da crise econômica em toda a zona do planeta que
rompeu comercialmente com os EUA (e com o dólar) e que negocia em
euro.

41
19. Nos cadernos internacionais dos principais jornais, já se tornou rotina a lei-
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tura de notícias sobre a travessia, em barcos toscos e frágeis, de africanos


que tentam vencer o Mediterrâneo e chegar às terras europeias. Os que
sobrevivem, em geral, são presos e obrigados a fazer o caminho de volta. A
Europa não quer mais imigrantes. Refletindo sobre o conteúdo do texto, é
correto afirmar que:
a) o ciclo migratório africano e mundial está em fase de esgotamento, pois a
automação crescente das atividades econômicas não prevê mão-de-obra
pouco qualificada.
b) os acordos econômicos e diplomáticos entre os países de emigração e
os de imigração têm sido postos em prática para coibir a movimentação,
sobretudo de homens jovens.
c) as propostas civilizatórias europeias destinadas aos imigrantes, em vigor
durante todo o século XX, estão sendo abolidas frente às crises econô-
micas.
d) os países europeus, em processo de transição demográfica e em plena fase
de 3a Revolução Industrial, já não admitem a entrada de imigrantes.
e) a globalização neoliberal promove a livre circulação de capitais e merca-
dorias, mas fecha as fronteiras para a força de trabalho.

20. Observe o gráfico para responder à questão.

Os 10 países mais populosos do mundo – Previsão do número de


habitantes para 2050
2000
Milhões de habitantes

1600

1200

800

400

0
A

h
t ão
s il

é r ia
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ão
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N ig
g la
Pa q
Ind

Ba n

U.S. Census Bureau International

Mantidas as atuais condições demográficas dos dez países, pode-se afirmar


que a previsão apresentada no gráfico indica que, países:
a) como a Rússia e o Japão passarão de receptores de imigrantes à posição
de países de emigração, o que provocará diminuição da população.
b) que atualmente estão em fase inicial da transição demográfica terão
crescimento populacional expressivo, como a Nigéria e o Paquistão.

42
c) emergentes como a China, Índia e Brasil terão pequeno aumento demo-

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gráfico em virtude do forte crescimento econômico.
d) desenvolvidos apresentarão crescimento demográfico superior ao dos
países asiáticos, como é o caso dos Estados Unidos.
e) predominantemente urbanizados, como os Estados Unidos, Japão e Brasil
deverão deixar a lista de países mais populosos do mundo.

21. Reflita sobre a ilustração.

(www.google.com.br)

A ONU realizou, em 1997, uma Convenção sobre mudanças climáticas que


se tornou conhecida por Protocolo de Kyoto. Considerando as decisões
dessa Convenção, depreende-se que o autor da ilustração:
a) demonstra o empenho dos Estados Unidos no combate às causas do
chamado aquecimento global.
b) defende as ações que os Estados Unidos tomaram para eliminar as causas
do efeito estufa do planeta.
c) critica os Estados Unidos por desrespeitarem determinações de organi-
zações que defendem o meio ambiente.
d) denuncia os Estados Unidos pelo fato de ele ter proibido a realização de
congressos em defesa do meio ambiente.
e) concorda com a política ambiental dos Estados Unidos de redução de
gases que provocam o efeito estufa.

22. A partir da década de 1990, a resistência à hegemonia dos EUA na América


Latina se fortaleceu com o surgimento de lideranças nacionais que constituem
a chamada “nova esquerda latino-americana”. O ano de 2008 colocou um
ponto de interrogação nesse processo, o que pode ocasionar mudanças
capazes de enfraquecer essa composição política.
Essa nova conjuntura está relacionada a possíveis alterações em:
a) sistema econômico cubano com a renúncia de Fidel Castro.
b) política externa boliviana com a vitória eleitoral de Evo Morales.

43
c) regime tarifário brasileiro com a retomada do diálogo entre os países do
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Mercosul.
d) estrutura agrícola paraguaia com a ação das forças de direita do governo
recém-eleito.

23. É inegável a importância do processo de expansão da União Europeia que,


atualmente, conta com 27 países membros. No entanto, essa expansão
trouxe como uma de suas consequências:
a) a criação do espaço Schengen para controlar a circulação de pessoas
vindas dos novos membros do bloco.
b) a diminuição das taxas de desemprego pela possibilidade de criação de
unidades produtivas nos novos países.
c) o aumento da renda per capita média e da qualidade de vida da popu-
lação do bloco.
d) a expansão do mercado consumidor e do potencial produtivo do bloco.
e) a redução dos subsídios agrícolas dos membros antigos que agora suprem
seus mercados de alimentos com a produção dos países ingressantes.

24. Leia o texto abaixo para responder à questão.

“Há países com mais de 60% da população constituída por índios, como
Bolívia e Guatemala. E há um país como México, que está ao redor de
12%. Dependendo das condições, não há sentido pleitear essa autonomia
[de estados indígenas na América], especialmente se ela ficar submetida a
governos que não estão interessados em repassar recursos para o desen-
volvimento dessas populações. Há setores do zapatismo e do movimento
indígena boliviano que de fato pleiteiam a autonomia, mas ao mesmo tempo
estão buscando integrar-se. É importante diferenciar movimentos que bus-
cam maior inserção dos indígenas no mundo globalizado, de movimentos
extremados, fundamentalistas, que querem a autonomia a qualquer preço,
mesmo que ela venha isolar ainda mais os indígenas.”
Nestor García Canclini, em entrevista a O Estado de São Paulo, 2 de julho de 2007, in http://txt.estado.com.br/
suplementos/ali/2006/07/02/ali-1.93.19.20060702.4.1.xml

O texto menciona o “zapatismo” e o “movimento indígena boliviano”, ambos


atuantes nos dias de hoje. Sobre eles, podemos dizer que o:
a) zapatismo se manifesta principalmente na região de Chiapas, ao sul do
México, defende direitos de diversas etnias de origem pré-colombiana e se
diz herdeiro das reivindicações indígenas da Revolução Mexicana de 1910.
b) movimento indígena boliviano chegou ao poder com a vitória eleitoral de
Evo Morales, defende a produção de cocaína e se diz herdeiro das lutas
emancipacionistas de Tupac Amaru, no século XVIII.
c) zapatismo e o movimento indígena boliviano representam novas ten-
dências políticas na América Latina e são apoiados e financiados pelos
governos estrangeiros da Venezuela, do Brasil e dos Estados Unidos.

44
d) movimento indígena boliviano tem evidente conotação esquerdista e luta

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pela formação de um Estado unitário na América Latina, nos moldes do
projeto bolivariano do início do século XIX.
e) zapatismo nasceu no início do século XX e ressurgiu no princípio do século
XXI, com o objetivo de apoiar o ingresso do México no NAFTA, mercado
comum que envolve ainda o Canadá e os Estados Unidos.

25.
Desempenho Industrial Estadual — Taxas anuais reais de crescimento

15% 2004 2005 2006

10

–5 CE PE BA MG ES RJ SP PR SC RS

Com o auxílio do gráfico e considerando seus conhecimentos, é possível


afirmar que, no período representado,
a) a região sul mostra sensível decréscimo das taxas de produção industrial,
fato que provoca êxodo da população em busca de emprego nas ativi-
dades agrárias.
b) a região sul apresenta taxas altas e baixas de crescimento, devido ao
esgotamento do modelo baseado em indústrias alimentícias.
c) os estados selecionados do Nordeste revelam tendência à estagnação
da produção industrial e à retração das atividades agrárias.
d) os dados apontam para o fenômeno da desconcentração industrial no Su-
deste, em razão da liderança assumida pelo agronegócio nessa região.
e) a região sudeste ainda apresenta concentração industrial expressiva, ape-
sar da diminuição das taxas de crescimento de parte de seus estados.

26. Observe a manchete:


“Gigantes da Ásia redesenham a globalização”
Jornal Mundo: geografia e política internacional. Ano 15, n. 3, maio/2007, p. 01.

Um texto coerente com esta manchete é:


a) A Índia e a Indonésia, dois dos países mais populosos do mundo, têm
provocado mudanças na economia global devido ao seu elevado cresci-
mento econômico, aumentando significativamente o poder de compra
e a qualidade de vida de sua população.

45
b) A China e o Japão, que tradicionalmente disputavam o mercado asiático,
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vêm assinando tratados de livre-comércio e de cooperação econômica


e formando um bloco de oposição aos Estados Unidos e à União Euro-
peia.
c) A China, com uma taxa de crescimento que gira em torno de 9% ao ano
nas duas últimas décadas, e a Índia, que voltou a crescer após longo
período de estagnação econômica, representam um terço da população
mundial e estão atraindo a atenção do comércio internacional.
d) A CEI (Comunidade dos Estados Independentes) e a APEC (Cooperação
Econômica da Ásia e do Pacífico), criadas no final da década de 1990, al-
cançaram recentemente um avançado estágio de integração econômica,
alterando os principais fluxos de mercadorias no mercado mundial.
e) A Divisão Internacional do Trabalho vem sendo alterada, na última década,
em decorrência do avanço tecnológico no setor nuclear promovido por
países asiáticos como Irã e Paquistão, tradicionais opositores às políticas
econômicas praticadas pelas grandes potências ocidentais.

27. O governo dos EUA resolveu reativar, desde o dia 1.o de julho de 2008, a IV
Frota voltada para operações navais na América Latina, marcando uma nova
etapa nas suas relações com esta região. Na primeira metade do século XIX,
essa relação foi caracterizada por ideias que defendiam a liberdade comercial
e o princípio da não intervenção de nações estrangeiras, sintetizado pelo
lema “América para os americanos”. Como foi denominada essa política?
a) Doutrina do Big Stick
b) Aliança para o Progresso
c) Pan-americanismo
d) New Deal
e) Doutrina Monroe

28. “A crise financeira que assola Wall Street, que dura quase 14 meses, atingiu
seu auge na semana passada e trouxe a todas as mentes o fantasma da crise
de 1929 e da Grande Depressão dos anos 30. A crise parecia suspensa na
sexta-feira com a súbita euforia nos mercados diante do anúncio de inter-
venção do governo americano.
(...) Ao longo da semana, a maior economia do mundo se converteu em um
imenso laboratório onde estão sendo testadas as ideias para o capitalismo
financeiro do século XXI. Em 1929, começou a maior crise financeira que o
mundo já viu. Ela se alastrou por quase uma década e se confundiu, ao final,
com o rearmamento em três continentes e com a Segunda Guerra Mundial.
Fez surgir no Hemisfério Norte um capitalismo de face mais humana, mitigado
pela necessidade política de incluir e proteger seus cidadãos. É possível que
a crise atual leve à construção de um novo modelo cujos contornos estão
sendo definidos neste exato momento.”
Revista Época, 22/09/2008

46
A respeito da “crise de 1929” e do “Capitalismo Financeiro” praticado no

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século XX, considere as afirmações:
I. A crise de 1929 teve como ponto nevrálgico o excesso de oferta (queda
substancial dos preços) nos Estados Unidos, aliado a grandes especula-
ções financeiras;
II. São características do Capitalismo Financeiro: economia monopolizada,
acúmulo primitivo do capital decorrente da expansão ultramarina, prática
da tradicional Divisão Internacional do Trabalho;
III. Os Estados Unidos, diante da crise, executou o “New Deal”, onde o go-
verno passou a interferir na economia, elaborando e investindo de forma
efetiva em diversos âmbitos da dinâmica social, buscando recuperar-se
das perdas.

Então,
a) apenas I e II estão corretas. d) apenas II está correta.
b) apenas II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas.
c) apenas I e III estão corretas.

29.
F
0o

900 km
Adaptado de IBGE, 2002.

O mapa acima retrata a distribuição espacial, no planeta, de núcleos urbanos


com mais de 10 milhões de habitantes, as megacidades. Sobre megacidades
e os processos que as geraram, é correto afirmar que:
a) a maior do mundo, Tóquio, teve vertiginoso crescimento após a Segunda
Guerra Mundial, em razão do expressivo desenvolvimento econômico do
Japão nesse período.
b) as latino-americanas cresceram em razão das riquezas geradas por ativi-
dades primárias e do dinamismo econômico decorrente de suas funções
portuárias.
c) a maior parte delas localiza-se em países de elevado PIB per capita, ten-
do sua origem ligada a índices expressivos de crescimento vegetativo e
êxodo rural.
d) as localizadas em países de economia menos dinâmica cresceram lenta-
mente devido à expansão do setor primário.
e) as localizadas no Oriente Médio são expressivas em número, em razão
do desenvolvimento econômico gerado pelo petróleo.

47
30. É comum encontrar, nas referências sobre a urbanização no século XX,
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menções ao fato de ela ter sido fortemente marcada pela metropolização.


De fato, as metrópoles são fundamentais para se entender a vida urbana
contemporânea. A respeito das metrópoles modernas brasileiras, pode-se
afirmar que:
a) não são aglomerações tão grandes quanto às de outros países, porque elas
são fragmentadas em vários municípios, como no caso de São Paulo.
b) são configurações cujas dinâmicas, em alguns casos, levaram seus limi-
tes para além do núcleo municipal de origem, formando aglomerações
multimunicipais.
c) elas são aglomerações modestas em razão da inviabilidade de se admi-
nistrar em países pobres áreas urbanas de grande porte.
d) apenas uma delas pode ser considerada de fato metrópole, logo, não se
pode afirmar que no Brasil houve uma urbanização metropolitana.
e) elas estão com o seu crescimento paralisado, sofrendo, em alguns casos,
encolhimento, em função de novas políticas de planejamento.

31. Ao ritmo atual, o mundo só conseguirá atingir duas das oito Metas do Milênio:
cortar pela metade a pobreza medida pela renda (a proporção de pobres
vivendo com menos de 1 dólar/dia) e diminuir em 50% o número daqueles
que ainda não têm acesso à água potável. Mesmo essas Metas só devem ser
alcançadas graças aos progressos de apenas dois países: China e Índia.
(PNUD − ONU − Relatório do Desenvolvimento Humano – 2003)

A leitura do texto e os conhecimentos sobre a realidade socioeconômica


mundial permitem afirmar que,
a) com os conflitos armados dispersos em todas as regiões do mundo, o
papel da ONU deixou de ser assistencial para tornar-se geopolítico.
b) os padrões de vida nos países pobres são cada vez mais dependentes das
condições naturais, fortemente afetadas pelas mudanças climáticas.
c) as mudanças sociais são historicamente lentas e não podem ser conse-
guidas em curto prazo, como foi estabelecido pela ONU.
d) o mundo poderá enfrentar, nesse século, uma forte crise de desenvolvi-
mento caso não ocorram mudanças nas políticas de amparo aos países
mais pobres.
e) os indicadores sociais como renda per capita e saúde tendem a per-
manecer fixos em sociedades que apresentam crescimento vegetativo
elevado.

48
32.

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População dos municípios em 2000
10 406 200
5 850 540
2 043 170

0 500km
< 5000
©HT-2003 MGM-Libergéo

IBGE, censo demográfico 2000

Tendo como referência os volumes populacionais e sua distribuição geográ-


fica, pode ser dito que:
a) houve enorme concentração populacional em alguns municípios da faixa
atlântica, o que indica a existência de grandes cidades.
b) há grande representatividade dos municípios médios de um modo geral
e, em especial, no norte do território.
c) há grande concentração populacional no Sudeste, embora não haja
nenhum município que se destaque particularmente.
d) há concentração em certas partes do território, porém os contingentes
dos municípios mais populosos não chegam a ser expressivos.
e) à exceção do sudeste brasileiro, não há nas outras regiões municípios
que alcancem os dois milhões de habitantes.

33. A rede McDonald’s foi fundada na década de 1940 por Dick e Maurice
McDonald, mas comprada e vastamente expandida por Ray Kroc a partir
dos anos 1950. Kroc, um imigrante tcheco, foi aparentemente o primeiro
empresário que aplicou os princípios da produção em massa a um setor de
serviços. Em consequência de suas inovações, hoje cerca de 50 milhões de
pessoas por dia comem em um McDonald’s em mais de 120 países.
A rede McDonald’s tornou-se um dos símbolos de algumas das principais
mudanças, ocorridas em diversos países, nos últimos cinquenta anos. Sua
história se confunde com a das relações econômicas internacionais.
Uma mudança que pode ser representada pela expansão dessa rede e sua
respectiva causa histórica são:
a) mundialização da cultura – extinção da dualidade local/global.
b) padronização do consumo – expansão de empresas transnacionais.

49
c) americanização dos costumes – internacionalização tecnológica do setor
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industrial.
d) uniformização dos hábitos alimentares – integração mundial dos mercados
nacionais.

34. Sobre o Muro de Berlim é correto afirmar:


I. Trata-se de uma construção exemplar da Guerra Fria construído a partir
das verbas do Plano Marshall.
II. Trata-se de uma construção exemplar da Guerra Fria levantado em 1961
pela Alemanha Oriental como forma de impedir a saída de alemães
orientais para o Ocidente.
III. O Muro, construído em 1948, é resultado do Acordo de Potsdam
(julho/1945) que definiu para a Alemanha e Berlim as zonas de influência
dos países vencedores da II Guerra.
IV. O muro da vergonha, como ficou conhecido, ergueu-se dividindo o ter-
ritório alemão em dois: Oriental (comunista) e Ocidental (capitalista).
V. Tornou-se um símbolo do mundo bipolar.

a) I, II e IV são corretas. d) I, III e IV são corretas.


b) Apenas II e V são corretas. e) II, III e V são corretas.
c) II, IV e V são corretas.

35. Qual das seguintes afirmações explica, sinteticamente, o fim da União So-
viética?
a) O regime entrou em colapso porque os dirigentes estavam desmoraliza-
dos, desde as denúncias de Kruschev no XX Congresso do Partido.
b) O regime deixou de ser sustentado pelo Exército, adversário tradicional
do Partido Comunista.
c) A vitória militar dos Estados Unidos na Guerra Fria tornou inviável a ma-
nutenção do regime.
d) O colapso do regime deveu-se à crise generalizada da economia estatal,
combinada com o fracasso da abertura controlada de Gorbatchov.
e) Os líderes soviéticos abandonaram a crença no socialismo e decidiram
transformar a União Soviética em um país capitalista.

36. O principal símbolo de intolerância política da Alemanha Oriental era o Muro


de Berlim, erguido em 1961 para impedir a passagem de alemães orientais
para a parte ocidental. Este muro só foi derrubado em novembro de 1989.
A consequência desse fato foi:
a) a modernização da indústria arcaica da Alemanha Ocidental.
b) a democratização do socialismo.
c) a assinatura de um acordo de livre trânsito entre os dois povos.
d) a reunificação da Alemanha.
e) a transferência da capital da Alemanha Oriental para Bonn.

50
37.

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A continuidade dos conflitos sociais na África revela a persistência de obs-
táculos às políticas de desenvolvimento nesse continente, desde o final do
século XIX. Mesmo com alguns ensaios de democracia, repetiram-se, em
2008, eventos que indicam como a África está longe da paz e da estabilidade.
A associação adequada entre país e causa direta de um conflito atual está
expressa na seguinte alternativa:
a) Cabo Verde – guerras civis
b) Quênia – disputas eleitorais
c) Angola – antagonismos religiosos
d) Burkina Faso – crises econômicas

38. Em relação ao processo de urbanização brasileiro, no período de 1940 a


2000, analise a tabela abaixo.
Evolução da população urbana (%)
Ano 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000
População
31,1 36,2 45,1 55,92 67,57 75,2 81,23
Urbana

MENDES, I. L. e TAMDJIAN, J. O. Geografia Geral e do Brasil: Estudos para a compreensão


do espaço. São Paulo: FTD, 2005.
A partir das informações constantes da tabela, marque V para as afirmativas
verdadeiras e F para as falsas.
( ) O censo de 1940 registrou que aproximadamente 70% dos brasilei-
ros viviam nas áreas rurais, evidenciando que a economia brasileira
assentava-se no campo.
( ) A elevação da concentração populacional urbana, evidenciada pelo censo
de 1950, foi resultado, em grande medida, do Plano de Metas, fundado
pela ação conjunta entre Estado, capital privado nacional e estrangeiro.

51
( ) O censo de 1970 revelou que o país havia se tornado majoritariamente
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urbano, devendo-se esse fato ao chamado Milagre Econômico e às


consequentes mudanças no capitalismo internacional.
( ) Nas duas últimas décadas do século XX, houve expressiva concentração
populacional urbana em decorrência da modernização no campo e da
industrialização.

Assinale a sequência correta.


a) V, V, F, F d) V, F, V, V
b) F, F, V, F e) F, V, V, F
c) V, F, F, V

39. A qualidade de vida de uma população é avaliada a partir de alguns índices,


entre os quais se destaca o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que
vem sendo calculado para o Programa das Nações Unidas para o Desen-
volvimento (PNUD), desde 1990. Tal índice representa três características
desejáveis e esperadas do processo de desenvolvimento humano, quais
sejam:
a) – a taxa de crescimento de uma população expressa nos índices de na-
talidade;
– a longevidade de uma população, dada pelo índice de mortalidade;
– o grau de conhecimento de uma população, traduzido pela variável
educacional da taxa de alfabetização e do índice de evasão escolar.
b) – o PIB de uma população, ajustado para refletir a capacidade de sua
produção;
– a renda per capita de uma população, dada para demonstrar o poder
de compra entre os países;
– o grau de conhecimento de uma população, expresso na variável edu-
cacional da taxa combinada de matrícula nos três níveis de ensino.
c) – a população absoluta de um país expressa nos índices de natalidade e
mortalidade;
– a capacidade de produção de um país, indicada pelas taxas de impor-
tação e exportação;
– a variável educacional de um país, dada pelo índice de analfabetismo.
d) – a taxa de natalidade e mortalidade infantil de uma população, que
indica a esperança de vida;
– o PIB de uma população, dado para refletir a produção per capita do país;
– a taxa combinada de matrícula nos três níveis de ensino, mais a taxa de
analfabetismo de uma população.
e) – a longevidade de uma população expressa pela esperança de vida;
– o grau de conhecimento de uma população, dado por duas variáveis
educacionais: a taxa de alfabetização de adultos e a taxa combinada
de matrícula nos três níveis de ensino;
– a renda ou PIB per capita de uma população, ajustada para refletir a
paridade do poder de compra entre os países.

52
40. O petróleo lidera e continuará liderando o ranking das fontes energéticas

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nas próximas décadas, seguido do carvão e do gás natural. Outras fontes
de energia já são também apontadas como alternativas para o século XXI.
Assinale a alternativa que ressalta a contribuição do Brasil nesse panorama
global.
a) O Brasil desponta com tecnologias para a produção de energia nuclear
como uma alternativa mais econômica do que as demais.
b) O Brasil tem, nos últimos anos, exportado conhecimentos e tecnologias
no setor de energia eólica, liderando o ranking nesse setor.
c) No Brasil, são as pequenas indústrias as responsáveis pela produção e
pelos acordos internacionais relativos ao biocombustível.
d) Estudos sobre a energia solar utilizada na região sul brasileira têm cha-
mado a atenção de países como Inglaterra e Itália, os quais têm investido
maciçamente no setor.
e) O Brasil apresenta grandes vantagens (físicas e territoriais) para a produ-
ção de biocombustível, as quais potencializam a produção de energia
renovável.

41. Sobre o processo de abertura política, iniciado no governo do general


Ernesto Geisel (1974-1979), ANALISE as afirmativas abaixo.
I. O processo de abertura política foi marcado por avanços e recuos, sendo
o chamado Pacote de Abril um conjunto de medidas que representou
um “passo atrás” na liberalização do regime.
II. A liberalização do regime militar ocorreu na prática de forma tranquila, sem
que o governo enfrentasse a oposição de grupos que fossem contrários
ao projeto de abertura política “lenta, gradual e segura”.
III. O Congresso aprovou o fim do AI-5, o fim da censura prévia e o restabe-
lecimento do habeas corpus para crimes políticos consolidando-se, deste
modo, a liberalização do regime.
IV. Ao longo do governo Geisel, os grupos de oposição voltaram a se mo-
bilizar, destacando-se o movimento estudantil e o movimento operário,
com a greve de São Bernardo.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
b) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
c) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

53
42. Em relação à charge apresentada, marque a única resposta incorreta com
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relação à temática do BIODIESEL.

www.biodieselbr.com

a) A produção das matérias-primas (etanol e óleo de soja) importantes


para a geração de biodiesel é uma tradição na economia brasileira. Tal
fato expõe, internacionalmente, o país e o coloca como carro-chefe na
discussão geopolítica em torno dos caminhos a serem tomados pelos
investidores mundiais, a partir da possível substituição dos combustíveis
fósseis pelos que geram “energias limpas”.
b) Devido à extensão territorial do Brasil e à existência de áreas de fronteiras
agrícolas, ainda há possibilidades de incorporação de novos espaços
produtivos, em larga escala, para o cultivo de matérias-primas voltadas
para a geração de biodiesel, o que gera forte interesse internacional.
c) A geopolítica energética do mundo mudou, no século XXI, com a ado-
ção, pelas potências centrais e emergentes, do discurso ambiental nos
seus projetos de gestão. Segundo elas, o cultivo agrícola voltado para a
geração de biodiesel é uma necessidade para as agendas de proteção
ambiental no mundo, que precisa de “combustíveis limpos”, o que torna
o Brasil um importante país para a produção e exportação de biodiesel.
d) O Brasil, com muita tradição na produção e uso de biodiesel em escala
industrial, faz com que “os olhos do mundo” se voltem para si devido
à possibilidade de substituição, com intuito de modernização rural, dos
cultivos voltados para a alimentação básica por outros destinados à ge-
ração de biocombustíveis.
e) A importância geopolítica do Brasil foi revigorada, desde o início deste
século, devido à redescoberta do potencial do país em fornecer, na
atualidade, aos mercados internacionais, matérias-primas geradoras do
biodiesel (óleos e gorduras), que são mais baratas do que o preço do
barril de petróleo e seus derivados.

54
43. A recente decisão do ministro da Justiça Tarso Genro de conceder refúgio

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político ao escritor e ex-terrorista italiano Cesare Battisti foi o pivô de uma
grave crise diplomática entre Brasil e Itália. Battisti, condenado na Itália
por envolvimento em quatro homicídios — ocorridos entre 1978 e 1979
—, foi preso pela Polícia Federal no Brasil, em 2007, mas obteve, no início
de 2009, o status de refugiado por decisão do mesmo ministro da Justiça
Tarso Genro.
A decisão do ministro gerou uma série de críticas na Itália e levou o gover-
no italiano a recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra essa decisão e a
solicitar a extradição de Battisti. Em que se baseou o ministro Tarso Genro
para, em 13 de janeiro de 2009, ter reconhecido a condição de refugiado
do ex-terrorista e atender ao pedido dos advogados de defesa?
a) No fato de Battisti já estar morando no Brasil havia mais de cinco anos,
quando foi preso, o que, pelo Código de Processo Penal Brasileiro, impede
sua extradição.
b) No fato de Battisti já ter filho brasileiro quando foi preso, o que impede
sua extradição, conforme preveem os artigos da Constituição brasileira
que resguardam os direitos humanos.
c) No fato de os crimes cometidos por Battisti já estarem prescritos quando
ele foi preso no Brasil, o que impede que seja extraditado, de acordo com
o Código de Processo Penal Brasileiro.
d) No fato de Battisti, quando foi preso, já estar casado com brasileira havia
mais de cinco anos, o que impede que seja extraditado, de acordo com
a Constituição brasileira.
e) Na interpretação de que Battisti é vítima de perseguição política na Itália
e que cometeu crimes políticos, e não crimes comuns.

44. Como forma de combater os efeitos da crise financeira internacional iniciada em 2007
e agravada nos anos de 2008 e 2009, o governo federal brasileiro tem tomado uma
série de medidas para estimular o consumo e evitar o aumento do desemprego no
Brasil. Assinale, dentre as alternativas seguintes, a única que apresenta uma medida
real recente tomada pelo governo brasileiro nesse sentido.
a) Elevação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) incidente na
compra de veículos acima de mil cilindradas, compensando a redução
do IPI dos carros populares (até mil cilindradas).
b) Elevação da parcela dos compulsórios bancários (parcela dos depósitos
bancários que as instituições financeiras são obrigadas a recolher ao Banco
Central), como forma de diminuir os recursos disponíveis ao crédito.
c) Elevação das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)
cobrado das empresas e pessoas físicas nas operações de crédito.
d) Criação de duas novas alíquotas no IR (Imposto de Renda) das pessoas
físicas, medida válida a partir do ano fiscal de 2009, aliviando a carga desse
imposto sobre os assalariados passíveis da cobrança de IR.
e) Proibição de o Banco Central emprestar dólares a bancos que se com-
prometessem a repassar os recursos aos exportadores.

55
45. A crise econômica internacional foi o principal tema discutido no encontro
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de líderes das potências industriais e dos países emergentes, o G-20, que


ocorreu no mês de abril de 2009, em Londres, capital do Reino Unido, e con-
tou com a presença do presidente Lula, do Brasil. No comunicado emitido
após essa cúpula, o G 20 elencou medidas para reativar e regular a economia
global. Assinale, dentre as alternativas seguintes, a única que apresenta uma
medida efetivamente anunciada após essa cúpula do G-20.
a) Redução dos recursos para empréstimo à disposição do FMI — Fundo
Monetário Internacional.
b) Extinção do FMI — Fundo Monetário Internacional —, já que toda a ajuda
a países emergentes será coordenada pelo Banco Central Europeu, onde
está sediado o G-20.
c) Afrouxamento da fiscalização sobre as zonas mais obscuras do mercado
financeiro, incluindo os denominados “paraísos fiscais”, como forma de
facilitar a circulação de recursos no comércio mundial.
d) Afrouxamento da fiscalização efetuada sobre as agências de classificação
de risco (ou agências de rating), que tiveram papel essencial na detecção
do início da crise financeira global.
e) Injeção de recursos de 1,1 trilhão de dólares para reanimar a economia
mundial e ajudar os países em maiores dificuldades.

46. Um estudo de cientistas da Universidade de Ultrecht (Holanda) estima que


a retenção de gases de efeito estufa por meio da preservação da Amazônia
vale entre 113 e 226 reais por hectare de floresta ao ano.
Folha de S. Paulo, 10/02/09, p. A16.

Esse seria um entre outros “serviços ecológicos”, indicados a seguir, que


poderiam ser auferidos pela preservação da floresta, EXCETO o exposto na
alternativa:
a) prevenção de processos erosivos dos solos.
b) prevenção de assoreamento dos rios, favorecendo a qualidade de sua
navegabilidade, entre outros aspectos.
c) como pulmão do mundo, garantia de fornecimento continuado de oxi-
gênio à atmosfera.
d) preservação da biodiversidade e reprodução da própria floresta.

GABARITO
Atualidades
01. C 02. C 03. C 04. B 05. B 06. D 07. D 08. B 09. C 10. B
11. C 12. B 13. E 14. C 15. B 16. A 17. B 18. C 19. E 20. B
21. C 22. A 23. E 24. A 25. E 26. C 27. E 28. C 29. A 30. B
31. D 32. A 33. B 34. B 35. D 36. D 37. B 38. D 39. E 40. E
41. D 42. D 43. E 44. D 45. E 46. C

56
Propostas de Redação

Dicas de Vestibular | Propostas de Redação


Os 20 anos do Massacre da Praça Celestial na China
Proposta 1:
Observe com atenção a imagem. Imagine-se como o jovem que se posicionou
em frente aos tanques militares na Praça da Paz Celestial ou como motorista do
primeiro veículo. Relate sua experiência.

Proposta 2:
Como representante do movimento estudantil chinês elabore um manifesto
destinado a conscientizar seus colegas acerca da importância de lutar contra o
regime totalitário de seu país.

Proposta 3:
Em reunião com aliados econômicos, Hu Jintao pronunciará um discurso res-
saltando as vantagens do regime comunista chinês. Escreva esse discurso.

Proposta 4:
Através de um texto dissertativo, reflita sobre o contraste existente entre a
liberdade econômica e o regime autoritário.

Proposta 5:
Noticie o que ocorreu na Praça da Paz Celestial naquele fatídico 4 de junho
de 1989.

A Coreia do Norte e os testes nucleares

Proposta:
Releia: “A ONU estuda novas sanções à Coreia do Norte, embora se saiba que
anteriormente essas medidas não provocaram efeitos.”

Que medidas seriam eficazes para acabar com o manuseio de equipamentos


bélicos nucleares por parte da Coreia do Norte?

Cuba e a oea

Proposta:

Com o fim da Guerra Fria, muito se discute acerca da manutenção do embargo co-
mercial a Cuba e da expulsão do país da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Em um artigo de opinião, diga se você é favorável à permanência dessas medidas de
isolamento como forma de pressionar o país por reformas democráticas, ou se defen-
de o abrandamento das restrições como forma de estimular o diálogo.

