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Introdugao Ex acho que én escola que eles mostra que esd acontecendoelguna cose com eles, ¢& através a escola que agente pode perceber que eléacontecmdo cosa mul sve gente pe uae Professora de CA SUMARIO Diferentes perspectivas de estudo do fracasso escolar — Condigdes externas — Visto da sociedade — Visio da escola: a modernidade, 0 conhecimento novo (ansiedades basicas) — Condides intemas — Visio do aluno: a intra-subjeti- vidade — Integracéo da aprendizagem — Aspectos organicos da aprendiza- gem — Aspectos cognitivos da aprendizagem — Aspectos emocionais da apren- dizagem — Aspectos sociais da aprendizagem — Aspectos pedagogicos da aprendizagem, 0 construtivismo, o interacionismo e o estruturalismo, objetivo do presente trabalho € bastante restrito, Pretendo fazer um recorte dentro da ampla questio da aprendizagem humana, dos aspectos que conduzam ao fracass0 escolar e podem ser detectados através do diagnéstico psicopedagégico. A néo-aprendizagem na escola é uma das causas do fracasso escolar, mas a questio é, em si, bem mais ampla, Nao pretendo ser acritica, mas 0 Ambito do trabalho néo comporta um aprofundamento exaustivo; 2 proposta 6 partir de uma visio abrangente para chegar, de um modo mais objetivo, mais contextualizado a uma resposta para a queixa escolar, Psicopedagegia Clinica /1 2/ Maria Lucia Lemme Weiss Considera-se como fracasso escolar uma resposta insutficiente do aluno a uma exigéncia ou demanda da escola. Essa quesifo pode ser analisada e estudada por diferentes perspectivas: a da sociedade, a da escola a do aluno. x primeira perspectiva) ¢ a mais ampla ¢ de certo modo permeia as demais. Neste Ambilo, estariam o tipo de cultura, as condigSes e relagdes politico-sociais e econémicas vigentes, o tipo de estrutura social, as ideologias dominantes e as relacdes explicitas ou implicitas desses aspectos com a eduica- do escolar. No diagnéstico psicopedagégico do fracasso escolar de um aluno ndo se pode desconsiderar as relagdes significativas existentes entre a produgao esco- lar e as oportunidades reais que determinada sociedade possibilita aos repre- sentantes das diversas classes sociais. Assim, alunos de escolas piblicas brasi- Ieiras provenientes das camadas de mais baixa renda da populacao sao fre- qiientemente incluidos em “classes escolares especiais”, considerados perten- centes ao grupo de possiveis “deficientes mentais’” com limites e problemas graves de aprendizagem. Na realidade, lhes faltam oportunidades de cresci- mento cultural, de répica construgio cognitiva e desenvolvimento da lingua- sgem que Ihes permita maior imers4o num meio letrado, 0 que, por sua vez, faciltara o desenvolvimento da leitura e da escrita Por outro lado, as condigées sécio-econémicas e culturais teréo, também, influéncia nos aspectos fisicos dos alunos de camadas de populagio de baixa renda pelas conseqiiéncias no periodo pré-natal, perinatal, pés-natal, assim Psicopedagogia Clinica /3 como a exposicéo mais facil a doengas letais, acidentes, subnutricéo e suas conseqiiéncias, Relembro o caso de trés irmaos (9, 8 ¢ 6 anos) que se matricularam juntos pela 1? vez. na vida, em classe de alfabetizacio de uma escola publica (marco). Jé no més de junho eram encaminhados para diagnéstico em clinica comunité- ria porque nao conseguiam caminhar na alfabetizagao. A escola nada questio- nou em relacao a profunda “caréncia social” dessa familia de migrantes que chegava ao Rio de Janeiro fugindo de outra miséria pior. De imediato “cul- pou” os trés alunos alegando que deveriam ter um problema fisico familiar para ndo aprender. Conseguimos provar, pelo diagnéstico, a absoluta normali- dade dessas criangas e a