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Energia na Agricultura - v.11 - n.

3 - 1996 7

O ÂNGULO DE ELEVAÇÃO DAS BARRAS INFERIORES DO SISTEMA DE ENGATE DE TRÊS


PONTOS E A ESTABILIDADE ESTÁTICA LONGITUDINAL DE UM TRATOR COM IMPLEMENTO
EM POSIÇÃO DE TRANSPORTE1

HERVAL PACCOLA2 & ÂNGELO CATANEO3

1. RESUMO

O objetivo deste trabalho foi verificar a influência do ângulo de elevação das barras inferiores do
sistema de engate de três pontos (S.E.3.P) na estabilidade estática longitudinal de um trator de rodas, com
implemento acoplado em posição de transporte.
Analisando-se as principais forças atuantes no corpo trator+implemento, e tendo em vista a estabilidade
estática longitudinal, foi determinado o relacionamento funcional da força de reação do solo no rodado dianteiro
em função do ângulo de elevação das barras inferiores do sistema de engate, para cada valor fixo do ângulo da
rampa.
Dessa forma, foi possível concluir que, relativamente à estabilidade estática longitudinal, a elevação
máxima do implemento, como indicada por fabricantes de tratores através dos manuais e costumeiramente feita,
não é sempre o melhor procedimento, ou seja, existem situações em que, um posicionamento menor que o
máximo, é a melhor solução.

Palavras-chave: Estabilidade estática, transporte de implementos, elevação de implementos, engate de três


pontos, posição de transporte, segurança no transporte.

2. SUMMARY

THE ELEVATION ANGLE OF THE THREE-HITCH-POINT SYSTEM LOWER BARS AND THE
LONGITUDINAL STATIC STABILITY OF A WHEEL TRACTOR WITH IMPLEMENT IN
TRANSPORT POSITION.

The aim of this work was to verify the influence of the elevation angle of the three - hitch- point system
lower bars on the longitudinal static stability of a wheel tractor with implement in transport position.
Analysing the main forces on the body tractor+implement, and considering the longitudinal static
stability, the functional relationship of the soil on the front wheels was determined, depending on the elevation
angle of the three - hitch - point system lower bars, for each fixed value of the slope angle.
Thus, it was possible to conclude that, regarding the longitudinal static stability, the maximum
implement elevation, as it was suggested by the tractor manufactures in the manuals, usually done, is not always
the best procedure; there are situations where the best solution is a positionship smaller than the maximum one.

Keywords: Static stability, implement transport, implement elevation, three-hitch-point system, transport
position, safety in the transport.

3. INTRODUÇÃO

A versatilidade cada vez maior do uso dos tratores no trabalho agrícola implica na participação cada vez
maior dessas máquinas nos acidentes.
Conforme BEAN (1992), os tratores aparecem na maior parte dos acidentes na agricultura, pois a
maioria da maquinaria agrícola funciona associada a algum trator.
Segundo HUNTER (1992), o trator, que ocupa um lugar de destaque no maquinário agrícola, pelo fato
de operar em terrenos muitas vezes acidentados, faz com que os limites de segurança sejam facilmente atingidos.
Conforme GERBERICH et al. (1992), o Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos, segundo
dados de 1989, relata que os acidentes com vítimas fatais na Agricultura mostram uma taxa de 40 mortes para
cada 100.000 trabalhadores, enquanto a taxa para todas as ocupações é de 9 mortes para cada 100.000
trabalhadores.

1
Parte da tese de doutorado do 1º autor intitulada: Influência do ângulo de elevação das barras inferiores do sistema de
engate de três pontos na estabilidade estática longitudinal de um trator de rodas, com implemento em posição de
transporte.
2
Aluno do Curso de PG Energia na Agricultura - FCA/UNESP - Botucatu/SP - Brasil.
3
Orientador e Docente do Departamento de Economia e Sociologia Rural - FCA/UNESP - Botucatu/SP.
8 Energia na Agricultura - v.11 - n.3 - 1996