57
GRIPE SUÍNA
Dicas de Vestibular | Propostas de Redação

Proposta:

A despeito das dúvidas mais comuns entre a população, produza, a pedido da


Associação Brasileira de Criadores de Suínos, um panfleto, expondo as res-
postas para as questões mais comuns e mostrando a melhor forma de preven-
ção da doença.

CRISE ECONÔMICA

Proposta:

Você foi convidado pela equipe de publicidade responsável pelo site chamado
“Universo Econômico” a escrever a apresentação da seção “Crise 2008”. Enfo-
cando as causas e consequências no panorama econômico mundial, desenvol-
va um texto expositivo para esse assunto(seção).

OS 80 ANOS DA CRISE DE 1929

Proposta:

Imagine-se um cidadão burguês estadunidense no ano de 1929. Através de um


relato, exponha como era sua vida no primeiro semestre desse ano e confronte
com o que viveu após a “quinta-feira negra”.

AS ELEIÇÕES NO IRÃ

Proposta 1:

Como correspondente internacional de um jornal brasileiro de grande circula-


ção, produza um relato da apuração das eleições no Irã.

Proposta 2:

Durante entrevista a repórteres, o historiador britânico Simon Schama afirmou


não saber o que a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad representa “o começo
do fim”. “Será que este regime tem um leve cheiro de morte? Sim, e acho que
em sete anos vamos ver isso. (...) Todos vimos o que aconteceu nas ruas [do Irã].
O regime em si irá se deslegitilimizar. Aposto com vocês que o que aconteceu
lá foi o começo do fim”, afirmou Schama.

Folha de São Paulo, 06/07/2009.

Escreva uma carta de leitor, revelando suas expectativas quanto ao futuro na


nação iraniana.

58
OUTROS CAMINHOS DA ÍNDIA

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Proposta:

Mesmo se tornando a 12ª maior economia do mundo, a Índia tem cerca de


40% de sua população na linha de pobreza. Ou seja, houve um enriquecimento
econômico, mas não humano. Redija um texto dissertativo-argumentativo que
responda à questão: “O crescimento humano pode elevar a economia de um
país? Há recíproca nessa ideia?”

OS 30 ANOS DA LEI DA ANISTIA

Proposta 1:

Escreva um artigo de opinião acerca da responsabilidade do governo quanto


aos “desaparecidos políticos”.

Proposta 2:

Imaginando-se em setembro de 1979, sendo você familiar de um dos cidadãos


brasileiros exilados pelo regime militar dessa época, redija uma carta a esse
ente querido, descrevendo a reação popular diante da aprovação da Lei da
Anistia, tentando convencê-lo de voltar ao Brasil.

NORTE-AMERICANOS COMEÇAM A DEIXAR O IRAQUE

Proposta:

Analise, em um texto dissertativo-argumentativo, os efeitos de uma guerra,


confrontos políticos ocorridos em outros países.

59
TEMA 1: Meio Ambiente e Armas Nucleares
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Texto I
De Volta a Bikini
Um documentário brasileiro mostra como a vida renasceu com
exuberância nos mares do Atol de Bikini, palco de testes nucleares
americanos nos anos 40 e 50.

Marcelo Marthe

Fotos Bettmann/Corbis/LatinStock e divulgação

TERRA ARRASADA
Explosão atômica em Bikini nos tempos da Guerra Fria
(no alto) e seus corais nos dias de hoje (acima):
do inferno ao paraíso.

Entre 1946 e 1958, as 23 ilhas paradisíacas que compõem o Atol de Bi-


kini, no Oceano Pacífico, foram submetidas a uma escalada de destruição.
Nesse período, os Estados Unidos realizaram 66 testes nucleares no local.
Depois das detonações, a barreira de corais que cerca as ilhas ficou arrasada.
Por quatro décadas, os níveis de radiação impediram a presença do homem
na região. Em 1996, o brasileiro Lawrence Wahba tornou-se o primeiro natu-
ralista a receber autorização para filmar em suas águas azul-turquesa. Dois
anos atrás, ele retornou às ilhas para conferir as mudanças desde sua primei-
ra passagem por lá. O resultado é o documentário De Volta a Bikini. Suas
imagens dão testemunho da capacidade de regeneração da natureza. Em
seus mergulhos, Wahba registrou o renascimento da vida até na cratera de
1,5 quilômetro de largura produzida no fundo do mar pela Bravo – a bomba
mais poderosa já detonada pelos Estados Unidos, com potência 1 000 vezes
superior à daquela lançada sobre Hiroshima. Sobre a superfície deixada pela
explosão, que varreu três ilhotas do mapa, um coral começa a se formar.

60
No contexto da Guerra Fria, que opunha os Estados Unidos à, então,

Dicas de Vestibular | Propostas de Redação


União Soviética, a explosão esporádica de bombas atômicas não tinha ape-
nas a função de avaliar novos artefatos. Servia também – e sobretudo – para
lembrar ao adversário quão poderosos eram os músculos da parte contrária.
A nota curiosa dos testes americanos no atol é que, quatro dias após a primei-
ra detonação, o francês Louis Réard batizou com o nome do lugar o modelo
de praia feminino que havia criado – e assim nasceu o biquíni (o nome, na
língua nativa, significa “gente plantando coco”). Um estouro.
As circunstâncias geográficas favoreceram a escolha desse paraíso no
Pacífico. Por estar longe das rotas de navegação, ele não ofereceria riscos a
populações humanas (o que se revelou um erro de cálculo: uma nuvem radio-
ativa atingiu ilhas habitadas). Além disso, era ideal para a investigação dos
efeitos de explosões nucleares em batalhas navais. Setenta navios e subma-
rinos obsoletos foram afundados com esse fim. E foi graças a eles que a vida
renasceu de forma tão exuberante em Bikini. Cobertas de algas e corais, suas
carcaças aceleraram o repovoamento da região por peixes, moluscos e crus-
táceos. Em torno do casco de embarcações, como o porta-aviões USS Sara-
toga e o encouraçado japonês Nagato (este, um troféu da II Guerra: foi a nau
de comando do ataque a Pearl Harbor), hoje vivem garoupas e tubarões.
O mar de Bikini é considerado livre de radiação. Mas o problema persiste
em terra: os cocos e demais frutos não podem ser ingeridos, porque são
contaminados por césio 137. Wahba aborda a situação inusitada dos 4 000
descendentes dos 167 aborígines que habitavam o atol antes dos testes. Seis
décadas depois, eles continuam no exílio em ilhas próximas. Sobrevivem das
compensações do governo americano. São fundos que somam mais de 170
milhões de dólares – dos quais eles só podem utilizar a remuneração dos ju-
ros. Com a crise nas bolsas mundiais, o pessoal de Bikini está numa pindaíba
ainda maior. A empresa aérea que voava para o atol faliu. E a sua única ativi-
dade econômica – uma pousada para turismo de mergulho – está ameaçada.

Veja.com (http://veja.abril.uol.com.br/121108/p_138a.shtml) com adaptações.

Proposta I
Você, habitante de uma das ilhas do paradisíaco Atol de Bikini, foi informa-
do de que teria de ser removido da região porque lá ocorreriam vários testes
nucleares. Numa ilha suficientemente distante, ao avistar o grande cogumelo
atômico que destruiu o seu lar e devastou a sua bela terra natal, o que você
sentiu? Quais foram suas reações? Relate essa trágica experiência.

61
Proposta II
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Você, um eminente naturalista, obteve uma permissão para visitar as ilhas


do Atol de Bikini e estudar os efeitos da radiação na fauna e na flora da re-
gião. Quais foram suas conclusões? Você observou alguma mutação nas plan-
tas e nos animais? Para posterior publicação numa revista científica, descreva
o que você encontrou na região.

Proposta III
Sessenta anos após o término dos testes realizados no Atol de Bikini, a
radiação continua a causar problemas tanto ao meio ambiente quanto ao ho-
mem. Você acha justo que uma nação remova aborígines para realizar tes-
tes de armas nucleares? A situação desses exilados não guarda semelhan-
ças tanto com a dos índios do Novo Mundo, “esmagados” pela colonização
europeia, quanto com a dos japoneses de Hiroshima e Nagasaki, vítimas de
bombas atômicas? Manifeste seu ponto de vista em um artigo de opinião a
ser publicado em um jornal de grande circulação.

Proposta IV
Você sabia qual era a origem da palavra aportuguesada biquíni? Como
editor de uma enciclopédia eletrônica, escreva um verbete no qual estejam
contemplados os diferentes significados do vocábulo assim como as explica-
ções necessárias ao seu perfeito entendimento.

62
Texto II

Dicas de Vestibular | Propostas de Redação


O que está em jogo com o lançamento
do foguete norte-coreano?
A Coreia do Norte lançou, em março de 2009, um foguete de longo alcan-
ce destinado, segundo o país, a colocar um satélite experimental de teleco-
municações em órbita. Os governos da Coreia do Sul, dos EUA e do Japão,
que dizem que o lançamento disfarça um teste do míssil de longo alcance
Taepodong-2, confirmaram o lançamento do foguete e classificaram o ato
como “lamentável” e como uma “provocação”.

Por que a Coreia do Norte lançou o foguete?


A máquina de propaganda norte-coreana vai retratar um lançamento bem
sucedido como um símbolo de força da liderança de Kim Jong-il, ditador que
comanda o país, depois de um suposto derrame, em agosto, e levantar ques-
tões sobre seu poder. Também mostrará a todos os coreanos que o Norte
lançou um foguete carregando um satélite antes do rico Sul, que pretende
fazer o mesmo em julho.
Internacionalmente, o lançamento sinaliza ao presidente americano, Barack
Obama, que a Coreia do Norte está chegando perto de desenvolver uma
arma que possa atingir o território americano e que o país deve ser encarado
com seriedade.
Do ponto de vista do mercado de armas, o lançamento pode servir para
a Coreia do Norte vender ao mundo que sua tecnologia balística está se de-
senvolvendo, uma vez que a venda de armas é um dos principais itens que o
isolado país pode oferecer aos demais.

Por que o foguete é perigoso?


Em curto prazo, a maioria dos especialistas considera que o maior risco
que o foguete pode oferecer são seus pedaços caindo após o lançamento.
Em longo prazo, qualquer tipo de teste aumenta a ameaça representada
pela Coreia do Norte porque a deixa mais perto de construir um míssil que
poderia atingir o território dos EUA. Especialistas dizem que não acreditam
que a Coreia do Norte tenha a capacidade de colocar uma arma nuclear em
um míssil, mas pode estar tentando desenvolver a tecnologia.
Ainda se eles tivessem essa tecnologia, eles ainda não parecem ter a ca-
pacidade de guiar um míssil para um alvo.

63
Dicas de Vestibular | Propostas de Redação

Katsumi Kasahara/AP
Soldados japoneses patrulham base militar em Akita, norte do Japão,
após Coreia do Norte lançar foguete.

Por que Pyongyang avisou ao mundo do lançamento?


Isso fortalece o argumento norte-coreano de que os motivos são pacífi-
cos. A Coreia do Norte alega que todo país tem o direito de explorar o espa-
ço pacificamente e que as sanções da Organização das Nações Unidas (ONU)
que a proíbem de desenvolver mísseis balísticos não se aplicam no caso do
lançamento de um satélite.

O lançamento de um míssil não é diferente do lançamento de um satélite?


Para os EUA, Coreia do Sul e Japão, não há diferença entre os dois porque
a Coreia do Norte usa o mesmo foguete – o Taepodong-2. Os três países
veem qualquer teste deste foguete como uma violação das resoluções da
ONU porque o lançamento ajuda o país a melhorar sua tecnologia de mísseis
de longo alcance.
Por outro lado, um teste de míssil completo incluiria uma reentrada na
atmosfera no alvo e seria um desafio tecnológico maior do que o lançamento
de um satélite.
Os especialistas também têm dúvidas sobre se o Norte pode, de fato,
produzir um satélite que funcione e colocá-lo em órbita. Mas eles dizem que
a Coreia do Norte pode ser capaz de fazer um baseado em desenhos rudi-
mentares de satélites soviéticos antigos.

64
Dicas de Vestibular | Propostas de Redação
Parte do foguete deve cair Localizada no oceano Pacífico,
a 120 km da costa japonesa entre o Japão e o Havaí

Arte/Folha de S.Paulo
» Japão deve movimentar » EUA, Coreia do Sul e Japão
bateria antiaérea PAC-3 vão monitorar o lançamento
para a costa, na região com navios de guerra
de Tóquio equipados com interceptores
de mísseis
Fonte: Graphic News

Folha Online (http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u546182.shtml)


com adaptações.
Proposta V
A ciência pode ser utilizada tanto para promover o bem da humanidade quanto
para prejudicá-la. A mesma tecnologia pode servir para pôr em órbita um satélite pa-
cífico ou para produzir um míssil balístico ofensivo. Tendo em mente esta dicotomia,
produza um texto dissertativo-expositivo onde você apresenta outra tecnologia
ou ramo da ciência que pode ter aplicações benéficas ou maléficas para o homem.

Proposta VI
Por que alguns países, como o Brasil, têm tecnologia nuclear e desenvolvem progra-
mas de lançamento de satélites sem que isso cause receio em outros povos enquanto o
mundo inteiro se preocupa quando nações como Irã e Coreia do Norte tentam fazer o
mesmo? Será que isso tem algo a ver com transparência e a tradição pacífica de uns ou
com o isolamento e o discurso beligerante de outros? Em um artigo de opinião, apre-
sente seu ponto de vista sobre o assunto e enumere algumas características que um país
deve ter para gerar confiança e credibilidade internacionais.

65
Texto III
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A volta da utopia de um mundo sem armas nucleares

Barack Obama propõe o fim dos arsenais atômicos. A questão é se isso


é possível num mundo com países como o Irã e a Coreia do Norte.

Duda Teixeira

Sygma/Corbis/Latinstock
PASSADO Explosão no Atol de Mururoa, na Polinésia Francesa, em 1973: os testes
na atmosfera já foram banidos.

É possível um mundo livre de armas nucleares? A utopia de um planeta


sem o risco da destruição atômica, há tempos ausente dos palanques, foi res-
suscitada por Barack Obama. Em discurso a uma multidão de 20 000 pessoas
em Praga, na República Checa, o presidente americano disse que os Estados
Unidos têm “a responsabilidade moral” de liderar uma campanha pelo fim
de todas as armas nucleares. Obama admitiu que a meta de zerar o estoque
pode não se concretizar em seu tempo de vida, mas prometeu organizar, no
prazo de um ano, uma reunião internacional para debater meios de conter a
disseminação de ogivas e mísseis. “A existência de milhares de armas nucle-
ares é o legado mais perigoso da Guerra Fria”, disse ele.
Levada ao pé da letra, a proposta do presidente americano parece utó-
pica. Horas antes de Obama tornar público seu projeto, a Coreia do Norte
lançou um míssil balístico que sobrevoou o Japão e caiu no mar, a 3.200 qui-
lômetros de distância. O recado de Kim Jong Il, ditador que governa o país
com mão de ferro, foi explícito: se seu regime já tinha a bomba atômica, ago-
ra também dispõe do vetor para jogá-la no Japão ou, dependendo de alguns
aperfeiçoamentos, em território americano. O sonho de Obama sofreu outro
sobressalto em seguida, quando a China e a Rússia vetaram uma condenação
à Coreia do Norte no Conselho de Segurança da ONU. Dias depois foi a vez

66
de o presidente Mahmoud Ahmadi-

Dicas de Vestibular | Propostas de Redação


Herbert Knosowski/AP
nejad anunciar que o Irã completou
com sucesso o enriquecimento de
urânio – um passo decisivo em dire-
ção à montagem de armas nucleares.
Uma nova fábrica iraniana de combus-
tível nuclear poderá, quando total-
mente operacional, produzir plutônio
suficiente para duas ogivas nucleares
por ano.
Livrar o planeta dessas armas de
destruição em massa seria um alívio
para a humanidade. A dúvida é se o
mundo estaria seguro caso as gran-
des potências abrissem mão de seus
arsenais. Depois do fim da Guerra
Fria, a ameaça do uso militar do áto- BOAS INTENÇÕES
mo já não está nos arsenais das cinco Obama discursa em Praga para 20 000
potências que assinaram o Tratado pessoas: reunião mundial para discutir a
redução nuclear.
de Não Proliferação Nuclear em 1968
– Estados Unidos, União Soviética
(Rússia), China, Inglaterra e França. O perigo são as nações nucleares envol-
vidas em guerras com os vizinhos – Israel, Paquistão e Índia – e, sobretudo,
as ditaduras paranoicas da Coreia do Norte e do Irã. Desde 1986, o arsenal
nuclear mundial caiu de 70 000 para 27 000 ogivas. Os Estados Unidos e a
Rússia estão prestes a assinar um novo acordo, que limitaria os estoques a
1 000 ogivas para cada um. Infelizmente, as sanções internacionais tiveram
escasso êxito na tentativa de conter os projetos bélicos da Coreia do Norte e
do Irã. Uma redução do arsenal nuclear da superpotência pode ter um efeito
indesejado – deixar os aliados inseguros sobre o poder dissuasório dos Esta-
dos Unidos ou até incentivar os inimigos a lances mais ousados. É difícil um
acordo de desarmamento total se não forem encontradas formas de estancar
a proliferação nuclear.
Veja.com (http://veja.abril.uol.com.br/150409/p_066.shtml) com adaptações.

67
Proposta VII
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A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) está reuni-


da para discutir o fim das armas nucleares e você foi escolhido para represen-
tar as gerações de jovens de todo o globo. Redija, portanto, o seu discurso,
que será lido diante de todos os líderes mundiais, de modo a convencê-los
a abandonar as armas nucleares. (Variações: manifesto, carta aberta, abaixo-
assinado.)

Proposta VIII

Como sabemos, o Brasil procura aumentar sua representatividade na ONU


e seu poder de influência nos processos de resolução das diversas questões
internacionais. Como embaixador do Brasil no Irã, redija uma carta ao pre-
sidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad manifestando o ponto de vista de
nossa diplomacia acerca do projeto da bomba atômica iraniana. Lembre-se
de que você estará representando seu país perante outro. Formalidade, mo-
deração e respeito são, portanto, essenciais.

Proposta IX

Uma das acepções da palavra utopia, segundo o dicionário Houaiss, é:


“projeto de natureza irrealizável; ideia generosa, porém impraticável.” Você
acredita que seja possível livrar o mundo das armas nucleares no prazo de
dez anos? Imagine-se como um jornalista no ano de 2019 e escreva uma notí-
cia sobre o sucesso ou o fracasso desta iniciativa.

68
TEMA 2: MÁFIA

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Texto I

Guido Motani/Corbis/Latinstock
JURADO DE MORTE
Saviano: um escritor de talento e um homem de coragem sobre-humana

Um livro, um filme e um escritor ameaçado

Gomorra, livro e filme, traz um panorama devastador da Camorra, a


superorganização criminosa que, de Nápoles, abarca o mundo.

Camorra é a superorganização criminosa sediada na região italiana da Cam-


pânia, mas que se faz presente em todo o planeta, de maneiras às vezes insus-
peitadas. Deslindar a teia da máfia foi o formidável trabalho a que se dedicou
o jornalista Roberto Saviano no livro-reportagem também intitulado Gomorra
no qual o filme do diretor Matteo Garrone se baseia. Aos 29 anos, Saviano está
pagando um preço impossível pelo destemor, pela meticulosidade de sua apu-
ração e pela prosa fluente, que fizeram de Gomorra um best-seller. É guardado
24 horas por dia por um destacamento policial e perdeu tudo o que se asse-
melhe à normalidade. Desde a publicação do livro, há dois anos, a Camorra o
jurara de morte. Com o lançamento do filme, os clãs criminosos decidiram que
a sentença deve ser cumprida o quanto antes. Saviano cogita deixar a Itália.
Seu próprio livro, contudo, prova que a Camorra está em toda parte.
O traçado que Saviano faz das ramificações da Camorra é aterrador. O
“sistema”, como ela gosta de se chamar, está na vanguarda de todo tipo de
negócio ilícito, como extorsão, prostituição e tráfico de entorpecentes e de
armas. Controla quase a totalidade das drogas que entram na Europa e é
dona de parte dos arsenais militares que ficaram a descoberto com o esface-
lamento da União Soviética. Neles, seu principal interesse são os fuzis AK-47,
que, por serem baratos e confiabilíssimos, são a arma preferida do terrorismo
e da guerrilha em todo o mundo. A Camorra mantém os estoques nos países
de origem e os movimenta conforme a encomenda, à moda de uma Amazon.
com da venda ilegal de armamentos.

69
Mais assustador ainda é quão fundo a Camorra se infiltrou em setores
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que ninguém suporia associados ao crime organizado. Livro e filme transbor-


dam também a indignação de Saviano com o que ele julgava ser um tumor e
descobriu constituir um câncer em estágio avançado de metástase. Escritor
versado e homem de coragem singular, ele compartilha agora com os perso-
nagens que descreveu a asfixia de viver sob uma sentença de morte.

Isabela Boscov
Revista Veja, edição 2091, com adaptações.

Texto II

Ameaçado de morte, autor de “Gomorra” quer deixar a Itália

O escritor italiano Roberto Saviano, autor do best-seller Gomorra, que


denuncia a máfia napolitana, afirmou que quer deixar a Itália porque
não aguenta mais viver com proteção armada.

Saviano, com sua escolta: ele anunciou que vai deixar


de viver na Itália.

O livro vendeu 1,2 milhão de cópias na Itália, foi traduzido para 42 línguas
e sua adaptação para o cinema foi nomeada para concorrer ao Oscar.
No entanto, em uma entrevista ao jornal italiano La Repubblica, o escritor
afirma ser uma “vítima do próprio sucesso”.
Desde o lançamento de Gomorra, em 2006, o autor, de 29 anos, vive com
proteção policial armada durante 24 horas diariamente porque recebe amea-
ças da Camorra, como é conhecida a máfia napolitana.

70
“O que me mantém com vida, minha verdadeira proteção, é estar atento

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ao que acontece comigo e ao meu redor. Mas sei muito bem que um dia me
farão pagar. Só é preciso saber como e quando”, disse Saviano.
“Quero a minha vida de volta. Quero andar pelo sol e pela chuva, me
apaixonar, beber uma cerveja em público, encontrar minha mãe sem que ela
fique com medo”, disse o escritor ao jornal.
Acima de tudo, Saviano afirmou que quer continuar escrevendo e que, no
momento, o único modo de fazer isso é deixar a Itália.
Os jornais italianos disseram que o clã mais notório da máfia local, o Ca-
salesi, teria passado da ameaça de morte para a fase de operação do plano
para assassinar o escritor.
Segundo os jornais, a intenção seria matar o escritor antes do Natal.

BBC Brasil (http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/10/081015_


sovianogomorra_np.shtml) com adaptações.

Proposta I
Como é a experiência de viver ameaçado pela máfia e cercado por segu-
ranças? Em uma página do diário de Roberto Saviano, relate um dia na vida
do jornalista ameaçado, mostrando como o medo e as precauções necessá-
rias alteraram a rotina e dificultaram as atividades mais simples do dia-a-dia
do jovem escritor.

Proposta II
Preocupado com a situação vivida por Roberto Saviano, que teve a cora-
gem de denunciar a máfia e agora enfrenta ameaças de morte, produza um
texto para uma campanha comunitária com o objetivo de convencer a popu-
lação de Nápoles a vencer o medo e a denunciar o crime organizado.

Proposta III
A liberdade de expressão é um dos pilares da democracia e um dos mais
básicos direitos do homem. Durante anos, houve uma constante preocupa-
ção em proteger essa importante conquista de possíveis tentações autori-
tárias de governos legítimos, mas raramente escutamos alguém falar sobre
como protegê-la da ação de grupos manifestamente criminosos. Em um
texto dissertativo, apresente uma sugestão sobre como os governos po-
deriam proteger seus cidadãos de entidades ilegais, como a Camorra, no
que concerne à liberdade de expressão. Exemplos: programas de proteção à
testemunha, delação premiada, promoção de filmes, livros e reportagens de
caráter denunciativo etc.

71
TEMA 3: EDUCAÇÃO
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Texto I
A crise que estamos esquecendo

O tema do momento é a crise financeira global. Eu aqui falo de outra, que


atinge a todos nós, mas especialmente jovens e crianças: a violência contra
professores e a grosseria no convívio em casa. Duas pontas da nossa socie-
dade se unem para produzir isso: falta de autoridade amorosa dos pais (e
professores) e péssimo exemplo de autoridades e figuras públicas.
Pais não sabem como resolver a malcriação dos pequenos e a insolência
dos maiores. Crianças xingam os adultos, chutam a babá, a psicóloga, a pe-
diatra. Adolescentes chegam de tromba junto do carro em que os aguardam
pai ou mãe: entram sem olhar aquele que nem vira o rosto para eles. Cumpri-
mento, sorriso, beijo? Nem pensar. Como será esse convívio na intimidade?
Como funciona a comunicação entre pais e filhos? Nunca será idílica, isso é
normal: crescer é também contestar. Mas poderíamos mudar as regras desse
jogo: junto com afeto, deveriam vir regras, punições e recompensas. Que tal
um pouco de carinho e respeito, de parte a parte? Para serem respeitados,
pai e mãe devem impor alguma autoridade, fundamento da segurança dos
filhos neste mundo difícil, marcando seus futuros relacionamentos pessoais e
profissionais. Mal-amados, mal-ensinados, jovens abrem caminho às cotove-
ladas e aos pontapés.
Mal pagos e pouco valorizados, professores se encolhem, permitindo abu-
sos inimagináveis alguns anos atrás. Uma adolescente empurra a professora,
que bate a cabeça na parede e sofre uma concussão. Um menininho chama a
professora de “vadia”, em aula. Professores levam xingações de pais e alunos,
além de agressões físicas, cuspidas, facadas, empurrões. Cresce o número de
mestres que desistem da profissão: pudera. Em escolas e universidades, es-
tudantes falam alto, usam o celular, entram e saem da sala enquanto alguém
trabalha para o bem desses que o tratam como um funcionário subalterno.
Onde aprenderam isso, se não, em primeira instância, em casa? O que acon-
teceu conosco? Que trogloditas somos – e produzimos –, que maltrapilhos
emocionais estamos nos tornando, como preparamos a nova geração para a
vida real, que não é benevolente nem dobra sua espinha aos nossos gritos?
Obviamente não é assim por toda parte, nem os pais e mestres são responsá-
veis por tudo isso, mas é urgente parar para pensar.
(Por: Lya Luft, escritora. Revista Veja, 8 /4/09).

72
Proposta I

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Após refletir sobre o texto acima, escreva uma carta argumentativa, di-
rigida à escritora Lya Luft, concordando ou não com as considerações feitas
por ela sobre o comportamento dos jovens em casa e na escola. Caso queira,
julgue outras questões que justifiquem o seu ponto de vista.

Proposta II
Produza uma crônica argumentativa em que a sua reflexão parta de um fato
envolvendo relacionamentos entre pais e filhos ou entre escola e alunos.

Texto II

Jovens aprovam a ideia do novo vestibular

Estudantes são favoráveis à mudança nas provas do Enem

Canoas – O novo modelo de ingresso em universidades federais, apre-


sentado pelo ministro da Educação na semana passada, agrada estudantes
do Ensino Médio de Canoas.
A ideia de Fernando Haddad é que o vestibular seja feito com base nas
provas do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No entanto, a novi-
dade trouxe uma preocupação aos professores e uma dúvida aos adolescen-
tes: será que a preparação das escolas será suficiente para aprovar os alunos
em uma prova que deverá ser mais difícil do que o tradicional vestibular?
Pelo projeto do Ministério da Educação (MEC), a avaliação do Enem pas-
saria a ter 200 questões de múltipla escolha – atualmente a prova é composta
por 63 – e redação. Além disso, o Enem seria aplicado em dois dias diferen-
tes, no mês de outubro – não mais em agosto – com resultados divulgados no
início de janeiro. Metade dos testes ficaria para o primeiro dia, e metade para
o segundo, com a dissertação. A professora de Química da escola estadual
Jussara Polidoro, Carla Silva Niederauer, acha que os estudantes do Ensino
Médio não estão preparados para enfrentar um Enem. “A gente vê alunos
que chegam ao 3o ano sem dominar a interpretação de texto ou saber fazer
contas básicas de matemática. O Enem exige raciocínio lógico e interpreta-
ção de texto’’, comenta. A professora de Literatura Lucinda Funke completa:
“Se o vestibular mudar, as escolas terão que se reavaliar.’’

73
PARCERIA – O conteúdo da prova do novo Enem ainda não foi definido
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e, segundo o MEC, terá de ser construído em parceria com as universidades


federais.
O que já se sabe é que a prova deverá ser baseada em habilidades e
competências e terá quatro eixos: linguagens, códigos e suas tecnologias (in-
cluindo redação); ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza
e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias.
Segundo a professora de Pedagogia da Ulbra, Graziela Macuglia Oyar-
zabal, os alunos do Ensino Médio, tradicionalmente, têm uma aprendizagem
mecânica do contéudo, diferente do Enem. “O Enem é uma reflexão, tor-
nando a prova bem mais difícil. Se o Enem substituir o vestibular, vai ser um
grande desafio. O ensino vai ter que ser revisto’’, fala.
Um grupo de estudantes da escola Jussara Polidoro, no bairro Guajuviras,
gostou da mudança do vestibular. Ariadne Pazzini de Andrade, 16 anos, acha
que o vestibular como está hoje não seleciona os mais preparados. “O Enem
é a melhor maneira de ingressar na faculdade. Se for para 200 questões, en-
tão vai ser bem difícil, mas vai beneficiar os mais preparados.’’
http://www.bahdigital.com.br/, acessado em 11/5/09.

Proposta III
Imagine que você foi convidado a proferir uma palestra no seminário Jo-
vens rumo ao vestibular. Para essa ocasião, exponha, no seu texto, como você
avalia a forma tradicional do vestibular, se esse processo seletivo deveria ter
sido mudado ou não e se concorda com o novo modelo de vestibular que
será implantado.

Proposta IV
Escreva um editorial para uma revista chamada Vestibulando e nela expo-
nha uma avaliação sobre o estilo de prova Enem. Inicialmente, apresente qual
o significado dessa prova como critério de avaliação. Em seguida, apresente
dois argumentos favoráveis ou contra a aplicação dela no novo formato de
vestibular e, para concluir o texto, ratifique sua opinião com um breve co-
mentário ou sugira uma outra forma de avaliação, caso seja contra esse novo
método. Lembre-se de que um editorial apresenta a opinião da revista.

74
Tema 4: lei

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Texto I

Assembleia de SP aprova lei que proíbe fumo em


ambientes coletivos no Estado

Por 69 a 18, a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou, na noite desta


terça-feira (7), o projeto de lei antifumo do governador José Serra (PSDB),
que proíbe o consumo de cigarro e similares em recintos coletivos do Estado
de São Paulo. A proposta retorna ao gabinete do governador para sanção ou
veto. Também foi aprovada emenda do deputado Paulo Alexandre Barbosa
(PSDB) que prevê um prazo de 90 dias para que a lei entre em vigor. Durante
esse período, a lei deve ser regulamentada, com a definição de multas e pu-
nições. Serra tem até dez dias para sancionar a lei.
Outras duas emendas foram aprovadas junto a essa. Elas determinam que o
governo paulista terá de fazer campanha sobre proibições e sanções impostas
pela lei e disponibilizar no sistema de saúde público assistência terapêutica e
medicamentos antitabagismo para fumantes que queiram parar de fumar.
Com a lei, ficará proibido fumar em espaços coletivos, públicos ou pri-
vados, “total ou parcialmente fechados em qualquer dos lados”, exceto em
residências, estabelecimentos que comprovem ser exclusivamente destina-
dos ao fumo, como tabacarias, e em locais de culto religioso em que o fumo
integre o ritual.
O deputado Fernando Capez (PSDB), apesar de ser da bancada governis-
ta, havia se manifestado contrariamente ao projeto de lei do governador por
entender que ele é inconstitucional. Capez, que inclusive apresentou emen-
da para modificar o texto da lei e torná-la “constitucional”, votou a favor da
aprovação integral do texto, em respeito à posição do partido e à figura de
José Serra.
Sobre a possível inconstitucionalidade do projeto, o presidente da As-
sembleia, Barros Munhoz (PSDB), disse não temer que a lei seja questionada
em tribunais superiores. “Estou seguro quanto à constitucionalidade da lei.
É difícil ter unanimidade em uma lei como essa, mas o governo analisou bem
a questão”.