necessidade’ de a escola “rever-se”” z (A Segunda perspectiva) diz respeito & anélise da instituicao|escola, em seus diferentes niveis, como sendo a maior contribuinte para o fraca8so escolar de seus altunos. Tal possibilidade de estudo nao pode ser vista isolada da anterior, pois sistema de ensino, seja publico ou particular, reflete sempre a sociedade em que esté inserido. A escola nio € isolada do sistema s6cio- econdmico, mas, pelo contrétio, é um reflexo dele. Portanto, a possibilidade de absorgio de certos conhecimentos pelo aluno dependeré, em parte, de como essas informagées he chegaram, Ihe foram ensinadas, o que por sua vez de- ender, nessa cadeia, das condigdes sociais que determinaram a qualidade do ‘eusinv. Termina a rota da “deficléncia social” nas baixas oportunidades do aluno como pessoa, acrescidas da baixa qualidade da escola as FRACASSO ESCOLAR ESCOLA (ENSINANTES) Professores em escolas desestruturadas, sem apoio material e pedagégi- co, desqualificados pela sociedade, pelas familias, pelos alunos nao podem 4 / Maria Lucia Lemme Weiss ‘ocupar bem o lugar de quem ensina tomando o conhecimento desejével pelo aluno. E preciso que o professor competente e valorizado encontre o prazer de ensinar para que possibilite 0 nascimento do prazer de aprender. © ato de ensinar fica sempre comprometido com a construgaa do ato de aprender, faz, parte de suas condigdes externas, A m4 qualidade do ensino provoca um desestimulo na busca do conhecimento. Nao hi, assim, um investimento dos alunos, do ponto de vista emocional, na aprendizagem escolar, e este movi mento seria uma condigio intenta basica. Casos ha em que tal desinteresse & visto como um problema apenas do aluno, sendo ele encaminhado para diag- ndstico psicopedagégico por “ndo ter o menor interesse nas aulas, e “nado estudar em casa”, baixando assim sua producao. A rapidez da evolucao cientifica e tecnolégica do mundo é apreendida pelas criangas e adolescentes, direta ou indiretamente, através dos meios de comunicagéo, independentemente de sua classe social ou situacio sociocultu- ral. Tal fato faz com que algumas vezes a escola parega parada no tempo ou voltada para o passado, enquanto seus alunos vivem intensamente o presente € 0 futuro, com novos critérios de valor no contexto cultural. Percebo essa discrepdncia em intimeros pacientes que me sao encaminhados para diagnés- tico das mais diferentes origens. Por exemplo, uma vez. alfabetizada, a crianga poderia lidar com certos tipos de programa de computador, fazendo operagdes, como vé em lojas ou em programas de televisdo. No entanto, muitas escolas acham que isso é para adultos ou “criangas ricas”, privando assim seu aluno de ingressar na tecnologia da atvalidade na escrita e leitura de textos ou no trabalho matematico, Triste ¢ a escola que nao acompanha o mundo de hoje, ignorando aquilo que seu aluno jé vivencia fora dela. Transforma aquele que inteligentemente a questiona e que saudavelmente se recusa a buscar um conhecimento parado no tempo num “portador de problema de aprendizagem”. J tive a triste experiéncia de ouvir de uma autoridade educacional da rede publica a afirmagio de que era um absurdo aparelhos de video e compu- tadiores em escolas nas quais o telhado estava ruim e faltavam carteiras, etc. O aluno da escola piiblica necessita das duas coisas: do telhado, do quadro de giz e dos videos e computadores, pois s6 assim o aluno “descamisado”, de “pé no chao” podera estar no mundo desejoso de aprender “coisas modernas” que lhe darao melhores possibilidades no mercado de trabalho futuro, que Ihe dario uma possivel ascensao social pelo conhecimento que possuir. Entre as “j6ias didaticas”” que encontrei nos cadernos escolares de meus pacientes