McClure & Benson, citados por SMITH & LILJEDAHL (1972) mostraram que nos tombamentos de
tratores, 67 % se referem a tombamentos laterais e 33 % a empinamentos. No entanto, dados do Conselho de
Segurança Nacional dos Estados Unidos (1968), conforme SMITH & LILJEDAHL (1972), informam que o
empinamento tem maior facilidade de apresentar vítima fatal que o tombamento lateral.
O transporte de implemento acoplado pelo S.E.3.P, porporciona uma boa oportunidade de que os limites
de segurança do trator sejam ultrapassados. Quanto ao posicionamento do implemento para transporte, é bastante
normal o seu erguimento até a altura máxima possível.
Aliás, esse comportamento é sugerido até por fabricantes de tratores e constam em seus manuais, além
de ser induzido pela norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), (NBR 8566-1994), que
dispõe sobre aquele sistema de engate.
Assim por exemplo, MAXION (1993), na parte referente a transporte, quando fala na alavanca de
controle de posição, diz o seguinte: “ Esta é a posição mais alta possível para as barras de levante, sendo
utilizada somente para o transporte de implementos.
É no sentido da discussão desse procedimento que este trabalho foi feito, pretendendo o mesmo se
constituir numa contribuição didática que permita aos alunos e profissionais da área, analisarem com mais
cuidado a situação de risco de empinamento do trator.
A análise foi feita considerando apenas as condições de equilíbrio estático. No entanto, segundo
MIALHE (1980), o estudo das forças que atuam no trator e que permitem o seu equilíbrio estático, é importante
para que sejam entendidos muitos fenômenos que ocorrem com o trator em campo.

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Material

O presente trabalho foi desenvolvido no Departamento de Matemática e no Polo Computacional da


UNESP, Campus de Bauru, no Departamento de Economia e Sociologia Rural da FCA/UNESP, Fazenda
Lageado, Campus de Botucatu, e em campo.
Os materiais utilizados para o seu desenvolvimento foram:

a) prospectos com dados técnicos de tratores agrícolas, bem como de implementos, publicados pelas
respectivas fábricas;
b) manuais do proprietário de tratores agrícolas, bem como de implementos, publicados pelas
respectivas fábricas;
c) Norma técnica da ABNT, (NBR 8566-1994 ) ;
d) um trator e um implemento;
e) as figuras foram geradas no sistema Autocad, release 10 no Polo Computacional da UNESP, campus
de Bauru.

4.2. Métodos

Foi considerado um trator de rodas 4x2, com centro de gravidade (CG) localizado no seu plano vertical
longitudinal, o que, aproximadamente, conforme PROMERSBERGER & BISHOP (1962), sempre ocorre.
Imaginou-se o trator em nível, visto lateralmente, com as barras inferiores do S.E.3.P também em
nível e com um implemento cujo CG, que estava localizado no plano vertical longitudinal do trator, ficava a uma
distância d do plano transversal vertical que continha os pontos de acoplamento inferiores do sistema de engate,
e a uma distância h do plano das barras inferiores e acima desse plano.
Considerou-se que, com o hidráulico, fosse elevado o implemento suspenso, de modo que as barras
inferiores do S.E.3.P, girassem de um ângulo agudo β.
Em seguida, imaginou-se o plano do chão girando, de um ângulo agudo θ, em torno da reta que passa
pelos pontos de contato do rodado traseiro com o chão, de modo que o trator girasse junto mantendo-se em
rampa ascendente. Uma força de atrito ou de frenagem impedia o trator de deslizar pela rampa.
Dessa forma, foi desenvolvida fórmula que mostrava como a reação no rodado dianteiro variava
conforme se modificavam os valores do ângulo de suspensão ( β ) das barras inferiores, para cada valor fixo do
ângulo da rampa ( θ ).
No entanto, alguns dados necessários para a utilização da fórmula, não constam, nem do manual do
proprietário do trator, nem da bibliografia pesquisada e nem da norma padronizadora do S.E.3.P da ABNT (
NBR 8566-1994 ).
Com relação ao trator, um dos dados faltantes é a altura máxima dos pontos de engate inferiores do
S.E.3.P, referente ao trator em nível. Também a altura das barras inferiores do sistema de engate quando
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niveladas, bem como o recuo dos pontos de acoplamento dessas barras com relação ao plano vertical transversal
que passa pelos pontos de contato do rodado traseiro com o chão, são informações necessárias.
Essas informações são importantes pois com elas, é possível a determinação do ângulo máximo de
suspensão das barras inferiores do sistema de engate. A determinação desses dados foi feita em campo. A Figura
1 mostra os dados a serem colhidos com o trator em nível. Nela tem-se:

b = altura das barras inferiores do engate de três pontos, quando em nível;