75
Samuel Moreira, líder da bancada do PSDB na Alesp, afirma que “o pro-
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jeto garante o direito individual de quem fuma e de quem não fuma”. “Ado-
tando essa medida, reduziremos os fumantes e melhoraremos os índices de
saúde nos próximos anos”, completou.
Moreira acredita também que a proibição ao fumo em locais fechados
não causará uma onda de desemprego no setor de bares e restaurantes. “A
lei valerá para todos, por isso, acreditamos que não haverá desemprego”,
disse o tucano, que defende que a permissão de fumódromos pela lei pre-
judicaria pequenos proprietários devido ao alto custo. “Esse projeto joga as
pessoas contra as pessoas, é uma lei que não vai pegar”, contestou o deputa-
do Hamilton Pereira, do PT, por considerar que o projeto vai contra “o direito
às liberdades individuais”. Dos 18 votos contra o projeto, 17 foram da bancada
do PT (o outro foi do PV).
O líder petista na Assembleia, Rui Falcão, defendeu o aumento do preço
do maço do cigarro para dificultar o acesso das pessoas ao fumo, em contra-
posição às medidas presentes no projeto do governo paulista. O deputado
ainda espera que a população cobre do governador José Serra medidas efe-
tivas para o tratamento dos fumantes. “Mais do que repressão, é importante
educar a população dependente do fumo”, disse Falcão.
Questionado sobre se a lei vai pegar nos estabelecimentos situados em
regiões de periferia, Samuel Moreira disse que o governo fará ampla campa-
nha para que toda a população se adapte às novas regras, já que o respon-
sável por restringir será o proprietário do lugar. De acordo com o deputado,
quem não cumprir a lei poderá ser encaminhado à delegacia e até ser preso
– a ação policial serve tanto para o fumante quanto para o local onde o fu-
mante está.
Do UOL Notícias, em São Paulo, 07/04/2009 – atualizada às 22h08

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Texto II

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É Proibido Fumar

É proibido fumar
Diz o aviso que eu li
É proibido fumar
Pois o fogo pode pegar
Mas nem adianta o aviso olhar
Pois a brasa que agora eu vou mandar
Nem bombeiro pode apagar
Nem bombeiro pode apagar
Eu pego uma garota
E canto uma canção
Nela dou um beijo
Com empolgação
Do beijo sai faísca
E a turma toda grita
Que o fogo pode pegar
Nem bombeiro pode apagar
O beijo que eu dei nela assim
Nem bombeiro pode apagar
Garota pegou fogo em mim
Sigo incendiando bem contente e feliz
Nunca respeitando o aviso que diz
Que é proibido fumar
Que é proibido fumar
É proibido fumar (agora!)
Diz o aviso que eu li
É proibido fumar
Pois o fogo pode pegar...
Composição: Roberto Carlos e Erasmo Carlos

77
Proposta I
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Considerando os textos I e II, que têm apenas caráter motivador, redija um


artigo para ser publicado em um jornal de circulação nacional, na seção Opi-
nião, posicionando-se a respeito da lei antifumo. Você acha que ela garante
o direito individual de quem fuma e de quem não fuma?

Proposta II

Como afirmou o líder petista Rui Falcão, “é importante educar a popula-


ção dependente do fumo”. A partir disso, crie um panfleto com o objetivo de
conscientizar esse público a adaptar-se às novas regras.

78
TEMA 5: DOM HÉLDER CÂMARA

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Texto I

Dom Hélder Câmara, 100 anos

Ao completar o centenário do nascimento de Dom


Hélder Câmara, ocorrido em 7 de fevereiro de 1909,
faz-se oportuno e justo recordar alguns momentos
marcantes de sua trajetória e o testemunho de sua
densa religiosidade e do seu compromisso com os
excluídos.
Nascido em Fortaleza, Ceará, no seio de uma in-
fluente família de jornalistas, advogados, políticos e
professoras, e na qual faltava um padre para confirmar
a tradição das famílias ilustres do início do século, o
jovem Hélder Pessoa Câmara foi ordenado sacerdote
em 1931, aos “22 anos e meio”. Desde o início, Hélder
Câmara combinou o seu apostolado com a ação política e, já em 1932, a con-
vite de Plínio Salgado, ingressa na Ação Integralista Brasileira (AIB) – versão
tupiniquim do fascismo italiano –, tornando-se o principal propagandista do
movimento em seu estado.
A partir do final da década de 1930, o então padre Hélder passou por
um longo e demorado percurso de conversão para as ideias democráticas e
humanistas. O radicalismo fascista dos integralistas tornou-se inconveniente
até para um regime ditatorial como o de Getúlio Vargas, que colocou a AIB
na ilegalidade. A Igreja Católica tinha um pacto informal de colaboração com
o Governo de Vargas e isso fez com que o Cardeal Sebastião Leme, do Rio
de Janeiro, na época a maior autoridade eclesiástica no país, ordenasse o

79
afastamento do jovem padre Hélder Câmara da Ação Integralista Brasileira.
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Aqui é importante destacar duas importantes contribuições intelectuais na


vida do padre Hélder: a leitura da obra Humanismo Integral, de Jacques Ma-
ritain, e a convivência, no Rio de Janeiro, com o intelectual e líder leigo Alceu
Amoroso Lima, que também passava por uma transição para o pensamento
democrático.
(...)
Como explicitaria melhor nos encontros dos Prelados da Amazônia e do
Vale do São Francisco de 1952, muito longe de propor o caminho da revolu-
ção social como solução para os problemas do país, Dom Hélder defendia a
colaboração entre a Igreja, os sindicatos rurais e o Estado para a promoção
de reformas sociais de base.
No mesmo período, agregou os bispos brasileiros na Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), que ele funda e comanda como Secretário Geral
até 1964 e que viria a se tornar a instituição de mais influência sobre a atualização
da inserção política e social da Igreja Católica no Brasil nos últimos 50 anos.
A condição de representante do episcopado brasileiro, na época, levou
Dom Hélder a apoiar o Movimento de Educação de Base (MEB), ligado à
CNBB e financiado pelo Governo Federal, que se constituiu como uma inicia-
tiva inédita dos católicos no campo da educação popular. O objetivo do MEB
não era simplesmente alfabetizar o trabalhador rural, mas possibilitar uma
educação integral que desenvolvesse a consciência política, social e religiosa
dos participantes. Na formação dos educandos, deveria ocorrer um processo
de “conscientização” que começaria com a alfabetização dos adultos através
da valorização do código oral e da cultura popular. Simultaneamente os par-
ticipantes passariam a interpretar a sua condição de vida como resultado das
injustiças existentes na estrutura da sociedade brasileira. O passo seguinte
seria a luta pela transformação da sociedade através da ação comunitária dos
trabalhadores.
Já como arcebispo de Olinda e Recife e bem relacionado com a cúpula
militar, que tomaria o poder no país após o golpe de 1964, assume uma difícil
posição de “neutralidade e expectativa” que o leva a se encontrar várias vezes
com os presidentes Castelo Branco e Costa e Silva, visando “aparar as arestas”
no relacionamento entre a Igreja e o regime ditatorial, até passar a ser também
perseguido em razão da defesa que fazia dos presos políticos. Dom Hélder
teve a coragem de dizer “não” aos poderosos ao denunciar publicamente
que o Regime Militar promovia torturas e o extermínio físico de membros
da oposição ao governo. Sua atuação foi, de fato, heroica e destemida, um
exemplo extraordinário de um homem indignado com as circunstâncias em
que viviam os seus semelhantes em nosso país.

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No plano internacional, Dom Hélder contribuiria para a fundação do Con-

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selho Episcopal Latino-Americano (CELAM) e, nos bastidores do Concílio
Vaticano II (1962-1965), trabalharia em favor de reformas internas na Igreja
Católica, mas procurando não entrar em confronto com as orientações do
Papa Paulo VI, com quem mantinha uma grande amizade. Requisitado con-
ferencista internacional, a defesa que fazia pelos direitos humanos, pelo fim
da exploração dos países pobres pelos ricos e pela paz mundial valera-lhe
inúmeros prêmios, distinções e doutorados Honoris Causa, concedidos pelas
mais prestigiosas instituições mundiais, credenciando-o como candidato ao
Prêmio Nobel da Paz nos anos 1970.
Após ser cogitado pelo embaixador Charles Elbrick, dos Estados Unidos,
como um possível presidente do Brasil em uma virtual saída civil à ditadura
militar, os ocupantes do poder trataram de evitar o crescimento do seu pres-
tígio dentro e fora do país e conseguiram inviabilizar sua candidatura ao Prê-
mio Nobel através de uma sigilosa campanha que contou com a colaboração
de empresários noruegueses e brasileiros, dentre os quais os donos do jornal
O Estado de São Paulo, para influenciar na decisão do Comitê do Parlamento
Norueguês, responsável pela atribuição do prêmio. Para silenciá-lo, o gover-
no brasileiro proibiu que notícias a seu respeito fossem veiculadas na impren-
sa. Vários de seus colaboradores foram perseguidos, presos e torturados, um
dos quais chegando a ser barbaramente assassinado, o jovem padre Antonio
Henrique Pereira Neto, em um crime ainda não totalmente esclarecido.
Para o estudioso do catolicismo brasileiro Ralph Della Cava, “não resta
dúvida que Dom Hélder faz par com Getúlio Vargas como líder político con-
sumado” e, ao lado dos cardeais Arcoverde e Leme, “...está entre os maiores
líderes religiosos no Brasil dos últimos 100 anos” (Della Cava, 1975, pág. 34).
Foi pelo seu exemplo de vida que Dom Hélder se tornou esta figura
emblemática inesquecível. O boicote que Dom Hélder sofreu por anos por
parte do regime militar brasileiro; o fato de ele ter sido preterido várias ve-
zes para ganhar o Prêmio Nobel da Paz e até mesmo o silenciamento que
o Vaticano impôs sobre ele, restringindo suas viagens internacionais e suas
manifestações públicas, considero que são episódios secundários diante da
grandeza de sua obra e do seu legado. Ele não deixou de fazer o que acredi-
tava que fosse a sua missão enquanto teve condições para isso e deixou-nos
uma grande herança, como a firmeza dos seus princípios, sempre combinada
com uma atitude totalmente aberta para o diálogo. Dom Hélder sabia onde
pretendia chegar com a sua voz e com o testemunho da sua vida e, nesse
sentido, ele pode ser considerado um grande estrategista, pois usava a sua
capacidade pessoal extraordinária para defender os posicionamentos políti-
cos mais democráticos e socialmente generosos. Nessa empreitada, não po-
demos esquecer o seu incansável e esperançoso esforço como religioso para

81
reformar a Igreja de Cristo, livrando-a dos compromissos com os poderosos e
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aproximando-a cada vez mais das necessidades das camadas populares.


Dom Hélder faleceu em Recife no dia 27 de agosto de 1999. Como exem-
plo de vida, nos deixou a sua capacidade inigualável de dialogar e conviver
com pessoas comuns, grupos políticos e até religiosos que o consideravam
como adversário. Também transmitiu-nos sua firmeza para denunciar des-
mandos e para propor mudanças sociais profundas, inclusive na estrutura da
Igreja Católica. Ao mesmo tempo, marcou-nos a sua serenidade na busca do
entendimento através de uma atuação política pacífica. Hoje, quando pro-
pomos o respeito às diferenças e a tolerância nas relações sociais, não esta-
mos apresentando nenhuma novidade em relação ao discurso e à prática de
Dom Hélder nas décadas de 1960 e 1970. Esse missionário soube preservar
e transmitir valores que atualmente animam os espíritos mais generosos e
comprometidos com a construção de uma sociedade justa, democrática e
igualitária.
Walter Praxedes
(http://www.espacoacademico.com.br/093/93praxedes.htm)

Proposta I
Em comemoração ao centenário de D. Hélder Câmara, o jornal de sua ci-
dade publicou uma série de textos homenageando o cearense ilustre. O seu
foi um dos selecionados. Escreva-o no formato editorial.

82
Proposta II

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Passarei pela vida sem deixar nenhum
sinal mais forte, marca nenhuma dura-
doura e inesquecível.
Não escreverei a Suma Teológica, nem
a Divina Comédia.
Não serei S. Vicente de Paula, nem S.
João Bosco. Olharei de longe ainda S.
Francisco de Assis.
Escreverei uns dois livros, que umas
duzentas pessoas cheguem a ler. Pre-
garei alguns sermões mais ou menos
louvados.
E morrerei.
No meu enterro alguém comentará
que não produzi o que podia produzir.

Padre Hélder Câmara, aos 34 anos.

Do manuscrito inédito A escolha de


Deus, de 1943.

Onde estão as vozes proféticas do século XXI? A figura de D. Hélder en-


carna um remanescente da esperança neste tão atribulado momento históri-
co, ainda marcado pela injustiça, pela intolerância, pela violência? Em contra-
partida, outras vozes, contrárias à profecia, à liberdade, ao respeito, seguem
erguendo-se a toda prova, a mídia o atesta.
A partir do testemunho de vida de Dom Hélder, contraponha a atu-
ação desse líder católico a de outra personalidade histórica, seja da política,
seja da religião ou mesmo de outro campo. Para tanto, produza um artigo de
opinião.

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TEMA 6: FLAGELO
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Texto I

Preservativo serve para esquecer pobreza da África


2009-03-22
R.O. * RUIOSORIO@TUGAMAIL.PT

“Se não há alma, se os africanos não se ajudam, não se pode resolver o fla-
gelo (da sida) com a distribuição de preservativos”, disse Bento XVI. Digam
se houve algum Papa que tenha dito coisa diferente sobre os preservativos?
O Papa está atento às causas da sida e não apenas às consequências. Daí
o seu conselho para a humanização do sexo. A sua afirmação não é novidade,
mas, ao dizê-lo a caminho da África, onde a sida é um grande flagelo, pode
ter comprometido o êxito da viagem, por mais que chame a atenção para o
continente mais esquecido e explorado.
Talvez nos convenha reduzir o problema ao sim ou ao não ao preservativo,
para nos alienarmos face a tantos africanos a morrer de fome. Antes de se
despedir dos Camarões, Bento XVI disse a doentes da sida, malária e tuber-
culose: “Sei que junto de vós a Igreja Católica está fortemente empenhada
numa luta eficaz contra estes terríveis flagelos”.
A própria ONU reconhece que a Igreja Católica tem papel de relevo no
combate às vítimas da sida. Mais de um quarto de todas as instituições liga-
das ao tratamento dos doentes da sida é da iniciativa da Igreja Católica.
Enquanto isso, os fazedores de opinião contentam-se com críticas ao
Papa e lavam as mãos, como nada mais lhes comovesse o coração diante de
quem sofre ou morre de sida. Lá sabem por que é que o anticlericalismo se
serve frio!
(http://jn.sapo.pt/Dossies/)

Proposta I
Como você analisa a postura do Papa retratada no texto acima? Responda
em um artigo de opinião.

Proposta II
Assumindo o papel de liderança dos movimentos populares, escreva uma
carta a Bento XVI criticando suas declarações no continente africano.

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Texto II

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Desculpem a moléstia
Eduardo Galeano

Quero compartilhar com vocês algumas perguntas, moscas que zumbem


na minha cabeça:
O zapatista do Iraque, o que jogou os sapatos contra Bush, foi condenado
a três anos de prisão. Não merecia, na verdade, uma condecoração?
Quem é o terrorista? O zapatista ou o sapateado? Não é culpado de ter-
rorismo o serial killer que, mentindo, inventou a guerra do Iraque, assassinou
a um montão de gente, legalizou a tortura e mandou aplicá-la?
São culpados os habitantes de Atenco, no México, ou os indígenas ma-
puches do Chile, ou os kekchies da Guatemala, ou os camponeses sem terra
do Brasil, todos acusados de terrorismo por defenderem seu direito à terra?
Se sagrada é a terra, mesmo se a lei não o diga, não são sagrados também
os que a defendem?
Segundo a revista Foreign Policy, a Somália é o lugar mais perigoso do
mundo. Mas quem são os piratas? Os mortos de fome que assaltam navios
ou os especuladores de Wall Street, que há anos assaltam o mundo e agora
recebem multimilionárias recompensas por suas atividades?
Porque o mundo premia os que o saqueiam?
Por que a justiça é cega de um único olho? Wal Mart, a empresa mais po-
derosa de todas, proíbe os sindicatos. McDonald’s, também. Por que estas
empresa violam, com delinquente impunidade, a lei internacional? Será que
é por que no mundo do nosso tempo o trabalho vale menos do que o lixo e
valem menos ainda os direitos dos trabalhadores?
Quem são os justos e quem são os injustos? Se a justiça internacional
realmente existe, por que não julga nunca aos poderosos? Não são presos os
autores dos mais ferozes massacres? Será que é porque são eles que têm as
chaves das prisões?
Por que são intocáveis as cinco potências que têm direito de veto nas
Nações Unidas? Esse direito tem origem divina? Velam pela paz os que fazem
o negócio da guerra? É justo que a paz mundial esteja a cargo das cinco po-
tências que são as cinco principais produtoras de armas? Sem desprezar os
narcotraficantes, este também não é um caso de “crime organizado”?
Mas não demandam castigo contra os senhores do mundo os clamores
dos que exigem, em todos os lugares, a pena de morte. Só faltava isso. Os
clamores clamam contra os assassinos que usam navalhas, não contra os que
usam mísseis.

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E a gente se pergunta: já que esses justiceiros estão tão loucos de vonta-
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de de matar, por que não exigem a pena de morte contra a injustiça social?
É justo um mundo em que a cada minuto destina três milhões de dólares aos
gastos militares, enquanto a cada minuto morrem quinze crianças por fome
ou doença curável? Contra quem se arma, até os dentes, a chamada comuni-
dade internacional? Contra a pobreza ou contra os pobres?
Por que os adeptos fervorosos da pena de morte não exigem a pena de
morte contra os valores da sociedade de consumo, que cotidianamente aten-
tam contra a segurança pública? Ou por acaso não convida ao crime o bom-
bardeio de publicidade que aturde a milhões e milhões de jovens desem-
pregados ou mal pagos, repetindo para eles dia e noite que ser é ter, ter um
automóvel, ter sapatos de marca, ter, ter, e que, quem não tem, não é?
E por que não se implanta a pena de morte contra a pena de morte? O
mundo está organizado a serviço da morte. Ou não fabrica a morte a indús-
tria militar, que devora a maior parte dos nossos recursos e boa parte das
nossas energias? Os senhores do mundo só condenam a violência quando
são outros os que a exercem. E este monopólio da violência se traduz em
um fato inexplicável para os extraterrestres e também insuportável para os
terrestres que ainda queremos, contra toda evidência, sobreviver: nós, huma-
nos, somos os únicos especializados no extermínio mútuo e desenvolvemos
uma tecnologia da destruição que está aniquilando, de passagem, ao planeta
e a todos os seus habitantes.
(...) E em vias de implantar a pena de morte, que tal se condenarmos à
morte o medo? Não seria saudável acabar com essa ditadura universal dos
assustadores profissionais? (...)
(...) Se as ditaduras militares e os políticos ladrões foram sempre mimados
pelos bancos internacionais, não nos acostumamos já a aceitar como fatali-
dade do destino que o povo pague o garrote que o golpeia e a cobiça que
o saqueia?
Mas será que se divorciaram para sempre o bom senso e a justiça? Não
nasceram para andar juntos, bem pegadinhos, o bom senso e a justiça?
(...)
Agora o mundo está triste porque se vendem menos carros. Uma das con-
sequências da crise mundial é a queda da próspera indústria automobilística.
Se tivéssemos algum resto de bom senso e um pouquinho de sentido de jus-
tiça, não teríamos que celebrar essa boa notícia? Ou por acaso a diminuição
de automóveis não é uma boa notícia, do ponto de vista da natureza, que
estará um pouquinho menos envenenada e dos pedestres, que morrerão um
pouco menos?

86
(...)

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Em El Salvador, o arcebispo Oscar Arnulfo Romero comprovou que a jus-
tiça, como a serpente, só morde os descalços. Ele morreu baleado, por de-
nunciar que no seu país os descalços nasciam condenados de antemão, pelo
delito de nascimento.
O resultado das recentes eleições em El Salvador não é de alguma forma
uma homenagem? Uma homenagem ao arcebispo Romero e aos milhares
que como ele morreram lutando por uma justiça justa no reino da injustiça?
Às vezes acabam mal as histórias da História, mas ela, a História, não aca-
ba. Quando diz adeus, está dizendo até logo.
Tradução: Emir Sader (www.cartamaior.com.br)
Texto adaptado

Proposta III

Em resposta a Eduardo Galeano, escreva-lhe uma carta argumentativa,


analisando algumas das perguntas feitas pelo autor. Que respostas você da-
ria?

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TEMA 7: REVITALIZAÇÃO
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Texto I
Não é truque de computador

A revitalização de um rio de Seul, na Coreia do Sul, mudou a paisagem a


tal ponto que as imagens de antes e depois parecem falsas.

Abril 29, 2009


Texto: Elizabeth Oliveira
Da Revista Sustenta

Rio Cheonggyecheon, em Seul, na Coreia do Sul, após ser recuperado pela prefeitura do local

Quem vê a água limpa descendo pelo rio Cheonggyecheon, em Seul, na


Coreia do Sul, e pode usufruir das áreas verdes que tornaram o centro de ci-
dade mais agradável, não imagina que, até o início desta década, aquela era
apenas mais uma zona urbana degradada, a exemplo de tantas outras pelo
mundo afora. Para garantir a recuperação ambiental, a prefeitura local tomou
decisões radicais, incluindo a demolição de um viaduto que cobria esse canal
urbano totalmente poluído. Cerca de 620 mil toneladas de concreto foram ao
chão e investimentos de US$ 380 milhões tornaram realidade o que parecia
impossível: assegurar a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos a partir
da paisagem restaurada.

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Rio Cheonggyecheon, em Seul, na Coreia do Sul, antes da demolição do viaduto
que cobria o canal

A recuperação do rio Cheonggyecheon é considerada uma referência mun-


dial em humanização de cidades, não só pela despoluição das águas, mas pela
construção de parques lineares que devolveram o contato das margens aos mo-
radores, em uma cidade que é a sétima maior do mundo em número de habitan-
tes – tem 10,3 milhões de pessoas. O concreto do viaduto derrubado foi recicla-
do, e as obras de recuperação iniciadas em meados de 2003. Três anos depois,
parte do canal de 80 metros de largura foi aberto ao público e, no mês passado,
o projeto foi concluído, com a entrega aos moradores de áreas verdes que totali-
zam 400 hectares, distribuídas ao longo de oito quilômetros de extensão.
Para facilitar o acesso ao local, além da construção de novas pontes, o
sistema de transporte coletivo foi ampliado, o que significou uma redução no
número de veículos nos arredores. As interferências urbanísticas e as obras
de melhoria ambiental fizeram a temperatura na área do canal cair em média
3,6°C em relação a outras regiões da cidade.
O arquiteto urbanista Clodualdo Pinheiro Júnior, diretor de Desenvolvi-
mento da empresa municipal Urbanização de Curitiba (URBS), visitou Seul em
julho do ano passado e ficou impressionado com a experiência de recupera-
ção do rio Cheonggyecheon. “Nos dias mais quentes, as pessoas molham
os pés na água. É um belo exemplo de melhoria da qualidade de vida da
população”, diz o arquiteto. Ele conta que para realizar o projeto e demolir o
viaduto – por onde passavam aproximadamente 160 mil automóveis por dia –,
a prefeitura de Seul enfrentou resistências, sobretudo de comerciantes, que
foram realocados. Símbolo da expansão urbana e da busca por soluções para
dar conta do incremento do tráfego no centro da cidade, aquela estrutura
de concreto, com seis pistas de alta velocidade, havia coberto totalmente o
antigo canal onde as mulheres lavavam roupas havia mais de 50 anos.

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Sem viaduto e com menos trânsito
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A polêmica obra da prefeitura de Seul começou em 1999. O atual presi-


dente da Coreia do Sul, Lee Myung Bak, prefeito naquela época, foi o res-
ponsável pela mobilização para despoluir o canal, demolir o viaduto e criar os
parques lineares. Para tocar a empreitada, foi chamado o urbanista Kee Yeon
Hwang, que, após várias consultas à população, desenvolveu o projeto de
recuperação ambiental e urbanística. A equipe dele também passou mais de
seis meses investigando alternativas para melhorar o tráfego.
De acordo com Pinheiro Júnior, o poder público local optou por cons-
truir um semianel viário para desviar o tráfego da área do antigo viaduto.
“A cidade agora respira mais e o pedestre pode vê-la melhor”, diz ele. Para
o urbanista, Seul conseguiu uma proeza que parece impossível para outras
metrópoles mundiais, entre as quais São Paulo.
No caso da capital paulista, o arquiteto cita o Minhocão, viaduto que,
além de interferir negativamente na paisagem, concentra degradação social
e ambiental no seu entorno, problema que considera desafiador quando se
pensa na sustentabilidade das cidades. “Ao elaborar um projeto, o urbanista
tem que pensar em questões que transcendem os limites da arquitetura. Isso
inclui os problemas sociais que uma obra pode evidenciar a longo prazo”,
afirma.
http://www.planeta-inteligente.com

Proposta Única
Segundo o diretor de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente da
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Marce-
lo Salles, “Esse é o tipo de iniciativa que tem resultado a longo prazo. A recu-
peração do Tâmisa [rio que corta Londres], por exemplo, levou mais de 100
anos.” No Oriente, apesar de menos complexo, o problema foi solucionado
rapidamente. É torcer para que ele inspire as tomadas de decisões por aqui.
Pensando nos problemas urbanísticos e ambientais de sua cidade, es-
creva uma carta à Prefeitura Municipal (dirija-se à prefeita ou ao secretário
de infraestrutura) cobrando medidas para melhorar a qualidade de vida da
população. Se possível, apresente soluções que possam ser efetivadas pelo
Poder Público.

90
TEMA 8: ENERGIA LIMPA

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Texto I

Energia a partir do trânsito


A empresa Israelense Innowattech encontrou uma maneira de produzir
energia a partir da pressão dos veículos no piso
Maio 05, 2009 05:09 PM
Da Revista Sustenta | Foto: Reuters

Ficar preso no trânsito prejudica a todos. Gera mais poluição, causa stress,
perda de tempo e de dinheiro. Mas a empresa israelense Innowattech en-
controu uma maneira de produzir algo positivo dessa catástrofe dos tempos
modernos: energia a partir da pressão dos veículos no piso.
“Nós podemos produzir eletricidade em qualquer lugar onde haja uma
estrada agitada usando energia que normalmente é desperdiçada”, explicou
à agência britânica Reuters Uri Amit, presidente da Innowattech. Com uma
equipe de 12 pessoas e o investimento privado de US$ 3 milhões, a empresa
pretende instalar geradores embaixo de calçadas, malhas viárias e ferroviá-
rias capazes de armazenar energia a partir do movimento e peso por meio do
processo de “piezeletricidade”. Assim, quanto mais congestionado o trânsito
estiver, melhor.
Ligada ao Instituto de Tecnologia Technion de Israel, a Innowattech deve im-
plantar o projeto a partir de 2010 nas principais cidades do mundo, começando
pelas israelenses e norte-americanas. A empresa trabalha atualmente em um
programa piloto para instalar os geradores em shoppings e no metrô de Nova
York, por exemplo, para captar a energia do movimento de pedestres.

Empresa pretende instalar geradores embaixo de calçadas e ferrovias


capazes de armazenar energia

91
O professor Haim Abramovich, fundador da organização, explica que
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uma avenida com menos de 1,6 quilômetro (uma milha), quatro faixas e por
onde cerca de mil veículos circulam por hora pode criar aproximadamente
0.4 megawatts de potência, o suficiente para alimentar 600 casas. No futuro,
os cientistas do projeto desejam aprimorar a tecnologia para armazenar mais
energia e distribuí-la em escala nacional.
O custo de implantação atual dos geradores israelenses é de US$
650 mil por quilômetro, o que equivale a US$ 6,5 mil por kilowatt. Entretanto,
o presidente da empresa, Amid, observa que o custo deve cair 60% quando
alcançarem a produção em massa, tornando o sistema mais barato do que a
energia solar. “O lado bom é que o sistema não demanda muito espaço como
a energia solar”, afirmou o professor Abramovich para a agência de notícias
israelense Israel21c. “Nós podemos produzir energia onde ela é necessária,
sem a necessidade de usar cabos para transportar essa potência.”
Grandes empresas já demonstraram interesse no empreendimento da In-
nowattech. A multinacional Mc Donald’s, por exemplo, teve a ideia de instalar
o sistema em suas filas, para que os consumidores gerem energia enquanto
esperam para comer um Big Mac. “Acredito que as pessoas vão começar a
pular e dançar sabendo que ao fazer isso vão criar energia. Vai ser bom para
a saúde delas”, defende Abramovich.
http://www.planeta-inteligente.com/

Proposta I
E você? O que pensa a respeito da nova tecnologia? Vê mais vantagens ou
desvantagens? Comente sobre em um artigo de opinião.

Proposta II
Convidado por uma agência publicitária para divulgar o novo empreendi-
mento da Innowattech em seu país, produza um anúncio destacando a rela-
ção custo-benefício da energia a partir do trânsito.

Proposta III
Escreva uma carta ao fundador da organização israelense criticando ou
elogiando o empreendimento da Innowattech.

92
Texto II

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Você já viu cargueiros à vela?

Elas têm uma tecnologia alemã que funcionam como as pipas e


economizam até 50% de combustível – são uma alternativa limpa
para propulsão de navios cargueiros
Maio 11, 2009
Da Revista Sustenta | Foto: Divulgação

Você certamente já ouviu falar de barco à vela. E de navio cargueiro à


vela? A proposta também soou como brincadeira para os investidores no iní-
cio do projeto, que encararam com ceticismo a ideia de uma vela movimentar
um navio cargueiro. No entanto, a invenção alemã saiu do papel e hoje já
cruza os oceanos do mundo todo.
Utilizada como sistema de propulsão auxiliar, o Skysails, como a criação
foi batizada, pode reduzir o uso de combustível em até 50%, diminuindo as-
sim a emissão de poluentes na atmosfera – 146 milhões de toneladas de CO2
ao ano, a empresa calcula.
A vela tem formato de “paraglider”, 160 metros quadrados e flutua de 100 a
300 metros acima do nível do mar, onde os ventos são mais fortes. Ligada por
um cabo à proa do navio, é controlada por piloto automático, e pode ser acio-
nada ou desligada durante a viagem de acordo com as condições meteorológicas.
“O Skysails funciona como uma asa de avião, só que é costurado com um
tecido high tech ultraleve. Ele está equipado com sensores que medem a
velocidade e a direção do vento. O autopiloto, então, o dirige de tal forma a
aproveitar ao máximo a energia do vento”, explicou o inventor e engenheiro
alemão Stefan Wrage à agência de notícias alemã Deutsche Welle.

A vela tem formato de paraglider e flutua de 100 a 300 metros acima do nível do mar.

93
Wrage conta que a ideia de construir uma vela propulsora de navios sur-
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giu quando tinha 15 anos e seus dois hobbies eram empinar pipas e andar
de barco. “A ideia veio depois que percebi a imensa energia gerada pela
minha pipa em movimento”, ele descreveu ao jornal britânico The Indepen-
dent. “No dia seguinte, andei de bote e notei que ele ia muito devagar. Então
levantei a questão: por que não podemos usar a imensa energia do vento
para movimentar barcos? Nunca entendi isso como impossível”.
Os investidores, porém, demoraram a acreditar, como Wrage, que o pro-
jeto era mais do que possível: economicamente viável. Segundo ele, depois
de suas apresentações era considerado um louco. “As pessoas me falavam
que não funcionaria, mas ninguém explicava por que achavam isso”, ele afir-
mou ao jornal britânico The Guardian. Em 2005, porém, o preço do barril de
petróleo aumentou acima de US$60. “De repente, ficou muito mais fácil de
levantar dinheiro”, conta Wrage.
Ainda assim, há quem não bote fé no Skysails. Mesmo a empresa tendo
ganhado mercado nos últimos anos. “A indústria é, por natureza, muito con-
servadora e cuidadosa”, justificou Edwin Lampert, editor da revista Marina
Engineers Review, ao Guardian.
De acordo com reportagem da Rede Globo, cada vela do Skysails custa
em torno de R$5 milhões, ou um pouco mais de €1,6 milhão, “um custo, se-
gundo os capitães dos navios que já operam com o sistema, que pode ser
recuperado em apenas 50 viagens transatlânticas. Ou seja, em 10 anos, no
máximo, o investimento se paga só com a economia que o vento provoca.”
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http://www.planeta-inteligente.com/

Proposta IV

O sonho de um mundo sustentável, muitas vezes, torna-se possível a partir


do sonho particular que se transforma em sonho coletivo. O engenheiro ale-
mão Stefan Wrage, aliando sonho, brincadeira e criatividade, confirma essa
tese. Você teria algum sonho para tornar nosso mundo melhor? Já vislumbrou
alguma ideia criativa por meio de uma brincadeira de criança? Escreva uma
página de seu diário registrando essas e outras impressões em torno da vida
na Terra.