estava o estudo do tubo digestivo da minhoca. Na prova, colada no ‘cademno — convertido em base de colagem de folhas mimeografadas — havia ‘uma questo com o desenho do tubo digestivo da minhoca para que a “vit ma’, de meméria, nomeasse as suas diferentes partes. Nao havia uma tinica referéncia & utilidade da mesma, sua contribuigio para qualidade da terra de plantio. O dono desse caderno era um adolescente de 13 anos, 6" série de bom colégio particular que saudavelmente se recusava apenas a memorizar infor- Psicopedagogia Clinica / 5 mages das diferentes matérias que lhe eram transmitidas, sem a preocupacao da construgao de significados para ele. A partir de certo momento, tornou-se displicente com essa disciplina e outras mais, nao cumprindo tarefas, matando essas aulas, num ato de “legitima defesa”. Esse jovem foi encaminhado para diagnéstico: problema da escola ou problema do aluno? Anda na questéo da organizacao escolar, relembro 0 caso de Vitor que era multirrepetente de classe de alfabetizagio de escola piiblica e ainda conti- nuava analfabeto a05 10 anos. A escola o encaminhou para diagnéstico por suspeitar de algum problema organico ou emocional. Durante a anamnese, constatou-se o seguinte em suia histéria escolar: na primeira classe de alfabeti- zagio teve quatro professoras com pequeno intervalo entre elas (6 aro), na repeténcia do segundo ano foi colocado em classe de principiantes comecando © processo de alfabetizacio (7 anos). Houve nesse ano prolongada greve de professores no segundo semestre; no fim do ano, “emputrado” para a I? série (6 anos) continuott analfabeto. No ano seguinte (9 anos), em fungao da idade, foi colocado numa turma de 2° série e mais uma ver. reprovado sem se alfabe- tizar, Durante 0 diagndstico verificou-se sua absoluta normalidade e o vinculo negativo — o horror que criata em relagdo aos objetos da situagio escolar. Nos dois casos ficou claro que a origem do fracasso na producao escolar estava na ma condugdo do processo de ensino, havia “saudavelmente” uma “formagao reativa’” a escola, Qualquer escola precisa ser organizada sempre em fungao da melhor possibilidade de ensino e ser permanentemente questionada para que seu préprios conflitos, nao resolvidos, nao aparegam nas salas de aula sob a forma de distorgbes do préprio ensino. Nessas situagdes fica 0 aluno (0 aprendente) como depositirio desses conflitos e, conseqtientemente, apresentando pertur= ages em seu processo de aprendizagem (Bleger, 1960). Outras falhas escolares estio na qualidade e na dosagem da quantidade de informagbes a serem transmitidas e na “cobranca’” ou avaliacao da apren- dizagem. Tais situagdes, se malconduzidas, sdo geradoras de uma ansiedade insuportavel para o aluno, chegando a desorganizacao de sua conduta por ndo agiientar o excesso de ansiedade. A aprendizagem se da acompanhada de “ansiedade parandide” pelo perigo representado pelo conhecimento novo e de “ansiedade depressiva” pela perda que se di de um esquema referencial e de certos vinculos que estariam envolvidos na aprendizagem (Pichon-Riviére, 1982). Ocorre que, em algumas situagées de ensino-aprendizagem, os objetos do conhecimento escolar ultrapassam a capacidade de discriminacao e de controle do ego do aprendente (ahuno) que passa a viver uma “ansiedade confusional”. Essa reacéo pode ocorrer também quando os contetidos programéticos de ensino se apresentam como objetos nao discriminados que se confundem com ‘outros, tomnando o processo de elaboragao mais demarado e complicado. A aplicagéo de provas e avaliagoes escolares formais quando o aluno (aprenden- 6 / Maria Lucia Lemme Weiss te) esté vivendo, ainda, momentos de elaboragao ou mesmo confusionais 0 conduz ao fracasso no seu