CB = comprimento das barras inferiores do sistema de engate de três pontos;
Amax = altura máxima dos pontos de engate inferiores com relação ao chão para fins de
determinação do maior ângulo de elevação das barras inferiores do sistema de engate.
P

Amax
max

Q
N
CB
b

FIGURA 1 - Barras inferiores do sistema de engate de três pontos, em nível e em elevação máxima.

Do triângulo retângulo PQN acha-se o ângulo máximo de elevação do implemento é:

Amax − b
β max = arc sen (1)
CB
Um dos dados faltantes, é a posição do CG do implemento, e a distância d do centro de gravidade dele
até o plano vertical transversal que contém os pontos de engate inferiores do S.E.3.P, bem como a sua distância h
do plano daquelas barras inferiores, quando niveladas.
Chamando de x à distância do centro de gravidade dele até o plano vertical transversal que contém os
pontos de engate inferiores do sistema de engate, tem-se que a distância ( d ) do CG do implemento até o plano
vertical transversal que contém os pontos de acoplamento inferiores do S.E.3.P será:

d = x + CB (2)

Na Figura 2 , a é o recuo dos pontos de acoplamento inferiores do S.E.3.P com relação ao plano vertical
transversal que contém os pontos de contato do rodado traseiro com o chão.
CG do Ponto de
implemento engate Ponto de
acoplamento

h
N

x CB a

FIGURA 2 - Distância do CG do implemento ao plano vertical transversal que contém os pontos de engate
inferiores, com as barras inferiores do sistema de engate em nível.

A determinação do CG do implemento é feita com a utilização de uma talha, efetuando dupla suspensão
dele, e marcando-se a linha de prumo em cada uma das vezes.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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5.1 Condições de equilíbrio

Considere-se um trator de rodas 4x2, cujo centro de gravidade está situado no plano vertical longitudinal
do trator, o que aproximadamente sempre ocorre, conforme PROMERSBERGER & BISHOP (1962).
Acoplado pelo S.E.3.P, cujas barras inferiores estão na horizontal, está um implemento cujo CG,
localizado no plano vertical longitudinal do trator, fica a uma distância d do plano vertical transversal que
contém os pontos de acoplamento inferiores, e a uma distância h do plano daquelas barras, e acima desse plano.
A Figura 3 mostra uma vista lateral de um trator nas condições dadas. Nela tem-se :
e = distância entre eixos;
b = altura das barras inferiores colocadas em nível, a partir do chão;
R = medida do raio do rodado traseiro;
r = medida do raio do rodado dianteiro;
a = recuo dos pontos de acoplamento inferiores, com relação ao plano vertical
transversal que contém os pontos de contato do rodado traseiro com o chão.

CG do implemento

h R
A
r
b

d e

FIGURA 3 - Trator em nível, estando as barras inferiores do S.E.3.P na horizontal.

Imagine-se que, com o hidráulico, seja o implemento suspenso elevado, de modo que aquelas barras
girem de um ângulo agudo β, no sentido horário, em torno da reta que passa pelos pontos de acoplamento
inferiores ( A ), como mostra a Figura 4.

d.senβ
β R
A
r

d.cosβ e

FIGURA 4 - Vista lateral do trator em nível, com as barras inferiores do sistema engate formando um ângulo β
com a horizontal.

Imagine-se agora que o plano do chão gire, no sentido anti-horário de um ângulo agudo θ, em torno da
reta que contém os pontos de contato do rodado traseiro com o chão ( O ), e de tal modo que o trator gire junto.
Dessa forma o trator fica posicionado em rampa ascendente.
Com origem no ponto O, podem ser estabelecidos dois sistemas de coordenadas cartesianas ortogonais,
OXY e OX1Y1 , conforme mostra a Figura 5 .
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Y
Y1

L H
C2
C1 X1

d.senβ β N D

O
b
e
X

d.cosβ
a

FIGURA 5 - Vista lateral do trator em rampa ascendente com implemento suspenso, e dos dois sistemas
cartesianos ortogonais, OXY e OX1Y1.