Proposta V

Um outro mundo é possível? Em uma carta aberta à população brasileira,


responda essa pergunta e sugira formas simples e práticas de tornar a vida no
planeta mais viável.

94
TEMA 9: MELHOR EMPREGO

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Texto I

Britânico ganha concurso para “melhor emprego do mundo”

Ele receberá US$105 mil para zelar por ilha paradisíaca. Ben Southall, de
34 anos, divulgará paraíso em blog.

O britânico Ben Southall, de 34 anos, venceu nesta quarta-feira (6) a cor-


rida para o “melhor trabalho do mundo”, anunciaram os organizadores do
concurso. Durante os próximos seis meses, ele vai ser zelador de uma ilha
paradisíaca (Hamilton), localizada em meio à grande barreira de corais da
Austrália, no estado de Queensland. O salário é de cerca de US$105 mil.
A disputa pela vaga fazia parte de uma campanha para promover a ilha. O
processo de seleção – uma campanha mundial – foi também uma estratégia
de marketing para promover o turismo no país, que vem decaindo com a
recessão global.
Southall, que trabalha na arrecadação de fundos para a ONG Petersfield,
em Hampshire, na Inglaterra, venceu a concorrência de outros 115 finalistas
na etapa final do concurso, realizada em Brisbane. No total, mais 34 mil can-
didatos de 200 países diferentes se inscreveram para o cargo.
A partir do dia 1o. de julho, Southall poderá tomar sol em praias virgens,
navegar por um cenário tropical deslumbrante, alimentar peixes raros e be-
líssimos, e ainda curtir uma piscina. Em troca terá de documentar tudo em
blog, postando textos, fotos e vídeos. Ele também vai morar numa casa de
três quartos à beira do mar, e terá um carrinho de golfe para percorrer a pa-
radisíaca ilha.

95
Para concorrer ao “emprego dos sonhos”, aberto a pessoas de qualquer
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nacionalidade, era necessário saber nadar, mergulhar, ter bom trato com as
pessoas, e fazer fotos e vídeos.
O vencedor trabalhou como guia turístico na África, dirigindo projetos de
caridade no Reino Unido, como administrador de um festival de música. Ele
gosta de correr maratonas e escalar montanhas.

http://midiacon.com.br/materia.asp?id_canal=16&id=17675 (acessado em 08/05/2009).

Proposta Única

Você foi um dos que soube do cargo de zelador da ilha australiana, em-
polgou-se com a oferta de trabalho e participou da seleção.

Escreva o texto de apresentação enviado para a organizadora do con-


curso. Nele há a exposição de traços pessoais e profissionais, a fim de con-
vencer os contratantes a aceitá-lo como zelador da ilha.

96
TEMA 10: ENCHENTES

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Texto I
As enchentes em Santa Catarina em 2008 ocorreram depois do período
de grandes chuvas durante o mês de novembro de 2008, afetando em torno
de 60 cidades e mais de 1,5 milhões de pessoas no Estado de Santa Catarina,
Brasil. 135 pessoas morreram, 2 estão desaparecidas, 9.390 habitantes foram
forçados a sair de suas casas para que não houvesse mais vítimas e 5.617
desabrigados.
Um número de 150.000 habitantes ficaram sem eletricidade e ainda houve
racionamento de água que estava sendo levada por caminhões em pelo me-
nos uma cidade devido a problemas na purificação.
Várias cidades na região ficaram sem acesso devido as enchentes, escom-
bros e deslizamentos de terra.
Em 25 de novembro de 2008, o Prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinü-
bing, declarou estado de calamidade pública na cidade, assim como feito em
outros treze municípios. Além disso, sessenta cidades no estado se encon-
tram sob estado de emergência. O nível de água no Vale do Itajaí chegou a
subir 11,52m acima do nível normal.
Os terrenos que receberam chuva equivalente a mil litros de água por m²,
vão demorar pelo menos seis meses para se estabilizar. Enquanto isso, o solo
permanecerá instável e sujeito a novos deslizamentos.
As enchentes levaram a criação de um grupo técnico científico a fim de pro-
mover estudos para a prevenção contra novos desastres naturais no estado.

Vítimas
Conforme a defesa civil de Santa Catarina, 106 mortes foram confirmadas
até 29 de Dezembro de 2008, sendo 135 mortes contando as 29 vítimas não-
confirmadas pelo IML, até 29 de Janeiro de 2009.

Moradores transitando à barco pela enchente, em Transeuntes passando durante a chuva em Itajaí.
Itajaí, Santa Catarina.

97
Texto II
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Enchentes em Santa Catarina: Consequências que ninguém


comenta, artigo de Ana Echevenguá e Rodrigo Moretti

Pomerode(SC)- Foto enviada por leitores da região afetada


pelas chuvas Foto: Divulgação/ABr

Mesmo com muitos cientistas e pesquisadores maquiando a gravidade da


situação em que se encontra o meio ambiente do nosso planeta, a Natureza é
dura e não precisa de cerimônia para mandar o seu recado.
O Estado de Santa Catarina é a bola da vez. A seca que se alojou no oeste
catarinense está dizimando a agricultura e trazendo várias novas doenças aos
animais ali criados. No litoral, o excesso de chuvas traz inundações, desliza-
mentos de terra e, por consequência, a morte.
Não consigo entender por que, mesmo com estas tragédias nos mostran-
do que tudo está errado, continuamos dando crédito aos órgãos fiscalizado-
res, licenciadores e legisladores do nosso estado e país.
Na virada do ano, surge o problema do sul do estado: a enchente (já cor-
riqueira) do Araranguá, rio que nasce na Serra Geral e passa por vários outros
municípios, que sofrem com as enchentes há muitos anos.
“Em Araranguá, um das cidades mais atingidas, moradores do bairro Bar-
ranca estão acostumados a conviver com enchentes toda vez que a chuva
faz o nível do rio que leva o mesmo nome da cidade subir além de suas mar-
gens”.*
Por quê? Porque, há muitos anos, os agricultores desmatam as margens
do Araranguá para a cultura do arroz irrigado. Desmatamento e cultivo ilegal
porque margem de rio, no Brasil, é área de preservação permanente. Mas a
fiscalização faz vista grossa pra esses crimes ambientais.
O Araranguá tem como afluentes os Rios Sangão e Mãe Luzia, que estão
quase mortos, poluídos com resíduos da extração do carvão mineral. Com a

98
cheia estes rios transbordaram; e sabem aonde foram parar as águas destes

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rios? Não somente na BR 101, prejudicando os turistas da temporada de ve-
rão. Também dentro das casas dos agricultores, juntamente com o arroz que
comem e boa parte do solo contaminado.
“A segunda-feira foi dia de levantamento dos danos causados às lavouras
de arroz, que predominam na região. De acordo com uma estimativa prelimi-
nar da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catari-
na (Epagri), 20 mil hectares entre Criciúma e Araranguá estão submersos. A
perspectiva é de até 50% de perda na produção das áreas alagadas”.*
Falando de mineração – atividade que destruiu toda a região sul catari-
nense: se os pátios das mineradoras estão cheios d’água, imaginem como
estará o subsolo e as galerias de onde é tirado o carvão… com certeza, ala-
gados, tomados pelas águas contaminadas.
Se antes da enchente os efluentes das minas não eram tratados adequa-
damente, agora é que isso não ocorrerá mesmo…
Estas notícias não saem nos jornais, redes de televisão, rádio… pois tra-
zem à tona os crimes praticados pelas autoridades ambientais que contri-
buíram para estes acontecimentos, licenciando e legislando em prejuízo da
natureza e da coletividade. E com estas tragédias, muita gente sai lucrando
com os decretos de situação de emergência e de calamidade pública pelas
benesses que a lei proporciona.
“De acordo com a Defesa Civil Estadual, 2.212 pessoas (639 desabrigados
e 1.573 desalojados) tiveram de ser assistidas em abrigos públicos ou casas
de familiares” (…) Ontem à tarde, o número de municípios que decretaram
situação de emergência chegou a 11”.*

E aí? Ainda vamos colocar a culpa na Natureza? Nos ciclones tropicais?

* – http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2358112.xml&template=3898.
dwt&edition=11445&section=1015

advogada ambientalista e educador ambiental, integrantes da ong Ambiental Acqua Bios e do programa
Eco&Ação, website http://www.ecoeacao.com.br/.

99
Texto III
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Cheias no Maranhão afetam quase 400 mil, segundo Defesa Civil

Famílias abrigadas no parque de exposições de Moradores de Trizidela do Vale voltam aos poucos
Bacabal lavam roupas e louça em meio à lama e ao para suas casas à medida que as águas começam a
lixo. Mais de mil pessoas estão alojadas no local baixar. Muitos encontraram os imóveis destruídos.

Cerca de 400 mil pessoas foram afetadas, de alguma forma, pelas enchen-
tes no Maranhão, segundo a Defesa Civil do Estado. Milhares de pessoas
foram expulsas de suas casas pelas chuvas que castigam o Vale do Mearim,
uma das regiões mais afetadas pelas enchentes.
Em Trizidela do Vale, o município mais atingido, as águas chegaram a
inundar quase 90% da cidade. Segundo a Defesa Civil, 15,5 mil dos cerca de
18 mil habitantes de Trizidela do Vale foram afetados pelas cheias.
O drama se repete em Bacabal e outras cidades banhadas pelo rio Mea-
rim, que subiu mais de 5,5m acima de seu nível normal.
Quem não pode se hospedar com parentes ou amigos, acaba em um dos
abrigos improvisados, em ambientes superlotados e sem condições sanitá-
rias adequadas.
Com a interdição de estradas por causa das chuvas, milhares de pessoas
na zona rural ficaram isoladas, sem poder receber remédios e alimentos.

100
Texto IV

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Hora de ajudar quem precisa

O Grupo de Comunicação O POVO entra na campanha para ajudar as


vítimas da chuva no Ceará. A partir de hoje, alimentos, água potável e outros
itens podem ser entregues na sede do O POVO.
Os números impressionam. Até ontem [08/05], 183.378 pessoas haviam
sido afetadas pelas chuvas. Gente que teve de sair de casa, famílias que per-
deram tudo, comunidades isoladas. Na hora da tragédia, a solidariedade
cresce. Na capital e no interior, as iniciativas para ajudar as vítimas da chuva
têm recebido cada vez mais doações. As mídias do Grupo de Comunicação
O POVO (jornal, TV, rádio e internet) entram nessa campanha e recolhem,
a partir de hoje, donativos que serão encaminhados para a Defesa Civil do
Estado. Alimentos não perecíveis, água potável, lençóis, redes e colchões
podem ser entregues na sede do O POVO, na avenida Aguanambi, 282, no
José Bonifácio.
A Cruz Vermelha também está recebendo donativos há um mês. No iní-
cio, as doações eram para Itapajé. Há dez dias, os destinos se multiplicaram.
Quem recolhe o material é o Corpo de Bombeiros. A Defesa Civil faz a distri-
buição nos municípios, fazendo chegar às mãos de quem precisa as doações
de todas as campanhas. O capitão Luís Carlos da Silva, responsável pelo ser-
viço de resposta aos desastres da Defesa Civil no Ceará, explica que tudo o
que é arrecadado na capital é encaminhado para o quartel central do Corpo
de Bombeiros, no bairro Jacarecanga.
Lá, os produtos são colocados em cestas após uma triagem. Segundo
Luís Carlos, a distribuição nas cidades afetadas pelas chuvas é feita conforme
a necessidade de cada município, dimensionada de acordo com os dados
(número de desabrigados, desalojados, entre outros) que chegam à Defesa
Civil. Ele explica que os donativos são levados em caminhões. Se o acesso à
localidade estiver alagado, as prefeituras costumam disponibilizar um barco
para que os produtos possam ser transportados. “Temos tido o apoio dos
municípios”, diz o capitão, informando ainda que a Defesa Civil conta com
quatro caminhões próprios. “As prefeituras também mandam o seu (veículo)
para pegar (os donativos)”, acrescenta.

101
Além disso, o Governo do Estado disponibilizou um helicóptero para levar
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donativos até as áreas mais alagadas. Até o meio-dia de ontem, a Defesa Civil
do Estado havia distribuído 300 toneladas de alimentos, nove mil cobertores,
sete mil fronhas, cinco mil colchões, sete mil lençóis, sete mil travesseiros,
sete mil mosquiteiros, 8,5 mil toalhas e dois mil filtros de barro. Somente o
Corpo de Bombeiros, em parceria com a TV Jangadeiro, arrecadou mais de
nove toneladas de alimento em cinco dias.

Texto V

Como ajudar
Corrente de solidariedade

Entrega de donativos para municípios afetados pela chuva: na sede


do O POVO, na avenida Aguanambi, 282, bairro José Bonifácio. Mais infor-
mações: 3255 6101. Ou ainda em qualquer um dos quartéis do Corpo de
Bombeiros na capital e no interior. O quartel central, em Fortaleza, fica na rua
Oto de Alencar, 215, Jacarecanga. O telefone é 3101 2227. Os endereços dos
outros quartéis podem ser encontrados no site www.cb.ce.gov.br.
A Cruz Vermelha também está recebendo doação de roupas, alimentos,
água potável e outros itens. Endereço: rua Dr. José Lourenço, 3280. Aberto
das 9 às 17 horas. Telefone: 3472 3535.
Por meio da campanha “Solidários em Ação - Entre nessa Corrente”, o
Corpo de Bombeiros e a TV Jangadeiro recebem alimentos não perecíveis.
As doações são recebidas nos supermercados da Super Rede, na capital e
no interior. Além disso, a TV promove shows de forró. O ingresso é trocado
por dois quilos de alimento. Na quarta-feira, dia 13, às 20 horas no Sítio Real,
Caucaia, tem show do Forró Real, Forró Estourado, Tá Massa e Nildinha e
Amor Perfeito.
http://www.opovo.com.br/opovo/ceara/875744.html

Proposta I

Através de uma carta aberta para os moradores de seu bairro, convença-


os a participar da campanha “Solidários em Ação - Entre nessa Corrente”.

102
Proposta II

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Imagine-se um repórter que presenciou a chegada de donativos para um
grupo de desabrigados alojados em uma escola de uma cidade interiorana.
Relate esse momento.

Proposta III

Enchentes no Ceará

(Foto Nenê Coelho) Imagem publicada no jornal O Povo, dia 6/5/09.

A partir da imagem acima, redija um relato imaginando que você é um


repórter que esteve no local e descreva o que você viu.

Proposta IV

Imaginando-se na situação de membro de uma família atingida pelas en-


chentes, produza o relato de um desabrigado.

103
TEMA 11: JUVENTUDE
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Texto I

Tribos urbanas

Rodeadas de códigos e normas, estudadas por sociólogos e psicólogos,


mal entendidas por muitos, crescendo e se multiplicando, mudando hábitos,
costumes e práticas sociais, aí estão as tribos urbanas que podem ser carac-
terizadas como um fenômeno juvenil dos grandes centros e que, dia após dia,
ampliam sua atuação e aumentam seus adeptos. Do que se trata?
Estamos acostumados a ver jovens “normais” em nossas comunidades
e/ou cidades. O máximo do diferente é alguém com um corte de cabelo não
comum, ou com uma calça jeans toda rasgada, ou ainda, jovens com roupa
de cor exótica e cheios de correntes, pulseiras, anéis, etc. Isso não parece
preocupar. No máximo, causa espanto e é motivo de gozação.
Porém, por enquanto, essa atitude é característica de nossas cidades pe-
quenas. Nos grandes centros urbanos (e o mundo se urbaniza cada vez mais),
o diferente já se organiza, tem normas, leis, códigos, adeptos...
Cedo ou tarde este fenômeno da juventude moderna chegará até nós. É
importante que conheçamos as razões de tal fenômeno para sabermos agir
diante dele.
Punks, skinheads, rappers, white powers, clubbers, grunges, góticos, drag
queens. Estes são apenas alguns grupamentos juvenis, chamados pelos so-
ciólogos de “tribos urbanas”, encontrados diariamente nos grandes centros.
As “drag queens”, tipo atualmente em destaque na mídia e considerado o
mais exótico, são na verdade homens vestidos de mulher. Duas diferenças
básicas as diferenciam dos travestis: não se prostituem nem modelam seus
corpos com silicone ou hormônios. Ser drag significa dar vida a um persona-
gem. Eles se preocupam com a moda, possuem uma linguagem específica e
brincalhona, são irreverentes e apreciam os gêneros musicais contemporâne-
os. Podemos dizer que esse jeito, toda essa brincadeira, essa festa, caracte-
rística das drag queens, vem como uma resposta a uma série de dificuldades
sociais importantes.
Os grunges, filhos legítimos da recessão mundial, nasceram em Seatle, nos
Estados Unidos, e são caracterizados pela sua indumentária: bermudão abaixo
dos joelhos, tênis sujos, barbichas, calças rasgadas, etc. Eles transformaram o
desleixo numa provocação aos “mauricinhos” e “patricinhas” “(filhos de pa-
pai)”.

104
Ainda existem outros, como os rockabillies, que amam o rock dos anos

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50 e usam enormes topetes; os góticos, que cultuam as sombras e adoram
poesias românticas, além dos hippies, rastafaris, metaleiros, etc.
Há também as tribos pós-punk, que são as mais temidas devido à sua
agressividade. Entre elas estão os carecas (skinhead brasileiro) e os white po-
wers (poder dos brancos). Ambas as tribos são racistas, têm tendências na-
zistas e detestam homossexuais. Atualmente os punks não são encontrados
com facilidade, mas ainda existem alguns grupos.
A origem de todas essas manifestações parece ser a contestação. A vio-
lência, a apatia, o desleixo, a festa e a anarquia são as formas de contestação
do mundo pós-moderno, dizem os sociólogos.
http://www.pucrs.br/mj/subsidios-grupo_jovens-03.php
(Texto adaptado e sítio acessado em 07/05/2009)

Proposta I
Em um artigo de opinião, responda aos questionamentos abaixo:
• O fenômeno das tribos urbanas é um modismo, simplesmente?
• Estes jovens são assim para si ou para os outros? Isto é, vestem-se e
agem dessa forma por convicção, ou para serem vistos e notados numa cida-
de/sociedade onde o anonimato é o maior medo?

Proposta II

Acredita-se que a pluralidade de opções e de estilos de vida é válida e


sadia, desde que, acima de tudo, esteja a vida, a liberdade, a felicidade, a
construção (ou reconstrução) da pessoa. Considerando-se essa afirmação,
pode-se considerar as tribos urbanas veículos de crescimento pessoal e aber-
tura para o outro, ou de ensimesmamento e discriminação?

Proposta III

Em uma crônica, narre um episódio em que haja um encontro entre dois


indivíduos de tribos diferentes que resultou em uma lição de tolerância. Seu
texto deve ser escrito em primeira pessoa do singular.

105
TEMA 12: CORRUPÇÃO
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Texto I

A crise do Senado

O Senado brasileiro vive hoje uma de suas principais crises. É uma suces-
são de escândalos: começou (ou ampliou-se) com a denúncia (comprovada)
de que o então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia - no cargo desde l995
(e por indicação de senador José Sarney) não havia declarado à Receita Fe-
deral uma mansão avaliada em 5 milhões de reais. Essa foi uma de uma série
de irregularidades que vieram à tona depois, como a chamada “farra das
passagens” - que beneficiaram tanto senadores quanto deputados federais
de vários partidos e até ex-senadores, como 11 que não tinham mais manda-
tos e assim mesmo emitiram 291 passagens aéreas; o absurdo da assistência
psicológica e odontológica vitalícia para mulheres ou maridos de parlamen-
tares (e até mesmo para o diretor geral do Senado e o diretor dos Recursos
Humanos), um motorista muito bem pago (12 mil reais) para ser mordomo
da filha do presidente do Senado e atual governadora do Maranhão E mais
recentemente a descoberta dos 312 boletins não publicados, com 663 atos
administrativos.
Esse escândalo mais recente – o dos atos administrativos – conforme ma-
téria publicada no jornal Estado de S.Paulo beneficiou diretamente 37 sena-
dores, de vários partidos (2 do PT, 5 do DEM, 2 do PSDB, 11 do PMDB, etc.),
ou seja, é pluripartidário.
Mas o problema central, a meu ver, é que há uma crise da instituição legis-
lativa (que atinge os senadores, claro, muitos dos quais cúmplices e/ou bene-
ficiários dos esquemas descobertos até agora), que se insere numa crise mais
geral da representação política - que não é específica, nem do Brasil apenas,
nem tampouco do Senado (até porque o que tem ocorrido na Câmara dos
Deputados não é muito diferente), é uma crise de credibilidade das institui-
ções, que se reflete na fragilidade de nosso sistema partidário.
Quando nos referimos à crise mais geral, para alguns da própria democra-
cia representativa, há de se levar em conta as especificidades do Brasil. Como
mostra Raymundo Faoro, no excelente livro “Os donos do Poder” (publicado
em l959), o Brasil é um país de larga tradição patrimonialista, ou seja, de uso
privado do Estado, daí a “naturalidade” com que se empregam familiares
para cargos públicos (ou a criação de cargos para beneficiar apaninguados,
como ocorreu com alguns dos chamados “atos secretos” do Senado recen-
temente), isso num contexto de uma cultura política do favor e do débito
político.

106
O senado, através do seu presidente, tem tomado algumas medidas im-

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portantes, como a demissão do diretor-geral e dos Recursos Humanos e es-
tabelecendo que devam passar pelo crivo dos senadores, com mandato igual
ao da Mesa diretora (2 anos), a promessa de acabar com as regalias (carro
com motorista, uso indiscriminado de telefones, etc.); a antecipação da en-
trada em vigor do Portal da Transparência (antecipado por causa da crise)
e, mais importante, a formação de uma sindicância, com a participação do
Ministério Público e do Tribunal de Contas da União para analisar todos os
contratos assinados, pelo menos desde l995 (quando Agaciel Maia assumiu
o comando da Casa) e uma auditoria da folha de pagamento dos quase 10
mil funcionários do Senado (por si só isso já parece escandaloso: como um
Senado com 81 membros tem quase 10 mil funcionários?).
São medidas importantes? São, mas não suficientes, porque o problema
não é apenas de gestão administrativa (embora este seja importante como
os fatos o tem demonstrado), mas de uma crise mais geral das próprias insti-
tuições legislativas.
Uma reforma política resolveria? Depende da reforma. O que está posto
(e ainda em discussão) é uma mini-reforma, com apenas dois itens: a adoção
do sistema de listas fechadas e o financiamento público de campanhas. Am-
bas são importantes, mas também insuficientes para resolver a crise de cre-
dibilidade das instituições legislativas. (uma reforma política ampla deveria
comportar discussão sobre a diminuição do mandato (por que 8 anos e não 6
ou 4?) acabar com os suplentes etc).
Mas creio que os acontecimentos recentes podem ter o mérito de colocar
em discussão a própria existência do Senado no Brasil. Isso já foi discutido
inclusive dentro do PT: no 3o. Congresso do partido, o atual presidente do
PT, Ricardo Berzoini, defendeu a proposta de um sistema unicameral (que foi
derrotada), mas apresentou dados que mostravam que o país, com o fim do
Senado, economizaria algo em torno de 2,5 bilhões por ano. A ONG Trans-
parência Brasil divulgou dados relativos a uma pesquisa que mostrou como
o Senado do Brasil, por membro, é o mais caro do mundo. Caro e ineficaz. É
só observar ao longo desse mandato, por exemplo, o que tem sido aprovado
e sua (i) relevância.
Há diversos países, de larga tradição democrática, que adotam o siste-
ma unicameral (Suécia, Finlândia, Nova Zelândia, Portugal, Grécia, Israel, No-
ruega, Dinamarca, etc.) que poderia servir de inspiração para um debate no
Brasil. Não se pode apelar para nossa “tradição republicana” que adotou
desde o início da República (l889) o sistema bicameral (Senado e Câmara dos
Deputados), porque o que temos visto ao longo do tempo não depõe a favor
de sua continuidade.
http://www.jornaldehoje.com.br/portal/noticia.php?id=17114

107
Texto II
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Cresce pressão para que Sarney deixe a presidência do Senado

A pressão para que o senador José Sarney (PMDB-AP) deixe a presidência


do Senado tornou-se mais intensa nesta quinta-feira. O senador Cristovam
Buarque (PDT-DF) leu, no começo da noite, em plenário, um manifesto, assi-
nado por 39 dos 81 senadores, pedindo que o peemedebista se licencie do
cargo até o fim da apuração das denúncias que pesam sobre ele.
No documento, o grupo de senadores afirma que “para iniciar a recu-
peração da dignidade do Senado é preciso a apuração com credibilidade
de todas as denúncias contra a administração da Casa e o envolvimento de
Vossa Excelência [Sarney]”.
“O primeiro passo para isso é o afastamento de Vossa Excelência da pre-
sidência do Senado durante os trabalhos de investigação na Comissão de
Ética”, diz trecho do manifesto.
Para o grupo de senadores, o licenciamento de Sarney seria “um gesto
histórico em defesa do Senado e de sua biografia pessoal”.
Presidindo a sessão, Sarney agradeceu a Cristovam pelo cuidado com sua
biografia de ex-presidente, sem, no entanto, se pronunciar sobre o manifes-
to. “Agradeço pelo zelo e a isenção que tem pela minha biografia”, disse
Sarney.
Ontem (5), o presidente do Conselho de Ética do Senado, Paulo Duque
(PMDB-RJ), arquivou três das cinco denúncias apresentadas pelo líder tuca-
no, Arthur Virgílio (AM), contra Sarney. Aliado de Sarney, Duque também ar-
quivou outras duas representações do P-SOL, uma contra o presidente do
Senado e outra contra o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).

108
Proposta I

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Escreva o editorial de um grande jornal de sua cidade a partir da imagem
abaixo:

Proposta II

Muitas atitudes práticas podem ser tomadas para combater a corrupção.


Levando em conta algumas delas, escreva uma receita contra a corrupção.

109
TEMA 13: EXTRAS
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Texto I

Considere a manchete a seguir:

A tragédia se repete

Proposta Única

A partir da manchete, escreva a notícia.

Texto II

Considere o período a seguir:

“O delegado disse que os infratores ficarão sob custódia e as providên-


cias legais serão tomadas imediatamente.”

Proposta Única

Escreva uma notícia que termine com o período acima.

110
Texto III

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Tempo de duração do lixo no mar

Copinho de plástico
Papel Quase 100 anos
De 3 a 6 meses
Garrafa plástica
Mais de 100 anos
Caixa de papelão
No mínimo, 6 meses Latinha de cerveja
Mais de 100 anos
Embalagem de leite
Também uns 6 meses
Linha de pesca
Pano Além de 600 anos
De 6 meses a 1 ano Fralda descartável
Filtro de cigarro Cerca de 450 anos
5 anos
Lixo radioativo
Chiclete Uns 250 000 anos
5 anos
Vidro
Cerca de 1 milhão de anos
Madeira pintada
13 anos

Boia de isopor Pneu


Ninguém sabe ao certo
Por volta de 80 anos

Texto IV

111
Proposta I
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Imagine-se o editor-chefe de um periódico editado por uma ONG que


trabalha pela defesa de ecossistemas aquáticos e escreva o editorial de uma
das publicações, tomando como base o seguinte recorte temático:
“Mesmo que não vejamos, o lixo prejudica todos nós”

Proposta II

Imagine-se um biólogo engajado na preservação do ecossistema marí-


timo e escreva uma carta-aberta, para ser veiculada em um periódico de
Fortaleza, conscientizando a população sobre a necessidade de preservar as
praias de nossa cidade.

Texto V

Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa


6.3.2009 | 16h55m

A notícia correu o mundo. Uma menina de nove (9) anos, estuprada e vi-
ciada regularmente por seu padrasto, engravida de gêmeos. Os médicos de
uma maternidade pública do Recife, que lhe aplicaram medicamentos a fim
de interromper a gravidez de alto risco, e a mãe da menor, por ter autorizado
o aborto, foram excomungados pelo inacreditável substituto de Dom Hélder
Câmara, José Cardoso Sobrinho.
Esse senhor, bem vestido, bem nutrido e bem cuidado, do alto de seu tro-
no de Arcebispo de Olinda e Recife, não excomungou o padrasto que abusou
da enteada. Se o rapaz assim desejar, receberá a sagrada comunhão domin-
go que vem, após passar pelo confessionário e confessar seus pecados, pedir
perdão a Deus e rezar algumas orações como penitência.
Perguntas que eu faria a José Cardoso Sobrinho se tivesse a infelicidade
de cruzar com ele numa calçada: se essa criança tivesse um câncer no útero,
o senhor excomungaria sua mãe e os médicos que a operassem? Não? Pois
será que não entra em sua cabeça que, no útero de uma menina de nove (9)
anos, dois fetos frutos de um estupro são o mesmo que dois tumores cance-
rosos? Em tudo e por tudo?

112
Mas eu não vou cruzar com ele, bem sei. Esse tipo de arcebispo só anda

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de carro com motorista e dificilmente fala com passantes na calçada. Ele não
é Dom Hélder Câmara. Ele é José Cardoso Sobrinho, que foi nomeado subs-
tituto do pastor de almas Dom Hélder Câmara em 1985. Nesses 24 anos, as
diferenças entre ele e Dom Hélder só se agigantaram, chegando ao ápice
agora, graças a Deus, quase na hora de sua aposentadoria.
“A lei de Deus está acima de qualquer lei humana. Então, quando uma
lei humana, quer dizer, uma lei promulgada pelos legisladores humanos, é
contrária à lei de Deus, essa lei humana não tem nenhum valor”, disse José
Cardoso Sobrinho.
Que lei é essa que Deus passou para os padres, se é que passou, e que
nós não conhecemos? As leis de Deus que nos foram repassadas, a nós cris-
tãos, são os 10 mandamentos que Moisés recebeu das mãos de Deus para
orientação do povo hebreu e que os cristãos adotaram. E que são: Amar
a Deus sobre todas as coisas. Não invocar o Santo Nome de Deus em vão.
Guardar domingos e festas de guarda. Honrar pai e mãe. Não matar. Guardar
castidade nas palavras e nas obras. Não roubar. Não levantar falsos teste-
munhos. Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos. Não cobiçar as
coisas alheias.
Quantos foliões que desrespeitaram o domingo de Carnaval e a Quarta-
feira de Cinzas foram excomungados pelo soi-disant representante de Deus,
na última semana? Quantos ladrões do dinheiro público ele excomungou
nestes últimos 24 anos? Quantos adúlteros? Quantos assassinos?
E quem vai excomungá-lo por usar o santo nome de Deus em vão? Porque
ele diz que fala em nome de Deus! Será que Deus vai punir os médicos por
terem salvado a vida de uma criança, vida física e vida espiritual? Não posso
crer nisso. Como também estou certa de que o único pecado da mãe foi a
covardia, o medo que a impediu de agir a tempo, de denunciar o que se
passava em sua casa. No entanto, um advogado da Arquidiocese de Olinda
e Recife pretende apresentar denúncia de homicídio contra a mãe da menor
por ter autorizado o aborto. Torço para que um bom, um excelente advogado
se ofereça para defender a mãe e a menor e que ganhe a causa e que a Igreja
seja obrigada a pagar uma boa indenização à família da menina, dinheiro que
as ajudará a sair da miséria moral em que vivem e a se instruirem para se de-
fender dos padres que não merecem a batina, e dos vendilhões do templo.
Só mais um detalhe neste caso que abala e fere quem tem fé em Deus e
em seu Filho e no Espírito Santo, mas que não acredita na arrogância dessa
declaração de Cardoso Sobrinho que, para mim, define quem ele é: “A me-
nina engravidou de maneira totalmente injusta, mas devemos salvar vidas. A
Igreja sempre condenou e vai continuar a condenar o aborto”.

113
Salvar a vida da menina não é levado em consideração? O que era pre-
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mente era salvar os tumores que ela carregava em seu corpo? É isso o é que
ele chama Lei de Deus?
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

Texto VI

Arcebispo diz que suspeito de violentar menina não


pode ser excomungado
Religioso condenou mãe e médicos envolvidos em aborto.
Imprensa italiana diz que Vaticano apoia decisão.