desempenho escolar. Essas diversas questdes ligadas & escola precisam ser pesquisadas duran- te 0 diagnéstico para se evitar alocar ao paciente, como se fossem aspectos internos seus, pontos ligados a aspectos externos do processo ensino-aprendizagem. ASPECTOS INTERNOS, (Aprendente/ ‘Aluno) ASPECTOS EXTERNOS (Ensinante/ Escola) A tereeira perspectivg de estudo do fracasso escolar esta ligada[ao aluno) ‘enquanto aprendente, isto é, especificamente 3s suas condighes internas de aprendizagem, focando-se, assim, a questo na intra-subjeividade. Na minha experiéncia clinica, com pacientes de diferentes classes socials, constatei que apenas a minoria dos casos encaminhados para diagnéstico psicopedagégico tinha sua causalidade bisica em problemitica do paciente, oriunda de sua historia pessoal e familiar. No entanto, na visio da escola esta seria a causa da aioria dos casos de fracasso escolar. Os trés enfoques da questo ndo si0 mutuamente excludentes; muito pelo contrério. fracasso escolar é causado por uma conjugagao de fatores interligados que impedem 0 bom desempenho do paciente (aluno-aprendente), embora se tente identificar, em alguns casos, uum ponto inicial no nivel interno ou externo. ‘Quando a construgio da aprendizagem se desenvolve normalmente, a busca do conhécimento funciona em situagées abertas e fechadas que se alter- nam até possibilitar a estabilizacio das condutas aprendlidas. Os problemas de aprendizagem vao ser observados quando as situacdes permanecem totalmen- te abertas ou fechadas, A relacio totalmente aberta com o objeto a ser conhe- ido cria uma reagdo de temor, gerando ansiedades e angtstias basicas. O do fluno (aprendente) que ndo avanga na construgio do conhecimento pode apre- Psicopedgogin Clinien /7 sentar condutas estereotipadas e regressivas. Sao freqtientes os casos de crian- ‘cas que se recusam a aprender, ou seja, a “crescer, permanecendo em condu- tas regredidas nas classes de pré-escola e de alfabetizagao sem se apossarem dos novos conhecimentos que Ihe sao oferecidos. BATORES EXTERNOS, A relagio totalmente fechada, permanecendo muito tempo com 0 objeto do conhecimento, também pode ser angustiante para o aluno (aprendente) e ele sente a necessidade de passar incessantemente de um objeto a outro pelo simples fato de 0 ato de conhecer ter adquirido um significado negativo, agressivo, destrutivo, perseguidor. Por exemplo, vé-se essa conduta em crian- «as intequietas, desatentas em sala de aula, sendo possivel confundir-se esse tipo de quadro de hiperatividade de fundo neurético com problemética de hiperatividade de fundo orgénico. E necessario boa discriminagao no processo diagndstico para diferenciacao da etiologia. A aprendizagem normal dé-se de forma integrada no aluno (aprendente) no seu pensar, sentir, falar e agir. Quando comegam a aparecer dissociagoes de campo e sabe-se que o sujeito ndo tem danos orginicos, pode-se pensar que estao se instalando dificuldades na aprendizagem: algo vai mal no pensar, na sua expresso, no agir sobre o mundo. F hora de pesquisar por onde esta comegando a fratura. Verificamos criangas que fazem dissociagées de campo quando desenham ow escrevem uma coisa ¢ falam compulsivamente de outra completamente diferente, ou, no meio de uma conversa, soltam palavras ou expresses apa- rentemente sem nexo, Para Francoise Dolto (1989) sao saidas do inconsciente e precisam ser interpretadas e colocadas no seu devido lugar. 