Nessa figura, tem-se que:


C1 = ponto correspondente ao centro do rodado traseiro;
C2 = ponto correspondente ao centro do rodado dianteiro;
D = ponto correspondente ao contato do rodado dianteiro com o chão;
G = ponto correspondente à posição do CG do implemento suspenso.

O triângulo retângulo LHG, visto na Figura 5, mostra que LH mede h.senβ β e HG mede h.cosβ β. Assim
sendo, as coordenadas dos pontos C1 , C2 , D e G , no sistema OX1Y1 , são, respectivamente:
C1 ( 0 , R ) , C2 ( e , r ) , D ( e , 0 ) e G ( -a - d.cosβ + h.senβ , b + d.senβ + h.cosβ )

O sistema OX1Y1 é obtido do sistema OXY através de uma rotação de eixos de um ângulo θ, no
sentido anti-horário.
Segundo BOLDRINI et al. ( 1980 ), as coordenadas ( x , y ) no sistema OXY se relacionam com as
coordenadas ( x1 , y1 ) no sistema OX1Y1 através das equações:

 x = x1 .cosθ − y1 .sen θ

 y = x1 .sen θ + y1 .cos θ

Utilizando essas relações, são determinadas as coordenadas dos pontos C1, C2, D e G, no sistema OXY.
Para o ponto C1 , C2 e D, tem-se, respectivamente:

C1 ( -R. sen θ , R. cos θ ) (3)


C2 ( e. cos θ - r. sen θ , e. sen θ + r. cos θ ) (4)
D ( e. cos θ - 0. sen θ , e. sen θ + 0. cos θ ) (5)

Lembrando que:
cosθ.cosβ + senθ.senβ = cos(θ-β) e senθ.cosβ - senβ.cosθ = sen(θ-β)

tem-se que as coordenadas do ponto G no sistema OXY são:

G (-a.cosθ-b.senθ-d.cos(θ-β)-h.sen(θ-β) , b.cosθ-a.senθ-d.sen(θ-β)+h.cos(θ-β) ) (6)

A Figura 6 mostra lateralmente o trator, em rampa ascendente, com o implemento suspenso e as


principais forças atuantes neles.
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Y
Y1
Wi WT
T
Wd

G•

d C1 C2 X1

d.senβ D
a

O
b
Rd X
M
d.cos β

Rt

FIGURA 6 - Vista lateral do trator em rampa ascendente com implemento suspenso e das principais forças
atuantes neles .

Nessa figura tem-se:


WT = força-peso do trator no rodado traseiro;
Wd = força-peso do trator no rodado dianteiro;
Wi = força-peso devida ao implemento suspenso;
Rt = força de reação do solo no rodado traseiro, normal ao plano do chão, conforme
BEER & RUSSEL (1979);
Rd = força de reação do solo no rodado dianteiro, normal ao plano do chão , conforme
BEER & RUSSEL (1979);
M = força devida ao atrito das rodas com o chão, ou ao motor, de modo a não permitir
que o trator deslize pela rampa.

Calculando os somatórios dessas forças, decompostas nas direções de OX e de OY, e, sabendo-se que
para o trator estar em equilíbrio esses somatórios devem ser nulos, tem-se :

M . cos θ - Rt . sen θ - Rd . sen θ = 0 e


M . sen θ + Rt . cos θ + Rd . cos θ - WT - Wd - Wi = 0 .

Portanto,

M . cos θ = ( Rt + Rd ). sen θ (7)


M . sen θ + ( Rt + Rd ). cos θ = WT + Wd + Wi (8)
Para que ocorra equilíbrio, deve acontecer ainda que o somatório dos momentos das forças atuantes,
com relação a qualquer ponto, seja nulo.
Tomando-se o ponto O da Figura 6 como centro dos momentos, tem-se que, as forças que produzem
tendência de giro do corpo trator+implemento em torno do ponto O no sentido anti-horário são Wi , WT , Rd , e,
no sentido horário, só a força Wd . Não produzem tendência de giro do corpo trator+implemento em torno do
ponto O, as forças Rt e M, pois a linha de ação de cada uma delas, passa pelo ponto O .