O caso da menina de 9 anos que interrompeu a gravidez de gêmeos cau-


sou comoção e revolta. A repercussão foi ainda maior pela reação da Igreja
Católica ao aborto provocado pelos médicos. O arcebispo de Olinda e Re-
cife, Dom José Cardoso Sobrinho, excomungou a mãe e a equipe médica
envolvida no procedimento.
Nesta sexta-feira (6), o arcebispo disse que o padrasto, suspeito de vio-
lentar a menina e ser pai dos bebês, não pode ser excomungado. “Ele co-
meteu um crime enorme, mas não está incluído na excomunhão”, afirmou
Sobrinho. “Esse padrasto cometeu um pecado gravíssimo. Agora, mais grave
do que isso, sabe o que é? O aborto, eliminar uma vida inocente.”
A equipe que participou do aborto está recebendo e-mails de médicos
do país inteiro. Foram mais de 500 mensagens de apoio até a manhã desta
sexta. Para os especialistas, não havia dúvida sobre a necessidade de inter-
romper a gravidez e, sobre essa conduta, não cabe intervenção da Igreja.
O médico Rivaldo Albuquerque, que participou do atendimento, já havia
sido excomungado antes. Ele entrou em choque com a Igreja Católica desde
que participou da criação de um serviço de atenção às mulheres violentadas,
que faz o aborto nos casos previstos por lei. Católico praticante, ele disse que
não vai deixar de assistir à missa.
Quem é excomungado fica proibido de receber sacramentos como batis-
mo, comunhão, crisma e casamento.

114
Repercussão

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A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota em que
destaca o mandamento “não matarás” e reforça as críticas feitas ao aborto.
A imprensa italiana publicou, nesta sexta, reportagens afirmando que o
Vaticano apoia a decisão do arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso
Sobrinho, de excomungar os envolvidos na interrupção da gravidez de uma
menina de 9 anos.
O site do jornal italiano “Corriere della Serra” mostra um texto sobre o
caso. Em entrevista, o padre Gianfrancesco Grieco, diretor do Pontifício Con-
selho para a Família, disse que o tema é “muito, muito delicado”, mas a Igreja
não pode “trair” seus princípios de defender a vida desde a concepção até a
vida natural, mesmo diante de “um drama humano tão forte”.
Ainda de acordo com o texto, o padre disse que “o aborto não é uma
solução, é um atalho” e reprovou a atitude dos médicos.

Alta

A gravidez da criança foi descoberta na semana passada, depois que ela


reclamou de dores e foi levada a uma unidade de saúde. Os médicos classifica-
ram a gestação de 15 semanas como de alto risco, pela idade e por ser de gê-
meos. Segundo os médicos, a mãe pediu para que o aborto fosse realizado.
O padrasto da menina foi preso, suspeito de ter abusado da garota e ser
pai dos bebês que ela esperava. Ele deve ser indiciado por estupro. De acor-
do com a polícia, a menina sofria violência sexual desde os 6 anos.
A menina teve alta nesta sexta-feira e passa bem, segundo o diretor do
hospital em que ela estava internada, Sérgio Cabral. Ela e a mãe devem ser en-
caminhadas para um abrigo no Recife, por determinação do Ministério Público.
Elas não devem voltar imediatamente para Alagoinha (PE), onde moravam.
Fonte: globo.com

Proposta Única
Analise os dois textos, atentando para os argumentos utilizados, e escreva
um artigo de opinião no qual você expressa seu entendimento a respeito da
decisão do arcebispo dom José Cardoso Sobrinho de excomungar a mãe e a
equipe médica e não excomungar o padrasto da menina.

115
Tema 14: O homem e as novas tecnologias
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Proposta 1
Leia os textos abaixo. Com base neles, reflita e siga as instruções seguintes:

Texto 1
A Flor e a Náusea
Preso à minha classe e a algumas roupas,
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:


Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.


Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Carlos Drummond de Andrade, Reunião. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1974.

Texto 2

O último discurso (de O Grande Ditador)


“[...] O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos
extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as
muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e
os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados
dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e
cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas,
precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição
e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.[...] O
sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a
luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens
estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade.”
Trechos do discurso proferido por Charles Chaplin no final de O Grande Ditador, um filme de 1940

116
Texto 3

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“Em Matrix (1999), o tempo, pautado no eixo linear criação-redenção, é
interrompido quando a máquina assume o lugar do homem. A partir de en-
tão, construtora da história, ela inaugura uma nova civilização na qual o ho-
mem não é mais o centro do processo civilizatório.”
PALMA, Glória Maria (org.). Literatura e Cinema: a demanda do Santo Graal e Matrix /
Eurico, o presbítero e A máscara do Zorro. Bauru, SP: EDUSC, 2004.

Escreva um ARTIGO DE OPINIÃO com base na proposição: de que forma


o homem contemporâneo concebe as novas tecnologias e até que ponto ele
pode resistir à pressão delas?

Proposta 2

Texto 1

Amor na Internet: afinal, vale ou não vale a pena?

Romances iniciados e vivenciados na Internet são um fato que ninguém


mais pode negar. Alguns dão certo, outros não. Uns acontecem por acaso,
entre pessoas que se cruzam casualmente na “Via Láctea eletrônica”, outros
são fruto de uma busca intencional e persistente de parceiros adequados que
estejam nas salas de chat, abertos para um envolvimento.
O que está levando homens e mulheres de todas as idades a procurarem
cada vez mais por este tipo de relacionamento? Até que ponto se pode obter
satisfação emocional numa relação virtual? E o que acontece quando a emo-
ção sai da telinha e tem que se confrontar com a realidade da vida? Quem
afinal procura uma relação com alguém que nunca viu?
A psicanalista Alice Bittencourt, membro da Sociedade Brasileira de Psi-
canálise do Rio de Janeiro, viu tantos e tão interessantes casos de relaciona-
mentos através da Internet que resolveu escrever um livro sobre o assunto.
Sua conclusão é a de que, de fato, este tipo de relacionamento pode ser uma
solução positiva para muita gente que tem dificuldades de se aproximar de
seres de carne e osso.
Quando a coisa dá certo — segundo ela, numa proporção de mais ou
menos 50% dos casos — bloqueios graves podem ser resolvidos, e ela já
viu muitos ganharem uma confiança que não tinham antes e conseguirem se
estabilizar afetivamente.
Quando o tiro sai pela culatra, porém, e o engano se confirma, a decep-
ção acontece e o sofrimento nada deixa a desejar a qualquer relacionamento
do mundo real que termine em desilusão. As depressões acontecem da mes-
ma forma quando existe perda e frustração.

117
Portanto, é preciso ter cuidado e estar atento para todos os detalhes que
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compõem esta atraente faca de dois gumes que é a relação via Internet. Por um
lado, quem entra nessa pode ganhar o prêmio de um encontro mais direto com
os sentimentos verdadeiros de um possível parceiro. Mas, por outro lado, se ar-
risca a se apaixonar por um personagem que nunca existiu. Vale a pena tentar?
Segundo Alice Bittencourt, “vale, desde que se saiba dosar. A Internet é
como o álcool. É uma maravilha, mas só até o ponto em que começa a tirar
você da realidade. É preciso saber a hora de parar. Até porque, se a pessoa
perde a noção do limite, acaba caindo numa frustração. Nada substitui o to-
que, o cheiro, o olhar”. Para quem está decidido a explorar as possibilidades
eletrônicas de encontrar um amor virtual, vale um mergulho nas águas que
atraem navegantes de todas as espécies.
Virgínia Cavalcanti, www.educacional.com.br, 6/11/06

Texto 2

Nada além de uma ilusão

Teclada vai, teclada vem, e um encontro é marcado. Parece fácil, mas não
é. A jornalista Alice Sampaio passou dois anos estudando como são os na-
moros via Internet. A notícia que ela trouxe não é nada animadora: “relacio-
nando-se apenas pela rede, dificilmente você vai encontrar quem procura”.
Atenção corações solitários: o amor é cego, mas quem se arrisca a buscar um
namoro virtual deve ficar de olhos bem abertos. Como cupido, a Internet não
é dos melhores. A constatação é da jornalista Alice Sampaio, autora de Amor
na Internet — Quando o Virtual Cai na Real (Editora Record). De tanto ouvir
falar em quem achou a cara-metade pela Internet e de ouvir maravilhas sobre
o amor à primeira teclada, ela resolveu tirar essa história a limpo. E com seus
próprios nicknames (apelidos).
Foram 16 meses navegando em salas de bate-papo e sites de encontro e
mais um ano e meio de entrevistas com internautas. Ao final da jornada, ela
descobriu que a maioria dos relacionamentos termina como a famosa canção
de Mário Lago começa: “Nada além de uma ilusão...” Se a Internet não faz
milagres, erro maior é acreditar que um namoro pode ficar apenas no plano
virtual. “É pior que amor platônico, pois, nestes, as pessoas pelo menos se
apaixonavam por alguém que já tinham visto”, compara.
Segundo ela, “amor virtual é virtual mesmo, é uma fantasia absoluta”. Para
azar dos tímidos, o único jeito é mesmo marcar um encontro, “cair na real, ver
se o parceiro é o que diz ser”, recomenda. Mesmo cara a cara, os amores vir-
tuais parecem mais fadados ao fracasso que ao final feliz. E, dessa vez, quem
sofre são os românticos. “Como o físico é descoberto por último, acontece
que um ou outro, na maioria das vezes, não gosta da imagem do parceiro e a
coisa pára por aí”, explica.

118
Se de santo casamenteiro a Internet não tem nada, os chats abrigam de

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tudo. “Tem desde gente sincera e com boas intenções até gente desonesta,
mentirosa e safada”, diz Alice. Por isso, um coração partido ou ver o príncipe
virar sapo não são os únicos riscos que os apaixonados correm. “Meu livro
alerta pessoas de todas as idades de que a Internet não é inocente, pois
sempre existe o risco de encontrar alguém perigoso”, adverte. O recado é
sobretudo para adolescentes entre 12 e 17 anos, que respondem hoje por
20% dos acessos nas salas de bate-papo do maior provedor do país.
Como acontece na vida real, eles usam a Internet para “ficar”. Com pressa
e sem as devidas precauções, encontros fortuitos podem acabar em tragé-
dia. Foi o caso da americana Christina Long, 13, assassinada pelo brasileiro
Saul dos Reis, 25, com quem manteve contato através de uma sala de bate-
papo. Aos mais afoitos, ela orienta: “Sala de bate-papo é boa para zoar, fazer
amigos, teclar com gente que gosta das mesmas coisas, enfim, divertir-se. E
ponto final”.
site: www.educacional.com.br

Após a leitura dos textos, reflita sobre as questões que seguem e escreva
um texto ARGUMENTATIVO:
• O que está levando homens e mulheres de todas as idades a procura-
rem cada vez mais por este tipo de relacionamento?
• Até que ponto se pode obter satisfação emocional em uma relação vir-
tual?
• E o que acontece quando a emoção sai da telinha do computador e tem
que confrontar a realidade da vida?
• Quem afinal procura uma relação com alguém que nunca viu?

Proposta 3

Texto 1
Do mesmo modo que os Estados-nações se bateram para do-
minar territórios, e com isso dominar o acesso e a exploração
das matérias-primas e da mão-de-obra barata, é concebível
que eles se batam no futuro para dominar as informações.
Lyotard, 1986, p.5

119
A geopolítica do capitalismo informacional e a Sociedade Global
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da Informação

A condição da comunicação na sociedade contemporânea tem demons-


trado uma complexificação à medida que se embute à informática. A parcela
mínima da informação, o bit, será o ponto de partida para a mensuração de
riquezas e negociação de dados. A unidade binária vai definir as relações
econômicas e políticas, servindo de referência no mundo digital para a ins-
titucionalização do poder. Outro fator de vital importância para as relações
entre os países será o grau de conectividade atingido por cada sociedade.
Sob esta perspectiva, a apropriação da Tecnologia da Informação (TI) pode
redesenhar o mapa da Sociedade Global da Informação.
(...) o termo “Sociedade da Informação” tem sido utilizado como referên-
cia à condição das sociedades diante do contexto das redes digitais e das
tecnologias da informação, aspectos que podem definir a reorganização dos
polos de riqueza.
Um importante documento que pode balizar tais discussões é o The Glo-
bal Information Technology Report, relatório elaborado pelo World Economic
Forum (Fórum Econômico Mundial). O relatório busca promover um rastrea-
mento entre 102 países acerca do uso e da distribuição da tecnologia, defen-
dendo a ideia da “crescente influência das tecnologias de informação e da
comunicação no desenvolvimento dos países industrializados e de econo-
mias emergentes”. De acordo com o relatório, o nível de inclusão digital entre
estes países — relativo ao período 2003-2004 — é liderado pelos Estados
Unidos, posição mantida há três anos. Em seguida, a lista apresenta Cingapu-
ra (segundo), Finlândia (terceiro), Suécia (quarto) e Dinamarca (quinto).
(...) Por sua vez, a Conferência Mundial da Sociedade da Informação (World
Summit on the Information Society), que teve lugar em Genebra, de 10 a 12
de dezembro de 2003, parece sugerir um hiato entre os propósitos do Fórum
Econômico Mundial e a realidade dos países mais pobres ou em desenvolvi-
mento, embora também reconheça (...) a Sociedade da Informação deve se
preparar para oportunizar a todos os benefícios tecnológicos bem como o
direito de criar, acessar e compartilhar o conhecimento.
Messias Guimarães Bandeira. FTC, Bahia; “A assimetria tecnológica global e a nova economia na sociedade da
informação”. In: FAMECOS. Porto Alegre. nº 26. abril 2005.

Texto 2
“Inclusão Digital” é a denominação dada, genericamente, aos esforços
de fazer com as populações das sociedades contemporâneas – cujas estrutu-
ras e funcionamento estão sendo significativamente alteradas pelas tecnolo-
gias de informação e de comunicação – possam:

120
• obter os conhecimentos necessários para utilizar com um mínimo de

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proficiência os recursos de tecnologia de informação e de comunicação exis-
tentes.
• dispor de acesso físico regular a esses recursos.
Universidade Federal da Bahia, Projeto Software Livre, 30/5/2004.

Texto 3
“A inclusão digital praticada não é a mera oferta de cursos básicos de
computação, mas ações educativas que consideram as necessidades, inte-
resses e problemas enfrentados no cotidiano da comunidade.”
trecho da matéria de capa da revista Universidade Pública, Inclusão Digital, ano IV, nº 26,
maio/junho de 2005

Texto 4

Computadores na praia

Alunos-monitores já são uma realidade há mais de um ano na sala de in-


formática da Escola Municipalizada Caetano de Oliveira, em Itacuruçá. Um
grupo de 11 estudantes do Ensino Médio dá apoio aos professores. Em con-
junto, eles orientam as crianças da 1a série, que estão sendo alfabetizadas,
a escrever as primeiras palavras no computador. “O contato com o teclado
aumentou o interesse pela escrita”, diz a professora Thirley Reink, selecio-
nada para atuar como formadora no projeto mantido por uma empresa de
telecomunicações que promoveu a inclusão digital da escola.
Foram alcançados dois objetivos de uma vez: promover a inclusão social
e digital e, de quebra, diminuir a evasão escolar entre os jovens que se torna-
ram monitores – todos moradores da Ilha da Marambaia, a mais de uma hora
de barco da escola.(...)
Nova Escola, setembro de 2006.

A partir da leitura dos textos, escolha uma (ou mais de uma, se achar con-
veniente) das questões que seguem e desenvolva um ARTIGO DE OPINIÃO,
considerando os binômios: inclusão/exclusão (social / digital):

1. Quem são os excluídos digitais em nossa sociedade, por que, para que e
qual o significado de incluí-los no mundo digital?
2. As ações e os métodos no campo da inclusão digital têm cumprido seus
propósitos de incluir os indivíduos na sociedade da informação?
3. Qual o papel do uso de software livre e das políticas públicas nos processos
de inclusão digital?
4. Se há, de fato, uma exclusão digital acontecendo, que possibilidades teremos
para minimizá-la ou superá-la, além das iniciativas de inclusão digital em vigor,
no contexto social, político e econômico da sociedade contemporânea?

121
Proposta 4
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Texto 1

Biblioteca digital

Os livros digitais não faziam muito sentido há pouco tempo, até que surgi-
ram os serviços de busca como Google, Yahoo, Ask e MSN. Quando milhões
de livros forem digitalizados e os textos ficarem prontos disponíveis em um
único banco de dados, a tecnologia de busca permitirá o acesso e a leitura
de qualquer livro escrito. Será uma biblioteca realmente grande e seremos
capazes de acessá-la a partir de qualquer aparelho que tenha uma tela. Dos
tabletes até hoje, os humanos “publicaram” pelo menos 32 milhões de livros,
750 milhões de artigos e ensaios, 25 milhões de canções, 500 milhões de
imagens, 500 mil filmes, 3 milhões de vídeos e programas de TV e 100 bilhões
de páginas da internet.
Todo esse material está atualmente nas bibliotecas e arquivos de todo
o mundo. Uma vez digitalizado, tudo isso poderá ser condensado (de acor-
do com os atuais recursos tecnológicos) em discos rígidos de 50 petabytes
[que equivale a 52, 4 milhões de gigabytes]. Seria preciso hoje um edifício
do tamanho de uma biblioteca municipal para abrigar 50 petabytes. Com a
tecnologia do futuro, tudo caberá em um iPod. (...)
Bill McCoy, gerente geral de negócios editoriais da Adobe, comenta: “Al-
guns de nós temos milhares de livros em casa, podemos ir a belas e bem
equipadas livrarias e fazer compras no Amazon.com. O efeito mais dramático
das bibliotecas digitais não será sobre esses poucos felizardos, mas sobre as
bilhões de pessoas cujo acesso aos livros é difícil”. As vidas desses sem-li-
vros — estudantes do Mali, cientistas do Cazaquistão, idosos do Peru — será
transformada quando uma versão simples da biblioteca universal for coloca-
da em suas mãos. (...)
Em breve, um livro fora da biblioteca digital será como uma página da
web fora da web, pedindo ar para respirar. De fato, a única forma de o livro
preservar sua pálida autoridade em nossa cultura é inserir seus textos na bi-
blioteca universal.
(Kevin Kelly é editor da Wired).

• Escreva uma CARTA para o autor do texto, concordando com seu ponto de
vista ou refutando-o (atenção especial ao último parágrafo).

122
Tema15: Olhares Urbanos

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Proposta 5

Texto 1

À cata da vida
Eles estão em todo canto, vasculhando o lixo da cidade à procura de ma-
terial reciclável, fonte de renda para a família. A Prefeitura contabiliza 8 mil
catadores nas ruas de Fortaleza – uma população de trabalhadores à margem
de qualquer regulamentação.[...]
A pesquisa Diagnóstico da situação socioeconômica e cultural de mate-
riais recicláveis de Fortaleza, realizado pelo Imparh (Instituto Municipal de
Pesquisas, Administração e Recursos Humanos) identificou que a maioria dos
catadores (27,9%) tem entre 18 e 25 anos, idade de quem procura o primeiro
emprego, já são chefes de família, têm mais de um filho e precisam de uma
renda. Logo atrás, vem a faixa etária de 31 a 40 anos, quase 30% não termina-
ram a 4ª série (Ensino Fundamental) e 22,6% são analfabetos, não têm quali-
ficação nenhuma. Apenas 9,1% dos catadores continuam a estudar. A coleta
de materiais recicláveis deixou de ser uma fonte de renda extra duas ou três
vezes na semana, para ser a atividade principal do chefe da casa.
[...]
Na maioria das vezes sem se dar conta, o catador desempenha um papel
fundamental na sociedade de consumo, promove a reciclagem, é agente am-
biental e contribui para minimizar o impacto das 90 mil toneladas de lixo pro-
duzidos mensalmente por Fortaleza, captando 5 mil toneladas de resíduos
recicláveis por mês. Os números são da Empresa de Limpeza e Urbanização
(Emlurb). “Essa tarefa é do poder público, mas os catadores acabam trabalhan-
do de graça para ele”, chama a atenção o psicólogo Luis Massilon, coordenador
do curso de “Capacitação para Coletores de Resíduos Sólidos” promovido em
parceria pela Organização Não Governamental (ONG) Cáritas e pelo Instituto de
Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis (Ider).
Apesar da importância do trabalho, o catador ainda é “persona non gra-
ta”. “Quando a gente encosta, o sujeito fica desconfiado, com medo, a pes-
soa parece que fica incomodada, sabe?”, diz Antônio Carlos do Nascimento,
41. O catador altera o cenário da metrópole, vaga noite e dia pela cidade,
atrapalha o trânsito e às vezes rasga sacos de lixo procurando o que interessa.
“O problema maior, o que causa conflito, é o estranhamento da miséria. No
imaginário social, o catador equivale ao próprio lixo”, diz Lídia Pimentel. Su-
jos, descalços, sem equipamento de segurança, atravancando o fluxo de car-
ros, vasculhando latões de lixo, eles se multiplicam pela cidade. Estão sempre
perto, cruzando o caminho, mas se mantêm afastados, à margem do resto,
num universo pouco conhecido por quem não o habita.
Mariana Toniatti, O Povo, Ciência e Saúde, de 24 a 30 /10/ 2006 – texto adaptado

123
Texto 2
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Catador é base da cadeia produtiva

Na cadeia produtiva da reciclagem, o catador está lá embaixo. Ele é a


base explorada pelo depósito pequeno, cujo dono é conhecido como depo-
seiro; pelo depósito maior, aquele que acumula volume e tem condições de
transporte e armazenamento; e pela indústria, que beneficia os materiais. Seu
trabalho depende da figura do deposeiro, que compra o material coletado e
na maioria das vezes cede o carrinho ao catador, obrigado a vender para ele,
mesmo que seus preços não sejam os melhores.
A pesquisa-diagnóstico realizada pelo Instituto Municipal de Pesquisas,
Administração e Recursos Humanos (Imparh) mostra que 58,6% dos cata-
dores não têm carrinho próprio e acabam reféns do deposeiro. A relação
de exploração é atenuada pela cordialidade dos donos do depósito. “Eles
são líderes, compreendem a realidade dos catadores, emprestam dinheiro,
adiantam vales. O código de fidelidade vem desse vínculo moral”, explica o
coordenador do Fórum Lixo e Cidadania, Antônio Ortis Dias. A dependência
tem traços patriarcais. “Ele é alguém que ajuda ao mesmo tempo que cobra,
que exige uma cota de produção”, explica a socióloga Lídia Pimentel. [...]
O Povo, Ciência e Saúde, de 24 a 30 /10/ 2006.

Texto 3

Humanização ainda é um desafio

[...] Como o processo é longo e complexo, quem reflete o assunto aposta


na organização dos catadores como ponto de partida. A formação de coope-
rativas que funcionem na prática seria uma das soluções a médio prazo.
Nas discussões puxadas pelo Fórum do Lixo e Cidadania, a preocupação
com a tração humana é constante. “É a grande crítica porque você pode
acabar institucionalizando um tipo de trabalho errado”, pondera o presiden-
te do Instituto Municipal de Pesquisas, Administração e Recursos Humanos
(Imparh), Acrísio de Sena, que participa das reuniões semanais do Fórum. O
desafio é humanizar o trabalho do catador sem apenas disfarçar sua insalubri-
dade. “Vai ter sempre alguém no meio da rua remexendo lixo, mas podemos
reduzir isso em 90%”, acredita o coordenador do Fórum, Antônio Ortis Dias.
“Isso passa por um processo, não há uma solução pronta”, ressalta.

O Povo, Ciência e Saúde, de 24 a 30 /10/ 2006.

124
Sabendo dessa realidade vivida pelos catadores de lixo, que têm a coleta

Dicas de Vestibular | Propostas de Redação


de materiais recicláveis como principal atividade, estando expostos a doen-
ças, acidentes, dentre outros perigos, e também diante da exploração dos
donos de depósitos (os deposeiros), reflita sobre a questão: como huma-
nizar as condições de trabalho do catador sem institucionalizar a tração
humana?

• Escreva, em um texto ARGUMENTATIVO, o que você pensa sobre essa


questão e cite pelo menos duas medidas que podem ser tomadas para
que o trabalho do catador se torne humanizado sem que se disfarce a sua
insalubridade.

Proposta 6

Texto 1

Empresas particulares e a coleta seletiva

Nenhuma política pública assumiu o papel de incentivar e educar a cida-


de para a coleta seletiva. Enquanto isso, empresas particulares aproveitam
a deixa da responsabilidade social e criam projetos e mecanismos que dis-
seminam a prática. Na Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), os
funcionários trazem o material reciclável de casa e dão o destino certo ao
“lixo rico” do escritório, o papel branco. O material recolhido é doado para
instituições de caridade.
“A princípio pensamos em sensibilizar focando a questão ambiental, mas
achamos interessante falar também na possibilidade de ajudar uma institui-
ção através do que seria simplesmente lixo num primeiro momento, assim o
pessoal aderiu”, diz Claudia Caixeta, da Gerência de Meio Ambiente. [...]
O Povo, Ciência e Saúde, de 24 a 30 /10/ 2006.

Texto 2

Fortaleza: lixo sem destino certo

Quando o caminhão passa recolhendo lixo nos bairros residenciais, os


catadores se adiantam para separar o material reciclável. Como não existe
coleta seletiva em Fortaleza, o jeito é meter a mão e procurar o que interessa.
Na pressa, sacos são rasgados e o lixo se espalha no chão. Sem equipamen-
tos de segurança, como luvas, botas e máscaras, os catadores se cortam e
correm risco de contaminação. “Fortaleza cresceu muito nos últimos 20 anos,
virou uma metrópole consumidora, passou a produzir mais lixo, mas nunca foi
educada a dar o destino certo a ele”, diz a socióloga Lídia Pimentel.

125
São raros os condomínios que separam o material reciclável. No prédio
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onde mora o engenheiro sanitarista Marconi da Silveira, a coleta seletiva foi


implantada há quatro anos por iniciativa do morador. “Fiz uma pesquisa na
internet, fotografei os catadores e convoquei uma reunião para dar a ideia de
separar os materiais em contêineres de cores diferentes”, lembra Marconi.
Dos 19 condôminos, apenas oito apareceram na reunião. A coleta seletiva
começou, mas em muitos andares o lixo orgânico e inorgânico continuava
sendo misturado. “Pedia aos porteiros que vissem onde tinha esse problema
e conversava de novo. Aos poucos as pessoas foram se conscientizando”.
O Povo, Ciência e Saúde, de 24 a 30 /10/ 2006.

• Crie um PANFLETO com a finalidade de conscientizar a população de sua


cidade da importância de haver a coleta seletiva.

126
Tema 16: Cidadania / Direitos Humanos

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Proposta 7

Texto 1

Trabalho infantil é pior nas cidades, diz pesquisa

O setor de comércio e serviços é o que mais emprega menores nas cida-


des. São vendedores ambulantes e empregados domésticos. O Brasil tem
1.113.756 meninas entre 5 e 17 anos trabalhando como empregadas domésti-
cas. Muitas sem ganhar salário, longe da família e da escola.

O trabalho infantil nas zonas urbanas pode causar mais impactos à saúde
do que o trabalho infantil rural. A constatação é do pesquisador da Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queirós (Esalq-USP), Alexandre Nicolella, que
analisou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), de
1998 e 2003, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fraturas,
problemas respiratórios, queimaduras, cortes e dores musculares são algu-
mas das consequências relatadas.
Nicolella não imaginava chegar a essa conclusão. “É surpreendente, pois
esperava encontrar os maiores impactos no trabalho rural”, diz em Brasília.
O pesquisador analisou os dados de 144 mil pessoas de 5 a 20 anos, e a
evolução delas em cinco anos (período que separa os dois levantamentos do
IBGE), para concluir que o trabalho na zona urbana oferece maiores riscos à
saúde das crianças.
O setor de comércio e serviços é o maior empregador de menores nas
cidades. Eles aparecem como vendedores ambulantes e também como em-
pregados domésticos. De acordo com a PNAD de 2004, o Brasil tem 1.113.756
meninas entre 5 e 17 anos trabalhando como empregadas domésticas. Mui-
tas sem salário, longe da família e da escola.
Enquanto o Ministério do Trabalho tornou a fiscalização constante nas
áreas rurais, a exploração da mão-de-obra infantil nas cidades em serviços
domésticos é mais difícil de coibir por não ser tão visível. “Elas estão expostas
a abusos físicos e sexuais”, alerta Itamar Batista Gonçalves, gerente da área
de proteção especial da Fundação Abrinq. “Temos de cobrar uma atuação
firme dos conselhos tutelares, pois não podemos prever como será o desen-
volvimento físico e mental dessas crianças.”
Chama a atenção na pesquisa a ausência de resultados piores no meio
rural. Nicolella explica que isso se deve ao fato de a maioria das crianças
empregadas em atividades agrícolas trabalhar ao lado dos pais, como
nas pequenas propriedades de agricultura familiar no Rio Grande do Sul.

127
“Isso não quer dizer que trabalhos de extremo risco, como no corte de cana-
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de-açúcar e no sisal, não influenciam a saúde”, diz. “Esse tipo de trabalho não
é bom nem para o adulto, imagine para uma criança”.
Mas como essas atividades são cada vez mais combatidas, e o número
de crianças nessas condições é pequeno em relação ao total, seu impacto
extremamente negativo se dilui na média dos resultados.
Para o procurador do Ministério Público do Trabalho de Campinas, Ricar-
do Garcia, ainda assim a situação do trabalho infantil no campo não deve ser
subestimada. Ele admite que desde o final da década de 1990 os números
melhoraram bastante, principalmente nas grandes lavouras, mas relata que
ainda existe abuso e perigo para os menores em regiões do Estado de São
Paulo.
O procurador cita o trabalho nas culturas de algodão e laranja como
exemplos de atividade econômica onde a presença de crianças trabalhando
nas lavouras é frequente.
Emílio Sant’Anna, O Povo, 10/6/06.

Texto 2
“Por sobre a terra há densas florestas, e rios, e montanhas, e senhas cheias
de espinheiros. E no fim da terra encontra-se o mar que iremos cruzar em
breve. E no fim do mar encontra-se Jerusalém. Não temos governantes nem
guias. Mas para nós todas as estradas são boas. Embora não saiba falar, Nico-
las caminha como nós, Alain e Denis, e as terras são todas iguais, e igualmen-
te perigosas para as crianças. (...)”.
Marcel Schwob. A Cruzada das Crianças.Tradução: Dorothée de Bruchand. Florianópolis:
Editora Paraula, 1996. p 60-61.

A recorrência do tema, que a muitos talvez figure enfadonha, urge solu-


ções. Não se trata de um drama particular, mas mundial: em toda parte, há
meninos e meninas sofrendo algum tipo de agressão. São crianças invisíveis.

Com base na leitura dos textos, produza:

1. Um EDITORIAL para ser publicado no jornal da sua escola.


2. Uma CARTA ARGUMENTATIVA, dirigida à Prefeitura de Fortaleza, ao Gover-
no do Estado ou à Secretaria Nacional dos Direitos Humanos denunciando
violações contra crianças e adolescentes de sua comunidade ou cidade.

128
Tema 17: Violência: no Brasil e no Mundo

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Proposta 8

Texto 1

Colômbia dá exemplo para reduzir violência

As cidades de Bogotá e Medellín se tornaram laboratórios sobre como


prevenir e como combater à criminalidade. Níveis de pobreza ainda são altos,
mas essas cidades conseguiram reduzir suas taxas de homicídio em 79% e
90%, respectivamente.

Apontadas como as cidades mais violentas do mundo, Bogotá e Medellín,


na Colômbia, estão se transformando nos mais avançados laboratórios do
mundo de prevenção à criminalidade e, em especial, aos homicídios. Apesar
de ainda manterem altos níveis de pobreza – cerca de 40% da população,
semelhante às metrópoles brasileiras — essas duas cidades conseguiram re-
duzir, respectivamente, suas taxas de homicídio em 79% e 90%.
São exemplos que poderiam muito bem ser adotados – ou adaptados —
pelas grandes e violentas cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janei-
ro, onde, como na Colômbia no passado, se dissemina o crime organizado.
O que resta de violência nestas cidades colombianas continua ainda alto
para padrões civilizados, mas são passos notáveis para comunidades em que se
misturam e, muitas vezes, se indiferenciam narcotraficantes, paramilitares, guerri-
lheiros e quadrilhas de jovens, beneficiados por décadas de impunidade.

Texto 2

Bogotá combinou repressão com urbanismo e educação

Desde 1993, taxa de homicídios caiu quase 80%, chegando a 17 por 100 mil
habitantes. Além de transporte público e ciclovias, capital investiu no ensino,
tornando-se o epicentro na América Latina da ideia de Cidade Educadora.

Luiz Angel Blandon, 38, ex-guerrilheiro das Farc (Forças Armadas Revolu-
cionárias da Colômbia), tem entre suas funções distribuir gratuitamente livros
em pontos de ônibus de Bogotá. É um projeto chamado “Livros que voam”:
o beneficiário precisa se comprometer a passar o livro adiante e exigir que
o próximo a recebê-lo não interrompa a corrente literária. “Não fazia mais
sentido ficar guerreando”, explica.