8/ Maria Lucia Lemme Weiss Por exemplo, conversando durante a Devolucio com Raul (9 anos) ¢ seus pais ja separados, observei, enquanto desenhava meio rabiscando, que ele soltou a expresso: “E. pré-natal”. Perguntei logo: “O que voce falou?”, Ele disse: ‘Nao sei". A convessa girava anteriormente entre mim, 0 pai ea mae, sobre 0 desejo da me de ter uma menina desde quando esperava o 1° filho. Ele era o terceiro filho homem do casal. Na prética diagnéstica é necessdrio levar em consideragfo alguns asp tos ligados as trés perspectivas de abordagem do fracasso escolar. A interliga- cao desses aspecios ajudaré a construir uma visio gestaltica da pluricausalida- de desse fendmeno, possiblitando uma abordagem global do sujeito em suas miiltiplas facetas. Assim Aspectos organicos relacionados & construcéo biofisiolégica do sujeito que aprende. Alteragies nos Grgéos sensoriais impedirao ou dificultarao o acesso aos sinais do conhecimento, A construcao das estruturas cognoscitivas, se processa num ritmo diferente entre individuos normais e os portadores de deficiéncias sensoriais, pois existirao diferengas nas experiéncias fisicas e s0- ciais vividas. Diferentes problemas do sistema nervoso central acarretardo alteragdes, como, por exemplo, disfasias ¢ afasias que comprometem a linguagem e pode- io ou nao causar problemas de leitura e escrita. Na realidade, criangas portadoras de alteragSes orgénicas recebem, na ‘maioria das vezes, uma educacao diferenciada por parte da familia, o que pode levar & formacio de problemas emocionais em diversos niveis, gerando dificul- dades na aprendizagem escolar. Aspectos cognitivos estariam ligados basicamente ao desenvolvimento funcionamento das estruturas cognoscitivas em seus diferentes dominios. In- luir nessa grande érea também aspectos ligados & meméria, atengao, anteci- pacdo, etc, anteriormente grupados nos chamados fatores intelectuais. Numa visio piagetiana, o desenvolvimento cognitivo é um processo de construgdo que se dé na “interagao entre o organismo e 0 meio”. Se esse organismo apresenta problemas desde o nascimento, o processo de construicéo do sujeito sofrers alteracdes no seu ritmo. Por exemplo, a crianga com grande baixa visual tera seu processo de construgéo do espago complicado, pois suas experiéneias com 0 mundo fisico ficam diferentes das criangas com visio normal. Tive depoimentos de criangas que somente na classe de alfabetizagio (6-7 anos) tiveram a alteracao visual percebida pelos professores e a familia passou a providenciar a corregao com éculos de “grossas lentes”. Essas crian- {a8 contaram que as coisas em torno eram diferentes antes do uso do éculos. ‘A crianga deficiente mental caminha na sua construgio cognitiva lenta- mente, mas até um certo ponto. Ela tem limites, mas nao necessariamente problemas na aprendizagem que ocorra dentro dos seus limites (Sara Paim). Peicopedagogia Clinica / 9 Aspectos emocionais estariam ligados ao desenvolvimento afetivo e sua relaggo com a construcéo do conhecimento e a expressio deste através da produgéo escolar. Remete aos aspectos inconscientes envolvidos no ato de aprender. ‘O nao-aprender pode, por exemplo, expressar uma dificuldade na relagio da crianga com a sua familia; seré 0 sintoma de que algo vai mal nessa dindmica. Na pritica, pode se exprimir por uma rejeicéo a0 conhecimento escolar, em trocas, omissGes e distorgdes na leitura ou na escrita, nao conseguir calcular em geral, no conseguir fazer uma divisdo, etc. Aspectos sociais estao ligados a perspectiva da sociedade em que esto inseridas a familia e a escola. Inclu, além da questio das oportunidades, 0 que jé foi comentado, o da formacio da ideologia em diferentes classes sociais. A ‘busca do conhecimento escolar, recorte do acervo de uma cultura, servira para qué? Permitiré uma definigdo de classe? Permitira uma ascensdo social? Seré um meio para melhoria de condigdes econémicas? Responde a uma expectati- va de classe? Fssas e outras questies necessitam ser pensadas durante o diag- néstico, Por