a) análise da força Wi
A distância do ponto O até a linha de ação da força Wi é o módulo da abscissa do ponto G, no sistema
OXY. Conforme (7), essa distância é dada por:

-a.cosθ-b.senθ-d.cos(θ-β)-h.sen(θ-β)=-[a.cosθ+b.senθ+d.cos(θ-β)+h.sen(θ-β)] (9)

π π π
Como 0 ≤ θ < e 0≤ β< , tem-se - < - β ≤ 0 , e portanto :
2 2 2
π π
- <θ-β< (10)
2 2
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De (9), observa-se que, das parcelas entre colchetes, a única que pode ser negativa é h.sen(θ θ-β
β),
ocorrendo isso quando β > θ. Considerando-se essa situação , e para valores extremamente grandes de h, pode,
teoricamente, ocorrer que o valor da expressão entre colchetes seja negativa.
Nessas condições ( situação essa que não é de interesse ao presente trabalho ), a abscissa do ponto G
seria positiva pois existe um sinal negativo antecedendo a expressão entre colchetes em (9), e então a força-peso
do implemento aplicada em G, teria, relativamente à estabilidade estática, a tendência de maior estabilização do
trator, visto que o momento dela passaria a ser no sentido horário.
Assim, o valor do módulo dado em (9) será :
a. cos θ + b. sen θ + d. cos ( θ - β ) + h.sen ( θ - β ) , e portanto, a intensidade do momento de Wi em relação ao
ponto O é dada por :

Wi . [ a. cos θ + b. sen θ + d. cos( θ - β ) + h.sen( θ - β )] (11)

b) análise da força WT
A distância do ponto O até a linha de ação da força WT é o módulo da abscissa do ponto C1 , no sistema
OXY, e como de (3), essa distância é R.sen θ, tem-se que a intensidade do momento é dada por:

WT . R. sen θ (12)

c) análise da força Wd
A distância do ponto O até a linha de ação da força Wd corresponde à abscissa do ponto C2, no sistema
OXY, e como, por (4), essa distância é e.cos θ - r.sen θ, a intensidade do momento é dada por:

Wd . ( e. cos θ - r. sen θ ) (13)

d) análise da força Rd
A distância do ponto O até a linha de ação da força Rd corresponde à distância entre eixos, ou seja, e.
Assim, a intensidade do momento de Wd em relação ao ponto O é dada por:

Rd . e (14)

Para que não resulte nenhuma tendência de giro do corpo trator+ implemento em torno do ponto O, de
(11) , (12) , (13), e (14), conclui-se ser verdadeira a condição:

-Wi.[a.cosθ+b.senθ+d.cos(θ-β)+h.sen(θ-β)]-WT.R.senθ+Wd.(e.cosθ-r.senθ)-Rd.e= 0 (15)

As equações (7), (8) e (15) dão as condições de equilíbrio estático longitudinal.

5.2. Relacionamento funcional

Reescrevendo-se a equação (15) tem-se a equação (16) seguinte:

( Wd . r + Wi . b + WT . R ) . sen θ + Wi .[ a. cos θ + d . cos ( θ − β ) + h. sen(θ − β ) ] (16)


Rd = Wd . cos θ −
e

Essa equação mostra um inter-relacionamento entre as variáveis Rd , β e θ. As outras variáveis que nela
aparecem possuem valores fixos, para cada conjunto trator+implemento considerado.
Dessa forma, para cada valor fixo de θ, da equação 16 tem-se Rd como função de apenas uma variável,
β.

5.3. Pesquisa de possíveis extremantes

Calculando a função derivada de Rd = f(β) dada em (16), tem-se:

⋅ [ h.cos( θ − β ) − d .sen( θ − β )]
Wi
f '(β) = (17)
e
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Os possíveis extremantes de f(β) = Rd são os valores de β que anulam a função derivada dada em (17),
e, como Wi ≠ 0 , esses valores são tais que:

h.cos ( θ - β ) = d.sen ( θ - β ) (18)