129
Personagens como Blandon são uma das explicações da redução da vio-
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lência em Bogotá. De 1993 até este ano, a taxa de homicídios da cidade caiu
quase 80% e está em 17 por 100 mil habitantes, quase igual à da cidade de
São Paulo, o que significa dizer que, apesar do notável avanço, ainda está
longe do satisfatório. Como aceitou deixar as armas, Blandon entrou em um
programa público de reinserção. Ganha um salário para ajudar a melhorar
Bogotá, promovendo, entre outras tarefas, a corrente literária. Além desse
ex-guerrilheiro, os livros também ajudam a explicar o avanço na segurança.
“A cidade investiu, além do aprimoramento da repressão, em urbanismo
combinado com educação”, afirma o sociólogo Jairo Arboleda, responsável
no Banco Mundial, na Colômbia, pelo estímulo a parcerias comunitárias com
o setor público.
Bogotá criou nos últimos anos uma rede de gigantescas bibliotecas em
bairros mais pobres, cujo papel primordial é recuperar o espaço público de-
teriorado e facilitar a convivência. O impacto visual dessas construções é se-
melhante ao dos CEUs, as modernas e amplas escolas públicas na periferia
de São Paulo.
O acesso à rede de bibliotecas é facilitado por uma ciclovia de 305 qui-
lômetros e, mais importante, por um corredor de ônibus batizado de Trans-
Milênio. A prefeitura se inspirou em Curitiba, com seus bi-articulados e o pa-
gamento antecipado do bilhete feito em imensas e transparentes cabines na
rua. A diferença é que, em Bogotá, o corredor não só levou transporte rápi-
do e de qualidade às áreas mais distantes como se transformou em imensos
calçadões para pedestres, alguns deles ajardinados ou com fontes de água.
“É impressionante como o TransMilênio subiu a auto-estima dos moradores.
Virou um motivo de orgulho coletivo”, afirma Arboleda.
Coluna originalmente publicada na Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano, 16/10/2006.

Texto 3

O aumento assustador da violência no Brasil

Com certeza absoluta, pagamos excessivos tributos e o benefício social é


muito baixo em serviços públicos de educação, de saúde, de habitação, de
previdência social e, principalmente, de segurança para a sociedade brasilei-
ra. São alarmantes os índices de violência que assola os 26 Estados brasileiros
e o Distrito Federal. Os ataques criminosos do PCC (Primeiro Comando da
Capital) no Estado de São Paulo revelam que o agravamento da violência é
extremamente preocupante.
Segundo a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura), entre 1991 a 2000, uma média de 50 mil pessoas são as-
sassinadas no Brasil por ano; cerca de 45 mil são vítimas de arma de fogo.

130
A violência é a maior causa de morte na população jovem masculina. A cada

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ano não parar de crescer o número de homicídios, latrocínios, sequestros,
assaltos, agressões e arrombamentos de carros para roubar equipamentos
de som em todo o País.
A violência está crescendo muito nas grandes cidades do País. Segundo
a UNESCO, a taxa de homicídio por armas de fogo entre os jovens de 15 a 24
anos no Brasil aumentou de 32,5 mortos por 100 mil habitantes em 1991 para
52,1 mortos por 100 mil habitantes em 2000. Um fato provocou um estado
de grande preocupação nacional foi a chacina de 30 brasileiros, moradores
de favelas e bairros populares na Baixada Fluminense no Estado do Rio de
Janeiro. Os impactos sociais e econômicos da violência precisam ser mais
avaliados e discutidos pela sociedade brasileira.
Paulo Galvão Júnior, economista, site www.corecon-pb.cofecon.org.br, 19/05/2006.

A exemplo da Colômbia, será que o Brasil não poderia reduzir os índices


de violência urbana? Reflita sobre isso e siga o que se pede:
Se você fosse eleito (a) presidente do Brasil, o que você faria para conter a
violência no País? Apresente as suas ideias em um DISCURSO à Nação.

Proposta 9

Texto 1

Anistia Internacional se alia às mulheres pernambucanas


contra a violência

Organização propõe plano emergencial para combater avanço da violên-


cia contra a mulher em Pernambuco.

As condições sociais e a falta de uma política de segurança pública estru-


turada fazem de Pernambuco um dos estados brasileiros com maior índice
de violência urbana, especialmente das mulheres. Segundo dados fornecidos
pelo Fórum de Mulheres de Pernambuco, pelo menos 193 pernambucanas
foram assassinadas desde o início do ano. Mais de 50% desses crimes tiveram
motivos passionais e foram cometidos por companheiros ou ex-companhei-
ros das vítimas e em ambiente doméstico.
Uma das áreas que merece maior atenção é a Zona da Mata Sul de Per-
nambuco, onde a sociedade é fortemente patriarcal e o machismo é exacer-
bado. Nesse local, segundo Ana Veloso, coordenadora do Centro de Mulhe-
res do Cabo e uma das participantes do Fórum de Mulheres de Pernambuco,
a situação das mulheres é especialmente grave. Para se ter uma ideia, desde
o início de 2006 cerca de 75 mulheres foram assassinadas. Os índices de vio-
lência doméstica na região são crescentes.

131
Com o intuito de investigar a situação de violação dos direitos humanos
Dicas de Vestibular | Propostas de Redação

e de exclusão social, especialmente das mulheres, dois representantes da


organização não-governamental Anistia Internacional – Tim Cahill e Patrick
Wilcken – visitaram o Estado de Pernambuco entre os dias 12 e 16 de junho
de 2006. Além dos tristes dados sobre a violência doméstica, Cahill e Wilcken
também se depararam com outra grave constatação: o crescente aumento da
violência urbana tem deixado as mulheres pernambucanas em uma situação
de dupla vulnerabilidade, fazendo com que elas fiquem suscetíveis não só à
violência das ruas mas à violência sexual ao tráfico de pessoas e de drogas.
Na tentativa de reverter esse quadro, os representantes da Anistia Inter-
nacional propuseram às autoridades da área de segurança pública do gover-
no do Estado de Pernambuco a instituição de um plano emergencial para
conter o avanço da violência praticada contra a mulher. A ideia é incentivar
a adoção de políticas públicas integradas nas áreas de saúde, educação e
moradia nos locais de maior índice de criminalidade.
Na opinião de Ana Veloso, a presença da Anistia Internacional no estado
é de grande importância para que o problema seja tratado com mais serie-
dade. “Há uma certa omissão do Estado, que não apresenta uma política
pública eficiente, seja para apoio, seja para atendimento imediato das mu-
lheres vítimas de violência doméstica”, afirma. De acordo com ela, também
não há políticas eficientes de prevenção, nem acompanhamento e apuração
dos inquéritos relacionados à violência contra a mulher, o que contribui para
o crescimento da impunidade.
A partir das visitas aos bairros e da reunião que tiveram com o Fórum de
Mulheres, Cahill e Wilcken também constataram a necessidade de promover
campanhas específicas de combate à violência contra a mulher. A recomen-
dação fará parte do relatório final da Anistia Internacional, que será concluído
até o fim do ano. Os primeiros resultados da visita dos representantes da
Anistia a Pernambuco já começam a aparecer. Na avaliação de Joana Santos,
coordenadora do SOS Corpo – organização pernambucana que luta pelos
direitos das mulheres –, a vinda da Anistia Internacional trouxe visibilidade
nacional e internacional ao problema da violência contra a mulher, o que con-
tribui para que o movimento em busca da igualdade de gênero com justiça
social conquiste cada vez mais apoio.
site www.mulheresnobrasil.org.br,14/08/2006.

132
Texto 2

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Vamos comemorar?

Hoje, 22 de setembro de 2006, entra em vigor a Lei Maria da Penha, que,


fruto da luta feminista, traz inovações, podendo mudar o quadro de violência
doméstica e familiar contra as mulheres, pois garante e valida o direito à vida.
A lei tem caráter preventivo, de orientação, estabelecendo ações de assistên-
cia e medidas punitivas ao agressor, que não poderá mais pagar pena com
cesta básica; poderá ter prisão preventiva decretada e a pena aumentada
para até 3 anos de prisão.
A nova lei retira a violência contra a mulher dos Juizados Especiais, onde
era tratada como ato de “menor potencial ofensivo”. Devem ser criados os
Juizados da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. No Ceará, o mo-
vimento de mulheres reivindicou do governo estadual e Tribunal de Justiça
(TJ) a criação de três JVDFM, dois em Fortaleza e um no Cariri. O governo
disse não ser possível por não estar na previsão orçamentária, o que violaria
a Lei de Responsabilidade Fiscal. Justificativa válida, se o governo explicasse
porque mesmo não estando previsto no orçamento, o TJ está criando qua-
tro novos cargos de desembargadores e mais um Juizado Especial no bairro
Dionísio Torres.
Pergunta-se: porque é mais importante ter desembargadores e Juizado
para a classe média de Fortaleza do que garantir a aplicação da nova lei e
atender ao clamor de justiça das mulheres do Cariri? A atitude do governo
e do Tribunal de Justiça mostram o grau de importância que dão à violência
contra as mulheres. Comemore-se a Lei de Responsabilidade Fiscal que vale
quando interessa! Viva à conivência do Estado e do Judiciário com a violência
contra as mulheres!
Isto apenas mostra que 30 anos de luta das mulheres foi pouco. Há muito
a fazer para transformar as mentalidades machistas que imperam na nossa
sociedade, inclusive nos governos e órgãos que deveriam garantir justiça
para todos/as.
Beth Ferreira, O Povo, 22/09/2006.

Selecione uma das duas propostas abaixo:

1. DISSERTE sobre o tema em questão, violência doméstica no Brasil, e apre-


sente o seu ponto de vista a respeito da Lei Maria da Penha.
2. Você é uma dona de casa, mãe de três filhos. Habitualmente, sofria algum
tipo de violência cometida pelo companheiro. Uma revista nacional, desti-
nada ao público feminino, convidou-a a DEPOR sobre a vida que levava e
sobre quais atitudes precisou tomar para fugir ao sofrimento doméstico. Ao
final do seu depoimento, transmita às leitoras também vítimas de violência
sugestões de como sair de um ciclo de agressão.

133
Proposta 10
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Texto 1

ONU denuncia tolerância da sociedade com a


violência contra crianças
A sociedade vem tolerando de forma exagerada as diversas formas de
violência contra as crianças, que vão desde o abandono aos castigos corpo-
rais e humilhantes em escolas, denunciou o secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, num informe divulgado nesta quinta-feira.
“A melhor maneira de abordar a violência contra a infância é impedi-la
antes que ocorra”, comentou o professor brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, es-
pecialista nomeado por Annan para dirigir o estudo sobre o assunto.
“Todo o mundo tem uma função a desempenhar nesta tarefa, mas os
Estados devem assumir a responsabilidade principal, o que significa proibir
todo tipo de violência contra a infância em qualquer lugar onde ocorra e por
quem quer que seja o praticante”, acrescentou.
“A maioria dos atos violentos praticados contra a infância permanecem
ocultos e são com frequência tolerados pela sociedade”, afirma um comuni-
cado sobre o informe divulgado à imprensa.
Esta violência abrange a física e a psicológica, passando pelo abuso sexu-
al no lar, pela discriminação. Inclui o abandono, a brutalidade policial contra
menores, e os chamados crimes de honra – com as meninas sendo obrigadas
a pagar por supostas “afrontas” ao bom nome de suas famílias — e a explo-
ração do trabalho.
Segundo cifras divulgadas pelo informe, em 2002 foram assassinados
53.000 meninos e meninas de entre 0 e 17 anos.
De acordo com os últimos cálculos da Organização Internacional do Tra-
balho (OIT), 5,7 milhões de meninos e meninas realizavam trabalhos forçados
ou em condições de servidão no ano 2000.
Além disso, também segundo a OIT, 1,8 milhão realizavam atividades de
prostituição e pornografia.
O documento sustenta que 77 países permitem os castigos corporais a
menores em instituições penitenciárias.
A diretora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Ann
Veneman, disse que as consequências trascendem o âmbito familiar: “a vio-
lência tem um efeito duradouro não apenas sobre os meninos, meninas e
suas famílias, mas também sobre as comunidades e os países”.
Louise Arbour, responsável pelo Alto Comissariado da ONU para os Di-
reitos Humanos, destacou que a violência contra as crianças “não pode ser
justificada, seja por motivos disciplinares ou devido a tradições culturais” e
que representa sempre “uma violação aos direitos humanos”.
site www.noticias.uol.com.br, 12/10/06.

134
• Crie um FOLHETO para divulgar as ideias de uma campanha comunitária a

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fim de angariar o apoio da população sobre o tema: “Combate à violência
contra crianças”.

Tema 18: Inclusão Social

Proposta 11

Texto 1
Deficiência é o nome dado a toda perda ou anormalidade de uma estru-
tura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica. Diz respeito à biologia
da pessoa. Este conceito foi definido pela Organização Mundial de Saúde. A
expressão “pessoa com deficiência” pode ser aplicada referindo-se a qual-
quer pessoa que possua uma deficiência. Contudo, há que se observar que
em contextos legais ela é utilizada de uma forma mais restrita e refere-se a
pessoas que estão sob o amparo de uma determinada legislação.
Até bem recentemente usava-se o termo “deficiente” para denominar
pessoas portadoras de deficiência, porém o termo leva consigo uma carga
negativa depreciativa da pessoa, que foi ao longo dos anos se tornando cada
vez mais rejeitada pelos especialistas da área e em especial pelos próprios
portadores. Atualmente a palavra é considerada como inadequada e que
promove o preconceito a respeito do valor integral da pessoa.
site pt.wikipedia.org,3/11/06.

Texto 2
Como nomear pessoas com deficiência
Diante dessa realidade complexa, as sociedades construíram termos e ex-
pressões para designar, caracterizar e diferenciar as pessoas com deficiência.
(...) Todas essas palavras e rótulos expressam posicionamentos diante dessas
realidades humanas, em diversos contextos históricos e culturais, mais ou me-
nos preconceituosos.
(...) Elas retratam a dificuldade de se nomear, não somente um evento
biológico ou acidental, mas todo um relacionamento afetivo e social com o
outro, em sua diferença e alteridade (...)
Cada época introduz novos termos para designar as pessoas com deficiência
e condena os termos anteriores. Muitas vezes, a semântica amaciada, pretensa-
mente não discriminatória e bem intencionada acaba escondendo, e não expli-
citando uma condição humana e pessoal irredutível e bem específica. Está-se
diante de uma realidade diferenciada, inegável. Mesmo quando os termos em-
pregados parecem ser ou pretendem parecer politicamente corretos.

135
Não se trata de criar uma cultura da deficiência, um modelo deficitário
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como parâmetro de vida para as pessoas especiais. Cada um é muito maior


do que suas deficiências e suas circunstâncias.
Uma pessoa não deve ser reduzida, nem identificada com seus limites
sensoriais, mentais ou motores. Mas ela também não pode ser entendida e
acolhida sem eles. Hoje, a tendência é para uma suavização dos termos. A
busca sempre renovada de expressões mais adequadas, socialmente posi-
tivas, para designar essas condições diferenciadas, não deve ser a ocasião
de uma nova alienação. Um dos primeiros passos para transformar em graça
o que poderia tornar-se uma desgraça está na capacidade de nomear, sem
subterfúgios, as realidades vividas, mesmo se indesejadas. Como faz esta
Campanha da Fraternidade-2006 sobre “pessoas com deficiência”.
www.cf.org.br, 3/11/06.

Texto 3

Baixa contra o preconceito

O sol nasce para todos, nós deficientes


ficamos muito loucos, sem a vontade
dos nossos políticos, porque não tem as
rampas das calçadas e nós deficientes
corremos perigos com as cadeiras de rodas nas ruas.
Por isso, baixa contra o preconceito

Ainda eu falo mais coisas,


este país não tem ônibus próprio adaptado
para nós e não tem rampa as entradas dos cinemas,
não tem rampa nas entradas dos
colégios, comércios, então,
baixa contra preconceito,

nós temos o mesmo direito de


trabalhar e divertir sem essas barreiras nas
nossa frente.
Sabemos que a lei existe, não é cumprida,
Isso é preconceito ou falta de sensibilidade?
De quem é a responsabilidade?
BAIXA CONTRA O PRECONCEITO.
www.cf.org.br, 3/11/06.

136
Baseando-se no contexto da coletânea exposta:

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1. Defina, em um VERBETE, o que vem a ser inclusão.
2. O autor do texto 3 reivindica ações governamentais para facilitar a vida dos
deficientes. No entanto, podemos observar que, muitas vezes, o cidadão
comum torna-se empecilho para as pessoas com necessidades especiais.
Não é raro, por exemplo, motoristas estacionarem carros diante de rampas,
bloqueando a passagem de cadeiras de rodas. Em um PANFLETO, sugira
medidas que o cidadão comum pode tomar para amenizar as limitações das
pessoas com deficiência.
3. A partir da leitura dos textos, especialmente dos dois primeiros, ilustre,
através de uma CRÔNICA NARRATIVA, a seguinte afirmativa:
“Não são as palavras que, muitas vezes, rotulam ou conceituam, mas sim as
atitudes”.

Tema 19: Educação

Proposta 12

Texto 1

Incentivo à leitura
O melhor exemplo é o dos pais

O estímulo à leitura deve começar cedo e incentivado sempre pela família


e a escola. Na Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, O POVO falou com
especialistas em educação que alertam que o melhor exemplo deve partir de
dentro de casa.

Contar e ler histórias, presentear com livros, frequentar espaços de leitu-


ra. São estratégias importantes na formação do leitor. E quanto mais cedo a
criança for apresentada ao “mundo “ dos livros, melhor. A escolha deve levar
em consideração a faixa etária e para os pequenos são recomendados livros
coloridos e com narrativas curtas.
Mas como incentivar o hábito da leitura? Para a autora do livro Cultivando
um bom leitor desde o berço, Diane McGuinness, o melhor predicado é o de-
senvolvimento das habilidades da linguagem desde os primeiros cinco anos
de vida. A especialista em psicopedagogia e arte-educação, Tâmara Bezerra,
diz que primeiro é preciso aproximar a criança dos livros desde cedo para
que se familiarize com as narrativas. “É importante apresentar a leitura como
atividade prazerosa”. Para os pequenos, são recomendados narrativas curtas
e livros coloridos. Ela lembra que pode se contar que se tem na memória

137
e ao ler histórias, apresentar o livro como sendo parte dessa história. Para
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a psicopedagoga Cristina Rocha, a introdução à leitura pode partir da con-


tação de história e estimular sempre à medida que a criança for crescendo.
Nas livrarias existem títulos para todas as idades e a escolha deve obedecer
a esse critério para que não perca o interesse pela leitura. “Não podemos
trabalhar a leitura como obrigação, mas como prazer, de forma lúdica”. Ela
observa que além da leitura, pode-se estimular a dramatização, que a criança
interprete o que leu.
Mestre em educação e doutor em sociologia, Luis Eduardo Távora Furta-
do Ribeiro, lembra que quanto mais cedo iniciar o gosto pela leitura, melhor.
Ele, que é diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do
Ceará, ressalta que é importante os pais lerem para as crianças, falar sobre
boa leitura, apresentar reportagens interessantes. Segundo ele, isso também
ajuda a aproximar os adultos da leitura. Luis ressalta que os benefícios de
quem ler são muitos: “É bom para a espiritualidade, amplia os conhecimen-
tos em todos os aspectos”.
Mas se os pais querem que seus filhos sejam leitores, os especialistas em
educação lembram que o exemplo deve partir deles. “Nada como o exemplo
dentro de casa”, alerta Cristina Bezerra. Os pais e a escola representam papel
fundamental no processo de desenvolvimento da linguagem e no hábito de
leitura. Formar o hábito de ler na adolescência é mais difícil, mas não impos-
sível. Por isso, Tâmara Bezerra observa que a contação de história deve ser
diariamente e em todas as faixas etárias. “Precisamos acabar com o mito que
contar história é coisa para criança”.

Como incentivar a leitura


– A introdução à leitura pode ser iniciada com a contação de história seja
na hora de dormir, durante uma viagem;
– Na hora de contar histórias para os pequenos, devem ser escolhidas as
narrativas curtas. Se for presentear, escolha os livros coloridos;
– Para os bebês, tem livros de tecidos, plásticos que podem ser manuseados
sem problema;
– Os pais podem apresentar a leitura a partir do momento que a criança
comece a falar;
– É importante presentear com livros. A escolha deve ser feita com base
na idade da criança;
– Os pais devem dar o exemplo, adquirindo bons livros, revistas, jornais e
disponibilizando para todos da casa;
– A família e a escola têm papel importante na formação do gosto pela
leitura;
– Estimule a leitura e depois peça para a criança contar a história, dramatizar,
desenhar;

138
– A tecnologia é importante, mas não deve substituir o prazer da leitura.

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Por isso, estabeleça horários para que a criança fique no computador, na
televisão ou no vídeo game;
– Na ida ao shopping, aproveite para passar nas livrarias. Também é reco-
mendado levar os filhos para bancas de revistas;
– Se o hábito não for adquirido na infância, mais difícil será na adolescência.
Porém, não é impossível;
– Os pais devem apresentar diversos tipos de textos literários como crônicas,
contos, cordel, poesia;
– A leitura traz inúmeros benefícios como prazer espiritual, amplia os co-
nhecimentos.

Fonte: Psicopedagoga Cristina Rocha, Luis Távora Furtado Ribeiro, mestre em


educação e doutor em sociologia, Tâmara Bezerra, especialista em psicopeda-
gogia e em arte-educação.
Fátima Guimarães, O Povo, 26/10/2006.

Com um PANFLETO aos pais dos alunos da escola onde você estuda,
conscientize-os da importância da leitura e mostre-lhes o papel que eles têm
na educação dos filhos.

139
Tema 20: Relação de gênero e poder
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Proposta 13
O Poder Judiciário deve reconhecer a união estável entre pessoas do
mesmo sexo?

Texto 1

SIM – Em nome da dignidade humana

O papel do magistrado em relação ao tema da união heterossexual, assim


como em todos os demais, é o de ser o garantidor dos direitos humanos.
Constatamos que a legislação infraconstitucional e, principalmente, o pensa-
mento transmitido nas universidades têm como ponto irradiador a proprie-
dade, o que deu vazão para que o reconhecimento das relações pessoais
ocorra nos estritos termos de uma sociedade de fato, na qual o sentido é
exclusivamente a divisão do patrimônio. Sob este ângulo, são inexistentes
para aqueles que não têm bens. Há um mundo de excluídos entre os excluí-
dos homossexuais.
Contudo, os povos deram primazia, por tratados internacionais, ratifica-
dos pelo Brasil, ao valor da dignidade humana, acolhido como paradigma e
referencial ético. É nesse nível que a relação homoafetiva deve ser analisada,
para qualquer efeito e finalidade.
Importante registrar que direitos humanos “não nascem todos de uma só
vez e nem todos de uma vez por todas”. É um processo em construção, no
qual o Judiciário tem papel fundamental, que realiza pelas decisões de pri-
meira instância, construindo a jurisprudência e dando vida ao direito em seu
processo de transformação, acompanhando o giro do mundo.
Antes falávamos de heterossexuais; agora, de relações homoafetivas. O
núcleo da relação e da vida é outro, e essa compreensão os operadores do
direito precisam alcançar.
O Judiciário engatinha, mas há passos significativos. O STJ, em ementa
que teve como relator o ministro Quaglia Barbosa, que tratava de direito pre-
videnciário, fez constar: “Não houve, pois, de parte do constituinte, exclusão
dos relacionamentos homoafetivos, com vista à produção de efeitos no cam-
po previdenciário, configurando-se mera lacuna, que deve ser preenchida a
partir de outras fontes do direito”.
Outra ementa, que teve como relator o ministro Humberto G. de Barros,
indicou que “a relação homoafetiva gera direitos e, analogicamente à união
estável, permite a inclusão do companheiro dependente em plano de assis-
tência médica”.

140
O TSE, recentemente, considerou que o relacionamento homossexual es-

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tável gera a inelegibilidade prevista no artigo 14, parágrafo 7º, da CF.
Temos inúmeras decisões relativas à guarda de filho e herança decorrente
de relações homoafetivas.
Em legislações estrangeiras, há previsão expressa de matrimônio entre
pessoas do mesmo sexo, como na Dinamarca, França, Portugal, Suécia e Ale-
manha, entre outros. Em alguns países, há autorização de registro de casais
de um mesmo sexo e contratos especiais, como na Colômbia e Espanha e em
algumas Províncias da Argentina e do Canadá.
No Brasil, temos proposições legislativas de caráter restrito que não che-
garam a termo e estão nos meandros do Congresso. Entretanto, obrigatório
ressaltar recente norma brasileira, a Lei Maria da Penha, que trata da violência
doméstica e introduz novo parâmetro de aplicação do direito na matéria, ao
estabelecer no artigo 5º que as relações pessoais “independem de orienta-
ção sexual”.
A relação homoafetiva é um fato; hipocrisia fechar os olhos para sua exis-
tência e cruel não garantir dignidade para essas pessoas. Ainda que o nosso
ordenamento jurídico infraconstitucional não discipline os direitos advindos
das relações homoafetivas, a dignidade da pessoa humana é fundamento
da República, que acolheu os princípios da igualdade e da liberdade. Assim,
cristalino que a união estável não pode ser entendida como exclusivamente
heterossexual.
Cabe ao magistrado atuar no vácuo normativo. Fábio Konder Comparato
lembra que “a finalidade última do ato de julgar consiste em fazer justiça,
não em aplicar cegamente as normas do direito positivo. Ora, a justiça, como
advertiu a sabedoria clássica, consiste em dar a cada um o que é seu. O que
pertence essencialmente a cada indivíduo, pela sua própria natureza, é a dig-
nidade de pessoa humana, supremo valor ético. Uma decisão judicial que
negue, no caso concreto, a dignidade humana é imoral e, portanto, juridica-
mente insustentável”.
Os magistrados têm a obrigação de dar eficácia à ideia de que os se-
res humanos devem ter uma vida digna como atributo indissociável de suas
existências, e só atingiremos essa meta se, na lacuna legislativa, deixarmos
de tratar as pessoas envolvidas em relações homoafetivas como sujeitos de
segunda classe ou não sujeitos.

KENARIK BOUJIKIAN FELIPPE, 47, juíza de direito em São Paulo, é presidente da Federação de Associações de
Juízes para a Democracia da América Latina e Caribe e secretária do Conselho Executivo da Associação Juízes para
a Democracia.

141
Texto 2
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NÃO
Realidades diversas, tratamentos distintos

A Constituição de 1988 consagra em seu art. 226 uma máxima de pensa-


dores ilustres das mais variadas épocas e tendências ideológicas: a família é
a “base da sociedade”. Razão pela qual, conforme tradição de nossas Cons-
tituições, tem “especial proteção do Estado”. Essa proteção se dá mediante
o instituto do casamento (entre homem e mulher, conforme parágrafo 5o do
art. 226), previsto na Lei Maior e detalhado na legislação cível.
A Constituição, ademais, reconheceu, para efeito de proteção do Estado, “a união
estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar
sua conversão em casamento” (art. 226, parágrafo 3 o ). A lei no 9.278/1996,
que a regulamentou, dispõe em seu art. 1o: “É reconhecida como entidade
familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma
mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família”. O Código Civil
de 2002, no art. 1.723, adota o mesmo conceito.
Um dos maiores jusfilósofos da atualidade, Karl Larenz, em seu clássico
“Metodologia da Ciência do Direito”, leciona que o direito “desenvolve por
si métodos de um pensamento ‘orientado a valores’”.
Apesar dos não poucos percalços, prossegue a família sendo efetivamen-
te a célula básica da sociedade, em que cada novo ser humano é gerado da
união entre um homem e uma mulher, que lhe transmitem não só o patrimô-
nio genético como também o psicológico, espiritual, cultural e de valores,
constituindo, ademais, a ambiência fundamental para o seu desenvolvimen-
to. É o elo imprescindível entre as diversas gerações que constituem uma
nação – e, em amplitude, a humanidade.
A união entre pessoas do mesmo sexo é realidade diversa, tanto com re-
lação a aspectos naturais e humanos como com relação a suas consequências
– o que importa em tratamento diferenciado.
Não tem fundamento, pois, a meu ver, a pretensão de aplicação, a essa
união, de regras do casamento ou da união estável entre homem e mulher.
E não altera tal situação a invocação a princípios gerais relativos à digni-
dade humana, à igualdade perante a lei ou à vedação de discriminação, que
supõem, quando não exigem, tratamento distinto para situações distintas.
É esse o caso, aliás, dos impedimentos para o matrimônio (vide art. 1.521
do Código Civil de 2002), em razão dos quais alguns homens e mulheres são
impedidos de casar.
Entendo, portanto, adequado o posicionamento da mais conceituada
doutrina e da jurisprudência do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e de outros
tribunais brasileiros que, a exemplo do legislador constitucional e cível, não

142
admitem a “união estável entre pessoas do mesmo sexo”. Nesse sentido, a

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douta jurista Maria Helena Diniz, que ressalta como primeiro dos “elementos
essenciais” à configuração da união estável a “diversidade de sexo” (“Códi-
go Civil Anotado”).
As várias questões decorrentes da união de pessoas do mesmo sexo, que
constituiria uma sociedade de fato com características especiais, devem ser
resolvidas, no meu entendimento, caso a caso, pelos tribunais, mediante apli-
cação de princípios gerais de direito, não admitindo, entretanto, a transposi-
ção pura e simples de regras da união estável entre homem e mulher, como
bem decidido recentemente, de forma unânime, pela Terceira Turma do STJ.
Corroborando tal posicionamento, cabe lembrar a lição de um dos mais
insignes juristas brasileiros, Caio Mario da Silva Pereira, a propósito de novos
conceitos jurídicos, que me parece aplicável à questão: “É preferível que a
elaboração pretoriana vá promovendo sua construção dentro da variedade
dos casos da espécie, e destarte permitindo à doutrina uma flexibilidade
conceitual mais proveitosa”. (“Instituições de Direito Civil”, vol. 5). Ademais,
tratando-se de fenômeno social relativamente recente, ao menos em suas
atuais dimensões, conviria observar sua evolução e consequências, tanto em
nível individual como social.
PAULO SILVEIRA MARTINS LEÃO JUNIOR, 51, advogado, é presidente da União dos Juristas Católicos do RJ.
(Folha de São Paulo, 4/11/06).

• Escreva um ARTIGO DE OPINIÃO sobre o tema tratado nos textos.

143
Tema 21: Religião e Liberdade de Expressão
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Proposta 14

Texto 1
De acordo com as pesquisas de opinião, a maioria das pessoas no mundo
diz que a religião é muito importante em suas vidas. Muitas diriam que suas
vidas não fariam sentido sem a religião. É tentador aceitar o que dizem sem
questionamento, declarar que não há mais nada a dizer – e deixar por isso
mesmo. Quem pode querer interferir com a coisa, seja lá o que for, que atri-
bui sentido às vidas das pessoas?
Se fizermos isso, porém, estaremos propositalmente deixando de lado
algumas questões sérias. Será que qualquer religião pode conferir sentido de
uma maneira que devemos respeitar e honrar?
Daniel Dennet, diretor do Centro de Estudos Cognitivos da Universidade de Tufts.
Mais! Folha de São Paulo 12.fev.2006.

Texto 2
Terça-feira, dia 12 de setembro, cidade de Ratisbona (ou Regensburg),
Alemanha. O papa Bento XVI sentia-se literalmente em casa. Estava em seu
país natal e visitava a universidade onde foi vice-reitor e ensinou teologia en-
tre 1969 e 1971. Diante de cientistas e professores universitários, assim como
personalidades eclesiásticas, o sumo pontífice, em aula magna, analisou a
natureza do Islã. Afirmou que o caminho do ser humano para a fé passa pelo
discurso racional e nunca da violência.
“A vontade do Deus do Islã não está subordinada à razão”, declarou o
chefe da Igreja Católica. (...) “A fé é fruto da alma, não do corpo. Quem quiser
conduzir alguém à fé precisa falar bem e argumentar corretamente em vez
de usar a violência e a ameaça”, reiterou ele. “Não atuar segundo a razão é
contrário à natureza de Deus”. (...) Bento XVI também tratou de outros temas
delicados, afirmando que o fanatismo destrói a imagem de Deus e que o evo-
lucionismo enquanto ciência por si só não explica a origem do mundo.
Mas a tranquila aula magna do sumo pontífice ali proferida provocou um
grave incidente entre o mundo islâmico e a Igreja Católica. No discurso, ao
fazer associação entre a razão e a violência, tomou como referência uma fra-
se do imperador bizantino Manuel II (1350-1425), o Paleólogo, num diálogo
com um sábio persa: “Mostre-me as coisas novas introduzidas por Maomé e
só encontrarás coisas más e desumanas, como ter ordenado difundir com a
espada a fé que prega”.