exemplo, quando a familia tem possibilidade de escolher a escola para seu filho ela o faz. visando a manutengao de sua ideologia. outro exempla a falea democratiracio de nlgumas excolas em que se dé a mistura de criangas de classe média com ampla base cultural com eriancas de camadas menos favorecidas da populacéo, sendo essas tiltimas expelidas da escola por duas reprovagées. Essa escola que “finge” aceitar a diversidade cultural constréi nessas criangas a baixa auto-estima, o sentimento de inferio- ridade que cerregam para outras escolas ditas mais fécels. Isto acontece por- que, na realidade, nao fazem dentro da escola modificagdes curriculares pedagégicas que auxiliem a crianga menos favorecida a ter uma ascensé0 no conhecimento e se igualar com as do 1° grupo. Aspectos pedagégicas contribuem muitas vezes para o aparecimento de uma “formagao reativa’” aos objetos da aprendizagem escolar. Tal quadro confunde-se, 8s vezes, com as dificuldades de aprendizagem originadas na hist6ria pessoal e familiar do aluno. Nesse conjunto de fatores, como jé vimos anteriormente, estéo incluidas as questdes ligadas & metodologia do ensino, & avaliagdo, & dosagem de infor- ‘magoes, a estruturagdo de turmas, & organizagao geral, etc, que, influindo na qualidade do ensino, interferem no processo ensino-aprendizagem. Ficam di- minuidas, assim, as condigdes externas de acesso do aluno ao conhecimento via escola. Concordamas com Vigotski (1989) quanda enfatiza que 0 “*tinico bom ensino é 0 que adianta ao desenvolvimento”. Uma boa escola deveria ser estimulante para o aprender; por essa razio, concordamas que a fungao bisica das profissionais da drea de educagao deveria ser 10 / Maria Lucia Lemme Weiss a. melhorar as condigdes de ensino para o crescimento constante do processo de ensino-aprendizagem e assim prevenir dificuldades na produgio escolar; b. fornecer meios, dentro da escola, para que o aluno possa superar dificuldades na busca de conhecimentos anteriores ao seu ingresso na escola; ¢. atenuar ou, no minimo, contribuir para néo agravar os problemas de aprendizagem nascidos ao longo da histéria pessoal do aluno e sua familia, Essa fungio do educador se distingue da do clinico que tera por obriga- fo intervir, buscando remover as causas profundas que levaram ao quadro do ndo aprender. ‘APRENDI- Osada prpasando todas suagies Psicopedagogia Clinien / Sintetizando 0 que foi visto, destacamos a idéia bésica de aprendizagem como um processo de construgia que se da na interagio permanente do sujeito com 0 meio que o cerca, Meio esse expresso inicialmente pela familia, depois pelo acréscimo da escola, ambos permeados pela sociedade em que estao. Essa construgao se da sob a forma de estruturas complexas. Esquematizaremos a ideia aceita pela maioria dos autores de Psicopedagogia. MEIO SOCIAL GERAL INpiviouo ¢~. - => =} MEIO ab L suEITO INTERACAO, ENSINANTES: ‘APRENDENTE (Construgio das Familia (Aluno) etruturas Escola Complexas de — Sociedade Conhecimento) Finalizamos com Vigotski (1989), ao frisar que a aprendizagem da crianca comesa muito antes da aprendizagem escolar e que esta nunca parte do zero, Toda aprendizagem da crianga na escola tem uma pré-hist6ria. CAP{TULO 1 Aspectos basicos do diagnéstico psicopedagégico(*) Esse negeio de PSICOPEDAGOGIA é fizera gente aprender sem saber quel aprendendo sin brn, Celso, 8 anos, série SUMARIO ‘Sintoma — Desvio — Pardmetro — Bixos de andlise — Relacio diagnéstico e tratamento — Modelo de aprendizagem — Seqiiéncia diagnéstica — Aspectos informais e Iidicos — Relagdo terapeuta e paciente: transferéncia e contra- transferéncia — Contrato e enquadramento. Psicopedagogia Clinica /13

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