Como de (13) tem-se que cos ( θ - β ) ≠ 0, da equação (21) encontra-se:

s e n (θ − β ) h h
= ⇒ tg (θ − β ) = (19)
c o s (θ − β ) d d

O único valor de ( θ - β ) que torna a equação (19) verdadeira é :

h h
θ-β= arctg , e como > 0, tem-se que θ > β.
d d
Assim, o único possível extremante da função Rd = f(β) dada em (16) é:
h
β=θ- arctg (20)
d
Utilizando-se f ' (β),dada em (17), tem-se que, a derivada segunda de f (β) é:

Wi
f "(β) = ⋅ [ h.sen (θ - β) + d.cos (θ - β) ] (21)
e
h
Calculando-se f "(β) para β = θ - arctg , dado em (20) obtém-se:
d
h Wi h h
f " ( θ - arctg ) = ⋅ [ h.sen (arctg ) + d.cos (arctg )] (22)
d e d d
h h h d
Como: sen (arctg )= e cos (arctg )= (23)
d h2 + d 2 d h2 + d 2
substituindo em (22) e efetuando os cálculos, encontra-se:

h Wi  h 2 + d 2  Wi
f " ( θ - arctg ) = ⋅ = ⋅ h2 + d 2 (24)
d e  h2 + d 2  e

Como o valor encontrado em (24) é positivo, deduz-se que:

h
β=θ- arctg β) dada em (16)
é minimante da função Rd = f(β
d

5.4. Análise da simetria da curva da função dada em (16)

Será analisado em seguida o comportamento da função dada em (16) para dois valores de β , simétricos
h
com relação ao minimante θ - arctg , encontrado no item anterior.
d
Para isso, considere-se β1 e β2 , com β1 < β2, dois valores de β, simétricos com relação ao valor θ -
h h
arctg . Assim, para p > 0, e chamando θ1 = θ - arctg , tem-se:
d d
β1 = θ1 - p e β2 = θ1 + p (25)

Reescrevendo (16) de modo mais conveniente tem-se a equação (26) seguinte:


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(Wd ⋅ r + Wi ⋅ b + WT ⋅ R) ⋅ sen θ + Wi ⋅ a.cosθ Wi


Rd = Wd ⋅ cosθ − − ⋅ [ d ⋅ cos(θ − β ) + h ⋅ sen(θ − β )] (26)
e e

Essa equação mostra que, para cada valor fixo do ângulo da rampa (θ), a parte que sofre a influência da
variação do ângulo de suspensão das barras inferiores do sistema de engate (β), é dada pela expressão:

[d.cos(θ - β) + h.sen(θ - β)] (27)

Em seguida serão calculados os valores da expressão (27) quando β = β1 e quando β = β2 , dados


h
em (25). Chamando ϕ = arctg , tem-se de (25) :
d
a) β1 = θ - ϕ - p ⇒ θ - β1 = ϕ + p (28)
b) β2 = θ - ϕ + p ⇒ θ - β2 = ϕ - p (29)

Considerando β = β1 , e calculando sen(θ - β1) e cos(θ - β1) em (25), encontra-se:

{ sen(θ - β1) = sen(ϕ + p) = senϕ .cosp + senp.cosϕ


cos(θ - β1) = cos(ϕ + p) = cosϕ .cosp - senϕ .senp

Utilizando-se em (30) e (31) as relações vistas em (25) obtém-se:


(30)
(31)

h.cos p d .sen p d .cos p h.sen p


sen(θ - β1) = + (32) e cos(θ - β1) = − (33)
d 2 + h2 d 2 + h2 d 2 + h2 d 2 + h2

Aplicando-se (32) e (33) para calcular o valor da expressão dada em (27), tem-se que:

 d .cos p h.sen p   h.cos p d .sen p 


[d.cos(θ - β1) + h.sen(θ - β1)]= d. −  + h. + 
 d 2 + h 2 d 2 + h 2   d 2 + h 2 d 2 + h2 

(d 2 + h 2 ).cos p (34)
Portanto : [d.cos(θ - β1) + h.sen(θ - β1)] =
d 2 + h2

Para β = β2 , calculando-se sen(θ - β2) e cos(θ - β2) em (29), e procedendo de modo análogo, obtém-se
para a expressão dada em (27), o mesmo valor obtido em (34).
Então, os valores de Rd em (26) a serem encontrados para valores de β simétricos com relação a θ1 = θ
h
- arctg serão iguais, pois as partes que dependem de β são iguais.
d
Dessa forma, considerando-se um sistema de coordenadas cartesianas ortogonais que mostre, para um
determinado valor fixo do ângulo (θ) da rampa, o gráfico da função Rd = f (β), tem-se que esse gráfico é uma
h
curva simétrica com relação à reta vertical de equação β = θ1 , com θ1 = θ - arctg , como a mostrada na Figura
d
7.
16 Energia na Agricultura - v.11 - n.3 - 1996