144
Foi o bastante para que um verdadeiro turbilhão de críticas, protestos

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(alguns violentos) se abatesse sobre os países de maioria muçulmana e tam-
bém em algumas nações europeias onde existem numerosas comunidades
islâmicas.
As reações foram quase idênticas aos protestos de fevereiro último, cau-
sados pela publicação, por um jornal dinamarquês, de charges com o profeta
Maomé.
Ameaças de atentados ao papa e ao Vaticano por parte da Al-Qaeda,
queima de bonecos representando Bento XVI (em Basra, no Iraque), decla-
rações duras do aiatolá Khamenei, guia espiritual do Islã, foram algumas das
reações ao discurso de Ratisbona.

O Povo, acessado em 30/10/06 - adaptado.

Texto 3
O Papa Bento XVI fez o seu controvertido discurso na Alemanha um dia
depois do quinto aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001. É difícil
acreditar que sua referência aos traços inerentemente violentos do islamismo
tenha sido acidental. (...)
Por virem depois da crise das charges dinamarquesas, suas declarações
envolvem extremo perigo. Convencerão mais mulçumanos de que o Ocidente
sofre de uma incurável islamofobia e está envolvido em uma nova cruzada.
Simplesmente não podemos arcar com o custo desse tipo de fanatismo.
O problema é que pessoas demais no mundo ocidental compartilham in-
conscientemente desse preconceito, convictas de que o islã e o Alcorão pro-
movem a violência de modo irreprimível.
Os terroristas de 11 de Setembro, que na verdade violaram princípios es-
senciais do islamismo, confirmaram essa bem enraizada percepção ocidental
e são encarados como mulçumanos típicos – não como os extremistas que
realmente eram.
Karen Armstrong, historiadora das religiões. Mais! Folha de São Paulo. 24/9/2006.

Texto 4
O Alcorão condena a guerra em geral e permite apenas a de autodefesa.
Opõe-se firmemente ao uso da força em questões religiosas. Tem uma vi-
são inclusiva; reconhece a validade de toda religião corretamente orientada
e enaltece todos os grandes profetas do passado [cf. Alcorão 5, 65; 22, 40-43;
2, 213-15]. Ao pregar à comunidade pela última vez, Maomé recomendou aos
fiéis que utilizassem a religião para compreender os outros, pois somos todos

145
irmãos: “Nós vos criamos a partir de um homem e uma mulher e vos organi-
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zamos em nações e tribos para que possais conhecer-vos mutuamente” [cf.


Alcorão 49,13]. A ideologia de exclusão e separação contraria essa tolerância.
O Alcorão declara categórica e enfaticamente: “Não haverá coerção em ma-
téria de fé” [cf. 2, 256].

Karen Armstrong. Em nome de Deus: o fundamentalismo no judaísmo,


no cristianismo e no islamismo.

1. Desenvolva uma CARTA ao presidente do CONIC (Conselho Nacional de


Igrejas Cristãs do Brasil), Pr. Dr. Rolf Schürnemann, a partir do seguinte recorte
temático:
Segundo dados divulgados pela revista Veja em 1o de novembro deste
ano, apenas 7,4% dos brasileiros se declaram sem religião. Dos quase 93%
restantes, 89% afirmam ser cristãos. Em um país onde grassa a miséria e
a corrupção, é paradoxal mais de 80% da população brasileira afirmar-se
adepta de uma doutrina que prega o amor ao próximo. Essa realidade não
seria incoerente?

2. Os textos-base evidenciam um preconceito que, na visão da estudiosa Karen


Armstrong, é denominado de islamofobia. Isto é, uma aparente aversão dos
ocidentais pelos muçulmanos, considerados, geralmente, pelo imaginário
do Ocidente como violentos, atrasados e terroristas. Isso não é verdade,
confirmado por análises do Islã e do Alcorão feitas sem leviandade, como
mostra, grosso modo, o texto 4. ARGUMENTE sobre algumas das causas
que promovem essa imagem deturpada do Islã.

3. Trabalhe uma NARRATIVA a partir do seguinte recorte temático:

Mesmo a sociedade moderna sendo fundamentada na razão, as práticas


religiosas ainda são muito comuns. Elas parecem trazer conforto, confiança
e coragem frente às adversidades àquele que crê. Para muitos, hoje, Deus
é um companheiro de todas as horas.

146
Proposta 15

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TEXTO 1

Escolas do Rio vão ensinar criacionismo

A decisão de introduzir no ano de 2004 o ensino do criacionismo nas es-


colas estaduais do Rio foi condenada por cientistas. Ouvidos pela Folha, dois
deles disseram que a iniciativa faz parte de uma estratégia política de grupos
religiosos evangélicos que tentam contrapor a fé à ciência.
Para Candotti, grupos políticos evangélicos descobriram no criacionismo
um instrumento para “marcar posição, criar polêmica, ganhar visibilidade e ar-
rebanhar apoio”. “Isso não é uma iniciativa sincera de discutir fé e religião.”
A polêmica no Rio de Janeiro vem do ano 2000, quando o então governa-
dor Anthony Garotinho sancionou lei que previa o ensino religioso confessio-
nal (com aulas separadas por credo) nas escolas estaduais.
Neste ano, a governadora Rosinha Matheus, que, como o marido Garoti-
nho, é presbiteriana, contratou os novos professores. No entanto, segundo a
Secretaria de Educação, não há estrutura para oferecer aulas confessionais.
O ensino segue interconfessional, e o conteúdo das aulas é decidido por re-
presentantes das religiões.
A secretaria definiu a “criação” como tema a ser discutido neste ano nas
aulas de religião. “Não vamos nos aprofundar no criacionismo, vamos tratar
disso de maneira superficial, oferecendo a informação religiosa”, afirmou Su-
zana Viana, da equipe de educação religiosa da secretaria.
“Não vamos contrapor as teses, mas o equivocado seria oferecer só uma
informação. O evolucionismo é tão questionado quanto o criacionismo”, diz.
A linha é apresentar o criacionismo como mais uma tese sobre a origem da
vida.
Ennio Candotti disse que não é correto comparar o criacionismo à teoria
da evolução, mesmo que em disciplinas separadas. “O evolucionismo tem
um lastro de estudos e comprovações.”
O físico e historiador da ciência Ildeu de Castro Moreira tem opinião se-
melhante. “A liberdade de crença é fundamental, mas é inadequado colocar
no mesmo patamar o criacionismo e a seleção natural. Isso pode criar uma
confusão danada na cabeça do aluno.”
Augusto Gazir da Folha de S.Paulo – Adaptado. 3/11/06.

147
Texto 2
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Igreja Católica pressiona Alckmin a mostrar no debate da Globo


que Lula pretende aprovar o aborto no Brasil

A cúpula da Igreja Católica vai pressionar seu fiel e candidato presidencial


Geraldo Alckmin a confrontar Lula da Silva sobre o projeto de descriminali-
zação do aborto, defendido pelo governo. Os Bispos querem que Alckmin
alfinete Lula sobre a questão do aborto no último debate presidencial, mar-
cado para sexta-feira, na Rede Globo. O tema vem sendo estrategicamente
ocultado da campanha eleitoral, por ser polêmico e contrariar a opinião da
maioria dos eleitores de Lula, principalmente os do Nordeste, onde o catoli-
cismo ainda é muito forte.
A questão do aborto passou batida ontem à noite no debate presidencial
da Record. Bispos esperavam que Alckmin tocasse no assunto, justamente na
emissora cujos acionistas são Bispos da Igreja Universal do Reino de Deus.
O fervoroso católico Geraldo, que é até apontado como membro da ultra-
conservadora prelazia papal Opus Dei, negou fogo sobre o tema que incen-
diou a campanha para o Senado no Rio de Janeiro, prejudicando a candidata
Jandira Feghali, do PC do B.
Defensora e relatora do projeto de Descriminalização do aborto na Câma-
ra, a médica pediatra Jandira foi alvo de uma cirúrgica campanha dos católi-
cos. Os fiéis distribuíram, nas paróquias, panfletos contra Jandira. A campa-
nha de mobilização dos católicos contra o aborto também teve destaque na
Internet. A deputada comunista bateu de frente com a cúpula da Arquidio-
cese. Sua coligação tentou censurar o cardeal Dom Eusébio Scheid com uma
medida judicial. O preço pago foi a derrota dela ao Senado, em uma eleição
em que ela aparecia como franca favorita nas pesquisas.
Jorge Serrão, site www.alertatotal.blogspot.com, 3/11/06e.

• Nos últimos anos, o mundo vem presenciando o que se convencionou chamar


de devoção militante. Grupos religiosos, muitas vezes fundamentalistas, não
aceitam a religiosidade como algo individual e privado, buscando impor suas
concepções religiosas e morais a uma sociedade laica. Se um número consi-
derável de cidadãos confessa um credo que exerce influência nos costumes
e na moral de uma sociedade, seria democrático impor tal moral baseada
na fé a outros que não professam tal crença? Responda em um ARTIGO DE
OPINIÃO.

148
Proposta 16

Dicas de Vestibular | Propostas de Redação


Texto 1

Charges revoltam os muçulmanos

Os muçulmanos de vários países realizaram pro-


testos contra charges do profeta Muhammad (Mao-
mé) publicadas em jornais europeus. A tradição islâ-
mica majoritária proíbe reproduções de imagens do
profeta. Mas o que tornou particularmente violenta a
reação dos fiéis foi o conteúdo das charges. Uma de-
las, por exemplo, retrata Maomé com um turbante em
forma de bomba com o estopim aceso.O motivo da
revolta é fácil de ser compreendido. Os desenhos re-
forçam um preconceito – o de que todos os muçulma-
nos, ou árabes, estão associados ao terrorismo. Para criticar os fundamenta-
listas responsáveis por atentados, atingem-se os praticantes de uma religião
com 1,2 bilhão de seguidores no mundo.
As 12 caricaturas ofensivas saíram em setembro de 2005 no jornal dina-
marquês Jyllands-Posten. Entidades muçulmanas dinamarquesas protes-
taram contra o jornal e enviaram petições ao governo, mas não receberam
resposta. A Dinamarca é um dos países das Europa que possuem legislação
mais restritiva à entrada de imigrantes e procura dificultar especificamente o
ingresso de muçulmanos fundamentalistas.
Em dezembro, o encontro da Organização da Conferência Islâmica, que
reúne muçulmanos de diversos países, expressou sua condenação às char-
ges. O assunto passou a ser discutido num âmbito maior, e, como início da
repercussão, os desenhos foram reproduzidos em outros jornais europeus.
Isso acirrou ainda mais os ânimos e desencadeou manifestações violentas
desde o fim de janeiro.
Em dezenas de países, houve fortes protestos. Na Síria e no Líbano, as
sedes das embaixadas da Dinamarca foram queimadas. Os manifestantes pe-
dem o boicote aos produtos dinamarqueses. Houve pelo menos 11 mortes
nos atos nos primeiros dias de fevereiro.
Atualidades Vestibular, 1o semestre 2006.

149
Texto 2
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Jornal dinamarquês publica caricaturas sobre Holocausto

COPENHAGUE – (08 de setembro) O jornal


dinamarquês Information reproduz uma sele-
ção das caricaturas sobre o Holocausto, tiradas
da exposição-concurso promovida recente-
mente por um veículo iraniano, como reação às
charges de Maomé publicadas na Europa e que
geraram uma crise internacional.
A mostra, promovida pelo jornal iraniano
Hamshari, conta com a participação do brasilei-
ro Carlos Latuf e foi inaugurada em 15 de agos-
to no Museu Palestina, em Teerã. O Information
usa as caricaturas para ilustrar uma entrevista com o curador da exposição-
concurso, Massoud Shojai Tabatabai, e justifica sua publicação em defesa da
liberdade de expressão e seu “dever” de acompanhar um caso que nasce da
difusão das charges de Maomé no jornal dinamarquês Jyllands-Posten.
Não fazer isso “confirmaria que as pessoas que chamam o Ocidente de
hipócrita em questões de liberdade de expressão têm razão”, argumenta o
jornal, ressaltando que poucos dos desenhos negam o Holocausto. Tabata-
bai destaca na entrevista que o objetivo é questionar os limites da liberdade
de expressão na Europa, e que nem ele nem os que tiveram a ideia têm nada
contra os judeus.
Um dos desenhos reproduzidos no Information mostra duas tumbas: uma
com apenas uma caveira debaixo da lápide com a legenda “Holocausto” e
outra, com as palavras “Sabra e Chatila” – em referência a um massacre de
refugiados palestinos –, cheia de esqueletos.
O Information é um modesto, mas importante jornal de orientação pro-
gressista e viés intelectual, com tiragem diária de quase 20 mil exemplares e
relacionado, em suas origens, com o movimento de resistência ao nazismo.
Em declarações ao jornal, o rabino superior da Comunidade da Fé Judai-
ca na Dinamarca, Bent Lexner, ressalta que os desenhos são de mau gosto,
mas que não trazem nada novo, já que “o mundo árabe” já teve atitudes
semelhantes anteriormente.
Estadão, acessado em 01/11/2006.

150
Texto 3

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Mãozinha Censurada

Quem dera que a Justiça no Brasil também


fosse tão eficiente para coibir a ação da “mão
grande” do governo do crime organizado, com
todos os dedos, que age contra os cofres públi-
cos, nos três poderes republicanos do Brasil. O
Tribunal Superior Eleitoral proibiu a distribuição
de adesivos que façam referência à deficiência
física do presidente Lula da Silva. O ministro Mar-
celo Ribeiro, relator do processo, também proi-
biu qualquer outro tipo de propaganda eleitoral
que cite a falta do dedo mínimo da mão esquerda
de Lula. O dedinho foi perdido em um torno mecânico na época em que tra-
balhava como metalúrgico.
O adesivo distribuído, principalmente em cidades do Sul do País, mostra
uma mão com apenas quatro dedos, inserida em um símbolo de trânsito, que
indica proibição. Tem uma faixa diagonal vermelha sobre a mão sem o dedo
mínimo. De acordo com a decisão do ministro, o material “atenta contra a
dignidade da pessoa humana, promovendo discriminação em razão de defi-
ciência física” e pode configurar em crime contra a honra.
O pedido para que fosse proibida a propaganda da mãozinha partiu da se-
nadora Ideli Salvatti (PT-SC). Mas como a senadora não tinha legitimidade para
representar no TSE, o pedido foi analisado pelo Ministério Público Eleitoral, que
passou a ser o autor da ação. No pedido original feito pela líder do PT no Sena-
do, também foi solicitado que o TSE determinasse a abertura de um inquérito
pela Polícia Federal, a fim de que seja identificado o autor da propaganda.
O pedido foi atendido pelo ministro do TSE, e a PF terá a missão quase
impossível de descobrir quem inventou a tal propaganda, que circula, há mais
de um ano, pela Internet.
www.alertatotal.blog.spot, acessado em 16/11/06.

1. É possível usar a expressão “piadas sem graça” para caracterizar as manifesta-


ções expressas nos textos-base? Visto que elas podem ser consideradas pro-
vocações gratuitas e desnecessárias, é lícito considerar ofensa como liberdade
de expressão? Responda a essa questão em um texto DISSERTATIVO.

2. A defesa de uma ideia deve ser feita mediante a apresentação de razões, em


face de um raciocínio coerente e consistente. Na falta de bons argumentos,
não é raro recorrer-se, levianamente, à ironia, ao insulto e ao preconceito.
Ilustre esse recorte temático através de um CONTO.

151
3. Ao acrescentar à caricatura do profeta a noção de violência indistinta, o
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desenhista e o seu jornal não se limitaram a escarnecer de um credo. A


sua estereotipada mensagem é inequívoca: islamismo e terrorismo são
uma coisa só, todo muçulmano é terrorista. A isso se chama islamofobia,
uma expressão de hostilidade étnica que, como todas as demais, deveria
merecer o vivo repúdio do mundo civilizado. É verdade que, em razão do
conflito israelense-palestino, a cultura popular nos países muçulmanos vem
se encharcando de anti-semitismo. Isso, no entanto, não atenua a ofensa
praticada por um órgão de imprensa de um país tido como um dos mais
iluminados do mundo. Segundo sua leitura de mundo, como a mídia, em
especial a televisiva, difunde, se é que realmente difunde, a islamofobia?
ARGUMENTE sobre isso.

Tema 22: Mundo China

Proposta 17

Texto 1
A China é uma antiga unidade histórica, cultural e geográfica na parte
continental do leste da Ásia, incluindo algumas ilhas que desde 1949 foram
divididas entre a República Popular da China (que inclui a China Continental,
Hong Kong e Macau) e a República da China (que inclui Taiwan e algumas
ilhas da Província Fujian).
A palavra China costuma referir-se a regiões que, em termos mais especí-
ficos não fazem parte dela, como é o caso da Manchúria, da Mongólia Interior,
o Tibete e Xinjiang. Nos meios de comunicação ocidentais, “China” refere-se,
normalmente, à “República Popular da China”, enquanto que “Taiwan” se re-
fere à “República da China”. Muitas vezes, em termos informais, especialmen-
te entre chineses e ingleses (no contexto do mundo dos negócios), “a Grande
Região da China” refere-se ao sentido mais lato, tal como foi apresentado no
parágrafo anterior.
A palavra portuguesa China, bem como o prefixo associado, Sino-, deri-
vam, provavelmente, de “Qin” (pronúncia “tchim”, onde o “q” é pronunciado
como um “t” álveo-palatal, como o “ch” na palavra inglesa “chest”, e o “in”
como o “im” do português “latim”). Há quem defenda, no entanto, que Chi-
na derive da palavra chinesa para chá (igual à palavra em português que,
aliás, tem origem etimológica no mandarim) ou, mesmo, de “seda” (note-se,
em jeito de nota de rodapé, que é vulgar a associação entre a palavra “chi-
na” e os produtos que têm aí a sua origem: “china”, em português, também
pode significar porcelana) . Qualquer que seja, contudo, a origem da palavra
“China” (que é uma palavra europeia, não existindo em qualquer das línguas

152
sino-tibetanas) foi-se perdendo à medida que era filtrada pelos vários povos

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atravessados pela Rota da Seda, que fazia a primeira ligação histórica estável
entre esta região asiática e a Europa.
http://pt.wikipedia.org/wiki/China.

Texto 2
Em 28 anos, a China comunista empreendeu uma revolução capitalista
na economia. Com Deng Xiaoping no comando, o país se abriu para investi-
mentos estrangeiros (através de Zonas Econômicas Especiais), incentivou a
propriedade privada no campo e desestatizou a produção. O crescimento
passou a ser veloz e consistente. Partindo de um patamar baixo em 1978, a
nação cresceu à média de 9,9% nos anos 1980, 10,3% nos anos de 1990 e,
agora, perto de 9% a partir de 2000. Os resultados mais aparentes são a mo-
dernização do país e a redução da miséria dos 1,3 bilhão de habitantes. Hoje
a nação é 12 vezes mais rica do que há 25 anos. Sua economia equivale à soma
do Brasil, do México, do Chile e da Dinamarca.
Extraído de Atualidades Vestibular – 1o semestre de 2006 – Ed. Abril.

Texto 3
A velocidade da revolução educacional acompanha o ritmo do espantoso
crescimento econômico. Em 1976, a China emergia do período de trevas da
Revolução Cultural (que, como se sabe, era inteiramente anticultural), durante
o qual a atividade intelectual do país ficou paralisada, professores universitá-
rios foram forçados a criar gado e as escolas se tornaram centros de adoração
ao líder Mao Tsé-tung.
Nessa época, os índices de analfabetismo beiravam a casa de 60% – um
desastre para um país com aspirações a potência mundial. Em apenas três
décadas, a China conseguiu erguer um sistema de ensino eficiente o bastante
para emplacar duas de suas universidades entre as melhores do mundo (se-
gundo rankings mundiais que medem a produção acadêmica), formar nada
menos que 1,2 milhão de pesquisadores com doutorado e reduzir o analfabe-
tismo a 4%. Isso num universo de dimensões chinesas.
As salas de aula do país absorvem 240 milhões de estudantes de todos
os níveis – uma vez e meia a população inteira do Brasil. É a maior concentra-
ção de alunos do mundo. Conclusão: mesmo partindo de uma situação de
atraso catastrófico, há três décadas, e lidando com as complicações de uma
engrenagem de proporções gigantescas, a China conseguiu alcançar uma
produção acadêmica expressiva em todos os níveis de ensino. Está na frente
do Brasil. (...)

153
Outra estratégia que impulsiona o progresso do ensino é atrair de volta
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pessoas que deixaram o país, sobretudo nas décadas de 70 e 80, para estudar
e trabalhar no exterior. Elas saíram de uma China na qual o brilhantismo era
malvisto (e mesmo punido, durante os anos da Revolução Cultural) e onde um
cientista no topo ganhava no máximo o equivalente a 100 dólares por mês.
Estão desembarcando num país inteiramente mudado. Na novíssima China,
os bons cientistas ostentam status de celebridade. Recebem convites para
participar de programas de televisão de grande audiência e chegam a ser
parados na rua para distribuir autógrafos. O salário médio de um pesquisador
chinês é hoje de 2.000 dólares.
Revista Veja, 9/8/06.

Texto 4
Os dirigentes chineses pressionam também para que qualquer joint ven-
ture com uma grande empresa estrangeira traga no seu bojo transferência
de tecnologia. A General Motors bateu a Ford numa disputa pela instalação
de uma fábrica em Xangai porque aceitou erguer um centro de pesquisa e
desenvolvimento ali, transferindo tecnologia de última geração para a região.
São 270.000 empresas estrangeiras brigando por espaço na China. Alcançam
algo que o Brasil nunca pensou em conseguir. As companhias automobilís-
ticas chinesas possuem parcerias com empresas estrangeiras concorrentes.
Conseguem, portanto, acesso aos segredos de seus dois sócios – em ne-
nhum outro lugar se veem contratos assim.
Revista Veja, 9/8/06.

Texto 5

“Perdi dez anos da minha vida”

“Tinha uma infância feliz até a China embarcar na Revolução Cultural. O


sítio onde meus pais plantavam milho foi confiscado pelos soldados comu-
nistas, e eles receberam o rótulo de burgueses por terem sido proprietários
de terra. Foram mandados a uma aldeia para trabalhar com os camponeses
locais. Meus pais eram submetidos a torturas constantes e forçados a desfilar
na praça da cidade com uma placa pendurada no pescoço: ‘Sou burguês’.
Eu fui morar com um tio em Pequim, onde continuei a frequentar a esco-
la. Ela tornou-se um braço da revolução. Quem dava aula eram os próprios
alunos ou os camponeses mobilizados por Mao Tsé-Tung. Trancávamos os
professores dias a fio numa sala minúscula. Dávamos a eles um pedaço de
pão por dia. Eram retirados da clausura apenas para passar por um ritual de
humilhação. Nós os obrigávamos a usar chapéus de burro e imobilizávamos
seus braços, para espancá-los.

154
Jamais tive uma aula de física ou de química. A biblioteca foi queima-

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da. Minha rotina escolar consistia em sair à rua rasgando cartazes coloridos,
resquícios do regime burguês, e decorar o livro vermelho de Mao Tsé-Tung.
Repetíamos em voz alta, olhando para a foto do grande líder: ‘Preferimos
o capim de um país socialista à semente do capitalismo’. Quando o pesa-
delo terminou, em 1976, entrei na universidade e voltei a morar com meus
pais. Eles tinham vergonha de mostrar as cicatrizes deixadas pelas torturas.
Eu nunca superei a dor dessas lembranças. Perdi dez anos da minha vida. A
China também.”.
Relato do professor Wang Sen Yui, 30 anos.

Elabore seu texto com base em uma dessas instruções:

1. Em um ARTIGO DE OPINIÃO, cite, com adequada justificativa, três medidas


que o Brasil poderia tomar para atingir um crescimento social parecido com
o que a China desenvolveu nos últimos 30 anos.
2. Produza um DEPOIMENTO sob o ponto de vista de um cidadão chinês que
viveu situações parecidas com as descritas no texto 5 e sobreviveu.
3. Imagine que você é o presidente de uma companhia brasileira que decidiu
abrir uma filial na China. Produza um ANÚNCIO, que será colocado no
mural da(s) sede(s) brasileira(s), tentando convencer alguns funcionários a
se transferirem para a nova sede chinesa.
4. Escreva a NOTÍCIA que originou a seguinte manchete:
“Empresa chinesa desiste de investir no Brasil.”

155
Tema 23: Notícias (Mundo / Brasil)
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Proposta 18

Texto 1

A linguagem jornalística

“A linguagem jornalística adota a variedade padrão da língua, sem con-


tudo perder de vista o universo vocabular do leitor, ouvinte ou espectador.
Exige o emprego do mínimo de palavras e o máximo de informação, corre-
ção, clareza e exatidão.
Eduardo Martins. Manual de redação e estilo de O Estado de São Paulo.
São Paulo: Moderna, 1997.

Texto 2

Da imparcialidade

Os bons jornais e revistas buscam ser impessoais e objetivos. Segundo


Mark Paillet, porém, “há duas linguagens nos jornais: a da notícia, que é o
discurso referencial, informando os dados essenciais dos fatos, e a jornalísti-
ca, que é a linguagem crítica, ideológica, adotada pelo jornal ou pelo redator
do texto.”
Farias, Maria Alice de. O jornal na sala de aula. São Paulo: cortez, 1989. p 48.

A partir de uma das manchetes, NOTICIE para um jornal da escola:

Mundo
1. “Chaves fecha 34 emissoras de rádio.”
2. “Raul Castro reitera que está disposto a dialogar com EUA.”
3. “Farsas da opressão impostas pelos aiatolás, as iranianas fazem ouvir suas vozes.”
4. “A Nobel da Paz e líder do movimento democrata birmanês, Aung San Suu
Kyi, foi condenada a três anos de trabalhos forçados por violar sua prisão
domiciliar.”
5. “Alemanha condena nazista à prisão perpétua por massacre.”
6. “Cientistas mergulharam em mais de 1.400 estudos e concluíram que o risco
de danos irreversíveis é mais forte do que o previsto.”
7. “Companhias aéreas alertam pilotos sobre procedimentos em caso de pane
para evitar um acidente como o do Airbus da Air France.”
8. “O que já mudou na aviação após o desastre com o Airbus.”
9. “Brasil e Paraguai fecham acordo sobre Itaipu; brasileiros pagarão o triplo
por energia.”
10. “Secretário-geral das Nações Unidas alerta para ‘catástrofe climática.”

156
BRASIL

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1. “Crise no Senado prejudica andamento de nomeações e votações.”
2. “Presidente do Conselho de Ética do Senado arquiva todas as denúncias
contra Sarney; oposição tenta recorrer.”
3. “A gripe suína preocupa milhões de brasileiros.”
4. “A Petrobras é a oitava maior empresa do mundo.”
5. “Decisão inédita do STJ: nomeação em concurso ocorrerá mesmo após
prazo.”
6. “Aumentam os cuidados com a segurança também na zona rural.”
7. “A prefeitura de São Paulo divulga na internet todas as suas despesas.”
8. “STF acaba com a obrigatoriedade do diploma de jornalista.”
9. “Propostas de mudança na Lei Maria da Penha causam protestos.”
10. “TJ restaura vigência de lei antifumo para bares em São Paulo.”
11. “CEF utilizará sistema de informações por satélite para fiscalizar o programa
habitacional Minha Casa, Minha Vida.”

157
Tema 24: Outros temas relevantes
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Tema 1

“Aquecimento global prejudicará o Brasil”

O Brasil, o Mediterrâneo e os Estados Unidos estão entre as regiões que


mais vão sofrer as consequências do aquecimento global. ‘E o que indica uma
projeção que prevê secas prolongadas, chuvas intensas e ondas de calor nos
próximos 10 anos.

Tema 2

A revolta do outro

Nascida em torno de um forte, Fortaleza procurou, em vários momentos


de sua história, se livrar dos indesejáveis para a Cidade, o que fomentou es-
tigmas e segregação.
“Mais homicídios na periferia”. “Mais roubos na área nobre da Capital”. As
manchetes do O Povo (20 e 18 de setembro de 2006, respectivamente), feitas
a partir dos relatórios de ocorrência do Centro Integrado de Operações de
Segurança (Ciops) - de julho a setembro passados, mostram que Fortaleza
está cercada. A metrópole sofre uma média de 1,8 caso de homicídio por dia
(crime praticado com armas de fogo, a pauladas, com faca, a pedradas ou por
espancamento). Dos 110 homicídios registrados, 30% se espalham nos bairros
Jangurussu, Barroso, Ancuri, Conjunto Palmeiras e São Cristóvão (região da
Grande Messejana), Parque Santo Amaro, Canindezinho e comunidade do
Alto Alegre (áreas do Grande Bom Jardim/Siqueira). A violência ameaça, ali,
mais de 300 mil pessoas - ou 50% da extensão territorial de Fortaleza. Do
outro lado, Centro, Aldeota, Dionísio Torres e Meireles (os três últimos perten-
centes à chamada “área nobre”) lideram o número de ocorrências policiais re-
lativas a roubos de veículos, roubos à pessoa e a estabelecimentos comerciais
e residências. A classe média tornou-se refém dos sequestros: do início de
2006 para cá, registram-se 15 casos - o número coloca o Ceará no topo dessa
escala, no Nordeste (“Ceará lidera casos no Nordeste”. O Povo, 21/08/2006).
Ana Mary C. Cavalcante, O Povo, 07/10/2006

158
Gêneros Textuais

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Abaixo-Assinado
É um texto de reivindicação coletivo de caráter público ou restrito, subs-
crito por várias pessoas. Normalmente, há um vocativo, com o pronome de
tratamento adequado. No corpo do texto, apresentam-se o problema, a pe-
tição e a justificativa do pedido. Após isso, vêm a citação do local e da data e
as assinaturas. Linguagem culta formal.

Anúncio
É um texto de intenção persuasiva a fim de obter consumidores. O nível
de linguagem deve estar de acordo com o público que se pretende atingir,
utilizando-se geralmente a variedade informal culta da língua. Os verbos nor-
malmente estão no imperativo.

Apólogo
Texto que ilustra um ensinamento de vida através de situações alegóricas
semelhantes às reais, envolvendo normalmente seres inanimados que agem
como pessoas. Os apólogos têm o objetivo de modificar e reformar os con-
ceitos humanos, levando as pessoas a agir de maneira diferente no âmbito
moral e social. Geralmente, a linguagem é culta e formal.

Artigo de Opinião
É um texto de intenção persuasiva em que defende um ponto de vista so-
bre determinado assunto. Deve-se fundamentar tal ponto de vista com base
em argumentações. O autor pode colocar-se de modo pessoal (1ª pessoal
do plural) ou de modo impessoal (3a pessoa do singular). A estrutura varia
bastante, mas comumente é disposta em três partes: há uma tese inicial na
introdução, uma argumentação/refutação no desenvolvimento e uma conclu-
são. A linguagem segue o padrão culto formal.

Ata
Relato de fatos e resoluções tomadas numa assembléia ou reunião com
fins de registro. Comumente em estilo formal e objetivo, traz, em seu início,
menção de data, local e nome dos participantes da assembléia ou reunião.
Após isso, seguem-se as resoluções tomadas a partir da pauta preestabeleci-
da. No final, constam as assinaturas de quem secretariou a reunião e lavrou a
ata e de todos os participantes. Geralmente, há ausência de parágrafos, a fim
de evitar que modificações sejam feitas após o documento já lavrado.

159
Autobiografia
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Ver biografia.

Blog
Ver diário.

Biografia
Texto narrativo sobre os fatos particulares das diversas etapas da vida de
um indivíduo ou personagem. Pode ser elaborada seguindo-se a ordem cro-
nológica ou não. Quando o indivíduo biografado é o mesmo que cria o texto,
tem-se a autobiografia. Convém empregar linguagem culta formal.

Bula
Em farmacologia, bula é um texto que apresenta informações sobre um
medicamento, tais como composição, indicações, posologias, contra-indica-
ções, interações medicamentosas, etc. Linguagem culta formal.

Carta Aberta
É uma carta que trata de um assunto de interesse coletivo, diferentemen-
te da carta pessoal, que aborda assuntos particulares. Pode ser usada como
maneira de protestar e/ou alertar contra certa problemática. Usa-se também
como veículo de conscientização de uma população, um indivíduo ou uma
instituição a quem a carta é dirigida. Sua estrutura é variável, mas geralmente
há uma introdução que contextualiza o problema; um desenvolvimento, em
que se analisa a dificuldade e se apresentam argumentos; e uma conclusão,
através da qual se solicita uma mudança ou uma resolução do problema. Lin-
guagem culta formal.