Rd

Reta β = θ1 Reta β = θ
Rd = f(β)

• • •

O
β1 θ1 θ β2 β

FIGURA 7 - O valor da reação do solo no rodado dianteiro (Rd) é o mesmo, para valores simétricos de β com
h
relação à reta de equação β = θ1 = θ - arctg .
d

5.5. Crescimento ou decrescimento da função dada em (26)

Retomando-se a equação (26), tem-se de (17) que sua derivada é dada por:

Wi
f '(β) = . [ h.cos(θ - β) - d.sen(θ - β) ]
e
h
Viu-se em (10) qual é o intervalo de variação de (θ - β) , e , conforme (20), o valor β = θ - arctg
d
é o único minimante da função.
h
Em (17) observa-se que, quanto mais o valor de β se distancia de θ1 = θ - arctg , mantendo-se
d
menor que θ1 , mais o valor de (θ - β) aumenta, mais o valor de cos(θ - β) diminui, e mais o valor de sen(θ - β)
aumenta.
Nessas condições a derivada vista em (17) se mantém negativa.
h
Portanto, para β = 0 até β = θ - arctg , a função Rd = f (β) dada em (26) é decrescente, conforme
d
LEITHOLD ( 1982).
h
Em (17) observa-se também que, quanto mais o valor de β se distancia de θ1 = θ - arctg , mantendo-se maior
d
que θ1 , mais o valor de (θ - β) diminui, mais o valor de cos(θ - β) aumenta, e mais o valor de sen(θ - β) diminui.
h
Nessas condições a derivada vista em (17) se mantém positiva. Portanto, para β maior que θ - arctg
d
até seu valor máximo possível, a função Rd = f (β) dada em (29) é crescente, conforme LEITHOLD ( 1982).

5.7. Visualização gráfica da função Rd = f (β) dada em (26)

As curvas a seguir, representativas da função Rd = f (β) dada em (26) admitem como genéricos tanto o
trator como o implemento.
O gráfico mostrado na Figura 8, corresponde ao trator em nível. Nessas condições, o menor valor de Rd
h
"deveria ocorrer" para β = - θ1 , com θ1 = θ - arctg . Como β ≥ 0, na figura vê-se um destaque para o valor de
d
Rd quando β = 0.
Energia na Agricultura - v.11 - n.3 - 1996 17

Rd β max
β=θ1 β =
2

R dmax • •

• •

O
θ1 θ βmax β
FIGURA 8 - Gráfico da função Rd = f (β) para o trator em nível e o CG do implemento acima do plano das
barras inferiores do sistema de engate, quando niveladas.

A Figura 8 destaca ainda que o valor máximo da reação do solo no rodado dianteiro (Rdmax) ocorre
quando β = βmax, ou seja, quando a elevação das barras inferiores do sistema de engate de três pontos for a
máxima possível.
h
O gráfico da Figura 9 corresponde ao trator em rampa ascendente de ângulo θ = arctg , ou
d
h
seja, θ1 = θ - arctg = 0.
d
Rd β max
β =
β=θ1 2

R dmax • •

O
θ1 θ βmax β
FIGURA 9 - Gráfico da função Rd = f (β) para o trator em rampa tal que θ1 = 0, e o CG do implemento acima
do plano das barras inferiores do sistema de engate, quando niveladas.

Na Figura 9 está destacado o valor mínimo ocorrendo para β = 0 , e o valor máximo da reação do
solo no rodado dianteiro ocorrendo ainda quando β = βmax, ou seja, quando a elevação das barras inferiores do
sistema de engate de três pontos for a máxima possível.
β max
O gráfico da Figura 10 corresponde ao trator em rampa ascendente de ângulo θ= +
2
h β max
arctg , ou seja, θ1 = .
d 2
18 Energia na Agricultura - v.11 - n.3 - 1996

Rd
β max
β=θ1 β =
2

Rdmax • •

O
θ1 θ βmax β
β max
FIGURA 10 - Gráfico da função Rd = f (β) para o trator em rampa tal que θ1 = , e o CG do implemento
2
acima do plano das barras inferiores do sistema de engate, niveladas.