Carta de Reclamação e/ou Solicitação


É um gênero textual de intenção persuasiva em que se apresenta uma
reclamação ou uma solicitação, ou ambas, para autoridade ou pessoa res-
ponsável. Tem estrutura semelhante à da carta pessoal: local, data, vocati-
vo, corpo do texto, despedida cordial e assinatura (no caso dos vestibulares,
não se deve assinar o texto). Quanto à linguagem, deve ser culta e formal,
empregando-se verbos no presente do indicativo e pronomes de tratamento
adequados.

160
Carta do Leitor

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Através dessa variedade textual, o leitor expressa opinião sobre textos
publicados em jornal ou revista, com intenção persuasiva, portanto, com uso
de argumentos. A sua estrutura assemelha-se à da carta de reclamação
e/ou solicitação: local e data, vocativo, corpo do texto, expressão cordial de
despedida e assinatura (para efeito de vestibular, o candidato deve lembrar-
se de não assinar).

Conto
É um texto literário limitado ao essencial, apresentando os elementos bá-
sicos da narrativa: tempo e lugar (limitados), fatos e personagens (em número
reduzido). O enredo apresenta normalmente a seguinte estrutura: situação
inicial, complicação, clímax e desfecho. O narrador pode ser observador ou
personagem, empregando geralmente a linguagem culta, formal ou informal,
dependendo da situação comunicativa.

Crônica
A crônica é um gênero eminentemente brasileiro, criado e desenvolvido
aqui, talvez a partir do interesse nacional pelo cotidiano e, até mesmo, pela
vida alheia; não como fofoca, mas como poesia. Frequentemente narrativo,
a crônica é um texto curto, rápido. Nas palavras de Fernando Sabino, um de
nossos maiores cronistas, é: “um comentário leve e breve sobre algum fato
do cotidiano. Algo para ser lido enquanto se toma o café da manhã”. Ainda
segundo Sabino, o cronista pretende apenas recolher da vida diária algo de
seu disperso conteúdo humano. Ele visa ao circunstancial, ao episódico, per-
seguindo o acidental. Em vestibulares, linguagem culta informal.

Crônica Argumentativa
É um texto híbrido, mescla de narração e argumentação. Comumente, a
crônica argumentativa desenvolve sua tese a partir de um fato retirado do
cotidiano, mote para o desenvolvimento do texto. Linguagem culta informal.

Depoimento
É um texto em que são narrados fatos vividos por uma pessoa. Há, portan-
to, uma intenção pedagógica: ensinar algo aos leitores. Esse formato textual
apresenta os elementos básicos da narrativa: fatos, pessoas, tempo e espaço.
O narrador é sempre o protagonista. Verbos e pronomes são empregados
predominantemente na 1ª pessoa. Os verbos oscilam entre o pretérito perfei-
to e o presente do indicativo. Emprega-se o padrão culto formal da língua.

161
Diário
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O diário é um gênero textual em que o autor relata cronologicamente


fatos ou acontecimento do dia-a-dia, registra suas opiniões, confissões, im-
pressões, etc. alguns diários são feitos e divulgados na rede mundial de com-
putadores, sendo atualizados frequentemente. São os weblogs, ou blogs.

Discurso
Mensagem oral ou texto escrito, geralmente formal, a ser lido perante um
público. Comumente expositivo e argumentativo, o discurso é feito com um
encadeamento lógico e ordenado de ideias, a fim de expressar a maneira de
pensar e agir e/ou as circunstâncias identificadas, ou não, com certo assunto,
meio ou grupo a quem se dirige o discurso. É interessante mencionar uma
saudação inicial.

Editorial
O editorial é um texto da responsabilidade da direção do jornal ou da re-
vista, que deverá acompanhar cada número da publicação e que se debruça
sobre os acontecimentos mais marcantes da atualidade ou dessa edição do
periódico, comentando, analisando, exortando – em suma, fazendo opinião;
não uma opinião qualquer, mas a opinião do jornal ou da revista. É esta ca-
racterística que distingue o editorial dos outros textos argumentativos do
jornal ou revista.

Ensaio
É um texto literário breve, em prosa, situado entre o poético e o didático,
caracterizado pela liberdade crítica e pelo tom pessoal assumido pelo autor,
que expõe suas ideias, críticas e reflexões a respeito de um tema. Consiste,
portanto, na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema.
Difere do artigo, principalmente, no que tange à forma de expressão das
ideias: enquanto no artigo são expressas opiniões, no ensaio pressupõe-se o
amadurecimento de convicções, ou seja, o autor apresenta uma argumenta-
ção convincente, resultado de uma reflexão baseada em dados.

Entrevista
A entrevista jornalística tem objetivos diferentes dependendo da informa-
ção veiculada e do público-alvo. Em qualquer entrevista, alguém (entrevista-
dor) faz perguntas e outra (entrevistado) responde. O entrevistador estabele-
ce um plano e prepara suas perguntas antes do encontro com o entrevistado.
No encontro, acontece a conversa, que geralmente é gravada para, depois,
transformar-se em texto escrito.

162
Fábula

Dicas de Vestibular | Propostas de Redação


É um gênero narrativo que transmite um ensinamento, uma moral. Utiliza
como personagens quase sempre animais, cujo comportamento, preservan-
do as características próprias, deixa transparecer uma alusão, via de regra
satírica ou pedagógica, aos seres humanos. Nesse texto, normalmente há
diálogos, com linguagem culta e formal. Ainda quanto à linguagem, devem
ser empregados verbos no pretérito perfeito e imperfeito do indicativo nos
trechos que pertencem ao narrador e no presente do indicativo na fala das
personagens.

Folheto
Texto persuasivo de intenção publicitária impresso em folha avulsa, com
distribuição corpo a corpo feita em locais de grande circulação. Com essa
variedade textual, o autor apresenta produtos ou ideias e deseja levar o leitor
ao seu consumo ou à sua aceitação. Configura-se, portanto, como uma ex-
posição de características, levando-se em conta os diferenciais do produto e
a pertinência das ideias. O nível de linguagem deve estar de acordo com o
público a que se pretende atingir.

Manifesto
É um texto de intenção persuasiva, a fim de denunciar uma problemática
pública, ou seja, de interesse de um determinado grupo de pessoas, e cha-
mar a sociedade a uma ação conjunta para a sua resolução. Geralmente há,
ainda, cobrança às autoridades públicas competentes, mostrando, com pro-
priedade, os principais pontos do problema: causas e consequências. Apesar
de não haver estrutura rígida para a elaboração de um manifesto, comumen-
te ele apresenta título, menciona o problema ou a reivindicação em questão
e arrola argumentos no corpo do texto e apresenta, no final, local e data. Ele
pode ser também uma declaração pública de estilo formal, construída em
interlocução direta com seu público-alvo, em que um governo, um partido
político, uma escola literária, um grupo de pessoas ou uma pessoa, etc. ex-
põem certa posição, decisão, programa ou concepção.

Notícia
É um gênero textual cujo objetivo é informar ao leitor fatos atuais, com
simplicidade, concisão e precisão. A linguagem desse texto é formal, clara e
objetiva. Para tanto, deve-se utilizar frases curtas. Não se pode esquecer de,
no primeiro parágrafo, apresentar o lide (ou lead): “O quê? Quando? Onde?
Como? e Por quê?”. Em vista de vestibulares, a manchete (ou título principal)
só será utilizada se for solicitada pela proposta.

163
Panfleto – ver folheto.
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Parábola
É uma narração alegórica que se utiliza de situações e pessoas para com-
parar a ficção com a realidade e, através dessa comparação, transmitir uma
lição de sabedoria de caráter comumente religioso ou ético. A parábola
transmite uma lição moral através de uma linguagem simbólica. Diferencia-
se da fábula e do apólogo por ser protagonizada por seres humanos, o que
é menos frequente nestes gêneros textuais. É uma espécie de texto muito
comum nos evangelhos.

Parecer Crítico
Gênero textual no qual, além da resenha da obra, constam a avaliação das
ideias expostas, a apresentação dos aspectos positivos e negativos, a justifi-
cativa da avaliação e, finalmente, deve constar do parecer o aconselhamento,
ou não, da adoção da obra analisada.

Receita
Em culinária, são orientações para o preparo de uma iguaria. Uma recei-
ta costuma apresentar um título e uma estrutura dividida em ingredientes e
modo de preparo. A primeira parte da estrutura relaciona os ingredientes
e as quantidades necessárias para o feitio do prato. A segundo instrui com
relação ao preparo.

Relato Pessoal – Ver depoimento.

Relatório
É um gênero textual através do qual se expõem os resultados de ativida-
des variadas. Nesse gênero, cabe haver referências aos textos analisados, no
entanto sem transcrição. Na conclusão, você pode apresentar constatações do
que fora exposto, sem repetir o já escrito. Utiliza-se linguagem impessoal.

Resenha Crítica
Informa sobre o lançamento de um objeto cultural – disco, livro, show, peça
teatral, exposição, etc. – e avalia seus aspectos positivos e negativos. Tem inten-
cionalidade persuasiva, que estimula o público a “consumir”, ou não, o objeto
em questão. Normalmente, há uma introdução que apresenta breve histórico
da obra, seguido de descrição de suas partes e de uma avaliação de seus as-
pectos mais significativos; geralmente são feitas comparações com outras obras
do mesmo autor ou com obras de outros autores. Pode-se comentar sobre a
importância da obra no contexto atual. Os verbos ficam predominantemente no
presente do indicativo, numa linguagem culta e formal.

164
Resumo

Dicas de Vestibular | Propostas de Redação


É a apresentação concisa dos pontos mais importantes de outro texto.
As etapas de um resumo são: a leitura atenta do original para identificar o
tema e a finalidade; a seleção de fatos ou informações mais importantes para
a compreensão do original; redação do resumo, com expressões menores e
simplificadas que remetem ao original; e revisão do trabalho. O texto resu-
mido deve estar escrito em 3ª pessoa do singular. Atenção: evite-se o uso
abusivo de adjetivos.

Sinopse
É um texto expositivo que apresenta, de forma resumida, o conteúdo de
um objeto cultural, geralmente com a intenção de antecipar o que é a obra.
Quem resume deve exprimir, em estilo objetivo, os elementos essenciais do
objeto analisado. Por isso não cabem, numa sinopse, comentários ou julga-
mentos ao que está sendo condensado.
Uma sinopse pode apresentar dados técnicos referentes à obra e também
serve para despertar a atenção de quem a lê. Nesse sentido, é importante
contar a história, mas deixar o leitor com curiosidade para saber mais.

Testamento
É a manifestação de última vontade pelo qual uma pessoa dispõe para
depois da morte, de todos ou de uma parte dos seus bens. Normalmente os
testamentos contém disposições de ordem patrimonial, mas também podem
ter disposições de outra natureza, tais como: a nomeação de um tutor, a con-
fissão de uma dívida ou o reconhecimento de um filho. É revogável porque o
testador pode sempre, a qualquer momento, revogá-lo, modificando-o total
ou parcialmente. É pessoal, porque insusceptível de ser feito por meio de
representante. É singular, porque não se admite a conjunção de pessoas. Não
podem testar, no mesmo ato, duas ou mais pessoas.

Verbete
Em lexicografia, é cada entrada de dicionário, enciclopédia, glossário, etc.
Trata-se de um texto de definição e exposição. Nele, deve haver a definição
de um termo considerando-se suas acepções denotativas e conotativas, além
de generalizações e particularizações referentes ao uso do termo em varia-
dos contextos. Quanto à forma, pode-se utilizar a divisão em parágrafos ou a
paragrafação única – nesse caso, lembrar-se de usar números ou letras para
separar os tópicos, assim como nos verbetes de dicionário.

165
português
Dicas de Vestibular | Resumos Esquemáticos

Uso do Porquê Uso do Mal e Mau; Onde e Aonde; Menos e Meio


> por que > Mal (advérbio) - troque por bem.
Frases interrogativas = Por que choras? Ex.: É uma situação de mal-estar.
Frases afirmativas = por que motivo (razão). > Mau (adjetivo) - troque por bom.
Ex.: Não sei por que choras. (= pelo qual) Ex.: É uma ação de mau-gosto.
Ex.: Os caminhos por que ando são difíceis. > Onde - em algum lugar.
Ex.: Onde mora?
> por quê
> Aonde - a algum lugar.
Idem por que (sem acento).
Ex.: Aonde vou?
Ex.: Choras por quê? - Qual o quê?
> Menos - sempre invariável.
Final de frases → todo quê tem acento.
Ex.: Mais ação e menos conversa!
> porque
> Meio (= um tanto, um pouco) - sempre invariável.
É conjunção = pois, porquanto, para que.
Ex.: São pessoas meio atrapalhadas.
Ex.: Viemos porque quisemos.
> Meio (metade) - variável.
> porquê Ex.: Agora é meio-dia e meia.
É substantivo; vem antecedido de artigo, pronome,
O verbo parecer admite dupla concordância:
adjetivo etc.
Ex.: Eles parecem estudar.
Ex.: Qual o porquê do choro?
Eles parece estudarem.
Os seus porquês são simplórios.

> Eu e tu, precedidos de preposição, e seguidos de verbo no


infinitivo, têm função subjetiva (são o sujeito de um verbo).
Ex.: Isto é para eu fazer.
A lição para tu estudares é fácil.
> Mim e ti - função de complementos.
Uso de eu e mim, tu e ti Ex.: Entre mim e você nada ocorreu.
Isto é para ti e não para mim.
Cuidado: frases há em que aparece verbo no infinitivo, mas em
que não cabe usar eu ou tu.
Ex.: É mais fácil para mim estudar a lição.
(Note: Estudar a lição é mais fácil para mim).

> São reflexivos de 3ª pessoa.


Ex.: Quero falar consigo (errado).
Quero falar com você, com o senhor etc.
Uso de si e consigo Ele traz consigo o livro. (certo - com ele mesmo).
Só de si fala o vaidoso. (certo - dele mesmo).

> Concorda com o substantivo em gênero e número.


Obrigado Ex.: Disseram as moças: muito obrigadas.
Obrigada, disse a menina.

Uso do A e Há Pronomes de Tratamento


> a → tempo futuro > Embora sejam de 2ª pessoa, exigem os verbos, os
Ex.: A festa ocorrerá a duas semanas. pronomes possessivos e os oblíquos na 3ª pessoa.
Exemplo:
> há → tempo passado (= faz) V. Exª pode dizer a seu subordinado que irei.
Ex.: A festa ocorreu há duas semanas.
Cheguei há pouco e sairei daqui a pouco. > Nos tratamentos, a forma VOSSA é usada no trato
direto e a forma SUA no trato de referência.

166
português

Dicas de Vestibular | Resumos Esquemáticos


Concordância nominal (Regra Geral)

ADJ. → S1 + S2 + ... + SN
Adjetivo anteposto concorda com Ex.: Escolheu bom lugar e hora.
o substantivo mais próximo. Escolheu má hora e lugar.

SN + ... + S2 + S1 ← ADJ.
Adjetivo posposto concorda com o
substantivo mais próximo ou vai para Ex.: Um abraço e um beijo demorado /demorados.
o plural do dominante Considero amáveis o aluno e a aluna.
O adjetivo com função de predicativo
do objeto → plural do dominante.

Caso Particular
> É proibido, é bom, é necessário, é preciso.
Se, nessas expressões o sujeito não vier antecipado de artigo, tanto o verbo como o adjetivo ficam invariáveis.
Ex.: É proibido entrada.
É proibida a entrada.
Cebola é bom.
A cebola é boa.

ele tem - eles têm


Verbos ter, vir e seus derivados ele vem - eles vêm
(êm na 3ª do plural) ele detém - eles detêm (deter)
ele provém - eles provêm (provir)

Literatura Brasileira
Os gêneros, estilos e épocas literárias:

Nome do Estilo
Abrangência de Época Aspectos Históricos Principais Linhas
ou do Movimento
Medievalismo/ Teocentrismo Poemas de amor cavalhei-
Trovadorismo Do SÉCULO XII ao XV, Grande temor a Deus. Gran- rescos. Cantigas. Novelas
Essa tendência não existiu no na Europa feudal. de domínio da Igreja. Feu- de cavalaria: exaltação do
Brasil, já que não houve uma dalismo. guerreiro cristão.
Idade Média brasileira.

Renascimento / Antropocentrismo Ordem, regularidade, preci-


Quinhentismo / Classicismo Volta aos padrões clássi- são formal. Predomínio das
SÉCULOS XV e XVI,
Não se pode falar em um cos (greco-latinos) da cul- epopéias, para enfatizar a
na Europa de Estados
Classicismo brasileiro. O tura. Grandes descobertas força do Homem. Predo-
Brasil era recém-descoberto Nacionais. (América, Caminho para mínio de formas fixas na
na época renascentista. as Índias). poesia lírica.

167
português
Dicas de Vestibular | Resumos Esquemáticos

Nome do Estilo
Abrangência de Época Aspectos Históricos Principais Linhas
ou do Movimento

SÉCULOS XVI e XVII, Irregularidade, rebuscamento


Barroco Volta ao Conservadorismo
na Europa de Estados formal. O homem dividido
O Barroco brasileiro se da Igreja. Forte presença
Absolutistas. Século entre o Céu e a Terra. Du-
associa à consolidação da da Companhia de Jesus na
XVII e meados do sé- alismos. Predominância da
aristocracia colonial açu- União Ibérica (domínio es-
culo XVIII na América poesia lírica e da oratória
careira. panhol).
luso-espanhola. sacra.

Arcadismo / Neoclassicismo Iluminismo


O Arcadismo brasileiro está Ideais liberais principiantes. Volta à regularidade clássica.
SÉCULO XVIII Grande crise das sociedades Neoclassicismo. Predomi-
relacionado com a Inconfi-
coloniais. Ideologias burgue- nância da poesia pastoril.
dência Mineira. sas.
Romantismo Ênfase sobre a individuali-
O Romantismo brasileiro Identificações com ideais da dade. Desprezo aos padrões
está ligado à auto-afirmação SÉCULO XIX França (Revolução Francesa). rígidos dos clássicos. Nacio-
do País independente. Independência do Brasil. nalismo. Predominância do
romance e da poesia lírica.
Realismo / Naturalismo / Campanhas socialistas. Mar- Ênfase nos aspectos sociais,
Parnasianismo xismo. Teorias determinista e nas narrativas. Ênfase nos
No Brasil, movimentos con- SÉCULO XIX evolucionista. Proletariado aspectos formais, na poesia.
temporâneos à República e (2ª metade) emergente e mais organi- Primado do cotidiano na
Abolição da Escravatura. zado. cena literária.
Ênfase na sensibilidade. Uti-
Transição para o século XX.
Simbolismo
SÉCULO XIX lização da força sonora da
Tendências decadentistas em
(última década) palavra. Predominância da
geral. Belle Époque.
poesia lírica.

Modernismo Ruptura com os parnasianos.


No Brasil, a comemoração Força para as vanguardas.
Semana de Arte Moderna em
dos 100 anos da Indepen- Desdobramentos múltiplos:
SÉCULO XX 1922. Grandes rupturas com
dência é decisiva para “Re- Movimento Antropófago,
(1ª metade) a arte tradicional.
formas”. Movimento Pau-Brasil, Ver-
de-Amarelo etc.

Pós-Modernismo Pós-Guerra Convivência de muitas


O Brasil acompanha as mo- Guerra Fria. Mundo dividido em tendências discrepantes.
vimentações pós-modernas, blocos de direita e de esquerda. Maior aceitação de todas
SÉCULO XX, anos 50:
tendo passado por duas as vanguardas. Movimentos
contemporaneidade. Acentuação das diferenças
ditaduras marcantes: uma de rupturas e retomadas.
entre mundo desenvolvido e
no Entreguerras e outra, Arte feita de bricolagens
subdesenvolvido. Muitos movi- (aproveitamento de restos).
militar, no Pós-Guerra. mentos jovens de rebelião. Incertezas.

Elaboração: Colégio Ari de Sá Cavalcante


Prof. Estênio Mota

168
matemática

Dicas de Vestibular | Resumos Esquemáticos


Progressão Aritmética

a)Termo Geral
an = a1 + (n – 1) . r c)Transformações trigonométricas
an = ap + (n - p) . r

b)Propriedade
am + an = ax + ay ⇔ m + n = x + y

c)Soma dos termos


Sn =

Progressão Geométrica

a)Termo geral
an = a1 . qn – 1
tg
an = ap . qn – p
tg
b)Propriedade
am . an = ax . ay ⇔ m + n = x + y
tg
c)Produto dos termos
Pn =
Logaritmos
d)Soma dos termos
Sn = a)Definição
ax = b ⇔ x =
e)Soma dos termos de uma PG infinita e b)Condição de existência
convergente (-1 < q < 1)
Existe logb se, e somente se:
a

c)Propriedade

Trigonometria =0

a)Ângulos notáveis =1

0o
30 o
45 o
60
o
90 o
= ⇔ b=c

sen 0 1 + = logab . c

– = logab/c
cos 1 0

tg 0 1

b)Relações fundamentais d)Mudança de base


sen2x + cos2x = 1
c
tgx = cotgx =
c

169
matemática
Dicas de Vestibular | Resumos Esquemáticos

Consequências Geometria Plana


a
a a)Pontos notáveis de um triângulo
Ponto Encontro das
Baricentro Medianas
Circuncentro Mediatrizes
a c c a
|ncentro Bissetrizes internas
Ortocentro Alturas
Geometria Analítica
b)Condição de existência do ∆ABC
a)Distância entre dois pontos
|b – c| < a < b + c e A^ + B^ + C^ = 180º
dAB = ou
c)Triângulos semelhantes
dAB =
2 ângulos iguais ⇔ Lados proporcionais
b)Ponto médio do segmento AB
d)Teorema das bissetrizes
AP é bissetriz interna em A

AQ é bissetriz externa em A
c)Equação reduzida de uma reta
__ __ __
AB = PB
__ __ = QB
__
(r) : y = ax + b
Coeficiente linear
AC PC QC
Ponto em que a
reta toca o eixo y.
Coeficiente angular e)Potência de ponto e ângulos na circunferência
Tangente da inclinação da
reta a = tgα ou a =

PA . PB = PC . PD
d)Equação segmentária de uma reta (

(
α = BD - AC
2
Ponto em que a reta toca o eixo y.
Ponto em que a reta toca o eixo x.
PA . PB = PC . PD
(

β = BD + AC
2
e)Equação reduzida de uma circunferência
“O” é centro da circunferência
(x – xo)2 + (y – yo)2 = r2
Raio
(

α = AB e β = AB
(

Coordenadas do centro
2

f)Coordenadas do baricentro do ∆ABC


f)Relações métricas num triângulo retângulo

a2 = b2 + c2
g)Observações: b2 = a . m
c2 = a . n
> Se um ponto P(xP, yP) pertence a uma figura, então
podemos substituir suas coordenadas na equação h2 = m . n
da figura. b.c=a.h
> Ponto de intersecção de duas figuras → Resolver o
sistema formado por suas equações.

170
matemática

Dicas de Vestibular | Resumos Esquemáticos


g)Relações métricas num triângulo qualquer c)Relações de Girard
Lei dos cossenos Ax2 + Bx + C = 0

a2 = b2 + c2 – 2 . b . c . cosÂ
Lei dos senos

Ax3 + Bx2 + Cx + D
h)Fórmulas para a área de um ∆ABC

Área = Área =

Área = Área = p . r

Área =

Onde: (semi-perímetro) Função do 2º grau


a)Definição e Gráfico
i)Círculo f(x) = Ax2 + Bx + C
C = 2πR Área = πR2 Indica o ponto em que a
parábola toca o eixo y
A=+ ⇒∪
j)Polígonos


Indica a concavidade
A=– ⇒∩
Soma dos ângulos internos
Si = 180º . (n – 2)
Soma dos ângulos externos
Se = 360º
Número de diagonais

Produtos Notáveis
b)Coordenadas do vértice
a)Que envolvem quadrados
(a + b)2 = a2 + 2ab + b2
(a - b)2 = a2 - 2ab + b2 ou
(a + b + c)2 = a2 + b2 + c2 + 2ab + 2ac + 2bc
ou
(a + b) . (a - b) = a2 – b2

b)Que envolvem cubos


(a + b)3 = a3 + 3a2b + 3ab2 + b3 Módulo
(a - b)3 = a3 - 3a2b + 3ab2 - b3 a)Definição
a3 + b3 = (a + b) . (a2 - ab + b2) se
a3 - b3 = (a - b) . (a2 + ab + b2) se

Polinômios b)Propriedade
a)Forma geral
P(x) = an . xn + an - 1 . xn - 1 + ... + a2 . x2 + a1 . x + a0 ou
b)Forma fatorada
Se x1, x2, x3, ..., xn são raízes de P(x), então:
P(x) = an . (x - x1) . (x - x2) . (x - x3) . ... . (x - xn)

171
172
Dicas de Vestibular | Resumos Esquemáticos

física
física

Dicas de Vestibular | Resumos Esquemáticos

173
174
Dicas de Vestibular | Resumos Esquemáticos

física
química

Dicas de Vestibular | Resumos Esquemáticos


Ligações entre os átomos Nota
> Iônica O H2CO3 é fraco, embora n = 1, porque é muito instável.
Metal + hidrogênio; metal + não-metal
Ex: LiH, KH, NaC, MgBr2. Os hidróxidos de metais e os sais são compostos
> Covalente iônicos e, como tal, ou se dissolvem na água e se
Não-metal + hidrogênio; não-metal + não-metal dissociam praticamente 100% (fortes), ou são insolúveis
Ex: HC, H2O, NO, CO2. e, praticamente não se dissociam (fracos). O hidróxido
> Metálica de amônio é uma base solúvel e fraca (é a única base
Todos os metais inorgânica que não é composto iônico).
Ex: Fe, Ag, K.
Volatilidade
Ácidos, Bases, Sais e Óxidos > HF, HC, HBr, HI, H2S, HCN, HNO2, HNO3, H3C -- COOH
(acético) são ÁCIDOS VOLÁTEIS.
Força de Ácidos e Bases
> HC, HBr, HI e oxiácidos EOn(OH)m nos quais n ≥ 2, tais > H2SO4, H3PO4 (e demais oxiácidos do P), todos os
oxiácidos do boro e silício são ÁCIDOS FIXOS ou
como: HCO4 ou CO3(OH), H2SO4 ou SO2(OH)2, HNO3
NÃO VOLÁTEIS.
ou NO2(OH), são ÁCIDOS FORTES.
Os hidróxidos de metais e os sais são NÃO VOLÁTEIS
> HF e oxiácidos EOn(OH)m nos quais n = 1, tais como:
ou FIXOS, porque são compostos iônicos (sólidos de
H3PO4 ou PO(OH)3, H2HPO3 ou HPO(OH)2, HNO2 ou
elevado ponto de fusão e ebulição). O hidróxido de
NO(OH), são ÁCIDOS SEMIFORTES.
amônio é uma base volátil (na realidade, o NH3 que é
> H2S, HCN ou oxiácidos EOn(OH)m nos quais n = 0, tais volátil).
como: H3BO3 ou B(OH)3, H3AsO3 ou As(OH)3, H4SiO4 ou
Si(OH)4, são ÁCIDOS FRACOS.

Solubilidade das Bases e Sais


Regra Exceções
NO–3 , H3C –– COO– solúveis –
C– , Br– , I– solúveis Ag+ , Cu+ , Hg22+ , HgI2 , BiI3
SO42– solúveis (Ca2+), Sr2+ , Ba2+ , Pb2+
S2– e OH– insolúveis Li+ , Na+ , K+ , Rb+ , Cs+ , NH4+ , Ca2+ , Sr2+ , Ba2+
CO32– e PO43– insolúveis Li+ , Na+ , K+ , Rb+ , Cs+ , NH4+
outros ânions insolúveis Li+ , Na+ , K+ , Rb+ , Cs+ , NH4+

Termoquímica A velocidade da reação AUMENTA com o:


> Entalpia Padrão (Ho) de um elemento na sua forma > aumento da concentração dos reagentes.
mais estável a 25oC e 1atm é igual a zero. > aumento da temperatura.
> Processo Endotérmico: absorve calor ∆H > 0 > aumento da superfície dos reagentes.
(positivo)
> presença de catalisadores.
> Processo Exotérmico: libera calor ∆H < 0 (negativo) > aumento da pressão se o reagente for gasoso.
Regra de Van’t Hoff
Um aumento de 10ºC dobra a velocidade da
reação.

Lei de Hess Equilíbrios Químicos


O ∆H de uma reação só depende dos estados inicial Grau de equilíbrio
e final.
quantidade de reagente consumido
Cinética Química quantidade inicial do mesmo reagente

Energia de Ativação Princípio de Le Chatelier


Energia mínima necessária à formação do complexo Quando se exerce uma ação sobre um sistema em
ativado. Quanto menor a energia de ativação, maior é a equilíbrio ele se desloca no sentido que produz uma
velocidade da reação. minimização da ação exercida.

175
química
Dicas de Vestibular | Resumos Esquemáticos

Ação Deslocamento
aumento da temperatura para a reação endotérmica (∆H > 0)
diminuição da temperatura para a reação exotérmica (∆H < 0)
aumento da pressão total para a reação com contração de volume
diminuição da pressão total para a reação com expansão de volume
aumento da concentração de reagentes para a formação de produtos
aumento da concentração de produtos para a formação de reagentes

pH = –log [H+] ou [H3O+]


pOH = –log[OH–]
o
pH + pOH = 14 (25 ; 1atm).

Eletroquímica
Pilha Principais Funções Orgânicas
Processo de oxidorredução espontâneo. Hidrocarbonetos Fórmula geral
∆Eº > 0 (produz energia). Alcanos CnH2n+2
Eletrólise Alcenos e ciclanos CnH2n
Processo de oxidorredução não-espontâneo. Alcinos, alcadienos e ciclenos CnH2n–2
∆Eº < O (consome energia). Aromáticos benzênicos CnH2n–6

Nome da função Fórmula geral Exemplos

ÁLCOOL R – OH CH3 –– CH2 –– CH2 –– OH


(OH lig. a C sat.) 1-propanOL
–– OH
FENOL Ar – OH
HIDROXIbenzeno

ÉTER CH3 –– O –– CH2 –– CH3


R –– O –– R1
METOXIetano

O O
==

CH3 –– CH2 –– C
==

ALDEÍDO R –– C
––

H
––

H propanAL
O
O
==

CH3 –– C
==

CETONA R –– C
––

CH3
––

R1
propanONA
O
O
==

CH3 –– CH2 –– C
==

ÁCIDO CARBOXÍLICO R –– C
––

OH
––

OH ÁCIDO propanOICO
O O
==

CH3 –– CH2 –– C
==

ÉSTER R –– C
––

O –– CH3
––

O –– R1
propanoATO DE METILA

176
química

Dicas de Vestibular | Resumos Esquemáticos


Nome da função Fórmula geral Exemplos
H H

––

––
R –– N CH3 –– CH2 –– CH2 –– N

––

––
H H
(primária) PROPILAMINA
AMINA
R1 CH3

––

––
R –– N CH3 –– CH2 –– N

––

––
H H
(secundária)
METILETILAMINA
R1 CH2 –– CH3
––

––
R –– N –– CH3 –– CH2 –– CH2 –– N

––
R2 CH3
(terciária) METILETILPROPILAMINA
O O
==

==
R –– C CH3 –– CH2 –– C
AMIDA
––

––
NH2 NH2
(primária) propanoAMIDA

Isomeria > Óptica


(mesma fórmula molecular e propriedades diferentes) Ex.: OH
|
Constitucional Plana CH3— CH2 — C * — CH3
|
> Funcional ou de função H
Ex.: H3C –– O –– CH3 e H3C –– CH2 –– OH C* → Carbono assimétrico, centro quiral ou estereo-
> De cadeia gênico (quatro grupos ligantes diferentes).
Ex: H3C –– CH2 — CH2 –– CH3 e H3C –– CH — CH3
| Reações Orgânicas
CH3 > Adição: ocorre em alcenos, alcinos, ciclanos e
> De posição
ciclenos.
Ex: H3C –– CH — CH3 e H3C — CH2 — CH2 –– OH
| Ni
Ex: H2C == CH2 + H2 → H3C –– CH3
OH
> Substituição: ocorre principalmente em alcanos e
> De compensação ou metameria aromáticos.
H3C –– O — CH2 — CH2 –– CH3 e Ex: AC C
H3C — CH2 — O — CH2 — CH3 + C2 →
3
+ HC

> Tautomeria *
Configuracional ou espacial > Eliminação: ocorre em álcoois, haletos etc.
> Geométrica (cis-trans) Ex:
Ex.: C C H C Álcool
H3C –– CH — CH3 + KOH →
–– –

–– –
–– –

–– –

;

C == C C == C |

H H C H C
cis trans
H3C — CH == CH2 + KC + H2O

177

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