Conforme provado no item 5.4, e mostrado na Figura 7, o gráfico da função Rd = f (β) é uma curva
simétrica com relação à reta de equação β = θ1 .
Nessas condições o valor de Rd quando β = 0 é igual àquele encontrado quando β = βmax , pois θ1 é
eqüidistante de 0 e de βmax . Isso está destacado na Figura 10.
β max
O gráfico da Figura 11 corresponde ao trator em rampa ascendente de ângulo θ> +
2
h β max
arctg , ou seja, θ1 > .
d 2

Rd
β max
β = β=θ1
2

R dmax •

O
θ1 θ βmax β
β max
FIGURA 11 - Gráfico da função Rd = f (β) para o trator em rampa tal que θ1 > , e o CG do
2
implemento acima do plano das barras inferiores do sistema de engate, quando niveladas.

Nessa figura, como o ponto θ1 está mais perto de βmax que de 0, o valor máximo de Rd não ocorre
quando β = βmax , mas sim quando β = 0.

6. CONCLUSÕES

Do estudo feito, conclui-se que:


h β max
• quando o valor do ângulo da rampa (θ) for tal que θ1 = θ - arctgé menor que , a posição mais
d 2
conveniente, relativamente à estabilidade estática longitudinal, é a de suspensão máxima do implemento,
conforme o costume;
Energia na Agricultura - v.11 - n.3 - 1996 19

h β max
• quando o ângulo da rampa for tal que θ1 = θ - arctg = , é indiferente, relativamente à
d 2
estabilidade estática longitudinal, que se suspenda o implemento o máximo possível ou seja o mesmo mantido
posicionado com as barras inferiores do sistema de engate paralelas ao chão da rampa;
h β max
• quando o valor do ângulo da rampa (θ) for tal que θ1 = θ - arctg é maior que , a posição mais
d 2
conveniente, relativamente à estabilidade estática longitudinal, não é a de suspensão máxima do implemento,
conforme o costume, mas sim aquela em que as barras inferiores do sistema de engate são paralelas ao chão da
rampa.

Esta última conclusão é conflitante com o levantamento máximo do implemento, indicado nos manuais
de tratores e no item 3.2.16 da norma NBR 8566-1994, da ABNT.
Em vista do exposto, relativamente à estabilidade estática longitudinal conclui-se que o procedimento
de suspender ao máximo o implemento para seu transporte, necessita ser repensado. Essa elevação máxima pode,
em determinadas situações, conforme visto no estudo feito, provocar o empinamento do trator, quando, numa
situação de menor elevação, isso não ocorreria.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Tratores Agrícolas-Engate traseiro de três pontos-


Dimensões. NBR- 8566. Rio de Janeiro, 1994.
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686 p.
BOLDRINI, J.L; COSTA, S.I.R.; RIBEIRO, V.L.F.F.; WETZLER, H.G. Álgebra Linear. 2.ed. São Paulo,
Harbra, 1980. 372 p.
GERBERICH, S.G. et al. Surveillance of injuries in Agriculture. In: SURGEON GENERAL'S CONFERENCE
ON AGRICULTURAL SAFETY AND HEALTH. (Eds.) MYERS ML, HERRICK RF, OLENCHOCK SA,
MYERS JR, PARKER JE, HARD DL, WILSON K. Des Moines, Iwoa. Paper and Proceeding. 1992, p.164.
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p.49-53.
LEITHOLD, L. O cálculo com Geometria Analítica. 2.ed. São Paulo, Harper & Row do Brasil, 1982. V.1. 526 p.
MAXION. Manual de instrução e utilização do produto da Maxion 9150/9170 T. [ S.I ], Iochpe- Maxion S/A.
1993. n.020501P3. p.31.
MIALHE, L.G. Máquinas motoras na agricultura. São Paulo, Ed.Universidade de São Paulo, 1980. V.2. 367 p.
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St.Joseph,v.15(5): p.818-821, 1972.

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